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SUPERINT ENDÊNCIA REGIONAL DE

REGULARIZAÇÃO AMBIENTAL 15/06/2012


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PARECER ÚNICO

PARECER ÚNICO Nº 0455867/2012 SUPRAM J EQ


Indexado ao(s) Processo(s) Nº: 29074/2011/001/2012
Tipo de processo:
Licenciamento Ambiental ( X ) Auto de Infração ( )

1 - Identificação
Empreendimento (Razão Social) /Empreendedor: CNPJ / CPF:
Magnesita Refratários S.A. 08.684.547/0001-65
Empreendimento (Nome Fantasia): Inscrição Estadual:
Magnesita Refratários S.A. -

Municípios: Almenara - MG
Ati vidade predominante:
Lavra a céu aberto com tratamento a úmido – minerais não metálicos, exceto em áreas
cársticas ou rochas ornamentais e de revestimento (Grafita)
Código da DN e Parâmetro
A-02-08-9 (produção bruta : 1.300.000 t/ano)
Porte do Empreendimento Potencial Poluidor
Pequeno ( ) Médio ( ) Grande ( X ) Pequeno ( ) Médio ( ) Grande ( X )
Classe do Empreendimento
I( ) II ( ) III ( ) IV ( ) V( ) VI ( X )
Fase Atual do Empreendimento
LP ( X ) LI ( ) LO ( ) LOC ( ) Revalidação ( ) Ampliação ( )
Localizado em UC (Unidades de Conservação)?
(X ) Não ( ) Sim⇒⇒⇒
Bacia Hidrográfica: Rio Jequitinhonha
Sub Bacia: Rio Panela

2. Histórico

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Inspeção/Vistoria/fiscalização Auto de Fiscalização Nº: Data:


( ) Não ( X ) Sim 285/2012 19/03/2012

Notificações Emitidas Nº: Ad vertências Emitidas Nº: Multas Nº:

2.1 Descrição do histórico


Com intuito de adequação ambiental, o empreendimento Magnesita Refratários S.A.
protocolou nesta Superintendência FCE de Mineração em 16/12/2011, sendo gerado o
FOBI nº 942330/2011 na mesma data. O processo de n° 29074/2011/001/2012 foi
formalizado em 24/01/2012 nesta SUPRAM. Em 19/03/2012 o empreendimento foi
vistoriado, sendo gerado o Auto de Fiscalização nº 285/2012. Em análise aos estudos
apresentados verificou-se a necessidade de Informações Complementares, que foram
solicitadas através de Atos Administrativos Formais, que após análise pela equipe técnica,
foram consideradas satisfatórias.

Os estudos ambientais, EIA - Estudo de Impacto Ambiental e RIMA - Relatório de Impacto


Ambiental, foram elaborados sob a responsabilidade da empresa de consultoria ambiental
Área Verde Engenharia e Meio Ambiente Ltda, sendo responsável pela coordenação geral
do EIA o Engenheiro Agrônomo Paulo José Gallo Frigo, CREA/MG 43.232/D (ART:
14201200000000419733), assim como Consultores Colaboradores da Empresa YKS.

3 Controle Processual
Trata-se de análise de pedido de Licença Prévia do empreendimento Magnesita
Refratários S.A, no município de Almenara/MG, contemplando as atividades de Lavra a
céu aberto com tratamento a úmido – minerais não metálicos, exceto em áreas cársticas
ou rochas ornamentais e de revestimento, obras de infraestrutura (pátios de resíduos,
produtos e oficinas), barragem de contenção de rejeitos/resíduos, pilhas de rejeito/estéril
e estradas para transporte de minério/estéril.

Conforme definição contida no art.8º da Resolução CONAMA nº. 237/1997, a licença


prévia é “concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou atividade
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aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e


estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas
fases de sua implementação”.

O empreendimento em questão foi classificado na Classe 6, conforme parâmetros da


Deliberação Normativa COPAM nº. 74/2004, sendo, portanto, considerado de significativo
impacto ambiental.

Dessa forma, em atendimento ao disposto no inciso IV do § 1º do art.225 da CF/88 veio o


procedimento de licenciamento instruído com EIA/RIMA, ao qual foi dado publicidade, nos
termos da Deliberação Normativa COPAM nº. 12/1994 e 13/1995 (fl.891 e fl.893).

Diante da publicidade dada ao EIA/RIMA, foi solicitada pela Prefeitura Municipal de


Almenara/MG (fl.895) a realização de Audiência Pública, que ocorreu no dia 19 de março
de 2012, conforme demonstra a documentação de fls.1097/1207.

Foi apresentada declaração de conformidade da Prefeitura Municipal de Almenara/MG,


local do empreendimento, nos termos do § 1º do art.10 da Resolução CONAMA nº.
237/1997 (fl.13).

Em relação à regularidade dos direitos minerários da área do empreendimento, o


empreendedor detém os direitos referentes ao DNPM nº. 831.580/2001 para o mineral
grafita, que se encontra na fase de requerimento de lavra.

Em relação ao patrimônio arqueológico, foi apresentado pelo empreendedor no


licenciamento em tela, cópia do Ofício/GAB/IPH AN/MG nº. 1573/11, datado de 24 de
outubro de 2011, onde é informado que o Programa de Diagnóstico Arqueológico
Interventivo na AD A e na ADI do empreendimento foi aprovado por atender às
determinações das Portarias IPHAN nº. 07/1988 e IPHAN nº. 230/2003, informa também
que o processo seria encaminhado ao CNA/DEPAM/IPHAN para a publicação de portaria
no DOU. Porém o resultado esperado, ainda na fase prévia, será a aprovação do
Relatório do Diagnóstico Arqueológico, executado na forma do programa anteriormente
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aprovado. Dessa forma, deverá ser exigido, como condicionante ainda na fase prévia do
licenciamento, a aprovação pelo IPHAN do referido relatório, e só assim, poderá o
licenciamento prosseguir para a próxima fase (LI). Ressalta-se que o Relatório de
Diagnóstico Arqueológico foi protocolado pelo empreendedor na Superintendência do
IPHAN em 08/03/2012 sob nº. 01514.001864/2012-63, encontrando-se em análise,
conforme informação repassada em 15/06/2012 via e-mail por servidora do IPHAN.

Nota-se que o empreendimento intervirá no Bioma Mata Atlântica, em área de vegetação


secundária em estágio inicial, médio e avançado de regeneração.

A supressão de vegetação secundária em estágio médio e avançado de regeneração


necessária a implantação de atividades minerarias está disciplinada pelo art.32 da Lei
Federal nº. 11.428/2006, sujeitando tais empreendimentos à apresentação do EIA/RIMA e
à adoção da medida compensatória regulamentada pelo art.26 do Decreto Federal nº.
6.660/2008.

Observa-se ainda, a existência de espécie da flora e fauna ameaçadas de extinção, o que


remete as disposições previstas no art.11 da Lei Federal nº. 11.428/2006 c/c art. 39 do
Decreto Federal nº.6.660/2008.

A ati vidade de mineração possui uma característica intrínseca que é a rigidez locacional
da jazida, o que impõe ao minerador o ônus de explorar a jazida mineral no local de sua
ocorrência geológica natural, local este que às vezes conflita com áreas ou ecossistemas
que gozam de proteção ambiental especial, o que a princípio, justificaria a inexistência de
alternativa técnica e locacional para o empreendimento, o que também englobaria as
instalações e obras necessárias a exploração da mina.

Em relação às espécies da flora e fauna ameaçadas de extinção identificadas nas áreas


de influência direta do empreendimento, os estudos apresentados pelo empreendedor e
analisados pela equipe técnica identificaram que as mesmas não são de ocorrência
restrita às áreas do empreendimento, e que serão implementadas medidas mitigadoras
com objetivo de minimizar os impactos ambientais sobre essas espécies, dentre essas
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medidas foram propostos programas de monitoramento e resgate, tanto da flora como da


fauna.

Nota-se ainda, que o empreendimento encontra-se situado num raio de 25 km de uma


unidade de conservação, denominada “Mata dos Passarinhos”, cujo órgão gestor é a
Fundação Biodiversitas.

O empreendimento também intervirá em Área de Preservação Permanente – APP,


intervenção esta, passível de ser autorizada, conforme disposto no art.8º c/c art.3º, VIII,
alínea “b” da Lei Federal nº. 12.651, de 25 de maio de 2012 (Novo Código Florestal).

Caracterizado pela equipe técnica como empreendimento causador de significativo


impacto ambiental, com base no EIA/RIMA apresentado, ensejará na incidência da
compensação ambiental prevista no art.36 da Lei Federal nº. 9.985/2000 (Lei do SNUC),
que deverá ser julgada pela URC/COPAM/Jequitinhonha, conforme disposto no art.11, VI
do Decreto Estadual nº. 44.667/2007.

Os custos de análise deverão ser integralmente quitados, conforme exigência contida no


art. 7º da Deliberação Normativa COPAM n º. 74/2004.

Dessa forma, encerra-se o presente controle processual.

4 Introdução
O presente parecer tem por objetivo subsidiar o julgamento do pedido de Licença Prévia
do empreendimento Magnesita Refratários S.A., onde foram apresentados os estudos
ambientais necessários (Estudo de Impacto Ambienta - EIA e Relatório de Impacto
Ambiental - RIMA), bem como as informações/estudos solicitados nos Atos
Administrativos Formais. A análise técnica foi baseada na avaliação dos referidos
estudos, na vistoria técnica realizada na área do empreendimento e nas informações
colhidas na Audiência Pública.

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Serão descritas, ao longo deste parecer, a caracterização do empreendimento, as


autorizações ambientais, a caracterização sócio-ambiental, a descrição dos impactos
sócio-ambientais, as medidas mitigadoras e as compensações pertinentes às legislações
vigentes.

5 Caracterização do Empreendimento
O presente EIA foi realizado em uma área que abrange parte da cabeceira da bacia
hidrográfica do Córrego São Domingos, situada ao norte do município de Almenara.

O projeto a ser licenciado visa à implantação de uma unidade industrial de mineração e


beneficiamento de produtos de grafite, com uma produção bruta de 1.180.625
toneladas/ano, para atender as necessidades do Grupo Magnesita e dos clientes internos
e externos. Assim, o empreendimento em questão refere-se à atividade de lavra e
beneficiamento de grafita, cujo jazimento está distribuído em uma superfície
compreendida pela concessão mineraria DNPM 831.580/2001, com área inicial de
1.000ha, que posteriormente sofreu redução para 831,46ha, e localizada na zona rural do
município de Almenara/MG. O Relatório Final de Pesquisa foi aprovado com a respectiva
redução de área, conforme publicação no DOU em 03/11/2011. A pesquisa geológica
para o projeto em questão foi desenvolvida de acordo com o alvará de pesquisa onde se
permitiu aferir a estimativa das Reservas Minerais, conforme Plano de Aproveitamento
Econômico (PAE), onde se estima uma reserva de minério de grafita da ordem de
68.518.550 toneladas entre medida, e inferida.

Para avaliação do impacto ambiental, o empreendimento foi dividido em três fases:


Fase I - Implantação - quando ocorrerá o preparo e abertura das frentes de lavra,
construção da usina de beneficiamento, construção das barragens de rejeito e de
tratamento químico, preparação dos acessos e construção do depósito controlado de
estéril (DCE) e conforme previsto pelo empreendedor serão necessários dois anos para
instalação do empreendimento.

Fase II – Operação – quando ocorrerá a operação das frentes de lavra, da usina de


beneficiamento, barragens de rejeito e DCE’s. A pre visão para operação do

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empreendimento é de 15,2 anos. Foi informado no EIA que, a partir do melhor


conhecimento da reserva mineral, poderão ser desenvolvidas novas frentes de lavra,
sendo as cavas em exaustão recuperadas, prevendo-se ainda a recomposição das
primeiras cavas com o estéril de outras frentes de lavra.

Fase III – descomissionamento - quando será realizado o descomissionamento geral do


empreendimento, com o fechamento das frentes de lavra, desmobilização da usina e
execução final do Plano de Recuperação Degradada (PRAD).

O estudo em análise (EIA) contempla a regularização ambiental das Fases I, II e III,


levando-se em consideração a previsão de 15,2 anos de operação do empreendimento
contemplando a lavra da mina, barragem de rejeitos e a instalação da usina de
beneficiamento. Desta forma, qualquer alteração que venha a ocorrer constante da Planta
de Arranjo Geral do Empreendimento, constante no Anexo 3.1 (mina e usina de
beneficiamento), será objeto de nova regularização ambiental

5.1 Definição das Áreas de Estudo


Este estudo tem como coordenador do meio socioeconômico, o cientista social Cássio
Felipe Silva Barbosa. Os demais integrantes da equipe são: Carla Pereira da Silva,
cientista social; o geógrafo Frederico Niffineger Barbi (CREA/MG 75606/D), Sabrina
Torres Nunes de Lima (psicóloga), Janaína Maria Neiva (tecnóloga em gestão ambiental),
Isabela Coelho Moreira (Ecóloga), Lucas de Matos Sardinha Pinto (sociólogo), Keila
Cristina (Economista), Letícia Souza (Historiadora) e Luciana Vasconcelos Branco
(Socióloga).

