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JESUS CARLOS DELGADO GARCÍA

TEÓFILO ALVES GALVÃO FILHO

PESQUISA NACIONAL DE
TECNOLOGIA ASSISTIVA
Instituto de Tecnologia Social
Organizador

São Paulo SP
ITS BRASIL
2012

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Copyright © Instituto de Tecnologia Social, 2012
Permitida reprodução total ou parcial com menção expressa da fonte.
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Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI)


Ministro do MCTI
Marco Antônio Raupp

Secretaria de Ciência e Tecnologia para Inclusão Social (SECIS)


Secretário da SECIS
Eliezer Moreira Pacheco

Instituto de Tecnologia Social - ITS Brasil

Presidente Equipe de pesquisa


Marisa Gazoti Cavalcante de Lima Adriana Vieira Zangrande
Flávia Torregrossa Hong
Gerente executiva Jesus Carlos Delgado García (coord.)
Suely Aparecida Ferreira
Revisão de textos e ficha catalográfica
Coordenação editorial Edison Luís dos Santos
Irma R. Passoni
Jesus Carlos Delgado García Edição de arte
Tadeu Araujo
Textos
Jesus Carlos Delgado García Gráfica
Teófilo Alves Galvão Filho Elyon Soluções Gráficas – ME

Projeto de publicação “Pesquisa Nacional de Tecnologia Assistiva”


junto ao Termo de Parceria nº 13.0026.00/2009, ITS Brasil/MCTI/SECIS.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


Câmara Brasileira do Livro
Ficha Catalográfica

I 47p Instituto de Tecnologia Social (ITS Brasil)

Pesquisa Nacional de Tecnologia Assistiva. – / Jesus Carlos Delgado García;


Teófilo Alves Galvão Filho. – São Paulo: ITS BRASIL/MCTI-SECIS, 2012. –
68 p.; il.; 18 x 26 cm.

Inclui bibliografia
ISBN: 978-85-64537-04-0

1. Tecnologia assistiva – Brasil. 2. Pesquisa 3. Ajudas técnicas – Pessoas com deficiência


I. Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação II. ITS Brasil III. DELGADO GARCÍA, Jesus Carlos.
IV. GALVÃO FILHO, Teófilo Alves. V. Título.

CDD 362.4

Instituto de Tecnologia Social (ITS Brasil)


Rua Rego Freitas, 454, cj. 73 | República | CEP: 01220-010 | São Paulo | SP
instituto de tecnologia social
Tel./fax (11) 3151-6499 | e-mail: its@itsbrasil.org.br | www.itsbrasil.org.br

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suMÁRIo

1. Introdução 7

2. As diferentes concepções e classificações relativas à Tecnologia Assistiva 11

3. Características da Pesquisa Nacional de Tecnologia Assistiva 27

4. Análise dos dados 33

5. Conclusões 57

6. Referências 63

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INTRODUÇÃO

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to exponencial da demanda na área da


TA, o qual pode ser explicado por influ-
ência de diferentes fatores, entre eles,
as mudanças que vêm ocorrendo na so-
ciedade atual, cada vez mais permeável
à diversidade humana, a partir de uma
nova cosmovisão inclusiva em evidên-
cia: além de questionar seus mecanis-
mos de segregação, permite vislumbrar
novos caminhos de inclusão social de
todas as pessoas, entre as quais, as pes-

O
soas com deficiência e pessoas idosas,
s estudos e análises refe- que são o principal alvo da TA.
rentes aos processos de Essa realidade já se reflete na quan-
pesquisa e desenvolvi- tidade e amplitude de novas políti-
mento na área da Tecno- cas públicas e programas oficiais que
logia Assistiva no Brasil abrem caminhos diferentes e geram
ainda são bastante escassos. Raros mes- novas necessidades, inclusive de re-
mo. A escassez desses estudos acarreta, cursos de TA. Para citar apenas dois
como uma de suas consequências mais exemplos dessas políticas que têm ge-
importantes, grandes dificuldades para rado demandas de TA em larga escala,
a definição e formatação de políticas vale mencionar tanto as novas orien-
8 públicas nessa área e para a configura- tações e normas estabelecidas para a
ção adequada de iniciativas de apoio e inclusão educacional de alunos com
fomento a projetos com esse foco. deficiência na escola regular, quanto
Que iniciativas apoiar? Com que os programas nacionais para inclusão
volume de recursos? Quais as subáre- sociodigital da população brasileira.
as prioritárias? Quais são as maiores O primeiro movimento, capitanea-
demandas? Onde elas ocorrem? Que do, no âmbito federal, pela Secretaria
resultados têm sido alcançados? de Educação Especial do Ministério da
A necessidade de responder a estas Educação (SEESP/MEC), tem traçado
e a outras perguntas desse tipo tem se diretrizes e apontado metas para a in-
tornado cada vez mais urgente. clusão de todas as pessoas com defici-
Além disso, nos dias de hoje, qual- ência na escola regular, tendo delinea-
quer estudo sobre o conjunto de pro- do as características de uma estrutura
jetos de Tecnologia Assistiva (TA) em de Atendimento Educacional Especia-
desenvolvimento no país torna-se ne- lizado (AEE), que organiza, sistemati-
cessariamente parcial e provisório; e za e busca viabilizar, na prática, essa
deve ser constantemente renovado e inclusão (BRASIL, 2010). Cada escola
atualizado, principalmente em função do país, pública ou privada, necessita
da alta mobilidade dos dados disponí- buscar, no suporte que deve ser ofere-
veis, causada pela crescente demanda cido pelo AEE, os meios para efetivar
e interesse nessa área, e também pelos o ingresso, o aprendizado e o sucesso
constantes e acelerados avanços tec- dos alunos com deficiência que come-
nológicos que ocorrem na atualidade. çam a frequentar, obrigatoriamente,
É possível detectar um crescimen- segundo a legislação vigente, os seus

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seja, além de preocupar-se com a aces-


sibilidade física, com a eliminação de
barreiras arquitetônicas, é indispensá-
vel que disponha de recursos de TA
que tornem possível que pessoas com
os mais diferentes tipos de deficiência
possam utilizar os seus computadores
e a Internet (GALVÃO FILHO, 2009).
Sem isso, a inclusão sociodigital
proporcionada pelos Telecentros seria
bastante parcial, pois excluiria de seus
processos e possibilidades as pessoas
espaços. E isso, para muitos alunos com deficiência, as quais compõem
com deficiência, somente pode ser uma parcela significativa de 14,5%
alcançado por meio da utilização de da população nacional, segundo da-
recursos de TA. É perfeitamente com- dos do IBGE (CENSO 2000). As esta-
preensível, portanto, a grande e cres- tísticas governamentais apontam para
cente escala de demandas de TA que a existência de 8.281 telecentros no
esta nova política tem gerado e ainda Brasil, na atualidade (www.visializa-
deve gerar. coes.onid.gov.br), número em perma-
Outra realidade recente é o cresci- nente crescimento. Pode-se deduzir
mento das iniciativas e programas ofi- daí, a volumosa necessidade de re-
ciais que buscam favorecer a inclusão cursos de TA relacionados ao uso do 9
sociodigital da população brasileira, computador, para que possa ocorrer
especialmente da parcela econômica uma verdadeira inclusão das pessoas
e socialmente menos favorecida des- com deficiência em seus espaços, se-
sa população, na qual se encontram, jam adaptações físicas ou órteses, se-
em grande número, as pessoas com jam adaptações de hardware, ou sejam
deficiência. São vários os programas softwares especiais de acessibilidade
governamentais nessa linha na atua- (GALVÃO FILHO e DAMASCENO,
lidade (www.inclusaodigital.gov.br). 2002). Sem falar da necessária forma-
Destaca-se aqui o Programa Nacional ção de técnicos e monitores para a uti-
de Apoio a Inclusão Digital nas Co- lização de todos esses recursos de TA.
munidades – Telecentros.BR (BRASIL, Em face de toda essa crescente de-
2009), sob a responsabilidade conjun- manda, assim como a constante mobili-
ta dos ministérios da Ciência, Tecno- dade dos dados referentes a TA no país,
logia e Inovação, das Comunicações e torna-se indispensável um permanente
do Planejamento. Este programa visa à e renovado estudo e monitoramento
promoção de ações para a implantação acerca dos projetos de pesquisa e de-
e funcionamento de Telecentros Co- senvolvimento de TA em andamento
munitários em todo o país. Entretanto, no Brasil, juntamente com a análise
para que um Telecentro Comunitário desses dados. Contribuir para a cons-
possa, de fato, beneficiar a toda a po- trução de uma sociedade inclusiva que
pulação, é fundamental que disponha favoreça a busca de soluções para essas
de uma configuração realmente aces- necessidades crescentes são os princi-
sível às pessoas com deficiência. Ou pais objetivos do presente trabalho.

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AS DIFERENTES CONCEPÇÕES
E CLASSIFICAÇÕES RELATIVAS
À TECNOLOGIA ASSISTIVA

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P
ara que se possa efetuar despercebidos. Para exemplificar,
uma análise fundamentada, podemos chamar de tecnologia
transpa­rente e útil em rela- assistiva uma bengala, utilizada
ção aos dados revelados pela por nossos avôs para proporcio-
Pesquisa Nacional de Tecno- nar conforto e segurança no mo-
logia Assistiva, torna-se fundamental mento de caminhar, bem como
refletir e entender como o conceito de um aparelho de amplificação uti-
12 Tecnologia Assistiva (TA) vem sen- lizado por uma pessoa com sur-
do percebido e aplicado, ao longo do dez moderada ou mesmo veículo
tempo, tanto em nível nacional quanto adaptado para uma pessoa com
internacionalmente. E também anali- deficiência. (MANZINI, 2005: 82)
sar as diferentes formas e sistemas de
classificação que têm sido utilizadas. Existe um número incontável de
Tecnologia Assistiva é uma expres- possibilidades, de recursos simples e
são nova, que se refere a um conceito de baixo custo, que podem e devem
ainda em pleno processo de constru- ser disponibilizados nas salas de aula
ção e sistematização. A utilização de inclusivas, conforme as necessidades
recursos de Tecnologia Assistiva, en- específicas de cada aluno com necessi-
tretanto, remonta aos primórdios da dades educacionais especiais presente
história da humanidade ou até mesmo nessas salas, tais como: suportes para
da pré-história. Qualquer pedaço de visualização de textos ou livros; fixa-
pau utilizado como uma bengala im- ção do papel ou caderno na mesa com
provisada, por exemplo, caracteriza o fitas adesivas; engrossadores de lápis
uso de um recurso de Tecnologia As- ou caneta confeccionados com espon-
sistiva. Como faz notar Manzini: jas enroladas e amarradas, ou com
punho de bicicleta ou tubos de PVC
Os recursos de tecnologia assisti- “recheados” com epóxi; substituição
va estão muito próximos do nos- da mesa por pranchas de madeira ou
so dia a dia. Ora eles nos causam acrílico fixadas na cadeira de rodas;
impacto devido à tecnologia que órteses diversas, além de inúmeras ou-
apresentam, ora passam quase tras possibilidades.

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Com muita frequência, a dispo- ter garantido pelo seu governo o


nibilização de recursos e adaptações benefício de serviços especializa-
bastante simples e artesanais, às vezes dos; bem como o acesso a todo o
construídos por seus próprios profes- arsenal de recursos que necessi-
sores, constitui-se a diferença, para tam e que venham favorecer uma
determinados alunos com deficiência, vida mais independente, produ-
entre poder ou não estudar e aprender tiva e incluída no contexto social
junto com seus colegas. geral. (BERSCH, 2005) 13
A expressão Tecnologia Assistiva,
porém, surge pela primeira vez em 1988: Essa legislação norte-americana
que estabelece os critérios e as bases
O termo Assistive Technology, tra- legais que regulamentam a concessão
duzido no Brasil como Tecnologia de verbas públicas e subsídios para a
Assistiva, foi criado oficialmente aquisição desse material entende As­
em 1988, como importante ele- sistive Technology como sinônimo de
mento jurídico dentro da legis- recursos e serviços. No texto da ADA -
lação norte-americana, conhe- American With Desabilities Act, Recur-
cida por Public Law 100-407, que sos constituem “todo e qualquer item,
compõe, com outras leis, o ADA equipamento ou parte dele, produto ou
– American with Disabilities Act. sistema fabricado em série ou sob me-
Este conjunto de leis regula os di- dida, utilizado para aumentar, manter
reitos dos cidadãos com deficiên- ou melhorar as capacidades funcionais
cia nos EUA, além de prover a base das pessoas com deficiência”. Serviços
legal dos fundos públicos para são “aqueles que auxiliam diretamente
compra dos recursos que estes uma pessoa com deficiência a selecio-
necessitam. Houve a necessidade nar, comprar ou usar os recursos acima
de regulamentação legal deste definidos” (BERSCH, 2005).
tipo de tecnologia (TA) e, a partir Com base nos critérios do ADA,
desta definição e do suporte legal, Cook e Hussey definem Tecnologia
a população norte-americana, de Assistiva (TA) como “uma ampla gama
pessoas com deficiência, passa a de equipamentos, serviços, estratégias

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e práticas concebidas e aplicadas para tidades que fabricam ou vendem


minorar os problemas funcionais en- recursos de TA), empregadores,
contrados pelos indivíduos com defi- serviços provedores de emprego
ciência” (COOK e HUSSEY, 1995). e treinamento, ou outros indiví-
Portanto, essa maneira de entender duos que proveem serviços para
TA, a concebe bem além de meros dis- empregar, ou estão de outra for-
positivos, equipamentos ou ferramen- ma, substancialmente envolvidos
tas, englobando no conceito também nas principais funções de vida de
os processos, estratégias e metodolo- indivíduos com deficiência; e
gias a eles relacionados. Isso fica claro • Um serviço que consiste na expan-
na legislação norte-americana, quando são da disponibilidade de acesso
a Public Law 108-364 descreve o que à tecnologia, incluindo tecnologia
deve ser entendido por Serviços de TA eletrônica e de informação para
(PUBLIC LAW 108-364, 2004): indivíduos com deficiências.

