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© INCONSCIENTE EM LACAN © censing de Lacan, como woets sabem, s¢ estende por 25 anos ou mais, segundo a data que se eseolhe para comegar 9 coe lar, © € certo que, se tivessemos que responder 0 ttlo “O I consceate em Lacan’ de um eto mais orginco,precisara falar, {alver, de um primeiro, de um seguado e de un freee Lacan. ‘Alem diss, de fat teria preferdo-otulo “Lacan mo Inconslea te ahes ian se explique depois. nvim, vou falar do “Inconsiente em Lacan” no momento ‘no qual Lan fala mais do incosciente: Vow escolher uma epoca importante no ensino de Lacan, 0 comego dos ans 6, Se é que + iia lacaniana € diferente do que seria uma clinica proprsinen- te feoudiana eeu aeredito que iso pode ser entendilo como iplicando concepyses dstintas do inconsciene, Dag a im portacia deste eomego dos anos 6. Para dar uma refettnsia tex {ual & qual veeéspostam faciimente volar, se qutzerem, trtacse os primeios captuos do Semaindio XT, “Os quatro coneitos Tundamentas da psicanstise” da texto "Posigio do inconsciew 1c", que es nos Escits. Este teat, “Posgio do inconsiente™ {em wma relagéo com o que foi falado oatem, particularencnte sobre Mereat-Ponty, pis ele resume a interven de Lacan 0 ‘mesmo coloquio de Bonaeval qe fol mencionads, Vou introduzt,entio, o que ndo dedara de ser uma certa simpliieagio deste ito: vocéscerlrmene js noaramy, ae je tive v9 ‘OINCONSCIENTE: VARIAS LEITURAS ram una rlagi de ctura com 0 texto freuiano e com o texto Taeaniano, quo esses textos participam de estos diferentes is, ‘credit, é-uma evidencia para todos. Esta observagio € tanto thas elevante aqui, que im dos ros moments nes guais Lacan cexplica porque o seu ensino se dé neste elo que conheeemos © ‘que far comm que a letra sejaapareatemete df, um des aros momentos ¢justamente ean “Poigdo do inconsiente™ Fa expli- ‘igio que cl dé do eailo que ele esothea para 0 Sou ensina © {gee foi eacohendo de wma ext forma, eada vez mas, esse {ip que poderiamos chamar de aforismatco, embora no scja ‘bem isso que se trata, a explicasdo & que o que se espera de um cnsino so feos. Freud teria acredito ~ justiieado 0 seu prio exilo com iia que o que se espera de um ensino seria fr transminso de um saber (sm deixar por iso de observar que, essa Goethe, “o que podes saber de melhor, nova mili). Nao € por acaso ~ parecesme ~ que Lacan jstiieao seu eat justamente no texto onde ele reste a po ‘gio do inconciente, pois, esta diferenga entre estilo fcudiano © ‘elo Lseaniano de ensino & rlativa a uma dferenca de poigies ‘do inconsciente, Se néssemos que resume, quanto mals brevemente poste cath carcaturalmentc, a dferenga entre uma pétieaFeudiana © lua praca lacaniana, aeredito que 0 caminho mais breve seria dizer que o proprio de umn praties(eudana 6 pensar que a ver dade do sit, 4 sua veedade inconscicate, €suscetiel de ser ‘onvetida em um saber, e que esse saber pode ser, evidentemen- {c, formula © devolido a0 sujet, que nao sabia, on que sabia ‘em aber, O exeensin 69 iia que a verdade possa vr a ser um faber (ou 0 shor que f'era) E cero que as coisas em Freud ‘esto tom mais complicadas do que isso. certo que a partir dos ‘Esesos sobre a teenca, Freud volta sobre eta questo, 8a pr tica mods, se torna mais silendosa e le pra de eomusicat aos pacientes saber psianaltio, Voces se lembram deste texto im portante do fim da vida de Freud, que € "Consragies em andi "onde aparece