Você está na página 1de 382
ar 20 alu- (mas tam- fompanhar eemanente- ‘© conheci- mento que visa ass0- fesbua para fra 08 pro- ido conhe- {NDICE ABREVIADO DOS TEMAS seus est ssinados. 2 bioeletri- 2 biofisica fax a biofi- hhumanos. a capitulo ‘seguinte I. Bioeletricidade oe Biot 1. Biofisica das membranas excitaveis 3 Bem 2. Biofisica da formagao das ondas do eletrocardiograma 60 Bec IL. Bioactstica wumbom | 3. Fisica dos sons 89 ‘oracaso, 0 4. Biofisica da fonacio 102 esse tema 5. Biofisica da audicio 117 a Univer- 6. Fisica aplicada ao estetoscépio 132 ‘se, alguns 7. Biofisica da ausculta pulmonar 141 a 8. Biofisica da ausculta cardiaca 148 p= 9, Biofisica aplicada a ultra-sonografia 158 mente de- 10. Efeitos biolbgicos dos ultra-sons 173 yéqueela shar uma IIL. Biotermologia andamen- fepaanca 1, Biofisica das trocas de calor corporal. 181 Fe edous 12. Termometria clinica 203 | 3 13, Biofisica aplicada a termoterapia 212 - IV. Biomecinica Ee 14, Biofisica da respiragio 219 {lo que se atroscam- V. Bio-dptica ste texto studo ea 18, Biofisica da visio 247 vivel para Eeree VIL Biofisica das radiacBes ionizantes {Porisso, 16, Fisica dos raios X e técnicas radiograficas 275 ‘ede texto 17. Fisica dos radionuclideos 296 pres ica das radiagées ionizantes, 323 aS 19. Dosimetria das radiagbes 341 4a.Como 20, Radioprotecio 352 -sugestao §icanacio- VIL. Técnicas especiais 21. Ressonancia magnética nuclear 365 EG. INDICE GERAL Parte I Bioeletricidade 1. Bioffsica das membranas excitaveis 3 ‘A eletticidade animal 3 CContribuigio de Galvani e de Volta 3. Registro do fendme- no elétrico no coragdo 4 Potencal e corrente de injisia4 Potencial transmembrana 4 A membrana das células 5 Erolucio dos modelos 5 © modelo do mossico fluido 6 Composigi lipidica da membrana celular 6 Fluider da membrana celular 6 Comportamento elétrico passivo da membrana celular 7 Circuito RC 7 Constante de tempo da membrana 7 Correntes de membrana 8 © potencial de repouso 8 campo elétrico no interior das membranas biol6gicas vivas 8 Rigidez dielétrica das membranas biol6gicas 8 Pardmetros elétricos da membrana celular 8 Capacitancia das memibranas 8. Resisténcia das membra- mas 9 A assimetria iénica existente nos meios separados pela ‘membrana celular 9 A suspeita de DEAN 9 ‘A bomba de sédio e potéssio 10 ‘A descoberta da bomba Na/K 10 Experimento de Cald~ ‘well I Localizacio intracelular efciéncia da bomba Na/K 11 Afinidades da bomba Na/K 11 Co-transporte e contratransporte 12 Estrutura da bomba Na/K 12 Isofor- ‘mas da bomba Na/K 13 Modelo da bomba Na/K 13. Re- sgulagéo da bomba Na/K 14 AA difusdo de fons e a formagio do potencial de repouso da membrana celular 14 Potencial de equilibrio de um fon e a equagio de Nest 15 A contribuigo do potdssio para formar o potencial de repouso das celulas musculares 16 (Os experimentos de Hodgkin & Horowicz 16 Experimen- tos com miocéndio de mamifero 16 Fatores que alteram o potencial de repouso 17 As principais correntes iénicas que atravessam a membra- na celular 17 © equivalente elétrico da membrana celular passiva 18 © potencial de agao do axdnio 18 ‘A descoberta do potencial de acio e os primeiros experi- mentos com potenciais de injiria 18 Experimento de Erlanger & Gasser 19 A teoria de Bemstein e 0 “overshoot” 19 (s primeiros resultados obtidos com o microeletrodo de vidro 20 A teoria do sédio e do potéssio 21 O estudo das correntes de membrana com a técnica do “voltage clamp” 21 © modelo de Hodgkin & Huxley e suas equagies 23 Estrutura do modelo 23. “Gating current” 25 Equagies do modelo 25 A excitagio da membrana do axOnio 26 Resposta pasciva 26 Resposta ativa 26 Gradiente ménimo excitador e a acomodagso da membrana 26 © potencial de acio do coracio 27 A resposta elétrica do miocérdio 27 Semelhangas e dessemelhangas com 0 nervo 27. As fases do potencial de ago cardiaco 28 Os componentes e os ‘pos do potencial de ago eardiaco 28 Condutincia da membrana durante o potencial de aco 29 As correntes ‘gnicas que formam o potencial de agio cardiaco 30 CCorrentes marcapasso 31 Caracteristicas eletrofisiolégicas e farmacolégicas dos canais inicos 31 (Os canais de sédio 32 Os canais de cicio 32 Substincias aque alteram as correntes lentas 33. A repolarizacio e os canais de potissio 33. Canais controlados por ligantes 34 Canais de potissio e proteina G 38 Antago- nists decanais 35 PCOse PCCs 35 Canais de dloreto 36 Canais de cloreto ativados pelo AMPe 36 Ca- zais de cloreto tivados pelo calcio 36 Canais de loreto ativades por substincias purinéegicas 36 Canais de clot ativados pelo entumecimento celular 36 Genes “Shaker”, Shab", “Shaw” e “Shal” 37 Doengas provocadas por defeitos estruturais dos canais ‘nicos 37 Doengas provocadas por mutagses do canal de sédio 37 Doengas provocadas por mutagSes do canal de cloreto 39 Doengas provacadas por mutagBes do canal de eélcio 40 Doengas provocadas por mutagSes do canal de potissio 40 ede sesimen nembra- ra 18 experi- xdo de ado 23 sages sfases fa da entes ios stancias ntago- 6 Ca- joreto e cloreto haket”, anais 0” 0 39 © acoplamento celular no miocétdlio 41 © coragio como um sincicio 42 A membrana juncional 42 © acoplamento celular no mioeérdio 42 As estruturas do disco interealar 43 Desacoplamento elétrico no miocérdio 44 Estrutura dos nexi 44 As comexinas45 Permeabilidade juncional 46 Fatores que ‘modulam © acoplamento celular 46 Influéncia do acopla- rento intercelular nas respostas tissulares 48 Constante de espaco 45 A propagagio do impulso elétrico miocdrdico 49 © potencial de aco de membrana 49 O potencial de agio propagado 50. O cireuito local de comente 50 Transmis- sio do impulse elétrico no nédulo atrioventricular 50 Mic ermanatomia do miocardio 50 Bibliografia 52 2. Biofisica da formacao das ondas do eletrocardiograma 60 Introdugéo 60 ‘© fendmeno eletromecinico no coragio 60 Referéncias anatomicas de interesse para a eletrocardiografia 61 ixos do coragio 62 Planos geométricos que servem de referéncia para o estudo da eletrocardiografia 62 A atividade elétrica no miocérdio 62 Fibras cardiacas 62. Vetores de despolarizacdo e de repola- rizaglo 63 Espalhamento do impulso elétrico despolari- zante no coragio 63 Ativagdo e repolarizacao dos dtrios 64 Resultant elétrica 64 Vetoresatriais 64 Ativagio ¢ repolarizagao dos ventriculos 65 ‘As principais fases da despolarizagio dos ventriculos 65 A vvariagdo espacial dos vetores resultantes 65 Orientagio do vetor resultante principal de cada cémara cardiaca 66 Vee torseptal 66 Vetor septo-antero-apial 66 Vetor ventricu- lar 66 Vetor péstero-basal 67 A repolarizagio ventricu- lar67 Captagio dos potenciais elétricos cardfacos na superticie do corpo 67 Volume eondutor 68 Momento de um dipolo 68 Poten- ial produzido por um dipolo 68 Camada dipolar 68 Mo- mento dipolar por unidade de drea 69 Potencial num pponto produzido por uma camada dipolar 69 © cletrocardiégrafo 70 = Os eletrodos 70. © amplifcador &o sistema de registro 70 As derivagies eletrocardiogrdficas 72 Coneeito 71 Derivagées bipolares dos membros 71 As derivagdes unipolares dos membros 72 Central terminal de Wilson 72. Central terminal de Gold- berger 72 RelagGes entre as derivagbes bipolares e unipola- 185 dos membros 73 O cireulo de Einthoven ~ Plano frontal eletrocardiogralicn 73 Derivagées precordiais 73 Registro dos vetores de despolarizacao e de repolatizagio 75 Conceitos em fibra miocardica isolada 75 Registro da despolarizacao atrial 76 Vetocardiograma atrial 76 Formacio da onda P do eletro cardiograma 77 Relagdes temporais da ativacéo supraven- (cicular 77 Registro da repolarizacéo atrial 78 Registro da despolarizagio ventricular 78 Registro da repolarizacio ventricular 79 Ossegmento ST 79 A onda, 0 intervalo QT e a onda U 80 Anilise vetorial dos fendmenos elétricos do corasdo 80 Projegio dos vetores cardiacos nas derivagbes 80 O eletrocardiograma normal 81 Calibracio do tracado 81 0 tragado eletrocardiogré- fico 81 O intervalo QT corrigido (QTe) 82 A duracio da onda P 82 A duracio do complexo QRS 82 A duracio da onda T 83 A amplitude das ondas do ECG 83 Introdugdo a interpretagao clinica do ECG 83 Morfologia das ondlas 84 Medica das duragSes e amplitu- cies 84 Freqiéncia cardiaca 84 Ritmo 84 Anormalidades Ge conducio 84 Eixos elétricos 84 Sinais de hipertrofia da parede muscular ou de crescimento de cavidade car- dliaca 85 Sinais de isquemia ou de infarto 86 Bibliografia 86 Parte Il Bioactistica 3. Fisica dos sons 89 Introdugdo 89 Onda longitudinal e onda transversal 89 Corpo eléstico e corpo plistico 89 Oscilador harménico 90 Propagagio dos sons 91 Velocidade do som 91 Ressonancia 93 Conceito 93 Impedincia e freqiiéncia de ressonsncia de ‘um sistema 93. Ressoador 94. Tubos acisticos 95 Qualidades fisiolégicas do som 96 Altura 96 Intensidade 96 Timbre 97 Modificagdes da onda sonora durante sua propagacao 98 Allteragio da intensidade 98 Espalhamento 99 Reflexdo refragio 99. Resistencia do meio 99 Alteragdo do timbre 99 Classificagao dos sons 100 (Qs sons ruidosos 100 (Os sons explosivos 100 (Os sons musicais 100 Intervalo musical 100 Escala musical 100 Acorde 100 Harmonia 100 Bibliografia 101 4. Biofisica da fonagio 102 acto 75 Introdugao 102 (© aparelho fonador do homem 102 A produgio da voz 103 peletro- ‘Vibragio das cordas vocais 103 Gradiente de pressio 104 lupraven- Flasticidade, tensio das cordas vocais eefeito Venturi 104 Fafores que alteram a voz 104 Cavidades ressonantes 104 ‘Teoria evolutiva para o desenvolvimento da laringe 105 Fale articulada 106 FungSes da laringe 106 Sons larin- _ge0s anormais 106 nda U 80 (Os fonemas 107 y Classificagao dos sons da fala 107 As vogais 107 ‘As consoantes 108 | O controle da vor 109 seo da Coarticulagio 109 Entonacio 110 Otimizagio energética clo da dda voz 110 Modelagem do controle da voz 110 A audicio ea fala IML A restauracio fonética ¢ 0 sombreamento 111 Mecanismos de producio e de controle da vor 112 Teoria mplitu: motora 112 Teoria do alvo 113 Teoria das posigies lidades relativas e do alvo actstico 113 Graus de liberdade do ‘ofa aparelho fonador 113 Distirbios da voz e da fala 113 for Afasia de Brocea 114 Simplificagio do modelo 114 Estu do com os tentilhses 115 Bibliografia 116 5. Biofisica da audi¢io 117 Introdugio 117 ‘Transdugio da energia sonora em animais inferiones 117 Freqiiéncias sonoras audiveis e limiar de audigio 118 Au- Be iograma 18 © aparetho auditivo 119 ‘Ouvido externo 119 Membrana timpénica 19. Regides| timpinicas e misculos protetores da audicio 119 Ouvido médio 120 Ouvide interno 120 E Biofisica da audicio 122 O owvido externo 122 A membrana timpénica 122 O ouvido médio 123 8 Ganho mecinico 123 Casamento de impedancias 123, &. O ouvido interno 125 Potenciais microfénicos 127 Transmissio do som 20 ‘ouvido interno 128, Tipos de surdez 128 Surdez de condugio 128 Surdez sensorineural 129, Sure ez central 129 ‘Testes para distinguir a surdez. de condugao da surdez senso- ' rineural 129 Vias e centros nervosos da audigio 130 Bibliografia 131 SSS 6, Fisica aplicada ao estetoscépio 132 Historia 132. Estetoscépios compostos 133 Caracteristica actstcae partes do estetosedpio flexivel 134 Audigio mono ¢ biauricular 135 Caractersticas actsticas dos receptors 136. Efeito diafragma 136 Comportamento dos dliafragmas e das campanulas 136 receptor de diafragma 137 Campénulas versus diafragmas 138 Eficiéncia da audicéo biauricular 139 Efeitos das dimensdes dos tubos 139 Bibliografia 140 7. Biofisica da ausculta pulmonar 141 Introdugao 141 Foco de ausculta 181 Caracteristicas fisicas dos sons pulmonares 142 Origem dos sons da respiragao 142 Escoamento de fluidos 142 Qs sons normais da respiragio 142 Biofisica dos sons anormais da respiragao 143 Sons na asma eno enfisema pulmonar 143 Efeito Venturi 144 Sopros 20 nivel toricico 146 Atrito pleural 147 Bibliografia 147 8. Biofisica da ausculta cardiaca 148, Introducao 148 ‘Origem dos sons candiacos 148 Propagagio dos sons ‘eardiaces 148 _Altito pericérdico e tamponamento ‘cardiaco 148 Focus da ausculta cardiaca 149 A sistole e a diastole do coragio 149 Fases do ciclo cardiaco 149 (Os sons cardiiacos normais 150 As bulhas cardiacas 150 Os siléncios do ciclo cardiaco 151 Teorias sobre a génese das bulhas 151 A primeira bulha cardfaca (1) 151 A segunda bulha cardiaca ($2) 152 A terceira bulha careiaca (3) 153 A quarta bulha cardiaca ($4)153 Sons anormais do coragao 153 Allteragio de intensidade das bulhas 154 Desdobramento de bulha 154 Soptos 155; COigem dos sopros 155 ClassificagSo dos sopres 155 Os cliques: bulha de ejecdo sistolica e estalido de abertura valvar 156 Bulhas de ejegio 156 Fstalido de abertura valvar 156 Bibliografia 157 Ceracteristica Audigio icas dos prtamento dos fo Venturi 14 ‘nto ardiaco 151 5155 eabertura 156 9. Biofisica aplicada 3 ultra-sonografia 158 Introdugio 158 O principio do pulso-eco 158 Interasio dos ultra-sons com 0s tecidos bioldgicos 158 Exo 0159 Ecoespecular160 Atenuagéo dos ultra-sons 160 Resolugo 161 Resolugio e suas componentes 161 Resolucio axial 161 ‘Resolucdo lateral 161 ‘© equipamento de ultra-sonografia 162 Sistema gerador ¢ receptor de ultra-sons 163 © transdutor 163. Transdutores focalizados e nlo-focali- 2ados 163 Recepsio, amplificagio, compensago e discriminacdo dos cos 164 Processamento de video, conversio A-D e “display” da imagem 165 Exodoppler-ultra-sonografia 168 Ecodoppler pulsado 166 Ecodoppler de alta freqiéncia de repeticio de pulsos 167 Ecodoppler de onda continua 167, Ecodoppler com fluxo em cores 167 Registro da imagem e sincronizagio dos sinais 168 Tipos de ultra-sonografia 168 Molo A168 Modo M168 Modo B 169. Ultra-sonografia 2D, 3D, colorida e contrastada 169 Imagens obtidas pelos ultra-sons 169 Bibliografia 172 10. Efeitos biolégicos dos ultra-sons 173 Efeitos dos ultra-sons 173 Efeito térmico 173 A absorcio de onergia dos ultra-sons 173 Efeitos ndo-térmicos 175 Micromassagem 175 Aumento da permeab membrana cxlular 175. Vasoconstrigio ou vasodilatasio arteriolar 178. Cavitagio e efeitos presséricos 173 Aplicagées clinicas 176 Fatores que influem no aquecimento Sssular 176 Contra-indicag6es.ao uso dos ultra-sons de poténcia terapéu- tica 177 Bibliografia 178 Parte III Biotermologia 11, Biofisica das trocas de calor corporal 181 Introducio 181 Metabolismo basal 181 Temperatura corporal 181 me Termogénese biol6gica 182 ‘Termogénese mecanica 182 © calafrio 182 ‘Termogenese quimica 182 © tecido adiposo marrom 183 Produgio basal de calor 183 Termélise biolégica 184 Vaporizagio 184 Perda de calor corporal por evaporacio 184 RadiagSo 184 Fluxo de calor 184 Poder emissivo 185. A pele como iradiador de calor 185 ‘Convecgao 185 O clima privado 185 Condugéo 186 quagio do fluxo de calor 186 Controle da temperatura corporal 187 Tmportincia do hipotilamo 187 Variacbes circadianas da temperatura corporal 187 Mecanismos de controle da temperatura corporal 187 A regulacSo da temperatura corporal pela termélise 188 As trocas de calor corpo-ambiente 188, Equagio da troca de calor homem-meio 188 Respostas fisiolégicas a temperatura ambiente 188 Influéncia do peso corporal 188 Influéncia do vestuario 190 Fatores que afetam a temperatura da pele 191 Fatores externos 191 Roupa 191 Poder isolante 191 ‘Temperatura e umidade do ar 191 Movimento do ar 192 Fatores internos 192 Catacteristica fisica da pele 192 Cor da pele 192 Circulagio sangiiinea 193 Papel das fistulas arteriovenosas das extremidades na transferéncia de calor 193 Controle vasomotor 198 In- fluéncia dos anestésicos gerais nas trocas de calor 194 Ingestao de alimentos 194 Velocidades de resfriamento e de aquecimento das extremida- des do corpo 195 Umidade relativa do ar e a temperatura das extremidades 196 O estresse térmico 196 Ambientes quentes 197 Respostas corporais ao calor ambiental 197 Caitérios usados para avaliar o estresse pelo calor 197 Re- {gras getais para o trabalho em ambiente quente 198 Alte rashes orggnicas produzidas pelos ambientes quentes 198 de calor 183 como adianas da role da peratura 193 In- 1M sctremida- dades 196 197 Re- 28 Alte nites 198, Estados patolégicos relacionados com ambientes quentes 198 Prevengio de estados morbicios relacionados com os ambientes quentes 200 Ambientes frios 200 Bibliografia 202 12, Termometria clinica 203 Os termémetros 203 Substincias termométricas 208 Termémetro clinic 203 ‘Media da temperatura corporal 204 Formacio da imagem no fermBmetro cinico 204 Conceito de tempera- fara 204 Conceito de calor 204 Primeinos termémetros 205 Escalas termométrieas 208 ‘Temperatura corporal normal, a hipertermia e a febre 206 Determinasao da temperatura corporal 206 Temperatura superficial e profunda 206 Equilibrio e ritmos térmicos do corpo 207 Febre 207 Tipos de febre 208 A sensagio de quente e de frio 209 Sensores témicos 209 Sensagio térmica 209 Condutivi- dade térmica 209 Fluxo de calor 210 Bibliografia 211 15, Biofisica aplicada & termoterapia 212 Introdugdo 212 As fontes de calor 212 “Tipos de fontes ealorificas 212 Reaches fisiolégicas ao calor 213 ‘Agio tissular do calor 213 _Agio sistémica do calor 243 TTermoterapia 213, Uso do calor 214 Efeitos maléficos do calor 214 Aplicagao de calor no corpo inteito 215 Aplicagao de calor localizada 215 Bibliografia 216 ParteIV Biomecanica 14, Biofisica da respiragio 219 Introchugio 219 Aatmosfera terrestre 219 Caracterstcas da atmosfera terrostre 219 © aparelho respiratorio 221 AAs vias aézeas 221 Os palmes 221 Tubos respratsrios @ alvéolos 222 A parede tardcica 222 Mesculos da inspira- $0 222 Miisculos da expiracio 223 Armecinica da respiragio 223 A movimentagdo dos pulmoes 223 Expansio pulmonar e pressio pleural 223A prensa abslominol 223. Freqiéncin resprntérin 224 A pressio pleural 224 Medida da pressio pleural 224 Forga muscular e tamanho do sarcémero 224 Escoamento do ar nas vias aéreas 225 A equagio de Poiseuille 225 Os tipos de escoamento 226 ‘Niimero de Reynolds 226 Forgas envolvidas no escoamen- 0227 Descoberta de Bernoulli 227 Medidas espirogréficas 227 ‘Volumes e capacidades pulmonares 227 Espirometria nas doencas 228 Espirograma 229 Alga fluxo-volume 230 O esforco nas pleuras 231 © comportamento eldstico das estruturas envolvidas com a respiragao 231 A-equacio de Hooke 231. Elasticidade e extensibilidade 232 ‘Comportamento elistico 232 A complacéncia pulmonar 233 Complacéncia pulmonar especifica 233 A tensdo superficial 234 CCaracterizagio 234 Mecanismo formador da tenséo superficial 234 Medida da tenséo superficial 235. Balanca de Lecompte de Noity 235 Capilaridade 235. Valores da tenséo superficial 237 Tensio superficial e temperatura 237 Sabées e cetergentes 237 Substancias tensoativas e tensor redutoras 237 surfactante alveolar 237 