Para o Meio Sócio-Econômico a Área de Influência (AI) compreende o município de


Almenara, em cujo território o empreendimento objeto desse estudo será implantado;
“quatorze (14) propriedades rurais situadas na sub-bacia hidrográfica do Ribeirão São
Domingos próximas da área do projeto” e inclui-se ainda, 4 propriedades da AE, dentre as
quais “uma comunidade do Movimento dos Sem Terra (MST) denominada Amaralina,”
localizada na margem esquerda do Rio Panela.

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Considerou-se como Área de Influência Indireta (AII) o município de Almenara, sendo


definida como aquela área fora dos limites da AID (ADA+AE) “onde poderão ser
observados os impactos decorrentes da atividade do complexo minerário”.

Foi considerado nos estudos, como Área Diretamente Afetada (AD A), 14 propriedades
vinculadas a 10 proprietários. São eles: Antônio Damasceno, Domingos Ribeiro, Elzito
Magalhães Pires, Waldeck Antunes Bahia, Oderval Fernandes das Neves, Luiz Santos,
Mauro José dos Santos, Valdívio Leandro, Elson Cirino e Maria Norma Coelho. Deste
total, até então foram adquiridas 12 propriedades, sendo que duas restantes estão em
processo de negociação junto ao Programa de Negociação de Terras; são elas: a
propriedade de Dona Maria Norma Coelho e a do Sr. Oderval Fernandes das Neves.
Como parte vinculada a alguns destes proprietários apresenta-se nos estudos o seguinte
quantitativo de famílias que até então se encontram na área das futuras instalações do
empreendimento: 4 famílias e um funcionário residente (propriedade do Sr. Waldeck
Bahia), 1 funcionário residente e o pai do proprietário (Sr. Antônio Damasceno),1
funcionário residente com família (propriedade da Sra. Maria Norma) e o pai do
proprietário (Sr. Luiz dos Santos). Mais adiante, na descrição dos impactos, serão
identificadas as medidas mitigadoras, os acordos relacionados às duas categorias de
proprietários e não-proprietários desta área em descrição, conforme Condicionante.

As ocupações mais próximas da Área Diretamente Afetada são: a Escola Municipal Rural
Zélia Gobira e 2 residências as quais se localizam no entorno da área delimitada e
destinada ao complexo minerário. Dessa forma, a Área de Entorno (AE) para o meio
socioeconômico compreende uma extensão a partir dos limites da ADA até a confluência
com o Rio Panela. Neste caso é considerada em sua totalidade a parte a jusante do
empreendimento, denominada “Baixo São Domingos” no sentido leste-oeste, na micro-
bacia do Ribeirão São Domingos. Compreende, portanto 04 propriedades rurais são elas:
Fazenda São Domingos I, Fazenda São Domingos II, Fazenda São Domingos III e
Fazenda Amaralina perfazendo um total de aproximadamente 103 pessoas. Esta última é
ocupada por um Acampamento Rural de mesma denominação que compreende um total
de em torno de 25 famílias, conforme estudos apresentados e vistoria. De acordo com o
Diário Oficial da União publicado em 30 de maio de 2000 o governo declara esta fazenda
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como sendo de interesse social para fins de reforma agrária. Ainda em consulta ao
Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) foi possível saber que o
INCRA tem interesse nesta fazenda e que o processo de desapropriação é antigo, de
2000. Ocorre que os proprietários questionaram o resultado da vistoria realizada pelo
INCRA. A ação de desapropriação foi julgada sem resolução de mérito. O INCRA interpôs
recurso de apelação em novembro de 2010, mas até hoje aguarda julgamento.
Embora tenha sido apresentado em mapa constante no EIA e conforme afirmação do
empreendedor ter conhecimento das outras porções de entorno da micro bacia do
Córrego São Domingos, a porção norte e sul pertencente a outras vertentes não foi
considerada AE de acordo com a seguinte argumentação: “As barreiras físicas que
conformam a paisagem da região servem como limitadores geográficos das interferências
do empreendimento sobre aspectos socioeconômicos e demográficos de regiões a norte
ou a sul do Córrego São Domingos, pertencentes a outras vertentes.” Em resposta aos
possíveis impactos sobre essas vertentes apresentou-se o seguinte: “...o limite máximo
para a lavra, em termos de profundidade, será a quota máxima possível que garanta a
integridade dos lençóis existentes...”.

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Área de Influência (AI) para os meio físico e biótico foi definida como sendo aquela onde
poderão ser observados os impactos decorrentes da implantação e operação da lavra e
da unidade de tratamento do minério de grafita com influência fora dos limites da ADA.
Dessa maneira, ficou definida como a região formada pela sub-bacia hidrográfica do
Córrego e Ribeirão São Domingos onde a poligonal do DNPM se encontra inserida.

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Área de Influência Direta (AID) foi definida como o conjunto das terras que serão
utilizadas pelas diversas estruturas produtivas e de apoio ao projeto ou requeridas pelas
obras de implantação das mesmas, bem como suas adjacências e entorno.

A Área Diretamente Afetada (AD A) é representada por toda área objeto de qualquer tipo
de interferência ou ação relacionada às atividades propostas no contexto do planejamento
e implantação do projeto em questão quais sejam: áreas destinadas às frentes de lavra,
depósito controlado de estéreis, barragens de rejeitos, estradas de acesso e circulação,
instalação de beneficiamento, escritórios, vestiário, refeitório, etc., acrescidas de uma
faixa lindeira, com largura média de 50 metros. Tal faixa destina-se a absorver os efeitos
relacionados à emissão de ruídos, geração de material particulado, visual, entre outros.

A Área de Entorno (AE) foi definida para os meios físico, biótico e sócio econômico, como
sendo um espaço de 300 (trezentos) metros de raio a partir dos limites da ADA que
receberão parte dos impactos irradiados pela ADA.

A Área de Influência Indireta (AII) é definida como sendo aquela onde poderão ser
observados os impactos decorrentes da atividade do complexo minerário e com influência
fora dos limites da AID, ficando definido para os meios físico e biótico a região formada
pela sub-bacia hidrográfica do Córrego São Domingos e afluente do Rio Panela (margem
esquerda).

5.2 Localização e Acessos


O empreendimento está localizado em uma área de concessão minerária DNPM
831.580/2001 ao norte do município de Almenara, região nordeste do estado de Minas
Gerais. Devido ao Córrego São Domingos ser o principal curso d´água da rede
hidrográfica existente na ADA do empreendimento, a localidade onde será instalado o
empreendimento recebeu o nome de São Domingos.
As rodovias existentes partindo da capital com destino ao município de Almenara são a
BR 381 que liga Belo Horizonte a Governador Valadares e a seguir a BR 116 que liga
Governador Valadares até Itaobim, onde a partir daí segue-se pela BR 367 que faz a
ligação de Itaobim a Almenara , totalizando uma distância aproximada de 727 km. Um
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outro percurso que pode ser seguido partindo de Belo Horizonte é através da BR 040 até
o posto Trevão em Curvelo, BR 135 até a cidade de Curvelo, BR 259 até Diamantina e
por último a BR 367 até Almenara, com distância aproximada de 782 km.
Para acessar o local proposto, a partir do município de Almenara, segue-se por pista
pavimentada até o trevo de Jordânia/Mata Verde cerca de 8,5 km do município de origem.
Em sentido para Mata Verde percorre-se aproximadamente 10 km até o acesso vicinal
para a localidade de São Domingos. Deste ponto são 9,2 km aproximados até o
empreendimento. O acesso faz tra vessia em curso d’água importante, o Rio Panela.
Como foi afirmado pelo empreendedor os acessos externos ao empreendimento ficarão a
cargo da Prefeitura Municipal de Almenara, inclusive com regularização ambiental do
acesso. Todos os materiais para implantação e operação do empreendimento serão
transportados pelas rodovias federais BR 367 e BR 116. O empreendimento poderá fazer
uso de acessos alternativos, mas o de interesse principal é o que será implantado pela
prefeitura.
Os acessos internos da ADA do empreendimento serão de responsabilidade do
empreendedor e terão seus usos suprimidos ou ampliados de acordo com a necessidade
de projeto. Segundo cronograma apresentado nos estudos do empreendedor os acessos
serão abertos na chamada FASE I (Fase de Planejamento e Implantação), juntamente
com a abertura das cavas, demarcação e preparo das áreas de depósitos controlados de
estéreis, construção dos barramentos de concentração mecânica e química. Os acessos
internos fazem intervenção em vários cursos d`água ,conforme apresentado no mapa de
arranjo geral do empreendimento. Sendo assim deverão ter seus impactos identificados e
mitigados dentro do processo de licenciamento. A manutenção das vias de acesso interno
de toda a unidade industrial já foi proposta pelo empreendedor.

5.3 Principais Estruturas


5.3.1 Usina de Beneficiamento
Unidade onde será processado o minério, que compreende um aglomerado de máquinas
e equipamentos que farão uma série de moagens, limpezas e flotações intercaladas para
separação do material e sua classificação granulométrica para entrada no processo de
beneficiamento.

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5.3.2 Unidades de apoio para construção e operação da usina de beneficiamento


Usina de concreto: com capacidade de produção de 20m3/h (pico) e consumo de água de
cerca de 1.96 l/s vai produzir concreto para execução das edificações e revestimento dos
pisos onde se fizer necessário a impermeabilização para atendimento aos critérios do
projeto técnico. Conforme volume de produção de concreto usinado informado pelo
empreendedor, trata-se de unidade passível de licenciamento ambiental, conforme
preconiza a DN 74/04. Após a utilização do concreto em todas as estruturas previstas
para a instalação do empreendimento, a usina de concreto será desmontada e recolhida
pela empresa contratada para o fornecimento do concreto. As estruturas e equipamentos
que farão parte da usina de concreto serão: pátio de estocagem de matéria prima
(cimento, brita de várias granulometrias e areia), silos, betoneira, bombas, reservatório de
água apoiado no solo com capacidade de 20m3. Para o controle das emissões
atmosféricas, serão instalados filtros de mangas para controle das emissões de
particulados gerados no momento da alimentação da betoneira e será utilizada aspersão
das vias internas da área da usina de concreto com o objetivo de reduzir a emissão de
particulados gerados pelo trânsito local dos veículos. Para controle da poluição sonora,
serão realizadas manutenções preventivas nos equipamentos com intuito de manter o
nível de ruídos adequados conforme padrões estabelecidos pela legislação. Os
funcionários da usina de concreto utilizarão equipamentos de proteção individual – EPI’s
durante o trabalho.
Uma vez que a atividade está sendo licenciada juntamente com o empreendimento em
questão, será solicitado como Condicionante que o empreendedor apresente ainda nesta
fase os projetos executivos, descrição dos impactos e medidas mitigadoras para a
atividade em questão.

Ambulatório médico: com farmácia para atendimento aos trabalhadores temporários e


efetivos da instalação/operação do empreendimento.

Oficinas de fabricação: para montagem eletromecânica de peças e equipamentos e


manutenção de máquinas. Será construída uma caixa SAO (caixa separadora de água e
óleo) ao lado da estrutura e terá um almoxarifado de peças.

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Restaurantes: fornecimento de refeições para os funcionários fixos ou temporários. As


refeições serão feitas no próprio estabelecimento e os efluentes domésticos gerados no
local serão coletados e encaminhados para a ETE( Estação de Tratamento de Esgotos) a
ser construída na área industrial.

Sanitários químicos e fossas: sistema de tratamento de efluentes sanitários e banheiros


químicos dispostos estrategicamente ao longo das frentes de obra

Fornecimento/tratamento de água potável: o empreendedor prevê a construção de


uma ETA (estação de tratamento de água) para tratamento de água nova proveniente do
barramento de concentração mecânica.

Energia elétrica para montagem dos equipamentos e operação da usina de


beneficiamento: o suprimento elétrico da unidade de beneficiamento será feito por energia
vinda da concessionária CEMIG, através de uma SE de derivação construída sob a linha
de transmissão Almenara/Jordânia, uma linha de transmissão de 69kV dedicada à
Magnesita e uma SE abaixadora de 69/13,8kV. Para cada sala elétrica serão instalados
transformadores de 13,8/380kV. O empreendedor afirmou ser de responsabilidade da
concessionária CEMIG a regularização ambiental das estruturas propostas para
transmissão/alimentação de energia elétrica dos sistemas eletromecânicos da unidade
industrial do empreendimento.

