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TÓPICOS EM HISTÓRIA DA ARTE II

ARTE NA IDADE MÉDIA


1. ARTE PALEOCRISTÃ E BASILICAL
2. ARTE BIZANTINA
3. ARTE ROMÂNICA
4. ARTE GÓTICA

Considerando o percurso histórico que estamos observando, a arte neste período vai se desenvolver, principalmente,
no ambiente religioso, nos túmulos e nos templos cristãos. Como sabemos a religião cristã se expande com mais
vigor nesta época.
Desde as primeiras manifestações, nos primeiros anos da Idade Média, até seus últimos momentos, vamos
encontrar nas igrejas suas maiores e melhores manifestações. Iniciando este percurso vamos focar a arte dos
primeiros anos do cristianismo, quando esta religião ainda não era aceita e os cristãos eram perseguidos. Nesse
período, o único lugar em que podiam realizar seus cultos eram as catacumbas, Portanto a Arte Paleocristã do antigo
cristianismo também era chamada de Catacumbar ou Catacumbária.

1. ARTE PALEOCRISTÃ E BASILICAL


Neste mesmo período a arte Romana continuava mantendo seu aspecto colossal, se espalhando por toda a
Europa e parte da Ásia, em contrapartida, os cristãos, começaram a fazer arte de um modo simples, com finalidade
ritual e simbólica, na maior parte das vezes, realizada por pessoas sem as habilidades artísticas, portanto
rudimentar, daí a ideia de uma arte primitiva. Como a religião cristã não era aceita, os cristãos eram perseguidos e os
cultos não eram abertos, como atuavam às escondidas, seus artistas também tinham que se esconder e produzir
anonimamente. Na medida em que o Império Romano entrou em decadência, sua queda contribuiu para a ascensão
do cristianismo, com nasce um “reino espiritual” que mais tarde se transforma em um novo Império Romano, não dos
imperadores, mas dos papas.
Assim sendo, a principal temática deste período girava em torno da vida e o martírio de Cristo e de seus
apóstolos, dos primeiros santos e cristãos. A simbologia tomava conta destas primeiras imagens, em geral se
referiam ao Cristo por meio de imagens que poderia ser um peixe, pois a palavra peixe, em grego ichtus, se constitui
numa sigla que revela a frase: "Jesus Cristo de Deus Filho Salvador". Outras representações eram a âncora, as
letras gregas X e P entrelaçadas, o "Bom Pastor" e também, o "Cordeiro de Deus". Passagens bíblicas também eram
ali mostradas, por exemplo: Arca de Noé; Jonas engolido pelo peixe e Daniel na cova dos leões. Eram feitas
diretamente sobre as paredes das catacumbas no processo de afresco e ainda hoje estas imagens ocupam os
espaços das catacumbas de Santa Priscila e Santa Domitila, nos arredores de Roma.
Os cristãos foram perseguidos por três séculos, até que em 313 d.C. o imperador Constantino admite o cristianismo,
dando início à 2ª. fase da arte Paleocristã: a fase Basilical.
Tanto os gregos como os romanos, adotavam um modelo de edifício denominado "Basílica" (origem do nome:
Basileu = Juíz), lugar civil destinado ao comércio e assuntos judiciais. Eram edifícios com grandes dimensões: um
planta retangular de 4 a 5 mil metros quadrados com três naves separadas por colunas e uma única porta na
fachada principal e, com a liberação do cristianismo, o único lugar que comportava um grande número de pessoas
eram as basílicas, portanto, elas foram usadas para as primeiras celebrações e posteriormente adotadas como
planta arquitetônica preferencial destes primeiros tempos cristãos.
O revestimento interno destas basílicas era o mosaico, muito utilizado pelos gregos e romanos e servia tanto
para proteger as paredes quanto para a decoração do ambiente. A temática preferencial continuava sendo a mesma
dos primeiros tempos cristãos, as imagens mais usadas eram as do Antigo e, agora do Novo Testamento. O mesmo
princípio, estrutura e acabamento eram usados nos mausoléus e aos sarcófagos. Os sarcófagos ou urnas funerárias
dos líderes religiosos e imperiais, bem como os dos fiéis mais ricos eram produzidos em mármore e decorados em
relevo usando imagens de passagens bíblicas.
O Mausoléu de Gala Placídia (Filha do Imperador Teodósio e sua esposa Gala), a igreja de Santo Apolinário,
o Novo, e a de São Vital, todas em Ravenna, norte da Itália às margens do mar Adriático, são exemplos deste
período.
Em 395 d.C., o imperador Teodósio dividiu o Império Romano entre seus dois filhos: Honório e Arcádio.
Honório ficou com o Império Romano do Ocidente, tendo Roma como capital. Arcádio ficou com o Império Romano
do Oriente, com sede em Bizâncio, cuja denominação passou a ser Constantinopla local que, atualmente, é a cidade
de Istambul, capital da Turquia.
O império Romano do Ocidente sofreu várias invasões, principalmente de povos bárbaros, até que, em 476
d.C., foi completamente dominado (a data, 476 d.c., marca o fim da Idade Antiga e o início da Idade Média). Já o
Império Romano do Oriente (onde se desenvolveu a Arte Bizantina), apesar das dificuldades financeiras, dos
ataques bárbaros e das pestes, conseguiu se manter até 1453, quando a sua capital Constantinopla foi totalmente
dominada pelos turcos/muçulmanos, esta data, 1453, marca o fim da Idade Média e o início da Idade Moderna.

