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VOLTA REDONDA
NOVEMBRO/2012
2
Volta Redonda – RJ
Novembro/2012
3
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________________________
Prof. D.Sc. Alberto Paiva – Orientador
UFF
_____________________________________________________
Prof. D.Sc.
UniFOA
_____________________________________________________
Prof. D.Sc.
UniFOA
Volta Redonda – RJ
Novembro /2012
4
RESUMO
ABSTRACT
Rotational systems are widely applied in several equipment involving power or displacement
transmission. Despite of the broad literature concerning this subject, the dynamical analysis of
this kind of system still motivates scientific research and technological investment in different
knowledge areas. Among several malfunctioning problems presented by rotational machines,
undoubtedly, the most common is related to rotor unbalance, which induces vibrations in the
system – most of the times – undesirable. The present work deals with the dynamical analysis
of a rotational assemblage that consists of an elastic shaft simply supported by frictionless
bearings with an unbalanced rotor asymmetrically mounted. The physical model considers a
one-degree of freedom linear discrete system. Numerical simulations are performed for the
following cases: free vibration and forced harmonic and non-harmonic excitations. The
computational code for solving the resulting differential equation of motion is implemented in
an open-code programming language, using the fourth-order Runge-Kutta method. At last, a
tuned passive absorber is specified for a previous resonant case.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO _______________________________________________________ 15
1.1. Organização do Trabalho ____________________________________________ 18
2. EMBASAMENTO TEÓRICO E MODELAGEM DO PROBLEMA ______________ 20
2.1. Análise Estrutural __________________________________________________ 21
2.2. Análises Cinemática e Dinâmica ______________________________________ 30
3. SIMULAÇÕES NUMÉRICAS PARA O SISTEMA ROTATIVO ORIGINAL _____ 38
3.1. Cálculos para Dimensionamento do Sistema _____________________________ 39
3.1.1. Discussão dos Valores Calculados _______________________________ 42
3.2. Simulações Numéricas para Casos de Vibrações Livres ____________________ 44
3.3. Simulações Numéricas para Casos com Forçamento Harmônico _____________ 49
3.4. Simulações Numéricas para Casos com Forçamentos Não-harmônicos ________ 54
4. ANÁLISE DO SISTEMA ABSORVEDOR _________________________________ 60
4.1. Discussão sobre Controle de Vibrações _________________________________ 60
4.2. Formulação de um Absorvedor Passivo de Vibrações _____________________ 63
4.3. Resultados Numéricos para o Absorvedor Aplicado ao Sistema Rotativo ______ 68
5. CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS _____________ 73
5.1. Sugestões para Trabalhos Futuros _____________________________________ 74
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ________________________________________ 75
7
LISTA DE FIGURAS
Figura 12: Detalhes dos resultados obtidos para vibração livre sem amortecimento.
(a) Diagrama u × t ; (b) Diagrama u& × t ; (c) Diagrama u&& × t .
Figura 13: Vibração livre (sem forçamento) com amortecimento. (a) Evolução temporal do
deslocamento (diagrama u × t); (b) Espectro de frequência (diagrama A × f);
(c) Espaço de fase (diagrama u × u& ); (d) Detalhe do espaço de fase.
Figura 14: Vibração forçada com amortecimento para Ω ≠ ω. (a) Evolução temporal do
deslocamento (diagrama u × t); (b) Espectro de frequência (diagrama A × f);
(c) Espaço de fase (diagrama u × u& ).
Figura 17: Vibração forçada com amortecimento para ressonância (Ω × ω). (a) Evolução
temporal do deslocamento (diagrama u × t); (b) Espectro de frequência (diagrama
A×f) (c) Espaço de fase (diagrama u× u& ); (d) Detalhe do espaço de fase
LISTA DE TABELAS
LISTA DE SÍMBOLOS
Cn Constantes de integração
E Módulo de Young
L Comprimento do eixo
M Momento fletor
I
T
M
Matriz de transformação do SR I para o SR M
11
M
TN Matriz de transformação do SR M para o SR N
V Esforço cortante
VR Volume do rotor
C aG
Vetor aceleração linear relativa do ponto G com respeito ao ponto C
d Diâmetro do eixo
f Frequência
g Aceleração da gravidade
h Espessura do rotor
m Massa do rotor
mA Massa do absorvedor
r Raio do rotor
C vG
Vetor velocidade linear relativa do ponto G com respeito ao ponto C
13
θ Declividade
σY Tensão de escoamento
1. INTRODUÇÃO
chegar, em alguns casos, a ser da ordem de toneladas, de tal forma que um colapso ou até
mesmo uma pequena falha seriam potenciais causas para um acidente.
A análise dinâmica de sistemas rotativos teve grande impulso após o famoso trabalho
de Jeffcott (1919), que propôs um modelo que apesar de simples é capaz de capturar de
maneira consistente o comportamento dinâmico de sistemas deste tipo. Este modelo considera
um sistema discreto com dois graus de liberdade (correspondentes à translação do rotor no
plano), linear por partes, onde o impacto associado à transição abrupta entre os dois
comportamentos (antes e após o impacto) introduz uma não-linearidade geométrica no
sistema dinâmico. A Figura 1 apresenta uma representação esquemática do modelo físico
associado a este sistema.
cR kR
Mancal
y
cM ρ kR
m
Ω O x
kM γ cR
Rotor
kM cM
Ainda nos dias de hoje, o modelo de Jeffcott tem inspirado diferentes aplicações e
pesquisas nesta área. Para exemplificar a versatilidade do modelo proposto por Jeffcott,
apresenta-se, a seguir, uma breve revisão de literatura sobre o tema. Schweizer & Sievert
(2009) estudaram as interações dinâmicas de uma turbina automotiva, modelando-a
numericamente como um sistema rotor-mancal e analisaram as respostas não-lineares
provenientes do desbalanceamento no rotor.
Um outro fenômeno incoveniente decorrente do desbalaceamento de rotores refere-
se aos contatos indesejáveis entre as partes rotativa e estática do conjunto (fenômeno
conhecido em inglês como rubbing), gerando atrito entre o rotor e o mancal. Os impactos
envolvendo o rotor e o mancal introduzem não linearidades no sistema que resultam em
17
a médio/longo prazo uma grande economia para as empresas. Vale ressaltar, também, a
crescente demanda por profissionais especializados em vibrações tanto no mercado nacional,
como no exterior. Sendo este tipo de mão de obra ainda extremamente escassa, abre-se, com
isso, um campo muito promissor para engenheiros que desejem se especializar neste campo.