quanta exatata do que € eomnicado 30 pe dente & prteulae © problomatio, mas, ein, 2 rosso modo, scredico que se possa dizer que € algo proprio da praticafreudia- fa pensar que a verdad do sujcitosejasuscettel de ser trans formada em um saber. ‘Desse ponto de vista existe uma opesigdo da pritia frou ra com priticalacanians, porque para a prdticalacaiana irs {arse jslamente do contri, eu dit: de separa verda ber, pois a verdade aio €sunceticl de tansformar-se eam un 8a bet, Que mio pare de tentar transformar-se em umn saber, € um feito da neurose; por qué? Vou eapicareme, De onde surgria sa ideia que a verdade inconsciente do sjeko poderia ser um saber? B uma idéia que surge na consituigdo mesa do stjito nurétco, porque a constiuig edie, entio nerotca do sje ‘qu cle apste num pai oem outras paar, que ele suponha um pai como sujeito de um saber. ida mesma que a Sus verdad poss ace um saber € uma iia sistentads pela por Sigio pater, Fo um ponto exttemamente important, porque 8 ria freudina €fundada nessa iia, que a verdade pode con Yertcrse em um saber, 80 nos exlica & contatagio decepeio- nada de Freud ao fim de sua vida, quando neste texto magisst ‘ave € "Anslve fi ele constaa que a ps andl, de uma certa forma, iremediavelmente no conscgse levarum sujetoalem da confontagio com a rocha da catrag, 'E desta decepeio que surge &apostaIncaninna a parti dos anos @, quando Lacan comes a pear, a pare de sus experién- a, em um fim de andlse que Sea um pouco outra co, um ein da rocha da castrasio, mas or iso procha,evidentemente, {que a yerdade © saber se dvoreem, Por que procisa isso? Por {que se na pritca mesma € sustentada aieia que a verdade pode hogar a tansformar-e em um saber, essa praca vo pode forts Tecct a fanglo patera que justifies» suposigao que a verdad se jum saber Retomemos. Nio é uma idia natural que a verdade sea um saber. Porque veedade teria que ser wm suber? No € nada tural que a verdade tenha qoe ser um saber. Os picuralistas acham, as Yee, normal quem suelo se apresente em paiconi- lise, com uma demanda como: "cu quero analisarme para sor mais sobre mim” & uma cola abslulamente extravagant, sn tomalia: normalment, se est numa quis, cle deveriaapresen- tare dizendo que cle quer que algo mude, inguin spresenta: se um méiico dizcado que fem uma dor, € portanto quer ser 2 exlcagio anatomo-patologiea dea dor; ele quer que a dor pues Entso, como & que © suelo que soe, produz uma qucixa, hepa em anilie © pergumtar “ou postaria de sber algo sobre porque extou assim eaqusce de pedir ques ois made. E algo Fregicote e allaments sintomieo 0 que ésinomatio € que 0 essen para seta om questo saa a rela com um sa- ber posse sabre a sa verdad ste saber supocto sobre a sua verdade justamente anima: do pel iastnciapaterna: por qué? Quando um sujeito consi Se mo Ep, ele supe 0 pai como quem deteria um saber sobre, figamos assim para simplificar, 0 goz0 materno, como quem po- ‘devia defendé-lo cuidando desta demanda apavorants. A partir testa suposiqio, 0 sjeto val apostar na necesidade, para se Inante, de sastentar wm saber (com o seu depositiio) que o de fonde. Ent, a sua verdad aparece ao suelo camo seado posi Yelmente uon saber sopeso, 6 A medida na qual osujeltn ests Tomado numa peespectiva,propriamente neurotic. Por com Sealine, hi una grand difereneaente, por ur lado, wma pre tiea que areita nen, que 6 a posgio neuritic mesma do sje {os uma prion que se propoe