Laboratório: Será construído um laboratório para análises químicas e físicas de amostras


coletadas em campo. Uma unidade específica de tratamentos destes efluentes deverá ser
construída nas imediações deste laboratório.

Alojamentos e Vestiários: Os trabalhadores temporários contratados para a instalação


do empreendimento, deverão permanecer em alojamentos a serem construídos, dotados
de sistemas de captação e encaminhamento dos esgotos sanitários para a ETE. Já na
fase de operação do empreendimento, os trabalhadores definitivos deverão ser
contratados na própria região e deverão ser transportados da suas residências para o

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local de trabalho. Para esta fase os funcionários deverão utilizar vestiários, também
dotados de sistema de coleta e destinação adequada de esgotos sanitários.

Alternativas locacionais
Para o beneficiamento da grafita deve-se levar em conta que devido à baixa concentração
de carbono, o minério não pode ser levado a longas distâncias para ser beneficiado. A
Usina de Beneficiamento deve ser locada próximo ao jazimento para garantia da
qualidade do minério beneficiado. Para isso o empreendedor buscou alternativas que
priorizassem sobretudo a minimização de supressão de vegetação arbórea na área
ocupada pela planta industrial, topografia favorável, distância de captação de água,
lançamento de efluentes, distância das frentes de lavra, distância de propriedades rurais a
fim de minimizar fatores sócio-econômicos.
Nas duas alternativas propostas foram levados em conta a vegetação e sua fitofisionomia,
o gradiente de declividade e a possibilidade de execução de um projeto de engenharia em
bancadas (maior custo). Os acessos internos que possuem elevada declividade com
necessidade de correção do greide das vias e um sistema de drenagem com custo maior
para evitar o assoreamento das calhas dos rios, foi fator decisivo também na escolha da
área, uma vez que estes vão circundar o vale formado pelo Córrego são Domingos.
A escolha da área pretensa então levou em consideração todos estes parâmetros, além
de que o local escolhido está locado no centro de massa das frentes de lavra projetadas,
evitando custos elevados com transporte e topografia elevada de montante, permitindo
que os rejeitos sejam aduzidos por gravidade até a barragem de concentração mecânica.

5.3.3 Barragem de Concentração Mecânica


A barragem objetiva a disposição de rejeitos a serem gerados durante o beneficiamento
mecânico da grafita além de ter as funções de retenção dos sedimentos exógenos
gerados por erosão na sua bacia de contribuição, reservação de água industrial e a
clarificação do efluente final a ser lançado no meio ambiente natural, para adequá-lo aos
padrões exigidos pela legislação ambiental.

Características físicas do barramento

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A barragem construída no Córrego São Domingos terá a função de acumulação de 34,8 x


106 m3 de rejeitos a serem gerados em 35 anos de operação, uma vez que o
empreendedor prevê uma expansão do empreendimento por período igual e consecutivo
aos 15,2 anos iniciais de operação. Para a cota inicial 370,00m do maciço a ser
construído (Start Dam), a barragem terá a capacidade de acumulação de rejeitos da
ordem de 2.500.000 m3, durante aproximadamente 2,6 anos de operação considerando a
estimativa de geração de rejeitos de 80.000 m3/mês. O volume inicial do maciço para esta
cota inicial é de 583.000 m3 . Estão previstos 06 alteamentos sucessivos até se atingir a
cota de 425,0m. Para esta cota o maciço tem volume aproximado de 6,55 x 106 m3 . A
área do espelho d’água é aproximadamente 8,1 há para a primeira etapa construtiva e
112 há para a última etapa do alteamento. O NA máximo normal também chamado de
nível de serviço é de 367,00m, porém foi previsto no projeto um NA máximo Maximorum
de 369,1m. A drenagem superficial do maciço do barramento será composta de bermas e
canaletas nos pés do talude com inclinação suficiente para drenagem completa do
maciço, para condução de água até as escadas de dissipação de energia e caixas de
passagem, segundo estudo técnico e projeto básico de barragem apresentado pelo
empreendedor. De acordo com a DN COPAM nº 87/2005 que dispõe sobre critérios de
classificação de barragens de rejeito, de resíduos e de reservatório de água em
empreendimentos industriais e de mineração no estado de Minas Gerais, a barragem foi
classificada como Classe III.

Sistema de extravasamento
O sistema de extravasamento de água proposto no projeto, consiste em quatro estruturas
distintas:

Canal de aproximação: trata-se de uma canal de seção trapezoidal com largura inferior
de 4,0m, escoamento em lâmina livre com capacidade de condução da vazão relativa à
cheia milenar, locado na ombreira esquerda na elevação 367m, sem revestimento e sem
estrutura de dissipação de energia. Em cada etapa de alteamento o canal será estendido,
acompanhando o talude esquerdo e mantendo as mesmas características físicas. Este
canal terá a função de conduzir água afluente para o restabelecimento da vazão a jusante
do barramento. Foi afirmado nos estudos que este canal terá a distância aproximada de
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600 m, considerando também o canal de restituição. O trecho a jusante, compreendido do


pé do maciço do barramento até o ponto de descarregamento de água pelo canal de
restituição ficará seco, recebendo contribuição somente da água percolada pelo maciço
nos valores que serão apresentados posteriormente, para as etapas inicial e final de
construção e alteamento do maciço.

Vertedouro de emergência: em concreto armado com seção transversal retangular ,


tendo largura da base igual a 4,0m e altura da parede igual a 3,0m, com escoamento
característico do tipo lâmina livre, com capacidade de condução de vazão relativo a cheia
decamilenar.

Bacia de dissipação locada em cota inferior a do maciço do barramento e posicionada


na saída do canal do vertedouro de emergência, têm a junção de redução da energia
cinética do escoamento, através de ressalto hidráulico.

Canal de restituição conformado em talvegue natural para escoamento final da água


vertida, com enroncamento para diminuição da energia cinética.

Drenagem interna
A drenagem interna do maciço será composta de três filtros verticais de areia e um
sistema de colchão drenante para percolação de água do barramento no interior do
maciço. O projeto básico da barragem de concentração mecânica apresentado nos
estudos prevê que o valor da vazão percolada seja da ordem de 100l/h para a primeira
etapa (Start DAM) e 1600l/h para a última etapa do alteamento.

Metodologia construtiva
Para construção da barragem está previsto o desvio do Córrego São Domingos em ponto
a montante do eixo, cerca de 700m, através de execução de ensecadeira com formação
de pequeno barramento e posterior bombeamento de água perene para a jusante do eixo
da estrutura considerada. Conforme afirmado nos estudos o empreendedor denomina o
trecho como “seco”, uma vez que ocorrerá interrupção temporária do escoamento natural
do Córrego São Domingos para possibilitar a construção da estrutura. O estudo ainda
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afirma que para resguardar a qualidade da água a jusante, será instalada uma estrutura
denominada “Casa de Pedra” que nada mais é do que uma caixa de passagem com
enroncamento de pedra de mão, que vai promover a diminuição da energia cinética da
água e evitar carreamento de sólidos em suspensão para jusante. O estudo garante
também que a vazão afluente ao ponto de bombeamento será restabelecida em sua
totalidade para a jusante.
Para garantir a qualidade da água a jusante do barramento, no ponto de retorno da água
ao curso normal estão previstos pontos de monitoramento.
Para confecção da primeira etapa do maciço do barramento vão ser utilizados materiais
provenientes das escavações obrigatórias (sistema extravasor, acessos, cut-off),
terraplenagem para implantação da unidade de beneficiamento e provenientes das áreas
de empréstimo da bacia de acumulação, desde que estes materiais atendam os critérios
técnicos para compactação.
Na segunda etapa de construção da barragem, conforme informado nos estudos
apresentados pelo empreendedor, poderão ser utilizados materiais estéreis provenientes
das minas adotando metodologia de confecção do maciço por seção mista, envolvendo
rochas e utilização de solos saprólitos. Nesta fase de alteamento da barragem o
empreendedor não está prevendo áreas de empréstimos mas sim a utilização de
materiais provenientes das atividades das lavra.
Para a etapa de enchimento do barramento o empreendedor está prevendo um período
aproximado de 28 dias, garantindo a vazão residual a jusante, conforme preconiza a
legislação. O método para transposição da água será novamente o bombeamento,
aproveitando a estrutura antiga, porém parte do córrego será desviada para afluir vazão
para o enchimento e parte será bombeada a jusante. Os pontos de monitoramento
previstos para a etapa de construção do barramento serão mantidos e segundo o
empreendedor não haverá interrupção em hipótese nenhuma de fornecimento de água a
jusante da estrutura. Será solicitado como Condicionante que o empreendedor apresente
um plano emergencial para prevenção de possível alteração na qualidade/quantidade de
água a jusante, causada por pane nos conjuntos de bombeamento ou incremento de
va zão afluente causado por precipitações extremas não previstas no período de operação
do sistema proposto.

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Quanto a segurança da operação da barragem de concentração mecânica, o


empreendedor vai apresentar um plano denominado PAE (Plano de Controle e
Emergência), onde estará incluso o Plano de Risco ou mapeamento de eventos
acidentais com a respectiva probabilidade de ocorrência. Em síntese o plano vai
contemplar itens tais como objetivo, abrangência, participantes, recursos, estruturas para
atendimento a emergências, atribuições dos participantes do plano, mapeamentos de
eventos acidentais com probabilidade de ocorrência, procedimentos de emergência e
matrizes de rotina de ações de emergência.

Estudo de Alternativas Locacionais


Os estudos locacionais dos eixos alternativos foram propostos pelo empreendedor em
relação a topografia do local, premissa básica para concepção dos referidos projetos
alternativos.
Já com a locação das três alternativas possíveis, os parâmetros considerados foram os
volumes potenciais de armazenamento de rejeitos, distância do local de geração de
rejeitos, fatores econômicos, interferências patrimoniais e fatores ambientais. Foi gerado
um quadro resumo comparativo entre as três alternativas com as condições de
atendimento aos parâmetros e os critérios de avaliação mais favoráveis, intermediários e
menos favoráveis. O fator decisivo no entanto para a escolha do eixo para o barramento
foi a possibilidade de não interferência com o corpo mineral. Os demais critérios
geológicos, pedológicos e hidrológicos foram classificados segundo estudo técnico
apresentado pelo empreendedor como de mínima ou nenhuma relevância na
diferenciação das alternativas, uma vez que para a ADA estes parâmetros foram
estudados e apresentaram pequenas variações ao longo de toda extensão do perímetro.
O critério de supressão de vegetação também foi adotado, porém não foi o único
parâmetro decisivo.

Plano de Desativação do Barramento


O empreendedor afirma nos estudos que a desativação do barramento deverá ocorrer
após término da lavra. O plano de fechamento de mina que será apresentado
posteriormente, vai elencar esta questão, mas a princípio está previsto para reabilitação
da área as etapas de rebaixamento dos níveis de água, regularização do aterro e
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revegetação de áreas da bacia de acumulação, procurando integrar a estrutura


descomissionada a paisagem natural, conforme preconiza o estudo e projeto básico. Este
afirma também ser de extrema importância, inclusive estrutural que se faça constar no
plano a não existência de lâmina de água livre no barramento, para se evitar colapso
estrutural por saturação do maciço.

5.3.4 Barragem de Concentração Química


A barragem objetiva a disposição dos rejeitos sólidos contidos no “licor” que é um
composto em forma de polpa constituído de sólidos sedimentáveis e coloidais que é
originado na etapa de beneficiamento químico da grafita. O composto químico após ser
neutralizado é bombeado para ser posteriormente depositado no barramento e
permanecer um tempo para sedimentação. Esta estrutura também têm a função de
permitir a evaporação da pequena quantidade de água utilizada no processo e acumulada
na bacia de acumulação. O projeto básico fornecido pelo empreendedor afirma que caso
ocorra extravasamento do efluente este já estará neutralizado para atendimento aos
padrões de qualidade pertinentes a legislação vigente

Características físicas do barramento


A barragem construída, terá a função de acumulação de 300.000 m3 de rejeitos a serem
gerados em 4 anos de operação. O projeto da barragem prevê o restabelecimento da
capacidade de acumulação da bacia com a limpeza a cada período de 4 anos e
destinação da parte sólida dos rejeitos propostos para estocagem ou comercialização,
uma vez que estes são da mesma constituição química do gesso industrial, conforme
estudo. O volume do maciço é de 127.000m3 e foi previsto para ser construído em uma
única etapa. A cota de elevação do barramento é de 455,0m. O NA máximo normal
também chamado de nível de serviço é de 453,00m, porém foi previsto no projeto um NA
máximo Maximorum de 453,83m. A área do espelho d’água para cota de serviço é de
3,0ha. A drenagem superficial do maciço do barramento será composta de bermas e
canaletas nos pés do talude, para condução de água até as escadas de dissipação de
energia e caixas de passagem, com inclinação suficiente para drenagem completa do
maciço, segundo estudo técnico e projeto básico de barragem apresentado pelo
empreendedor. De acordo com a DN COPAM nº 87/2005 que dispõe sobre critérios de
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classificação de barragens de rejeito, de resíduos e de reservatório de água em


empreendimentos industriais e de mineração no estado de Minas Gerais, a barragem foi
classificada como Classe I.