O presente trabalho aborda a análise do problema dinâmico de desbalanceamento em
um sistema composto por um eixo elástico apoiado sobre mancais (o eixo pode ser
considerado uma viga bi-apoiada) que possui um rotor montado de forma assimétrica
(deslocado do ponto médio do comprimento do eixo), submetido a um desbalanceamento.
Além disso, especifica-se um absorvedor passivo de vibrações, para um caso onde,
inicialmente, havia ressonância.
Visando a modelagem do sistema dinâmico rotativo, inicialmente, tem-se uma parte
analítica responsável pelos seguintes pontos: análise estrutural do eixo, análise cinemática e
dinâmica do rotor e dimensionamento do sistema. De posse da formulação matemática do
problema, apresentam-se simulações numéricas para os seguintes casos: vibrações livres,
visando a validação do código computacional implementado; vibrações amortecidas com
forçamento harmônico e vibrações amortecidas com forçamentos arbitrários e periódicos não-
harmônicos. Depois, trata-se do dimensionamento do absorvedor passivo, para o qual são
apresentadas simulações numéricas, demonstrando a sua eficácia. O código computacional
para a resolução da equação diferencial ordinária de movimento do sistema é implementado
em linguagem de programação aberta, utilizando o método de Runge-Kutta de quarta ordem.
B
y Ω
O sistema rotativo é composto por um rotor desbalanceado que gira com velocidade
angular Ω constante e está solidário ao eixo A B que é suportado por mancais de rolamentos
(por hipótese, desconsidera-se o atrito nestes mancais) nos pontos A e B, considerados fixos
com respeito a um referencial inercial. O Sistema de Referência (SR) mostrado na figura é,
portanto, um SR inercial que será denotado por: SR I (x, y z).
L
a b
G d
e
A B x
O≡C
r
d4w
E I zz = q ( x) (1)
d x4
⎧ d3w Pb
⎪E I = para : 0 ≤ x ≤ a
⎪ d x3 L
V ( x) = ⎨ (2)
⎪ d3w Pa
⎪ E I 3
=− para : a ≤ x ≤ L
⎩ dx L
⎧ d 2 w Pb
⎪ E I = x + C1 para : 0 ≤ x ≤ a
⎪ d x2 L
M ( x) = ⎨ (3)
⎪ d2w Pa
⎪ E I 2
=− x + C4 para : a ≤ x ≤ L
⎩ dx L
⎧ dw Pb C
⎪ = x 2 + 1 x + C2 para : 0 ≤ x ≤ a
⎪ d x 2E I L EI
θ ( x) = ⎨ (4)
⎪ dw Pa C
⎪ =− x 2 + 4 x + C5 para : a ≤ x ≤ L
⎩ dx 2E I L EI
⎧ Pb C1 2
⎪ 6 E I L x + 2 E I x + C 2 x + C3 para : 0 ≤ x ≤ a
3
⎪
w ( x) = ⎨ (5)
⎪ Pa C4 2
⎪ − 6 E I L x + 2 E I x + C5 x + C 6 para : a ≤ x ≤ L
3
d2w
na extremidade x = 0 (ponto A): w ( x) x =0
=0 e M ( 0) = E I =0
d x2 x =0
(6)
2
d w
na extremidade x = L (ponto B): w ( x) x =L
=0 e M ( L) = E I =0
d x2 x =L
24
Pb
M (0) = (0) + C1 = 0 ⇒ C1 = 0
L
(7)
Pb
w (0) = (0) 3 + C 2 (0) + C3 = 0 ⇒ C3 = 0
6E I L
Pa
M ( L) = − ( L) + C 4 = 0 ⇒ C4 = P a
L
(8)
Pa Pa P a L2
w ( L) = − ( L) 3 + ( L) 2 + C 5 ( L) + C 6 = 0 ⇒ C 5 ( L) + C 6 = −
6E I L 2E I 3E I
Pb Pa Pa P a2
(a ) 2 + C 2 = − (a) 2 + (a) + C5 ⇒ C 2 − C5 = (9)
2E I L 2E I L EI 2E I
Pb Pa Pa
(a ) 3 + C 2 (a ) = − (a) 3 + (a ) 2 + C5 (a ) + C 6
6E I L 6E I L 2E I
(10)
P a3
⇒ C 6 = (C 2 − C5 ) a −
3E I
De posse das relações encontradas nas Equações (8), (9) e (10), envolvendo as
constantes C2, C5 e C6, encontram-se os resultados para as constantes que faltavam, conforme
a seguir:
25
C2 = −
(
P b L2 + b 2 ) C5 = −
(
P a 2 L2 + a 2 ) C6 =
P a3
(11)
6E I L 6E I L 6E I
⎧ Pb
⎪ L x para : 0 ≤ x ≤ a
⎪
M ( x) = ⎨ (12)
⎪− Pa x + Pa para : a ≤ x ≤ L
⎪⎩ L
⎧ Pb 2
(
⎪ 6E I L 3x +b − L
2 2
) para : 0 ≤ x ≤ a
⎪
θ ( x) = ⎨ (13)
⎪ Pa 2
(
⎪ 6E I L −3x + 6L x − a − 2L
2 2
) para : a ≤ x ≤ L
⎩
⎧ Pb 2
(
⎪ 6E I L x +b − L x
2 2
) para : 0 ≤ x ≤ a
⎪
w ( x) = ⎨ (14)
⎪ Pa 3
[
⎪ 6E I L − x + 3L x − a + 2L x + a L
2 2 2 2
( ) ] para : a ≤ x ≤ L
⎩
As respostas para a deflexão w (x) dada pela Equação (14) e para a declividade
θ (x) dada pela Equação (13) estão apresentadas nas Figuras 4(a) e 4(b), respectivamente.
(
P a L2 − a 2 )
Declividade (rad)
0
Deflexão (m)
6 EI L
0
( )
3
−
Pb L2 − b 2 2
P a 2b 2 −
(
Pb L2 − b 2 ) L2 − b 2 3
9 3 EI L L −b 3
2 2 −
3 EI L 6 EI L
0 a L 0 a L
x (m) x (m)
(a) (b)
Figura 4: (a) Resposta para deflexão w (x ) × x;
Além disso, são apresentados nas Figuras 5(a) e 5(b) o Diagrama de Esforço
Cortante (DEC) associado à distribuição de V (x) dada pela Equação (2) e o Diagrama de
Momento Fletor (DMF) associado à distribuição de M (x) dada pela Equação (12).