Presséo total de retracio pulmonar 257 Experimentos de von Neengaard e de Clements 238 Composigdo quimica ¢ pro- priedades do surfactante 239 FungSes e produgio do sur- factante 239 Mecanismo tensorredutor do surfactante 240, Os experimentos de Laplace 240 Comportamento laplaciano das bothas de sab 241 Sur factante e ventlagio dos alvolos 241. Surfactante @ sindromes patoligicas 241 Controle da respiracio 242 Centros nervosos superiores 242 Bibliografia 243 Parte V Bio-dptica 15. Biofisica da visio 247 Introdugio 247 © otho humano 248, A anatomia do olho 248 Globo ocular 248 Os sensores de uz 252 Movimentos do globo ocular 252 Dimensées 253 Arretina humana 254 Camada de estulas pigmentares 254 Camada de fotorre- ceptores 255 Membrana limitante externa 255 Camada nuclear extema 255 Camada plexiforme interna 255 Ca- mada de eélulas ganglionares 255 Camada de fibras nervosas 255 Memibrana limitante externa 255 © tamanho pento 226 enetria nas me 230 vidas com bilidade 232 5 Balanga ‘alores da veratura 237 ise tensor sntos de von nica e pro- odo sur- fante 240 2a Sur tree cular 252 = fotorre- Camada 285 Ca, Sarum Formagio de imagens A luz 255 Natureza 255 Velocidade 256 Polarizacio 256 Ditra- fo 256 Interferéncia 256. Reflexio 257 Refracio 257, Refringéncia 257 Reflexdo total da luz 258 Decomposigdo da luz branca 258. Trajet6ria do raio luminoso num prisma 259. As lentes 259 ‘A formagao da imagem nas lentes 259 Aimagem 259 Lentes divergentes 260 Lentes convergen- tes 260 Equagio das lentes delgadas 260 Tipos de fentes 260 Poder de convergéncia das lentes 261 A formagao da imagem no olho 261 lho reduzido 261 A adaptacdo e a acomodagao do olho 262 ‘Adaptaclo a luz e acomodagio a distancia 262 Ponto proximo 262 Defeitos épticos do otho 262 Emetropia ametropia 262 Aberragies 263, Dispersio e difracio da luz no olho 264 Defeitos de transparéncia 264 Defeitos de forma 264 Miopia 264 Hipermetropia 264 ; Presbiopia 264 Astigmatismo 265 A visio 265 Deslocamento de Purkinje 265 Referéncia angular para a retina 266 O experimento de Pirenne 266 Adaptacio do lho ao escuro 267 Pigmentos visuais 267 Decomposicio {da rodopsina pela luz 267 Estrutura dos bastonetes e cones 268 Excitacio dos fotorreceptores 269 Bficiéncia quantica da visio 269 As células ganglionares 270, ‘Trajetos visuais 270 Angiofiuoresceinografia retiniana 270 Bibliografia 272 Parte VI Biofisica das radiacées ionizantes 16. Fisica dos raios X ¢ técnicas radiogrificas 275 Histérico 275 ‘A descoberta dos raios X 275 Modificagies na ampola de ‘Crookes 275 As primeiras radiografias 276 Produgio dos raios X 276 efeito termoidnico e a conveesio de elétrons 276 Raios X caracteristcos e “bremsstrahlung” 277 Espectros de cenergia 277 filamento-citodo 277 Taga de focalizagio ‘atédica 278 Metalizacio das ampolas 278 Anodos siratirios 278 Isolamento e filtragem nas ampolas de rags X279 Caracteristicas energéticas dos raios X 279 Familia eletromagnética 279 Fotons 279 Energia trans: portada pelos {tons 280 Fatores que controlam a intensi- dade e a qualidade dos raios X 280 Elementos de um conjunto gerador de raios X 280, Interagio dos raios X com a matéria 281 wv. Espalhamento coerente 282 Efeito fotoclétrico 282 Efeito Compton 283 Producio de par e fotodesintegragao 284 Atenuago 285 Conceito, equagio geral e covfcientes 285 Fatores que interferem com a atenuagio 285 Filtros, restritores e colimadores 286 ‘As grades radiograticas 287 crans de intensificagao 287 Conversdo dos raios X em luz visivel 287. eran de intensiicagio 288 A chapa radiogréfica 288 Corpo radiopaco e corpo radiotransparente 288 Decodif cacao, visualizagio e registro da imagem 288 Filme radiogratico 289 Formagao da imagem radiogréfica 289 Revelagio da chapa radiogréfica 289 ‘A imagem radiografica 290 Contraste 290 ‘Qualidade dos raios X 290 Natureza do objeto e atenuagio do seu entorno 290 Densidade radiolégica 290 Radiografias contrastadas 291 Densidade do objeto 291 Espessura do objeto 292 Fatores geométricos 292 Relagées geométricas entre o tubo de raios Xe objeto 292 Movimentos relativos 293 O filme e 0 seu processamento 293 Espalhamento dos raios X 293 Tomografia 293 “Tomografa linear 293 Pantomografia 294 Bibliogratia 295 Fisica dos radionuclideos 296 Introdugdo 296 Os modelos atémicos 297 Kandda, Democritus, Lavoisier ¢ Dalton 297, Goldstein e ‘Thomson 297 Rutherford, Chadwick e Bohr 297 Einstein 298 Schrdinger e De Broglie 298, ‘A Tabela Periédica dos elementos 299 A descoberta da radioatividade e os tipos de radiagées 299 Primeiras evidéncias 299 Descoberta das radiagdes alts, beta e gama 300 ‘A nomenciatura nuclear 301 Is6topos e decaimento 301 Isémeros 301 Instabilidade nuclear 361 A desintegragao radioativa 302 Acstabilidade nuclear 302 Forgas nucleares 302 Transmutagio 302 Caracterfsticas das radiagies nucleares 303 © decaimento nuclear 303 Lei fundamental da desintegracao radioativa e ativida- de de uma amostra 303, Atividade de uma amostra radioativa 303 Unidades de atividade 304 equ Meia-vida de um radionuclideo 304 Relagfo entre meia-vida e constante de decaimento radioati- vo 304 Representagao esquemética do decaimento 305 ‘ Simbolos e convenes 305 Decaimento alfa 306 Equagio goral do decaimento alfa 306 A particula alfa 306 decode © esquema do decaimento alfa 306 Propagacio das partculas alfa no ar 306 Interagio e destino das particulas alfa 307 "Straggling” 307 © decaimento beta 307 Decaimento por emissio de négatrons 307 Equagio geral do decaimento beta negativo 307 A particu Ia beta negativa eo antineutrino 308 © papel do antineu- ‘rino 308 A emissdo gama acoplada 8 emissio beta negativa 308 O esquema do decaimento beta negative 308 290 Interacio e destino das particulas bela negativas 309 Pro- das 291 pagacio das particulas beta negativas no ar 309 | Decaimento por emissao de pdsitrons 309 Equagao geral do decaimento beta positivo 309A particu- , Ia beta positiva eo neutrino 310 O papel do neutrino 310 ‘A emissio gama acoplada a emissio beta positiva 310 © fesquema do decaimento beta positivo 310 Interacio & destino das particulas beta positivas 310 | Decaimento por captura de elétron orbital 31. | ‘Equacio geral do decaimento por captura de elétron orbi- tal3IL Acconversio nuclear 311 Captara K 311 Elétions de Auger eefeito fotoeletrco intemo 311 Esquema do decaimento por captura de elétron orbital 311 As transigbes isoméricas 312 Conceito 312 Estado metaestavel e emissio gama 312 Resumo da interagdo das radiagGes com a matéria 312 Detectores de radiagio 313, Detectores com cmaras de ionizagio 313 stein e O eletrosedpio de Lauritsen 313, © Geiger-Miiller (GM) 313 Estrutura tos tubos Geiger-Miiller 313 © “quenching” 314 ‘Tempo de resolugio 314 Efeito da tensio eletrica aplicada “a 420 tubo GM sobre a eficincia da contagem 315 Uso dos alfa, contadores GM 315 Cintiladores sstidos 315 Introdugio 313 lidade A teoria da cintilagao 316 Bandas de valéncia, de conducio e proibida 316 Conceito de “buraco” 316 Centros de ativacio de um cristal 317 Importincia dos centros de ativagao para a emissao de f6tons 317 Excitons 317 ceo da luz 317 fulas fotomultiplicadoras 317 Estrutura do tbo ultiplicador 318 res liquidos 318 5 cintiladoras 318 anismo da cintilagéo nos liquidos 319 ciascintiladoras e do “quencher” 319 10 do processo de cintilagdo liquida 320 Jungio pn 321 Alteraglo na jungio pn Pcada por radiagio ionizante 321 Fficiéncia da jcSo de radiacdo por semicondutores 321 radionuclideos 321 22 radiagBes ionizantes 323 a 323, ito e classificagao das radiagSes $23 As primeiras, Jesdes 323 Exposicio as radiagdes nucleares 324 bito de dose absorvida 324 bs Tipos de efeitos produzi- 8 324 Dose limiar e sub Tes © 0s efeitos biolégicos das radiagbes 325 lise da gua e a producio de radicais livres 3 radicais livres 32 pilidade e 0s mecanismos celulares de defesa 326 Jas biolégicos de defess 326 Radiossensibilidade € fatores que a modificam 326 08 das radiagdes 328 le radiolesGes moleculares 328 Restauracdo das es 528 cos das radiagdes 329 yme aguda da radiagSo 330 Efe 0s e nlo-estocisticos 330 Dose letal 331 Res- Jdos sistemas orginicos & dose absorvida 331 cago 329 Sind: 137 em Goisnia (Brasil) 333 aciente contaminado 835 Depoimentos inacSo do radionuck descontaminasio dos tes 336 para 0 tratamento de pacientes com contami: na 338 ubo 319 jo pn 308 produzi- sub- 325 25 Prin: fesa 326 dade das ) Efei- 31 Res: entos > dos tami 19. Dosimetria das radiagdes 341 Definigdes preliminares 341 Energia, trabalho e poténcia 341 A carga elétrica 342 Fluxo e densidade de fluxo de uma radiagio 342 Intensidade de radiacio 343, Atenuagio das radiagbes 343 Coeficiente linear de absorglo 348 Coeficiente de atemuagio de massa 344 Camada semi-redutora 345 Atividade 345 Decaimento radioativo 345 Meia-vida 346 Unidades de exposigao a radiagio 346 Dose absorvida 347 Eieito biol6gico relativo 347 Transferencia linear de energia e fator de qualidade de uma radiagio 348 Dose equivalente 349 Resumos das principais unidades 349 Doses permissiveis 350 Classificagdo das instalagies onde se trabalha com radiagSes ionizarites 350 Organizacdes internacionais responsav das radiagdes ionizantes 350 Bibliografia 354 pelo controle do uso 20. Radioprotegao 352 Introdugao 352 {As fontes naturais de radiaglo ionizante 352 "background” radioativo 352 Fontes externas 352 Radiagio césmica 382 Fontes terrestres 353 Fontes internas 354 Fontes artificiais de radiagdo 354 Resumo da contribuiggo das principais fontes de radiagdo que atuam sobre o homem 354 Limites de exposigio recomendados 355 Protegao contra as radiagbes 355 Objetivos 355 Protesao ractiolégica para os diversos tipos de radlia- oes 356 Raios X e radiagées gama 356 Distincia 356 Blindagem 356 Radiacdes alfa e beta 357 As fontes de radiacio 357 Fontes internas 357 Energia das particulas 357. Tipo de radiacio emitida 357 Distribuigdo do redionuclideo no corpo 387 Taxa de ‘eliminagio do radionuclides 358 Fontes externas: concentragées ambientais méximas permitidas 358 As radiagdes e os riscos & satide 359 Seguranca no uso de material radicativo 359 Simbolo universal de adverténcia 359 Fontes radioativas 359 Controle das fontes radioativas 360 Fontes externas 360 Monitores de ambiente 360 Monitores portéteis 360 Do- simetros de bolso 360 Dosimetros termoluminescentes 360 Fontes internas 360 Regras gerais de seguranca 361 Descontaminagio 361 Vidraria 362 Respingos 362 Bibliografia 362 Parte VII_ Técnicas especiais 21. Ressonancia magnética nuclear 365 Propriedades magnétias dos ncleos 365. Dipato magnéti- c0 3660 campo magntico 366 Campo majnético usedo na IRMN 366. Orientagio paralelae antiparaleln 367 Fre gjiéncia de Larmor 367. componente transversa 368 Angulo “lip” 368 Precessi coorentee vetor magnstico transverso 368. Ressonincia miclar 368. Relaxagao © nutagio do vetor de magnetizagto nuclear 369. Perda da coertncia com a nutacio 369 Inomogeneidade magntica ddo meio 369 DeteeeSo da componente transversal do vetor ‘agnéico nuclear 369 “Fid” ou decaimento livre de indugo 370. Puls de 180° e co dos “spins” 370 Obtengio de imagem por RMN (IRMN) 371 Pulsos RF selativos 372 Definiggo da imagem 372 Imagem por RMN 373 Bibliogratia 374 Indice Remissivo 365 PARTE I Bioeletricidade sagnéti- yusado 1 Fre 58 Btico, ada ‘ética © vetor tengo 37 e Biofisica das membranas excitdveis 60 __Bioffsica da formacao das ondas do eletrocardiograma CAPITULO 1 Biofisica das membranas excitaveis A eletricidade animal Contribuicao de Galvani e de Volta. A geracao de eletricidade por certos peixes jd era conhecida quando LUIGI GALVANI descreveu sua eélebre observagio sobre a contrasao da pata de ra. Galvani ensinava anatomia em Bolonha (Itlia) e PUELLES (1956) conta que, certo dia, quando trabalhava com ras decapitadas e penduradas numa haste de cobre observou que, quando a pata do animal toca- vva 0 ferro de um baledo préximo, os mtisculos se contraam. Conta também uma outra versio. Nesta, Galvani, em 1760, colocou algu- ‘mas rs mortas sobre tum prato metdfico e um dos seus assistentes, usando a maquina eletrostdtica de Ramsden, apticou um choque elétrico sobre uma delas, produzindo contragdo muscular. O fend- ‘meno foi prontamente reconhecido por Galvani como algo especial ea partir daquele momento passou a dedicar-se ao estudo da ele- tricidade animal. Galvani observou que, mesmo sem a aplicacdo de choque elétrico, ‘era possivel obter a contragao dos misculos das patas posteriores da ra. Para isso, eles eram colocados em contato com o nervo lom- bar que, por sua vez, era estimulado por um par bimetdlico (cobre ¢ezinco). Dos seus experimentos, concluiu: “o miisculo eo nerco cons- fituem uma espécie de condensador de uma prépria e peculiar eletricidade que existe em todos os animais vivos”. Galvani acreditava que “nos amuisculos se rete o fluido elétrico, que lago se difnde pelo corpo median- tea rede de neroos, os quais sfo condutores naturais do fuido elétrico e ‘que seinsinuart com suas extremidades dentro das muiseulos” Suas prin- Cipais observagbes estdo no seu livro De viribus Electricitatis in motu ‘muscularis (1871), Na época de Galvani, ALEJANDRO VOLTA ensinava Fisica na Universidade de Pavia. Volta, estudando o fenémeno descrito por Galvani, concluiu que 0s metais podiam produzir eletricidade e, em 1800, construiut 0 primeiro gerador quimico de eletricidade empilhando alternadamente discos de cobre e zinco. Os metais fo- ram separados por papel ou camurga embebidos em soluc30 aquo- sa acidulada com vinagre. Concluiu dizendo que os miisculos e os nervos sao apenas condutores de eletricidade e que no par bimeta- lico usado por Galvani estava a fonte geradora de eletricidade. 3 4 Parte I~ Bioeletricidade [Nao satisfeito, Galvani redangiiiu relatando os resultados de novos ‘experimentos nos quais conseguiu obter a contragaio dos mtisculos da pata de uma ra quando eles eram postos em contato com o ner= vo ciatico de uma outra ra. Nesses experimentos nao usou 0 par ‘bimetdlico para estimular. Com isso, mostrou que os elementos gera- dotes de tensio e de corrente elétrica estavam situados no animal Accontenda cientifica entre Galvani e Volta somente pode ser resol- vida com 0 desenvolvimento da ciéncia. Hoje se sabe que ambos estavam certos. De fato, as estruturas nervosas so capazes de ini- iar e de propagar estimulos elétricos e estes participam decisiva- mente na promosio da resposta contratil muscular. Por outro lao, laminas bimetdlicas podem produzir uma diferenga de potencial elétrico suficiente para estimular 0 aparecimento do impulso elétri- co nos nervos. Registro do fendmeno elétrico no coracio. Depois que Galvani chamou a atengdo para a eletricidade animal, ndo tardou muito ‘para que WALLER (1887, 1899) descobrisse que os batimentos car- iacos ocorriam concomitantemente com o aparecimento de cor- rentes elétricas e que elas podiam ser detectadas na superficie do corpo. EINTHOVEN (1913), tendo inventado 0 galvandmetro de mola, registrou pela primeira vez essas correntes, obtendo os pri- meiros eletrocardiogramas ¢ abrindo para a ciéncia uma importan te vertente de investigagao. A detecgao dos fenémenos elétricos nos nervos precedeu os traba- Ihos de EINTHOVEN. Em 1850, HELMHOLTZ conseguiu medir a velocidade de propagacio da onda de excitacio no nervo gastroc- némico da ra e, pouco depois, BERNSTEIN (1868) obteve o registro da evolucao temporal do potencial de injuria do nerve lesado. Potencial e corrente de injuiria. Chamou-se de potencial de injtria a diferenca de potencial que se podia medir entre uma regiao de _miisculo integro e outra de muisculo lesado. Nas regides lesadas, os potenciais refletem o potencial intracelular que é diferente do po- tencial extracelular. Os potenciais de injiria podem representar de 30 a 60% da magnitude do potencial normalmente existente entre ‘5 lados da membrana celular integra. lesdo provocada sobre mtisculo destr6i o sarcolema e, por rompé-lo, expée 0 citoplasma, ‘cujo potencial elétrico & menor do que 0 do meio extracelular. En- quanto as células estdo integras, com 0 miisculo quiescente, tanto 0 ‘meio extracelular, quanto o intracelular, s30 volumes eqiiipotencias. Todavia, alesao cria um gradiente de potencial entre a zona lésada a intata e isso faz. com que ocorra um fluxo de corrente elétrica entre essas regides (corrente de injtiria. Potencial transmembrana. A descoberta das correntes de injiria {foi fundamental para que se soubesse que a membrana superficial das células vivas se encontra submetida a uma diferenca de poten- ial, que é chamada de potencial transmembrana ou potencial de membrana, As células nao-excitaveis, tais como as epiteliais do ho- ‘mem, apresentam um potencial de membrana constante, cujo valor estd em tomo de ~20mY. Nos nervos e nos mtisculos, contudo, es- ses potenciais chegam a-90mV. Quando a célula est quiescente, 0 seu potencial de membrana apresenta valor constante e é chamado de potencial de repouso. Figura Figua td sco del Malic bs de novos = muisculos com 0 ner- sou par lentos gera- animal. ser resol- gue ambos s2es de ini- 2 decisiva- putro lado, » potencial ulso elétr- .e Galvani fou muito tentos car- to de cor rerficie do Jmetto de 0 05 pri- smportan- 5 traba- amedir a > gastroc- ‘registro sado. se injiria regia de ssaclas, os se do po- tentar de rte entre sobre o plasma, ular. En- ptantoo falesada elétrica > injiria perficial poten acial de do ho- jovalor ado, es- cente, 0 tamado Biofisia das membranas excitiveis 5 A membrana das células Figura 1.1 Modelo da membrana celo- larproposte por Robertson. (Modificado sdeDanielli[E, or Lacar-Viira & Malnic, 1981, p62) Figura 12 Modelo da membrana cels- lar proposto por Stvin & Daniel (Modi- fieado destin, WD.