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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIRO

Departamento de Artes e Design

Mestrado em Design

GÊNERO NO DESIGN: A REPRODUÇÃO DE IDEAIS MASCULINOS E


FEMININOS NOS OBJETOS PARA CUIDADOS PESSOAIS

Por

Talita Meier Marques Rodrigues

Anteprojeto de pesquisa apresentado como pré-requisito


para a aprovação no Programa de Pós-graduação em
Design do Departamento de Artes e Design da Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro.

Setembro de 2015
INTRODUÇÃO

Durante intercâmbio que realizei em 2012, uma questão foi posta por um professor
em um exercício de ergonomia: deveríamos caracterizar um produto esteticamente, neste
caso uma garrafa d’água, e estabelecer para ele associações com o público-alvo em sua
faixa etária, estilo de vida e gênero. O objetivo do exercício era pensar ergonomia para
além da otimização do produto para o corpo humano, neste caso considerando também
um aspecto cognitivo. Ou seja, trabalhávamos com a hipótese de que o produto deve ser
legível em sua estética para que o usuário possa escolher o objeto com que mais se
identifica. Encontrei então uma dificuldade em caracterizar o produto como feminino ou
masculino, e isto despertou um interesse em prestar maior atenção na forma como os
objetos se expressam para o potencial consumidor. Como designer e mulher feminista,
me preocupo especialmente com as razões que motivam o desenvolvimento de produtos
caracterizados como sendo destinados a um gênero específico.

1. LINHA DE PESQUISA E PROVÁVEIS ORIENTADORES

A escolha da linha de pesquisa “Design: Comunicação, cultura e artes” está


relacionada à descrição da mesma, que inclui entre outros eixos temáticos o estudo dos
aspectos estéticos e culturais que influenciam no projeto. O tema que proponho pesquisar
necessita do estudo de valores culturais, linguagem e significado, fatores que acredito que
se enquadrem melhor nesta linha de pesquisa. Também influencia na escolha o trabalho
dos professores Denise Berruezo Portinari e Alberto Cipiniuk no Laboratório de
Representação Sensível, no que tange à leitura dos objetos além de função e estética.
Encontro nos temas de pesquisa da Prof.ª Denise Portinari eixos temáticos que incluem
gênero, psicologia, imaginário e feminismo associados à subjetividade da cultura
material, portanto acredito em uma sintonia com o trabalho de dissertação que pretendo
desenvolver no mestrado da PUC-Rio. O Prof. Alberto Cipiniuk, que possui formação
nas áreas de história da arte e filosofia, também apresenta afinidade com a área de
subjetividade no design, possuindo artigos e demais publicações em temas pertinentes à
moda, simbologia do design, cultura e sociedade. Penso que os professores citados seriam
excelentes orientadores para minha pesquisa, e certamente possuem conhecimentos que
enriquecerão a dissertação que pretendo apresentar ao final do mestrado.
2. TEMA DE PESQUISA

O tema central da pesquisa que venho propor com este projeto é a manifestação
subjetiva das características culturais de gênero nos produtos de uso pessoal. Pretendo
analisar a reprodução de valores socioculturais no processo de design, em especial aquele
que se relacionam com a imagem do que é feminino ou masculino. Trata-se de uma
pesquisa inteiramente nova em minha trajetória, uma vez que não estou partindo de
nenhum trabalho próprio anterior. Por este motivo, as leituras pertinentes estão passando
por estruturação e a pesquisa deverá avançar mais durante o período do mestrado.