• A avaliação das necessidades de No âmbito europeu, o conceito de


uma TA do indivíduo com uma Tecnologia Assistiva é, com frequên-
deficiência, incluindo a avaliação cia, também traduzido pelas expres-
funcional do impacto da provisão sões Ajudas Técnicas ou Tecnologia de
de uma TA apropriada e de servi- Apoio. O Consórcio EUSTAT - Empo-
ços apropriados para o indivíduo wering Users Through Assistive Tech-
no seu contexto comum; nology, por exemplo, na tradução dos
14 • Um serviço que consiste na com- seus documentos para o português,
pra, leasing ou de outra forma utiliza a expressão “Tecnologias de
provê a aquisição de recursos de Apoio”, que “engloba todos os produ-
TA para pessoas com deficiência; tos e serviços capazes de compensar
• Um serviço que consiste na se- limitações funcionais, facilitando a in-
leção, desenvolvimento, experi- dependência e aumentando a qualida-
mentação, customização, adap- de de vida das pessoas com deficiência
tação, aplicação, manutenção, e pessoas idosas” (EUSTAT, 1999a).
reparo, substituição ou doação O Consórcio EUSTAT desenvolveu
de recursos de TA; um estudo entre 1997 e 1999, no âm-
• Coordenação e uso das terapias bito do Programa de Aplicações Tele-
necessárias, intervenções e servi- máticas da Comissão Europeia, desti-
ços associados com educação, pla- nado a formação de usuários finais de
nos e programas de reabilitação; Tecnologia de Apoio, envolvendo pes-
• Treinamento ou assistência técni- soas com deficiência ou idosos, seus
ca para um indivíduo com uma de- familiares e profissionais assistentes
ficiência ou, quando apropriado, pessoais, para que os mesmos pudes-
aos membros da família, cuidado- sem fazer escolhas, bem informadas,
res, responsáveis ou representan- adequadas e responsáveis, em relação
tes autorizados de tal indivíduo; a essas tecnologias. Esse estudo parte
• Treinamento ou assistência técni- do princípio de que é fundamental a
ca para profissionais (incluindo participação de usuário final como
indivíduos que proveem serviços parceiro ativo na escolha das Tecnolo-
de educação e reabilitação e en- gias de Apoio que utiliza.

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Assim como a documentação e le- deficiência a concretizarem todas


gislação norte-americana, os documen- as suas potencialidades. (EUSTAT,
tos do Consórcio EUSTAT igualmente 1999b)
percebem e conceituam a Tecnologia
Assistiva ou Tecnologia de Apoio, Também no âmbito da Comissão Eu-
como produtos e também serviços. O ropeia foi criado, entre 2004 e 2005, o
documento Educação em Tecnologias Consórcio EASTIN, a “Rede Europeia de
de Apoio para Utilizadores Finais: Li- Informação de Tecnologias de Apoio”.
nhas de Orientação para Formadores é O objetivo do Consórcio EASTIN é criar
bastante explícito quanto a isso: uma rede internacional de informações
sobre Ajudas Técnicas, capaz de servir
É importante ter, à partida, uma a todos os países europeus e que possa
noção clara do termo Tecnologias dar respostas principalmente a pergun-
de Apoio (TA), visto tratar-se de tas específicas, tais como:
uma expressão chave predomi-
nante nas presentes Linhas de • Quantos produtos e serviços de
Orientação. Em primeiro lugar, o Tecnologia de Apoio existem na
termo tecnologia não indica ape- Europa?
nas objetos físicos, como disposi- • Quais são as especificações técni-
tivos ou equipamentos, mas an- cas desses produtos?
tes se refere mais genericamente • Como posso ter acesso a eles?
a produtos, contextos organiza- • Quais são as normas legais, de
cionais ou “modos de agir” que cada país, sobre o financiamen- 15
encerram uma série de princípios to público e distribuição desses
e componentes técnicos. Uma produtos?
“tecnologia de acesso a transpor- • Como podemos ajudar ao usuário
tes públicos”, por exemplo, não final a fazer a escolha adequada
consiste apenas numa frota de dos produtos? (EASTIN, 2005)
veículos acessíveis (ex.: autocar-
ros com plataforma elevatória), Entre outras perguntas mais. Os
mas engloba toda a organização documentos do Consórcio EASTIN
dos transportes, incluindo con- constatam que existem mais de 20.000
trole de tráfego, implantação das produtos de Tecnologia de Apoio na
paragens, informações e procedi- Europa, e que esses produtos envol-
mentos de emissão/validação de vem custos em torno de 30 bilhões de
bilhetes, serviço de clientes, for- Euros, segundo o informe Acceso a
mação do pessoal etc. Sem uma las Tecnologías de Apoyo en la Unión
organização deste tipo, o simples Europea, publicado pela Dirección de
veículo não ofereceria qualquer Empleo y Asuntos Sociales de la Co-
“transporte público”. Em segundo misión Europea (EASTIN, 2005a).
lugar, o termo de apoio é aplicado Esses produtos, segundo esses do-
a uma tecnologia, quando a mes- cumentos, envolveriam desde órte-
ma é utilizada para compensar ses e próteses a sistemas de acesso ao
uma limitação funcional, facilitar computador, dispositivos tecnológicos
um modo de vida independente empregados na ajuda terapêutica, ou
e ajudar os idosos e pessoas com destinados à aprendizagem de habili-

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dades, para facilitar a mobilidade, o Saúde (OMS) na Classificação Interna-


cuidado pessoal, as tarefas domésti- cional de Funcionalidade (CIF, 2001):
cas, a comunicação, o esporte e o lazer.
Os documentos do EASTIN refe- Entende-se por Ajudas Técnicas
rem-se também ao trabalho da Aso- qualquer produto, instrumen-
ciación para el Avance de la Tecno- to, estratégia, serviço e prática,
logía de Apoyo en Europa - AAATE, utilizado por pessoas com defi-
uma associação interdisciplinar e ciências e pessoas idosas, espe-
pan-europeia, fundada em 1995 e que cialmente produzido ou geral-
tem como missão “estimular o desen- mente disponível para prevenir,
volvimento das Tecnologias de Apoio compensar, aliviar ou neutralizar
em benefício das pessoas com defi- uma deficiência, incapacidade ou
ciência e idosos” (EASTIN, 2005b), desvantagem e melhorar a auto-
e cuja área de trabalho está centrada nomia e a qualidade de vida dos
nos seguintes objetivos: indivíduos. (CNAT, 2005)

• Criar conhecimento em Tecnolo- Entretanto, apesar da apresentação


gia de Apoio; desse conceito amplo e abrangente, a
• Promover a pesquisa e desenvol- organização do CNAT foi concebida
vimento de Tecnologias de Apoio; com base na classificação da Norma
• Contribuir para o intercâmbio Internacional ISO 9999: 2002, uma
de conhecimentos no campo das classificação orientada, basicamente,
16 Tecnologias de Apoio; para os produtos e que organiza os
• Promover a disseminação de in- dispositivos de Ajudas Técnicas em
formações sobre Tecnologias de 11 (onze) classes, cada uma delas di-
Apoio e aspectos relacionados. vidida em subclasses, as quais são di-
(EASTIN, 2005b) vididas em seções. A ISO 9999: 2002
define “Ajudas Técnicas” como:
Entre as atividades da AAATE, des-
taca-se a realização de conferências Qualquer produto, instrumento,
de estudos, em diferentes países da equipamento ou sistema tecnoló-
União Europeia, tendo promovido 9 gico, de produção especializada ou
(nove) conferências até o ano de 2007. comumente à venda, utilizado por
Em Portugal foi disponibilizada em pessoa com deficiência para preve-
2005 a primeira versão do Catálogo nir, compensar, atenuar ou eliminar
Nacional de Ajudas Técnicas (CNAT), uma deficiência, incapacidade ou
um projeto ligado ao Secretariado Na- desvantagem. (ISO 9999: 2002)
cional para a Reabilitação e Integração
das Pessoas com Deficiência (SNRIPC), Essa definição parece reforçar a con-
do Ministério do Trabalho e da Solida- cepção de Ajudas Técnicas entendida
riedade Social (MTSS), com a partici- apenas como produtos e ferramentas,
pação de outras instituições portugue- concepção essa presente também na
sas. O SNRIPC, no CNAT, apresenta classificação dessa Norma Internacio-
uma definição bastante abrangente de nal. As 11 (onze) classes propostas
Ajudas Técnicas, que é o conceito ado- pela classificação da Norma Interna-
tado pela Organização Mundial da cional ISO 9999:2002 são as seguintes:

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PESQUISA NACIONAL DE TECNOLOGIA ASSISTIVA - SETEMBRO 2012

Classe 03 Ajudas para tratamento clínico individual


Classe 05 Ajuda para treino de capacidades
Classe 06 Órteses e próteses
Classe 09 Ajudas para cuidados pessoais e de proteção
Classe 12 Ajudas para mobilidade pessoal
Classe 15 Ajudas para cuidados domésticos
Classe 18 Mobiliário e adaptações para habitação e outros locais
Classe 21 Ajudas para a comunicação, informação e sinalização
Classe 24 Ajudas para o manejo de produtos e mercadorias
Classe 27 Ajudas e equipamentos para melhorar o ambiente, ferramentas e máquinas
Classe 30 Ajudas para a Recreação
(ISO 9999: 2002)

Essa classificação da ISO 9999, por- utilizada, passando a conceituar “Pro-


tanto, embora seja amplamente utili- ductos de Apoyo” como:
zada em trabalhos no mundo todo, não
dá conta dos Serviços de Tecnologia Cualquier producto (incluyendo 17
de Apoio (ou Tecnologia Assistiva ou dispositivos, equipo, instrumen-
Ajudas Técnicas, expressões utiliza- tos, tecnología y software) fabrica-
das como sinônimo até o momento). E do especialmente o generalmente
também pode não ser a mais indicada disponible en el mercado, para
para a organização de programas de prevenir, compensar, controlar,
formação (EUSTAT, 1999b). Inclusive, mitigar o neutralizar deficiencias,
reforçando essa opção, por configurar- limitaciones en la actividad y res-
-se numa classificação orientada para tricciones en la participación. (ISO
produto, a 4ª edição dessa Norma In- 9999: 2007, p. 6)1
ternacional, publicada em 2007, altera
a terminologia utilizada, trocando a Por esse motivo, o Consórcio EUS-
expressão “Ajudas Técnicas”, utiliza- TAT propõe que se recorra também a
da até a versão de 2002, por “Produ- outras classificações, mais ou menos
tos Assistivos”, ou, na sua versão em sistemáticas, que não sejam essencial-
espanhol, reformulando a expressão mente orientadas para produtos ou
“Ayudas Técnicas” para “Productos de serviços, tais como:
Apoyo” (ISO 9999: 2007). Essa nova • Classifi cação HEART – orienta-
versão da Norma altera a definição da para os conhecimentos e que

(1) Qualquer produto (incluindo dispositivos, equipamentos, instrumentos, tecnologia e software), fabricado especial-
mente ou geralmente disponível no mercado, para prevenir, compensar, controlar, atenuar ou neutralizar deficiências,
limitações na atividade e restrições na participação. (Tradução nossa)

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PESQUISA NACIONAL DE TECNOLOGIA ASSISTIVA - setembro 2012

organiza esses conhecimentos ART de classificação de TA.


sobre TA em componentes téc- O modelo HEART – Horizontal
nicos, componentes humanos e European Activities in Rehabilitation
componentes sociais; Technology – surgiu no âmbito do Pro-
• Classificação MPT (Matching Per- grama TIDE - Technology Initiative for
sons and Technology) – menos Disabled and Elderly People, da União
sistemática, orientada para as ati- Europeia, que propõe um enfoque em
vidades; atividades domésticas, relação às Tecnologias de Apoio, com
manutenção de saúde, lazer, cui- base nos conhecimentos envolvidos
dados pessoais, emprego, comu- na sua utilização. Esse modelo enten-
nicação, mobilidade, visão, au- de que devem ser consideradas 3 (três)
dição, cognição, leitura/escrita e grandes áreas de formação em relação
aprendizagem; a essas Tecnologias de Apoio: compo-
• Classificação orientada para o nentes técnicos, componentes huma-
contexto de aplicação, também nos e componentes socioeconômicos:
menos sistemática que a HEART;
TA para substituir uma função Considerando como objetivo prin-
(prótese), ou para apoiar uma cipal das Tecnologias de Apoio o
função (órtese), ou para aumen- uso de tecnologias que ajudem a
tar capacidades de Atividades de ultrapassar as limitações funcionais
Vida Diária (AVD), ou para au- dos seres humanos num contexto
mentar acessibilidade ambiental; social, é de extrema importância
18 ou, ainda, para facilitar a tarefa identificar não só os aspectos pura-
dos assistentes pessoais. (EUS- mente tecnológicos, mas também
TAT, 1999b) os aspectos relacionados com os
fatores humanos e socioeconômi-
Os documentos do Consórcio Euro- cos. [...] Um modelo de formação
peu EUSTAT chamam a atenção para o e treino em tecnologias de apoio
fato de que não existe uma receita úni- deve ser baseado num modelo
ca em relação à forma de classificação de desenvolvimento humano que
de TA, ressaltando que o importante tenha em consideração os proble-
é ter claro o significado da expressão mas que as pessoas com deficiên-
Tecnologia de Apoio e seus objetivos, cia apresentam quando tentam
e que a melhor forma de classificar de- adaptar-se a um ambiente adverso.
pende dos objetivos a que se quer che- (EUSTAT, 1999b)
gar: catalogação, ensino, difusão de in-
formações, organização de serviços de Essa concepção vai ao encontro de
aconselhamento etc. (EUSTAT, 1999b) uma visão de deficiência referencia-
da num paradigma inclusivo, a qual
O documento Educação em Tec- analisa as “desvantagens” ou “limita-
nologias de Apoio para Utilizadores ções” encontradas pelo indivíduo, em
Finais: Linhas de Orientação para sua funcionalidade e possibilidades
Formadores, do Consórcio EUSTAT de participação, como resultados não
(1999b), em função dos seus objetivos só de suas deficiências individuais,
educacionais, opta por utilizar e apro- mas também de deficiências e barrei-
fundar a reflexão sobre o modelo HE- ras específicas do seu meio, interpos-