a transformar a verdad em um ‘Shor tai formecenda to que prea para gue o sjctoacredite ina suposigho paterns Ho € inevitével em uma andlse, mas 86 pode deixar o sujltoconfrontando 20 seu destino edipico, 8 ro- {ha da estrago, coms fala Freud. E, por outro lado, uma pita {e, muito pelo contri, teata jstamenteseparar saber © ver did, quer dizer, contontarosucito sta vrdade inconsciente, fas sem que por isn le tena necesnriameate que supor que (Coat veedade € ou poesia ser um saber Bax ouras paisa, mais Treudianas, disoher 0 complex, debando do Eipo o que & es Iruturaney podcra se dlcr asim: lovar a uma experiénci da ‘erdade na gual a fangSo paterna se revele aus, nao precsando tho manta dew saber. ‘Mas a queso que resin 0 que seria uma verdad que ao seria susectnel de sr un saber, de wansformar se em um saber? um problema séio até porque pura ns, enquanto neuratieas, pensar iso € complied, Para poder avangar um pouco esse as- ‘into, vou abrir um patente: voces ecttamente eonhecem ess sforisma lncaniano “o inconsccate € estuturado como ums in ‘guagem’. Esse aforisma € problematico pois, jutando-se a0 que foi ms elaboragio do ensian lacaniano 0 impacto da leita de Sausute e geralmonte da Hingisica estratual, esse afrisna acibou atrizando una kitara extremameats simpliieads do ‘gue seria 0 inconsiente pars Lacan. Velo a pena anal in, Pos geralmente acontece que, quando se quet ser pedagigc, s¢ acaba nesa letra simpliieada que no € para aceditar. Vocés ‘oahecem certamente alguns elementos hisieos da Tnguticn Ssausuriana, como a ditingio lingapalavra que € uma oposite fue se sebrepse a dstingdes como compaGncia/performane paradigma/sintagma, diacronia/sincronia © eddigo/prodasio. 0 vebdigo sendo a lingun num cixo vertical, 2 compotenci do quem fala, © a produgao Sendo 0 cto horizontal da playa. Eat ‘outros trmos, ums idoia bisica da lingistiea estratural € gus, para poder produzi uma fala, €necessrio uma presenga perm: nente do ego, enquanto cle permite que os elementos falas Sejam diferenciados e que esses elementos seam arganizados de forma a produit um sintagma signfcaivo. O que import pa nds € a letura pedagogica que foi dada do aforisma “o incon Gente € estrutrado como uma. guage", paricuarmente ‘quando se comesa a explicar o que € inconsicnte em Lacan pe sando o lapsus ~ sempre 0 mesmo, ald, ode Signorelli ~ como ‘xemplo princeps. O-que se tenta mostrat com este lapis € que 4 erdade inconscicate seria da ordem do cig, Hing; emt foutras palawras,querse mostrar © segunte: que o sucto estaria {atanda, produsindo uma fala ¢ normalmente havera, 9 cada ‘momenio da sua produgio, um cixo vertical que seria «6digo fue permite que 0 que ele produ a fla sar elementos dile- enclados. $6 que, por exemplo, havcria una pate desse e6igo aque sria de uma natureza quaitativamente diferente do e6digo propriamente linge seria um eédigo inconsiene. Eto, Seade que Giese alguna falta yo discus do sujet, elementos Sess ebigo inconsccate presnitese-iam porque, como cata tum abe, a naurera a horcor do vaio, Eto, a simpliicagSo 2 fia peat 0 sfrisma lcaniano, Yo inconscene € exiratdrado co- ‘mo uma linagem” para pensar 0 inconscienle come sendo Una parte singular do e6digo linguistic. Vocds vem bem gus, 8¢¥- vm DO INCONSCIENEE: VARIAS LAITURAS mos yor exe ao, de epenteoaconsdene em Lacan €“lguma ‘Shs I por ese lao signin dr ao inonsciene de Lacan um ‘Stato do: ele seta alguna ca, um peda da emda Sram alguns saints ne memria do stv que se organi Taviam num eign alleratvo gue aapalha 0 ego sarmal © {ese mao eon em lps, satomase companti. Alm dis questoes que sugiriam imeatamene (por que diab esse Saigo sltesntvo intrvi? Em qs ahs como ess falas © produsivian?