Sistema de extravasamento
O sistema de extravasamento de água proposto no projeto, consiste em quatro estruturas
distintas:

Canal de aproximação também chamado de “canal de cintura” trata-se de um canal


perimetral construído ao longo do contorno da bacia de contribuição, com a função de
manter os rejeitos na bacia durante eventos chuvosos importantes, garantindo que não
haja contribuição de eventos pluviométricos, além da precipitação que incide sobre a área
da própria bacia. Foi projetado para condução de uma vazão relativa a cheia milenar,
conforme recomendado por norma técnica. O canal de seção trapezoidal é revestido em
concreto, com largura da base igual a 2,0m e inclinação lateral nos taludes de corte
1H/IV.

Extravasor de emergência em concreto armado do tipo rápido, com seção transversal


trapezoidal, com largura da base de 2,0m e largura da parede de 1,5m, escoamento
característico tipo lâmina livre, com capacidade de condução de vazão da cheia milenar
para o barramento em operação e cheia decamilenar no caso de desativação da
estrutura.

Drenagem interna
A drenagem interna do maciço será composta filtros verticais de areia e dois sistemas de
colchão drenante para percolação de água do barramento no interior do maciço e
enroncamento de proteção com brita na saída do pé do talude.

Metodologia construtiva
Para confecção do maciço do barramento vão ser utilizados materiais provenientes das
escavações obrigatórias (sistema extravasor, acessos, cut-off) e terraplenagem para
implantação da unidade de beneficiamento e ainda provenientes das áreas de
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empréstimo da bacia de acumulação, desde que estes materiais atendam os critérios


técnicos para compactação. Para este projeto deverá ser considerado a metodologia da
seção mista de corte e aterro para uma bacia fechada. O sistema de adução de rejeitos
para a bacia de acumulação fará o lançamento do material para a cabeceira do
barramento. O mesmo funcionará como um sistema fechado. Não haverá contribuições
da bacia para aumento do nível de água, apenas ocorrerá à regulação do NA de serviço
pelas variáveis de precipitação e evaporação. Estudos hidrológicos apresentados pelo
empreendedor com base nos dados pluviométricos da estação “Fazenda Cajueiros” da
AN A (Agência Nacional das Águas) localizada no município de Almenara, permitiram ao
empreendedor afirmar que para eventos pluviométricos extremos, a elevação do NA de
serviço, seria de alguns centímetros, portanto não alteraria a capacidade de
armazenamento de rejeitos da estrutura.

Estudos de Alternativas Locacionais


Os estudos locacionais dos eixos alternativos foram propostos pelo empreendedor em
relação a topografia do local, premissa básica para concepção dos referidos projetos
alternativos.
Já com a locação das duas alternativas possíveis, os parâmetros considerados foram os
volumes potenciais de armazenamento de rejeitos, distância do local de geração, fatores
econômicos, interferências patrimoniais e fatores ambientais. Foi gerado um quadro
resumo comparativo entre as duas alternativas propostas com as condições de
atendimento aos parâmetros com os critérios de avaliação mais favoráveis, intermediários
e menos favoráveis. O fator decisivo no entanto para a escolha do eixo para o
barramento, foi a minimização dos custos para bombeamento do rejeito. Os demais
critérios geológicos, pedológicos e hidrológicos foram classificados segundo estudo
técnico apresentado pelo empreendedor como de mínima ou nenhuma relevância para
diferenciação das alternativas, uma vez que para a ADA estes parâmetros foram
estudados e apresentam com pequenas variações ao longo de toda extensão do
perímetro. Salienta-se que na alternativa escolhida segundo empreendedor o barramento
localiza-se em vale oposto a implantação da planta de processos e em elevação inferior a
usina. Conforme afirmado nos projeto básico, novos estudos complementares deverão ser

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apresentados para aproveitamento do potencial hidráulico no lançamento dos rejeitos e


minimização dos impactos de implantação desta estrutura neste ponto.

Plano de Desativação do Barramento


Semelhante ao barramento de concentração mecânica o plano de fechamento de lavra
vai contemplar as questões de encerramento das atividades, inclusive com
descomissionamento da estrutura, adotando procedimentos técnicos de rebaixamento do
nível de efluente, recomposição da área com aterro e vegetação nativa, ou destinar a
estrutura para outra finalidade.

5.3.5 Depósitos Controlados de Estéreis – DCE 1 e DCE 2


Para a extração da grafita, será gerado um desmonte de material sem valor econômico
agregado que deverá ser disposto em pilhas através de reconformação mecânica
ascendente seguindo os parâmetros técnicos dos projetos. A estimativa é que sejam
gerados anualmente 1.518.598 toneladas.
A relação estéril/minério apresentada pelo empreendedor é de 1,29 pois o minério
produzido é de 1.180.625 ton/ ano.
A escolha das áreas levou em conta fatores de minimização de distâncias médias de
transportes, custos efetivos e localização das áreas próximo as futuras frentes de lavra.
Os parâmetros geotécnicos das estruturas são: altura dos bancos: 10m , ângulo individual
do talude: 30º, largura das bermas: 6,0m, largura dos acessos: 10,0m, grade de rampa:
10%.
O DCE 1 possui área de 25,15ha, altura de 50,0m e capacidade de armazenamento de
4.230.000m3 de estéreis. O DCE 2 possui área de 26,62ha, altura de 110m e capacidade
de armazenamento 7.118.000m3 de estéreis.
As pilhas deverão receber material estéril apenas das atividades de lavra. A vegetação da
área pretensa para pilha deverá ser retirada a fim de se evitar decomposição da matéria
orgânica e provocar recalques futuros. O sistema de drenagem interno será composto de
drenos de fundo composto de valas e lançamento de fragmentos de blocos. A maneira de
disposição é através de camadas horizontais para permitir melhor lançamento e
compactação adequada realizada pela passagem de máquinas e caminhões.

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A fim de proteger as áreas de pilha de escoamento de águas pluviais da área de entorno,


foi dimensionado um sistema de canaletas laterais e perimetrais que farão o isolamento
das águas da bacia contribuinte, limitando somente o escoamento superficial que incide
sobre a própria pilha. Salienta-se que a drenagem captada pelas canaletas laterais será
direcionada a diques filtrantes dispostos estrategicamente a jusante, com a finalidade de
conter carreamentos e no caso de colapso estrutural de uma berma ou bancada, manter o
material desagregado por ação mecânica, contido em um mesmo lugar, evitando
contaminação dos corpos hídricos.

Estudo de Alternativas locacionais


Para disposição das pilhas alguns fatores foram levados em conta como as reduzidas
distâncias de transporte até as áreas de lavra, topografia levemente acidentada,
capacidade de armazenamento, acessos, supressão de vegetação reduzida e sobretudo
a não interferência com o corpo mineral. Para cada DCE foi estudado um alternativa
locacional correspondente e chegou-se a conclusão de que o fator interferência das áreas
com o corpo mineral e capacidade de armazenamento foram fatores decisivos na escolha
das atuais áreas. Similar a metodologia de estudos para as alternativas locacionais para
as barragens de rejeito, foi apresentado uma tabela contendo comparativo entre os
parâmetros físicos, econômicos, sociais e fatores ambientais. Os parâmetros geológicos,
meteorológicos, topográficos, hidrogeológicos, segundo o empreendedor já foram
discutidos para a ADA uma vez que todas as alternativas encontradas estão locadas
internamente a este contorno e têm a mesma caracterização física, conforme estudo.
Sendo assim estes critérios têm pouca ou nenhuma relevância para diferenciação das
alternativas.

5.4 Frentes de La vra


A la vra a ser desenvolvida no local, conforme PAE (Plano de Aproveitamento Econômico),
é a céu aberto, avanço descendente, tipo mecanizada, através de bancadas múltiplas,
com a retirada de material por 2 meia-encostas, uma para extrair a grafita e outra para
remoção do estéril. As bancadas de serviço possuem altura média de 15,0m e bermas
operacionais de 6,0m que permitem a passagem das escavadeiras. Os acessos internos
e de escoamento da produção das frentes têm largura média de 10,0m e inclinação
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máxima de 10%. O angulo geral do talude é de 60º . A lavra ocorrerá em 3 frentes


denominadas “pits” que receberam a numeração de 1,2,3 que apresentam
particularidades de projeto com cotas de fundo apresentando variações, sendo que nos
“pits” 2 e 3 a cota de fundo também denominada “Botton-pit” apresenta um intervalo de
variação entre 465 e 480m e no “pit” 1 o “Botton-pit” estabelecido é de 475m.

Metodologia de extração
Como fase inicial da atividade de extração, serão realizadas atividades de decapeamento
e supressão de vegetação , com a estocagem do “top-soil” em local apropriado e
abrigado, conforme descrição a ser apresentada posteriormente na fase de instalação do
empreendimento.
O material é desmontado através da utilização de escavadeiras que fazem a retirada
simultânea do estéril/minério para otimização da produção. O transporte do estéril tanto
quanto o minério é feito por caminhões basculantes, com destinação única, de acordo
com as necessidades da planta de beneficiamento. A adequada preparação da frente de
lavra, também chamado de ”pré-stripping” vai garantir a qualidade do mineral extraído e
sobretudo mitigar os impactos relativos a movimentação de terras das áreas de topos de
morro. A geologia de maneira avaliativa e periódica vai conciliar os dados amostrais
obtidos com possíveis problemas na atividade de extração, desde a lavra até o
beneficiamento. A geotecnia das áreas de cava baseou-se em resultados anteriores de
outras extrações e no contexto real exploratório do empreendimento, podem
desencadear condições desfavoráveis obrigando inclusive a alterar a relação
estéril/minério para readaptação às novas condições naturais do corpo mineral. As vias de
acesso internas da planta industrial deverão ser constantemente melhoradas para
efetivamente permitirem condições de trafegabilidade seguras e evitar condições inóspitas
de trabalho.

6 Autorizações Ambientais

6.1 Outorga de direito de uso dos recursos hídricos

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O uso da água, durante a implantação e a operação do empreendimento, deverá ser


regularizado ambientalmente por meio de processos técnicos de Outorga a serem
formalizados nas respectivas fases do Licenciamento, Licença de Instalação (LI) e
Licença de Operação (LO). Na fase atual de Licença Prévia (LP) foi realizada uma análise
prévia da disponibilidade hídrica de parte da bacia hidrográfica do Córrego São
Domingos, onde se pretende implantar o empreendimento, para fins de verificação de sua
viabilidade ambiental relativa aos recursos hídricos (ver item 6.1.1.3).

Destaca-se que serão necessárias outras intervenções em cursos d’água que também
deverão ser regularizadas ambientalmente nas próximas fases, intervenções estas
referentes à reforma e/ou instalação de novas estruturas hidráulicas (pontes/bueiros) nos
acessos internos e externos para uso do empreendimento.

A formalização dos processos de Outorga para regularização das intervenções em


recursos hídricos foi solicitada, conforme Condicionante.

6.1.1 Recursos Hídricos Superficiais e Subterrâneos

6.1.1.1 Zoneamento Ecológico Econômico - ZEE


Conforme observado no Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE) do Estado de Minas
Gerais, a vulnerabilidade dos recursos hídricos observada na ADA do empreendimento é
considerada alta em 100% dessa área. A carta vulnerabilidade dos recursos hídricos
consistiu na interpretação da disponibilidade natural de água superficial, informada no EIA
ser média em 100% da ADA; disponibilidade natural de água subterrânea, alta em 100%
da ADA; e da potencialidade de contaminação dos aqüíferos, muito alta também em
100% da ADA.

6.1.1.2 Caracterização da Bacia Hidrográfica


O empreendimento em questão será instalado no município de Almenara, em parte da
bacia hidrográfica estadual do Córrego São Domingos, onde se localizam sua nascente e
seus pequenos tributários. Conforme figura a seguir, esse córrego é afluente da margem
esquerda do Rio Panela que integra a sub-bacia do Rio Jequitinhonha, ainda em território
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mineiro. O município de Almenara está inserido na Unidade de Planejamento da Bacia do


Rio Jequitinhonha (JQ3), cujo órgão deliberativo, normativo e consultivo é o Comitê de
Bacia Hidrográfica (CBH) dos Afluentes Mineiros do Médio e Baixo Rio Jequitinhonha,
instituído pelo Decreto n° 44.955 de 19/11/2008.