Momento Fletor (N.m)
Pa
0 −
L
0 a L 0 a L
x (m) x (m)
(a) (b)
Figura 5: (a) Diagrama de esforço cortante V (x) × x ;
FR P 3E I L
k EQ = = 2 2
= 2 2
u EST Pa b a b (15)
3E I L
A situação mais crítica ocorre quando a deflexão estática u EST devida ao peso se
y y
– σ xx D
O z O z
FC P
σ xx
(a) (b)
Figura 6: (a) Diagrama de corpo livre;
(b) Distribuição de tensão normal na seção transversal da viga.
de Hooke, que prevê um comportamento linear para sólidos elásticos isotrópicos, tem-se:
σ xx = E ε xx . De acordo com a teoria de Bernoulli-Euler (Crandall et al. 1978), a tensão
Mz y
σ xx = (16)
I zz
28
onde: y denota a distância do ponto em que se deseja avaliar a tensão à linha neutra, enquanto
o momento de inércia de área I zz é dado por: I zz = ∫ y 2 dA . Para o presente problema,
A
P a b d P a b d P a b d 64 32 P a b
σ xx = = = = (17)
IL 2 2I L 2L π d 4
π Ld3
Como a viga está sujeita a dois tipos de solicitação: o peso do rotor e a força de
inércia provocada pela força centrífuga FC oriunda do desbalanceamento do rotor. Para
analisar a evolução temporal das tensões induzidas por estas duas solicitações, considere o
ponto superior do diâmetro vertical da seção transversal da viga em x = a (ponto D da
Figura 6b).
Note que a força de inércia induzirá uma tensão de magnitude constante, uma vez
que, à medida que o conjunto (eixo e rotor solidários) gira, o sentido da força se inverte; no
entanto, o deslocamento também se inverte. Como consequência, a fibra superior mais
externa que contém o ponto D permanece sempre comprimida, conforme a Figura 7(a).
Com relação à força peso, ela está sempre no sentido negativo da direção y e,
portanto, com a rotação do eixo, a fibra superior mais externa que contém o ponto D
experimenta, ora tensão trativa, ora tensão compressiva, conforme a Figura 7(b).
A superposição destes efeitos, conforme a Figura 7(c), gera uma tensão alternada σA
com um comportamento senoidal em torno de uma tensão média σM , que pressupõe uma
faixa de oscilação σR , definindo assim uma tensão máxima σmax e uma tensão mínima σmin .
Conforme já ressaltado, a tensão é máxima quando a contribuição dos efeitos das duas
solicitações se superpõem; ou seja, quando σxx = σmax .
29
σR
0
σmin
σM
σmax
0 Tempo (s) 0 Tempo (s) 0 Tempo (s)
A rigor, a alternância da tensão induzida pela força peso sugere um estudo de fadiga
no eixo. No entanto, conforme será constatado na sessão de simulação numérica, onde serão
atribuídos valores aos parâmetros, a magnitude de oscilação desta tensão é pequena,
comparada à tensão constante induzida pela força de inércia. Desta forma, descarta-se a
análise de fadiga e adota-se apenas um coeficiente de segurança a ser aplicado à tensão de
escoamento σY , como critério de projeto.
Retomando a análise do máximo deslocamento dinâmico que pode ocorrer na viga
em x = a, utiliza-se a Equação (17), onde, agora, a força considerada não é mais apenas o
peso e, sim, o peso mais a força restituidora FR , que, para o caso dinâmico, será dada por:
FR = k EQ u , tal que u é o deslocamento do C.G. do rotor. Para avaliar FR , utiliza-se a rigidez
equivalente, obtida na Equação (15) e, por fim, redefine-se a tensão de escoamento σY,
aplicando-se um coeficiente de segurança FS ao valor tabelado: σ 'Y = σ Y FS . Para uma
condição limite, para que não haja escoamento do material do eixo, segundo o critério de
projeto adotado, a tensão normal é dada por: σ xx = σ 'Y , enquanto o deslocamento u é o
⎡ ⎛ 3E I L ⎞ ⎤
⎢ P + ⎜⎜ 2 2 u ⎟⎟ ⎥ a b d
σ 'Y =
(P + FR ) a b d
=
[P + (k EQ u MAX )] a b d ⎢⎣
=
⎝ a b ⎠ ⎥⎦ (18)
2I L 2I L 2I L
ab ⎛ 2 σ 'Y P a b ⎞
u MAX = ⎜⎜ − ⎟
I L ⎟⎠
(19)
3E ⎝ d
30
vetor posição absoluta do centro geométrico do rotor que pertence à linha neutra da viga
estudada na Sessão 2.1. O vetor posição relativa C rG = e ( t ) define a excentricidade do CG
do rotor (ponto G) com respeito ao centro geométrico do rotor (ponto C). Sendo assim, o
vetor posição absoluta do CG do rotor denotado por r G = r G ( t ) é obtido pela soma vetorial
de R e e , conforme a seguir:
r G = r C +C r G = R + e (20)
y'
z ''
y
y ''
ey Ω
G'
e
φ z'
u
C ' ez
rG
R
ψ z
O≡C v
Rotação
Translação relativa
absoluta no negativa
I plano yz M na direção x N
(x, y, z) (x’, y’, z’) (x”, y”, z”)
SR inercial SR móvel SR móvel
solidário à solidário à
translação do rotação do
CG do cursor rotor
⎡1 0 0⎤ ⎡1 0 0 ⎤
I
T
M
= ⎢⎢0 1 0⎥⎥ e M
T N ⎢
= ⎢0 cos β sen β ⎥⎥ (21)
⎢⎣0 0 1⎥⎦ ⎢⎣0 − sen β cos β ⎥⎦
movimento de giro (em inglês: whirling) do eixo que suporta o rotor, definindo as
componentes vertical u e horizontal v, tal que:
⎡− β& ⎤ ⎡− Ω ⎤
⎢ ⎥
I
ωR = M
ω R = N ω R = ⎢ 0 ⎥ = ⎢⎢ 0 ⎥
⎥ e I
α R =M α R =N α R = 0 (24)
⎢ 0 ⎥ ⎢⎣ 0 ⎥⎦
⎣ ⎦
(Tenenbaum, 2006; Santos 2001) descrita no SR inercial I (x, y, z), conforme a seguir:
I
aG = I
aC + ⎡IωR ×
⎢⎣
(ω
I
R ) (
⎥⎦
)
× CI r G ⎤ + I α R × CI r G + 2 (ω
I
R × C
I
)
v G + CI a G (25)
conforme se segue.