2. ARTE BIZANTINA
Além do cristianismo, uma das preocupações do Império Romano nos primeiros séculos de nossa eram os
bárbaros que começaram a invadir o império a partir do século IV. Isto leva o imperador Constantino a dividir o
império romano em dois e transferir a capital de Roma para Bizâncio, cidade grega, posteriormente batizada de
Constantinopla. A mudança da capital foi um dos fatores que acabou por desarticular a estrutura governamental do
Império Romano do Ocidente e facilitou a formação dos Reinos Bárbaros, por meio da ocupação territorial
empreendida pelos Godos (Ostrogodos e Visigodos de origem germânica, vindos do leste europeu) e a invasão dos
Mouros (Povos originários da África das regiões do Marrocos e Argélia) mas, por outro lado, também possibilitou o
aparecimento do primeiro estilo de Arte Cristã propriamente dita, a Arte Bizantina.
Em função da localização geográfica de Constantinopla, a Arte Bizantina sofre diferentes influências, além da
romana, também da grega e, principalmente, do Oriente Médio, a Árabe. A união de alguns elementos dessa cultura
formou um estilo novo, rico tanto na técnica dos mosaicos e na utilização da cor.
O caráter temático da Arte Bizantina, bem como da Arte na Idade Média em geral, é dirigida pela religião; era
o clero que, além das suas funções religiosas, organizava os temas e os artistas eram meros executores. O regime
teocrático atribuía ao imperador além das funções administrativas, a espiritual; era designado representante de Deus
na terra, tanto que se convencionou representá-lo com uma auréola sobre a cabeça, e era comum encontrar
imagens representando-o, juntamente com a esposa e filhos, ao lado da Virgem Maria, Cristo criança e seus
apóstolos, como se todos fazendo parte de um mesmo contexto simbólico/espiritual.
O mosaico enquanto técnica de criação e representação pode ser considerado a expressão máxima da arte
bizantina e sua função não era apenas decorativa, mas também destinada a instruir os fiéis mostrando-lhes cenas da
vida de Cristo, dos profetas e dos vários imperadores. Plasticamente, o mosaico bizantino em nada se assemelha
aos mosaicos romanos; são confeccionados com técnicas diferentes mas seguem convenções que regem inclusive
os afrescos. Neles, por exemplo, as pessoas são representadas de frente e verticalizadas para criar certa
espiritualidade; a perspectiva e o volume são ignorados e o dourado predomina devido à associação com maior bem
existente na terra: o ouro.
A arquitetura das igrejas recebeu a maior atenção na arte bizantina, já que eram manifestações visíveis do
poderio econômico e espiritual. Eram planejadas sobre uma base circular, octogonal ou quadrada, composta de
imensas cúpulas, sua estrutura física gerava prédios densos, pesados e enormes totalmente decorados.
A Igreja de Santa Sofia, em Constantinopla, hoje Istambul, foi um dos maiores triunfos da nova técnica
bizantina, projetada pelos arquitetos Antêmio de Tralles e Isidoro de Mileto, ela possui uma cúpula de 55 metros
apoiada em quatro arcos plenos. Tal método tornou a cúpula extremamente elevada, sugerindo, por associação à
abóbada celeste, sentimentos de universalidade e poder absoluto. Apresenta pinturas nas paredes, colunas com
capitel ricamente decorado com mosaicos e o chão de mármore polido. Grande parte do material utilizado nestas
igrejas era retirado dos antigos templos pagãos, portanto, em muitos casos, havia uma mistura de diferentes estilos
e, por outro lado, destruiu muitas das construções da antiguidade.
A arte bizantina teve seu grande apogeu no século VI, durante o reinado do Imperador Justiniano. Porém,
sucedeu-lhe um período de crise chamado de Iconoclastia, onde se destruía qualquer imagem de santos devido ao
conflito de interesses econômicos e religiosos entre os imperadores e o clero.
A arte bizantina não se extinguiu em 1453, pois, durante a segunda metade do século XV e boa parte do
século XVI, a arte daquelas regiões onde ainda florescia a Igreja Ortodoxa grega, ainda mantinha as características
da Arte Bizantina. E este estilo expandiu seus limites territoriais atingindo, inclusive, os países eslavos próximos à
Ásia.
A igreja de Santa Sofia é a representação mais fiel do estilo Bizantino. Seu interior é extremamente
ornamentado por meio do trabalho sofisticado dos artífices bizantinos no colorido resplandecente dos mosaicos, no
mármore talhado com precisão, os capitéis das colunas das naves laterais, folhas de acantos e outros motivos
decorativos. No alto, sobre um solo de mármore, bordada em filigrama de sombras dos candelabros suspensos,
resplandece a grande cúpula central. Embora a igreja tenha perdido a maior parte da decoração original de ouro e
prata, mosaicos e afrescos, sua magnificência espacial e decorativa ainda resiste. Parte de sua ornamentação atual
incorpora elementos da religião Muçulmana (já que atualmente é uma mesquita) aos elementos originariamente
constituídos pelo Bizantino.