Inserção geográfica do município de Almenara no contexto do CBH da Unidade de


Planejamento JQ3. Fonte: EIA.

A partir de sua nascente, o Córrego São Domingos segue no sentido leste-oeste até sua
confluência com o Rio Panela, após percorrer cerca de 8,5km, que toma a direção norte-
sul até desaguar no Rio Jequitinhonha. A bacia desse córrego possui aproximadamente
área de drenagem de 20Km2, extensão de 8,5km, largura de 4km e perímetro de 19,5
km. Tanto sua nascente, localizada na cota 650m, quanto sua foz, na cota 200m (Rio
Panela), encontram-se localizadas integralmente no município de Almenara. A AD A do
empreendimento, considerada no EIA, abrangerá 70% da área de drenagem do Córrego
São Domingos, ou seja, 14km2, com extensão de cerca de 5km (ver figura a seguir). Os
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cursos d’água superficiais presentes na ADA são classificados em perenes, intermitentes


ou efêmeros.

Inserção regional da microbacia hidrográfica do Córrego São Domingos que integra a


bacia hidrográfica do Rio Panela, afluente do Rio Jequitinhonha. Fonte: EIA.

De forma geral, a ADA encontra-se bem preservada. Não possui fonte de poluição
pontual significativa e nem captação de grande volume de água. É ocupada atualmente
por fazendas, cuja atividade predominante é a agropecuária. Pode-se dizer que foi pouco
impactada, considerando haver grande percentual de áreas com cobertura vegetal
remanescente, considerando a atividade agropecuária realizada como de subsistência,
considerando o baixo volume de efluentes líquidos e de resíduos sólidos gerados em
cada fazenda e considerando que algumas captações realizadas nessas fazendas são de
uso insignificante (com vazões inferiores a 0,5 l/s), conforme legislação definida pelo
Estado de Minas Gerais. Destaca-se que as vazões das captações não consideradas de
uso insignificante, são pouco superiores a 0,5 l/s, nem chegam a 0,8 l/s.

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6.1.1.3 Caracterização Quantitativa


A caracterização quantitativa dos recursos hídricos superficiais foi realizada por meio de
estudos de disponibilidade hídrica. Conforme informações prestadas no processo, o
empreendimento pretende realizar duas captações de água, uma a fio d’água no Córrego
São Domingos durante sua implantação e a outra na barragem de rejeitos da
concentração mecânica durante sua operação. Para tanto, foi realizada pela equipe
técnica desta Superintendência uma análise prévia das disponibilidades hídricas nesses
dois casos, para fins de verificação da viabilidade ambiental do empreendimento. Foram
analisados dois estudos, apresentados pela consultoria do empreendimento, quais sejam:

Captação a fio d’água no Córrego São Domingos, ponto de coordenadas geográficas,


SAD 69, Lat:16°00’’48,7188’’ / Long: 40°37’29,7228’’.

Utilizando o sistema SIAM, a equipe técnica da SUPRAM Jequitinhonha calculou a área


de drenagem, a partir desse ponto de coordenadas, sendo pouco inferior à apresentada
pelo empreendedor de 14,07 km2. Conforme especificações da legislação vigente, para a
liberação da vazão outorgável utiliza-se o parâmetro Q7,10 (vazão mínima com 7 dias de
duração e 10 anos de recorrência). A va zão Q7,10 calculada no SIAM foi parecida com a
informada no processo de 3,7989 l/s, considerando a isolinha média de rendimento
específico igual a 0,3 l/s.km².

A legislação atual em vigor (Resolução Conjunta SEMAD-IGAM n° 1548, de 29/03/2012)


admite uma vazão outorgável no valor de 50% da Q7,10. Portanto, a disponibilidade
hídrica no ponto informado se dará pela diferença entre: (50% Q7,10) - (total das vazões
outorgadas a jusante do ponto de captação até o curso d’água de ordem superior),
considerando não haver va zões outorgadas a montante (com a remoção dos moradores
locais). Não foram estudadas nesta fase as vazões outorgadas a jusante, assim,
considerando como disponibilidade hídrica somente os 50% da Q7,10, tem-se: vazão
outorgável = 1,89945 l/s ou 6,83802 m3/h (a partir da Q7,10 calculada pela consultoria).

Foi informado que a demanda hídrica do empreendimento será de 20,08 m3/h ou 5,58 l/s
(durante 8h), ou seja, 160,64m3 por dia, que se destina apenas às obras de implantação
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do empreendimento. Foi informado que será adquirida água potável no mercado local
para consumo humano e que serão instalados banheiros químicos que não necessitam
de água.

Verifica-se que captando a vazão de 6,83802m3/h (50% da Q7,10) durante 24h, tem-se
disponível 164,11248m3 de água diariamente, que atenderão a demanda hídrica do
empreendimento, sem considerar os usuários a jusante. Conforme informações
prestadas, serão instalados em campo seis tanques estacionários, a serem abastecidos
durante 24h, com capacidade para reservar 30m³ de água cada um, totalizando 180m³. O
aperfeiçoamento dos estudos da disponibilidade hídrica para a implantação do
empreendimento deverá ser realizada quando da formalização do processo de Outorga
na fase de Licença de Instalação (LI). Deverão ser levadas em consideração as
captações a jusante e, caso seja observada a não disponibilidade hídrica, precisam ser
estudadas novas alternativas. Deverá ser mantida a va zão residual imposta por legislação
de 50% da Q7,10, para essa captação na bacia hidrográfica em estudo.

Captação de água no barramento de rejeitos da concentração mecânica, logo a montante


do maciço desse barramento com eixo em torno das coordenadas UTM, SAD 69,
X:326747,6 / Y:8229635,1 e X:327102,1 / Y:8228947,9.

Pretende-se realizar captação no reservatório desse barramento, que será com


regularização de vazão e terá disponível cerca de 108 m3/h ou 30 l/s de água (durante 24
h/dia e 30 dias/mês) em seu primeiro alteamento (maciço de partida - “start dam”), cuja
lâmina d’água será de 8,1ha, conforme estudo apresentado. A partir do período chuvoso
(mês de dezembro), a va zão máxima disponível nesse reservatório será de 126 m³/h ou
35 l/s.

Essa captação será realizada para suprir a demanda hídrica do empreendimento, que
será de 23,43 m3/h ou 6,51 l/s durante 8h diárias de operação, destinada às seguintes
atividades: beneficiamento do minério (17 m3/h); Estação de Tratamento de Água - ETA
(1,54 m3/h); Estação de Tratamento de Esgotos - ETE (0,54 m3/h); oficinas (1,75 m3/h);
consumo humano (1 m3/h); instalações sanitárias, refeitório, enfermaria, escritório e
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laboratório (1,6 m3/h). Ressalta-se que no início da operação o empreendimento


necessitará de 722 m3/h ou 200,56 l/s de água e que, posteriormente, 698,6 m3/h ou
194,06 l/s será recirculada, sendo captada apenas 23,43 m3/h, referente à “água nova”.
Nota-se que não foram consideradas as perdas neste estudo, que deverá ser
aperfeiçoado quando da formalização do processo de Outorga na fase de LI. Para essa
captação também deverá ser mantida a vazão residual imposta por legislação de 50% da
Q7,10.

Foi informado que a atividade de beneficiamento do minério, maior consumidora de água


(aproximadamente 73% da vazão inicial ou 527 m3/h), poderá ser iniciada com apenas
trinta minutos de captação no reservatório do barramento, necessitando, portanto, de um
volume de 263,5 m³. Como informado no estudo de disponibilidade hídrica, em seu
primeiro alteamento o barramento terá um reservatório com capacidade total para
acumulação de 550.000 m³ de água. Considerando que se pretende iniciar a captação
com o reservatório a 2/3 de sua capacidade (ou 366.667 m³), nota-se que o volume
necessário inicialmente (263,5 m³) no processo de beneficiamento é bem inferior ao
volume do reservatório, não interferindo na vazão residual a ser considerada para
possíveis usos a jusante.

Para a caracterização quantitativa dos recursos hídricos subterrâneos, foi apresentado o


estudo “Modelo Hidrogeológico Computacional”. Esse modelo hidrogeológico trouxe um
primeiro entendimento sobre o comportamento das águas subterrâneas, utilizando-se de
poucas informações adquiridas em campo (apenas o inventário de nascentes), sendo
informado que o modelo deve ser recalibrado sempre que surgirem novas informações,
com o objetivo de representar melhor a realidade hidrogeológica local. O estudo simulou,
de forma não precisa, o comportamento hidrodinâmico (direção do fluxo das águas
subterrâneas e suas cargas hidráulicas - níveis de água) em cenários atual e futuro da
área de intervenção do empreendimento.

Como informado, em relação aos níveis das águas subterrâneas, o estudo apresenta um
erro RMS (Root Mean Squared) de 18,5 m para mais ou para menos, que representa a
média dos erros calculados nos pontos de calibração no cenário atual. No entanto,
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comparando as cotas dos níveis de água apresentados nesse estudo com as informações
obtidas dos furos de sondagem realizados nas áreas previstas para as cavas, observa-se
que o erro chega a ser bem superior ao valor informado, sendo esta primeira versão
desse estudo considerada pela equipe técnica desta Superintendência não representativa
da realidade atual da área. Para o cenário futuro, foi informado que não há como calcular
o erro no presente, visto que não se conhece os reais níveis de água após a implantação
das estruturas previstas no empreendimento. Portanto, foram solicitadas como
Condicionante as medições preliminares dos níveis das águas subterrâneas antes da
implantação do empreendimento (na formalização da LI) e a reapresentação do “Modelo
Hidrogeológico Computacional”, também conforme Condicionante, após nova calibração
com a inserção dos dados a serem obtidos dessas medições.

Conforme informado pelo empreendedor, nos furos de sondagem não foi verificado o
contato com o lençol freático, mesmo nos furos mais profundos executados. As
profundidades variaram de cerca de 40 m a 180 m. Os dados das sondagens mostraram
que não há lençol freático nas cotas apresentadas no modelo hidrogeológico. Foi
informado que o monitoramento será adotado como medida preventiva para que as lavras
sejam interrompidas antes de atingir as cotas do lençol freático. Não é de interesse do
empreendimento que as lavras atinjam o lençol, já que a grafita perde valor econômico e
poderá ocorrer a formação de drenagem ácida, como mencionado a seguir na
caracterização qualitativa.

6.1.1.4 Caracterização Qualitativa


O EIA apresentou a caracterização qualitativa das águas superficiais da bacia hidrográfica
de intervenção do empreendimento. Para isso, foi realizada uma campanha de
amostragem na área em junho de 2011, onde foram pré-definidos seis pontos para coleta
de amostras de água destinadas à análise. Os pontos foram distribuídos na ADA, ao
longo do Córrego São Domingos e em dois de seus afluentes, conforme quadro abaixo.

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Pontos de amostragem pré-definidos


Coordenadas UTM -
24K
Ponto Localização
Datum SIRGAS 2000
X Y
Córrego São Domingos, a jusante do eixo do barramento
AL-01 326411,49 8228884,55
de rejeitos da concentração mecânica.
Afluente da margem direita do Córrego São Domingos, em
AL-02 área a ser ocupada pelo reservatório da barragem de 327156,10 8229694,87
rejeitos da concentração mecânica.
Córrego São Domingos, aproximadamente em seu trecho
AL-03 328147,95 8228843,55
médio, acima da planta de beneficiamento.
Córrego São Domingos, a jusante das frentes de lavra 1 e
AL-04 329125,70 8228672,00
2.
Afluente da margem esquerda do Córrego São Domingos,
AL-05 a jusante do barramento de rejeitos da concentração 326953,40 8227572,68
química.
Córrego São Domingos, local do eixo do barramento de
AL-06 327099,76 8229235,54
rejeitos da concentração mecânica.

Os parâmetros físico-químicos analisados foram: acidez total, alcalinidade total, cloretos,


condutividade elétrica, DBO, DQO, cor verdadeira, dureza total, ferro solúvel, ferro total,
fósforo total, manganês solúvel, nitrogênio amoniacal, nitratos, nitritos, óleos e graxas,
oxigênio dissolvido, pH, sólidos dissolvidos, sólidos sedimentáveis, sólidos suspensos,
sólidos totais, surfactantes aniônicos, temperatura da água e turbidez. Já os parâmetros
biológicos analisados foram: fitoplancton e zoobenton.