&-Daniell }F, in De Mello, 1972 p.91.) Figura 1.3 Modelo da membrana cela: lar proposte por Lucy éGlauert (Modi fiendo de Hendler, RW, i Lacas Vieira Malnic 1981, p.70) Evolucdo dos modelos. O conhecimento sobre a estrutura do sar- colema cresceti muito desde os estudos pioneiros de GORTER & GRENDEL (1925). Esses pesquisadores, trabathando com eritréci- tos, mostraram que 0 contexido lipidico das membranas, quando separado e espalhado sobre uma superficie liquida, ocupava uma rea duas vezes maior do que a superficie da célula e, assim, postu- laram existir na membrana plasmatica uma bicamada lipidica, Nela, as extremidades hidrofébicas das moléculas lipidicas deveriam es- tar voltadas para o interior da membrana, enquanto as suas por- ‘Ges hidrofilicas se dirigiriam para os meios extra e intracelular. DANIELLI & DAVSON (1935) previram a participagao de protet- rnas na membrana celular. Eles propuseram tum modelo no qual 40 1 50% da massa da membrana era composta por lipidios que se encontravam arrumados em camada dupla. A massa restante (50 a 60%) era formada por protefnas globulares e filamentosas que reco- briam os lados da matriz lipidica. Posteriormente, ROBERTSON (1957, 1959) (Fig. 1.1) modificou a idéia original de DANIELLI & DAVSON e propés que as proteinas estivessem na membrana sob forma globular e situadas completamente fora da bicamada lipi- dica. Aidéia de uma membrana composta por lipidios e forrada por pro- tefnas nao estava compativel com a permeabilidade que as mem- branas bioldgicas apresentam aos fons hidrossohiveis. Por isso, STEIN & DANIELLI (1956) desenvolveram a idéia dos poros hi- Arofilicos (Fig. 12) formados por tapetes de proteinas e dispostos transversalmente & membrana, de forma a conectar 0s meios intra © extracelular. LUCY & GLAUERT (1964) idealizaram um modelo para a mem- ‘brana (Fig. 13) no qual os lipidios formavam micelas globulares ‘que, por sua vez, estavam revestidas por proteinas. Em 1966, BENSON sugeriu que as membranas celulares deveriam ser compostas por uma matriz proteica onde os lipidios se disper- savam por entre 0s sitios hidrofbicos das proteinas (Fig. 14) LENARD & SINGER (1966), por sua vez, propuseram que o sarco- lema fosse formado por uma dupla camada descontinua de lipi- dios. Fixadas & membrana lipidica estariam as proteinas (Fig. 1.5). es Figura 14 Modclo da membrana cel- Figura 15 ~ Modelo da membrana clu larproposto por Benson, (Modifcado de Jar propdsto por Lenand de Singer (Modi Singer Si st Lacaz-Vieira & Malnie, —flcado de Lenard, J &e Singer 8. i La- 1981. p.71) caz-Vieira de Malic, 1981, p.72) ll 6 Panel -Bioeieticidade Figura 16 Modelo da membrana ceia- lar proposto por Singer & Nicolson. (Mo~ difeado de Singer $}.& Nicolson, GL fn Lacaz-Vieia & Malnic, 981, p. 7 © modelo do mosaico fluido. Muitos foram os esforgos para re- presentar a membrana das células. Todavia, 4 medida que os testes experimentais tornaram-se mais rigorosos, 0s modelos mostraram- se incompletos e, por isso, foram sendo paulatinamente abandona- dos. Somente em 1972, SINGER & NICOLSON acumularam 0 co- nhecimento necessério para formular uma ptoposta mais consis- tente. Para estes autores, a membrana celular é constitufda por uma matriz lipfdica onde existem proteinas globulares parcialmente mergulhadas na matriz lipidica, e outras, as proteinas intrinsecas, que atravessam toda a espessura da membrana, estabelecencio uma ponte entre 0s meios intra e extracelular. As proteinas de superficie sao chamadas de extrinsecas, enquanto as intrinsecas permitem a comunicagao entre o citoplasma e 0 meio extracelular. Esse modelo prope que as proteinas devem estar flutuando na matrz li podendo assim nela submergir ou dela emergir. O aspecto ordena- do dessa matriz e a possibilidade da existéncia de movimentos la- terais ou transversais das proteinas de membrana fizeram com que esse modelo ficasse conhecido como modelo do mosaico fluido (Fig. 1.6). (© modelo de SINGER & NICOLSON responde a uma série de re- quisitos morfoldgicos necessarios ao funcionamento celular. Por exemplo: as proteinas que, na matriz lipidica, flutuam parcialmen- te imersas e voltadas para o meio extracelular atendem as necessi- dades topolégicas dos receptores de membrana para drogas e hor- maénios, enquanto aquelas de imersao parcial, mas volladas para a superficie citoplasmatica, atendem aos requisitos posicionais de ‘enzimas associadas a membrana celular, tais como a adenilciclase e a Na/K/ ATPase. Por outro lado, as proteinas intrinsecas, por se alongarem por toda a extensdo transversa da membrana, s30 possi- vveis loci pata os canais iénicos hidrofilicos, bem como para os siste- ‘mas de transporte de fons e substancias Composicao lipidiea da membrana celular. Tiés tipos de lipidios estdo presentes na membrana da célula animal (ROUSER, NEL- SON & FLEISCHER, 1968): * fosfolipidios: lecitina csfingomielina fosfatidileolina fosfatidiletanolamina fosfatidilserina * slicolipidios + esterdides: colesterol Fluidez da membrana celular, Estudos tém demonstrado que a zona mais central da membrana celular é dotada de fluidez. As moléculas de colesterol s4o capazes de reduziressa fluidez, enquan- 00s fosfolipidios tendem a aumenté-la. Também, a baixa tempera- tura, 0s fons Ca e Mg diminuem a fuidez, © Ca'* e 0 Mg atuam reduzindo a repulsio elétrica entre os grupos carregados presentes nos fosfolipidios (JAIN, 1972) HERMAN & FERNANDEZ (1976) e APPEL & ROSES (1976) cha- ‘maram a atengio para 0 fato de que a fluidez das membranas bio- ogicas pode estar alterada em certos estado patolégicos, tal como Figura ceiulae Prenniosd jos para re- joe os testes mostraram- tabandona- Iaram 0 co- pais consis- a por uma cialmente intrinsecas, kendo uma esuperticie dermitem a {se modelo fe lipidica, to ordena- {ments la- ‘mcom que tico fluido série de re- ‘lular. Por arcialmen- gas e hor- das para a sionais de silciclase e ‘as, por se sho posst- raos siste- 4e lipidios ER, NEL- do que a sidez. As enquan- tempera- fr atuam presentes 976) cha- anas bio- tal como Figura 17 - Modelo atual da membrana culular. (Modifcado de Lossntzer, K hennigsdort,G. Brive Hi 1984, p22) Figura 1.8 Circuito cétrico qivatente A membrana celular R ¢ C representa, respoctivamentearesistincia ea capac tacia da membrana F diferenca de potencialexstente entre ox ses lados ‘Biofisica das membranasexcitiveis 7 ‘ocorre na doenga de Duchenne (distrofia muscular pseudo-hiper- trdfica), no céncer e na distrofia miotonica. Uma membrana com viscosidade alterada deve responder anormaimente durante suas tarefas elétricas. De fato, BRYANT & MORALES-AGUILERA (1971) mostraram que fibras musculares mioténicas apresentavam con- dutancia anormal para os ions cloreto. Por isso, quancio essas fi- bras so estimuladas com um pulso tinico, respondem com uma salva de descargas, dificultando 0 relaxamento muscular. ‘A membrana celular, além dos lipidios das proteinas, apresenta nna sua superficie externa um glicocalice (G) polissacaridico (Fig. 117). Essas moléculas esto relacionadas com propriedades imuo- Tgicas. Comportamento elétrico passivo da membrana celular Circuito RC. A resposta das eétulas a pulsos elétricos sublimiares sugere que a membrana superficial se assemelha a uma associagao do tipo resistor-capacitor em paralelo. Considere-se 0 circuito mos- trado na Fig. 1.8 que é constituido por uma fonte eletromotriz.(E), tum resistor (R) e um capacitor (C). Nesse tipo de associagao, a aplicaggo de um pulso retangular de voltagem faz.a carga do capacitor variar segundo uma fungao ex ponencial simples que obectece a equacio: w= 2b onde: q ~ &2 carga do capacitor num tempo t qualquer Q -€a carga maxima do capacitor ‘Quando a tensio é desligada pela abertura da chave (1) 0 capacitor perde progressivamente a carga acumulada. A corrente de descar ‘ga passa pelo resistor R e a carga do capacitor varia obedecendo A equaglo: qu =Q-e RE Constante de tempo da membrana. Para esse tipo de circuito elé- trico, define-se como constante de tempo (1) o tempot que énume- ricamente igual ao produto RC. Assim, tem-se que: * para a carga: ia = 063 -Q + para a descarga: } = 037° ‘Assumindo-se que a membrana celular equivale eletricamente a ‘um circuito RC em paralelo, pode-se definir para ela uma constan- te de tempo (tq) “i= Ry X Cu onde: R,, ~ € a resistencia da membrana medida em © - cm? ,, ~ €a capacitancia da membrana medida em iF /cm? 8 Parte -Bioeletricidade Correntes de membrana. R,,, pode ser a expresso dos canais hi- rofilicos por onde passam os fons, enquanto o capacitor C,, repre- senta 0 comportamento da bicamada lipidica envolvida pelos meios condutores intra eextracelular. Porisso,amembrana apresenta duas vvias para a passagem de corrente elétrica: uma que obedece Lei de Ohm e esté associada aos canais idnicos, ea outra que tem natu- reza capacitiva e que corresponde ao dielétrico lipidico. Dai, pode- se escrever que: Lath onde: I,- corrente total de membrana (WA /em?) I, = corrente iénica (A/cm?) I, - corrente capacitiva (iA /em?) O potencial de repouso campo elétrico no interior das membranas biolégicas vivas Rigidez dielétrica das membranas biolégicas. As membranas das células vivas estio submetidas a uma diferenca de potencial elétri- cco existente entre as suas superficies interna ¢ externa. O desenvol- vimento do microeletrodo de vidro (LING & GERARD, 1949) per- mitiu a DRAPER & WEIDMANN (1951) mostrarem que as cétulas do coracio possuem um potencial de repouso cujo valor varia de ~60mV nas células nodais a -90mV nas células de Purkinje. Essa diferenca de potencial, quando aplicada sobre o sarcolema, cuja espessura é de 70A, cria um campo elétrico importante no interior da membrana. Para ilustrar, admita-se que a espessura da mem- brana 6 de 100A e que o potencial transmembrana seja de 100mV. Nessa situagdo, a intensidade do campo elétrico (E) sera de 10.000.000V/m, © que é um campo extremamente forte. A dificuldade para obter campos elétricos muito intensos esta no dielétrico, pois a substancia que o constitui deve ter uma rigidez dielétrica suficientemente alta para permitir o desenvolvimento do campo e, consegiientemente, 0 aparecimento de forca elétrica de grande magnitude. Os estudos experimentais mostram que a rigi- dez dielétrica das membranas celulares chega a20.000.000V /m! Isso significa que essas membranas apresentam uma tensao de ruptura em torno de 200mV. Uma rigidez equivalente pode ser detectada nas bicamadas lipidicas artificiais, o que reforga a tese de que os lipidios da membrana encontram-se organizados sob a forma de bicamada (SPERELAKIS, 1979). Para comparagao, a Tabela 1-1 fe- laciona os valores de rigider. dielétrica de alguns materiais. Parametros elétricos da membrana celular Capacitincia das membranas. As membranas biolégicas possuem uma matriz lipidica que é responsaivel por suas propriedades die- létricas. Isso implica admitir que, por separar dois meios conduto- res, as membranas tem propriedades capacitivas. Sua capacitancia momen tum nibule) Faw ps © dos canais hi- tcitor C, repre- Fda pelos meios bapresenta dias f obedece a Lei 3 que tem nate fico. Dai, pode- embranas das btencial elétri- 2. Odesenvol- RD, 1949) per- que as células talor varia de Purkinje. Essa ‘roolema, cuja tte no interior ‘ura da mem- ja de 100mV. »(E) serd de te ensos esta no ‘uma rigidez lvimento do fa elétrica de mm que a rigi- 200V/m! Isso lode ruptura ‘er detectada se de que os a forma de [bela 1.1 re- rials. ‘2s possuem ledades die- ‘0s conduto- capacitancia Figura 19 ~ Micrografiaeletrdniea da membrana daedlula cardiaca mostrando ‘um tibuloT 1,000) De MeNutt, NS. & Fawoet DW, in Langer Brady, 1974, p25) Biofisica das membranas exctiveis 9 ‘Tabela 1.1 - Rigider diclétrica de alguns materiais Rigidex Rigides Materiat dieletrce Material dieletricn (Win) 108 (iw) 108 ra os iu 20 Porcelana 4 3 Didwido detitinio 6 Polietleno 50 Quarteo fundido 5 Teflon © Baguelta 2 Ambar 50 Neopreno 2 Mice 160 piranat 2 Varo Pirex 8 Véeuo 2 Fonte: Halliday, D. & Resnick, R, 1966, p. 830 € de 1NF/cm®. Em fibras de Purkinje, WEIDMANN (1952, 1970) ‘mediu capacitancias de até 12uF /cm’. Este valor, no entanto, refle- te também a contribuigao dos tibulos T para a capacidade elétrica das células dessas estruturas, Os ttibulos T sao invaginagdes do sarcolema que geralmente coincidem com as linhas Z do sarcdme- ro, tal como se pode ver na Fig. 1.9 obtida por McNUTT & FAWCETT (1974). Resisténcia das membranas. As membranas artificiais apresentam resisténcia muito elevada (10° a 10°.cm") quando comparadas aos 1.000 ou 8.00002.cm? das membranas celulares (WEIDMANN, 1952, 1970). Os estudos com membranas artifciais tm mostrado, no en- tanto, que a inclusao de certas proteinas a sua estrutura faz baixar a resisténcia, sugerindo ser este um modelo adequado para repre- sentar a situagao in zivo. A assimetria idnica existente nos meios separados pela membrana celular © potencial de repouso é geraclo em virtude de a membrana apre- sentar permeabilidade diferente aos diversos fons, bem como pela assimetria na distribuigdo idnica entre os lados intra e extracelular (Tabelas 1.2, 13 ¢ 1.4). Também, a bomba Na/K, por ser eletrogéni- a, eontribui para a criagdo do potencial transmembrana.. A suspeita de DEAN Desde os trabalhos pioneiros de DEAN (1941), usando sédio e po- tassio radioativos, é conhecido que a membrana superficial das células, mesmo durante o repouso, é permedvel a vérios fons. Para explicar a baixa concentracéo do sédio e a alta concentragao do potdssio no meio intracelular, DEAN propds a existéncia de “some sort of a pump possibly located in the membrane which can pump out the sodium or, what is equivalent, pump in the potassium”. De fato, a investigagio comprovou que a membrana das células pode bombear sédio e potdssio no sentido dos seus gradientes eletro- quimicos. 10 Pate I - Bioeletricidade Tabela 12 - Masculo cardiaco Ton Concentracao extracelular Concentracao intracelular Relacio e (mM) i (mvt) eli K 4 150 0037 Nat M5 Fe 97 ao 120 5 4 ca 2 104 2x10" Fonte: De Sperelakis, 1979, p. 193 ‘Tabela 13 ~Miisculo esquelético da 3 on Concentracio plasmatica Concentracao intracelular Relagio (mM) i (mM) eli rs 124 0,018 ca 49 043 Nt 104 105 a 15 517, ‘Tabela 14 - AxGnio gigante da lula Ton Concentragao sangitinea Concentragio no axoplasma Relacao (mM) i (mM) li Ke 20 400 0,05 Nat 440 50 88 oy 550 40-150 43,7 Cr 10 04 5 Fonte: De Hodgkin, 1958, A bomba de sédio e potdssio A descoberta da bomba Na/K. HODGKIN & KEYNES (1955), tudando os fluxos de fons radioativos em axdnio gigante de sépia (Gepia officinalis, L.), observaram que o sédio intracelular passava para 0 meio extracelular transportado por um sistema que consu- mia energia metabélica. Para realizar os experimentos, 0s autores mantiveram ax6nios gigantes de Seyria em agua do mar artificial contendo sédio radioativo. O axénio foi estimulado durante um determinado periodo, a fim de levar o s6dio radioativo para 0 axo- plasma. Depois, o axnio foi cuidadosamente lavado e, em segui- da, mergulhado em égua do mar cujo sédio nao era radioativo. Em seguida, monitoraram o aparecimento de radioatividade no meio extracelular, 0 que indicava existir um efluxo do sédio marcado. A Fig, 1.10 mostra o efluxo de sddio radioativo em fungao do tem- po do experimento. Nos primeiros 100 minutos, 0 axénio estava mergulhado em gua do mar artificial, quando, entao, foi adiciona- do dinitrofenol (DNP) ao banho, a fim de bloquear a cadeia respi- rat6ria. Em tomo dos 200 minutos, a solugo do banho foi trocada, voltando-se para a égua do mar. Pode-se observar que 0 s6dio moveu-se de uma regido de baixa concentragao (axoplasma) para outra onde estava mais concentrado (banho). A energia para esse proceso foi fornecida pelo ATP isso péde ser evidenciado com o bloqueio imposto pelo DNP. Observe-se que, em presenca do DNP. 0 efluxo de sédio foi drasticamente reduzido. HODGKIN & KEY- Relagio eli 005 88 437 2 no meio acado. do tem- oestava \diciona- fa respi. trocada, © sédio fa) para ara esse ecomo 4oDNB. & KEY ein) Na (contages/m “Tempo (in) aA ‘Figura 1.10 — Efito de dinitrofenol (DNF) sobre o efluxo de Figura 1.11 — feito do ciancto (CN) sabre o eftuxo de sdio sti radiotivono axbnio gigantedaSepizoficinali.(Modif- _ ragioaivo no axdnio gigante dalla (Loligo forbes). (Modifica ‘ado de Hodgkin, AL. & Keynes, RD. Adley, 1971, .25) _ dode Caldvvell RC. cel m Ailey 1971, p.25) NES observaram ainda que o transporte de Na‘ para fora da eélula dependia da presenca de K' no exterior e que a eficiéncia desse mecanismo de bombeamento variava com a temperatura. Experimento de Caldwell. Em 1960, CALDWELL ¢t ali completa- ram 0s experimentos de Hodgkin & Keynes, injetando ATP no inte- rior de axdnios cujas cadeias respiratsrias tinham sido bloqueadas pelo cianeto (Fig. 1.11), Eles observaram que 0 efluxo de Na* radio- ativo dependia da concentragao de ATP no meio intracelular. Os experimentos de Hodgkin & Keynes e de Caldwell etal vieram comprovar a suspeita levantada por Dean de que a eélula possufa ‘um sistema de transporte ativo para bombear fons. A esse sistema chamou-se de bomba de sédio e potéssio. Localizagio intracelular ¢ eficiéncia da bomba Na/K. A bomba Na/K estd localizada na membrana celular e, provavelmente, tam- ‘bém nos tibulosT (SPERELAKIS, 1979). Para transportar sédio para fora e potdssio para dentro da célula, ela retira energia da hidrolise do ATP, Para cada ATP hidrolisado, trés fons Na sio removidos da célula e dois fons K sao levados para dentro dela. Assim, a cada ciclo, uma carga positiva ¢ transferida para o meio extracelular. A corrente gerada pela bomba Na/K ajuda a formar o potencial trans- membrana, sendo responsavel, no entanto, por uma parcela muito pequena da diferenca de potencial observada no repouso. Quando ela é estimulada a bombear fons em grande velocidade, sua corren- te passa a contribuir de modo relevante para a formacao do poten- cial de membrana, atuando no sentido de hiperpolarizar a célula (VASSALLE, 1970), 3s glicosideos cardiacos, especialmente a ouabaina, s20 capazes de inibir a bomba Na/K. A Na/K/ ATPase, que constitui a proteina identificada como a bomba Na/K (SKOU, 1990), encontra-se mer- gulhada na matriz lipidica da membrana celular, tendo, contudo, acesso as duas superficies dessa estrutura Afinidades da bomba Na/K. O Na* intracelular (SEJERSTED, WASSERSTROM & FOZZARD, 1988) ¢ 0 K* extracelular (KEYNES, 1961) ativam o funcionamento da bomba. A afinidade da bomba 2 Pane I~ Bioeletricidade ppara 0 Na* no lado citoplasmatico ¢ cerca de 3-vezes maior do que a afinidade do K* pelo mesmo sitio de ligacio. Pelo lado extracelu- lar, contudo, a afinidade da proteina pelo K* é 100 vezes maior do ‘que para o Na’. O Li" pode substituir com menor eficiéncia o Na* ro lado intracelular, enquanto os cations monovalentes competem ‘com 0 potissio. A afinidade do sitio externo de ligagdo decai na ‘ordem: K* > Rb! > NH} > Cs! > Lit > Na’. Co-transporte e contratransporte. A bomba Na/K transforma a ‘energia quimica decorrente da hidrdlise do ATP numa distribuicao assimétrica dos fons s6dio e potassio. Por essa razio, 0 s6dio se tora mais concentrado no exterior, enquanto o citoplasma apre- senta alta concentracio de potéssio. Esses gradientes de concentra- cf0 so usados como fonte de energia para que se processem 05 fendmenos da despolarizagio e da repolarizagio das células excité- veis, Também, servem pata promover 0s diversos fluxos iénicos (Fig, 1.12) dos tipos co-transporte e contratransporte. No co-trans- porte, a movimentago de um cétion arrasta consigo um anion eno