},o problema & 0 sepuint: Lacan nunca falo {ue incnslente€ eta como uma lingua cl flo ge inconseae € etrturado somo uma lnguage, € mo dee feat. Lacan graimente pa suas palaras aba perfeiamente agen quce dior lingua ¢ pala, ego Fas'e ye Lacan propos o inconsdens exrtirado como uma Tingngeon «pict coisa queso quer duct € que o incon ‘inte fat nfo qe 0 incomes seja um pedago do codigo, or 0 gud, que le fas? Gus incon ‘sje do suelo ue ft! em on {tas paliasosnconsint € ugar de uma enaniagi io que quer zee “yinconscieme € etrutrado como tama lingagi 6 gue toque seabo de eau, evdentemen- te €tambm problemi, porgu, se voetschecem um pouco A lng, ao perguntarme: em que seatdo voce entende 0 “jlo da ehunciagan"? O seto da enuncog, vosts saber 0 qc 6 osujlto que fala, qu produzo enuncado, ditto ent {Bsjto gramatcal o toga do enuncnd, Se fab estamos Sul teuidoss sate" € tho do mea enncada, mas osjeto an enuncagzo vou "cu, O seta da cnundagionio 6s expres So pelo prowome pessoal da pera pesca mas também por tine sere de clemestou da ingugem gue suo Toes da enta- “bso comuadors sho Benenit, wm noida que taba- thou om Lacan, esceweu um text famoso sobre os proms de peso este oss, ua tex importante parses pana FStac Ui sera lament na nguagem que far referencia to site da enucigo, Pr exemplo, eeu fo “ago Ste “agra” dente ama temporaiade ques ee ncn a0 momento no qua stu fare nto “agr Ther perq dents, dito tmp da mink pia fal, Mas sec gue 6 dese sito enuncingSo que Lacan es faiando, quando cle insite, tanto no comego Jo Seino XI “Posgi do inconscint”, sobre tgp indsecel etre 0 icoscente © 9st lo incosceae coma rete da enn Caio? Acho que ce fla de algo dierent do que se reconhece Com sujet da enuncasso do pont de vst linghistio. Ha um ‘semplo bonita que Lacan noe dno Semindno Xf, credo m0 Sgn apt, ea fase eu teu ts ios Pat, Rober. toe Ea" Euma frase mit interesante do pont de vista do i. Jeo dx enuncngzo. Oso examplo do que seria tm shiter da ‘uncagio inconccate aio algumas construc bem espesi- ‘5, foram explctadar mama monsmenalgramica di sn Irancean gue Lacan moncions, ma gramstcasdiirSvel cx ‘ita por um gist eum psicslogo que chaman se Damoure ‘ratase do fenimeno repint: quando se fal em He crains quil ne vcone", «taduglo € “rece que ele soa. Se qutese der “receio gue ele nio ven", neris je ‘ais quite cone par x6 que quando voc afrma is n0po- Sv, “recio gue vena” Ge rains quil me iene) pi Date da ngasto francesa (one da ngagio "ne par) perms ‘ee, como se fldsscnon algo parecilo a “rocco ue nfo vena” fra querer dior “recin qc senha. Unt francés etende per Tetamente do que se tata, pois fea a na fre, um nica do go qoe ler aca uma retagio fantnmade antecpads do due gente est querendo (que el no vena) Lacan asinal i $S'eamo sendo um tipo de sift, de adie da cuanto da qual sleet fan, ‘A questo que cola iia de um ajt inconsciete da cnunciaghoaquem do sutoHngoisico da enuncagi, part Staialcanian, eta constetemente presente Sede una crt forma, carkatoralmene, wn snaliaeudinng xara se perpen (ando sobre o que o pacientes ero, um anata Isaniana ‘sala costntomeste se prgunanda de onde lee flan. Por is, embora ew