2.1 PRODUTOS PARA O CUIDADO PESSOAL

Para delimitar a pesquisa em um determinado grupo de itens de consumo e


concentrar os estudos de caso, defini como categoria de análise os objetos industriais
comercializados para o cuidado pessoal. Entende-se por produto para uso pessoal aquele
cujo consumo é individual com pouca ou nenhuma possibilidade de compartilhamento,
destinado à função de cuidado pessoal, podendo ser descartável ou de vida-útil média.
Exemplos do que compreende o termo são:

 Embalagens de produtos de higiene pessoal (desodorantes, perfumes, cosméticos


em geral, cremes dentais, condicionadores, loções, sabonetes íntimos,
absorventes, preservativos);
 Produtos para cuidado pessoal de média vida-útil (escovas de cabelo, pentes,
escovas dentárias, esponjas, lâminas de barbear);
 Alguns aparelhos eletrônicos pequenos (secadores de cabelo, barbeadores);
 Receptáculos e vasilhames (caixas para transporte de produtos de higiene,
garrafas e squeezes individuais).

A escolha desta categoria de objetos se deve à sua relação cotidiana com o íntimo do
indivíduo, que por sua vez enxerga nas formas, cores do produto ou de sua embalagem
fatores decisivos para a compra1. Se é possível dizer que escolhemos algum produto com
base em nossas leituras individuais da estética e nossas ideologias culturais, este produto
provavelmente estará incluído na categoria apresentada.

1
Segundo reportagem do site da Associação Brasileira de Supermercados. Minas Gerais, 2012. Aceso
em: setembro/2015. Disponível em:
<http://www.abrasnet.com.br/clipping.php?area=1&clipping=30110>
2.2 O DESIGNER COMO SUJEITO NA METODOLOGIA DE PROJETO

Os autores Leite, Iracema, Waechter, Hans e Campos, Fábio abordaram em seu artigo
intitulado “A representação do gênero no design” tema semelhante ao proposto neste
projeto. Nele, articulam-se ideias e críticas acerca das tradicionais metodologias de
desenvolvimento de produtos, no que diz respeito à formação do designer enquanto
sujeito. No processo de design existe uma preocupação com as necessidades e anseios do
público-alvo, e cabe ao designer decodificar estas necessidades, agregadas a um
complexo conjunto de significados do contexto em que eles estão inseridos2. Para além
da inserção de valores técnicos e necessidades funcionais no desenho, ocorre também a
reprodução e incitação de valores culturais individuais, estilos de vida e
comportamentos3. Para a pesquisa aqui apresentada, assim como para o artigo
supracitado, considerarei o aspecto subjetivo dos produtos e sua capacidade de
comunicação com o usuário, levando em conta que sua configuração é realizada por um
designer que é sujeito integrante de uma realidade sociocultural. É possível então deduzir
que um objeto não é formado apenas por fatores funcionais práticos, mas que funcionam
também como símbolos. Tais valores simbólicos são introduzidos no produto pelo
designer, que é o principal envolvido na caracterização daqueles e que não se posiciona
em um lugar neutro, pois atua utilizando-se não apenas de conceitos aprendidos durante
sua formação profissional, mas também de seus valores e experiências em sociedade.
Estas diferentes visões socioculturais podem incluir tendências sexistas ou
discriminatórias, caso este seja o pensamento vigente no meio em que se insere o designer
(MACHADO e MERKLE, 2010, p. 2).

O conjunto de metodologias de projeto mais difundido no ensino brasileiro de design


de produto tem sua fundação nos conceitos utilizados na Bauhaus e em Ulm, escolas que
inspiraram a criação do primeiro curso de Desenho Industrial no Brasil, a ESDI (Escola
Superior de Desenho Industrial), na Universidade Federal do Rio de Janeiro (LEITE,
WAECHTER E CAMPOS, 2010, p. 4). Löbach (2001), Munari (2002) e Baxter (2005)
são exemplos de autores que propuseram alguns dos conjuntos de métodos sistemáticos
mais utilizados no ensino de design no Brasil. Apesar de apresentarem diferenças entre
si, estes métodos fazem parte de uma categoria que divide a prática do design em fases
com fronteiras definidas, que são realizadas em uma determinada ordem. Estas fases de

