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Universidade Católica de Pernambuco

Centro de Ciências e Tecnologia – CCT

Construção Civil I
Armação para concreto armado
Recife – 2015

1 – Introdução
Os aços para concreto armado, fornecidos em rolos (fios) ou mais comumente
em barras com aproximadamente 12m de comprimento, são empregados como
armadura ou armação de componentes estruturais. As armaduras têm como função
principal absorver as tensões de tração e cisalhamento e aumentar a capacidade
resistente das peças ou componentes comprimidos.
Além deste fator, deve-se acrescentar a proteção oferecida pelo meio alcalino
resultante das reações de hidratação do cimento presente no concreto, que apassivando o
aço, aumenta a sua durabilidade.
O concreto armado ‚ então uma composição resultante do "trabalho solidário" da
armadura (aço) e do concreto. Essa solidariedade deve ser garantida pela aderência
completa entre os materiais, a fim de que as suas deformações sejam iguais ao longo da
peça de concreto.

Figura 1 - Fluxograma de produção das armaduras utilizadas nas estruturas de concreto armado.

2 – Tipos de Aço
O aço é uma combinação de SUCATA, FERRO, GUSA E OUTROS.
Ferro Gusa - produto siderúrgico obtido da redução do minério de ferro; tem a
função de adicionar carbono, ferro e silício ao produto.
Sucata - retalhos de chapas metálicas, cavacos de usinagem, latarias de carros
usados, peças de aço e ferro de equipamentos em desuso.
Para armadura de concreto pode ser utilizado os aços CA25, CA50 e CA60:
Aços CA-50, esse é o aço mais utilizado em obras.
- Tem a superfície obrigatoriamente com nervuras transversais (rugosa)
- Obtidos por laminação a quente
- 50 = resistência característica de tensão de escoamento de 50 kgf/mm2
ou 500 MPA.
Figura 2 - Aços em barras retas comerciais da Classe CA-50, atendendo a NBR-7480

Aço CA-60 é utilizado concomitante com o CA-50 nos projetos de armação.


- Os fios até 10,0mm deve obrigatoriamente ter entalhes ou nervuras.
- Obtidos através de trefilação fio a fio
- 60 = resistência característica de tensão de escoamento de 60 kgf/mm2
ou 600 Mpa

Figura 3 - Aços em fios comerciais da Classe CA-60, atendendo a NBR-7480

Aço CA-25 atualmente é pouco utilizado nos projetos de armação.


- Superfície obrigatoriamente lisa
- 25 = resistência característica de tensão de escoamento de 25 kgf/mm2
ou 250 Mpa

Figura 4 - Aços em barras retas comerciais da Classe CA-25, atendendo a NBR-7480


Os aços podem também ser divididos conforme o processo de fabricação, ou
seja:
Aços Tipo A
- Fabricados pelo processo de laminação a quente sem posterior
deformação a frio, ou por laminação a quente com encruamento a frio.
- Apresentam em seu gráfico de tensão x deformação um patamar de
escoamento.
- São fabricados com bitolas (diâmetros) iguais ou maiores do que 5mm.
- São denominados barras de aço.
Aços Tipo B
- Fabricados pelo processo de laminação a quente com posterior
deformação a frio (trefilação, estiramento ou processo equivalente).
- Não apresentam em seu gráfico tensão x deformação um patamar de
escoamento.
- São fabricados com bitolas de 5,0; 6,3; 8,0; 10,0 e 12,5mm.
- São denominados fios de aço.

3 – Corte
Os fios e barras são cortados com talhadeira, tesourões especiais, máquinas de
corte (manuais ou mecânicas) e eventualmente discos de corte. Com talhadeira para os
fios de diâmetro menor que 6,3mm e em situações especiais, pois o rendimento da
operação é muito baixo. Os tesourões, com braços compridos que permitem o corte de
barras e fios de diâmetro até 16mm.

Figura 5 - Ilustração dos tesoures utilizados para o corte de barras [fonte: SENAI,1980].

As máquinas de corte seccionam todos os diâmetros fabricados e têm um


excelente rendimento, cortando diversas barras de uma só vez. As máquinas manuais,
são as mais usadas no corte do aço, pois apresentam um bom rendimento no trabalho.