contratransporte, substancias ou fons de mesma polaridade sao tro- cados entre os lacios interno e externo da membrana. Foram identificados os seguintes fluxos: 1. co-transportes * para dentro da cétula: Na‘ /Ct Nat / K*,2Cr Na*/agiicares- Nat /aminodcidos~ * para fora da cétula: K*/Ct 2. contratransportes 2Na*/Ca®* Nat/H* HY/K* Estrutura da bomba Na/K. A Na/K/ ATPase é formada por dois polipeptidios: um, denominado alfa, tem 1.015-1.018 aminogcidos ‘uma massa molecular de 112kDa, e 0 outro, beta, que é uma glico- proteina com 302 aminoacidos. Além dessas cadeias, foi também identificada na composigo da enzima uma proteina com massa molecular de 35kDa GORGENSEN, 1988). A subunidade alfa tem funcao catalitica, enquanto a beta estd relacionada com a estabili- dade da insergao da enzima na matriz lipidica (SKOU, 1992) AATPase flutua na matriz lipidica da membrana celular. Essa ma- ttiz, além de permitir & proteina uma mobilidade lateral, é funda- ‘mental para que ela se expresse como uma enzima, Nos dizeres de SKOU (1992): “The lipids are to say, the solvent for the protein. The lipids are also necessary for activity”. A ATPase ativa, extraida da ‘membrana com a ajuda de detergentes, arrasta consigo cerca de 50 moléculas de fosfolipidios e aproximadamente 40 moléculas de colesterol para cada unidade (4B), (SKOU, 1992). Se a proteina é, por algum proceso, separada dos lipidios, a sua atividade desapa- rece, mas a adigao de novos lipidios permite que ela seja restabele- cida JORGENSEN, 1988). MAUNSBACH et alii (1988) relataram os esforgos feitos para deter- minar a arquitetura da bomba Na/ K. Os resultados mostraram que a molécula se apresenta como uma estrutura em forma de U. Cada um dos seus bragos tem cerca de 100A de comprimento e est’ afastado do outro por uma distancia de aproximadamente 20A (Fig. 1.13) Figured Mod Figure 126 mentodaia dicado def sior do que > extracelu- = maior do encia 0 Na -competem go decai na snsforma a istribuigao 19 sédio se sma apre- -concentra- ulas excita fo co-trans- Anion eno ade sio tro- a por dois ninoatidos uma glico- oi também som massa fe alfa tem a estabili- 1992). © Essa ma- I, é funda- izeres de rotein. The ntraida da cerca de 50 éculas de proteina é, de desapa- -restabele- para deter sram que a Cada um, id afastado Fig. 1.13) Transport ative Huse passive Figura 142 — Transport iGnice através damembrana celular (Moditicade deSkou, 1092, p96.) Blofisia dos membranas excitivels 13 Natyer Natyk,2C Nat/Agicares RICE 21.13 Model tridimensional da bums dese po- esie (De Matansbach, A.B ef fn Show, 195, p97) les se posicionam no sentido transversal & membrana € suas ex: ‘remidades abertas estao voltadas para 0 meio extraceluilat, avan- ae et ee eee PTDL Cera fabesTadeerae) eet jntrojeta-se 40A e grande parte do seu volume esté mergulhado no E, Na, ATP Regulacdo da bomba Na/K. A bomba Na/K é regulada pelo K* extracelular e pelo Na’ intracelular. Nas concentragbes fisiologicas de Na* e K* a bomba opera com 10a 15% da sua capacidade maxi- ‘ma de bombeamento. Assim, quando 0 muisculo tem o seu trabalho aumentado, como ocorre nas taquicardias, a atividade de bombea- ‘mento pode ser aumentada, a fim de manter constantes os gradien- tes de concentracao dos fons Na* e K* (SKOU, 1992) A insulina, 2 epineftina e a norepinefrina estimulam a atividade da Na/K/ ATPase. Esse efeito é imediato. Também o horménio da ti- redide e os corticosterdides aumentam o bombeamento, mas, nese caso, somente apés um tempo necessério para que novas molécu- las da enzima possam ser produzidas via sintese de novo (CLAU- SEN, 1986). A difusao de ions e a formagio do potencial de repouso da membrana celular Para compreender a formacao do potencial de repouso das aétulas, suponha-se que a membrana celular seja seletivamente permeavel a alguns fons. Considere-se a situagio mostrada na Fig. 1.15 onde uma membrana semipermedvel separa os meios 1 e 2. Nela, a con- ‘entracio do cétion § no lado 1 esté representada por [S], € a con- enta-se no es sonovalentes. de ligar-se ao » baixa, mas, e evolui para ie seqiiestro fede partigao lo Na coma inde para Ey, a equacio de ade um radi- rite com esse 0 complex ja). Esse com- ‘mente para 0 Xa,). Como 0 doK* aenzi- comitante do ide ATP faz trocado pelo E, Na, ATP ada pelo K* ' fisiologicas ‘cidade maxi- {seu trabalho }de bombea- ‘Sos gradien- atividade da ‘ménio da ti- ©, mas, nesse vas molécu- ovo (CLAU- Ide >das cétulas, te permeavel ig Lis onde ‘Nel. acon- ISL, e2.con- Tabela 15 - Misculo cardiaco fou ae Nat cr ae Potencial de equilibria (nv) +129 +60 +3 34 Biofisica das membranas excitivels 15, ‘centragao desse fon no lado 2, por ISI,. A tendéncia difusional de S 2 de migrar do lado de maior concentracio para o de menor con- centracao, gerando um fluxo difusional ®y, Por isso, no tempo t=0 haverd um fluxo resultante que se dirige do lado 1 para o lado 2, transferindo positividade para este Indo e criando um gradiente de ‘potencial elétrico entre as faces da membrana. A medida quea subs- tancia carregada S passa para o lado 2, a diferenca de potencial nos lados da membrana cresce. Todavia, o desenvolvimento de um gra- diente de potencial elétrico correspondente a positividade do meio 2e anegatividade do meio 1 dificulta o fluxo de cations de 1 para2, ‘riando, assim, um fluxo elétrico ((,) que se opde 20 Fluxo difu- sional (®,). Potencial de equilibrio de um fon e a equagio de Nernst. A soma das energias potenciais elétrica e quimica existentes num determi- nado meio chama-se de energia potencial eletroguimica (y). foros que move uma determinada espécie iénica de um lado para outro da membrana surge da diferenca de energia potencial eletroguimi- ca (Ay) existente entre 05 fados considerados. Na situacSo de equi- Iibrio, isto é, quando o potencial de membrana se torn= constante, © fluxo do fon, do lado 1 para o lado 2, é igual ao seu fino irizido do lado para o lado 1. Isso faz: com que o fluxo resultante se torne rnulo, Nessa condigao, tem-se que AY? = 0, 0 que significa que y, = 2. Chama-se de potencial de equilibrio de um fon 2 diferenca de potencial existente entre as faces de uma membrana permesvel a0 fon, quando o fluxo desse fon € nulo, isto &, quando € nuloo gradi- ente eletroquimico do fon entre os lados da membrana. A equag3o que determina o valor do potencial de equiliorio (V,) de um fon s qualquer para o qual a membrana é permesvel foi desen- volvida por NERNST e tem a forma: onde: R__- Ga constante universal dos gases perfeitos T -a temperatura do sistema em graus Kelvin z_ ~avalncia do fon [Sh -€a concentragdo do fon no lado 1 IS], ~€a concentraggo do fon no lado 2 Considerando-se os valores das concentragées do Na*, K*, Ce Ca** vistos na Tabela 1.2, pode-se calcular pela equacao de Nernst © potencial de equilfbrio de cada fon. Esse potencial seria o poten- cial de repouso da membrana caso ela fosse permesvel apenas 20 fon considerado (Tabela 1.5). Os sinais de positividade ou de negatividade vistos na Tabela 1.5 referem-se a0 valor do potencial elétrico intracelular, consideran- do-se 0 meio extracelular com potencial nulo. Os valores dos po- tenciais de equilibrio que esto relacionados na Tabela 1.5 foram caleulados para uma temperatura de 37°C, Dessa Tabela, depreen- de-se que 0 Ca” eo Na* nao devem ser os principais determinantes do potencial de repouso. De fato, no repouso, a membrana celular € muito pouco permedvel a esses fons. Parte ~Bioeletricidade Figura 1.16 —Efeito da vara centragio extracelular de cloreto sobre 0 sl de repouso de edule do mis flo esquelético da ra. (Modifcado de AL & Horowicz, Pit Aidley, extracelular de pot al de epouso de cla culo exquelético dar. (Modifieade de Hodghin, A. & Horowic, Pin Aches Figura 1.18 — feito da concentragio & uacelular de potésio sabre 0 potencial de repouso de edlla do misculoe=que- lice da. (Modificado de Hodgkin AL. Aidley, 1971, p.28.) A contribuigao do potéssio para formar 0 potencial de repouso das células musculares ‘Os experimentos de Hodgkin & Horowiez. Pode-se concluir a partir dos dados da Tabela 1.5 que 0s candidatos mais fortes para a gera- «a0 do potencial de repouso sdo os fons potissio e cloreto. Para elucidar qual deles & o principal responsdvel por esse potencial, HODGKIN & HOROWICZ (1959) realizaram um conjunto de ex- pperimentos em miisculo de ra nos quais mantiveram constante a concentragao extracelular de potassio e variaram a concentragao, extracelular de cloreto. A Fig. 1.16 mostra um dos seus resultados. \Nela se pode observar que, durante os transientes de concentra do cloreto, o potencial da membrana variou de modo nao sustenta- do, retornando sempre ao potencial de repouso que se manteve inalterado em torno dos -100mV tanto com o cloreto externo alto (120mM) como durante o teste com baixo cloreto (30mM). (Quando foram feitos experimentos semelhantes mantendo-se cons- tante o cloreto e fazendo-se variar a concentracio extracelular de Potdssio, o que observaram foi que o potencial da membrana va- Tiava de modo sustentado, isto é mantinha-se alterado, enquanto petsistisse a alteracao da concentracdo externa do potéssio (Fig. 1.17). Esses resultados mostram que o potencial da membrana ce- ular € controlado principalmente pelo gradiente de concentracao de potdssio e que o cloreto ajusta suas concentrages no meio intra- celular e extracelular, de acordo com o nivel do potencial existente na membrana. Depois dos experimentos de HODGKIN & HOROWICZ (1959) fi- cot evidente que os fons cloreto se distribuem passivamentte entre 05 lados da membrana, nao contribuindo para a formagio do po- tencial de repouso, Este depende essencialmente dos movimentos de potassio através da membrana celular. Durante 0 repouso, a membrana é mais permedvel ao K* do que ao Na*. Por isso, 0 po- tencial de repouso da célula esta muito préximo do potencial de equilibrio do potassio. Hodgkin & Horowicz (1959) mediram o potencial de membrana em muisculo esquelético de ra e encontraram que ele obedecia & equacéo de Nernst, quando a concentracio extracelular de potas: sio era maior do que 10mM (Fig. 1.18). Todavia, para concentragées ‘menores do que 10mM, os resultados experimentais no se ajusta- ‘vam as previsdes teéricas. Para explicar o desvio da curva do po- tencial de membrana em concentrag6es de potéssio extracelular mais baixas, os autores admitiram haver uma pequena corrente despo- larizante transportada pelo sédio e, assim, conseguiram ajustar os resultados experimentais, usando a equagio: Jog Khe : aus ay 38-1 Experimentos com miocérdio de mamifero. No coragao, um estu- do semelhante mostrou que o potencial de membrana é mais nega- tivo quando o potassio externo est em toro de ImM. Em dtrio de coelho, PAES DE CARVALHO (1976) obteve 0 resultado mostrado na Fig. 1.19. O aumento da concentragio extracelular de K* reduz 0 sgradiente de concentragio desse ion, diminuindo 0 seu efluxo e, consegiientemente, promovendo a despolarizagio da membrana. ncial ra partir ra a gera- eto. Para potencial, to de ex- nstante a sentragao, sultados. centragao sustenta- manteve emo alto se cons- clular de atragdes > ajusta- ‘do po- larmais despo- astar os mestu- snega- itrio de astrado eduzo Iuxo @, sbrana. IK, (mm) Figura 129 ~Efeto da concentragio ex tracelular de potissio sobre o potencial de epoure de elula do miocinio.(Mo- dfcado de Paes de Carvalho, A. & Mayer Iie GH, i Keleger, 1976, p. 1.) Biofisica das membranas excitivels 17 No experimento de PAES DE CARVALHO (1976) vé-se ainda que a redugao do potéssio extracelular abaixo de ImM promove também uma despolarizacao. Esta se deve & diminuigao da permeabilidade da membrana ao ion. Esse achado corroborou o que WEIDMANN (2956) e VAUGHAN WILLIAMS (1959) ja haviam encontrado. Fatores que alteram 0 potencial de repouso Além do potdssio, 0 potencial de repouso das células pode ser alte- rado pela: * diminuigao da atividade da bomba Na/K, como ocorre nas intoxicacdes digitélicas (PAGE & STORM, 1965); + diminuigao da produgdo de ATP, como na anoxia ou na inibi- ‘gio metabélica por venenos como o dinitrofenol eo cianeto (HODGKIN & KEYNES, 1955; CALDWELL, HODGKIN, KEYNES & SHAW, 1960); ‘+ aco de drogas que alteram a permeabilidade da membrana 0s fons que formam o potencial de repouso, como ocorre, por exemplo, com a acetilcolina que, aumentando a permea- bilidade ao K, hiperpolariza a célula (PAES DE CARVALHO, HOFFMAN & LANGAN, 1966; HOFFMAN & SUCKLING 1953; HUTTER & TRAUTWEIN, 1956; TRAUTWEIN & Di DEL, 1958; HUTTER, 1961) ow com as substincias conhi das como abridoras do canal de potéssio (“potassium chan- nel openers”) e as oclusoras do canal de potéssio (“potassium channel closers”) As principais correntes iénicas que atravessam a membrana celular Durante o repouso, a resisténcia da membrana permanece constan- te eo potencial das células miocardicas apresenta-se, geralmente, invariavel. Nessa situacio, o interior das células € negativo em re- lacio a0 meio extracelular. Hodgkin & Horowicz. mostraram que o potencial de repouso é formado principalmente pela movimenta- ¢f0 dos fons potassio. Na situacao de equilibrio, contudo, 2 corren- te de saida transportada pelo potdssio ¢ contrabalancada pela cor- rente de entrada transportada pelos fons sédio. Assim, durante 0 repouso, a corrente total que atravessa a membrana é nula ¢ isso pode ser representado por: Te A diferenca de potencial que serve de gradiente motor para uma dada corrente idnica ¢ igual & diferenca entre o potencial de mem- brana (V,,) € 0 potencial de equilibrio do fon i (Vj). Assim, para 0 Nat e K*‘tem-se que: Ine the =0 onde: Ry, ~€ a resisténcia da membrana 8 passagem dos fons ssdio Rx -€ a resisténcia da membrana a passagem dos fons potéssio Representando em termos de conduténcia da membrana, teremos: Tua" Van Vy)“ Gy Tk=Wa~ Va) “Gx 18 Parle -Bioeletricidade Figura 1.20 — Equivalente elétrico da membrana celae passiva mostrando 0 ‘apactor de membrana (C,) a5 cond \Uncias para ostons pots ge) do poten- [24 mostra IN & HUX. proximada- fase de des- epolariza- jeletrodo br LING & ‘s mais figis (Osestudos com maior emporal do {ASTUK & ssartério da Fesumiu os ado em di- fo de vidro, 10. Eles ps aspectos, Jongos, po- mv Hor 1 2 ° 0 ‘Figura 1.26 — Efito da concentragio ex- tracelular do sdio sobre o potencil de ‘agdo do axGnio gigante da lola. O regi {to fotoblidoem nervo mergulhado.em sua. marcomcancentasio normal de so (salaglo-conteole) Em 20 poten Galde agSo apreseatou amplitude exe “decrescmento diminwidas Esteseitos foram provocados pela edugaodo sido ‘extnceular(sohugrlesie) O registro 3 mostra a recuperacao da resposta edt ‘a.apdsoretornea solucio-controle.(Mo- ‘diicado de Hodgkin, AL & Kat, B, in Adley. 1971, p73) Blofisica das membranascxctiveis 21 A teoria do s6 e do potéssio (Os estucos iniciais feitos por HODGKIN & KATZ (1949)em axénio, gigante de lula permitiram a esses autores tentar uma explicacéo para a formacao do potencial de agdo nessa estrutura biolégica. Eles observaram que 0 s6dio estava mais concentrado na égua do mar do que no axoplasma e que o oposto ocortia com relacio a0 potdssio. O meio extracelular desse animal tem composicao iénica parecida com aquela da égua do mar. Em vista disso, os potenciais de equilfbrio desses fons deveriam forgar a membrana a assumir polaridades contrérias. Isto significava que, se o potencial da mem- bbrana dependesse exclusivamente do potassio, o interior da célula seria negativo com respeito a0 exterior. Caso a membrana celular fosse mais permedvel a0 sédio, o citoplasma ficaria positivo. Ba- seados nesse raciocinio, explicaram o potencial de repouso como sendo decorrente de uma maior condutancia da membrana a0 po- téssio e propuseram que o “overshoot” deveria estar associado a um aumento da permeabilidade da membrana ao s6dio. Para testar essa idéia 0s autores recuziram progressivamente a con- centragdo extracelular de s6dio e observaram uma diminuigio con- comitante da amplitude do potencial de acio gerado. A Fig. 1.26 ‘mostra trés potenciais de ago. Em 1, o axGnio estava em égua do ‘mar com concentragao de sédio normal, enguanto em 2 0 s6dio extracelular foi reduzido para 33% do normal. Sob esta condigao, a amplitude do potencial de agao sofreu uma grande reduc, mas esse feito pode ser revertido com o retomo a solucao inicial (curva 3), Resultados semelhantes aos de HODGKIN & KATZ (1949) foram também encontrados em nervo mielinizado de ra (HUXLEY & STAMPFLL 1951), em axdnio de insetos (NARAHASHI, 1963), em muisculo esquelético de ra (NASTUK & HODGKIN, 1950) ¢ em ‘mvisculo cardiaco de mamifero (DRAPER & WEIDMANN, 1951). Em 1951, HODGKIN reforgou as id¢ias originals de HODGKIN & KATZ (1949) e propés, funcamentando-se em resultados experi- ‘mentais, que a fase de despolarizacao do potencial de acao era pro- duzida por uma entrada de sédio do meio externo para 0 interior da célula, enquanto a repolarizacao ocorria como conseqiiéncia de uma répida fuga de fons potassio do meio citoplasmatico para 0 meio extracelular O estudo das correntes de membrana com a técnica do “voltage clamp” ‘A técnica do clampeamento de voltagem da membrana celular (“vol- tage clamp”) desenvolvida por COLE (1949), MARMONT (1949), HODGKIN, HUXLEY & KATZ (1949) e outros trouxe novos conhe- cimentos sobre as correntes de membrana e reforgou os argumen- tos da teoria do sédio e do potassio. A técnica inicial consistia em se colocar um ou mais eletrodos no interior de um axdnio calibroso e longo. Por meio dele era possivel fazer passar através da membra- na uma corrente controlada, cuja cinética podia ser medida, a fim de manter o potencial de membrana num nivel constante e deseja- do. A Fig. 1.27 mostra esquematicamente as bases dessa importan- te técnica. Nela se pode ver um eletrodo inserido ao longo de um axGnio mantido em 4gua do mar artificial. Uma chave comutadora permite que a voltagem possa ser trocada rapidamente, partindo 22 Parle -Bioeletricidade Figura 127—Esquemada éenicado “vol- tage clamp”. Olindro mais excuro r= presenta tm eletrodo calocado a0 longo {de um asdnio gigante. O lindo mais ‘externo representa o mci extracel € Loum amperimetra Te 2 sto fontes de potencal eziric. (Modifcado de Ruch Patton, 1965, p50.) a a Sans Figura 1.28 ~ Registro temporal das cor ees micas que atravewsam a membri- nado axinio gigante de Tula. O tacado Superior mastra.as vltagens de lampes mento da membrana. Nos tragados Ae ‘Connervg esiava mantido em gua do ‘mar artificial, enguanoem B, osodio da Solugio foi substitu por colina. seta Indica 0 sentido das correntes que se mo veram do meio intracelular para o extra- cctular (Moditicado de Hodgkin, AL (1958) © Hodgkin, AL &e Hunley, AF (1952), Ailes. 