2
LEITE, WAECHTER E CAMPOS apud ONO, 2006
3
LEITE, WAECHTER E CAMPOS apud DIAS FILHO, 2007
projeto podem ser resumidas em: 1. Problemática, 2. Coleta e análise de dados e produtos
similares, 3.Geração de alternativas, 4. Desenvolvimento do conceito escolhido, 5.
Testes, experimentações e ajustes4. Este conjunto de processos, embora efetivo na maioria
dos projetos, representa uma visão lógica e racional. A crítica que faço é a de que tal visão
desconsidera as vivências do designer e como estas serão transpostas subjetivamente no
produto, bem como coloca a interpretação emocional do usuário em segundo plano
quando comparada às necessidade físicas e práticas.

Recentemente, há uma maior preocupação com a humanização do desenvolvimento,


centralizando a criação nas demandas sociais do público-alvo. O toolkit desenvolvido pela
IDEO (2009) é um exemplo de metodologia de design que propõe a coleta de histórias
pessoais e desejos dos usuários para inspirar a criação de projetos, partindo do concreto
para o abstrato – identificando temas e oportunidades – e voltando ao concreto, gerando
soluções (IDEO, 2009, p.8). A preocupação com os problemas sociais raramente é posta
como foco na criação de produtos, embora a cultura material tenha a capacidade de
amenizá-los ou intensifica-los, pois os objetos possuem significado (MACHADO E
MERKLE, 2010, p.4). Sob ponto de vista de questões de gênero, produtos desenvolvidos
sem preocupação social podem reproduzir valores sexistas e alimentar o processo de
dominação masculina, o que pode acontecer mesmo que a designer seja mulher, pois a
reprodução da ideologia sexista de diferença de gênero não se dá no plano das vontades
controláveis e da consciência, como Machado e Merkle (2010) explicitam por meio desta
citação a Bourdieu (2002):

“(...) O efeito da dominação simbólica (seja ela de etnia, de gênero, de cultura, de língua
etc.) se exerce não na lógica pura das consciências cognoscentes, mas através dos
esquemas de percepção, de avaliação e de ação que são constitutivos dos ‘habitus’ e que
fundamentam, aquém das decisões da consciência e dos controles da vontade, uma
relação de conhecimento profundamente obscura a ela mesma. Assim a lógica paradoxal
da dominação masculina e da submissão feminina, que se pode dizer ser, ao mesmo tempo
e sem contradição, espontânea e extorquida, só pode ser compreendida se nos
mantivermos atentos aos efeitos duradouros que a ordem social exerce sobre as mulheres
(e os homens), ou seja, às disposições espontaneamente harmonizadas com esta ordem
que as impõem.”

(Bourdieu, 2002, p. 49/50)

4
MACHADO E MERKLE apud MEYER, 2006, p.4
2.3 IDEAIS E DIFERENÇAS DE GÊNERO

A classificação ou ordenação do mundo é característica presente em toda cultura.


Pode apresentar-se de forma complexa ou simplificada em sua lógica, mas o ato de
encaixar o mundo em categorias está sempre presente. Segundo Santos e Cipiniuk,
“nossas classificações são culturais, respondem a necessidades específicas e,
consequentemente, estão de acordo com práticas sociais particulares (apud Harvey,
1998)”.

Lauretis (1987, p.207) define diferença sexual como conceitos abstratos que obtemos
acerca do que é masculino e feminino, mas principalmente a diferença da mulher em
relação ao homem. Esta classificação é feita no campo do inconsciente político, que é
perpetuado pela sociedade como um todo, inclusive pelas mulheres. As denominadas
tecnologias de gênero representam as características e os ideais de cada gênero e
contribuem para a continuidade deste modelo regulatório. Ao classificar os indivíduos
por gênero, os posicionamos dentro de um grupo social, ao qual a escolha de se pertencer
não é livre, mas também não é por determinação externa arbitrária. Dentro de uma cultura,
a noção de que o masculino e o feminino são distintos e se complementam
simbolicamente atribui a cada sexo um conjunto de conteúdos sociais, valores e
hierarquias (p. 211).