circular com raio variável R (conforme Figura 8) em torno do ponto fixo O definida pelo
vetor r C . De acordo com as relações dadas pela Equação (22), r C é dado por:
33
⎡0⎤
I
r C = ⎢⎢ u ⎥⎥ (26)
⎢⎣ v ⎥⎦
I
Como a grandeza r C está descrita no SR inercial I (x, y, z), pode-se obter aC ,
CrG é mais facilmente descrito no SR N (x”, y”, z”) solidário ao rotor, onde sua descrição é
⎡ 0 ⎤
⎢ ⎥
N
C
rG =⎢ 0 ⎥ (28)
⎢⎣ e ⎥⎦
β = β ( t ) = Ω t + φ , tem-se:
C
I
r G =IT M
M
C
r G =IT M ( M
TN
N
C
)
rG =
⎛ ⎡1 0 0 ⎤ ⎡ 0 ⎤ ⎞
⎜ ⎢0 cos β ⎢ e sen β ⎥ ⎟ =
= T
I M
⎜ ⎢ sen β ⎥⎥ ⎢ ⎥ ⎟
⎜ ⎢⎣0 − sen β cos β ⎥⎦ ⎢⎣ e cos β ⎥⎦ ⎟⎠ (29)
⎝
⎡1 0 0⎤ ⎡ 0 ⎤ ⎡ 0 ⎤ ⎡ 0 ⎤
⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢
= ⎢0 1 0⎥ ⎢ e sen β ⎥ = ⎢ e sen β ⎥ = ⎢ e sen (Ω t + φ ) ⎥⎥
⎢⎣0 0 1⎥⎦ ⎢⎣ e cos β ⎥⎦ ⎢⎣ e cos β ⎥⎦ ⎢⎣ e cos (Ω t + φ ) ⎥⎦
34
I I
Por fim, avaliam-se as grandezas relativas C
vG e C
a G . Como o rotor é
considerado rígido, não existe movimento relativo entre dois pontos do corpo (deformação),
quando C
I
v G = 0 , não há aceleração de Coriolis correspondente ao termo 2 (ω
I
R × C
I
vG )
da Equação (25).
I
aG = I
aC + ⎡IωR ×
⎢⎣
(ω
I
R )
× CI r G ⎤ =
⎥⎦
⎡ 0 ⎤ ⎧ ⎡− Ω ⎤ ⎛ ⎡− Ω ⎤ ⎡ 0 ⎤ ⎞⎫
⎪
= ⎢⎢ u&& ⎥⎥ + ⎨ ⎢⎢ 0 ⎥ × ⎜⎢ 0 ⎥ × ⎢ e sen (Ω t + φ ) ⎥ ⎟⎪
⎥ ⎜⎢ ⎥ ⎢ ⎥ ⎟⎬ =
⎢⎣ v&& ⎥⎦ ⎪⎩ ⎢⎣ 0 ⎥⎦ ⎜⎝ ⎢⎣ 0 ⎥⎦ ⎢⎣ e cos (Ω t + φ ) ⎦⎥ ⎟⎪
⎠⎭
⎡0⎤ ⎛ ⎡− Ω ⎤ ⎡ 0 ⎤ ⎞ (30)
⎜ ⎟
= ⎢⎢ u&& ⎥⎥ + ⎜ ⎢ 0
⎢
⎥ × ⎢ Ω e cos (Ω t + φ ) ⎥
⎥ ⎢ ⎥ ⎟ =
⎢⎣ v&& ⎥⎦ ⎜⎝ ⎢⎣ 0 ⎥⎦ ⎢⎣ − Ω e sen (Ω t + φ ) ⎥⎦ ⎟
⎠
⎡0⎤ ⎡ 0 ⎤ ⎡ 0 ⎤
= ⎢ u&& ⎥ + ⎢ − Ω e sen (Ω t + φ ) ⎥ = ⎢ u&& − Ω e sen (Ω t + φ ) ⎥⎥
⎢ ⎥ ⎢ 2 ⎥ ⎢ 2
considere o diagrama de corpo livre apresentado na Figura 9(a), que considera apenas as
forças na direção y vertical que é a direção de interesse para a análise do problema. Como a
análise está restrita apenas a uma direção, as forças serão tratadas como grandezas escalares.
Neste DCL, FR é a força elástica restituidora imposta pelo eixo ao rotor e FD é uma
força de dissipação linear, introduzida para contemplar o amortecimento estrutural intrínseco
do eixo. Cabe destacar que a força peso do rotor P se anula com uma pré-tensão no eixo dada
por: FR = k EQ u EST e, por isso, foi omitida do DCL. As forças FR e FD são definidas
conforme a seguir:
3E I L
FR = k EQ u = u
a2 b2
(31)
FD = c u&
35
y '' y '' aT
Ω Ω
G' G'
e aN
φ FR z' φ z'
C' FD C' e
(a) (b)
Figura 9: Análise dinâmica do sistema para uma condição perturbada.
(a) Diagrama de Corpo Livre; (b) Análise da aceleração do CG do rotor.
Outro ponto importante acerca das forças consideradas no DCL (Figura 9a) diz
respeito à força centrífuga FC. Como, durante a análise cinemática, já se contemplou o efeito
da excentridade e , através da parcela de aceleração normal de a G , não se pode considerar FC
na análise dinâmica.
Para elucidar esta questão, avaliam-se as componentes normal aN e tangencial aT da
aceleração do CG do rotor, conforme a Figura 9(b), definidas, respectivamente, como:
Note que a decomposição de aN na base M (x’, y’, z’) fornece exatamente o resultado
( )
obtido para o cálculo da parcela: ⎡ I ω R × I ω R × CI r G ⎤ na Equação (30), ou seja:
⎢⎣ ⎥⎦
⎡ 0 ⎤
⎡Iω ×
⎢⎣ R
(ω
I
R × rG
C
I
) ⎤ = ⎢ − Ω 2 e sen (Ω t + φ ) ⎥
⎥⎦ ⎢ ⎥ (33)
⎢⎣ − Ω 2 e cos (Ω t + φ ) ⎥⎦
36
De acordo com o DCL para o rotor mostrado na Figura 9(a), escreve-se a Equação
de Newton para a direção y.
n
∑ I
Fi = m I a G y
y
⇒ − FR − FD = m I a G y (35)
i =1
Substituindo os resultados obtidos nas Equações (30) e (31) na Equação (35), obtém-
se a Equação de Movimento para o sistema que assume a seguinte forma:
− c u& −
3E I L
2
a b 2
[
u = m u&& − Ω 2 e sen (Ω t + φ ) ] (36)
u = m Ω 2 e sen (Ω t + φ )
3E I L
m u&& + c u& + 2 2 (37)
a b
F =mΩ2e (38)
37
x F (t)
F (t) u (t)
m m
kEQ c
FR F D
(a) (b)
Figura 10: (a) Modelo físico equivalente; (b) Diagrama de corpo livre.
