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Metodologias de ensino-aprendizagem
Resumo: Este artigo apresenta-se como relato de experiência das práticas de formação
docente realizadas pelo setor de Gestão pedagógica – GEPE. O objetivo deste estudo é
analisar a formação pedagógica continuada dos docentes no Ensino Superior, com vistas a
aplicabilidade das metodologias que favorecem um ensino significativo. A profissão docente
está diretamente ligada ao processo de ensinar e aprender, na formação do outro e
consequentemente de si mesmo. Este artigo articulará com os seguintes autores: Vygotsky
(1991), Nóvoa (1995), Piaget (1996), Freire (1996, 2013), Tardif (2002), Anastasiou (2010).
Na abordagem qualitativa adotou-se como metodologia a pesquisa bibliográfica e de
observação. Os resultados desse estudo demonstram que a reflexão na ação ou sobre a
ação contribui para mudanças metodológicas, o que consequentemente favorece maior
envolvimento dos estudantes, oportuniza a utilização das tecnologias em sala de aula e o
melhor relacionamento professor- aluno.
1 INTRODUÇÃO
Esse artigo apresenta-se como relato de experiência das práticas de formação docente
realizadas pelo setor de Gestão pedagógica (GEPE) de uma Universidade privada e
comunitária, localizada no leste de Minas Gerais. O Setor de Gestão Pedagógica destina-se
a ser um articulador do trabalho didático-pedagógico para todos os professores e
coordenadores dos cursos de graduação da Instituição, assim tem como objetivo
implementar política de formação e qualificação docente, atendendo às demandas que
podem surgir de maneira espontânea, trazidas pelos professores e/ou coordenadores, mas
o próprio Setor pode direcionar temáticas a serem desenvolvidas.
Os professores que atuam no ensino superior, geralmente têm uma expertise em sua área
de atuação, e mesmo que busquem por titulações mais qualificadas, como cursos de pós-
graduação lato e stricto sensu, ainda apresentam dificuldades quanto a formação
pedagógica. Mediante o exposto o GEPE realiza seminários, oficinas pedagógicas e
atendimento individualizado, com apoio didático-pedagógico.
A sala de aula, no Brasil, tem passado por diversas transformações desde a sua 2
implantação pelos Jesuítas. Na contemporaneidade a tecnologia influenciou e continua
influenciando a novos comportamentos, o que faz com que os estudantes de hoje cheguem
a sala de aula com expectativas diferentes. Diante de tal realidade, há de se pensar que a
sala de aula não comporta mais o modelo tradicional de ensino, ou seja, ter apenas o
professor como detentor do conhecimento, sendo o aluno passivo.
Isso demonstra que a formação pedagógica continuada contribui para “um repensar sobre a
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forma de organização do processo de ensino e aprendizagem, ou seja, a construção de
novos saberes” (JUNGES, BEHRENS, 2016, p. 211). O que nos motivou a escrever esse
relato de experiência, tendo como questão central de investigação analisar a formação
pedagógica continuada dos docentes no ensino superior, com vistas a aplicabilidade das
metodologias que favorecem um ensino significativo. Para tanto, este artigo articulará com
os seguintes autores: Vygotsky (1991), Nóvoa (1995), Piaget (1996), Freire (1996, 2013),
Tardif (2002), Anastasiou (2010), entre outros.
Apresentamos, a seguir, o caminho percorrido por este trabalho nas práticas desenvolvidas
nos encontros de formação, as metodologias utilizadas, descrevendo e pontuando as ações
realizadas. Em seguida uma leitura sob o nosso olhar, nossas percepções e as inferências.
Por fim, delineamos alguns resultados, buscando apresentar o que essa experiência tem
nos oferecido.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
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2.1 SALA DE AULA INVERTIDA
A sala de aula invertida ou flipped classroom, é uma estratégia que altera a lógica de
organização tradicional da sala de aula. A teoria é estudada pelos alunos em casa e na sala
de aula as atividades são realizadas de forma a esclarecer suas dúvidas , favorecendo a
troca de experiências, fixando a aprendizagem (BERGMANN, SAMS, 2016).
É importante destacar que a sala de aula invertida não vai diminuir o trabalho do professor,
ou fazer com que ele deixe de planejar, muito pelo contrário, lhe caberá ser o facilitador, o
que aguça as discussões quanto ao conhecimento que o estudante traz consigo de outros
tempos, outros espaços.
A sessão deve ser organizada por meio do objetivo a ser traçado pelo professor e idealizar o
script da situação que pode ser a representação de um médico com paciente; um
engenheiro com cliente, entre outros, já que o Role Play pode ser vivenciado em todos os
cursos de graduação, pois a habilidade de comunicação se faz presente em todos eles. É
importante mencionar o uso feedback educacional, para melhorar o desempenho dos
estudantes.
De acordo com Anastasiou (2010, p. 86), a aula expositiva dialogada “é uma estratégia que
vem sendo proposta para superar a tradicional palestra docente”. Isso porque, em uma
abordagem mais tradicional, o professor fazia uma exposição de sua aula, sem ouvir os
estudantes, sem dar a chance deles se posicionarem. Na aula expositiva dialogada, o
espaço de aprendizagem ocorre num “clima de cordialidade, parceria, respeito” e trocas de
experiências. Freire e Faundez (2013) compreendem que antes de tudo devemos ensinar
nossos estudantes a perguntar.