Muitas das características estereotípicas relacionadas ao sexo dos indivíduos vêm de


como é representada culturalmente a manifestação da sexualidade em cada um. Em
referência a Lucy Bland (1981), Lauretis cita que “a polaridade ‘masculino/feminino’ tem
sido e ainda é um dos temas centrais de quase todas as representações da sexualidade (...)
a sexualidade masculina é considerada ativa, espontânea, genital, facilmente suscitada
por ‘objetos’ (...) a sexualidade feminina é vista em termos de sua relação com a
sexualidade masculina”. Adrian Forty (2008) exemplifica as metáforas das características
de gênero na arquitetura, mais especificamente no formato das colunas gregas. A
aparência da coluna dórica era considerada masculina, mais grave, sem ornamentos; a
ordem jônica é esbelta e feminina como uma donzela; já a ordem coríntia apresenta a
sensualidade de uma cortesã (Forty apud Wotton, 1964). Nesta metáfora de gênero, estão
estabelecidos ideais distintos de masculinidade e feminilidade. A representação do
feminino na forma dos objetos é, portanto, descrita como ingênua, ornamentada, delicada
e curvilínea, portanto deve ser evitada quando há a necessidade de expressar imponência,
poder e admiração. Neste caso, as formas ditas masculinas apresentam firmeza, grandeza,
planos retilíneos, ângulos retos, poucos detalhes ornamentais são consideradas adequadas
na arquitetura (FORTY apud BLONDEL, 2008 p.137). Extrapolando este conceito para
outras áreas, percebemos então uma caracterização do feminino como algo frágil e do
masculino como viril. Tais características restritas a cada gênero refletem a naturalização
de uma hierarquia entre os sexos na ideia de dominação masculina, construída de acordo
com os objetivos da classe de maior poder.

3. HIPÓTESE E PROBLEMA DE PESQUISA

Após leitura inicial sobre o papel do designer na reprodução de valores socioculturais,


percebo que não é incomum a hipótese de que, ao projetar um objeto, não nos
encontramos em um lugar de neutralidade, e sim carregamos nossas experiências
enquanto sujeitos sociais. Portanto, a hipótese que pretendo problematizar com a pesquisa
é de que o designer reproduz ou dissemina, por meio da metodologia de projeto, ideias e
conceitos sobre o que se entende por características masculinas e femininas, bem como
os fatores estéticos que incentivam subjetivamente cada um à compra de um produto.
Ressalto aqui que proponho também que há a necessidade da preocupação com problemas
sociais durante o desenvolvimento de produto, questão que não está difundida nas
principais metodologias ensinadas no Brasil. A problemática com os objetos para
cuidados pessoais foi iniciada pela observação de que existem no mercado produtos
destinados a pessoas determinado gênero ou sexo, que recorrentemente não apresentam
diferenças funcionais. Posso citar como exemplo as lâminas para depilação, que exercem
a mesma função de forma satisfatória – quando de boa qualidade – independentemente
da cor ou formato em que se apresentam na prateleira. Ainda assim, encontramos lâminas
femininas em tons leves de cores como rosa e lilás, com formas curvilíneas e muitos
ornamentos, enquanto o mesmo produto anunciado como masculino apresenta cores em
tons mais escuros, vibrantes, formas futuristas e materiais que remetem ao metal. O que
busco concluir com esta pesquisa é como estas ideias de masculinidade e feminilidade
são inseridas no produto durante o processo de design, com a intenção de problematizar
a naturalização das características de gênero difundidas em nosso ambiente cultural.
4. OBJETIVOS
4.1 GERAL

Entender, no processo de configuração dos produtos para o cuidado pessoal, a


reprodução de conceitos e características culturalmente designadas aos gêneros feminino
e masculino. Analisar a dimensão simbólica dos objetos e como são pensados pelo
designer e interpretados pelo usuário.