3. ARTE ROMÂNICA
Além do estilo chamado Bizantino, no final dos séculos XI e XII, surge na Europa o estilo Românico, cuja
estrutura formal era semelhante às construções dos antigos romanos, daí o nome.
Tanto quanto o estilo Bizantino, a arte Românica se manifesta, principalmente na arquitetura e, as
características mais significativas da arquitetura românica são:
* Plantas em formato de cruzeiro;
* abóbadas em substituição ao telhado das basílicas;
* pilares maciços que sustentavam e das paredes espessas;
* aberturas raras e estreitas usadas como janelas;
* torres, que aparecem no cruzamento das naves ou na fachada; e
* arcos plenos.
A primeira coisa que chama a atenção nas igrejas românicas é o seu tamanho. Elas são sempre grandes e
sólidas. Daí serem chamadas: fortalezas de Deus. A explicação mais aceita para as formas volumosas, estilizadas e
duras dessas igrejas é o fato da arte românica não ser fruto do gosto refinado da nobreza nem das idéias
desenvolvidas nos centros urbanos, é um estilo essencialmente clerical. A arte desse período é encarada como uma
extensão do serviço divino e uma oferenda à divindade.
A mais famosa é a Catedral de Pisa sendo o edifício mais conhecido do seu conjunto o campanário que
começou a ser construído em 1.174. Trata-se da Torre de Pisa que se inclinou porque, com o passar do tempo, o
terreno cedeu.
A Igreja recorria à pintura e à escultura para narrar histórias bíblicas ou comunicar valores religiosos aos fiéis,
por isso, não se pode falar em arte sem falar em ideologia cristã, ao mesmo tempo, não é possível estudá-las sem
estudarmos a arquitetura.
A pintura românica se desenvolveu na decoração mural, a técnica mais utilizada é o afresco. Os principais
temas continuam a ser os religiosos. Suas características essenciais são o afastamento do naturalismo e o
cromatismo exagerado. A ausência de realismo nestas imagens decorrem da finalidade, ou seja, a função da arte era
enaltecer os sentimentos religiosos e a interpretação mística que os artistas faziam dos santos e não da realidade. A
figura de Cristo, por exemplo, é sempre maior do que as outras que o cercam. O cromatismo se caracteriza pelo uso
de cores planas, sem preocupação com meios tons ou jogos de luz e sombra, já que não havia intenção de
imitar a natureza.
Sobre a porta de entrada há o tímpano, nome dado ao circulo ou semicirculo que fica logo abaixo dos arcos
que arrematam o vão superior da porta, área ocupada também pelas esculturas. O uso de formas rústicas, curtas ou
alongadas e sem qualquer referência à natureza e aos movimentos naturais fazem parte deste período. Além disso,
os mosaicos conhecem seu apogeu nesta época, onde o azul e dourado são usados para representar o firmamento
e, simbolicamente, a divindade.