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tas pelo ambiente e por realidades e que consideram as relações, interações


condições socioeconômicas. Portan- e impactos que podem ser estabeleci-
to, a pesquisa e o desenvolvimento dos entre o usuário final da TA e as re-
de Tecnologia Assistiva ou de Apoio alidades próprias do seu contexto:
devem levar em consideração essa
realidade, e estudar soluções, dispo- a) Noções básicas de Ajudas Técnicas
sitivos, metodologias etc., que com- b) Noções básicas do Desenho Universal
pensem ou reduzam as limitações não c) Emprego
só do indivíduo, mas também do seu d) Prestação de Serviços
ambiente físico e social. e) Normalização/Qualidade
Portanto, esse tipo de abordagem f) Legislação/Economia
aponta para a conclusão de que um in- g) Recursos de Informação
divíduo será mais ou menos limitado,
em termos de funcionalidade e parti- Essa classificação, embora menos
cipação, quanto mais ou menos defi- utilizada que a da Norma Internacio-
ciente ou acessível for o seu ambiente. nal ISO 9999, parece responder me-
As intervenções e modificações devem lhor a uma concepção de Tecnologia
ocorrer, dessa forma, também na socie- Assistiva que vá além dos produtos e
dade, para que esta possa tornar-se re- dispositivos que a compõem, e tam-
almente acessível e inclusiva. bém parece responder melhor aos pro-
Na classificação HEART, as 4 (qua- cessos formativos a ela relacionados.
tro) grandes áreas citadas são subdivi- No Brasil, o processo de apropria-
didas em outras subáreas, da seguinte ção e sistematização do conceito e 19
forma (EUSTAT, 1999b): classificação de Tecnologia Assistiva,
é ainda mais incipiente e recente. A
(1) Componentes Técnicos – que con- expressão “Tecnologia Assistiva” com
sideram os recursos técnicos para o frequência é utilizada na língua portu-
exercício de diferentes atividades: guesa ao lado das expressões “Ajudas
Técnicas” e “Tecnologia de Apoio”, na
a) Comunicação maioria das vezes como sinônimos,
b) Mobilidade em outras, apontando diferenças no
c) Manipulação sentido de cada uma delas. Por exem-
d) Orientação plo, alguns autores consideram que as
expressões “Tecnologia Assistiva” ou
(2) Componentes Humanos – que con- “Tecnologia de Apoio” se refiram a um
sideram os impactos causados no ser conceito mais amplo, que abranja tan-
humano pela deficiência: to os dispositivos, quanto os serviços
e metodologias, enquanto que a ex-
a) Tópicos sobre a deficiência pressão “Ajudas Técnicas” se referiria
b) Aceitação da Ajuda Técnica apenas aos recursos, aos dispositivos
c) Seleção da Ajuda Técnica de “Tecnologia Assistiva”. Mesmo na
d) Aconselhamento sobre as Ajudas Europa, às vezes, encontramos essa
Técnicas diferenciação. Parece ser esse o caso
e) Assistência Pessoal do conceito de “Tecnologia de Apoyo”
apresentado pelo CEAPAT – “Centro
(3) Componentes Socioeconômicos – Estatal de Autonomia Personal y Ayu-

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PESQUISA NACIONAL DE TECNOLOGIA ASSISTIVA - setembro 2012

das Técnicas” do Ministério do Tra- se fossem sinônimos.


balho e Assuntos Sociais da Espanha, Na legislação brasileira é utilizada
instituição componente da “Red Euro- a expressão “Ajudas Técnicas” no de-
pea de Información en Tecnología de creto 3.298 de 1999 e no Decreto de
Apoyo”, EASTIN, anteriormente men- 5.296 de 2004, o qual regulamenta as
cionada. Para o CEAPAT, Tecnologia leis no. 10.048 de 08 de novembro de
de Apoio seria: 2000 e no. 10.098 de 19 de dezembro
de 2000.
Cualquier tecnología de la que O Decreto 3.298/1999 define Aju-
puedan derivarse las ayudas téc- das Técnicas, no seu artigo 19, como:
nicas, entendidas como cualquier
producto, instrumento, equipo Os elementos que permitem
o sistema técnico usado por una compensar uma ou mais limi-
persona con discapacidad, fabri- tações funcionais motoras, sen-
cado especialmente o disponi- soriais ou mentais da pessoa
ble en el mercado, para prevenir, portadora de deficiência, com o
compensar, mitigar o neutralizar objetivo de superar as barreiras
la deficiencia, la limitación de la de comunicação e da mobilidade
actividad o las dificultades para la e de possibilitar sua plena inclu-
participación.2 (CEAPAT, 2006, des- são social. (CEDIPOD, 2007)
taque nosso)
Já o Decreto 5.296/2004 utiliza a se-
20 Portanto, esse conceito apresenta a guinte definição, no seu artigo 61:
expressão “Tecnologia de Apoio” como
relativa a uma realidade, um universo, Para fim deste Decreto, conside-
bem mais amplo “do qual possam de- ram-se ajudas técnicas os produ-
rivar-se as Ajudas Técnicas”; estas são tos, instrumentos, equipamentos
definidas pelo CEAPAT, mas remeten- ou tecnologia adaptados ou es-
do para algo muito semelhante ao con- pecialmente projetados para me-
ceito de Ajudas Técnicas proposto pela lhorar a funcionalidade da pessoa
Norma Internacional ISO 9999, o qual, portadora de deficiência ou com
por sua vez, está voltado majoritaria- mobilidade reduzida, favorecen-
mente para produtos, e não para servi- do a autonomia pessoal, total ou
ços, tal como foi visto anteriormente. assistida. (BRASIL, 2004)
Estabelece, portanto, uma diferencia-
ção entre os conceitos de Tecnologia Está ausente, desses conceitos for-
de Apoio e Ajudas Técnicas. mulados pela legislação brasileira,
Porém, no Brasil, as expressões a ideia de Serviços de Ajudas Técni-
“Tecnologia Assistiva”, “Ajudas Téc- cas, de metodologias e práticas, além
nicas” e “Tecnologia de Apoio” são das ferramentas e dispositivos, o que
utilizadas mais frequentemente como é uma limitação em relação a outras

(2) “Qualquer tecnologia da qual possam derivar-se as ajudas técnicas, entendidas como qualquer produto, instrumen-
to, equipamento ou sistema técnico utilizado por uma pessoa com deficiência, fabricado especialmente ou disponível
no mercado, para prevenir, compensar, atenuar ou neutralizar a deficiência, a limitação da atividade ou as dificuldades
para a participação”. (Tradução nossa)

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PESQUISA NACIONAL DE TECNOLOGIA ASSISTIVA - setembro 2012

concepções mais amplas, com já foi vel às pessoas com habilidades dife-
visto anteriormente, e que favorecem renciadas;
melhor uma abordagem interdiscipli- 2) Flexibilidade no uso: o design aten-
nar do estudo, pesquisa e desenvolvi- de a uma ampla gama de indivídu-
mento, nessa área do conhecimento. os, preferências e habilidades;
O Decreto 5.296/2004 também regis- 3) Uso simples e intuitivo: o uso do de-
tra o conceito de Desenho Universal, sign é de fácil compreensão;
um conceito importante para a cons- 4) Captação da informação: o design
trução de uma sociedade mais inclu- comunica eficazmente, ao usuário,
siva, principalmente relacionando-o à as informações necessárias;
Acessibilidade e à Tecnologia Assisti- 5) Tolerância ao erro: o design minimi-
va. Nesse Decreto, Desenho Universal é za o risco e as consequências adver-
considerado como uma sas de ações involuntárias ou impre-
vistas;
concepção de espaços, artefatos 6) Mínimo esforço físico: o design
e produtos que visam atender si- pode ser utilizado de forma eficien-
multaneamente todas as pesso- te e confortável;
as, com diferentes características 7) Dimensão e espaço para uso e in-
antropométricas e sensoriais, de teração: o design oferece espaços e
forma autônoma, segura e confor- dimensões apropriados para inte-
tável, constituindo-se nos elemen- ração, alcance, manipulação e uso.
tos ou soluções que compõem a (SERPRO, 2007)
acessibilidade. (BRASIL, 2004) 21
Conforme a “Carta do Rio”, elabora-
Também no Decreto 5.296/2004, da na Conferência Internacional sobre
define-se Acessibilidade como Desenho Universal “Projetando para
o Século XXI”, que aconteceu em de-
as condições para utilização, com zembro de 2004:
segurança e autonomia, total ou
assistida, dos espaços, mobiliá- O propósito do Desenho Universal
rios e equipamentos urbanos, das é atender às necessidades e viabili-
edificações, dos serviços de trans- zar a participação social e o acesso
porte e dos dispositivos, sistemas aos bens e serviços a maior gama
e meios de comunicação e infor- possível de usuários, contribuindo
mação, por pessoa com deficiên- para a inclusão das pessoas que
cia ou com mobilidade reduzida. estão impedidas de interagir na
(BRASIL, 2004) sociedade e para o seu desenvol-
vimento. Exemplos desses grupos
O conceito de Desenho Universal excluídos são: as pessoas pobres,
(Universal Design), ou, também cha- as pessoas marginalizadas por
mado, “Desenho para todos”, é es- uma condição cultural, social, éti-
tudado a partir de 7 (sete) princípios ca; pessoas com diferentes tipos
fundamentais: de deficiência, pessoas muito
obesas e mulheres grávidas, pes-
1) Equiparação nas possibilidades de soas muito altas ou muito baixas,
uso: o design é útil e comercializá- inclusive crianças, e outros, que

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PESQUISA NACIONAL DE TECNOLOGIA ASSISTIVA - setembro 2012

por diferentes razões são também -graduação, e em documentos e inicia-


excluídas da participação social. tivas de órgãos públicos. Por exemplo,
(CARTA DO RIO, 2004) o Ministério da Ciência e Tecnologia
(MCT) realizou, em 2005, uma chama-
O conceito de Desenho Univer- da pública de projetos de pesquisa e
sal é importante para a discussão so- desenvolvimento em Tecnologia Assis-
bre Tecnologia Assistiva, porque traz tiva, a serem apoiados financeiramente
consigo a ideia de que todas as rea- através de sua Financiadora de Estu-
lidades, ambientes, recursos etc., na dos e Projetos (FINEP). Também pelo
sociedade humana, devem ser conce- MCT, foi lançado, em março de 2006, o
bidos, projetados, com vistas à parti- Portal Nacional de Tecnologia Assisti-
cipação, utilização e acesso de todas va,3 projeto realizado em parceria com
as pessoas. Portanto, essa concepção o Instituto de Tecnologia Social – ITS
transcende a ideia de projetos espe- Brasil, de São Paulo.
cíficos, adaptações e espaços segrega- Na defesa da utilização da expres-
dos, que respondam apenas a deter- são “Tecnologia Assistiva” em nos-
minadas necessidades. Por exemplo, so país, encontra-se publicada, já em
para superar a ideia de se projetarem 1996, a argumentação do pesquisador
banheiros adaptados e especiais para Romeu Sassaki, que se expressa nos
pessoas com deficiência, que se pro- seguintes termos:
jetem banheiros acessíveis a todas as
pessoas, com ou sem deficiência. Ou, Mas como traduzir assistive tech-
22 então, quando se projeta um software nology para o português? Propo-
aplicativo para realizar determinada nho que esse termo seja traduzido
atividade, que nele estejam previstos como tecnologia assistiva pelas
recursos que o tornem acessível tam- seguintes razões: Em primeiro lu-
bém a pessoas com diferentes limita- gar, a palavra assistiva não existe,
ções, motoras ou sensoriais. ainda, nos dicionários da língua
Por conseguinte, com a aplicação portuguesa. Mas também a pa-
do conceito de Desenho Universal, se lavra assistive não existe nos di-
faz a transição de uma realidade de se- cionários da língua inglesa. Tanto
gregação, de tutela, de paternalismo, em português como em inglês,
para uma realidade de cidadania, de trata-se de uma palavra que vai
equiparação de oportunidades e de so- surgindo aos poucos no universo
ciedade inclusiva. vocabular técnico e/ou popular. É,
Além dessas ideias relacionadas à pois, um fenômeno rotineiro nas
expressão “Ajudas Técnicas”, situadas línguas vivas. Assistiva (que signifi-
na legislação brasileira, encontramos ca alguma coisa “que assiste, ajuda,
com mais frequência, em nosso país, auxilia”) segue a mesma formação
a expressão “Tecnologia Assistiva”, das palavras com o sufixo “tiva”, já
principalmente no meio acadêmico, incorporadas ao léxico português.
em cursos e disciplinas do ensino supe- [...] Nestes tempos em que o movi-
rior, tanto na graduação como na pós- mento de vida independente vem