clea sajndo.e moran no Brel a {gm emp sempre paece-meterilmente bral ato de que jostamente quem liga perguat: "De onde fala”. Bama cas Que deizarame num estado de sfanise bjt, pore, dere Tent, um dsconheido parca pergunlarve a ass mals fa ‘ma dy mina pessoa: de onde que eu alo? As primeiras vezesda- ‘a respostasagressvas do tipo: "Mas de onde fala voc? Mas & ‘voce quom esta ligasdo”. & um fato cultural interessant; na Eu- ‘ropa nnguém pergua iss. A prin cola que alguém que = fila: “Aga € flan, Few queria false com icra” No Brasil & So contro: “Quem fala?” ou “De onde fal”. As minha ro. posts produziam wm efeitoeseanbtsin, porque eu nio qeria tntender nto, por exempla eu esata em Porto Alegre alguém Tigavame: "De onde fala”, en respondia: “De Porto Alegre". [Era comico mas me defends de uma peeguata volta FEntio de quo sueito tatase nese sujet da enunciago i ‘onscente?Infelimente, nfo se dsp, por um mistéio que €u nto me explico, na wadagio das Eset de Lacan, de wm texto ‘apial no ensin laanano gue € 0 texto sobre “O estado do es- petho como mecanismo formador do ‘eu. As {tatase do estado do esplho como mecanismo formador do ‘fev, que nfo tem mada 8 vee com 0 “ew” no sentido de “eg0". Em francés 0 que nos chamamos de "eu", no sentido de "290", 6 ‘yeare case ajeilo da enuncagso, agente io falaria. Este sujelto hiio€ que essa falando alg, cle € a condcdo para qu qualquer tm fale algo. Se eu nfo fose animado pelo meu sujeito do in constent, pelo meu sueito da enunciagio, nko conseguir falar fgora;ndo € 6 quando eu you acabarfazeado um lapsus, que & inevitivel, no 6 26 af que este sujet flaria por cima de mim: € 4 medida aa qual eu flo, que esse sjeito es falando em mim, sth mesmo, dria, sustentando a minka fla, e na minha fala 3 io que ev e0u produzindo €justamente 0 que cella 0 Tar do qual ca flo, de onde estou flan. ‘Exa hipstete tom uma serie de consequncaseiica ¢ét- ‘as importantes, assnaloras imeditamente. Se o sujito do qual fertou falando, que far com que eu fale, se este sueito também €0 tea do deteo, este sujeto desea, mas nfo desea ago; sabe-se ot “lacaniano”, ali, desejar 6 um verbo intrasitvo. Quer ‘que se exlow peindo cerejas, o problema ni & que, pedi to iso, eu eteja pedindo oura cols, pois o deseo inconscente tafo € deseo de algo eaqucido, de algo pribido recalcado, sobre ‘qui eu produit a mentra manifesta do meu desej de cer jas Nada dcr ge ou deseo cerejas,€ cerejas mesmo, no por {que 0 meu deseo inconscienteesteja querendocerejas, mas por Se, se deco cerejas,€ porque o meu desejo inconsciente ets Ststentando este dejo, um fato importante do pono de vista ‘lini, A distingdolatente/manifeto € uma dsingso pouco la coniana, Lacan, mas suas supervises, quando alguém chegava © comentaa! “o paciente dist asim e eertamente queria dere Sado, respondha geralmente que a nica eusa cela € que no fraasadn que opadiente flora Eno, o deseo engtanto (al 6 ‘que expreset-se em todas at minhas demandas, seja o qu for @ fue vo procurando na vida, de qualquer forma deseo anim fetonimia dos meus objetos. Desse ponto de vila quest? & Itansformagio do mundo, cu um earro nove, no é diferente. O problema € querer, ¢s0 existe uma ética do deseo, nfo € una ‘hea do descjo de carro nova ede cerejas, 6 una éica do queer, 0 die mio querer alguna coisa, o dif € querer sofa jus tamente com que aétca da picandise no sea dejeito enum redael a win forma qualgier de moral, pis € uma