Nesse sentido, a aula expositiva dialogada contribui para a formação crítica do estudante,
abrindo caminhos para uma exposição atraente ao aluno, pois este participa ativamente da
discussão, podendo fazer perguntas e ao mesmo tempo é possível trazer seu conhecimento
para a sala, o que resulta em uma aprendizagem satisfatória.
3 METODOLOGIA
1 Permite fazer questionários sem a necessidade de dispositivos. Cada participante deve estar com
um cartão (um “clicker de papel” ), o professor/formador usará o smartphone ou tablet para digitalizar
o cartão e verificar as respostas.
A formação não se constrói por acumulação (de cursos, de
conhecimentos ou de técnicas), mas sim através de um trabalho de
reflexividade crítica sobre as críticas e da construção permanente de
uma identidade pessoal. Por isso é tão importante investir a pessoa e
dar um estatuto ao saber da experiência (NÓVOA, 1995, p. 25).
Diante dessas considerações, este artigo, realizado em uma abordagem qualitativa, teve
como campo de estudo a formação pedagógica continuada dos docentes. No que se refere
ao planejamento em sua dimensão mais ampla, ele classifica-se como pesquisa
bibliográfica, desenvolvida com base em material já publicado (GIL, 2010) e nas
observações.
O universo deste estudo foi composto por docentes dos cursos de graduação, sendo que as
estratégias metodológicas em cada encontro de formação foram diversificadas de modo a
atender a demanda e ao conteúdo de cada curso. As estratégias, até então utilizadas foram:
Sala de aula invertida; Role play; Peer Instruction e Aula Expositiva Dialogada.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Mediante o exposto, as avaliações das formações atenderam aos objetivos propostos, visto
que os próprios docentes externavam um feedback positivo sobre ela, ressaltando ter
aprendido muito e que saíram da formação com vontade ainda maior de oferecer o que há
de melhor aos estudantes. Também afirmaram ter compreendido o que é ser mediador no
processo de construção do conhecimento do aluno, e que era preciso reavaliar a forma
como as metodologias estavam sendo aplicadas. Senso assim, concebemos que as
formações causaram “desequilíbrio” (PIAGET, 1996) nos participantes, ao relatarem que o
encontro foi enriquecedor e “desafiante”.
Os professores enfatizaram ainda, que essas estratégias se mostraram como úteis para
estimular a participação efetiva dos alunos. Perceberam que muitas vezes desenvolvem
discussões significativas em sala de aula, porém nem sempre conseguem atingir a zona de
desenvolvimento proximal dos estudantes.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo é apenas o início de uma longa jornada, já que a formação de professores se
constitui em palco de análise da profissão docente, por compreender que as práticas de
ensino e aprendizagem estão intrinsecamente relacionadas aos objetivos, ao perfil do
egresso, aos conteúdos e as metodologias (ANASTASIOU, 2010). A reflexão na ação ou
sobre a ação contribui para mudanças metodológicas, o que consequentemente favorece
maior envolvimento dos estudantes, oportuniza a utilização das tecnologias em sala de aula
e no melhor relacionamento professor- aluno.
Ao retomar o objetivo deste artigo, é possível perceber que o uso correto das metodologias
pode contribuir para um ensino significativo. Sendo assim, temos o desafio de mover os
docentes a serem pesquisadores e assim tornarem a sala de aula também como ambiente
de pesquisa, o que levará a uma prática pedagógica inovadora e comprometida com o
processo ensino-aprendizagem.
REFERÊNCIAS
ANASTASIOU, Léa das Graças Camargos; ALVES, Leonir Pessate (Orgs). Processos de
Ensinagem na Universidade: pressupostos para as estratégias de trabalho em aula. 9. ed.
Joinville: Univille, 2010.
AUSUBEL, David P., NOVAK, Joseph D., HANESIAN, Helen. Psicologia educacional.
Tradução Eva Nick. Rio de Janeiro: Interamericana , 1980.
BERGMANN, Jonathan; SAMS, Aaron. Sala de aula invertida: uma metodologia ativa de
aprendizagem. 1.ed. Rio de Janeiro: LTC, 2016.
FREIRE, P.; FAUNDEZ, A. Por uma pedagogia da pergunta. 1 ed. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 2013.
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo, v. 5, 2010.
JUNGES, Kelen dos Santos; BEHRENS, Marilda Aparecida. Uma formação pedagógica
inovadora como caminho para a construção de saberes docentes no Ensino Superior. 10
Educar em Revista. Curitiba, n.59, p. 211-229, jan./mar. 2016. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/er/n59/1984-0411-er-59-00211.pdf>. Acesso em: 20 jul. 2017.
NÖRNBERG, Nara Eunice; FORSTER, Mari Margarete dos Santos. Ensino superior: as
competências docentes para ensinar no mundo contemporâneo. Docência do Ensino
Superior. Belo Horizonte v.6, n. 1, p. 187-209, abr. 2016.
NÓVOA, A. Vidas de Professores. 2. ed., Porto Editora, Porto, 1995. (Coleção Ciências da
Educação).