(3) www.assistiva.org.br

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PESQUISA NACIONAL DE TECNOLOGIA ASSISTIVA - setembro 2012

crescendo rapidamente em todas va” em seus documentos, como a mais


as partes do mundo, o tema Tecno- apropriada, pelos seguintes motivos:
logia Assistiva insere-se obrigato-
riamente nas conversas, nos deba- • Por ser uma tendência nacional
tes e na literatura. Urge, portanto, já firmada no meio acadêmico,
que haja certa uniformidade na nas organizações de pessoas com
terminologia adotada, por exem- deficiência, em setores governa-
plo, com referência à confecção/ mentais (MEC, MCT, CNPq), Ins-
fabricação de ajudas técnicas e à titutos de Pesquisa (ITS Brasil) e
prestação de serviços de interven- no mercado de produtos;
ção tecnológica junto a pessoas • Pelo primeiro objetivo do Comitê
com deficiência. (SASSAKI, 1996) de Ajudas Técnicas, explícito no
Artigo 66 do Decreto 5.296/2004,
Essa questão da necessidade de relativo à estruturação das dire-
uma padronização da terminologia trizes da área do conhecimento.
adotada no país foi recentemente tra- A expressão Tecnologia Assisti-
balhada pelo Comitê de Ajudas Téc- va seria a mais compatível como
nicas, um comitê permanente criado a denominação de uma área de
no âmbito da Secretaria Especial dos conhecimento, a ser oficialmente
Direitos Humanos da Presidência da reconhecida;
República (SEDH/PR), ligado à Coor- • Por se tratar de uma expressão
denadoria Nacional para a Integração bastante específica do conceito
da Pessoa Portadora de Deficiência que representa, diferentemente 23
(CORDE), um órgão dessa Secretaria. das expressões “Ajudas Técni-
Esse Comitê foi instituído pela Porta- cas” e “Tecnologia de Apoio”,
ria 142, de 16 de novembro de 2006,4 que são mais genéricas e também
e teve a sua criação prevista e deter- utilizadas para referirem-se a ou-
minada pelo Decreto 5.296/2004, em tros conceitos e realidades dife-
seu Artigo 66. rentes. (CAT, 2007b)
Embora esse Comitê contemple a
expressão “Ajudas Técnicas” em sua Conforme votado e aprovado por
denominação, também em razão de ser unanimidade na Reunião V desse Co-
esta a expressão prevista na legislação mitê (CAT, 2007b), além da determi-
brasileira, os estudos desenvolvidos nação de utilização única da expres-
pelo mesmo Comitê apontam e suge- são Tecnologia Assistiva, foi decidido
rem que as expressões “Tecnologia também que essa expressão seja utili-
Assistiva”, “Ajudas Técnicas” e “Tec- zada no singular, por referir-se a uma
nologia de Apoio”, neste momento, área do conhecimento e sugere-se que
continuem sendo entendidas como si- se façam os possíveis encaminhamen-
nônimos e que correspondam às bases tos para a revisão da nomenclatura em
conceituais aprovadas pelo Comitê. instrumentos legais no país.
Entretanto, estabelece a utilização úni- Quanto ao estudo sobre a concei-
ca da expressão “Tecnologia Assisti- tuação da Tecnologia Assistiva, o Co-

(4) Disponível em: www.galvaofilho.net/portaria142.htm

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PESQUISA NACIONAL DE TECNOLOGIA ASSISTIVA - setembro 2012

mitê de Ajudas Técnicas aprovou, na instância específica e representativa


sua Reunião III, de abril de 2007 (CAT, dessa área do conhecimento no Brasil,
2007a), as bases conceituais que situ- são assumidas neste trabalho como a
am a Tecnologia Assistiva nos seguin- referência principal nas questões con-
tes marcos: cernentes à conceituação de Tecnolo-
gia Assistiva.
• Área do Conhecimento; Na área educacional, a Tecnolo-
• Multidisciplinaridade; gia Assistiva vem se tornando, cada
• Objetivos: promover a funciona- vez mais, uma ponte para abertura
lidade (atividade, participação) de novo horizonte nos processos de
de pessoas com deficiência, mo- aprendizagem e desenvolvimento de
bilidade reduzida – ou idosas – alunos com deficiências, incluindo até
visando ampliar a autonomia, in- aquelas consideradas bastante severas.
dependência, qualidade de vida e Como faz notar Bersch, “a aplicação da
inclusão social; Tecnologia Assistiva na educação vai
• Composição: produtos, recursos, além de simplesmente auxiliar o alu-
estratégias, práticas, processos, no a ‘fazer’ tarefas pretendidas. Nela,
métodos e serviços; encontramos meios de o aluno ‘ser’ e
• Ter presente os princípios do atuar de forma construtiva no seu pro-
Universal Design e da Tecnologia cesso de desenvolvimento” (BERSCH,
Social. (CAT, 2007a) 2006: 92). E para Mantoan:

24 Finalizando essa discussão e estudo Os desenvolvimentos de projetos


conceitual, o Comitê de Ajudas Técni- e estudos que resultam em apli-
cas aprovou por unanimidade, em sua cações de natureza reabilitacional
Reunião VII, de dezembro de 2007, a tratam de incapacidades espe-
adoção da seguinte formulação para o cíficas. Servem para compensar
conceito de Tecnologia Assistiva: dificuldades de adaptação, co-
brindo déficits de visão, audição,
Tecnologia Assistiva é uma área mobilidade, compreensão. Assim
do conhecimento, de caracterís- sendo, tais aplicações, na maioria
tica interdisciplinar, que engloba das vezes, conseguem reduzir as
produtos, recursos, metodolo- incapacidades, atenuar os défi-
gias, estratégias, práticas e ser- cits: fazem falar, andar, ouvir, ver,
viços que objetivam promover a aprender. Mas tudo isto só não
funcionalidade, relacionada à ati- basta. O que é o falar sem o ensejo
vidade e participação de pessoas e o desejo de nos comunicarmos
com deficiência, incapacidades uns com os outros? O que é o an-
ou mobilidade reduzida, visando dar se não podemos traçar nossos
sua autonomia, independência, próprios caminhos, para buscar o
qualidade de vida e inclusão so- que desejamos, para explorar o
cial. (CAT, 2007c) mundo que nos cerca? O que é o
aprender sem uma visão crítica,
Essas conclusões e formulações do sem viver a aventura fantástica da
Comitê de Ajudas Técnicas, decorren- construção do conhecimento? E
tes dos estudos e pesquisas de uma criar, aplicar o que sabemos, sem

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PESQUISA NACIONAL DE TECNOLOGIA ASSISTIVA - setembro 2012

as amarras dos treinos e dos con- incontestável em relação a qualquer


dicionamentos? Daí a necessida- tipo de aluno, muito mais verdadeira
de de um encontro da tecnologia ainda, em se tratando de alunos com
com a educação, entre duas áreas diferentes deficiências. Conforme bem
que se propõem a integrar seus sinalizou Mary Pat Radabaugh:
propósitos e conhecimentos, bus-
cando complementos uma na ou- Para as pessoas sem deficiência,
tra. (MANTOAN, 2005) a tecnologia torna as coisas mais
fáceis. Para as pessoas com defici-
Se essa importância destacada da ência, a tecnologia torna as coisas
tecnologia na Educação já é um fato possíveis. (RADABAUGH, 1993)

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CARACTERÍSTICAS DA
PESQUISA NACIONAL DE
TECNOLOGIA ASSISTIVA (PNTA)

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PESQUISA NACIONAL DE TECNOLOGIA ASSISTIVA - setembro 2012

A
PNTA é uma pesquisa incluindo as atividades de pesquisa,
28 viabilizada pela Secreta- o desenvolvimento tecnológico de
ria de Ciência e Tecnolo- produtos novos (bens e serviços) ou
gia para a Inclusão Social significativamente aperfeiçoados, e a
(SECIS), do Ministério inovação de processo, assim como a
de Ciência, Tecnologia e Inovação introdução no mercado desses novos
(MCTI), em parceria com o Instituto produtos, na área da Tecnologia Assis-
de Tecnologia Social (ITS BRASIL). tiva. Não inclui mudanças estéticas,
Trata-se da Identificação e Caracteri- nem pequenas mudanças nos proces-
zação das Instituições que Produzem sos produtivos.
Tecnologia Assistiva (Ajudas Técni-
cas ou Produtos de Apoio) para a In- Os principais objetivos da
clusão Social de Pessoas com Defici- PNTA foram os seguintes:
ência e/ou Idosos. • Realizar levantamento sobre a
A PNTA é voltada às Instituições inovação na área da Tecnologia
(ensino superior, empresas e entida- Assistiva no Brasil;
des do terceiro setor) que realizaram • Mapear e caracterizar institui-
projetos de inovação tecnológica (pes- ções no Brasil que produziram
quisas, produtos e serviços) no campo pesquisas, serviços e produtos na
da Tecnologia Assistiva e desenvolve- área da Tecnologia Assistiva;
ram competências, durante o período • Conhecer as competências no
compreendido entre os anos de 2005- Brasil na área da Tecnologia As-
2006, 2007-2008. sistiva;
Nesta Pesquisa, a Inovação Tecno- • Favorecer intercâmbio de infor-
lógica é abrangida de forma ampla, mações entre instituições, empre-

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PESQUISA NACIONAL DE TECNOLOGIA ASSISTIVA - setembro 2012

sas, pesquisadores e usuários de Histórico da PNTA


Tecnologia Assistiva; • Primeira realização, que captou
• Propiciar canal de informação dados relativos aos anos de 2005
para que as pessoas com deficiên- e 2006;
cia e/ou idosos possam se bene- • Segunda realização, que captou da-
ficiar e obter melhores conheci- dos relativos aos anos 2007-2008.
mentos a respeito das pesquisas,
serviços e produtos sobre Tecno- Resultados da PNTA
logia Assistiva; Tem servido de fonte de informa-
• Possibilitar, com maior preci- ções para as ações da Política de Tec-
são, a elaboração de políticas no nologia Assistiva do MCTI.
âmbito da Ciência, Tecnologia e
Inovação, que busquem soluções Inovações da PNTA
para a melhoria da qualidade de Uma das características principais
vida e a inclusão social das pes- da PNTA é o fato de se tratar de uma
soas com deficiência e/ou idosos. pesquisa inovadora. Inovação que des-
cansa em vários aspectos:
Público almejado
• Instituições Acadêmicas; (i) inovação pelo tema a ser
• Empresas; pesquisado;
• Organizações da Sociedade Civil
ou Terceiro Setor. (ii) inovação pelas finalidades
propostas; 29
Tipo e estratégia
• Pesquisa de caráter exploratório, (iii) inovação pela junção de
quantitativo e qualitativo; aspectos de tipo científico e
• Pesquisa realizada pela Internet de política pública;
(questionário online).
(iv) inovação pelas possibilidades
Fontes sobre instituições a de classificação em relação à
serem contatadas para a PNTA ISO 9999 e em relação à CIF
• Listagem dos Centros de ensino 2003.
Estaduais e Federais;
• Instituições que apresentaram (i) Inovação pelo tema
projetos de TA a órgãos de fo- a ser pesquisado
mento (CNPq, FINEP); A inovação proveniente do tema
• Banco de Dados do ITS BRASIL refere-se ao fato de a Tecnologia
sobre entidades de pessoas com Assistiva ser uma área de conheci-
deficiência; mento recente, cujo reconhecimento
• Contatos de outras entidades e acadêmico e institucional ainda está
divulgação pelos próprios pes- em processo de construção. Dessa
quisadores; forma, a PNTA possui a particulari-
• Empresas e Instituições que par- dade de ser uma das poucas pesqui-
ticiparam da REATECH no perí- sas das que se tenha conhecimento
odo compreendido entre os anos que busque mapear, identificar e ca-
de 2005 e 2010. racterizar a inovação tecnológica em

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PESQUISA NACIONAL DE TECNOLOGIA ASSISTIVA - setembro 2012

Tecnologia Assistiva produzida em da da amplitude categorial do público


âmbito nacional. alvo. Ela não restringe a pesquisa da
inovação em TA unicamente às em-
(ii) Inovação pelas finalidades presas, nem unicamente ao setor uni-
propostas versitário, e inclui ademais o setor das
A PNTA é inovadora, também, pe- organizações da sociedade civil. Dessa
las finalidades a que se propõe. Ela forma, reconhece que há inovação tec-
está especialmente desenhada para nológica em todos esses setores, sem
servir de subsídio às políticas públi- excluir nenhum deles. Isso pode pos-
cas no campo da Tecnologia Assisti- sibilitar ações de política pública de
va. Políticas públicas estas principal- múltiplas formas, contemplando ações
mente pensadas para o MCTI, mas em diferenciadas por setor e/ou articuladas
sintonia, a fim de possibilitar uma entre os diversos setores, percorrendo
política pública articulada ou matri- o processo todo da inovação, desde a
cial, com outras áreas da atenção às criação da ideia inovadora até sua utili-
pessoas com deficiência, a exemplo zação pela pessoa com deficiência e/ou
da política industrial, a política da idosa, assim como por familiares, cui-
saúde, educação, acessibilidade inte- dadores e profissionais diversos.
gral, mobilidade, educação, assistên-
cia social etc. Quer dizer, tendo como (iv) Inovação pela amplitude
perspectiva a inovação, a PNTA pos- categorial do público alvo
sibilita referências para uma política objeto da pesquisa
30 não apenas de um ministério, mas A pesquisa é inovadora também em
relacionando este com uma política aspectos técnico-metodológicos por-
mais abrangente, de governo. que incorpora no questionário a cap-
Por esse motivo, a PNTA possui tação de dados relacionados com as
como outro componente de inovação classificações da ISO 9999 tanto quan-
a integração de uma dimensão cientí- to da CIF 2003. Dessa forma, possibi-
fica, de caráter interdisciplinar, com lita elaboração de políticas públicas
uma dimensão de política pública. Isto específicas derivadas dos cruzamentos
faz com que devam se unir nela tanto que essas classificações permitem.
a metodologia tipicamente científica
como a metodologia específica pro- Desafios
veniente da teoria da política pública Quanto aos desafios colocados para
conhecida como ciclo das políticas a PNTA, destacam-se os que seguem:
públicas. Para efetuar essa simbiose,
a PNTA se apropriou da metodologia (a) O primeiro dos desafios diz res-
da tecnologia social, uma vez que pos- peito à institucionalização da
sui potencialidade e perspectivas para PNTA. Até agora as duas edições
configurar formas de integração entre de realização da PNTA foram
esses dois âmbitos do conhecimento. possíveis mediante a alocação de
recursos provenientes de projetos
(iii) Inovação pela junção de específicos. Para sua instituciona-
aspectos de tipo científico e lização, há necessidade de recur-
de política pública sos permanentes que garantam
Outra inovação da pesquisa é oriun- sua realização periódica, regular.