4. ARTE GÓTICA
Os valores da religião cristã impregnam todos os aspectos da vida medieval, a concepção de mundo
dominada pela figura de Deus proposto pelo cristianismo é chamada de teocentrismo (teos = Deus + centro),
portanto, Deus é o centro do universo e a medida de todas as coisas. A igreja se coloca como a representante de
Deus na terra e exercia, por conta desta crença, poderes ilimitados. No século XII, entre os anos 1150 e 1500, tem
início uma economia fundamentada no comércio. Isso faz com que o centro da vida social se desloque do campo
para a cidade, enfraquecendo o Feudo (principal modelo econômico da Idade Média) proporcionando o aparecimento
do Burgo (comunidade urbana) na qual seus habitantes, os burgueses instauram a chamada burguesia urbana na
qual os comerciantes começam a despontar como poder emergente e competindo com o estado e a igreja. No
começo do século XII, a arte que ainda predomina é a românica, mas começaram a aparecer as primeiras mudanças
que logo conduziram a uma revolução profunda na arte de projetar e construir grandes edifícios representada pelo
modelo francês de construção.
Notadamente, a arquitetura, é ainda a manifestação artística mais forte deste período mas há diferenças
marcantes entre as igrejas Românicas e as Góticas que surgem nesse período, uma delas é a fachada. As
Românicas apresentavam um portal único já, a igreja gótica, apresenta três portais que dão acesso à três naves do
interior da igreja: a nave central e as duas naves laterais. Outra diferença marcante é a altura que as igrejas góticas
atingem, são mais longilíneas ou alongadas atingindo a faixa de cem metros ou mais. O uso dos vitrais é outro
aspecto das catedrais góticas, o tratamento da luz que eles proporcionam é riquíssimo. Pode-se dizer que a
arquitetura gótica expressa a grandiosidade da crença na existência de um Deus que vive num plano superior; tudo
se volta para o alto, projetando-se na direção do céu, como se vê nas pontas agulhadas das torres de algumas
igrejas góticas.
A rosácea é um elemento arquitetônico muito característico do estilo gótico e está presente em quase todas
as igrejas construídas entre os séculos XII e XIV assumindo duas características principais o Radiante, cujo
desenvolvimento é mais geométrico e centrado e o Flamejante, parecido com folhas ou chamas que se expandem a
partir de um ponto central da rosácea.
Outros elementos característicos da arquitetura gótica são os arcos ogivais cuja curva não é olena, mas
pontiaguda. Externamente são vistos os Arcos Botantes ou Botarréus, estruturas arquitetônicas perpendiculares à
parede da nave que as sustentam lateralmente.
As catedrais góticas mais conhecidas são: Notre Dame de Chartres e Catedral de Notre Dame de Paris e a
Catedral de e ainda as catedrais de Lincoln na Inglaterra e de Milão na Itália.
Outra manifestação artística gótica é a escultura. Elas estão ligadas à arquitetura e são também alongadas
reforçando a verticalidade. Exageram as formas e as feições, destacando pés, mãos e rostos, pouco destaque para o
corpo. São simples e diretas facilitando o reconhecimento por parte dos fiéis com o fim de ilustrar os ensinamentos
propostos pela igreja.
A pintura aparece nas chamadas Iluminuras que são as ilustrações em miniatura que ocupam os textos e
pergaminhos medievais manuscritos pelos monges nos mosteiros. Os manuscritos também eram encomendados por
particulares, aristocratas e burgueses. Sua principal particularidade foi a representação dos seres que compunham
as obras pintadas, quase sempre tratando de temas religiosos, apresentava personagens de corpos pouco
volumosos, cobertos por muita roupa, com o olhar voltado para cima, em direção ao plano celeste.
Os principais artistas na pintura gótica (Duocento) são os verdadeiros precursores da pintura do
Renascimento como Giotto, Duccio, Cimabue entre outros.

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