As coletas e análises das amostras foram realizadas pelo laboratório Visão Ambiental
Ltda., que é devidamente homologado pela Rede Metrológica de Minas Gerias, conforme
exigência da DN COPAM n° 167/2011. Como informado no EIA, as coletas foram
executadas segundo o “Manual de Coleta e Preservação de Amostras” da CETESB
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(1988) e as análises seguiram as normas e métodos estabelecidos pelo “Standard


Methods for the Examination of Water and Wastewater” (2005).

Como as águas superficiais do Córrego São Domingos e seus afluentes não possuem
enquadramento específico através de Deliberação Normativa do Estado de Minas Gerais,
essas águas são classificadas como de “Classe 2”: aquelas destinadas ao abastecimento
para consumo humano, após tratamento convencional; à proteção das comunidades
aquáticas; à recreação de contato primário; à irrigação de hortaliças, plantas frutíferas e
de parques, jardins, campos de esporte e lazer, com os quais o público possa vir a ter
contato direto; à aqüicultura e à atividade de pesca; conforme Resolução CONAMA n°
357/2005 e DN Conjunta COPAM/CERH n° 01/2008. Portanto, essas águas foram
avaliadas de acordo com os limites de enquadramento dessa classe. A seguir é descrito o
resultado de alguns parâmetros relevantes analisados.

A temperatura das águas em cinco dos seis pontos amostrados foi de 22°C. Em apenas
um ponto foi de 21°C. Os valores de pH estavam dentro da faixa ideal, sendo o menor
valor encontrado de 7,21 e o maior de 8,39. As águas apresentaram-se, em geral,
ligeiramente alcalinas. Os valores de dureza total (presença de íons metálicos
polivalentes, como o Ca²+ e o Mg²+) classificaram as águas como brandas ou moles. Os
resultados de condutividade elétrica apresentaram valores baixos, principalmente nos
pontos AL-03 e AL-04, que estão mais a montante da bacia hidrográfica. Todos os pontos
apresentaram valores bem baixos de turbidez, sólidos em suspensão e sólidos
dissolvidos, abaixo dos limites para enquadramento dos corpos d’água como Classe 2,
atendendo até os da Classe 1. Quanto à cor verdadeira, as amostras apresentaram
valores até o limite estabelecido. Avaliando os resultados de ferro solúvel, percebeu-se
que as concentrações deste metal foram superiores à imposta pela legislação nos pontos
AL-02 e AL-06, cursos d’água localizados a noroeste da área de intervenção do
empreendimento, em áreas que serão inundadas pelo reservatório. Destaca-se que o
ponto AL-02 foi identificado no EIA como área de brejo, de ambiente lêntico. Quanto ao
parâmetro DBO5 (Demanda Bioquímica de Oxigênio), os valores encontrados foram
baixos e atendem até mesmo aos limites para corpos d’água Classe 1. Os maiores
valores observados da DBO5 foram nos pontos AL-01, AL-02 e AL-05, próximos a locais
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utilizados para a dessedentação de gado, como informado. Os resultados observados


para o parâmetro OD (Oxigênio Dissolvido) estão dentro do estabelecido, considerados
suficientes para a manutenção da vida aquática, com exceção do ponto AL-05, onde foi
encontrado um valor pouco abaixo do determinado para a Classe 2. Para análise do
fósforo total foi utilizado valor de referência para ambiente lótico, tendo sido notado que
todos os valores encontrados, com exceção do ponto AL-04 (ponto amostrado mais a
montante da bacia hidrográfica), foram levemente superiores ao valor de referência.
Ressalta-se que o valor encontrado para o ponto AL-02 também foi um pouco alto
considerando-o como em ambiente lêntico. Com a formação do reservatório, os pontos
AL-03 e AL-06 serão classificados como ambientes intermediários ou lênticos. Os outros
pontos (exceto AL-02) continuarão se comportando como lóticos, mesmo após a
formação do reservatório, caso não venham sofrer intervenção. Já as concentrações do
nitrogênio amonical foram baixas. Para os óleos e graxas, não há valor de referência, eles
devem ser "virtualmente ausentes". Todos os pontos apresentaram concentrações
detectáveis, podendo ser oriundos da presença de esgotos domésticos das poucas
residências rurais localizadas na ADA e do gado presente às margens dos cursos d’água.
Foi detectado o maior valor no ponto AL-02, devido ao ambiente lêntico, onde é esperada
uma maior liberação de óleos orgânicos oriundos da decomposição da vegetação, muito
embora não ter sido observada película oleosa na superfície da água, como informado. A
comunidade fitoplanctônica encontrada nos pontos amostrados foi dividida em
Clorophyta, Bacillariophyta, Crysophyta, Dynophyta e Cryptophyta. Já a comunidade de
zoobentos foi dividida nos grupos Platyhelminthes, Annelida, Mollusca e Arthropoda.

A partir das informações acima, pode-se dizer que, em geral, a qualidade das águas
superficiais na ADA do empreendimento é boa, se observada pelos aspectos físico-
químicos nos pontos amostrados, tendo sido observado que alguns parâmetros
analisados atenderam até os limites estabelecidos para corpos d’água Classe 1.

A campanha de amostragem realizada foi de suma importância para avaliação atual da


qualidade físico-química e biológica dos corpos d’água superficiais, mas, para obtenção
do “branco” (antes da implantação e operação do empreendimento) e posterior avaliação
da influência de cada estrutura do empreendimento sobre a qualidade da água, foi
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solicitada, como Condicionante deste Parecer, novas campanhas de amostragem com


inclusão de novos pontos e parâmetros. Também são previstas nessa condicionante
campanhas durante o período chuvoso, visto terem sido realizadas somente no período
seco, não contemplando um ciclo hidrológico completo.

Quanto às águas subterrâneas, informa-se que não foi apresentada sua caracterização
qualitativa. Deverão ser avaliadas as medições a serem apresentadas e, se necessário,
serão exigidas análises dessas águas como condicionante da LI, antes da implantação do
empreendimento. Informa-se também que há presença na área do empreendimento de
rochas sulfetadas abaixo do nível do lençol freático, mas com percentual não significativo,
como informado. Caso venha ocorrer a exposição e oxidação dessas rochas, devido ao
afloramento do lençol, poderão ser formados sulfetos que tornarão ácidas as águas.
Assim, as lavras serão interrompidas antes da exposição do lençol. No entanto, se ocorrer
algum erro de engenharia com afloramento das águas subterrâneas, a área será
reconstituída utilizando-se solo e minério, impedindo desta forma, que ocorra a formação
de drenagem ácida.

6.2 Autorização para Intervenção Ambiental


O Empreendedor apresenta na tabela seguinte os quantitativos por estrutura e por
tipologia vegetacional a ser suprimida durante a operação do PGA:
Estrutura Operacional Área Área de Área Campo Áreas FESD FESD FESD
do GA total Pastag de s de Alagadas Estágio Estágio Estágio
em Lavou Altitude ou Iinicial Médio Avanç
ra Brejosas
Barragem de 130,00 72,14 0,69 0,00 4,98 23,88 12,42 15,89
contenção Mecânica
(há)
Barragem de 4,00 4,00 - - - - - -
Concentração
Química(há)
Cava 01 (há) 14,35 - - - - 10,06 3,87 0,42
Cava 02 (há) 26,06 - - - - - 23,35 2,66

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Cava 03 (ha) 23,67 - - - - 12,07 0,23 11,37


Unidade de Tratamento 11,03 - 0,21 - - 1,05 9,77 -
de Minério (há)
DCE 01 (há) 25,15 - - - - 12,87 10,51 1,77

DCE 02 (há) 26,62 12,76 - - 1,52 5,02 7,32 -


Acessos Internos (há) 31,23 4,87 0,51 - - 6,12 12,02 7,71
ÁREA DE 292,11 93,77 1,46 0,00 6,50 71,08 79,48 39,82
SUPRESSÂO
Na fase de implantação do empreendimento haverá supressão de vegetação para
exploração mineraria de grafite, área da planta industrial, barragem de rejeito de
concentração mecânica, barragem de rejeito de concentração química, depósito
controlado de estéreis (1 e 2), área de corpos minerais de grafita (cava1, cava 2, cava 3),
e estradas de acesso, para as várias fitofisionomias descritas a seguir:

Floresta Estacional Semidecidual em estágio de regeneração inicial com supressão da


vegetação em 71,08ha; Floresta Estacional Semidecidual no estágio médio de
regeneração, com supressão em 79,48ha; Floresta Estacional Semidecidual estágio de
regeneração avançado com supressão em 39,82ha; Áreas Alagadas ou Brejosas com
supressão em 6,50 ha; Áreas de Pastagem com supressão em 93,77ha, com maior
participação da estrutura da barragem de concentração mecânica; Áreas de Lavoura
com 1,46ha;
As aberturas de acessos internos totalizarão 31,23ha numa extensão de 30,712km, onde
12,02ha serão em áreas de vegetação com fitofisionomia de Floresta Estacional
Semidecidual no estágio médio de regeneração, representando participação desta
fitofisionomia de 38,49% do total para esta infra-estrutura, totalizando intervenção total de
292,11 hectares, sobre as várias fisionomias.

As intervenções sobre a vegetação secundária nos estágios inicial de regeneração para


a cavas 1, 2 e 3 totalizam 22,13ha; e no estágio médio totalizam 27,45ha; e no estágio
avançado tem-se 14,45ha, as quais não apresentam alternativas locacionais por se tratar
da fonte do minério grafita.

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A intervenção sobre vegetação que só podem sofrer intervenção em caso de obra de


utilidade publica são aquelas que se encontram nos estágios médio e avançado de
regeneração do Bioma Mata Atlântica, sendo que para se intervir nestes estágios, se
necessita de adotar medidas compensatórias, atendendo à Lei 11.428 de 21 de novembro
de 2008, sobre um total de 119,30ha que corresponde a 40,84% da área requerida.

Haverá intervenção sobre APP (área de preservação permanente), num total de 41,01ha
que se encontram distribuídos nos vários usos/estruturas propostos para o
empreendimento.
A maior participação deste total de APP está em área que, hoje, está ocupado com
vegetação de pastagem com a participação sobre 26,41% da APP.
Para satisfazer a Resolução CONAMA 369/2006 e Lei 11.428/2008, tem-se que
compensar 160,31 ha respectivamente: 41,01ha de área de APP mais 119,30ha de
vegetação no estágio médio a avançado de regeneração no Bioma Mata Atlântica;

O município de Almenara tem 50,58% do município preservada com vegetação nativa.


Sendo sua área total igual a 2.294,42km², tem-se 1.160,52km² de área preservada donde
se pode concluir que a área a sofrer intervenção para este projeto em relação à área total
do município é de aproximadamente 0,25%.

Espécies da flora consideradas endêmicas e ameaçadas de extinção, constante das


Listas Oficiais da Flora Brasileira Ameaçada de Extinção e / ou constantes nas Listas
Oficiais do Estado de Minas Gerais, foi afirmado pelo empreendedor como sendo as
espécies: Braúna (Schinopisis b rasiliensis), Ipês (Gêneros Tecoma e Tabebuia), Aroeira
(Myracrodruon urundeuva), Gonçalo Alves (Astronium fraxinifolium), pequi (Caryocar
b rasiliensis), jacarandá (Dalbergia nigara) gozando de ampla distribuição em outras
regiões de Minas Gerais e do Brasil, contudo apresentado quadro síntese e as medidas
mitigadoras para cada uma delas, incluindo ai a reposição para cada árvore cortada e
objetivos dos Programas de Supressão e de Revegetação e Enriquecimento e do
Resgate da Flora, obedecendo a legislação específica como:
Lei 9.734 de 15/12/1988 para o ipê dos gêneros Tecoma e Tabebuia;
Lei Estadual nº 10.883 de 1.992 / Lei 17.682 de 25/julho/2008 para o Pequi;
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Art. 39 do decreto 6.660, de 21 de novembro de 2008 (Supressão de Espécies


ameaçadas de Extinção);
Portaria Normativa nº 83 de 26/09/1.991 para Aroeira, Gonçalo Alves e Braúna

Na fase de instalação será formalizado novo processo para supressão da vegetação,


onde o Empreendedor apresentará inventário das áreas com quantitativos de volumes de
material lenhoso, bem como destinação do produto do desmate e detalhamento dos
programas a serem desenvolvidos conforme objetivos propostos nesta fase, podendo,
ainda, requerer concomitantemente, a averbação da Reserva Florestal Legal do(s) imóvel
(eis).
O Empreendedor esclarece que existe a margem de segurança para cada estrutura
sendo citado que será necessário explorar uma área um pouco maior como exemplo para
a estrutura barragem de contenção mecânica que tem área a ser alagada de 112ha e
para efeito de exploração serão necessários 130ha. O mesmo vale para a estrutura de
barragem de concentração química, será necessário a exploração de 4,0ha.