1971, p80) av Figura 129 — Registro da corrente de ‘membrana no axénio gizante da lula. A linha horizontal que precede a carves representa 0 nivel de corente nala, AS curvas situadae acima deste nivel equ valem is corentes quesairam do axinio para o meio extractlular © 8 que est30 Ntuadas aboixo dele, as correntes que ‘igraram cm eiregS0 20 axoplasmo, Os potenciais de clampeamento eo ind fades 20 lado. (Modifica de Houlgkin, ‘A. (1958)e Hodgkin AL, Huxley, AR & Katz B-(1952), a Aide 1971, p80.) de um nivel controle (1) para um pulso de teste (2). A aplicagio deesse pulso desequilibra as correntes que fluem pelo axolema e, para manter a voltagem de membrana no novo nivel, é necessétio que equipamento compense as correntes iénicas que atravessam a membrana, HODGKIN, HUXLEY & KATZ (1952) e HODGKIN & HUXLEY (1952a-d), usando a técnica de “voltage clamp”, fizeram as determi: rages do curso temporal das correntes transportadas pelos fons. A Fig, 1.28 mostra um desses registros (HODGKIN & HUXLBY, 1952a). (O tracado superior representa a variagio do potencil interno do axd- rio, que se encontrava inicialmente em tomo de—S0mvV. A passagem de um pulso longo de corrente despolarizante fez com que o poten- cial do axoplasma variasse para +10mV. Os registros A, Be C sio da corrente de membrana obtida com 0 axénio mergulhado em digua do mar (Ae C), mas em B a preparagio estava mergulhada em 4gua do ‘mar onde o sédio tinha sido substituido por cloreto de colina (a colina no atravessa a membrana celular). As curvas de corrente mostraram tn@s fases distintas. Primeiro ocorreu uma répida corrente de saida, resultante da descarga do capacitor de membrana (1). Em seguida, durante aproximadamente Ims, houve uma corrente (2) que se dir git para dentro do axénio e, finalmente, apareceu uma grande cor rente (3) que se dirigiut para fora da célula e que se manteve enquanto durou o pulso despolarizante. A retirada do sédio externo aboliu a corrente 2) para dentro, substituindo-a por uma corrente (") para fora, ‘como se pode ver no tragado B. Esses resultados sugerem que a corrente (2) de entrada estava sen- do transportada pelos fons sédio e que a despolarizagao da mem- brana promoveu um rapido aumento da condutancia a esse fon. Quando 0 meio externo continha sédio, a corrente dirigiu-se para dentro em virtude do gradiente de potencial eletroquimico, pois a concentragio do sédio extracelular era mais elevada do que a in- tracelular.Todavia, quando se retirou o s6dio da solugao externa, a concentragdo desse fon existente no axoplasma, apesar de peque- na, tornou-se maior do que a concentracao externa, favorecendo 0 fluxo de s6dio para fora. Acontraprova de que corrente para dentro (2) estava sendo trans- portada pelo s6dio foi feita aplicando-se pulsos despolarizantes de diversas intensidades de modo a determinar em que voltagem de membrana a corrente mudava de sentido. Isso foi feito por HOD- GKIN, HUXLEY & KATZ (1952) e por HODGKIN (1958). A Fig. 1.29 obtida por HODGKIN (1958) mostra um desses registros. A andlise das curvas sera limitada ao intervalo de tempo demarcado pela barra horizontal. Note-se que os pulsos despolarizantes de 91 © 104mV produziram, nesse intervalo, uma pequena corrente de entrada (valores negativos), enquanto o de 130mV eo de 143mV_ transformaram esse componente numa corrente dirigida para fora da célula (valores positivos). O pulso de 117mV, no entanto, mante- ve, aproximadamente, a corrente de membrana no nivel existente antes do pulso. Nos experimentos realizados, a concentracio ex- {racelular de sédio foi ajustada para fornecer um potencial de equi- Figured do ated) Sidioeg skin ad A aplicagio axolema e, necessario © atravessam & HUXLEY a as determi- pelos fons. A KLEY, 19522), temo do axd- \estava sen- go da mem- igiu-se para inico, pois a fo que a in- joexterna, a Pde peque- rorecendo o ‘endo trans- srizantes de ‘oltagem de por HOD- 68). A Fig. registros. A siemarcado antes de 91 corrente de {de 143mV. (a para fora nto, mante- celexistente ‘Tempo (ms) Figura 1.30 ~ Corsentes de membrana btidas por *vollage clamp". A curva a ‘onnesponde acortente otal que atravese ‘aaimembranado xno giganteda la, ‘As curvas bec 3s correntestransporta- «das pees ions potissio sii, respecti- ‘Vamente(Modificado de Hodghin, AL. (1058) ¢ Hodgkin, AL & Huxley, AE (1952) Adley, 1971, p. 83) ¢ 8 10 “Tempo (ms) Figura 1.31 —Condutanciada membrana do axénio gigante da lula para os fons sédio e potissio. (Modificada de Hod shin A.L. (1958) iu Adley, 1971.83) ime Figura 132—Superposiglo do potencial ‘deacio do xdnio gigante da lula com as curvas de condutincia do axolema para ‘Osbdio (Gy,) eo potassio (Gy) (Modifc ado de Hodgkin, AL. (1958) in Ruch & Patton, 1965, p54) Biofisiea das membranas excitiveis 23 Iibrio em tomo de 117mV. Por isso, esse resultado reforgou a sus- pita de que o s6dio era o fon transportador da corrente de entra- a. Os estudos de HODGKIN & HUXLEY (1953) mostraram que a corrente dirigida para fora do axOnio era transportada pelo potdssio. As curvas temporais das correntes de sédio e de potdssio que atra- vvessam 0 axolema foram conhecidas a partir dos estucios de HOD- GKIN (HODGKIN & HUXLEY, 1952; HODGKIN, 1958). A Fig. 130 ‘mostra que, quando um pulso despolarizante de S6mV foi aplica- do a um axGnio gigante mantido em dgua do mar com concentra- ‘20 normal de sédio, obteve-se a corrente de membrana mostrada na curva a, Essa corrente apresentou um componente dirigido para dentro da cétula (corrente negativa) e outro para fora (corrente po- sitiva). Quando um pulso semethante foi aplicado no axOnio ba- mhado por agua do mar, mas cujo s6dio havia sido substituido por colina, a corrente inicial de entrada desapareceu, resultando numa corrente toda dirigida para fora da célula (curva b). Pela teoria do s6dio e potdssio, a curva b representaria a corrente transportada principalmente pelo potdssio. Assim, a diferenga entre as curvas a eb deveria representar a corrente de entrada transportada pelo sédio (curva ¢). (Os experimentos de HODGKIN & HUXLEY (1952a) e HODGKIN (1958) permitiram conhecer a variagao da condutancia da membra- na do ax6nio gigante para os fons sédio e potéssio, durante um pulso despolarizante de longa durasio. A Fig. 1.31 mostra que, com € aplicagao do pulso, a condutancia ao s6dio aumenta rapidamen- te, mas esse aumento nao é sustentado e, assim, a condutancia re- toma ao valor original ainda na vigéncia do pulso estimulador. A condutincia ao potéssio, no entanto, eleva-se progressivamente até atingir um valor maximo e nele se mantém enquanto dura a despo- larizagio da membrana do axénio. Em 1952, Hodgkin & Huxley propuseram que o potencial de acéo do axénio,era formado por uma corrente de entrada de sédio € uma corrente de saida de potdssio, Obtiveram experimentalmente as curvas de condutancia cla membrana a esses fons e formularam sum modelo fisico-matematico para explicar a formagao do poten- cial de ago nessa estrutura biolégica. No entender dos autores, 2 fase de despolarizagao do potencial de agao se deve a um aumento da condutancia da membrana ao s6dio e a de repolarizacao, a uma ‘maior fuga de potdssio. A Fig. 1.32 mostra trés curvas: + potencial de agio do axénio (curva nao sombreadia) + condutancia do sédio (Gy) + condutancia do potassio (Gy) Observe-se que a condutancia ao sédio cresce mais rapidamente € ‘mais intensamente do que a do potéssio, mas esse aumento dura pouco tempo. Como a conduténcia da membrana 20 potdssio per- ‘manece aumentada por um tempo mais longo, a célula, além de se repolarizar, hiperpolariza-se. O modelo de Hodgkin & Huxley e suas equagdes Estratura do modelo. HODGKIN é& HUXLEY (19522-d) propuse- ram um modelo para explicar 0 comportamento elétrico passivo € ativo da membrana do ax6nio gigante da lula (Fig. 133). Segundo eles, o controle dos canais de s6dio se faz por particulas do tipo M 24 Pastel -Bigeletvicidade Figura 133 Comportamento das part ubas tipo Me H com a despolarizacio dda membrana celular Em Aa membra. -a est em repouso, enquanto em Be C ‘std em process de despolarizacio. Ax particulas se localizam no interior da ‘membrana, No esquema, face superior de cada membrana ests voltada para © meio extracetelar (De acordo como mo delo de Hodgkin, AL. & Hexley, AP, 1982) Figura 134 Mordelo da cnética das por- ticulas N, Me H. As constants we Bre presentam a taxas de tro ene osc parimentos designados por Estado Ie Estado. As paricuas N e M sio atv doras dos canais de posto esi te pectivamente. As prticulas H inativam oscanais de sidio, (De acordo com Hod skin & Huxley, 1952) (particulas de ativagio) e do tipo H (particulas de inativagao). Os canais de potéssio, por sua vez, por nao apresentarem inativacio, seriam controlados apenas por particulas do tipo N. Os autores estenderam a idéia fisica do modelo postulando que no seria obrigatdrio que as particulas existissem de forma diferen- ciada. Como alternativa, sugeriram a possibilidade de haver trans- ocagao de sitios carregados durante as mudancas de conformacio sofridas pelas moléculas que compdem a estrutura da membrana celular. Do ponto de vista do raciocinio fisico, no entanto, € mais {cil raciocinar com particulas do que com o movimento de centros de cargas das moléculas. As particulas ideatizadas por Hodgkin & Huxley sdo negativas ese movem entre dois compartimentos situados préximo as faces ex- tema e interna da membrana. A forca para mové-las tem dupla natureza: elétrica e térmica. Por possuirem carga negativa, durante © repouso, quando o citoplasma ¢ fortemente negativo, as particu- las se concentram preferencialmente no compartimento mais exter- no (Fig. 1.33A). Algumas, no entanto, podem estar no “pool” da superficie interna, em virtude da agitagao térmica. A despolariza- 0 da membrana (Fig. 1.33B) forca a migracio das particulas do compartimento externo para o compartimento interno. Primeira- mente, migram as particulas do tipo M, por terem cinética mais répida. A presenga de trés delas no compartimento interno é res- ponsavel pela abertura de um canal de sédio. Com o tempo, e man- fida a despolarizagio, as particulas do tipo H movemt-se para o compartimento interno (Fig. 1.33C), provocando a inativaco des- ses canais A generalizacao dos conceitos fisicos aplicados @ membrana de Hodgkin & Huxley pode ser feita considerando-se que as cargas ou particulas N, M e H poderiam existir em dois estados distintos, aos quais chamaremos de Estado 1 e Estado 2 (Fig. 134). Os autores postularam que, para abrir um canal de Na°, seria necessério que tts particulas M migrassem do Estado 1 para o Estado 2.¢ que a ppresenca adicional de uma particula H nesse estado conduziria a inativagao do canal aberio. A ativacéo do canal de potéssio dar-se- ja pela reuniao de quatro particulas N no Estado 2. De acondo com o modelo de Hodgkin & Huxley, para um pulso de despolarizagao de longa duracao ¢ que mantenha a voltagem da ‘membrana constante, as particulas M devem mover-se do Estado 1 para Estado 2 com uma constante cinética @,, voltar ao Estado 1, ‘obedecendo a uma constante cinética B.,. A variagao do potencial de membrana, durante a despolarizacao, impoe as particulas M uum movimento ordenado, levando-as para o Estado 2, Todavia, essa variacao de potencial arrasta também particulas do tipo He do tipo N. As do tipo H migram com uma constante de troca B, € retornam ao Estado 1 com uma constante cinética cy. Assim, 08 canais de sédio sao ativados, porque a, & maior do que By. AS particulas N, por sua vez, movem-se do “pool” 1 para 02 com uma constante d., ¢ retornam ao Estado 1, obedecendo a uma constante de troca ,- Quatro particulas N no Estado 2 abrem um canal de potdssio. O baixo valor de a, quando comparado a0 de Gy, & res- ponsavel pelo erescimento lento da condutancia da membrana a0 potdssio. Pela teoria de Hodgkin & Huxley os alfas e 05 betas s80, varidveis que dependem exclusivamente da voltagem. pvertrans- aformagao membrana to, mais de centros ativase se $ faces ex- em dupla 2 durante 's particu- fais exter- “pool” da spolariza- tculas do Primeira- Stica mais mo 6 res- .0,eman- ‘se para 0 acto des- bbrana de cargas ou intos, 208 's autores Sirio que 2equea duziria a ‘o dar-se- pulso de agem da Estado 1 Estado 1, potencial cculas M Todavia, tipo He roca By € ssim, 05 © By. As ‘om uma onstante canal de fe te vetas sto Biofisica das membranasexctiveis 25 “Gating current”. O modelo de HODGKIN & HUXLEY pressupée a movimentacio organizada de cangas elétricas no interior da mem- brana. Nos anos70, ARMSTRONG &BEZANILLA (1973, 1974, 1975, 1977), BEZANILLA & ARMSTRONG (1974a,b; 1975a,b), BEZANIL- LA et alii (1982) e BEZANILLA (1985), usando uma técnica especial (técnica da média coerente), detectaram uma fraca corrente prece- dendo a abertura dos canais de sédio. A ela chamaram de corrente de abertura dos canais de sédio (“sodium gating current”), confir- mando, assim, as previsdes teéricas de Hocigkin & Huxley. Equacdes do modelo. O modelo de Hodgkin & Huxley esta basea- do na cinética entre dois compartimentos ou entre dois estados dis tintos. Para descrever matematicamente as curvas de condutancia a0 potissio ¢ ao s6dio, HODGKIN & HUXLEY (19524) propuse- ram que a condutancia a esses fons deveria variar com o tempo & com a diferenga de potencial aplicada sobre a membrana. Assim: Bq = Gq ont Sra = Guy m onde: gq ~ €a condutincia da membrana ao potssio num tempo tqualquer SB. ~ a condutincia da membrana a0 s6dio num tempo t qualquer Gx. - €a condutancia maxima da membrana ao potdssio Gy, - €a condutancia maxima da membrana para 0 s6dio m_ - uma varidvel adimensional responsavel pela ativa- fo dos canais de sédio bh - é uma varivel adimensional responsdvel pela inati- vagio dos canais de sédio n_ - é uma varidvel adimensional responsavel pela ativa- Gao dos canais de potdssio Considerando que as particulas se movem entre dois estados, pode- se encontrar as equagdes que governam a variagao das suas quanti- dades em um dado estado. Assim, 0s autores propuseram que -varidveis n, meh devem obedecer as seguintes equactes: dn 28g a-m- at = 0, (-m)—B,n am =o, d-m)-p,m aan Bra ah fh =o, -m)- Bh a eB As correntes transportadas pelo sédio e pelo potéssio foram des- critas por Hodgkin & Huxley como: arm? “h(V_- Vy) I= Gx ont (V,.—Vq) a diferenga de potencial através da membrana © potencial de equilibrio do sédio Vx. -€0 potencial de equilibrio do potassio 26 Parte -Bioeletvicidade Figuta 135—Excitagia da membrana do axGnio, Os pulsor de eoerent (1) esto uperposton, Tits dales produzicam hie (pulsoe negatives) es, Vcrepresenta a valagem iat; PA, poteneal de agio, EEL, est doexctatseo foal (ModiRcado de Katz, 1965, p.7.) A ccontribuigao de outros fons para formar a corrente ce membrana foi reunida numa sinica corrente 2 qual chamaram de corrente de ‘vazamento (I,). Dessa sorte, postularam que a corrente total de membrana (I,) seria 0 resultado da soma das correntes capacitiva (1p, iénica (1,)¢ de vazamento (I,). Assim: I= heheh, Gas + Gym? HV. Vy) + Gy nV, Va) + Gy (Vg Vi) onde: G,- 6a condutancia da membrana aos fons que compoem a corrente de vazamento ‘V_- 60 potencial de equilibrio dos fons que compoem a cor- rente de vazamento ‘A excitagao da membrana do axénio ‘A Fig. 1.35 mostra esquematicamente como a membrana do axGnio responde a estimulagao artificial. O grafico representa o curso tem- poral do potencial transmembrana (V,,) para diversos estimuulos (1) aplicados, © potencial de tepouso 680m. Todos 0s pulsos de estimulagao apresentam duragao constante, mas intensidade varia- da, tanto para os estimulos despolarizantes (+), quanto pata os hiper- polarizantes (~ Resposta passiva. A aplicagao de pulsos de corrente despolarizan- te tora o potencial intracelular menos negativo, Se a corrente de estimulagdo & pequena, isto é quando suficiente apenas para mover o potencial de membrana cerca de 10mV, entdo, a variagdo de potencial obedece a uma fungi exponencial crescente. Ao ser desligado o pulso de estimulagao, a membrana retorna ao poten- ial de repouso seguindo uma variagao que é também exponencial. Esse tipo de resposta ocorre quando nao hé variacio da resistencia da membrana, por isso, 6 chamada de resposta passiva. Quando 0 estimulo é um pouco mais intenso, a resisténcia da membrana so- fre uma pequena e transitdria alteracao e, nesse instante, a sua res- posta nao mais obedece a uma funcao exponencial simples. Duran- te a variagdo da resistencia da membrana produz-se um estado ex- | (150 a 500ms). Quatro fases foram definidas por Weidman para ‘esses potenciais, conforme se vé na Fig. 1.38. A fase 0 corresponde a despolarizacao da célula;a fase 1, a uma répida, precoce e incom- pleta repolarizacao; a fase 2, também chamada de plat6, corres- ponde ao tempo durante 0 qual a célula permanece despolarizada * €0 seu potencial mantém-se quase constante; a fase 3 é a fase de repolarizacao propriamente dita, pois, durante esse intervalo de tempo, a célula recupera o nivel inicial do potencial de repouso; a fase4, finalmente, éaquela que corresponde a didstole elétrica. Com excecao das eélulas nodais e das fibras de Purkinje, as oéhulas car- Figura 138 —Faces do potencal deasiodiacas so capazes de manter um potencial de membrana constan- canto te durante essa fase. Fees 4) et Os componentes e os tipos do potencial de acio cardiaco. | WRIGHT & OGATA (1961) perceberam que 0 potencial de acao ao cardiaco era constituido por dois componentes. Todavia, coube a PAES DE CARVALHO, HOFFMAN & LANGAN (1966) demons- trar que eles podiam ser separados e que cada resposta podia pro- pagar-se isoladamente. A esses componentes chamaram de ripido € lento. © componente répido muito se assemelha ao potencial de gio do nervo. Sua despolarizacio depende essencialmente da en- trada de s6dio pelos canais de cinética rpida. O componente lento 6 a resposta elétrica caracteristica das aélulas miocérdicas. Ele apre- senta tuma taxa de despolarizacio muito menor do que aquela do componente rapido e sua velocidade de propagacao no tecido car- diaco é pequena. No coragio, PAES DE CARVALHO (1976) reconheceu existirem trés formas basicas de potenciais de ago. A morfologia dessas respos- tas estd mostrada na Fig. 1.39. Os potenciais do tipo A apresentam componente répido (seta) bem desenvolvido que é responsaivel pela amplitude do potencial de agdo. Eles so encontrados no miocér- dio de trabalho e de condugao ventricular. Nos do tipo B, 0 compo- eterminada ado corres despolari- rervos, que membrana, ‘membrana. > limiar de fas caracte- 137. ppotenciais gigante da do axénio, Ja geracio N&CRA- mentos de ntrario do culares da 's da