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A palavra superstição tem a ver com estar acima, sobreviver, ficar

em pé sobre algo (religioso); pode também significar vidente ou profeta.


Podemos trazer também duas palavras que podem juntar-se: sorte e
azar.
Os fatos a história nem sempre estão ao nosso controle, e
imaginamos ou cremos em elementos nos quais podemos controlar, ou
mesmo prever. Por isso as superstições não são lógicas ou racionais,
pois querem exercer o controle sobre algo que não está ao seu alcance.
Pode estar associada à fé, que tem elementos muito próximos. E a força
de uma superstição vem da fé que nela depositamos, e nas possíveis
coincidências que podem ocorrer.
Para o filósofo Spinosa, “O medo é a causa que origina, conserva e
alimenta a superstição.” A insegurança perante as adversidades da vida
transforma o homem em um ser vulnerável às superstições. O medo de
males futuros ou de não obter os bens materiais que almeja no
presente nutre a superstição, levando o homem a se tornar um
fervoroso devoto, dando assim origem ao abandono da razão.
Quanto ao mês de agosto não há nada que dê uma explicação
racional aos elementos agregados a ele como “mês do azar”.
O que pode trazer algum elemento é que, antigamente, em
Portugal não casavam em agosto, pois era o mês que os navios
zarpavam em busca de novas terras, logo casar era arriscar ficar só,
sem lua de mel, ou ficar viúva muito cedo, dado que muitos navios
naufragavam. Como fomos colonizados pelos portugueses, essa
tradição veio junto aos navios e aqui foi ganhando novos significados.
Mas na Alemanha o mês preferido para o casamento era agosto.
Quanto ao Mês do cachorro louco, talvez venha do costume
francês, onde agosto era o mês preferido para férias. Os donos iam de
férias e deixavam os cachorros soltos; estes, por sua vez, para se
alimentar atacavam rebanhos dos vizinhos. Alguns cães acometidos
pelos ferimentos contraiam a doença da hidrofobia (raiva), que
contaminava outros cães e humanos. Por isso agosto mês do cachorro
louco.
Se olharmos para a História, há muitos fatos – negativos e
positivos – que ocorreram em agosto, como em todos os outros meses,
mas nenhum que se distinga a tal ponto que possa marcar a cultura de
maneira tão ampla.
Entre os que se destacam com maior intensidade:
- 24 de agosto de 1572, por ordem de Catarina de Médici, ocorreu o
massacre dos huguenotes.
- 6 de agosto de 1890, em Nova York, o primeiro homem foi
eletrocutado numa cadeira elétrica.
- entre os dias 6 e 9 de agosto de 1945, as cidades japonesas de
Hiroshima e Nagazaki foram destruídas pela bomba atômica.
Na Bíblia, não há nenhuma associação ao mês de agosto, até
porque seguiam um calendário lunar, com nomenclaturas bem
diversas (agosto é um nome latino que serviu para homenagear César
Augusto).
As religiões, em particular o catolicismo, pela sua expansão
mundial, sempre tentou suplantar os costumes que considerava
“pagãos”, dando a eles uma roupagem cristã, ou mesmo assumindo
alguns, mas ressignificando o costume ou crença. Mas mesmo aqui não
há nada que possa ser atribuído ao mês de agosto.
O que é interessante perceber é como algo na história motiva
uma crença ou superstição e ela ganha enorme força ao distanciar-se
da origem, a tal ponto que ao buscarmos a origem fica difícil de
identificar. Mas a distâncias, algumas coincidências, os costumes fazem
com que estes ganhem força e se tornam quase universais.
Agosto é um desses elementos.

Prof. José Antonio Mangoni - Uepa

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