7 Caracterização Sócio-Ambiental
O empreendedor apresentou no EIA a descrição da metodologia utilizada e do
diagnóstico ambiental, apontando os procedimentos adotados para os levantamentos do
meio físico, biótico e sócio-econômico. No presente item será apresentado um resumo
especificando as conclusões desses estudos.

7.1 Caracterização Cultural, Histórica e Arqueológica

Em relação ao referido levantamento, existem legislações específicas relacionando os


processos de licenciamento e a pesquisa arqueológica, citamos a legislação de proteção
e gestão do Patrimônio Arqueológico Nacional: Lei federal Nº. 3.924 de 1961, a Portaria
IPHAN Nº 07 de 07/12/88, Portaria do IPHAN Nº 230/2002, Portaria do IPHAN Nº 211 , de
16 de maio de 2012 e Resolução CONAMA 001/86.

Este estudo tem como arqueólogo Fernando Walter da Silva Costa.

Av. da Saudade, nº335, Centro – 39100-000 - Diamantina - MG – Telefax: (38) 3531. 2650
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As informações abaixo apresentadas são baseadas no Estudo de Impacto Ambiental


(EIA).

O diagnóstico arqueológico deste estudo tem por objetivo “localizar, registrar e descrever
os eventuais sítios arqueológicos, ocorrências e locais com potencial encontrados dentro
dos limites da poligonal, na Área Diretamente Afetada (AD A) e Área de Influência Direta
(AID).”

De acordo com o levantamento realizado separaram-se os dados em três categorias:


sítios arqueológicos, ocorrências arqueológicas e locais com potencial arqueológico.

Os sítios arqueológicos são caracterizados como locais com presença evidente de


remanescentes materiais de populações pretéritas com vestígios em superfície e/ou
subsuperfície em número significativo. São consideradas ocorrências arqueológicas os
locais onde são encontradas pequenas quantidades de vestígios materiais. Entende-se
por potencial arqueológico os abrigos e grutas que, embora não tenham vestígios em
superfície, apresentam depósito sedimentar passível de conter material de culturas
pretéritas. No EIA foi informado que nenhum abrigo natural foi localizado na área do
empreendimento.

A metodologia utilizada para realizar este estudo consiste nas seguintes atividades:
entrevistas com pessoas (moradores, pesquisadores, etc.) que conheçam a área que será
impactada ou a região de uma forma geral, caminhamentos intensivos na poligonal na
área da ADA, AID em busca de vestígios em superfície e sondagens pontuais em locais
que apresentem algum potencial, não se tratando de sondagens sistemáticas sobre toda
extensão poligonal, isso está previsto para a próxima fase do licenciamento, nos trabalhos
de prospecção arqueológica.

Foram entrevistados um total de sete (7) moradores ou trabalhadores locais e um (1)


funcionário da Magnesita que auxiliou os trabalhos como guia. Como resultado das
entrevistas concluiu-se que nenhum deles tem conhecimento da existência de vestígios
e/ou estruturas arqueológicas na área em estudo. Em relação aos caminhamentos e
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sondagens realizados foram descritos 22 pontos ao longo dos caminhamentos, dos quais
sete foram sondados. Apenas em um deles foi encontrado material arqueológico.
Entretanto, outros achados (vestígios e estruturas) foram detectados no percurso durante
a vistoria superficial do terreno. Obteve-se dessa forma, no total, cinco (5) ocorrências de
vestígios, das quais quatro em superfície e uma em sondagem, além de duas estruturas
escavadas, uma no solo e outra na rocha dentro dos limites da ADA e AID.

A seguir serão descritos os resultados do diagnóstico arqueológico efetuado nos locais de


caminhamentos e sondagens para a região e a área encontrada. Em relação a ADA
fragmentos cerâmicos históricos e lascas de quartzo (entre a área da UTM e ca va 3),
lascas de quartzo (a nordeste da área de UTM), uma concentração de carvões com cerca
de 5cm de espessura, um osso fragmentado e carvões esparsos (área da barragem de
rejeito), fragmentos de cerâmica dita histórica (ao nordeste da barragem de rejeito) , uma
pequena galeria (com cerca de 3m de profundidade, 80cm de largura e 1,8m de altura)
escavada na vertente para exploração de pedra preciosa (estrada que conecta os dois
principais vales na área do empreendimento), uma colher de metal oxidada (frente de
lavra 2).

Em relação ao estudo do Patrimônio Imaterial de Almenara tem-se como objetivo a


“identificação das referências culturais e seu contexto, por intermédio da metodologia do
Inventário Nacional de Referências Culturais – INRC, para composição dos estudos do
EIA/RIMA para instalação de um empreendimento de exploração de Grafita da empresa
Magnesita Refratários S/A.”

O diagnóstico realizado é parte de um projeto de pesquisa e documentação dos dados


sobre os bens culturais referentes à população do município de Almenara do Vale do
Jequitinhonha. Com o diagnóstico realizado foi possível estabelecer os seguintes
complexos: Complexo das Celebrações, o Complexo da Mandioca, Bens Relacionados ao
Jequitinhonha e os Quilombolas.

O Complexo das Celebrações “tem como fio condutor a Folia de Reis do Grupo Cultural
Senhor Santos Reis. A ele se ligam o Coral das Lavadeiras (com as cantigas de roda
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aprendidas desde a mais tenra idade pelas cantoras), a identificação de festas similares
na população Quilombola durante as décadas passadas (Quilombola Marobá dos
Teixeiras), os ritos da Umbanda, a festa e São Sebastião e a Capoeira.”

O Complexo da Mandioca: Esta raiz é fundamental constituinte da base alimentar do povo


do Jequitinhonha. O seu cultivo, assim como o seu modo de produção foi capaz de
promover além da seleção genética dos cultivares e a variedade de mandiocas.
Possibilitaram também a “criação de uma série de implementos tecnológicos sem os
quais a sua adoção como base alimentar seria impossível. Para seu beneficiamento foram
criados ou adaptados raladores, cestos, prensas (ou mesmo os tapitis), cuias, tachos,
fornos e peneiras.” “A mandioca vai além de sua classificação botânica, representa o
trabalho coletivo expresso na sustentação alimentar, encerra em si a expressão de luta e
adaptação em meio aos trópicos, manejo e seleção da natureza pelo homem.”

Bens Relacionados ao Jequitinhonha: Foram identificados outros bens culturais que “são
os ofícios dos artesãos do cipó (ainda vigente) e o ofício de canoeiro (e suas
embarcações), em rápido processo de extinção.”

Os Quilombolas: “Em relação à comunidade Quilombola, os estudos, agora inicializados


estão sendo continuados para contemplar, de acordo com a Portaria do interministerial
MMA no. 419, de 28 de outubro de 2011 do Ministério do Meio Ambiente” ações
relacionadas a caracterização deste grupo.

7.2 Caracterização Socioeconômica do Município de Almenara


A fim de evidenciar as características atuais da Área de Influência (AI) do
empreendimento apresenta-se a seguir os principais indicadores apresentados pelo
empreendedor e que servirão como base de dados para o acompanhamento das
transformações advindas da instalação do empreendimento, no município de Almenara,
no sentido de subsidiar a elaboração e implantação dos programas propostos. Com base
em alguns parâmetros tais como: segurança, comércio e serviços, educação e habitação
o empreendedor deverá realizar “pesquisas periódicas, seguidas de compilação e análise
dos dados e consolidadas por avaliação dos resultados a partir da comparação com os
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dados levantados e apresentados no EIA,” conforme previsto no Programa de


Monitoramento Socioeconômico e Demográfico.

Para a caracterização das Áreas de Influência e de Entorno da socioeconômica foram


realizados levantamentos em fontes oficiais, tais como o IGA – Instituto Geociências
Aplicadas, Mapa Multimodal de Minas Gerais / DNIT 2009, o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatísticas (IBGE), Secretaria de Estado de Fazenda - SEF/MG. Banco de
Dados do Sistema Único de Saúde (DATASUS), e Fundação João Pinheiro (FJP). Essas
informações foram complementadas com entrevistas, realizadas junto aos técnicos da
Prefeitura Municipal de Almenara. Para caracterização da Área Diretamente Afetada
foram realizadas levantamentos de campo utilizando-se de questionários e entrevistas
para caracterização das propriedades.

O município de Almenara, alvo de inserção do Projeto Grafita, localiza-se na região


nordeste de Minas Gerais, integra a mesorregião do Jequitinhonha, está inserido na
Microrregião que leva o nome do próprio município, onde seu território é o segundo maior
e abrange cerca de 14,85% da área desta microrregião. Esta é composta por outros 15
municípios, sendo eles: Jequitinhonha, Joaíma, Jacinto, Rubim, Santo Antônio do Jacinto,
Salto da Divisa, Jordânia, Divisópolis, Mata Verde, Felisburgo, Palmópolis, Santa Maria do
Salto, Bandeira, Rio do Prado e Monte Formoso. Almenara faz limite com os seguintes
municípios, ao Norte: Divisópolis e Bandeira; Leste: Jacinto e Rubim; Sul: Jequitinhonha;
Oeste: Jequitinhonha e Pedra Azul. O município possui 2 (dois) distritos: sede e Pedra
Grande. Em seu território existem ainda oito localidades denominadas respectivamente de
Vila Grafite, São João da Prata, Águas Belas, Currais, Caldeirões, Córrego Areia,
Periquito e Marobazinho. Embora seja uma das mais prósperas cidades da região do Vale
do Jequitinhonha, Almenara é conhecida por seus baixos indicadores sociais onde os
índices de pobreza, miséria, desnutrição, mortalidade, analfabetismo e desemprego são
altos e onde existe uma grande carência em infra-estrutura como saneamento básico,
saúde e educação.

A população total de Almenara apresentou crescimento irregular entre 1970 e 2010, o que
equivale a uma taxa média anual de crescimento de -4%. Esse crescimento negativo
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indica, dentre outros aspectos, a emigração no local, mais especificamente entre os anos
de 1991 e 2000. Esse crescimento não apenas se destacou na área urbana como,
relativamente, esta passou a ter uma população maior que a rural. Assim, o grau de
urbanização cresceu de 44,60% em 1970 para 81,88% em 2010, como se verifica através
do quadro 22. Este quadro demonstra ainda, que em 2010 a população total municipal
correspondeu a 38.775 pessoas.

Quadro 22 – População Total Municipal - 1970-2010


População
Ano
Urbana Rural Total
Absoluta % Absoluta % Absoluta %

1970 18.048 44,60 22.415 55,40 40.463 100,00

1980 23.547 60,65 15.278 39,35 38.825 100,00

1991 32.350 71,23 13.066 28,77 45.416 100,00

2000 27.760 78,52 7.596 21,48 35.356 100,00

2010 31.750 81,88 7.025 18,12 38.775 100,00

Fonte: IBGE, Censo Demográfico.

Em 1970, a população do município era de 40.463 habitantes, onde a maioria (22.415


pessoas) habitava na zona rural e apenas 18.048 pessoas moravam na zonaurbana. A
partir desta época, iniciou-se no Brasil um intenso processo de êxodo rural e já no
próximo Censo Demográfico do IBGE realizado em 1980, a população urbana (23.547
habitantes) de Almenara já havia superado a rural (15.278 habitantes). Entre 1980 e
1991, a taxa de crescimento populacional do município obteve um acréscimo onde a
população total passou de 38.825 para 45.416 habitantes. Na década seguinte (1991-
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2000) a taxa de crescimento populacional foi negativa mostrando uma queda na


população de 45.416 para 35.356 habitantes. Este decréscimo da população está
relacionado à emancipação dos antigos distritos e atuais municípios de Mata Verde

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e Divisópolis. Na última década (2000-2010) a população de Almenara obteve um novo


aumento passando de 35.356 para 38.779. Por outro lado, a população rural reduziu
ligeiramente, passando de 7.596 para 7.025, encontrando-se hoje principalmente no
distrito de Pedra Grande, único distrito que pertence atualmente ao município. De acordo
com os dados do IBGE (Censo Demográfico 1970-2010), a partir das contagens de
população de 1980, ouve um decréscimo constante na população rural e um aumento na
população urbana. A dinâmica populacional da região confirma a tendência crescente de
urbanização que vigora no Brasil desde a década de 70.

Enquanto a população rural da região apresentou uma taxa negativa de crescimento


médio anual, a população urbana teve um crescimento anual positivo.

A figura 200 apresenta a projeção da população de Almenara (MG) para o período de


2011-2020. A importância em se projetar a população está na necessidade real de os
sistemas de saúde e de educação, o mercado de trabalho e muitas outras estruturas
sociais se adaptarem a estas transformações.