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PESQUISA NACIONAL DE TECNOLOGIA ASSISTIVA - setembro 2012

Acredita-se que a implantação do de inovação, as quais poderiam


Centro Nacional de Referência ser criadas por intermédio da re-
em Tecnologia Assistiva no CTI lação universidade-empresa.
Rena Archer, em Campinas, seja
o caminho da institucionaliza- (c) Em relação ao questionário das
ção da PNTA, uma vez que esta, entidades da sociedade civil
como proposto, provavelmente torna-se conveniente acrescentar
será um dos serviços prestados questões relativas à necessida-
pelo CTI Rena Archer. Ao mesmo de de maior interação na relação
tempo, tal fato contribui também universidade – entidades da so-
para vencer o desafio da necessá- ciedade civil.
ria institucionalização.
(d) Realizar estudos que promovam
(b) Outro desafio importante con- a criação de um novo campo no
siste em adotar estratégias espe- código da Classificação Nacional
cíficas para conseguir a adesão da Atividade Econômica (CNAE),
do maior número de empresas de forma a contemplar registros e
na aplicação do questionário dados das empresas que realizam
(por exemplo, aplicação median- produtos de Tecnologia Assisti-
te em que o pesquisador se des- va. Dada a natureza de transver-
loca fisicamente até a empresa, salidade que lhe é inerente, esse
aplicação por contato telefônico código não pode ser classificató-
ou mediante integração de siste- rio/demarcador por assunto, mas 31
mas convergentes, fone e Internet compatível com qualquer outro
etc.). Ao mesmo tempo torna-se código. Deve ser contemplada a
conveniente a implementação de possibilidade de reunir todas as
um questionário específico para empresas nas diversas outras ca-
empresas que contemple per- tegorias, de tal modo que outros
guntas sobre questões relativas à estudos possam ser realizados,
aplicação da Lei de Inovação, as- sobre características da oferta de
sim como sobre as necessidades produtos de Tecnologia Assistiva.

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ANÁLISE
DOS DADOS

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4
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PESQUISA NACIONAL DE TECNOLOGIA ASSISTIVA - SETEMBRO 2012

E
ste estudo e estes pressu- Paulo, com 31 projetos (28,4%) e Rio
postos acima apresenta- de Janeiro, com 17 projetos (15,6%).
dos, relativos ao conceito Portanto, considerando-se o conjun-
e a classificação de TA, to de 13 estados com projetos de TA
dão suporte e fundamen- cadastrados na pesquisa, 77% dos
tam a análise sobre os dados obtidos 109 projetos estavam sendo desen-
pela Pesquisa Nacional de Tecnologia volvidos no âmbito de apenas três
Assistiva, na sua versão 2007-2008. estados do país. O que faz supor e
Quanto à Unidade da Federação antever que, nos demais estados, há
(Gráfico 1), é possível observar que muito maior desatenção, o que au-
há uma acentuada concentração de menta as dificuldades em relação ao
projetos cadastrados em apenas 3 acesso aos recursos de TA, das pesso-
(três) estados brasileiros: Rio Grande as com deficiência e idosas que deles
do Sul, com 36 projetos (33%); São necessitam.

GRÁFICO 1 - Distribuição de Projetos de TA por Unidade da Federação


36
35
31
34 30
Número de questionários

25

20
17
15

10
5
5 4 3 3
2 3 2
1 1 1
0
AC AM BA DF ES MS MG PR PE RJ RS SC SP
Fonte: PNTA, 2007-2008.

Analisando a Natureza das insti- mais de metade dos projetos cadastra-


tuições responsáveis pelos projetos dos (52,3%). Logo a seguir, aparecem
cadastrados na pesquisa (Gráfico 2b), as instituições públicas federais, com
são as instituições privadas as que res- 22% dos projetos. Esses resultados di-
pondem por 66% desses projetos, sen- ferenciam-se em alguns aspectos dos
do que, somente as instituições priva- encontrados na versão anterior (Gráfi-
das sem fins lucrativos respondem por co 2a) desta pesquisa (2005-2006).

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PESQUISA NACIONAL DE TECNOLOGIA ASSISTIVA - SETEMBRO 2012

Entre uma versão e outra da pes- 17,3% para 9,2%) participantes, e um


quisa percebe-se um decréscimo pro- acentuado acréscimo proporcional no
porcional principalmente no núme- número de instituições privadas sem
ro de instituições públicas federais fins lucrativos participantes (de 38,5%
(de 28,4% para 22%) e estaduais (de para 52,3%).

GRÁFICO 2A - Natureza dos projetos de TA (PNTA, 2005-2006)

80 80

70
Número de questionários

60 59

50
40 36
30 27
20
10 6
35
0
Pública Pública Pública Privada com Privada sem
Municipal Estadual Federal fins lucrativos fins lucrativos

Fonte: PNTA, 2005-2006.

GRÁFICO 2B - Natureza dos projetos de TA (PNTA, 2007-2008)

60 57
Número de questionários

50
40
30
24
20 15
10
10
3
0
Pública Pública Pública Privada com Privada sem
Municipal Estadual Federal fins lucrativos fins lucrativos

Fonte: PNTA, 2007-2008.

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PESQUISA NACIONAL DE TECNOLOGIA ASSISTIVA - SETEMBRO 2012

Na presente versão da pesquisa, taneamente. Dos 109 projetos, desta-


as instituições públicas municipais e cam-se os projetos cadastrados como
estaduais, que, juntas, se responsabi- referentes a instituições acadêmicas,
lizam por apenas 12% do número to- com 81,7% do total. Percebe-se que
tal de projetos, aparecem como as que ainda é relativamente baixo o número
mais necessitariam de um foco priori- de projetos de TA sob a responsabilida-
tário de incentivos para o desenvolvi- de de empresas e de instituições do ter-
mento de projetos de TA. ceiro setor, que apresentam os totais de
Em relação ao Tipo de Instituição 26,6% e 23,9%, respectivamente.
(Gráfico 3), nos formulários preenchi- Esses números seguem, em média,
dos, alguns dos projetos foram registra- a mesma tendência dos resultados
dos na pesquisa como oriundos de ins- apresentados pela versão anterior des-
tituições que se caracterizaram como ta pesquisa, realizada entre os anos de
pertencentes a mais de um tipo, simul- 2005 e 2006.

GRÁFICO 3 - Projetos de TA por tipo de instituição


89
90
80
70
Número de questionários

36
60
50
40
30 29
26
20
10
0
Acadêmica Empresa Terceiro Setor

Fonte: PNTA, 2007-2008.

A partir de uma concepção ampla produtos, na área da Tecnologia Assis-


do conceito de Inovação Tecnológica tiva” — conforme formulado no ques-
(Gráfico 4) que inclui “as atividades de tionário da pesquisa —, observa-se que:
pesquisa, o desenvolvimento tecnológi- a maior parte do montante dos projetos,
co de produtos novos (bens e serviços), 78% do total, informou desenvolver
ou significativamente aperfeiçoados, e pesquisas destinadas a serem aplicadas
a inovação de processos, assim como na criação de produtos novos (bens e
a introdução no mercado desses novos serviços) na área da Tecnologia Assis-

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PESQUISA NACIONAL DE TECNOLOGIA ASSISTIVA - SETEMBRO 2012

tiva; apenas 2,8% informaram não de- é uma realidade bastante recente no
senvolver pesquisa focada em produto, Brasil e mesmo no mundo, é compre-
processo ou serviço inovador, e 19,2% ensível e desejável, na atualidade, que
desenvolvia indiretamente. os projetos e pesquisas desenvolvidos
Dado que o desenvolvimento de nessa área tenham um caráter inova-
pesquisas específicas na área da TA dor, em sua maioria.

GRÁFICO 4 - Sua Instituição desenvolveu pesquisas


destinadas a serem aplicadas na criação de produtos
novos (bens ou serviços) na área da TA?

90 85
80
70
Número de questionários

60
50
40
37
30
21
20
10
3
0
Sim, diretamente Sim, indiretamente Não

Fonte: PNTA, 2007-2008.

De acordo com entendimento ex- Considerando-se que esta foi uma


plícito no questionário da pesquisa, questão de múltipla escolha na pes-
em relação à Transferência de Tecno- quisa, verificou-se um total de 53,7%
logia (Gráfico 5), ali percebida como das respostas, afirmando que o projeto
“a transmissão formal a outrem, de recebe a inovação ou patente de outra
novas descobertas e/ou inovações instituição, nacional ou estrangeira; e/
para o setor acadêmico, industrial, ou ou desenvolve conjuntamente com ou-
terceiro setor, resultantes de pesquisa tras instituições projetos de pesquisa
ou desenvolvimento tecnológico”: em ou desenvolvimento tecnológico em
apenas 20,2% dos projetos constatou- TA, ou apenas transfere diretamente a
-se que a instituição não participa de inovação ou patente para outras insti-
projetos de transferência de tecnologia tuições. Preferiram optar ou incluir a
em relação a TA. opção “Outro”, 28,4% das respostas.

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PESQUISA NACIONAL DE TECNOLOGIA ASSISTIVA - SETEMBRO 2012

GRÁFICO 5 - Transferência de tecnologia em TA

45 43
40
35
35
Número de questionários

30
25 22
20
15
10
6 6 6 5
5
0
101 102 103 104 105 106 100

101 - A Instituição não patente de outra entidades do exterior


participa de projetos entidade do exterior projetos de pesquisa
de transferência 104 - Desenvolve ou desenvolvimento
de tecnologia em conjuntamente tecnológico em TA
38 relação a TA com outra entidade 106 - A Instituição
102 - A Instituição recebe brasileira projetos transfere a inovação
a inovação ou de pesquisa ou ou patente
patente de outra desenvolvimento para outra(s)
entidade brasileira tecnológico em TA Instituição(ões)
103 - A Instituição recebe 105 - Desenvolve brasileira(s)
a inovação ou conjuntamente com 100 - Outro

Fonte: PNTA, 2007-2008.

GRÁFICO 6 - Tipo de desenvolvimento de TA

60 57
Número de questionários

50

40

30 27 25
20

10

0
Pesquisa Serrviço Produto (bens)

Fonte: PNTA, 2007-2008.

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PESQUISA NACIONAL DE TECNOLOGIA ASSISTIVA - SETEMBRO 2012

Quanto ao seu Tipo de desenvolvi- 43,1% dos casos, seguido das pes-
mento em TA (Gráfico 6), considerando soas com deficiência visual, que da
que os projetos de TA foram cadastra- mesma forma que as pessoas idosas,
dos no estudo como referentes a uma aparecem como alvo em 35,8% dos
das três categorias, Pesquisa, Serviço ou projetos. Logo após, aparecem, em
Produto (bens), os resultados revelaram números decrescentes, as pessoas
que mais da metade desses projetos, com deficiência auditiva, com 28,4%,
52,2% deles, especificaram serem re- deficiência múltipla, com 24,8%, e
ferentes à categoria Pesquisa, enquanto pessoas com deficiência intelectual,
as categorias Serviços e Produtos divi- com 22%.
diram, em proporções semelhantes, os Esses resultados se diferenciam da
demais projetos considerados. proporção de pessoas com os diferen-
Analisando os dados relativos ao tes tipos de deficiência, conforme da-
Público alvo dos projetos (Gráfico 7), dos registrados pelo Censo 2000, do
a partir de uma questão de múltipla IBGE, o qual detectou, por exemplo,
escolha proposta pelo formulário, que 67,7% das pessoas com deficiên-
verificou-se que o maior número dos cia no país possuem uma deficiência
projetos avaliados tinha como alvo as visual, e que apenas 5,8% possuem
pessoas com deficiência física, com uma deficiência física.

Censo Demográfico - 2000


39
Tipo de Visual Motora Auditiva Mental Física Total de
deficiência deficiências

Homem 7.259.074 3.295.071 3.018.218 1.545.462 861.196 15.979.021

Mulher 9.385.768 4.644.713 2.716.881 1.299.474 554.864 18.601.700

Total 16.644.842 7.939.784 5.735.099 2.844.936 1.416.060 34.580.721

deficiências (A) deficientes (B) deficiências Múltiplas (A-B)

Homem 15.979.021 11.420.544 4.558.477

Mulher 18.601.700 13.179.712 5.421.988

Total 34.580.721 24.600.256 9.980.465

Fonte: www.ibge.gov.br

Uma das inferências possíveis quanto lizados a alguns tipos de deficiência do


às causas dessa diferença poderia estar que a outros. Um exemplo ilustrativo
relacionada ao fato de que as pesquisas, são os serviços de concessão pública
recursos e serviços de Tecnologia Assis- gratuita de recursos de TA, já sistema-
tiva podem ser mais direta e facilmente tizados e em funcionamento no Brasil,
identificados, relacionados e disponibi- via Sistema Único de Saúde (SUS); es-

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PESQUISA NACIONAL DE TECNOLOGIA ASSISTIVA - SETEMBRO 2012

tão relacionados principalmente com a específicas, contemplando mais efeti-


deficiência física, com a concessão de vamente outros tipos de deficiências
próteses e órteses, e com a deficiência e também incluindo outros recursos
auditiva, com as próteses auditivas. tecnológicos inovadores de TA que
Essa poderia ser uma linha reflexão surgem ao longo do tempo, por inter-
e análise que mereceria ser aprofun- médio de inovações que tendem a se
dada pelo poder público, principal- tornar cada vez mais relevantes em
mente visando atender necessidades relação à diversidade de deficiências

GRÁFICO 7 - Produtos de TA por tipo de deficiência

50
47
45
40 39 39

35
Número de questionários

31
30 27
25 24

40 20
15
10
5
0
101 102 103 104 105 106

101 - Pessoas com deficiência auditiva 104 - Pessoas com deficiência física
102 - Pessoas com deficiência mental 105 - Pessoas com deficiência múltipla
(intelectual) 106 – Idosos
103 - Pessoas com deficiência visual

Fonte: PNTA, 2007-2008.