con- eclinio na 2 agdo do © possuir duragio ann para responde e incom- 5, corres- dlarizada a fase de rralo de pouso; a ica. Com tulas car- constan- trdiaco. de aco coube a femons- fia pro- rapido cial de >a en- telento leapre- tela do do car- em trés respos- ‘entam elpela ilocér- ‘ompo- Figura 1.39 Formas do potencal de agio ‘arisen (De Paes de Carvalho, A.ct al, oe Koger, 1976, p. 25) av, 100m, igara 140 Variaches da condutincia larmembrana da eéluls do miocsedio paras ons sido (Cy) potisio (Ge “lldio (C,) A curva superior epresee- ‘bo potencial de agho miocindico quer sulta do fuxo denses fons. (Modficado SePaes de Careatho,A, in Kreger 1976, p23) nente répido & pouco desenvolvido e a amplitude desses poten- écie ibnica 4, existem ais comple- Biofisica das membranas excitiveis 31 tos, a fase 0 é gerada pelo sécio que, atravessando a membrana celular pelos canais rapidos, permite que a taxa de variagio da vol- tagem da membrana seja muito elevada (500 2 600V/s), Durante 0 plato, contribuem as correntes de cloreto, sédio e calcio. Estas duas Sltimas atravessam a membrana por canais de cinética lenta, Na fase de repolarizagao, a principal corrente idnica se deve 20 potés- sio. Esse fon transita por muitos subtipos de canais,tais como o K,, Ky, K Kea @ Kearny Em fibras de Purkinje, além das correntes nipidas de séio (I,,), das cozrentes lentas ce Na’ e Ca“ (I) e das correntes repolarizan- tes transportadas pelo K", os estudos com “voltage clamp” identi ficaram uma corrente transportada para fora das eélulas e sensivel a remosao do cloreto extracelular. A ela se chamou de corrente di- rnamica positiva (I,) (DECK & TRAUTWEIN, 1964; DUDEL, PE~ PER, RUDEL & TRAUTWEIN, 1967; FOZZARD & HIRAOKA, 1973; HECHT & HUTTER, 1965; PEPER & TRAUTWEIN, 1968; REU- TER, 1968). Foi também identificada uma corrente (Ix3) que esta relacionada com a atividade marcapasso dessasfibras (NOBLE & TSIEN, 1968). Cortentes marcapasso. O desenvolvimento do ritmo cardiaco de- corre da capacidade de auto-excitacao das células nodais. Durante a fase 4 dessas células, além de uma diminuigdo progressiva na corrente de saica transportada pelo potassio, duas correntes idni- cas foram descobertas (PETIT-JACQUES, BESCOND, BOIS & LEN- FANT, 1994). A primeira delas ocorre nos instantes iniciais da DDL @ € responsaivel pela inclinagdo inicial dessa fase. Essa corrente & transportada por fons Ca (Ic, x~ “low-threshold transient current”) ©-a sua cinética & diminuida pelos fons Cs e,Cd, bem como pela amiodarona. O BAY K-8644 e a noradrenalina favorecem 0 auumen- to dessa corrente marcapasso. A segunda corrente, representada por], ou por Io, “high-threshold long-lasting current”), é trans- portada pelos fons Ca e Na. Essa corrente aparece na fase final da DDL, conferindo a cla uma nova taxa de variagio. O verapamil, 2 tetrodotoxina (TTX) e a rianodina reduzem a corrente I., enquanto o BAY K-8644 e a noradrenalina aumentam sua magnitude (RU- BENSTEIN & LIPSIUS, 1989). Caracteristicas eletrofisioldgicas e farmacoldgicas dos canais iénicos ‘A geragao dos potenciais elétricos na membrana celular depende fundamentalmente das correntes idnicas que a atravessam. Para isso, 05 fons mais importantes sf: 0 s6dio, 0 calcio, o potissio 0 cloreto. O fluxo de cada uma das espécies iGnicas se faz através de canais apropriados, cuja seletividade, no entanto, € variada. As té- niicas de “voltage clamp”, “whole-cell clamp”, “patch clamp”, de incorporagao de proteinas em membranas lipidicas artficiais, de isolamento e seqiienciamento das proteinas de membrana e de ‘manipulagéo genética para identificar 0s loci do DNA (p. ex., RU- DOLPH, SPIER BYRNS & HOFFMAN, 1992), que sfo responsaveis pela codificagio das proteinas que se incorporam & membrana, tém ‘Permitido a compreensio da geometria e dos mecanismos de fun- ionamento dos canais iénicos. Foram identificadas varias isofor- ‘mas para cada um dos canais iOnicos conhecidos. Uma sintese do que se tem aprendido sobre eles ser agora apresentada. 2 Pete -Bioeletricidade Os canais de s6dio. Para gerar o potencial de acao, 0s fons atraves- sam a membrana celular por canais hidrofilicos. © canal répido de Na*, por exemplo, responde pela fase 0 dos potenciais de agao com- pletos. Esse canal, que ¢ bloqueado pela TTX (NARAHASHI, MO- ORE & SCOTT, 1964) e pela lidocaina (BIGGER & MANDEL, 1970; CHEN & GETTES, 1976; DAVIS & TEMTE, 1969; SINGH & VAU- GHAN WILLIAMS, 1971; WELD & BIGGER, 1975), apresenta ina tivagdo quando a eétula é despolarizada, As correntes répidas de Na“, além de serem afetadas pela TTX e pela lidocaina JOSEPHSON, 1988), sao também sensiveis 3 etmo- zina (MAKIELSKI, UNDROVINAS, HANCK, SHEETS, NESTE- RENKO, ALPERT, ROSENSHTRAUKH & FOZZARD, 1988). A tensidade dessas correntes depende do potencial da membrana e da concentragio extracelular de Ca**. O célcio tem a propriedade de apressar a inativagio dos canais répidos de sédio (BEELER & REUTER, 1970a; BERNARD, SASSINE & GARGOUIL, 1974). Tam- bbém a acidose diminui a condutancia méxima desses canais (CHES- NAIS, CORABOEUE, SAUVIAT & VASSAS, 1975). A quinidina ele- vao limiar de excitacao do componente répidlo e, por isso, reduz.a velocidade maxima de despolarizacao (CHEN, GETTES & KAT- ZUNG, 1975; DECOURET, 1976). O propranolol, por sua vez, é capaz de reduzir a corrente de Na’. Esse efeito foi mostrado por TARR, LUCKSTEAD, JUREWICZ & HAAS (1973), estudando as correntes idnicas em atrio de ra. A veratrina, ao contrério, facilita a entrada de sédio pelos canais répidos, porque torna mais lento 0 fenémeno da inativacdo (HONERJAGER & REITER, 1975; BAR- NES & HILLE, 1988). Alguns experimentos tém mostrado que 0 Li? pode substituir o Na* durante a fase 0 do potencial de aco (CARMELIET, 1964) Os canais de cilcio. Durante o platé dos potenciais de ago com- pletos, hé um aumento da condutancia da membrana ao Ca**. Com isso, este ion, cujo potencial de equilibrio é muito positivo (+130mV), penetra na cétula, ajudando a manter o estado despolarizado e pro- movendo a contracao muscular (BEELER & REUTER, 19706; NEW & TRAUIWEIN, 1972a,b; REUTER, 1967; ROUGIER, VASSORT, GARNIER, GARGOUIL & CORABOBUE, 1968). O influxo de cél- cio € responsavel por uma corrente lenta de entrada (I,,) que foi primeiramente registrada durante o plat do potencial de agio de fibras de Purkinje estudadas pela técnica de “voltage clamp” (REU- TER, 1967; REUTER, 1968; VITEK & TRAUTWEIN, 1971; BEELER & REUTER, 1970b; NEW & TRAUTWEIN, 1972a,b; ROUGIER, ‘VASSORT, GARNIER, GARGOUIL & CORABOEUE, 1969). Dois canais de Ca** foram identificados: ) 0 canal tipo L (“large depolarization”) com condutancia de 8pS, que é ativado em voltagens préximas a OmV e pode ser bloqueado pelas diidropiridinas (nifedipina, nitrendipina), verapamil, D600 e cadmio. Esse canal € regulado por uma proteina G (CALLEWAERT, HANBUER & MORAD, 1989; BEAN, 1989); b) 0 canal tipo T (“threshold”), que apresenta uma condutén- cia entre 15 ¢ 25pS, é pouco sensivel ao verapamil e a0 1600, ‘mas pode ser antagonizado pelo Ni** (ISIEN, LIPSCOMBE, MADISON, BLEY & FOX, 1988) e pelo inseticida tetrame- trim (BEAN, 1989) sons atraves- inal rapido de ide agao com- \HASHI, MO- ANDEL, 1970; GH & VAU- tpresenta ina- pela TIXe fiveis a etmo- ETS, NESTE- 9, 1988). A in- ‘membrana ¢ propriedade > (BEELER & 11974). Tam- fanais (CHES- Jpinidina ele 4sso, reduza TES & KAT- ye sua vez, € ostrado por ‘studando as leo, facilita a ‘mais lento 0 1975; BAR- srado que 0 ‘cial de acio. le-acdo com- Ca"? Com ‘0(+130mV), zadoe pro- 19706; NEW | VASSORT, Juno de cal \,) que foi Ide agao de amp” (REU- 71; BEELER ROUGIER, 1969). Dois dutancia de Te podeser trendipina), {o por uma RAD, 1989; Biofisica das membranas exctsveis 33, GODFRAIND & GOVONI (1995), selatando os trabathos apresen- tados no “Sixth International Symposium on Pharmacological Con- trol of Ca* and K*”, realizado em Florenca,Itslia, comunicaram a existncia de seis classes de canais de célcio voltagem-dependen- tes. Os quatro novos canais que foram acrescentados a lista sio os canais de célcio do tipo N, P, Q, eR. O canal tipo N pode ser irre- versivelmente bloqueado pela @-conotoxina GVIA que é extraida da lesma marinha Comus geographus (OLIVEIRA, McINTOSH, ‘CRUZ, LUQUE & GRAY, 1984; McCLESKEY, FOX, FELDMAN, ‘CRUZ, OLIVEIRA, TSIEN & YOSHIKAML 1987; AOSAKI & KA- SAL 1989; PLUMMER, LOGOTHETIS & HESS, 1989). Os canais tipo P podem ser bloqueados pelo peptidio o-agatoxina IVA (MINTZ, ADAMS & BEAN, 1992). Os canais tipo Q podem ser blo- queados pela @-conotoxina MIC (RANDALL, WENDLAND, SCHWEIZER, MILJANICH, ADAMS & TSIEN, 1993; ZHANG, RANDALL, ELLINON, HORNE, SATHER, TANABE, SCHWARZ. & TSIEN, 1993), que € um peptidio obtido por sintese. Substncias que alteram as correntes lentas. Além do Ca‘, tam- ‘bém contribuem para a corrente lenta, o influxo de Na* ea reducio do efluxo de K* (REUTER & SCHOLZ, 1977). Vérias substancias interferem com as correntes despolarizantes do plat6. Foi demons- trado que 0 Sr'* e 0 Ba** produzem efeitos elétricos semelhantes aos do Ca** (CHESNAIS, CORABOEUF, SAUVIAT & VASSAS, 1971), OMg"*, Ni‘*, Cd", Co** eo Ln"* reduzem a magnitude das correntes lentas (CORABOEUF & VASSORT, 1968; KOHLHARDT, BAUER, KRAUSE & FLECKENSTEIN, 1973; KIMOTO, SAITO & GOTO, 1974; KOHLHARDT, BAUER, KRAUSE & FLECKENS- TEIN, 1973). Esse efeito também é produzido pela acidose (CHES- AIS, CORABOEUE SAUVIAT & VASSAS, 1971, 1975) pelos blo- queadores do canal de célcio (verapamil, D600, nifedipina, nimo- dipina, etc.) (CRANEFIELD, 1975; KASS & TSIEN, 1975; KOH- LHARDT, BAUER, KRAUSE & FLECKENSTEIN, 1972; NAWRA TH, TEN EICK, McDONALD & TRAUTWEIN, 1977). Por outro lado, a adrenalina, a noradrenalina, o isoproterenol, 0 (+)202-791, assim como as subbstancias que elevam o nivel intracelular do AMPe (afeina e bloqueadores da fosfodiesterase), aumentam a intensi- dade das correntes lentas ‘A repolarizagio e os canais de potdssio, A resposta elétrica carac- teristica do coracdo é 0 platd dos seus potenciais de aco. Para 2 sua formagio, além das correntes lentas de Na* e Ca", concorre também um aumento da resisténcia da membrana a custa de uma diminuigdo da condutancia ao potdssio (WEIDMANN, 1951). Quan- do 0s canais de potassio sdo reativados, a célula repolariza. Os es- tudos usando modernas técnicas da biologia molecular tém revela- do que os canais de potéssio sao tetrimeros em que cada uma das suas unidades polipeptidicas transpie seis vezes (S1 a S6) a matriz Tipidica (MacKINNON, 1991)-A unidade St parece ser a regio onde esté localizado o sensor de voltagem desse canal JAN & JAN, 1992). ‘A seqiiéncia de aminodcidos dessa unidade estd conservada em todos os canais que sto dependentes de voltagem, tais como os canais de s6dio e de célio. ‘Testes biofisicos e farmacolégicos tém mostrado que existem vari- 0s tipos de canais para o potassio. SANGUINETTI & KEATING (2997) relataram que em midcitos cardiacos trés diferentes tipos Er Paste - Biocetricidade ddesses canais s0 responsaveis pela fase de repolarizacao dos po- tenciais de acao. Nos estado de respouso elétrico existe uma cor- rente de potdssio dirigida para fora da eéhula, que cruza a membra- na através de canais que retificam com a despolarizacio. Eo canal tipo K, ("inward rectifier channel"). Durante a fase 0 da resposta ativa, a condutdncia cesses canais diminui, contribuindo para a formagao do plato do potencial de acao cardiaco. Todavia, quando a membrana repolatiza para cerca de —20mY, tais canais passain novamente a conduzir corrente para fora ¢ s¢ tornam a principal estrutura da membrana responsdvel pela repolarizacéo. Um outro tipo de canal ~o canal K,, -, chamado de canal de ativagao transi- t6ria (“transient outward channel”), abre-se rapidamente na fase 0 do potencial de agao, mas logo se inativa, ficando impossibilitado de coniribuir para a plena repolarizacao da célula (fase 3). Além do canal K, e do canal K,, um outro canal chamado de retifi- cador com retardo—o canal K (“delayed rectifier channel”) —apre- senta um progressivo aumento de condutincia a0 potdssio 8 medi- da qne se desenvolve o potencial de acao, produzindo uma corrente ‘maxima de salda préximo ao término do plat (fase 2). Nese mo- ‘mento, 0s canais tipo K,, que se mantinham desativados, reativam- se, completando a repolarizagio celttlar. Os eanais K apresentam dois subtipos: K, que ndo responde ao sotalol, ¢ Ky, que é sensfvel a0 sotalol. A corrente Iy, que decorre da ativagio dos canais tipo K, 6 reduzida pela amiodarona. Essa substancia, ao se contrapor a0 au- ‘mento da condutancia do canal de potdssio tipo K, retarda a repolari- zagao celular e alonga a duragao do potencial de agao cardiaco. ‘Canais controlados por ligantes. Alguns canais de potéssio sto controladas por ligantes. Durante todo o potencial de acao pode- se evidenciar um canal dependente da concentracio de ATP intra- celular (K,rp) € outro que é dependente do calcio citoplasmatico livre (Kg,). O canal dependente de ATP mantém-se fechado em presenga desse composto. Assim, o ATP funciona como um inibi dor da condutancia do canal. Em situagdes em que a concentragao do ATP intracelular esta reduzida — como na anoxia, por exemplo ~o canal 6 aberto e ocorre uma fuga prematura de K* para 0 meio externo com conseqtiente encurtamento da duracéo do potencial de cao. Os canais sensiveis ao ATP sofrem inativacao que, por sua vez, influenciada pela concentracao intracelular de calcio (FINDLAY, 1988). © canal de potassio dependente de Ca'* (Ke,) ¢ ativado quando @ concentragio intracelular deste fon aumenta. Vérios trabalhos su- geriram a existéncia desse canal. ISENBERG (1975), injetanco ele- troforeticamente Ca‘ no interior das aélulas cardiacas, mostrou que a elevagio da concentracao do Ca" citoplasmatico reduzia a diuracio do potencial de ago. Desses canais, dois subtipos so co- mhecidos: 0 SKe, (‘slow”), cuja condutancia ¢ ativada lentamente, €0 BK, (“big”), que apresenta condutancia elevada. Além desses canais, no mrisculo cardfaco KIM é& CLAPHAM (1989) © ORDWAY, WALSH & SINGER (1959) relataram a descoberta de ‘um canal de potdssio que & controlado pelo écido araquidénico, Canais de potdssio e proteina G. Alguns canals de potissio sto controlados por uma proteina G. Varios neurotransmissores e hor nios, entre os quais a serotonina (HT), a norepineitina, 0 hor- sao dos po- se uma cor- 2a membra- fo. Eo canal ‘da resposta ando para a frig, quando pais passam {2 principal 8. Um outro facto transi- nee na fase 0 vossibilitado £3). ido de retifi- tel") apre- ssio 8 medi- sma corrente _Nesse mo- 5 reativam- apresentam te ésensivel Lais tipo K, 6 ‘por a0 au ‘plasmético ‘echado em. o-um inibi- ncentracio or exemplo vara o meio potencial de por sua vez, (FINDLAY, b quando a Abalhos su- etando ele- 5, mostrou p reduzia a os $80 co- entamente, [AM (1989) koberta de tid6nico. dassio so bores e hor- ina, o hor- Biofisica das membranasexcitéveis 35 m@nio do crescimento e a acetilcolina, devem, em parte, exercer stias ages, alterando a condutincia de canais de potéssio. Esses canais sofrem a agio de uma proteina G que ¢ ativada por essas substncias (KURACHI, NAKAJIMA & SUGIMOTO, 1986; IRISA- WA, BROWN & GILES, 1993). Antagonistas de canais. Varios antagonistas dos canais de potis- sio jd sao conhecidos. Sao substancias geralmente derivadas de to- xinas animais (CASTLE, HAYLETT & JENKINSON, 1989). O pep- idio apamina, extraido do veneno da abelha, é um bloqueador dos canais de baixa condutancia que sao ativados pelo Ca‘ (SK¢,) em tecidos como o miisculo liso, 0 neuroblastoma e 0 hepético. No antisculo papilar da cobaia a apamina age de modo oposto, pois, encurta 0 potencial de acio e hiperpolariza as células. Esses efeitos se devem a uma abertura dos canais de potéssio induzida pelo ve- neno (NAKAGAWA, NAKAMURA & ARITA, 1989). Por outro lado, a iberiotoxina, obtida do escorpio Bunthus temulus, é um potente € seletivo bloqueador dos canais de potdssio de alta condutancia (BK¢,) (GALVEZ, GIMENEZ-GALLEGO, REUBEN, ROY-CON- TANCIN, FEIGENBAUM, KACZOROWSKI & GARCIA, 1990). ‘Também a caribdotoxina, isolada do veneno do escorpido Leirus quinquestriatus hebraets, 6antagonista desses maxicanais (GIMENEZ- GALLEGO, NAVIA, REUBEN, KATZ, KACZOROWSKI & GAR- CIA, 1988). Oscanais de potssio de ativacio transit6ria so, por sua ver, bloquea- dos pela dendrotoxina extraida do veneno de cobra (HALLIWELL, OTHMAN, PESHEN-MATTHEWS é& DOLLY, 1986), por substan- cias sintéticas como a 4-aminopiridina e a 34-diaminopi (YELLEN, 1987). O fon tetraetilaménio (TEA) interfere com 0 ca- nal retificador de ativagdo retardada, bem como bloqueia o canal K arp, (DAVIES, SPRUCE, STANDEN & STANFIELD, 1989). O s0- talol é um potente blogqueador das correntes dos canais tipo K, tipo Kye tipo K, (CARMELIET, 1985; BERGER, BORCHARD & HAF- NER, 1989), enquanto os seus andlogos E-4031, UK-66914 ¢ UK- £68798 bloqueiam especificamente a corrente Ix, (SANGUINETTI & JURKIEWICZ, 1990; GWILT, DALRYMPLE, BURGES, BLACK- BURN, DICKINSON, CROSS & HIGGINS, 1991; GWILT, ARRO- WSMITH, BLACKBURN, BURGES, CROSS, DALRYMPLE & H- GGINS, 1991). O bloqueio de qualquer um dos tipos de canal de potassio repercute na resposta elétrica da membrana celular, alon- gando a duracio dos potenciais de acio. PCOs e PCCs. Alguns agentes podem aumentar a condiutincia dos ‘canais Karp. $40 as substincias abridoras dos canais de potssio (‘potassium channels openers” ~ PCOs). Entre elas estao: cromaca- lina, pinacidil, nicorantil, minoxidil e diazoxida (YANAGISAWA & TAIRA, 1980; IMANISHI, ARITA, KIYOSUE & AOMINE, 1983; SANGUINETII, 1992; ESCANDE, THURINGER, LEGUERN, ‘COURTEIX, LAVILLE & CAVERO, 1989). Esses agentes sao impor- tantes durante a anoxia miocardica. pois 2 grande dispersao de du- ago dos potenciais de acao facilita o aparecimento de arritmias. Porque encurtam o potencial de acio, elas combatem a dispersio sineronizam melhor a repolarizacio miocérdica. Outra classe importante de drogas é aquela que retine as substin- cias que dimintem a condutincia dos canais K xyp. S40 generica- mente chamadas de agentes oclusores dos canais de potdssio (“po- tassium channel closers” ~ PCCs). Neste grupo estio as sulfoni- 36 Parte -Biocletricidade luréias como a gliburida, glipizida (ZUNKLER, LENZEN, MAN- NER, PANTEN & TRUBE, 1988) e a tolbutamida, bem como as aminopiridinas, o TEA e 0 seu anélogo, clofilium. Pelo menos no pancreas estd bem demonstrado que esses compostos facilitam entrada de glicose e aminodcidos nas eélulas, aumentando a pro- dugdo de ATP e reduzindo, conseqiientemente, a saida de potdssio através do canal tipo K arp- Com o eflunxo de K* diminuido, a cétula despolariza e ocorre entao uma ativagao