Figura 6 - Ilustração das máquinas mecânicas para corte de barras de aço [fonte:SENAI, 1980].
As máquinas de cortar motorizadas são utilizadas normalmente nas grandes
obras, em que uma grande quantidade de aço precisa ser cortada.
Os comprimentos das barras de aço requeridos nas vigas, pilares, lajes, caixas
d'água, etc., são variáveis; como as barras têm uma dimensão aproximadamente
constante, faz-se necessária uma programação do corte das barras de modo a evitar
desperdícios. Faz-se necessário, portanto, um planejamento de maneira que as sobras de
um corte possam ser utilizadas em outras peças estruturais.
Outra situação que pode vir a ocorrer ‚ a grande concentração de armadura em
pilares esbeltos, que pode provocar concretagem deficiente na região dos arranques.
Neste caso, recomenda-se que a sobreposição seja feita em diferentes posições,
cortando-se a armadura com distintos comprimentos.
Além dos exemplos citados acima, existem diversas possibilidades de
racionalização do uso de aço nas estruturas de concreto armado, o que exige do
engenheiro a constante procura da melhor solução em cada caso.
Terminada a operação de corte ‚ necessário que se proceda o controle da mesma,
verificando-se se as dimensões das barras cortadas estão de acordo com as definições de
projeto. Tal procedimento evita que possíveis falhas venham a ser identificadas em
etapa muito avançada do processo de produção.

4 – Montagem
Após a liberação das peças cortadas dá-se o dobramento das barras, assim como
seu endireitamento (quando necessário), sendo que tais atividades são realizadas sobre
uma bancada de madeira grossa (geralmente pinho de 2) com espessura de 5,0 cm, que
corresponde a duas tábuas sobrepostas. Sobre essa bancada usualmente são fixados
diversos pinos. Os ganchos e cavaletes são feitos com o auxílio de chaves de dobrar.

Figura 7 - Ilustração da bancada e da ferramenta para dobra da armadura [fonte: SENAI, 1980].

Figura 8 - Ilustração das operações de dobra de um estribo [fonte: SENAI, 1980].


Assim como existem as máquinas de corte, existem no mercado as máquinas de
dobramento automático.
Os aparelhos mecânicos de dobramento, além de curvarem adequadamente as
barras, ainda o fazem com grande rendimento.
Todas as curvaturas são feitas a frio e os pinos devem ter um diâmetro
compatível com o tipo e o diâmetro do aço que será dobrado a fim de evitar a ruptura
local do material.
A ligação das barras e entre barras e estribos é feita através da utilização de
arame recozido. O tipo de arame encontrado no mercado tem uma grande variação de
qualidade sendo necessária uma boa maleabilidade. Os arames normalmente indicados
são os arames recozidos n.º 18 (maior espessura) ou n.º 20 (menor espessura).

Figura 9 - Ilustração da amarração da armadura de uma viga [fonte: SENAI, 1980].

Para a montagem da armadura propriamente dita, durante o planejamento deve-


se definir as peças estruturais cujas armaduras serão montadas embaixo, no próprio
pátio de armação (central de armação), e aquelas que serão montadas nas próprias
fôrmas.
Quando da colocação das armaduras nas fôrmas todo o cuidado deve ser tomado
de modo a garantir o perfeito posicionamento da armadura no elemento final a ser
concretado.
Os dois problemas fundamentais a serem evitados são a falta do cobrimento de
concreto especificado e o posicionamento incorreto da armadura negativa. Para evitar a
ocorrência destas falhas‚ recomendável a utilização de dispositivos construtivos
específicos para cada caso.
O cobrimento mínimo será obtido de modo mais seguro com o auxílio dos
espaçadores ou pastilhas fixados à armadura, sendo os mais comuns de concreto,
argamassa, matéria plástica e metal.

Figura 10 - Ilustração das pastilhas e espaçadores empregados na produção do concreto armado.


Com relação à armadura negativa utilizam-se os chamados "caranguejos”. Esses
"caranguejos" podem se tornar desnecessários nos casos em que o projetista da estrutura
detalhou a armadura negativa de maneira a que esta tenha uma rigidez própria. O
espaçamento entre "caranguejos"‚ função do diâmetro do aço que constitui a armadura
negativa, bem como, do diâmetro do aço do próprio "caranguejo".

Figura 11 - Ilustração do "caranguejo" usualmente empregado como suporte da armadura negativa.

Figura 12 – Dobramentos

Figura 13 – Ganchos

Figura 14 - Emenda por traspasse e emenda por solda, tipo traspasse

Figura 15 - Emenda por luvas rosqueadas e emenda por solda, tipo topo

Após o término do serviço de montagem, limpar as formas com auxilio de um


imã, retirando as pontas de arame que restam.

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