4.2 ESPECÍFICOS
 Definir os conceitos culturais de feminilidade e masculinidade e problematizar a
naturalização destes;
 Relacionar estética e função dos objetos ao conceito de imaginário;
 Definir as diretrizes para a identificação do usuário com o produto;
 Buscar e estudar metodologias que incluam preocupações sociais;
 Entender o papel do designer na reprodução de valores culturais;
 Observar e compreender a subjetividade nos objetos;
 Comparar a intenção do design com a interpretação do usuário;
 Realizar estudo de caso com objetos para cuidados pessoais, analisando a presença
de ideais de gênero em seu design.

5. JUSTIFICATIVA

O momento atual é especialmente favorável à discussão de assuntos como gênero e


identificação pessoal, sobretudo a feminina. Os estudos sobre a representação de gênero
têm sido mais difundidos tanto na ciência, quanto na dimensão popular, e há um interesse
maior em produzir artigos e trabalhos acadêmicos que abordem o tema. Como se trata de
uma problematização da visão cultural das características do sistema binário de sexos, é
possível afirmar que este projeto propõe uma pesquisa alinhada com problemas sociais
como a desigualdade e a hierarquização baseadas em conceitos de sexo e gênero.

Como designer e mulher, me preocupo com o papel de profissionais da área de


desenvolvimento de produto na decodificação e reprodução destes valores no objeto.
Este, quando comercializado, passará a fazer parte do cotidiano dos usuários,
especialmente se restringirmos a observação ao grupo dos cuidados pessoais. O uso destes
produtos é diário, íntimo e individual, portanto sua escolha está diretamente relacionada
à identificação do sujeito com a ideia simbólica que o artefato expressa. Apesar de não
explícito, a dimensão política na configuração de produto é relevante, pois “o design,
como prática e produto da sociedade contemporânea, participa da organização do mundo
e, mais importante, está envolvido na produção de ordenamentos classificatórios para este
mundo” (SANTOS e CIPINIUK, 2011, p.4).

6. FACILIDADES E OPORTUNIDADES

A intenção de pesquisa apresentada neste projeto não pretende dar continuidade a


outro trabalho preexistente. Em meu projeto de graduação, o tema principal da etapa de
pesquisa teórica era a relação do usuário com o ambiente de trabalho e a análise histórica
da forma de trabalhar, considerando as mudanças de época na configuração do espaço de
escritório, impulsionadas por novas tecnologias e mudanças nas necessidades do
trabalhador. Apesar de propor para o mestrado uma nova pesquisa em tema distinto, pode-
se perceber ainda no projeto de graduação uma vontade de relacionar o design a aspectos
políticos e sociais, que apenas cresce a cada leitura. A ocorrência deste desejo
provavelmente está relacionada a umas das justificativas de relevância desta pesquisa: a
discussão de temas políticos também na esfera popular. Durante o mestrado, pretendo
desenvolver ainda mais esta afinidade temática, adicionando à bagagem acadêmica o
amadurecimento de conhecimentos teóricos e leituras que ainda me faltam.

Uma das maiores oportunidades que vejo no mestrado é a convivência com outros
mestrandos que, assim como eu, visam o aprofundamento teórico das questões de design.
A estrutura da pós-graduação da PUC-Rio e o contato que ela me proporcionará com seu
corpo docente e possíveis orientadores, oferecem as ferramentas ideais para o
desenvolvimento da pesquisa e também para meu crescimento pessoal e profissional.
Certamente, no decorrer o mestrado, o trabalho tomará caminhos interessantes e novas
questões e problemáticas surgirão durante as disciplinas e orientações.