dos canais de Ca**. O in- fluxo deste fon tem significado bem definido naquele drgao, pois a elevacio do Ca** citosdlico promove a exocitose da insulina (PETERSEN, 1988). Canais de cloreto. Vérios tipos de canais de cloretos sao atualmen- te conhecidos. Entre eles estao os: + canais de cloreto regulados pelo AMPe + canais de cloreto ativados pelo célcio + canais de cloreto ativados por substancias purinérgicas * canais de cloreto ativados pelo entumecimento celular Canais de cloreto ativados pelo AMPc. Os estudos de FHARA & ISHIHARA (1989) sugerem que 0 aumento do AMPe intracelular induzido pela epinefrina é capaz de ativar na célula miocérdica canais de cloreto, cuja corrente contribui para a repolarizagao. O ‘mecanismo do encurtamento dos potenciais de ago durante as ta- quicardias induzidas por catecolaminas deve envolver a contribui- a0 desses canais. Muitos tipos de epitelio, como os das vias respi- zaldrias € os dos ductos pancresticos, posstem nas suas células ca- nais de cloretos. O écido carboxilantraceno € capaz de bloqued-los ‘Trabalhos mais recentes (HARVEY, 1996; GADSBY, NAGEL & HUANG, 1995; HARVEY, CLARK & HUME, 1990) tém mostrado que as drogas f-adrenérgicas podem ativar canais de cloreto em midcitos ventriculares de mamiferos. A ativaco dos canais de clo- reto se faz através da fosforilaggo produzida pela proteinoquinase ‘A (PKA). Os canais de cloreto ativados pelo AMPc sio sensiveis & voltagem da membrana. Esses canais apresentam similaridades com 0s canais reguladores da condutncia transmembrana existentes na fibrose cistica (“CFTR — Cystic fibrosis transmembrane conductan- ce regulator”). Os canais CFIR sdo encontrados em membranas apicais de muitos epitelios, inclusive o epitélio pulmonar. Canais de cloreto ativados pelo célcio. Conais de cloreto ativados pelo fon célcio foram deseritos no miisculo cardiaco. O fluxo de loreto (Ic c,3) getado por esses canais ocorre principalmente du- ante a corrente transiente de saida (],.). Os estudos mostram que ‘esses canais so mais sensiveis ao calcio liberado pelo reticulo sar coplasmatico do que ao calcio que penetra pela membrana celular (ZYGMUNT, 1994). Canais de cloreto ativados por substancias purinérgicas. Em de- terminadas especies tem sido mostrado que 0 ATP eo ADF, mas nao 0 AMP, extracelulares podem ativar canais de cloreto na mem- brana das células ventriculares e atriais (KANEDA, FUKUI & DOI, 1994; LEVESQUE & HUME, 1995; MATSUURA & EHARA, 1992). Canais de cloreto ativados pelo entumecimento celular. O aumento de volume celular induzido osmoticamente pode ativar canais de dloreto na membrana das células cardiacas (SOROTA, 1992; VAN- DENBERG, YOSHIDA, KIRK & POWELL, 1994), NZEN, MAN- bem como as, \elo menos no bs facilitam a stando a pro- lb de potissio lado, a cétula feCa~.Oin- Srzio, pois a a insulina So atualmen- rgicas celular © EHARA & intracelular | miocérdica larizagao. O turante as ta- a contribui- ‘5 vias respi- ss oélulas ca- bloqueé-los. NAGEL & ‘2 mostrado cloreto em inais de dlo- sinoquinase ‘sensiveis & ‘idades com sistentes na conductan- ‘nembranas, ar to ativados O fluxo de Imente du- dstram que ticulo sar- ana celular as. Em de- ADP, mas na mem- Ul&DOl, RA, 1992), aumento canais de 392; VAN- Biofisica das membranas exctéveis 37 Genes “Shaker”, “Shab”, “Shaw” e “Shal””. A formacio do poten- ial de ago miocérdico é um fenémeno de grande complexidade. Muitos canais iénicos esto envolvidos com a formacao do poten- ial de repousonecessério para 0 aparecimento do potencial de acao, bem como com as variagdes do potencial de membrana que carac- terizam os diversos potenciais de agio encontrados no maisculo car- diaco. A caracterizagao dos canais iGnicos e dos seus mecanismos de funcionamento somente esté sendo possivel apés o desenvolvie ‘mento das téenicas de canais unitérios, de “patch clamp” e do DNA recombinante. Os estudos com os genes “Shaker” (TEMPEL, PA- PAZIAN, SCHWARZ, JAN & JAN, 1987; SCHWARZ, TEMPEL, PA- PAZIAN, JAN & JAN, 1988; TIMPE, SCHWARZ, TEMPEL, PAPA- ZIAN, JAN & JAN, 1988), “Shab” (FRECH, VAN DONGEN, SCHUSTER, BROWN & JOHO, 1989), “Shaw” e “Shal” extraidos da Drosophila (KURIYAMA, KITAMURA & NABATA, 1995), per miitiram reconhecer que eles codificam vérios tipos de canais de ppotdssio. Isso tem permitido que esses canais possam ser expresso em sistemas simples, facilitando o estudo das suas propriedades. Doengas provocadas por defeitos estruturais dos canais iénicos Muitas doengas cujas etiologias eram desconhecidas esto sendo esclarecidas medida que se tem aprofundado 0 conhecimento genético e biofisico dos canais idnicos. Em 199, ROJAS, numa re- viis3o dos trabalhos publicados, mostrou que varias patologias que afetam o homem estao relacionadas a um mau funcionamento dos canais inicos (Tabela 1.6). Essas desordens funcionais podem al- cancar tanto tecidos excitéveis, como os ndo-excitaveis. Tabela 1.6 ~ Canalopatias, Doengn genética ‘Canal de sédio Parasia periddica hipercalémica (Doenga de ‘Gamstrop) Paramiotonia congénita (Doenga de Flenburs: Miotonia atipica Sindrome do QT longo (gene LOT? Canal de cloreto _Fibrose cistica Miotonia congénita (Doenca de Thomsen) Miotonia generalizada (Doenga de Becker Canal de potissio Sindrome do QT longo (genes LOT! e LQTS) Canal de célcio _Paralisia periédica hipocalémica Hipertermia maligna Fontes: Adaptado de Rojas, C.V, in NIPS, 11:36-42, 199, p. 36: Keating, MT. et ali, 1996a,b; SADS report (18 de novembro de 1996; Dumaine, R alii, 1996; Curran, ME. et alii, 1995 1. Doencas provocadas por mutacdes do canal de sédio HOFFMAN & SPIER (1993) revisaram os avancos sobre a primeira doenca genético-biofisica provocada por canais de sédio dependen- tes de voltagem que foram sintetizados com erro. Trata-se de uma ‘miotonia nao-distrsfica conhecida como paralisia periddica hiper- calémica. Nesses casos, a crise de paralisia sobrevém de modo agu- 38 rate -Blocleticidade Figura 1.44 Modelo do canal de si. (Moslifcado de Hotiman & Spier 1993, p40.) Figura 145 ~ Modelo do canal de sido ostrandososcominies inracelanes THe IV} eos"loops” mergulhados ns membrana ¢ fora ela. Fstto também prenntados smistagies que provecam ‘nporalisn persdicpereatonce (PPK) et parmotoria congerita (PMC) Oa Sminaacids envolvidos eam a8 mata ‘bess: tiamina (1), metioninn (Mae ‘ina (),valina [V}, enlalanina (Flew dna (L) arinina (A) istic (te sa (C.)Asmuitacben da PMC esti en ie leo. (Madificada de Hofman & Spice, 153, p- 40) do e geralmente esta associada & ingestao de alimentos ricos em po- téssio ou entao ocorre depois de um esforgo fisico. A paralisia dos miisculos esqueléticos deixa 0 paciente incapacitado para movers. Essa doenga, contudo, nunca atinge o diafragma nem 0 cora¢ao e, por ‘sco, apresenta pequena taxa dle mortalidade. As crises poclem durar minutos ou mesmo dias. Uma doenga semelhante foi descrita em ca- valos quarto-de-milha (PICKAR, SPIER, SNYDER & CARLSEN, 1991). ‘Outros estudos (KOCH, RICKER, OTTO, GRIMM, BENDER, ZOLL, LECHMANN-HORN, RUDEL, HARPER & HOFFMAN, 1991; PTA- CEK, GEORGE, BARCHL, GRIGGS, ROBERTSON & LEPPERT, 1992; PTACEK, TRIMMER, AGNEW, ROBERTS, PETEJAN & LE- PPERT, 1991) tém mostrado que alteragoes muito pequenas da com- posigdo da cadeia polipeptidica que forma o canal de sédio é capaz de explicar a sintomatologia encontrada na paramiotonia congénita, A Fig, Lid mostra esquematicamente um modelo do canal de s6- dio, Trata-se de uma estrutura de natureza protéica formada por quatro dominios (Il Ml, IV) que se inserem na matriz lipfdica da membrana celular (M). Essas unidades se retmem de forma a deli- mitar um canal hidrofilico no meio delas. Esse canal tem caracteris- ticas biofisicas que favorevem a passagem de ions sédio. AFig, 143 apresenta a a-subumidade do canal de sédio disposta de ‘modo plano e inserida na matriz lipfdica da membrana celular (M) Os dominios I, TI e TV possuem, cada um, seis unidades (1, 2,3, 4,5, 6) mergulhaclas na matriz lipidica. Além delas, existem varias algas em “loop” voltadas para o meio extemo, para o citoplasma, bem como para o interior da membrana. As extremidades da ca- deia polipeptidica (NH,, COOH), contudo, estio situadas no inte- rior da edlula. Nessa figura esto indicados os sitios em que foram identificadas as mutagdes que levam a manifestacao fenotipica ca- racteristica da paralisia periddica hipercalémica (PPK), bem como aquelas que se expressam como paramiotonia congénita (PMC). As mutagies que conduzem PMC estio mostradas em letras itdlicas. ‘Todas as mutagdes foram observadas em humanos, exceto aquela que ocorre na unidade 3 do dominio IV em que uma fenilalanina é trocada por uma leucina. Essa substituiggo produz PPK em cavalos quarto-de-milha, Para que a PPK ou a PMC ocorra, & necessério que apenas uma das substituigdes esteja presente na proteina, [ss0 implica a existéncia de subtipos etiolégicos para cada uma dessas doengas. Todas essas alteracées estruturais da c-subunidade do canal de sédio ocorrem por mutagdesa nivel do cromossomo 17423. [Betis Figura 14s~ sadinde cea fidasde om 9 dlica hipercal soviados 3 nals temps 4 uma despoi ‘comportanes tequaniooz ado. (Modi 1983, p-4i Ficos em po- paralisia dos ra moverse. rasdo-e, por ‘edem durar scrita em ca- [SEN, 1991) DER ZOLL, (2991; PTA- + LEPPERT, JAN & LE- has da com- ‘alo € capaz ‘ congénita. ‘anal de s6- pemada por Hlipidica da mma a deli- | caracteris disposta de celular (M). ses (1,23, stem vérias, ‘Sitoplasma, ades da ca- as no inte- que foram notipica ca- ‘bem como \(PMC). As ras italicas. eto aquela sulalanina é ‘em cavalos necessério oteina. Isso sma dessas tnidade do pmo 17923. Figura 1.46 "Patch clamp” decanais de sédio de edlulas normaise de células ob tidas etm pacienecom paralisia peri dca hipercaimica (PPK) Os canais a= sociados 4 PPK tendem permanecer ‘mais tempo em estado aberto durante ‘uma despolarizagso(@70 para S022} omportamento anormal e mais evidese te quando o potdaio exiemo [Kl, €le- ado. (Moditieado de Hotiman & Spies 1983, p-41.) Biofisica das membranas excitiveis, 39 Oestudo eletrofisiolégico de canal defeituoso tem permitido 0 en- tendimento do seu comportamento anormal. CANNON, BROWN & COREY (1991), usando a técnica do “patch clamp”, estudaram canais de sédio com a mutagio M + V (metionina substi valina). Os autores observaram que esses canais tém sua inativagéo prejudicada com o aumento da concentragao extracelular de pots- sio. A Fig, 1.46 mostra registros da corrente que atravessa o canal de sédio. Foram estudados canais normais e canais obtidos em pa- cientes com paralisia periédica hipercalémica (PPK). Nos canais normais, 0 pulso de despolarizacao (-70 para -30mV) promoveu Inativagdo do canal tanto em situagio de baixa concentracio do potdssio (K, = 3,5mM), quanto em alta concentragdo do potdssio extracelular (K, = 10mM). Quando as oélulas musculares portado- ras de canais PPK, isto € aqueles que estao relacionados com a para- lisia peri6dica hipercalémica, foram submetidas 20 alto potéssio ©x- temo, o pulso despolarizante (-80 para 30mV) nao foi capaz de ina- tivar os canais de sédio, e eles continuaram a se abrir de modo aleais- to. Essa expressao patoligica do canal faz.com que haja uma despo- larizagio da membrana das células musculares, levando a paralisia. ‘Todas as mutagdes descobertas e que conduzem a PPK ocorrem pela face interna da membrana, sugerindo que o dominio protéico envolvido com o processo de inativacao do canal de sédio esta vol- tado para 0 citoplasma. O mecanismo pelo qual o potdssio externo altera esse sitio de inativaco no estd, contudo, ainda esclarecido. 2. Doengas provocadas por mutacdes do canal de cloreto A fibrose cistica é uma doenga autossomica recessiva decorrente de ‘mutagies (mais de 300 jé foram identificadas) ao nivel do cromo= somo 7, que afeta 0 epitélio das vias aéreas, pancredticas ¢ os du tos das glandulas sudoriparas. Nessa doenga, a membrana das o& lulas epiteliais nao é capaz de transportar eficientemente os ions loreto, dificultando o transporte de égua para a luz dos tubos €, conseqiientemente, produzindo espessamento do muco e, em al- gums situaces, obstrucdes. Existe uma isoforma desses canais defeituosos, codificada pelo exon 5, que foi detectada no cora¢ao. Normal Pek Se) ha 2 shen ge 20m ay qe 1S came ace ern a | dectonai canna Bi ne eee canal | berto y spa. ] ‘sms 0 Panel -Bioeetricidade ‘Todavia, ndo se tem ainda uma correlagao dessa alteracio com uma doenca cardiaca, Na miotonia generalizada ena miotonia congénita as mutagSes ocor- rem nos genes responsdveis pela codificagao dos canais de cloreto que sd0 sensiveis A voltagem, Os individuos afetados por essas doencas apresentam reducao da forga dos bragos e das pernas, bem como acentuada rigiclez muscular, sempre que iniciam um deter minado movimento. Essa hipertonia, no entanto, melhora & medi- da que o paciente se exercita, Nos musculos esqueléticos normais, 70a 80% da condutancia da membrana em repouso se deve aos canais de cloreto. Muitas medidas foram feitas mostrando que es- sas membranas sa0 10 vezes mais permedveis ao cloreto do que ao potdssio. Por essa razao, durante 0 potencial de aco, quando interior das células se torna positivo, ocorre um grande influxo de ‘ons cloreto para o citoplasma, contribuindo, assim, para apressar a repolarizagao. A redugao dessa corrente faz com que o potencial de ado seja prolongado. Com iss0 0 influxo de calcio € maior e essas ‘ibras musculares respondem com excesso de forga aos estimmulos que recebem. O Acido carboxilantraceno, que & capaz de bloquear os «2- nais de cloreto, produz, simultaneamente, hipertonia muscular, 3. Doengas provocadas por mutagées do canal de calcio, A paralisia peridica hipocalémica ¢ transmitida hereditariamente por um cromossomo autossémico dominant, o cromossomo 1432. Essa doenca é a mais freqiiente entre as paralisias periddicas. Du- rante as crises, que geralmente so notumas, os pacientes apresen- tam fraqueza muscular generalizada e potdssio plasmético esta diminuido. A regido afetada no cromossomo 1932 codifica a sulb- unidade «1, do canal de calcio sensivel & voltagem e as diidropiridi« nas que se expressam na membrana celular (canais de calcio tipo 1), Esses canais so compostos por cinco subunidades designadas or 04, cB, ye 8. A subunidade o, é responsével pela formacao do canal hidrofilico, através do qual passam os fons. A hipertermia maligna é uma doenga potencialmente letal. Ela se ‘manifesta geralmente depois ce estresses ou pela inalacio de agen- tes anestésicos gerais. Durante a crise ha tetania, hipertermia, au- mento do metabolismo e taquicardia, A biofisica molecular dessa 4éoenga foi primeiramente estudada em porcos que apresentam uma/ doenca semelhante (hipertermia maligna porcina). Nesses animais ela é transmitida hereditariamente por um gene autossémico reces- sivo, enquanto nos humanos ela se transmite por um gene autoss6- mico dominante, Em alguns casos da doenca humana observou-se © envolvimento do cromossomo 19q12-13,2. Essa regio codifica a pproteina, que é 0 receptor da rianodina, ¢ os estudos nao consegui- ‘ram distingui-la do canal liberador de calcio que existe no reticulo sarcoplasmaético, Além disso, a hipertermia maligna est também associada a mutagdes no focus do cromossomo 74, que codifica as, suibunidades a, € 8 dos canais de calcio sensiveis is diidropiridinas (LES o* ali, 1994), 4, Doencas provocadas por mutagdes do canal de potéssio ‘Asindrome do QT longo (GQTL) € uma anormalidade clo funciona mento elétrico do coracdo que geralmente se manifesta por perda da consciéncia (sincope) quando o individuo é submetido a um es- forgo fisico ou a situagées de estresse emocional. A doenca est as- sociada & morte stibita de recém-nascidos, criancas ¢ jovens, mas asdocom uma fnutagies ocor- tals de cloreto os por essas pemas, bem am um deter- ‘hora medi- fBcos normais, bse deve aos fando que es- ‘eto do que a0 Bo, quando o Ee influxo de para apressar b potencial de ‘maior e essas estimates que [equear os ca- muscular. Icio \sitariamente ‘somo 1932, Hisdicas. Du- tes apresen- tsmatico est fica a sub- iidropiridi- le calcio tipo $ designadas Formagio do, Jetal. Ela se So deagen- ‘termia, au- ecular dessa sentam uma ses animais ico neces: ne auttoss6- bobservou-se lo codificaa lo consegui- tno reticulo ‘std também ‘ codifica as lropiridinas issio funciona por perda foaumes- raga esté as- ovens, mas, Biofisica dasmembranasexcitéveis 41 pode também ser diagnosticada em adultos de meia-idade. O ele- trocardiograma desses pacientes apresenta um intervalo QT muito longo, indicando haver disttirbio no processo de repolarizacSo ven- tricular. A SQTL pode ser induzida por varias drogas (SQTL adquirida) Entre elas estdo: anti-histamfnicos (astemizol, difenil-hidramina), antibisticos (eritromicina, trimetoprima + sulfametoxazol, penta- midina), anti-arritmicos (quinidina, procainamida, disopiramida, sotalol, probucol, bepridil), antiftingicos (ketoconazol, fluconazol, ‘itraconazol), psicotrépicos (triciclicos, derivados da fenotiazina, haloperidol, risperidona, pimozida), diuréticos (indapamida), pro- cinéticos gastrointestinais (cisaprida) e todas as situacBes que le- vam a perda de potdssio (sudorese, diuréticos, vomitos, diarréia). ‘A SQTI pode ser hereditéria e desta forma ela se apresenta sob das variantes: a sindrome de Romano-Ward (tipo autossémico dominante) ea sindrome de Jervell e Lange-Nielsen (tipo autoss6- ‘ico recessivo), que é rara ¢ est sempre associada a surdez. con- sgénita, “Muito pouco ainda se sabe sobre a variante de Jervell e Lange-Niel- sen ¢ 0s genes responséveis por ela nao sao conhecidos. Os pacien- tes com sindrome de Romano-Ward apresentam mutagdes em qua- tro genes: o que codifica a proteina KVLQTI (gene LQT! do cro- ‘mossomo 11p15.5), 0 que codifica a proteina HERG (gene LQT2 do ‘cromossomo 7935-36), 0 SCNSA, que codifica um tipo de canal de s6dio da eétula cardiaca (gene LOTS situado no cromossomo 3p21- 24) e o que codifica a proteina Min K (gene LQTS situado no cro- ‘mossomo 21), que produz.a sindrome, interagindo com a protefna KVLOT1 (KEATING, M. et alii, 1991; WANG, Q. et aii, 1996; CUR- RAN, M.ct alii, 1995). Além destes,jé 6 conhecida a participacao de ‘um outro gene localizado no cromossomo 4 (LOT), mas o seu sitio nfo foi ainda definido. Os genes LQT e LQTS codificam canais de potdssio, enquanto 0 LQT? se expressa como canal de sédio. O rapido desenvolvimento da genética molecular tem permitido que a patogénese de muitas doencas esteja sendo desvendada. Js fo conhecidas varias proteinas aberrantes (formadoras ou nio de canal iénico) que esto relacionadas com mutagbes genéticas. Entre tais doencas esto: cardiomiopatia familiar hipertr6fica, distrofias ‘musculares (doenga de Duchenne e doenca de Becker), hipercoles terolemia familiar, estenose adrtica supravalvar, sindrome de Mar- fan, telangiectasia hereditaria hemorrdgica, e outras (KEATING, MIT. et alii, 1996b). O acoplamento celular no miocérdio s trabalhos pioneiros de ENGELMANN (1877) mostraram que lesGes musculares, produzidas mecanicamente, geravam corren- tes elétricas, as quais chamou de correntes de lesio ou correntes de injiria, Excitava-the a curiosidade o fato de que elas desap: iam de modo espontaneo e o faziam mais rapidamente no m culo liso e no corago do que no mtisculo esquelético. Desde en- to, ENGELMANN sugeriu que a musculatura lisa e 0 miocardio dispunham de mecanismos intrinsecos que lhes permitiam isolar a regio lesada das demais. 