Considerando a Participação das processos. Esse fato pode ser consi-


pessoas com deficiência nos proje- derado como resultado bastante po-
tos (Gráfico 8), nas diferentes formas sitivo, pois diferentes estudos têm
possíveis de seu engajamento no tra- revelado a importância da partici-
balho, os resultados mostraram que pação, sempre mais intensiva, dos
em apenas 7,3% dos projetos cadas- possíveis usuários finais, em todos
trados não houve essa participação os processos que envolvem a Tecno-
de pessoas com deficiência em seus logia Assistiva:

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PESQUISA NACIONAL DE TECNOLOGIA ASSISTIVA - SETEMBRO 2012

Nos dias de hoje, é crescente estudos (EUSTAT, 1999a, 1999b;


a consciência da necessidade CORTELAZZO, 2006; BERSCH et
de uma participação cada vez al., 2008). Esses estudos enfatizam
maior do usuário final em todas a necessidade de um progressi-
as etapas e em todas as decisões vo “empoderamento” da pessoa
relativas à implementação de com deficiência no processo de
Tecnologia Assistiva. Sem essa apropriação e implementação de
participação e diálogo entre to- soluções de TA, principalmente
dos os atores envolvidos, e uma por meio da formação do usuário,
escuta aprofundada desse usuá- que, conhecendo melhor sobre
rio, com a superação dos precon- todos os aspectos que envolvem
ceitos, aumenta em muito o risco essa área, se torna melhor ins-
de que uma determinada solu- trumentalizado para assumir seu
ção de TA seja abandonada com papel de sujeito ativo em todas
pouco tempo de uso, conforme as decisões desse processo. (GAL-
tem sido sinalizado em diferentes VÃO FILHO, 2009, p. 152-53)

GRÁFICO 8 - Participação das pessoas com deficiência nos projetos de TA

50
46 41
45 44

40
35
35
Número de questionários

30
25
22
20
17
15
10 8
5
5
0
101 102 103 104 105 106 107

101 - Participaram unicamente como 104 - Participaram esporadicamente


objeto de estudo 105 - Participaram regularmente
102 - Participaram durante a fase inicial de 106 - Participaram como integrantes da
elaboração do projeto equipe técnica
103 - Participaram durante a fase de testes 107 - Não houve participação

Fonte: PNTA, 2007-2008.

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PESQUISA NACIONAL DE TECNOLOGIA ASSISTIVA - SETEMBRO 2012

Conforme salienta um dos docu- que têm a última palavra a dizer


mentos do Consórcio EUSTAT: nessa escolha. [...] Atualmente, as
associações de deficientes defen-
A escolha de uma tecnologia de dem firmemente uma abordagem
apoio é uma matéria que pode centrada no utilizador, na qual o
afetar significativamente a vida utilizador final é o principal prota-
do seu utilizador. Os utilizadores gonista, é quem toma decisão, em
finais ser encarados como os pro- questões que afetam a sua vida.
tagonistas principais e aqueles (EUSTAT, 1999b, p. 3 e 10)

GRÁFICO 9 - Comercialização da TA

24 23
22
22
20
18
18
16 15
14
Número de questionários

42
12
10 10
10 9 9
8
6
4
2
2
0
101 102 103 104 105 106 107 108 100

101 - A própria Instituição ou disponibilizar a 106 - A Instituição


comercializa e/ Tecnologia Assistiva precisa de serviços
ou disponibiliza a 104 - A TA está em técnicos para
Tecnologia Assistiva processo de desenvolver a fase de
102 - A TA da Instituição é definição de comercialização e/
comercializada e/ou estratégia de ou disponibilização
disponibilizada por comercialização e/ou da TA
intermediação de disponibilização 107 - A Tecnologia
outra(s) empresa(s) 105 - A Instituição precisa Assistiva está em fase
103 - A Instituição no de financiamento de desenvolvimento
momento não pensa para comercializar e/ 108 - Não se aplica
em comercializar e/ ou disponibilizar a TA 100 – Outro

Fonte: PNTA, 2007-2008.

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PESQUISA NACIONAL DE TECNOLOGIA ASSISTIVA - SETEMBRO 2012

Os dados da pesquisa mostraram to, essa possibilidade de comercializar


que, em 42,2% dos projetos houve a e/ou disponibilizar esses produtos.
participação regular de pessoas com Por outro lado, apenas 29,4% já co-
deficiência, sendo que, em 15,6% dos mercializavam e/ou disponibilizavam
casos inclusive houve a participação a TA através da própria instituição e/
dessas pessoas como integrante da ou por intermédio de outra empresa.
equipe técnica. E outros casos, essa Esses dados podem indicar que as ins-
participação foi mais esporádica ou so- tituições têm encontrado dificuldades
mente em determinadas fases do pro- para efetivar essa disponibilização ou
cesso. Portanto, mesmo considerando- comercialização da TA, embora assim
-se como um dado positivo o fato de o desejassem. Essa possibilidade en-
que, na grande maioria dos projetos, seja a necessidade de um estudo mais
houvesse algum tipo de participação aprofundado sobre quais seriam essas
de pessoas com deficiência, percebe- dificuldades que as instituições têm en-
-se que essa participação, ainda numa contrado para colocar os produtos e pro-
considerável parcela dos casos, pode- cessos desenvolvidos disponíveis no
ria ser mais intensificada, permeando mercado e acessíveis à população. As
todas as etapas dos processos. contribuições de tal estudo poderiam
Com relação às formas de comer- servir de orientação para a elaboração
cialização e/ou disponibilização dos de políticas públicas que favorecessem
produtos de TA (Gráfico 9), foi diagnos- essa comercialização e/ou disponibi-
ticado que apenas 1,83% dos projetos lização dos resultados dos projetos de
não cogitavam, à época do levantamen- pesquisa e desenvolvimento de TA. 43

GRÁFICO 10 - Financiamento dos projetos de inovação em TA

60
52
Número de questionários

50
41
40

30 27

20

10

0
Próprio Público Privado

Fonte: PNTA, 2007-2008.

Uma grande parcela dos projetos, tipos de financiamento caracterizados


47,7% dos mesmos, conta com finan- como público ou privado também são
ciamento próprio para o seu desen- significativos: 37,6%, com financia-
volvimento (Gráfico 10). Embora em mento público e 24,8%, com financia-
menor número, os dados relativos aos mento privado. A partir da análise des-

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PESQUISA NACIONAL DE TECNOLOGIA ASSISTIVA - setembro 2012

ses números, seria possível inferir o 2004. Nota: atualização em itálico,


seguinte: na medida em que aumenta a acrescentada à citação)
priorização e difusão do conhecimen-
to na área da TA no Brasil, seria dese- Ao relacionar e priorizar dentre al-
jável que a parcela de financiamento gumas possíveis dificuldades encon-
público pudesse ir crescendo, com o tradas para o desenvolvimento dos
incremento de programas e políticas projetos cadastrados na pesquisa (Grá-
públicas nessa área; principalmen- fico 11), ficou destacada a opção “Au-
te, levando-se em consideração que, sência de recursos financeiros” como
conforme mostram diversos estudos a opção mais recorrente, sendo que
(SASSAKI, 2004), uma grande parce- 40,4% dos projetos apontaram essa di-
la dos usuários dos recursos de TA se ficuldade. Esse fato reforça a indicação
encontra em um grupo populacional da necessidade de um incremento na
economicamente menos favorecido. parcela de financiamento público dos
Esse público vive em contextos de projetos de TA, além da possibilidade
graves carências sociais, com baixo de incentivos públicos ao financia-
nível de escolarização, baixa renda mento por instituições privadas desse
familiar etc., o que só potencializa as tipo de projetos.
dificuldades dessas pessoas, conforme Por outro lado, chama a atenção
vem sendo detectado e alertado por di- também o fato de que uma porcenta-
ferentes organizações de defesa dos di- gem majoritária dos projetos, 59,6%
reitos da pessoa com deficiência. Essa deles, não tenha selecionado a au-
44 realidade de carências socioeconômi- sência de recursos financeiros como
cas aumenta, portanto, a responsabili- uma de suas dificuldades. Inclusive,
dade do poder público no estímulo e em 28,4% dos casos, foi apontado que
fomento de soluções nessa área. Como não houve dificuldades no desenvol-
alerta Sassaki: vimento do projeto. São compatíveis
com esse resultado as conclusões de
No Brasil, a grande maioria dos diferentes estudos os quais têm mos-
17 milhões (24,6 milhões, segun- trado que muitas soluções simples,
do o Censo 2000) de pessoas com porém de alta funcionalidade e efici-
deficiência tem sido excluída ência, na área da TA, não dependem
de todos os setores da socieda- de grandes recursos financeiros, mas,
de, sendo-lhes negado o acesso principalmente, de conhecimentos
aos principais benefícios, bens e técnicos e uma boa parcela de criati-
oportunidades disponíveis às ou- vidade para sua implementação. Tal
tras pessoas em vários tipos de constatação também deve balizar as
atividades, tais como educação, análises e decisões na estruturação
saúde, mercado de trabalho, lazer, e implementação de políticas públi-
desporte, turismo, artes e cultura. cas nessa área: como gerar, estimular
Esta afirmação, que se apresenta e apoiar melhor o desenvolvimento e
como uma denúncia, consta em difusão de conhecimento nessa área,
vários documentos, moções, re- a formação de recursos humanos e o
latórios, palestras etc. (SASSAKI, incentivo ao exercício da criatividade?

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PESQUISA NACIONAL DE TECNOLOGIA ASSISTIVA - SETEMBRO 2012

GRÁFICO 11 - Dificuldades para o desenvolvimento dos projetos de TA

45 44

40

35
Número de questionários

31
30
26
25 23

20
15
15
10
10 7
4
0
101 102 103 104 105 106 107 100

101 - Número insuficiente de pessoas na 105 - Difícil aceitação no mercado


equipe técnica brasileiro
102 - Ausência de recursos financeiros 106 - Ausência de parcerias
45
103 - Habilidades técnicas insuficientes 107 - Não houve dificuldades
104 - Ausência de apoio institucional 100 - Outros

Fonte: PNTA, 2007-2008.

É importante destacar que, dos 109 dos projetos?


projetos cadastrados na pesquisa, ape- • Faltariam outras opções que en-
nas 35 deles selecionaram alguma das quadrariam e contemplariam me-
opções de classificação do projeto, lhor essa realidade?
quanto ao Tipo de Tecnologia Assisti-
va, em relação a sua principal função Uma possível explicação pode ser
e objetivo, conforme foi solicitado na encontrada na comparação dos crité-
questão 45 do questionário (Gráfico rios escolhidos para a formulação da
12, página 47). Essa constatação pode referida questão 45, com os resultados
gerar algumas indagações, tais como: da questão 31, que abordou e levantou
os Tipos de Projetos. A questão 41 do
• Por que ocorreu um número tão questionário relaciona, como eventu-
baixo de respostas? ais opções de respostas, os itens da
• A formulação da questão 45 do Classificação de Ajudas Técnicas da
questionário não teria sido bem Norma Internacional ISO 9999, que é
entendida? uma classificação voltada para produ-
• Ou então, essa formulação não tos de TA. Inclusive, reforçando e tor-
estaria de acordo com a realidade nando mais clara essa opção por confi-

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PESQUISA NACIONAL DE TECNOLOGIA ASSISTIVA - setembro 2012

gurar-se numa classificação orientada que responderam a essa questão 41,


para produto, a 4ª edição dessa Norma verifica-se que 42,9% deles escolheu
Internacional, publicada em 2007, al- a classificação “Tecnologia Assisti-
tera a terminologia utilizada, trocando va para informação e comunicação”,
a expressão “Ajudas Técnicas”, utili- quanto a sua função e objetivo, entre
zada até a versão de 2002, por “Pro- as 11 opções disponíveis. Um nú-
dutos Assistivos”, ou, na sua versão mero bastante superior em relação
em espanhol, mudando de “Ayudas às demais opções. Esse fato parece
Técnicas” para “Productos de Apoyo” confirmar uma tendência perceptí-
(ISO 9999: 2007). vel no mercado e nas pesquisas atu-
Por outro lado, os dados encontra- ais (SONZA, 2008; GALVÃO FILHO,
dos nas respostas da questão referente 2009), que é a tendência a uma cres-
ao Tipo de Projeto (questão 31) reve- cente oferta de produtos de TA rela-
lam que apenas 23% dos projetos es- cionados ao uso das Tecnologias de
tão relacionados ao desenvolvimento Informação e Comunicação (TIC),
de Produtos de TA (bens). Portanto, a principalmente o uso do computador
maioria dos projetos cadastrados está e da Internet. Notoriamente, as TICs
efetivamente relacionada à Pesquisa vêm se tornando, de forma crescente,
(52,2%) ou a Serviço (24,8%), tipos importantes instrumentos de nossa
esses que não são contemplados pela cultura e o acesso a elas constitui um
classificação da ISO 9999. Essa possí- meio concreto de inclusão e intera-
vel justificativa para explicar o baixo ção no mundo para todas as pessoas
46 número de respostas para a questão 45 (LÉVY, 1999); ao mesmo tempo essas
do formulário parece indicar a neces- novas tecnologias também vêm sen-
sidade evidente de uma reformulação do empregadas, cada vez mais, como
dessa questão, de forma a que passe a aliados imprescindíveis na busca da
contemplar a totalidade dos tipos de autonomia, da atividade e participa-
projetos inscritos na pesquisa. ção das pessoas com deficiência, sen-
Considerando-se os 35 projetos do utilizadas como recursos de TA.

