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https://novaescola.org.br/conteudo/7836/tres-bases-
para-um-novo-modelo-de-formacao
António Nóvoa,
Reitor da Universidade de Lisboa
Uma reflexão de Kenneth Zeichner (2012) explica que tem havido duas visões
distintas. Por um lado, há movimentos de crítica às instituições e aos
programas de formação que põem em causa a necessidade de um
investimento forte na profissão e na formação. Esses movimentos defendem
que é mais simples e eficiente preparar professores numa perspectiva
técnica, sobretudo por meio de uma aprendizagem profissional, em escolas,
ao lado de pares mais experientes. Por outro lado, há tendências que
afirmam a necessidade de o professorado ser visto como uma profissão
baseada no conhecimento e que, por isso, requer um período longo de
preparação, com acesso a uma carreira e a dinâmicas de desenvolvimento
profissional. Alguns autores recusam as tentativas de desvalorização da
docência e consideram que os programas de formação centrados nas escolas
só adquirem um potencial transformador se estiverem enquadrados na
lógica universitária e de reforço da profissionalização docente.
Lee Shulman escreve que viu uma instituição refletir coletivamente sobre o
trabalho, mobilizando conhecimentos, vontades e competências. Esse modelo
constitui não só um importante processo pedagógico mas também um
exemplo de responsabilidade e compromisso. Naquele hospital, a reflexão
partilhada não é mera palavra. Ninguém se resigna com o insucesso. Há um
envolvimento real na melhoria e na mudança das práticas hospitalares.
Shaw sugere que é com base na atividade, na reflexão sobre ela e sobre a
experiência que se elabora um determinado conhecimento. É um ponto
central para pensar o conhecimento específico dos professores. Lee Shulman
(1986) responde a Bernard Shaw: "Quem sabe faz. Quem compreende
ensina".
Por isso é tão importante combater a ideia de que ensinar é uma tarefa fácil,
ao alcance de qualquer um. Enquanto o ensino for considerado uma
atividade natural, será difícil valorizar os professores e consolidar a dimensão
universitária que sua formação deve ter (Labaree, 2011).
É inútil apelar à reflexão se não houver uma organização das escolas que a
facilite.
Referências bibliográfica
- Goodlad, John (2004). The National Network for Educational Renewal, Phi
Delta Kappan, vol. 75, nº 8, pp. 32-38
- Labaree, David (2003). Life on the Margins, Journal of Teacher Education, vol.
X, nº 10, pp. 1-6
- Labaree, David (2011). Targeting Teachers, Dissent, vol. 58, nº 3, pp. 9-14
- Shaw, Bernard (1900). Collected Plays With Their Prefaces. London: The
Bodley Head
- Tardif, Maurice; Borges, Cecília & Malo, Annie, eds. (2012). Le Virage Réflexif
en Éducation : Où en Sommes-nous 30 Ans Après Schön?. Bruxelles : De
Boeck
- Zeichner, Kenneth (2012). Two Visions of Teaching and Teacher Education for
the 21st Century. North Dartmouth: Centre for Policy Analyses/UMass
Dartmouth