Para a solução da equação diferencial de segunda ordem dada pela Equação (37),
utiliza-se o Método de Runge-Kutta de quarta ordem. Para aplicar este método numérico, é
necessário reescrevê-la como um sistema com duas equações diferenciais de primeira ordem
acopladas. Para tal, considere a seguinte mudança de variável:
⎧u= X deslocamento
⎪
⎪
⎨ u& = X& = Y velocidade (40)
⎪
⎪⎩ u&& = X&& = Y&& aceleração
⎧ X& = Y
⎪
⎨ & (41)
⎪ Y = Ω e sen (Ω t + φ ) − m Y − m a 2 b 2 X
2 c 3E I L
⎩
38
Este capítulo tem como objetivo a apresentação dos resultados obtidos por meio da
resolução numérica da equação diferencial de movimento obtida na Sessão 2.2 para o sistema
rotativo original com 1 Grau de Liberdade (GDL). O capítulo está dividido em quatro
sessões, conforme a seguir.
Na primeira sessão, apresentam-se os parâmetros a serem utilizados nas simulações
numéricas e efetuam-se os cálculos associados à análise estrutural desenvolvida na
Sessão 2.1.
A segunda sessão é destinada à validação do código computacional implementado.
Para tal, simulam-se os seguintes casos: vibração livre sem amortecimento e com
amortecimento subcrítico.
A terceira sessão apresenta simulações numéricas para o caso amortecido com
forçamento harmônico (induzido pelo desbalanceamento do rotor), considerando-se três
casos: forçamento com frequência angular diferente da frequência natural amortecida, onde se
verifica um comportamento de período 2; forçamento com frequência angular bem próxima à
frequência natural amortecida, resultando no fenômeno de batimento e, por fim, forçamento
com frequência angular igual à frequência natural amortecida, o que ocasiona a ressonância
do sistema.
A quarta sessão considera, a título de curiosidade (pois não corresponde ao sistema
físico sob estudo), simulações numéricas para o caso amortecido com forçamentos arbitrários
e forçamentos periódicos não-harmônicos. São considerados os seguintes tipos de
forçamento: função impulso e função degrau como forçamentos arbitrários e função onda
quadrada e função dente-de-serra, como forçamentos periódicos não-harmônicos.
39
ρR =
m
VR
⇒ [( ) ]
m = V R ρ R = π r 2 h ρ R = π (0,100 )
2
(0,015) (7860) ≅ 3,704 kg (42)
O momento de inercia de área diametral associado à seção circular do eixo édado por:
π d4 π (0,015) 4
I zz = = ≅ 2,485 × 10 −9 m 4 (44)
64 64
σ 'Y =
σY
=
(250 × 10 ) = 200 × 10
6
6
Pa (45)
FS 1,25
• A tensão normal induzida pela força de inércia provocada pela foça centrífuga
FC oriunda do desbalanceamento do rotor (tensão média σM assinalada na Figura
7a da Sessão 2.1);
k EQ =
3E I L
=
( )(
3 200 × 10 9 2,485 × 10 −9 (1) ) ≅ 23.875 N/m (46)
2
a b 2
(0,510) (0,490)
2 2
=
P a2 b2
=
(36,336) (0,510) (0,490) ≅ 1,522 × 10 −3 m
2 2
u EST
(
3 E I L 3 200 × 10 9 2,485 × 10 −9 (1) )( ) (47)
u MAX =
ab
⎜⎜ − ⎟= −
(
⎛ 2 σ 'Y P a b ⎞ (0,510 ) (0,490 ) ⎡ 2 200 × 10 6 (36,336 ) (0,510 ) (0,490 ) ⎤
⎢ ⎥
)
3E ⎝ d I L ⎟⎠ 3 200 × 10 9 ⎢ (0,015)
⎣ ( 2,)485 × 10 −9
(1) ⎥⎦ ( ) (48)
u MAX ≅ 9,585 × 10 −3 m
Para o cálculo da tensão tensão normal alternada σA induzida pela força peso do
rotor, considere a Equação (17) reproduzida a seguir:
Para o cálculo da tensão normal média σM induzida pela força de inércia, considere a
mesma Equação (17) porém, agora, substituindo a força peso P pela força restituidora FR ,
lembrando que: FR = k EQ u EST , conforme a seguir:
σM =
32 FR a b
=
(
32 k EQ u MAX a b )
=
[ (
32 (23.875) 9,585 × 10 −3 )] (0,510)(0,490)
π Ld 3
π Ld 3
π (1) (0,015)3 (50)
σ M ≅ 172,6 × 10 6 Pa
42
De posse dos valores calculados, faz-se uma discussão a respeito dos resultados
obtidos.
Inicialmente, cabe destacar que o deslocamento total uTOTAL admitido pelo eixo em
x = a, para que ele não entre no regime plástico é dado pela soma do deslocamento uEST
induzido pela força peso (obtido na Equação 47) com o máximo deslocamento dinâmico
admissível uMAX induzido pela força de inércia. Portanto:
( ) ( )
uTOTAL = u EST + u MAX = 1,522 × 10 −3 + 9,585 × 10 −3 = 11,107 × 10 −3 m (51)
Para fazer uma vericação se este valor respeita a máxima tensão normal de projeto
σ 'Y , utiliza-se a Equação (50) porém considerando a força restituidora FR como:
FR = k EQ uTOTAL , conforme a seguir:
σ xx =
32 FR a b
=
(
32 k EQ uTOTAL a b)
=
[ (
32 (23.875) 11,1 × 10 −3 )] (0,510)(0,490)
π Ld 3
π Ld 3
π (1) (0,015)3 (52)
σ M ≅ 200 × 10 6 Pa
De acordo com o resultado calculado, a tensão normal que a viga experimenta para
um deslocamento uTOTAL = 11,107 × 10-3 m em x = a corresponde exatamente à máxima
tensão normal de projeto σ 'Y avaliada na Equação (45).