tea do de- fej nd de tal desi. ‘Se evoea frequentemente que a éica psicanalitia, segundo Lacan, se enunciaia “precisa mio desir do pepe deseo. Se 1 ica da picanlie se formulae assim, ceria um imperaivo ‘super egiie, ov se, alia coisa que a picandie pode peo. dur como éica, © que Lacan fala € que "a Unica culpa que a ‘sane reconhece seria ter dessa do prépria dese” Tso ‘Blo que der que € culpa se resignar a ao term eatro now ou ‘cama matcrna ou outa cosa ainda que, quem sabe, 20 fim de ‘uma andlise eu Finalmente saberiao que é, nada disso: talez 20 fim da andlise ev possa me permite desea itivament). Volando as consideragieselncas que fazia antes, sabemes pet feiumente quanto este pedida de analise que comega com Us “ou gostaria de saber algo mais sobre mim" se completa assim: “und vez que eu soubesse, eu podera tomar algumas decisis", sabemos quanto este comeso de andlise promete as piores ine bight Esta posigio, aber 0 que se desea para depois poder fart, x6 diiculta desejr. Pongue o deseo mo € algo suscetivet de um saber © desejo€ um exerccio sem saber eo dif € con- ‘sept des. Posso arescentar uma coisa para que iso apenas fique mai lara, Voeds se Tembram,cortaments, que em A inerpretacao dot Sonos Freud esereve que qualguer sono sempre seis wa 23. Teagio do desejo. Iso parece facil quando se considera ce 80 os abcinatGrios das criangas, nos quais quem ests com fome slucina unm sorete de eden certo, um sonho realize wm dese- jo. Mas fica muito mai complicado quando um sonho no & ds- fe tipo, nio 6 aluciaatrio do objeto querid, © que ¢ extrema sents freqlente. Mas Freud mantém ato im esa ia do 0 tho conto sempre sendo a realizao de um deseo. Como cnt fondo aria ainpuc a valzagao de win deseo? Se aveiragfo tk deseo ¢ poder desear, que desc possaenuncia-se,€j4 0 aque orealiza ‘Ainda tenho que aresceatar duas cosas. A primera & a se- ‘inte: ndo di para eonceber este sujito do aconsceate do qual ‘sto flando como uma eatidade ontolées, tanto menos que & tr suelo evanescent, Por que? Se contegui ferme entender 6 ag, ese suelo € algo que existe A medida em que 0 sig- niente sepeeseata, a medida na qual fal, ¢ € jstamente & fodida na qual fala que cle js desapareceu. Porque de repeate fo é mais el, 60 significante que o tepeesena, ent este Sujet to€ uma puss, (© segonda ponto, mss importante tale, € una questo: no ‘que esse sujeitoinconsccnte seria diferente de um sujet rans Cendental do ponto de vista da fenomenologia? Pois © que fle aqui, sereio. que sea computivel com uma rescritura das ‘Mdiagiesearesianas que foram justamenteetadas ontem. A die ferenga se entende ter passando por um outro leit mtive It ‘nino: "um sigaifieante foresenta um suelo para um ouleo Slenifcante™ Um oso ignifcante, o que €? Um outo signif ante 6mm outro sj, Em outraspalaras,o suit do incons- ‘Sento €certamenteo hogar de onde sso fala, quer dizer, esse lu fat de onde sueito enancia, mas este sujeito nfo est falando orinho, ele est flando om uma rede com outros sujetes. Sa bese que paca Lacan ofnconsiente €“Uransubjetivo™ Ale acre dito. que, mums Ieadagso portuguesa, deveriames dizer que & Uransastbjetino, radusio que o proprio Lacin ia gosta, ex tment O sijelo da nconsiont da ual falamos ébem o hogar "de ene fal" mas i ala para algém e com alguém. A enu clagio inconciente nfo € s6 um lugar de provenienca ocllado pela signicagho peodusida. A medida mesma na qual iso fal, Tmediatamente desenka