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O ser humano normalmente age de forma mediada, isto é, sempre há um

instrumento concreto ou abstrato, utilizado na consecução de um objetivo.


Uma ferramenta física, uma metodologia (Vygotsky, Leontieff, Engeström)

O desenvolvimento social se dá em meio a um arranjo econômico, ou seja, a


organização de recursos de forma a dar conta da manutenção das condições
de vida.
Tais recursos, percebidos e processados por pessoas em certo contexto,
formam uma cultura. Essa cultura é peculiar ao grupo composto pelas pessoas
influenciadas direta ou indiretamente, pela utilização dos recursos, formando
uma sociedade.
Nessa sociedade, os recursos são associados entre si através de “jeitos de
fazer”.

O uso recorrente dos recursos e dos “jeitos de fazer” como elementos de


construção faz com que a eles sejam atribuídos nomes e dessa forma são
comunicados a gerações subseqüentes e mesmo a outras culturas, que podem
adotá-los.

O que orienta, em princípio, o modo como selecionamos e correlacionamos os


recursos é o custo necessário para tal arranjo. Custo esse diretamente
relacionado com a conveniência de uso.

O que caracteriza a conveniência é o atendimento às relativas necessidades


humanas, mais notadamente no também relativo curto prazo. (Maslow)

Com o passar dos tempos, os jeitos de fazer, baseados nos elementos


correlacionados, tornam-se tão arraigados ao cotidiano de um povo, que
acabam caracterizando sua cultura, dando-lhe identidade.

Esses jeitos, operados por grupos dentro da sociedade, servindo a outros, são
instituições.

O que se convencionou chamar hoje de firma é uma instituição que pode ser
modelada pela confluência de outras instituições mais elementares.

Um modelo de firma pode assumir várias formas, e as instituições elementares


organizadas em “áreas funcionais”, têm o jeito que têm porque, quando o
modelo corrente vai se criando, o que se busca é o menor custo de transação
entre as áreas funcionais. (Coase, Williamson)

Uma sociedade com suas instituições internas pode ser considerada um corpo
autopoiético.

Um corpo autopoiético é aquele que constrói sua própria existência a partir de


arranjos internos, de sua própria estrutura. Pode trocar elementos de
manutenção com o meio externo, porém mantém-se como organismo próprio.
As instituições impactam a natureza, ou melhor, a biosfera, participando de seu
dinamismo, de sua mutabilidade ao longo da história.

Há uma tendência de equilíbrio entre o que pode ser produzido a partir das
fontes de recurso e as condições de manutenção da vida proporcionadas por
essa produção. Mas esse equilíbrio é dinâmico.
...............

As práticas cotidianas baseadas na conveniência, no menor custo de obtenção


e correlação de recursos, são assumidas dentro de uma cultura, por indivíduos
diferentes, com também diferentes percepções dessa conveniência.
Entre outras coisas, o impacto das alterações na biosfera também é sentido de
formas diferentes pelos indivíduos da sociedade em questão que, agrupados
por nível de impacto, formam estratos sociais. Uns, mais privilegiados, outros
menos, recebendo impactos diferentes do deslocamento do ponto de equilíbrio
antes mencionado.

Da mesma forma que as instituições, os estratos sociais, assim como os


indivíduos também podem ser considerados corpos autopoiéticos, sujeitos a
acoplamento estrutural. A estrutura menos propensa a adaptar-se na dinâmica
de acoplamento é aquela mais interconectada na rede de transações
econômicas, a mais “pesada”, à qual o impacto da mudança deslocaria muitos
indivíduos de seus jeitos de fazer.

Na exigência de adaptação, em caso de radical alteração da estrutura dos


custos de transação, a cultura passa então a representar cada vez mais
aqueles excluídos das instituições tradicionais, “pesadas”, cujos recursos
explorados e jeitos de fazer passam a serem vistos com desconfiança e não
mais atendem de forma conveniente à manutenção das condições de vida da
sociedade como um todo.

Inevitavelmente, se a sociedade é para sobreviver, um novo arranjo estrutural


se institui, absorvendo aqueles que, em um momento crítico, de revolução,
achavam-se excluídos. Novos papéis surgem em uma nova ordem que se
estabelece.

Cada vez mais torna-se importante a busca de “outliers”, pois o normal já não
atende convenientemente.
Curva normal

O campo de recursos se apresenta às novas percepções e novos jeitos de


fazer são criados de forma a atender às necessidades dos indivíduos, o que
leva ao surgimento de novas instituições.

Reafirmando o que foi dito no início, o modo como selecionamos e


correlacionamos os recursos é função do custo necessário para tal arranjo.
Temos no presente a oportunidade de reavaliar os recursos que já usamos, de
perceber novos, e provocar arranjos que atendam ao que entendemos como
nossas necessidades.

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