Esta verificação com respeito à máxima tensão normal de projeto σ 'Y também pode
ser feita, somando-se as tensões normais alternada σA induzida pela força peso do rotor
(obtida na Equação 49) com a tensão normal média σM induzida pela força de inércia (obtida
na Equação 50), conforme a seguir:
43
( ) ( )
σ xx = σ A + σ M = 27,4 × 10 6 + 172,6 × 10 6 = 200 × 10 6 Pa (53)
Com relação a estas duas tensões (σA e σM ), cabe analisar suas magnitudes, uma vez
que o critério de projeto para se estabelecer σ 'Y , assume, por hipótese, que a tensão alternada
σA que demandaria um estudo de fadiga no eixo seja pequena quando comparada a σM e σ 'Y .
De fato, para os parâmetros/propriedades adotados, esta hipótese é admissível.
Sendo assim, para a condição mais crítica, quando há a superposição (ver Figura 7)
do efeito da força peso (associado a σA) e da força de inércia (associado a σM) tem-se que:
( )
FR = k EQ u EST = (23.875) 1,522 × 10 −3 ≅ 36,338 N ⇒ P = 36,336 N (55)
De acordo com o valor calculado para FR, observa-se a coerência com o resultado
obtido para a força P na Equação (43). A pequena discrepância se deve a arredondamentos
efetuados durante os cálculos.
Outro ponto importante, concerne à magnitude da amplitude F da força centrífuga FC
que, de acordo com a Equação (38), é dada por:
k EQ c
tal que: ω = , 2ξ ω = e F = ω 2 f 0 , onde ω é a frequência natural angular do
m m
sistema; ξ é um parâmetro de amortecimento adimensional e f0 é a nova amplitude do termo
forçante que, agora, tem dimensão de comprimento. Estes novos parâmetros estão calculados
a seguir:
k EQ 23.875
ω= = ≅ 80,3 rad/s (58)
m 3,704
c 0,8
ξ= = ≅ 1,345 × 10 −3 (59)
2 m ω 2 (3,704 )(80,285)
F 3,704
f0 = = ≅ 5,746 × 10 − 4 m (60)
ω 2
(80,3) 2
ω (rad/s) ξ f0 (m)
80,3 1,345 × 10-3 5,746 × 10-4
(a) (b)
(c) (d)
Figura 11: Vibração livre (sem forçamento) sem amortecimento.
(a) Evolução temporal do deslocamento (diagrama u × t);
(b) Espectro de frequência (diagrama A × f);
(c) Trajetória no espaço de estado (diagrama u × u& × t );
(d) Espaço de fase (diagrama u × u& ).
u H (t ) = A cos (ω t − ϕ ) (61)
46
v02
onde: A = u 02 + = u 0 é a amplitude da solução homogênea, enquanto u0 e v0
ω2
correspondem às condições iniciais de deslocamento e velocidade, respectivamente. ϕ é o
ângulo de fase da solução homogênea que, para este caso, é nulo.
A Figura 11(b) mostra o espectro de frequência associado à resposta do
deslocamento. Para a sua obtenção, utilizou-se a ferramenta de transformada rápida de Fourier
(em inglês: Fast Fourier Transform – FFT) do próprio software traçador de gráficos.
Observa-se apenas um pico de frequência para aproximadamente f = 12,8 Hz . Este resultado
está de acordo com a frequência natural angular calculada analiticamente, lembrando que:
ω 80,3
ω = 2π f ⇒ f = = ≅ 12,78 Hz (62)
2π 2π
Note que, de fato, a resposta de velocidade (Figura 12b) é dada por seno negativo,
enquanto a de aceleração (Figura 12c) é dada por cosseno negativo. A resposta de velocidade
está defasada de -90 graus em relação a de deslocamento. Idem para a aceleração em relação à
velocidade. Além disso, as amplitudes estão coerentes com aquelas estabelecidas na Equação
(63), conforme a seguir:
(
Amplitude de velocidade: u 0 ω = 9,585 × 10 −3 (80,3) ≅ 0.77 m/s)
( )
Amplitude de aceleração: u 0 ω 2 = 9,585 × 10 −3 (80,3)2 ≅ 61,8 m/s 2
(64)
A Figura 13 apresenta os resultados para o segundo caso desta sessão, para o caso
sem forçamento (f0 = 0) e com amortecimento (ξ = 1,345 × 10-3). As condições iniciais são as
−ξ ω t
u H (t ) = A e cos (ω D t − ϕ ) (65)
−ξ ω n t
onde ω D = ω 1−ξ 2 é a frequência natural amortecida. Observe que o termo A e
pode ser encarado como uma amplitude que sofre uma redução exponencial à medida que t
cresce.
48
(a) (b)
(c) (d)
Figura 13: Vibração livre (sem forçamento) com amortecimento.
(a) Evolução temporal do deslocamento (diagrama u × t);
(b) Espectro de frequência (diagrama A × f);
(c) Espaço de fase (diagrama u × u& ); (d) Detalhe do espaço de fase.
Esta sessão apresenta resultados para casos amortecidos com forçamento harmônico.
Três casos são apresentados: forçamento com frequência angular diferente da frequência
natural amortecida; forçamento com frequência angular bem próxima à frequência natural
amortecida e forçamento com frequência angular igual à frequência natural amortecida. O
objetivo desta sessão é verificar em que casos a amplitude-limite de vibração
( u MAX = 9,585 × 10 −3 m ) calculada na Sessão 3.1 foi atingida.
A primeira simulação considera uma frequência de forçamento Ω = 40 rad/s . Para
todos os casos com forçamento, as condições iniciais são consideradas nulas (ou seja:
u (0 ) = 0 m e u& (0 ) = 0 m/s ), confome a Figura 14.
A Figura 14(a) mostra a evolução temporal do deslocamento, onde observa-se um
comportamento transiente até aproximadamente t = 25 s, onde há a superposição das
frequências natural e de forçamento. A partir deste ponto, a resposta passa a apresentar um
comportamento regular, oscilando em torno da posição de equilíbrio. Para esta frequência de
forçamento, assegura-se que a amplitude-limite de vibração não é atingida em momento
algum. As três regiões assinaladas serão discutidas mais adiante.