42 Parte -Bioeletricidade Figura 147—Variagio do potencal trans- membrana de clas qucestio priximas io de ings de corente er tex: ara detalhamento. (Modificado de do citoplasma ma lesio locali- sndio a micros- eonstituico por ente acopladas "ANDERSSON SSON-CEDER- & SELBY (1958) ifcaram que as pbranas juncio- bs tanto paraa entes elétricas. (ekétricas trans- phecidas como Eindio é forma- mo disco inter- 1971). O tecido jonal quando iGELMANN e pelétrica numa Blas vizinhas. ‘espathasse a0 (txajeto regides tra como varia lio em que foi sque esse com- | desenvolvida LE & CURTIS tomando esse 5 pontos expe- portamento Tabela 1.7— Areas de estruturas do disco intercalar em fibra de Pur- inje Estrutura Area (%* SD) Nexus 170430 Desmossomo 23406 Fascia adherens 1405 Fonte: Sommer, J.R. & Johnson, EA, in Bere, Sperelakis & Geiger, 197, p. 121 Biofisia das membranasexcitiveis 43 ‘queno (10502.em) se comparado resistividade da membrana su- perficial 2.0000.cm). Considerando que a via intracelular deveria incluir a contribuicdo da resisténcia das membranas juncionais, WEIDMANN conclui que elas teriam uma resistividacle muito bai xa e, por isso, permitiam que a corrente elétrica pucesse fluir sem dificuldade de uma eélula para outra. A idéia do miocardio como um sincicio funcional foi, depois de WEIDMANN, reforcada por muitos pesquisadores, entre os quais FANGE, PERSSON & THESLEFF (1956), que estudaram o acopla- mento celular em embriao de pinto, cujas células foram cultivadas in vitro. Também, WOODBURY & CRILL (1961, 1970), a partir de estudos em miocérdio de rato, desenvolveram um modelo mate- ‘iético para tratar o acoplamento. Em 1966, WEIDMANN publicou um dos mais importantes trabalhos sobre a natureza sincicial do miocérdio, Estudando a difusao do po- téssio radioativo ao longo do citoplasma das fibras desse tecido, pode, ‘enfim, medir com grande precisio a resistencia das membranas jun- 100MQ), mas quando elas passavam a se contrair de modo sincronizado, a resistencia caia, abruptamente, para 20MQ. Esse achado veio fortalecer a idéia do acoplamento de baixa impedncia, pois o fato de as células passa- tem a funcionar sincronizadamente indicava terem estabelecido centre si uma comunicacao elétrica eficiente. A Tabela 1.7 mostra a relagao de dreas entre as diversas estruturas do disco intercalar da fibra de Purkinje de cameiro, segundo os ‘rabalhos de KREIBEL (1969), MATTER (1973), MOBLEY & EISEN- BERG (1975), SPIRA (1971) e WEINGART et alii (1975). avam também ‘onclusao che- 966), DEWEY, 11 (1967) am sido larga- VEL & KAR- REESE (1969), WEINSTEIN \ encontradas imadamente hexagonais e ade 10a15A ZBERG & JO- de figado de tre as células =comprimen um diametro fs por unida- forme o canal plar de modo ONGSMA & ‘operam para 44 Pantel -Biosletvicidade wn Be nds ects em concorde mm spacroscopia letrinica. Mexlelo apresentandoain- seraio de uma conexina na membrana Sslar Bel representam, respectivamen = cemeins extra cimtacclular = Modi mostrando a dispo- ‘pail das conexinas para formar doco, Cada canal forma- Se oc eunia0 desis conexinas. A su Sessse 3 de coda uma delas vota-se se = luz do canal. (Moditicado de kc alin Cameron fe Campos stho, 1993, p.367,) As conexinas. As conexinas $30 =e las protéicas. Vérias proteinas com massa mers > foram isoladas de junges “gap” (HERZBERG & JOHNSC Até 0 presente, trés conexinas de mamiferos foram cloned giienciadas: + conexina- '* conexina-32 ‘© conexina-43, ‘A conexina-43 é encontrada no coragdo e est associada a com ‘glo das jungdes “gap”, como demonstraram os trabalhos de imu- nocitoquimica de EL AOUMARI, FROMAGEOT, DUPONT, REG- GIO, DURBEC, BRIAND & GROS (1990). Além deles, GROSS, NI CHOLSON & REVEL (1983) também evidenciaram, em células do figado e do coracao, a presenca de uma outra conexina com peso molecular de 27KDa. © modelo estrutural para as conexinas sugere que, além de quatro subunidades protéicas ligadas & membrana juncional, elas possuem ‘uma cadeia em “loop” voltada para dentro do citoplasma e duas ‘adeias mergulhadas no meio extracelular (Fig, 1.52). A subunida- de 3, que se encontra no interior da membrana, possui muitos ami- nodcidos anfipsticos. Por isso, pensa-se que ela pode ser a estrutu- ra responsével pela formagao do canal hidrofilic. © canal hidrofilico ¢ formado por seis conexinas como se vé na Fig. 1.53. Elas se arranjam na membrana celular de forma que as suas subunidades 3 fiquem voltadas para o canal hidrofilic. aa Figura 1.48 ~ Micro Parte! -Bioeletricidade fn cletrinica dos discos intercalares peniore51 O0x— figura inferior) mostran- 14 149 ~ Célulos do miocsndio em meio de cultura, (De set, LL & Johnson, EA, in Berne, Speolakis & Geiger ‘ede 197%, p. 18) Bro Desacoplamento elétrico no miocérdio. Os nevi, também chama- clos de jungSes “gap”, sao o sitio de baixa impedancia entre as célu- las dos tecidos excitaveis. SPERELAKIS & HOSHIKO (1960) e tam- bem SPERELAKIS, HOSHIKO & BERNE (1960), estudando a con- dugio elétrica no miocérdio, observaram. que solugdes hipert6ni- cas promoviam o desacoplamento elétrico entre as células do teci- do. Esses pesquisadores observaram que o desacoplamento se de- via a uma ruptura dos discos intercalares. Posteriormente, BARR, DEWEY & BERGER (1965) viram que 0s bloqueios de conducio, que eram produzidos por solugdes hipert6nicas, estavam também associados ao rompimento dos nexi. A esta mesma conclusao che- garam DREIFUSS, GIRARDIER & FORSSMANN (1966), DEWEY, BERGER & BARR (1969) e KAWAMURA & KONISHI (1967), Estrutura dos nexi. A anatomia da regio dos nexi tem sido larga- mente estudada desde os trabalhos pioneiros de REVEL & KAR- NOVSKY (1967), REVEL (1968), BRIGHTMAN & REESE (1969), GOODENOUGH & REVEL (1970) e McNUTT & WEINSTEIN (1970). Através do “freeze-cleave" (Fig. 1.50) foram encontradas nessas éreas da membrana juncional particulas de aproximadamente 50A de didmetro (NA), as quais formavam arranjos hexagonais € exibiam uma depressZo central (NB) cujo dimetro era de 10.a 15A (MATTER, 1973; MeNUTT & WEINSTEIN, 1973). Os estuclos, utilizando a difracao dos raios X (HERZBERG & JO- HINSON, 1988) em jungSes “gap” que foram isoladas de figado de mamifero, indicaram que as estruturas de ligaco entre as cétulas mito se assemelhavam aum cilindro.oco com 75A de comprimen- to, com um didmetro externo entre 50 e 60A, e com um diametro intemo méximo de 20A. Essas estruturas s80 formadas por unida- des que foram denominadas conexinas. Para que se forme canal juncional, as conexinas de cada célula devem-se acoplar de modo término-terminal como esta mostrado na Fig. 1.51 JONGSMA & GROS, 1991). Nela se pode ver que as conexinas cooperam para formar um canal ao nivel dos nexi cultura. De Ss & Geiger, bém chama- pire as célu- 1960) e tam- ando a con- «5 hiperténi sla do teci- vento se de- ante, BARR, + condugao, xm também sclusao che- 5), DEWEY, 1967). sido larga- SL & KAR. SE (1969), EINSTEIN acontradas hadamente xagonais te10a15A RG & JO- igado de as células ‘mprimen, 1 diametro por unida- ne o canal *de modo IGSMA & zam para Figura 150 —Micrografia letra do isco inter Biofisia das membranas excitiveis 45 lr obtida pela Fgura 1.51 — Modelo des canats existenes nos ne apres sepia do “feeze cleave” (1630002). NA ENB sto, repectivamen- _tanddo como devem estar posicionadas as coneninas de cada ‘ fngmentos das membrans funciona das afisiss AeB.O par tll. (Modificado de Jongsma & Gros, 1991, p-34) ssona membrana NB sagen aes de ons enquantoo de ‘NA apreznta prouenasproaberincas (De Me Nutt NS. Facet, DW, in Langer Brady 1974.37) A\ f= = coor Figura 1.52 Modelo apresentand ain sergio de amo conesinn na membrans Selle te os msios extrac intracclular Figura 1.53—Modelo mestrando a dispo- sigho espacial das coneninas para formar ‘um canaThidrofiico, Cada canal é form do pela unio de sci conexinas. As bunidade 3 de cada uma delas voltae para a luz do canal. (Modificado de Makowski et ali in Cameron & Campos be Carvatho, 1993, p. 367, A difusio de substancias fluorescentes entre pares de células ven- triculares (IMANAGA, 1987) mostrou que moléculas de até 12A podiam cruzar as jung6es “gap”. Os trabalhos de CASPAR, GOO- DENOUGH, MAKOWSKI & PHILLIPS (1977), MAKOWSKI, CAS- PAR, PHILLIPS & GOODENOUGH (1977) e JONGSMA & GROS (1991) sugeriram um difmetro de 15A para os canais juncionais. Esse dado esta em concordiancia com os estudos feitos através da microscopia eletrOnica. As conexinas. As conexinas sdo estruturas formadas por molécu- las protéicas. Varias proteinas com massa molecular entre 16 e70kDa foram isoladas de jungGes “gap” (HERZBERG & JOHNSON, 1988). Até o presente, trés conexinas de mamiferos foram clonadas ¢ se giienciadas: + conexina + conexina-32 * conexina-43 A conexina-43 é encontrada no coragdo ¢ est associada & composi- fo das jungSes “gap”, como demonstraram os trabalhos de imu: nocitoquimica de EL AOUMARI, FROMAGEOT, DUPONT, REG GIO, DURBEC, BRIAND & GROS (1990), Além detes, GROSS, NI- CHOLSON & REVEL (1983) também evidenciaram, em células do figado e do coracao, a presenca de uma outra conexina com peso molecular de 27kDa. (O modelo estrutural para as conexinas sugere que, além de quatro subunidades protéicas ligadas 4 membrana juncional, clas possuem uma cadeia em “loop” voltada para dentro do citoplasma e duas cadeias mergulhadas no meio extracelular (Fig. 1.52). A subunida- de 3, que se encontra no interior da membrana, possui muitos ami- nodcidos anfipaticos. Por isso, pensa-se que ela pode ser a estrutu- za responsével pela formacio do canal hidrofilico. ‘O canal hidrofilico é formado por seis conexinas como se vé na Fig. 1153. Elas se arranjam na membrana celular de forma que as suas subunidades 3 fiquem voltadas para o canal hidrofilic. 46 ante = Biocletricidade Figura 154 Unido sémino-terminal das conexinas de edlulas acopladas forman- {400s canais de comunicacio intercelula o nivel das ries dos ne (Modif rai Nace ski ta, in Cameron & Campos de Carvalho, 1993, p. 367) rentes. (Mou Paesde Carvalho 182, pd) aure Faonecinato i das repides de ex para n pesos molecular die rado de Weingart Rit o Hollman & Licberman, Figura 1.56 Aumento a resstincia de acoplamento in Sone citoplaamst or mosira que @ lacie © (¥,) imines com a ai trcelular (R) com 9 a= ica (grafico inferior) A clr (Modificado de mde Carvalho, Ho- 1982, p.67) Quando duas células se acoplam (Fig. 1.54), as conexinas de cada membrana juncional se unem de forma término-terminal GIKERWAR & UNWIN, 1988). Ao longo do eixo do cilindro for- mado pelas conexinas, existe um canal hidrofilico (MAKOWSKI, CASPAR, PHILLIPS & GOODENOUGH, 1977). Entretanto, nem a difragio dos raios X, nem os estucios de reconstrugio da conexina com micrografias eletrénicas seriadas puderam mostrar a continui- dade desse canal (UNWIN & ENNIS, 1984; UNWIN & ZAMPI- GHI, 1980), Parece nao haver dtivida, no entanto, de que as conexi- nas esto relacionadas com os neni. Evidéncias para isso tém sido enfaticamente dadas pelos trabalhos com anticorpos fluorescentes anticonexina (DUPONT, EL AOUMARI, ROUSTIAU-SEVERE, BRIAND & GROS, 1988; CAMPOS DE CARVALHO, TANOWITZ, WITTNER, DERMIETZEL & SPRAY, 1991). Permeabilidade juncional, A permeabilidade das jungdes “gap” a ‘moléculas e fons foi bem demonstrada por muitos autores (POLLA- CK, 1976; PAYTON, BENNETT & PAPPAS, 1969; WEIDMANN, 1966; BENNETT, DUNHAM & PAPAS, 1967; FURSHPAN & POT- TER, 1969; KANNO & LOEWENSTEIN, 1966; PAPPAS & BENNET, 1966; WEINGART, 1972, 1973, 1974; WEINGART, IMANAGA & WEIDMANN, 1974; STEWART, 1978; DE MELLO, 1988). A Fig, 155 mostra que a membrana juncional apresenta menor per- meabilidade para moléculas grandes (digoxina). Essa condutancia no €, contudo, uma grandeza de valor fixo, mas pode ser modifica- da poragentes fisicos e quimicos. SPRAY, HARRIS & BENNETT (1981); HARRIS, SPRAY & BENNETT (1983) demonstraram que a aplicagao de uma diferenga de potencial elétrico através da membrana juncio- nal pode promover o fechamento das jungSes, desacoplando as célu- las, Outros fatores também podem modular a resisténcia juncional: +pH + calcio citoplasmético + fosfonucleotideos * heptanol * octanol + halotano Fatores que modulam o acoplamento celular. © valor normal do pH intracelular € de aproximadamente 7,1. A acidose desse meio induz o desacoplamento elétrico (SPRAY, HARRIS & BENNETT, 1981, SPRAY, STERN, HARRIS & BENNETT (1982). Isso ocorre, principalmente, entre 0s pH 6,1 e 6,8. DE MELLO (1980), com 0 auxilio de microeletrodo, injetou ions hidrogénios no interior de cé Iulas de Purkinje de cio. Simultaneamente, fez passar pulsos eletrotd- nicos de corrente entre duas oétulas vizinhas. Observou (Fig. 1.56) que a relagao V,/V, referente a5 voltagens da membrana das céhulas 1 2 diminuia, enquanto a resistencia (R) de acoplamento aumentava. A.agio do H* sobre as conexinas faz-se por ligagao desse fon a um resfduo de histidina existente no “loop” intracelular. Essa ligagio produz. mudanca conformacional da proteina, levando & redugio da condutancia juncional (SPRAY & BURT, 1990). A importancia do pH sobre a resisténcia dos nexi toma-se particularmente significati- ‘va durante os estados de anoxia, situagao em que a célula desenvolve acidose. Esse efeito foi inicialmente sugerido por ENGELMANN- (1877). Durante o funcionamento normal, as células apresentam vari _2¢0es fisioldgicas do seu pH citoplasmatico, contudo, no miocérdio, ¢lasndo sdo suficientes para desfazer a comunicagio intercelular (ON- GSMA & GROS, 1991; OLIVEIRA-CASTRO & LOEWENSTEIN, 1971) Figura 157 scoplamens vagho da oo cali (st rosa qve a ‘a clus on rente (V4 mins Som cellar (Mo Paes de Cal man, 1952. pf nas de cada jo-terminal cilindro for [AKOWSKI, anto, nem a da conexina racontinui- | & ZAMPI- teas conexi- so tém sido norescentes U-SEVERE, ANOWITZ, Bes “gap” a es (POLLA- DMANN, BAN & POT- & BENET, ANAGA & 5. ‘menor per- bbndutancia temodifica- ETT (1981), 2 aplicagao ‘ana juncio- to as célu- juncional: ‘normal do BENNETT, §S0 ocorre, §0), como rior de of bs eletrots- (Fig. 156) ssodtulas1 ‘umentava. fon a um ‘sa ligagdo 3 redugio ‘rtancia do Significati- ELMANN. ‘iam vari- niocérdio, ular (ON- ‘IN, 1971). 0 went 400 Figura 157~Aumento da resisténcia do acoplamento intrectular(R) com a ele- vvagho da concentracio intracclular de ‘ilelo (rstico inferior) A curvasuperior mostra que a elagdo entre as voltagens ‘da célla onde esta sendo injtada «cor rene (V,) e de uma outta vizinha (V,) Aiminui com 9 aumento do cic intr ‘ular (Modifieado de De Mello, WC, tn Paes de Carvalho, Hoffman fe Lieber ‘man, 1982p. 54) Biofisiea das membranas excltivels. 47 No miisculo cardfaco DE MELLO, MOTTA & CHAPEAU (1969), ‘DE MELLO & DEXTER (1970), DE MELLO (1982,1975) e DELEZE (1970) mostraram que o calcio intracelular elevado promove o de- sacoplamento das células. A Fig, 1.57 mostra dados obtidos por De Mello, Note-se que a relagdo entre as voltagens de membrana da célula 1 (local da injecio de corrente) e da célula 2 diminuiu apés a {njegao intracelular de célcio numa das eélulas. Concomitantemen- te, ocorreu aumento da resisténcia do acoplamento entre elas. NOMA & TSUBOI (1987), trabalhando com células isoladas de ven- triculo da cobaia, observaram que a comunicacio elétrica celular diminufa quando o nivel do calcio intracelular tomava-se maior do que 107M e que a 10M os canais juncionais, mantidos a um pH de 7,0, eram, irreversivelmente, fechados. A condutincia das jungdes “gap” varia com a concentra¢do intrace- ular de ATP (SUGIURA, TOYAMA, TSUBOI, KAMIYA & KODA- MA, 1990), Quando ela € menor do que 1,5mM, as células cardia- ‘ca5 se desacoplam das vizinhas. Por outro lado, BURT & SPRAY (1988) mostraram que em miécitos de ratos recém-nascidos havia ‘um aumento na condutiincia dos neti quando a concentragio do AMP intracelular era aumentada. Também DE MELLO (1984) de- ‘monstrou que a injegfo intracelular do nucleotideo pode aumentar © acoplamento elétrico entre as células do coracio. Aepinefrina, o isoproterenol, a teofilina, o 8-bromo-AMPe ou 0 butiril-AMP¢ reduzem a resisténcia elétrica das conexinas miocat dicas. Essa diminuicdo foi igualmente observada pela difusio do Liicifer amarelo em trabécula cérnea do miocirdio de cao (DE MELLO & VAN LOON, 1987; DE MELLO, 1988). Todavia, quando as células miocérdicas possuiam elevado nivel de calcio intracelu- lar foi observada uma redugio do grau de acoplamento (BURT & SPRAY, 1988). Parte desse efeito dual pode ser explicado, conside- rando-se que o aumento da concentracio do AMP intracelular leva a fosforilacdo de proteinas relacionadas com os sistemas de trans- porte, Fosforiladas, elas promovem o bombeamento do Ca"* intra- celular para o reticulo sarcoplasmético, 0 que favorece a reducio do nivel citoplasmatico desse fon. Como conseqiéncia, a resistén- ia dos nexi diminui. Todavia, a elevagao do AMPe no interior das células também promove um aumento do influxo de Ca** por abrir canais da membrana celular (KUO & GREENGARD, 1969). Esta ago favorece o aumento do calcio intracelular livre e ele, por stia vez, promove a reduao da condutancia dos nexi. Se o nucleotideo pode agir diretamente sobre a condutancia das jungoes “gap”, isso permanece ainda desconhecido. © GMP¢, quando injetado eletroforeticamente numa célula mio- cérdica, promove o desacoplamento por reduzir a resisténcia das membranas nao-juncionais. Por isso, sua agi muito se assemelha aquela da acetilcolina, Sabe-se hoje que o GMPc é, de fato, 0 segun- do mensageiro desse neurotransmissor (GOLDBERG, 1975). © octanol (0,1-0,2mM), o heptanol (0,5.3,5mM) e o halotano (1,5- 2,0mM) podem promover o desacoplamenta celular de modo efici- tente, mas reversivel (SPRAY & BURT, 1990). Como todas as substan- Gas lipofilicas, também alteram as propriedades fisico-quimicas do sarcolema e, por isso, modificam os seus potenciais elétricos.

Você também pode gostar