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PESQUISA NACIONAL DE TECNOLOGIA ASSISTIVA - SETEMBRO 2012

GRÁFICO 12 - Desenvolvimento de produtos de


TA distribuídos por classificação da ISO 9.999

16 15
14

12
Número de questionários

10

8
6
6

4
2 2 2 2 2 2
2 1 1
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

1 - Tecnologia Assistiva para tratamento 6 - Móveis e adaptações para habitação e


médico personalizado outros locais 47
2 - Tecnologia Assistiva para o treino e 7 - Tecnologia Assistiva para a
aprendizagem de capacidades comunicação e informação
3 - Órteses e próteses 8 - Tecnologia Assistiva para a
4 - Tecnologia Assistiva para a proteção e manipulação objetos e dispositivos
cuidado pessoal 9 - Tecnologia Assistiva para melhorar o
5 - Tecnologia Assistiva para a mobilidade ambiente, ferramentas e máquinas
pessoal 10 - Tecnologia Assistiva para a recreação

Fonte: PNTA, 2007-2008.

Hoje, por meio delas, pessoas até com xar de ser percebido como algo apenas
graves comprometimentos começam a opcional ou secundário.
poder realizar atividades ou desempe- Para a pessoa com deficiência, mui-
nhar tarefas que, até bem recentemente, tas vezes trata-se de um direito fun-
lhes eram inalcançáveis. Atualmente, damental que possibilita o exercício
controlar o computador por meio de pleno da cidadania e o acesso a outros
sopros ou mesmo com o movimento direitos básicos como aprender, comu-
voluntário de apenas um músculo do nicar-se, trabalhar, divertir-se etc. As-
corpo, por exemplo, já é fato e trata-se sim como já existem políticas públicas
de uma possibilidade real para pessoas de concessão gratuita de próteses, por
com comprometimentos até bastante se- exemplo, essas políticas devem ser
veros. Por isso, o acesso dessas pessoas a progressivamente estendidas também
recursos tecnológicos, como o computa- a esses outros tipos de recursos de Tec-
dor e a Internet, cada vez mais deve dei- nologia Assistiva.

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PESQUISA NACIONAL DE TECNOLOGIA ASSISTIVA - SETEMBRO 2012

GRÁFICO 13 - Projetos de TA em relação às funções do corpo

45
45

40 38
36
35

30
Número de questionários

28
25
25

20 19
15
15
10
10
6
5 4 3
2 2
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

48 1 - Circulatória/Hematológica 9 - Voz/Fala
2 - Muscular 10 - Audição
3 - Metabólica/Endócrina 11 - Esquelética
4 - Neurológica 12 - Mental (Consciência/Orientação/
5 - Digestiva Sono/Afeto/Memória/Percepção)
6 - Respiratória 13 - Genitouriária/Reprodutiva
7 - Dor (Excreção/Reprodução/Genital)
8 - Visão

Fonte: PNTA, 2007-2008.

Em relação às Funções do corpo ma associar, de forma predominante


(Gráfico 13), a incidência maior de na literatura disponível, os recursos
respostas relacionou os projetos com de TA principalmente com as defici-
as “funções mentais” (consciência, ências físicas/motoras e as deficiên-
orientação, sono, afeto, memória e/ou cias sensoriais.
percepção), perfazendo o percentual Esse fato talvez possa ser entendi-
de 46,4% dos 97 projetos que respon- do, se considerada a possibilidade de
deram a este quesito. A seguir, apare- que as respostas tenham sido dadas,
cem: a função muscular com 39,2%; a apontando as funções mentais como
função neurológica com 28,9%; a vi- uma relação secundária dos projetos,
são com 26,9%; a audição com 25,8%. havendo, ao mesmo tempo, uma re-
As demais funções aparecem com nú- lação com outras funções do corpo,
meros inferiores a 20%. Surpreende o como a relação principal, devido ao
predomínio dos projetos relacionados fato de que se trata de uma questão de
com a função mental, já que se costu- múltipla escolha (questão 46).

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PESQUISA NACIONAL DE TECNOLOGIA ASSISTIVA - SETEMBRO 2012

GRÁFICO 14 - Projetos de TA em relação à estrutura do corpo


46
45

40

35
32
30 29
Número de questionários

27
25

20 18
49
15
11
10 8
4 4 5 4
5 3
1
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

1 - Coração/Artéria/Veia 7 - Ouvido
2 - Medula Óssea 8 - Ossos
3 - Estômago/Intestino/Esôfago/ 9 - Cérebro/Medula Espinal/Meninge
Fígado/Pâncreas 10 - Pele/Unha/Pelo
4 - Traqueia/Pulmão 11 - Rim/Bexiga/Uretra
5 - Olho 12 - Nariz
6 - Boca 13 - Músculos

Fonte: PNTA, 2007-2008.

Já no que se refere à Estrutura do e o cérebro/medula espinal/meninge,


corpo (Gráfico 14), o predomínio foi com 30%. Cada uma das demais estru-
do item “Músculos”, assinalado por turas do corpo aparece como estando
50,5% dos 91 projetos que responde- relacionadas aos projetos em menos
ram a essa questão. A seguir aparecem: de 15% dos casos.
olho, com 35,2%; ouvido, com 31,9%

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PESQUISA NACIONAL DE TECNOLOGIA ASSISTIVA - SETEMBRO 2012

Em relação às possibilidades de Novamente, esses resultados majori-


Atividade e Participação da pessoa tários confirmam a tendência, na atu-
com deficiência ou idosa (Gráfico 15), alidade, das amplas possibilidades
a maioria dos projetos, 58,7% deles, de um desenvolvimento crescente de
apresenta-se relacionada de alguma projetos de TA relacionados com as
forma com a facilitação de aprendiza- Tecnologias de Informação e Comuni-
gem e aplicação do conhecimento para cação, as quais favorecem justamente
essas pessoas. A seguir, com 39,4%, essas possibilidades destacadas, rela-
aparece a facilitação da comunicação. cionadas à Atividade e Participação.

GRÁFICO 15 - Projetos de TA em relação


a tipos de atividade e participação

65 64

60
55
50
45 43 42
50
40
36 36
35 34
Número de questionários

30
25
20 18

15 13 14

10
5
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9

1 - Aprendizagem 3 - Comunicação Relacionamentos


e aplicação do 4 - Mobilidade interpessoais
conhecimento 5 - Cuidados pessoais 8 - Áreas principais da vida
2 - Tarefas e demandas 6 - Vida doméstica 9 - Vida comunitária, social
gerais 7 - Interações e e cívica

Fonte: PNTA, 2007-2008.

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PESQUISA NACIONAL DE TECNOLOGIA ASSISTIVA - SETEMBRO 2012

GRÁFICO 16 - Projetos de TA relacionados às áreas do conhecimento

50 49

45 44

40
35 34
Número de questionários

30
26
25 23
20
15 13
9 51
10
5
0
1 2 3 4 5 6 7

1 - Ciências Exatas 3 - Ciências da Saúde 5 - Ciências Humanas


e da Terra 4 - Ciências Sociais 6 - Engenharias
2 - Ciências Biológicas Aplicadas 7 - Outro

Fonte: PNTA, 2007-2008.

Analisando o perfil dos projetos de em números abaixo de 25%.


TA em relação às Áreas do conheci- Estas seriam, portanto, as análises
mento (Gráfico 16), é possível verifi- referentes a cada uma das “categorias-
car que se destacam principalmente -base” constantes na pesquisa. Entre-
três áreas, a saber: Ciências da Saúde, tanto, impõe-se a necessidade de que
com 45% dos projetos; Ciências Hu- se efetuem alguns cruzamentos entre
manas, com 40,4%; Ciências Exatas e os dados dessas categorias, no intuito
da Terra, com 31,2%, sendo que, cada de discutir e entender melhor a rea-
projeto, podia responder o questioná- lidade diagnosticada pela pesquisa, a
rio, situando-se em mais de uma área fim de inferir novas possibilidades e
simultaneamente (múltipla escolha). necessidades.
As outras áreas foram mencionadas Por exemplo, buscando-se o nú-

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PESQUISA NACIONAL DE TECNOLOGIA ASSISTIVA - SETEMBRO 2012

mero de instituições públicas federais que as instituições públicas federais se


responsáveis por projetos de TA, por envolvam num maior número de pro-
unidade da federação (Gráfico 17), jetos dessa natureza, em praticamente
observa-se que há uma concentração todas as regiões do país.
maior de instituições dessa nature- Reforçando essa necessidade, prin-
za no Estado do Rio de Janeiro, com cipalmente em alguns Estados, a pes-
41,7% dessas instituições sediadas quisa revela também que, embora haja
nesse Estado. Porém, vale ressaltar uma forte concentração de projetos de
que o número de projetos de institui- TA em um número reduzido de Esta-
ções públicas federais com projetos de dos da União, em um desses Estados
TA em todo o país não é muito signi- com maior concentração, o Estado de
ficativo em relação ao número total de São Paulo, por exemplo, não aparece
projetos. Ou seja, apenas em número um projeto sequer sob a responsabili-
de 24, num total de 109 projetos, o que dade de uma instituição pública fede-
enseja a necessidade do estímulo para ral nesse Estado.

GRÁFICO 17 - Instituições públicas federais por unidade da federação

10
10
52

6
Número de questionários

2 2
2
1 1 1 1

0
AM BA ES MG PR RJ RS SC

Fonte: PNTA, 2007-2008.

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PESQUISA NACIONAL DE TECNOLOGIA ASSISTIVA - SETEMBRO 2012

GRÁFICO 18 - Cruzamento das instituições privadas


sem fins lucrativos por unidade da federação

30 29

28
26
24
22
20
18
16
14
Número de questionários

12 11
10
8 53

6 5
4 3 3
2 2
2 1 1
0
AC BA DF MS MG RJ RS SC SP

Fonte: PNTA, 2007-2008.

Já os projetos de instituições pri- total, e de São Paulo, com 11 projetos,


vadas sem fins lucrativos, conforme ou 19,3%. Portanto, somente os Esta-
analisado anteriormente, foram os que dos de São Paulo e Rio Grande do Sul
apareceram em maior número, com 57 concentram, conjuntamente, 70,2%
projetos. Destes, há uma grande con- dos projetos de TA sob responsabili-
centração nos Estados do Rio Grande dade desse tipo de instituição privada
do Sul, com 29 projetos, ou 50,9% do (Gráfico 18).

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PESQUISA NACIONAL DE TECNOLOGIA ASSISTIVA - SETEMBRO 2012

Sabe-se que, no Brasil, os diferentes aos projetos de pesquisa em TA. Os


tipos de pesquisa em desenvolvimen- projetos de Pesquisa em TA estão sen-
to normalmente estão concentrados do desenvolvidos em instituições aca-
principalmente em instituições acadê- dêmicas em 75% dos casos, enquanto
micas, com muito pouca incidência de que apenas 14% dos projetos de pes-
pesquisas sistemáticas sendo desen- quisa são desenvolvidos por Empresa;
volvidas por empresas ou por outros o restante, 11%, por instituições do
setores da sociedade. Essa tendência Terceiro Setor (Gráfico 19).
se confirma neste estudo em relação

GRÁFICO 19 - Pesquisa em TA por tipo de instituição

60
53
50

40
Número de questionários

30
54

20

10
10 8

0
Acadêmica Empresa Terceiro Setor

Fonte: PNTA, 2007-2008.

Foi visto anteriormente que, quanto Destaca-se, portanto, a participa-


ao tipo de instituição, se destacavam ção de instituições acadêmicas sem
os projetos cadastrados como refe- fins lucrativos, como as universida-
rentes a instituições acadêmicas, com des confessionais, e também as insti-
81,7% do total de projetos. Refinando tuições acadêmicas públicas federais,
a pesquisa, verifica-se que essas insti- principalmente as universidades fe-
tuições acadêmicas, no que concerne à derais. Chama a atenção a baixíssima
sua Natureza, constituem-se, majorita- participação das demais universida-
riamente, ou de instituições privadas des e faculdades particulares e outras
sem fins lucrativos em 56,2% das 89 instituições acadêmicas com fins lu-
instituições acadêmicas cadastradas, crativos, com apenas 5,6% das insti-
ou de instituições públicas federais tuições acadêmicas.
em 24,7% dos casos.

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PESQUISA NACIONAL DE TECNOLOGIA ASSISTIVA - SETEMBRO 2012

GRÁFICO 20 - Instituições Acadêmicas por Natureza da Instituição

50
50

40

30
Número de questionários

22
20

10 9
5
3

0 55
Pública Pública Pública Privada com Privada sem
Municipal Estadual Federal fins lucrativos fins lucrativos

Fonte: PNTA, 2007-2008.