uma rede de lugares de iaerlocugo, ‘quer der, de lugares com os quais se estéflando, rede que & propriamente wma err inconseoe. Dt ax guests la ‘het vray, no a6: onde amas amb com que” para quem "contra quem” ete. Desde gue ofl, edi tant tm mapa desesase, um pa no gual sje et fa Tando numa transabjetvidae com eco uma rede de otros Fits (abn inconcint). ‘Oinconsciente de pene no seria x6 osujeita que fla ~ a sua enuncngio ~ mas @ gro de subjetividade com 0 qua le ste organi. Esa estrutira € 0 que poseriamos considerar Como senloo ncomciete do sujet Sera que € alga cia, Slgum “sr, sr que tem um stato ontop? Se podera dr Jer som efeto que 0 inconsient lacaiana assim conechido tem tm atta onteligen, € uma crt forma de memoria: tina enunciagio.~ a do descjo ~ que se produz num gafo de n= tclougho transanbjetva diernte do" gafo conte, por ‘xp, pensar que estou flando com vets de ato a minha oundagi ets fando com © no Out, aetoreano-me de tal trag do meu a6 paras, endergendorme 40 pe assim em seguida ‘Ace, com Lacan, que “ett dio do nconcinte 6 fg pots iconecens aim dtnid como graf de usa tramasabeiidade onde aprees 0 sujet, € algo par er rel ado, O que kao quer dizer? E uma osio qe nor sacs da fia da cura estrausina amb a € una posiso Fencocnligiea, pis "para realizado” no tom naa de ede co Ese “para se caliado”€ uma questi te nica, ‘Ouaedo Lacan aponts, no mesmo ext, "Pdtes do noms iene", qe anata far pate do conceto doesent, ee ts inca que'0 lncnsient te tala na cra Nada aa de Aa erto que som seta eedian, oops, por exempo, tuca tra cada seu eau de acdc par ctr Cams formagao do inconscientc. ™ Em outs palairas, 6 cca fala cdo ansltaque cae am a responds de devolves o pacts a0 hear ans Ssbjtve de sua enuncagsoiconeiente (ond aa esta, ob ‘ho que adhe) Por sina, esa deolugao € 4 chince de uma ruse atervengi traps cient, pis 0 mapa da tana a Oo INCORSCIENTH: YAS subjtvdade nfo podria ser modifica, por marginalmente que ‘jn, ano ser na sa realizagio, “Talver cotendase agora porque o titulo “Lacan no incon cienle” teria me parecdo mais adequada, se € verdade. qu, mesmo no seu ensino, Lacan nunca dexow de procirar mais os fetes posies desta realzagio, do que 4 (ansmissio de uma dboutrinn SOBRE OS AUTORES 4 Felicia Knobioch ~ Psieslogn som formasio icanaltica, Profesora da Faculdade de Psicologia da PUC-SP, Mestran dix em Psicologia Clinica da Pos ~ PUC-SP, (© Moa Lucia Cacciola ~ & professora do Departamento de Filosofia da Universidade de Séo Paulo, Sua disetagio de Mestrado versa scbre as relages ent 0 pensamento de Schopenhauer ea rtica da Raaso de Kant A tee de Douto ranicnto desenvolve a questo do dogmatismo tendo er vista 2 filsoia de Schopenhauer. Publicou uma tradusio do texto de Schopeatauer, attulado “Crkica da flosofa kantiana, © ‘stgae sobre Nietzsche e Schopenhaver, © Scartet Maron. ~ E meste em Filosofia pla Sorbonne & outers pelo Departamento de Fosotia da Universidade de ‘So Paulo. £ professors de Filopoia Moderna © Contem pordnea nese mesmo Departamento. Escrcveu Nitiche das orcas ebsmieas aoe valores humanor (195) ¢ Niesche (Cal Encanto Radical, 1982) © orpunizou Niezsche hoje? (1988), todos edtados pela Brien, Pblicou, ainda, artigos er os e revistasespecializadas, seado os mais sigiiatvs: “Notas sobre a vida — Reflexes sobre este conceit, em [Nictsthe” (in ANATS DA ANPOP, Vel. 1, 1, 1986), "Pou

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