A Figura 14(b) mostra o espectro de frequência associado à resposta do
deslocamento. Observam-se dois picos de frequência: o pico à esquerda refere-se à frequência
de forçamento, enquanto o pico à direita refere-se à frequência natural já avaliada
anteriormente ( f ≅ 12,78 Hz ) . Isto caracteriza, durante o regime transiente, um
comportamento periódico de período 2. A seguir, avalia-se a frequência em Hertz associada
ao forçamento.
Ω 40
f = = ≅ 6,37 Hz (66)
2π 2π
Ainda com relação à Figura 14(b), observa-se que o pico da esquerda tem uma
amplitude maior que o da direita. Isto se deve ao fato de que a frequência de forçamento está
presente durante toda a amostragem do sinal de resposta do deslocamento, enquanto a
frequência natural só contribui para o sinal durante o período transiente, lembrando que a
solução homogênea para este caso é nula, pois as condições iniciais são nulas. Sendo assim,
esta resposta corresponde apenas à solução particular da equação diferencial de movimento
(Equação 57).
50
A Figura 14(c) apresenta o espaço de fase. A região com linhas mais esparsas
representa parte das órbitas durante o regime transiente, enquanto a região com linhas mais
densas indica o comportamento em regime permanente.
(a) (b)
(c)
Figura 14: Vibração forçada com amortecimento para Ω ≠ ω.
(a) Evolução temporal do deslocamento (diagrama u × t);
(b) Espectro de frequência (diagrama A × f); (c) Espaço de fase (diagrama u × u& ).
(a) (b)
(c)
Figura 16: Vibração forçada com amortecimento para batimento (Ω ≠ ω).
(a) Evolução temporal do deslocamento (diagrama u × t);
(b) Espectro de frequência (diagrama A × f); (c) Espaço de fase (diagrama u × u& ).
53
ΩR = ω 1 − 2ξ 2
(
= 80,285 1 − 2 1,345 × 10 −3 )
2
≅ 80,3 rad/s (67)
(a) (b)
(c) (d)
Figura 17: Vibração forçada com amortecimento para ressonância (Ω = ω).
(a) Evolução temporal do deslocamento (diagrama u × t);
(b) Espectro de frequência (diagrama A × f);
(c) Espaço de fase (diagrama u × u& ); (d) Detalhe do espaço de fase.
(a) (b)
Figura 18: Vibração amortecida com forçamento arbitrário do tipo impulso.
(a) Prescrição da força; (b) Evolução temporal do deslocamento (diagrama u × t).
(a) (b)
Figura 19: Vibração amortecida com forçamento arbitrário do tipo degrau.
(a) Prescrição da força; (b) Evolução temporal do deslocamento (diagrama u × t).
tende a oscilar mas, novamente, devido à força, esta oscilação acontece em torno de uma nova
posição de equilíbrio positiva y ≅ 2,1 × 10 −3 m diferente da posição de equilíbrio original
y = 0 m . À medida que o tempo passa, apesar da força constante, durante a oscilção, existe
um decaimento exponencial da amplitude, devido ao amortecimento. Quando a força é
removida subitamente e levada ao patamar inferior F = −50 N , o deslocamento torna-se
negativo e, por inércia, o sistema volta a oscilar, desta vez, em torno de uma nova posição de
equilíbrio negativa y ≅ −2,1 × 10 −3 m . A partir deste ponto, o sistema passa a repetir o
comportamento discutido ciclo a ciclo. Durante o primeiro patamar de força constante
( F = 50 N ), as amplitudes de oscilação são inferiores às associadas a todos os outros
patamares, tanto positivos, quanto negativos. Isto se deve ao fato de que, ao ser levado ao
primeiro patamar, o sistema foi acelerado a partir do equilíbrio, enquanto, para os demais
patamares, o sistema experimenta um trecho de aceleração maior (saindo de um patamar
positivo para um negativo e vice-versa e não da posição de equilíbrio). Este maior trecho de
aceleração afeta a inércia do sistema, aumentando a amplitude de oscilação. No entanto, cabe
destacar que, como os patamares de forçamento são simétricos, as posições de equilíbrio
positiva e negativa ( y ≅ ±2,1 × 10 −3 m ) em torno das quais o sistema oscila, durante a
aplicação da força constante ( F = ± 50 N ), também são simétricas, mudando somente a
amplitude de oscilaçaão do primeiro patamar (positivo) para o segundo (negativo). Durante os
patamares subsequentes a amplitude e a posição de equilíbrio permanecem iguais em módulo.
(a) (b)
Figura 20: Vibração amortecida com forçamento periódico do tipo onda quadrada.
(a) Prescrição da força; (b) Evolução temporal do deslocamento (diagrama u × t).
58
(a) (b)
Figura 21: Vibração amortecida com forçamento periódico do tipo dente de serra.
(a) Prescrição da força; (b) Evolução temporal do deslocamento (diagrama u × t).
k EQ 3E I L
ω= = = 80,3 rad/s (68)
m m a2 b2
• Os absorvedores passivos de vibrações funcionam bem para sistemas que oscilam com
uma frequência fixa, pois são dimensionados para aquela frequência específica. Em
sistemas onde a frequência varia ou é incerta, a coincidência entre a frequência natural (do
sistema agora com absorvedor) e a frequência de excitação (que, por hipótese, possa
sofrer alguma variação) pode voltar a gerar ressonância no sistema. Uma solução
62
• Uma outra alternativa para o controle de vibrações de estruturas é o controle ativo. Ele
está baseado nas diferentes técnicas de controle, dentre as quais, cabe destacar: o controle
clássico (no domínio da frequência); o controle moderno (que utiliza o conceito de espaço
de estados) e as técnicas mais recentes de controle de caos como a técnica OGY (sigla
atribuída aos seus idealizadores: Ott, Grebogi & Yorke, 1990). A técnica de controle ativo
é bastante eficiente e precisa; entretanto, além do elevado custo computacional para a
implantação de um sistema automatizado de controle, há dificuldade para se controlar
estruturas de grande dimensão.
63
uA (t) x
mA
mA
kA cA FRA FDA
F (t) u (t)
F (t)
m
m
kEQ c
FR FD
(a) (b)
Figura 23: Representação esquemática do sistema absorvedor.