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CONCLUSÕES

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5
2/20/2013 2:12:35 PM
PESQUISA NACIONAL DE TECNOLOGIA ASSISTIVA - setembro 2012

C
onforme mencionado ante- de forma mais uniforme, principal-
riormente, este estudo de mente porque as demandas de TA,
forma alguma pode ser en- estas sim, são distribuídas e capi-
carado como investigação larizadas. Como forma possível de
científica, exaustivamente solucionar o problema, estruturar
completa e acabada, principalmente e disponibilizar novos incentivos
por referir-se a uma área em constan- nessa área, principalmente às redes
te e recente expansão, como é a área de formação e pesquisa já nacional-
da Tecnologia Assistiva. Entretanto, mente estabelecidas e distribuídas,
tem o mérito de oferecer significativo como as Universidades Federais,
mapa da inovação em Tecnologia As- os Institutos Federais de Educação
sistiva no Brasil. Tecnológica e outras redes, poderia
Novas políticas públicas, como as concretizar-se como opção mais fá-
políticas educacionais de inclusão, e cil e acessível de gerar, de imediato,
também as políticas para a democrati- distribuição mais equilibrada das
zação do acesso às novas tecnologias, iniciativas. Esse problema de con-
têm gerado, e devem gerar ainda mais, centração de iniciativas em poucos
um crescimento exponencial nas de- lugares e instituições também apa-
mandas de TA. As ações e os dados rece em outros cruzamentos de da-
nessa área de pesquisa estão em cons- dos realizados neste estudo.
tante movimento — passando por per-
manentes e aceleradas transformações 2) Dentre as instituições participan-
58 — o que também gera a necessidade tes da pesquisa, são as instituições
de periódica, e sempre renovada, atu- públicas municipais e estaduais as
alização dos estudos e levantamentos que aparecem como as que mais
como este. Evidentemente, com a fina- necessitariam de um foco prioritá-
lidade de iluminar e direcionar corre- rio de incentivos para o desenvol-
tamente as ações e políticas públicas vimento de projetos de TA (Gráfico
que envolvem a pesquisa, desenvolvi- 2). Da mesma forma que em rela-
mento e disponibilização de recursos ção à concentração geográfica dos
e serviços de TA. projetos, também relativo a essas
Da análise dos dados obtidos na instituições públicas municipais e
Pesquisa Nacional de Tecnologia As- estaduais torna-se necessário estu-
sistiva destacam-se algumas conside- dar a viabilização de incentivos, de
rações, desafios e perspectivas, que acesso à informação e de reconhe-
são apresentados aqui, a título de cimento público, talvez por meio
conclusões: de premiações ou outras formas de
divulgação nacional, relacionados
1) A grande concentração de projetos a iniciativas na área de TA.
de TA (Gráfico 1), desenvolvidos em
apenas três Estados da União (77% 3) Mais da metade dos projetos ca-
deles apenas no RS, SP e RJ), suge- dastrados (52,2%) afirmou que se
re a necessidade de que se estudem tratava de projetos de desenvol-
formas de aumentar a capilaridade vimento de pesquisa de TA (Grá-
e distribuição das ações e pesqui- fico 6). Parcela bem superior do
sas por todo o território nacional, que os identificados como Serviço

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PESQUISA NACIONAL DE TECNOLOGIA ASSISTIVA - setembro 2012

(24,8%) e Produto (23%). Os pro- senvolvimento social. O cuidado,


jetos do tipo “Pesquisas de TA” portanto, no incentivo a essas ar-
são majoritariamente desenvolvi- ticulações multissetoriais também
dos em instituições acadêmicas, deve ser um alvo a ser alcançado
da mesma forma que a maioria das na configuração das políticas pú-
pesquisas nas demais áreas do co- blicas de TA.
nhecimento, no Brasil. As pesqui-
sas desenvolvidas por empresas e 5) O trabalho cooperativo multi-ins-
por instituições do terceiro setor titucional foi verificado como uma
ainda aparecem em número redu- realidade presente em boa parcela
zido, também neste levantamento. dos projetos cadastrados na pes-
Um problema conhecido, por ou- quisa, na medida em que cerca
tro lado, é a falta de reconhecimen- de 40% dos projetos, na questão
to e incentivo das agências oficiais referente à Transferência de tec-
de fomento no país, em relação às nologia (Gráfico 5), afirmaram que
pesquisas desenvolvidas por orga- “desenvolvem conjuntamente com
nizações da sociedade civil, inclu- outra entidade brasileira projetos e
ídas aí as organizações do terceiro pesquisa ou desenvolvimento tec-
setor. Toda a reflexão e produção nológico em TA”. Essa é uma ten-
teórica desenvolvida no país sobre dência a ser estimulada, dado que
as Tecnologias Sociais podem ser- o trabalho cooperativo, a pesquisa
vir de referência e suporte alterna- desenvolvida por meio de redes
tivos para tentar reverter essa falta colaborativas, vem sendo crescen- 59
de reconhecimento e incentivo. temente reconhecida como a forma
mais eficaz e atual de investigar e
4) Em relação ao desenvolvimento de pesquisar. Em função das novas di-
Inovação Tecnológica (Gráfico 4), a nâmicas hoje existentes na socie-
grande maioria dos projetos infor- dade contemporânea em relação à
ma desenvolver pesquisas destina- construção e produção de conhe-
das a serem aplicadas na criação cimentos, que são dinâmicas atu-
de recursos inovadores (bens ou almente muito velozes, com ágeis
serviços) na área da TA. Entretan- transformações, fácil acesso às in-
to, recentes estudos internacionais formações e amplas possibilidades
sobre o conceito de “Inovação So- de comunicação, nenhum labora-
cial”, entre eles, as publicações de tório ou projeto de pesquisa deve
Stanford Social Innovation Review, funcionar e se desenvolver de for-
ressaltam a importância de que se ma isolada e fechada. O desafio dos
estabeleçam novas articulações e agentes de processos de pesquisa e
diálogos entre o setor público, o desenvolvimento de conhecimen-
setor privado e as organizações da tos na sociedade contemporânea
sociedade civil. O propósito prin- é o de aprender a “funcionar em
cipal é fazer com que todo proces- rede”. E é esse aprendizado e capa-
so de pesquisa e desenvolvimento cidade de “funcionar em rede” que
favoreça e gere a produção de ino- cada vez mais balizará, no final das
vações sociais que sejam realmente contas, a eficiência, produtividade
pertinentes e relevantes para o de- e relevância social de um laborató-

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PESQUISA NACIONAL DE TECNOLOGIA ASSISTIVA - setembro 2012

rio ou de um projeto de pesquisa, é outro exemplo de um novo re-


na sociedade atual (LÉVY, 1999; curso de TA que se tornou de fun-
GALVÃO FILHO, 2009). damental importância para a auto-
nomia de pessoas com deficiência.
6) O presente levantamento mostrou As pesquisas, embora ainda sejam
que os projetos de TA em desen- poucas nessa área, têm surpreen-
volvimento no país estão relacio- dido a cada dia com novas desco-
nados em maior grau a algumas bertas, novos dispositivos, novos
deficiências do que a outras (Grá- programas de computador, que
fico 7). Essa tendência é verificada abrem amplos horizontes para as
também em relação às políticas pessoas com deficiência. Por isso,
públicas de concessão gratuita de o acesso dessas pessoas a recursos
recursos de TA, encontrando-se tecnológicos, como o computador
programas sistematizados e já em e a Internet, cada vez mais deve
funcionamento na área de conces- deixar de ser percebido como algo
são de órteses e próteses para pes- apenas opcional ou secundário.
soas com deficiência física, e de Para a pessoa com deficiência,
distribuição de próteses auditivas com frequência trata-se de um di-
para pessoas com deficiência au- reito fundamental que possibilita
ditiva, por exemplo. Porém, res- o exercício pleno da cidadania e
salva-se quase que total ausência o acesso a outros direitos básicos
de iniciativas concretas de con- como aprender, comunicar-se,
60 cessão em relação a outras defici- trabalhar, divertir-se etc. Assim
ências e a outros recursos de TA. como já existem políticas públi-
Por outro lado, os avanços tecno- cas de concessão gratuita de pró-
lógicos na atualidade, principal- teses, por exemplo, essas políti-
mente na área da informática, têm cas devem ser estendidas a outros
aberto novos e amplos horizontes recursos de Tecnologia Assistiva,
para pessoas até com graves com- os quais, na atualidade, com fre-
prometimentos. Mesmo quando se quência possibilitam um grau de
trata de recursos relacionados ao autonomia muito mais elevado do
uso do computador e da Internet, é que uma prótese convencional.
possível encontrar ou desenvolver Porém, para isso, é fundamental
soluções artesanais e de baixo cus- que se viabilizem estudos com a
to, porém de alta funcionalidade. finalidade de relacionar, sistema-
Hoje, controlar o computador por tizar e priorizar esses inúmeros
meio de sopros ou mesmo com o novos recursos de TA que já estão
movimento voluntário de apenas sendo disponibilizados nos dias
um músculo do corpo, por exem- de hoje; para que os mesmos pos-
plo, já é uma possibilidade real sam ser incorporados aos progra-
para alunos com comprometimen- mas de concessão e distribuição
tos severos. E uma possibilidade gratuita de recursos de TA, ou
muitas vezes bem mais acessível e na formulação de novas políticas
barata do que se imagina. Os soft­ e programas com essa mesma fi-
wares leitores de tela destinados nalidade. Instâncias específicas
às pessoas com deficiência visual de estudos na área da TA podem

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PESQUISA NACIONAL DE TECNOLOGIA ASSISTIVA - setembro 2012

e devem ser mobilizadas para a se destacou entre as dificuldades


realização dessa sistematização, encontradas pelos projetos.
como, por exemplo, o Comitê de
Ajudas Técnicas, da Secretaria de 10) Um número razoável de projetos
Direitos Humanos da Presidência (Gráfico 11), entretanto, afirmou
da República (SDH-PR). não haver encontrado dificulda-
des maiores para sua execução
7) Este estudo revelou ser de suma im- (28,4%). Conforme revelam di-
portância que se busquem formas ferentes estudos (SONZA, 2008;
de intensificar a participação de GALVÃO FILHO, 2009), dado que
pessoas com deficiência em todas o desenvolvimento de diversas so-
as etapas dos projetos, seja nos pro- luções de TA, embora altamente
cessos de reflexão e planejamento, funcionais e úteis, não dependem
como nos processos decisórios e de de volumosos recursos financei-
implementação (Gráfico 8). ros, mas, sim, de conhecimentos
técnicos, de iniciativa e de cria-
8) O fato observado de que apenas tividade, torna-se indispensável
29,4% dos projetos comercialize formular questões, tais como:
e/ou disponibilize a TA, via pró- Como gerar, estimular e apoiar
pria instituição e/ou por intermé- melhor o desenvolvimento e difu-
dio de outra empresa (Gráfico 9), são de conhecimento nessa área,
demanda que se investigue as cau- a formação de recursos humanos
sas e as dificuldades que impedem e o incentivo ao exercício da cria- 61
o aumento do índice de comercia- tividade na pesquisa e desenvol-
lização/disponibilização dos re- vimento de TA? Como estimular e
sultados das pesquisas e proces- apoiar as pequenas iniciativas de
sos de desenvolvimento de TA. organizações da sociedade civil
Os resultados dessa investigação ou de escolas isoladas, espalha-
poderiam ser úteis para orientar das por todo o território nacional,
quanto à formulação de políticas as quais inventam e desenvolvem
públicas e ações necessárias para soluções simples e de baixo cus-
o favorecimento da disponibiliza- to, porém de alta funcionalidade,
ção e comércio dos resultados fi- para problemas às vezes bastante
nais dos projetos. complexos, na área da TA?

9) Este estudo aponta para a neces- 11) A presença crescente de pesquisas


sidade de um incremento no vo- de TA relacionadas com as Tec-
lume de financiamento público nologias de Informação e Comu-
dos projetos na área da TA (Grá- nicação (Gráfico 12), juntamente
fico 10), em função das carências com a constatação dos acelerados
evidentes de uma grande parcela avanços e descobertas inovadoras
da população que pode ser bene- nessa área, torna fundamental que
ficiada por esses projetos. E tam- se esteja especialmente atento a
bém pelo fato de que foi a opção essa realidade, tanto com a finali-
“ausência de recursos financei- dade de se estimular as pesquisas,
ros” (Gráfico 11) a opção que mais quanto visando à formatação de

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PESQUISA NACIONAL DE TECNOLOGIA ASSISTIVA - setembro 2012

políticas públicas de concessão e ro de projetos de pesquisa cadas-


distribuição de recursos de TA re- trados neste levantamento (Gráfico
lacionados a TIC. 19), chame-se a atenção para as
instituições acadêmicas com fins
12) No que concerne às possibilida- lucrativos — universidades e facul-
des de atividade e participação dades privadas não-filantrópicas,
da pessoa com deficiência ou ido- cujo número tem crescido muito
sa, relacionadas com os objetivos no país; no entanto, apresentam re-
dos projetos, destacou-se o item sultado pouco significativo no que
“aprendizagem e aplicação do co- se refere à quantidade de projetos
nhecimento” (Gráfico 15), como de TA que desenvolvem: apenas
opção mais acionada, novamente 5,6% das instituições acadêmicas
despontando a importância da ên- inscritas (Gráfico 20).
fase nos recursos de TA relaciona-
dos às TICs, como o computador e Este estudo e estas conclusões, por-
a Internet, os quais são reconheci- tanto, são apresentados, a partir de da-
damente favorecedores desse tipo dos que refletem o contexto de captação
de atividade e participação desti- de dados da pesquisa, com a intenção
nadas a essas pessoas, na socieda- de tentar colaborar, iluminar e orientar
de contemporânea. a reflexão e a busca de novos caminhos,
de novas soluções e perspectivas, para
13) Embora as instituições acadêmicas o avanço na pesquisa, desenvolvimen-
62 tenham se constituído como tipo to e disponibilização da Tecnologia As-
de instituição com o maior núme- sistiva no Brasil de hoje.

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REFERÊNCIAS

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6
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PESQUISA NACIONAL DE TECNOLOGIA ASSISTIVA - setembro 2012

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