7. REVISÃO DA LITERATURA PERTINENTE À PESQUISA

A literatura pertinente está em fase de levantamento e construção, uma vez que não
houve em minha trajetória de graduação uma pesquisa prévia dentro desta temática. Os
conceitos teóricos que considero fundamentais para o desenvolvimento da dissertação
incluem: metodologia de design, subjetividade dos objetos e ideais e diferenças de gênero.

Os artigos “A representação do gênero no design” (LEITE, I. T., WAECHTER, H. N.


e CAMPOS, F. F. C.) e “As relações existentes entre o fazer design com base nas questões
de gênero” (MACHADO, R. S. S. e MERKLE, L. E.) foram os pontos de partida para a
abordagem do tema, relacionando o trabalho do designer às questões de gênero. O texto
“Masculino, feminino ou neutro?” de Adrian Forty (2008), embora discorra sobre
arquitetura, possui conceitos úteis também ao estudo do design, e sua leitura foi de grande
importância para este anteprojeto.

Em metodologias de design, pretendo não apenas utilizar os conjuntos de métodos e


técnicas difundidos no ensino da prática do desenho industrial (MUNARI, B.: 2002;
LÖBACH, B.: 2001; BAXTER, M.: 2005; BÜRDEK, B. E.: 2006; IDEO: 2009), mas
também autores que questionam o papel do designer na sociedade e na cultura (ONO, M.:
2006; BOMFIM, G.A.: 1997). A respeito da subjetividade dos objetos, cabe fazer a leitura
de conceitos importantes ao estudo dos signos e da semiologia e semiótica (BARTHES,
R.: 1967). “A Dominação Masculina” (BOURDIEU, P.: 2003) também pode contribuir
para o desenvolvimento de pesquisa em hierarquização de gênero na cultura. Para definir
conceitos de diferenças de gênero, autoras como SCOTT, J.: 1994; LAURETIS, T.: 1987
e BUTLER, J.:2003 compõem leituras relevantes.

8. METODOLOGIA

Como mencionei anteriormente, trata-se de uma pesquisa nova, para a qual não estou
partindo de nenhum trabalho anterior. Dessa forma, é preciso primeiramente realizar o
levantamento da bibliografia que será pertinente à dissertação, junto ao orientador. É
recomendável que estes textos sejam fichados, facilitando a consulta durante a elaboração
do texto. Definida a estrutura da pesquisa, ou seja, como a leitura será aplicada aos
estudos de caso e transposta para o texto, posso iniciar a produção textual da dissertação,
etapa mais longa do processo. A intenção é de que a coleta e a análise dos dados referentes
aos estudos de caso ocorram simultaneamente. Este estudo será feito com a seleção de
produtos da classe escolhida (objetos para o cuidado pessoal), seguida da categorização
destes e, finalmente, a análise dos objetos em relação à pesquisa desenvolvida. Ao mesmo
tempo, esta pesquisa deve ser redigida e incluída no texto, para evitar o acúmulo de dados
a transpor para redação. Ao final, espero chegar a conclusões sobre a reprodução de
ideologias de gênero nos produtos.
9. CRONOGRAMA

2016 2017 2018

MAR JUL DEZ MAR JUL DEZ MAR

Levantamento da literatura
pertinente
Fichamento de textos

Definição da estrutura da pesquisa

Estudos de caso: coleta e


categorização de dados
Estudos de caso: análise dos dados

Conclusões

Produção textual

Entrega final

10. SUMÁRIO PRELIMINAR

Introdução

1. Objetivos
1.1 Geral
1.2 Específicos
2. Revisão Bibliográfica
2.1 Metodologia de design
2.2 Subjetividade dos objetos
2.3 Ideais e diferenças de gênero
3. Hipótese e problema de pesquisa
4. Estudos de caso: produtos para cuidados pessoais
5. Conclusões

Referências bibliográficas

Anexos
BIBLIOGRAFIA

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BOMFIM, Gustavo Amarante. Fundamentos de uma teoria transdisciplinar do
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