(a) Modelo físico com dois GDLs; (b) DCL para o rotor e para o absorvedor.
onde: FRA é a força elástica restituidora do absorvedor, enquanto FDA é a força de dissipação
do absorvedor, definidas adiante. Considerando todas as forças lineares, assim como se fez na
Sessão 2.2 e descartando-se o ângulo de fase do forçamento φ, têm-se:
64
FR = k EQ u ; FD = c u& ;
F (t ) = F sen (Ω t )
( )
⎧ m u&& + (c + c A ) u& − c A u& A + k EQ + k A u − k A u A = F sen (Ω t )
⎪
⎨ (71)
⎪⎩ m A u&&A − c A u& + c A u& A − k A u + k A u A = 0
⎧ X& = Y
⎪
⎪
⎪ & F
Y = sen (Ω t ) −
( )
(c + c A ) Y + c A Z − k EQ + k A X + k A W
⎪ m m m m m
⎨ (72)
⎪ W& = Z
⎪
⎪ & cA c k k
⎪Z= Y− A Z+ A X− AW
⎩ mA mA mA mA
⎡k EQ + k A − Ω 2 m − kA ⎤ ⎡ K ⎤ ⎡F ⎤
⎢ ⎥ ⎢K ⎥ = ⎢ 0 ⎥ (75)
⎣ − kA k A − Ω mA ⎦
2
⎣ A⎦ ⎣ ⎦
K=
(k − Ω 2mA F )
(k )( )
A
EQ + k A − Ω m k A − Ω 2 m A − k A2
2
(76)
kA F
KA =
(k EQ )(
+ k A − Ω m k A − Ω 2 m A − k A2
2
)
k EQ kA mA F
ω= ; ωA = ; µ= ; u∗ = (77)
m mA m k EQ
66
⎡ ⎛ Ω ⎞2 ⎤
⎢1 − ⎜⎜ ⎟⎟ ⎥ u ∗
ω
⎢⎣ ⎝ A ⎠ ⎥⎦
K=
⎡ ⎛ω ⎞ ⎛ Ω ⎞ ⎤
2 2 ⎡ ⎛ Ω ⎞2 ⎤ ⎛ω ⎞
2
⎢1 + µ ⎜ A ⎟ − ⎜ ⎟ ⎥ ⎢1 − ⎜⎜ ⎟⎟ ⎥ − µ ⎜ A ⎟
⎢⎣ ⎝ ω ⎠ ⎝ ω ⎠ ⎥⎦ ⎢⎣ ⎝ ω A ⎠ ⎥⎦ ⎝ ω ⎠ (78)
u∗
KA =
⎡ ⎛ ωA ⎞ ⎛ Ω ⎞ ⎤ ⎡ ⎛ Ω ⎞ ⎤
2
⎛ ωA ⎞
2 2 2
⎢1 + µ ⎜ ⎢ ⎜
⎟ − ⎜ ⎟ ⎥ 1− ⎜ ⎥
⎟ −µ ⎜ ω ⎟
⎟
⎢⎣ ⎝ ω ⎠ ⎝ ω ⎠ ⎥⎦ ⎢⎣ ⎝ ω A ⎠ ⎥⎦ ⎝ ⎠
kA k EQ k A k EQ
= ⇒ = (79)
mA m mA m
2
u∗ ⎛ ω ⎞
KA = − ⎜ ⎟ (80)
µ ⎜⎝ ω A ⎟⎠
67
u P (t ) = 0 u PA (t ) = − sen (Ω t )
F
e (81)
kA
Os resultados indicam que o sistema primário (rotor) não terá movimento para
qualquer instante de tempo t (conforme desejado no início da análise) e o sistema absorvedor
terá uma pequena amplitudede de oscilação que dependerá, fundamentalmente, da amplitude
da força centrífuga F.
Analisando, agora, a força desenvolvida na mola kA que conecta o rotor ao
absorvedor, de acordo com a expressão determinada para FRA na Equação (70), tem-se:
⎡ F ⎤
FRA = k A (u A − u ) = k A ⎢− sen (Ω t ) − 0⎥ = − F sen (Ω t ) (82)
⎣ kA ⎦
Observa-se que o resultado encontrado para a força exercida pelo absorvedor sobre o
sistema primário (através da mola), embora varie no tempo, tem exatamente a mesma
magnitude da força centrífuga FC dada pela Equação (34) porém com o sentido contrário
(sinal negativo). Portanto, a cada instante de tempo, estas duas forças se compensam.
A relação estabelecida na Equação (79) deve nortear a concepção do sistema
absorvedor e, portanto, tem-se umaa gama de possibilidades desde que esta relação seja
obedecida. No entanto, algumas precauções devem ser observadas, conforme a seguir:
• Do ponto de vista prático, a massa do absorvedor não deve “concorrer” com a massa do
sistema primário. Na literatura, os autores relatam um valor máximo para a relação
µ = (m A m ) = 0,1 ; ou seja, a massa do absorvedor deve corresponder, no máximo, a dez
por cento da massa do sistema primário;
68
• Apesar do fato de que, após a inclusão do sistema absorvedor, tem-se deslocamento nulo
para o rotor; a partir de então, têm-se duas novas frequências naturais (a partir de agora,
denominadas ω 1 e ω 2 ). A formulação do TVA prevê que estas novas frequências naturais
sejam equidistantes da frequência de ressonância original, ou seja: ω = (ω 2 − ω1 ) 2
Tipicamente, devido a limitações de projeto, não se consegue afastar muito estas
frequências da frequência natural original ω. Desta forma, após a implantação do
absorvedor, se a frequência de forçamento do sistema primário Ω tiver variação
significativa, passa-se a ter problema de ressonância nestas novas frequências naturais.
kA =
m A k EQ
=
(0,37 ) (23.875) = 2.387,5 N/m (84)
m 3,704
(a) (b)
(c) (d)
Figura 24: Respostas para vibrações livres do sistema absorvedor com 2 GDLs.
(a) Evolução temporal do deslocamento para o rotor;
(b) Espectro de frequência para o rotor;
(c) Evolução temporal do deslocamento para o absorvedor;
(d) Espectro de frequência para o absorvedor.
(a) (b)
(c) (d)
Figura 25: Respostas para vibrações forçadas (Ω = ω) do sistema absorvedor com 2 GDLs.
(a) Evolução temporal do deslocamento para o rotor;
(b) Espectro de frequência para o rotor;
(c) Evolução temporal do deslocamento para o absorvedor;
(d) Espectro de frequência para o absorvedor;
72
Este trabalho serve de ponto de partida para estudos mais aprofundados na área de
dinâmica de sistemas rotativos. Dentre as sugestões para trabalhos futuros, é possível destacar
as seguintes possibilidades:
• Estender este estudo para dois graus de liberdade, considerando elementos de rigidez no
mancal;
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