Fonte: Fundação João Pinheiro, CEI – Centro de Estatística e Informações. Projeção


População – Almenara (MG) - 2011-2020.

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A evolução da população por gênero, entre os anos de 1970 e 2010 apresentam- se


muito próximas, sendo que no ano de 1970 essa diferença era maior.
De acordo com dados obtidos no Censo Demográfico do IBGE, no ano de 2010, as
populações de mulheres e homens apresentaram-se muito próximas com 49,62%
(19.241) e 50,38% (19.534) respectivamente.

Estrutura Urbana
A cidade está organizada em torno de dois eixos viários principais, compostos pela
Avenida Olindo de Miranda/rua Hermano de Souza e ruas Deraldo
Guimarães/Aleixo Paraguaçu, que ligam o acesso pela ponte sobre o rio Jequitinhonha
aos vários setores urbanos e articulam os principais centros de dinamismo da cidade: o
Centro Tradicional e a Área de expansão do Centro.

Área de Expansão do Centro urbano de Almenara


Constitui a área de expansão das atividades comerciais e de serviços do Centro
Tradicional, com lojas de comércio e serviços mais sofisticados (pousadas, lan-houses,
butiques, clínicas especializadas). Acompanha o eixo da Avenida Olindo de Miranda e se
articula com a Avenida do Aeroporto. Como indicador da modernidade da área, é
significativo o uso intenso desta última avenida como espaço de exercício para os
sedentários urbanos (em detrimento, curiosamente, da orla do rio Jequitinhonha).
Por outro lado, a área apresenta um importante elemento de deterioração ambiental,
representado pelo Mercado Central. Devido a exigüidade do espaço interno, os feirantes
são obrigados a utilizar as ruas do entorno do Mercado de forma totalmente inadequada,
com barracas precárias, alimentos expostos sobre lonas no chão, detritos por toda a
parte. O mercado novo, construído em área contígua, está inacabado e inoperante.
Segundo depoimentos, tal situação deve-se a problemas de propriedade da terra e
problemas administrativos.
Apesar de todas estas questões, o Mercado Central possui grande potencial como
elemento de estruturação espacial e articulação entre o antigo e o novo centro, dada sua
situação privilegiada junto aos eixos viários principais e sua importância histórica, que o
caracteriza como um espaço referencial simbólico ao lado dos citados anteriormente. É
fundamental, portanto, viabilizar a revitalização da área do mercado.
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Da mesma forma, é fundamental a revitalização do Aeroporto, pois será elemento


importante para a concretização do potencial de Almenara como um pólo turístico, na
medida em que esta atividade exige boas condições de acessibilidade (neste sentido,
também deverá ser equacionada a precariedade da malha viária regional). Apesar de
praticamente desativado, o Aeroporto apresenta um bom potencial para operação
(implantação adequada, extensão suficiente da pista de pouso). Contraditoriamente, se
tomarmos o Aeroporto como referência espacial, no seu entorno encontram-se os maiores
problemas ambientais da cidade.

Um terceiro elemento que se destaca na estrutura urbana é o grande conjunto periférico,


situado em uma faixa que cobre as regiões norte, leste e sul da cidade, e que se
caracteriza pela baixa qualidade ambiental (30 a 77% dos domicílios sem rede de
esgoto), baixo nível de renda (1 a 3 SM) e baixa densidade de ocupação (11 a 29
habitantes/hectare), conforme indicam os dados do Censo 2000.

Este conjunto representa mais da metade da área urbana (54%), sendo constituído pelos
bairros Adelita Torres, São Francisco, Planalto, Pedro Gomes - na margem esquerda do
rio Jequitinhonha – e toda a margem direita (bairro Cidade Nova). Ao lado dos conjuntos
estruturantes descritos anteriormente, Almenara apresenta dois importantes elementos
referenciais urbanos que indicam uma possível vocação econômica do município: a
exploração turística de suas belezas naturais. Note-se que estes dois elementos têm
também importância fundamental para a identidade almenarense, tanto como marcos
geográficos quanto como marcos simbólicos. São eles o rio Jequitinhonha e o morro do
Cruzeiro.

Os dados da Fundação João Pinheiro demonstram que a grande maioria dos imigrantes é
oriunda de outros estados.

Os deslocamentos para outras Unidades Federativas ou mesmo em outros países


refletem a busca por novas oportunidades de trabalho ou estudo que, em alguns
momentos o município não oferece.
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Estrutura Etária
A pirâmide etária do município de Almenara, em 2010, apresentada através da figura 129,
indica que a população local ainda se mostra predominantemente jovem. Nota-se, porém,
indícios de que sua base começa a diminuir, indicando o envelhecimento da população
local, também demonstrado através do aparecimento de faixas etárias mais elevadas,
acima de 80 anos. Este aspecto aponta, também, para um aumento de expectativa de
vida no município.

Fonte: IBGE – Censo Demográfico 2010. Pirâmide Etária do município de Almenara –


2010.

A pirâmide etária de Almenara revela a diminuição do número de crianças (base) e


aumento do número de jovens. A queda nas taxas de natalidade e fertilidade tem grande
relação com a urbanização uma vez que as necessidades e os costumes da população
também mudam. No meio urbano, um grande número de filhos se torna uma ameaça para
a estabilização financeira do casal e prejudica os seus planos profissionais,
principalmente da mulher, que trabalha e também ajuda no sustento familiar. O
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crescimento urbano e a conseqüente diminuição das taxas de fecundidade estão muito


relacionados ao processo de industrialização brasileiro, que se deu, principalmente, a
partir da década de 1950 no governo de Juscelino Kubitschek. Aliado ao processo de
urbanização se tem, também, a diminuição da taxa de mortalidade e,
conseqüentemente, aumento da expectativa de vida. Este é um processo que pode ser
observado na pirâmide etária de Almenara. O envelhecimento da população, como
observado na pirâmide etária, e a redução do número de crianças exigem mudanças no
planejamento social e econômico do município de Almenara. Com estas mudanças é
necessário rever as políticas de educação, de emprego e da terceira idade, pois o número
de vagas na escola para a educação infantil deverá ser cada vez menor, enquanto a
pressão sobre as universidades e o mercado de trabalho estará cada vez maior. O
sistema de saúde deverá ser preparado para atender adequadamente a essa parcela
cada vez maior da população idosa, com um quadro específico de necessidades -
doenças do aparelho respiratório, cardiovasculares e câncer. Outra conseqüência do
envelhecimento da população será a tendência de agravar os problemas na área da
previdência, porque haverá mais idosos e mais pessoas para atender com benefícios.

Essas mudanças na composição da população ainda terão outro efeito importante, que é
a redução, neste final de século e até 2020, da proporção de "dependentes", isto é,
pessoas com menos de 15 anos e mais de 65. Essa circunstância oferece uma
oportunidade excepcional para um salto de qualidade nas políticas voltadas para
crianças e jovens, já que a população - alvo dessas políticas - será uma parcela
decrescente da população total. Isso é válido, principalmente, para as políticas de
nutrição, saúde e educação.

Emprego e Renda
Os setores de Comércio, Administração Pública e Serviços prestados às empresas são os
principais empregadores em Almenara. A tabela 54 apresenta o número de pessoas
ocupadas em empregos formais, segundo setores de atividade. Nele observa-se que os
setores de Comércio, Administração Pública e Serviços prestados às empresas são os
principais empregadores na área de estudo.

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A análise da questão do emprego e da renda justifica-se pela evidência, cada vez mais
nítida da relação estreita entre o acesso ao emprego e a elevação do nível de vida da
população, sem desconsiderar, contudo, programas sociais dirigidos aos desvalidos como
deficientes físicos, idosos sem amparo familiar, etc.

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De acordo com dados do Ministério do Trabalho e Emprego relativo ao ano de 2010


existiram 4.694 empregos formais no município de Almenara. A maior parte desses,
1.843 (39,26%), está relacionada ao setor terciário. Dentre os segmentos que compõem
esse setor, podem ser destacadas as atividades de serviços e de comércio. No setor
secundário estão 604 (12,84%) trabalhadores formalmente empregados, enquanto que o
setor primário é o que apresenta o menor nível de emprego formal, ou seja, apenas 344
(7,33%), como pode ser observado no quadro 18.

Quadro 18 – Número de Empregos Formais em 31 de dezembro de 2010


Indicadores Masculino Feminino Total
Total das Ati vidades 2.791 1.903 4.694
Extrati va Mineral 15 1 16
Indústria de Transformação 83 21 104
Serviços Industriais de Utilidade0 0 0
Construção Civil 506 5 511
Comércio 667 467 1.134
Serviços 620 470 1.090
Administração Pública 556 913 1.469
Agropecuária 344 26 370
Idade de 16 a 24 anos 540 318 858
Fonte: R AIS/2010 – Ministério do Trabalho e Emprego – TEM.

A ati vidade da Indústria Extrativa Mineral foi a que apresentou o mais alto salário médio
de admissão no município de Almenara, nos meses de janeiro a julho de 2011, seguido
pelos Serviços e Comércio, conforme demonstrado no quadro 25.

Quadro 25 – Salário Médio de Admissão Jan/2011 a Jul/2011.

Indicadores Salário Médio de


Extrati va Mineral 808,5
Indústria de Transformação 639,04
Serviços Industriais de Utilidade 0
Construção Civil 618,87
Comércio 640,85
Serviços 768,47
Administração Pública 0

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Agropecuária 638,04
Fonte: CAGED– Ministério do Trabalho e Emprego – TEM
Nota: Foram consideradas apenas as admissões com salário válido.

Segundo o Plano Diretor de Almenara, a distribuição da renda na área urbana pode ser
identificada pela figura 130. Em 2000, a renda média mensal dos chefes de domicílios
urbanos era de R$ 495,2 (3,3 SM). Na área rural, esta média era de R$ 207,2 (1,4 SM).
Ao realizar estudos sobre a distribuição interna da renda nas áreas urbana/rural, percebe-
se que na área rural há um grande equilíbrio, todas as rendas se situam na faixa de 1 a 3
SM. Já na área urbana, a distribuição da renda é muito desigual (Tabela 55).

De acordo com o Plano Diretor Participativo Almenara, 2007 (Concentração Espacial da


Renda) pode-se concluir que a concentração quantitativa da renda no município situa-se
principalmente nos centros dinâmicos de comércio e serviços: o Centro Tradicional, no
entorno da Praça da Matriz, e Avenida Olindo de Miranda. Destaca-se também o núcleo
de maior pobreza da cidade, no extremo noroeste (bairro Bela Vista), onde a renda média
mensal é de 0,9 Salários Mínimos, a menor do município.

Sistema de Saúde
O município de Almenara, de acordo com dados do Cadastro Nacional de
Estabelecimentos de Saúde – CNES possui 34 (trinta e quatro) unidades de
atendimento de saúde. Destas, 08 (oito) são Postos de Saúde, 02 (dois) Centros de
Saúde/Unidade Básica, 01 (uma) Policlínica, 02 (dois) Hospitais Geral, 12 (doze)
Consultórios isolados, 05 (cinco) Clínicas especializadas/Ambulatórios de
especialidades, 02 (duas) Unidades de apoio diagnose e terapia, 01 (uma) Unidade de
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vigilância em saúde e 01 (um) Centro de atenção Psicossocial. Esses dados podem ser
visualizados no quadro abaixo.

Número de estabelecimentos por tipo de prestador segundo tipo de estabelecimento no


Município de Almenara – Agosto de 2011.

Tipo de estabelecimento Público Filantrópico Privado Sindicato Total

Centro de Atenção 1 - - - 1
Centro de Saúde/Unidade
Básica de 2 - - - 2
Clinica
Especializada/Ambulatório - - 5 - 5

Consultório Isolado 2 - 10 - 12

Hospital Geral - 1 1 - 2

Policlínica - - 1 - 1

Posto de Saúde 8 - - - 8
Unidade de Serviço de Apoio
de - - 2 - 2

Unidade de Vigilância em 1 - - - 1

Total 14 1 19 - 34
Nota: Número total de estabelecimentos, prestando ou não serviços ao SUS
Fonte: CNES. Situação da base de dados nacional em 23/08/2011.

Os hospitais que atendem o município de Almenara são: Hospital Benvindo Saúde e


Hospital Deraldo Guimarães.
Ainda, de acordo com o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde – CNES, o
município de Almenara possui um total de 141 leitos, distribuídos entre cirúrgico (33),
clínico (57), obstétrico (20) e pediátrico (31), sendo que dos 141 leitos, 70 são do SUS.
Em relação ao horário de atendimento, 02 (dois) estabelecimentos de saúde atendem
somente pela manhã, 29 (vinte e nove) atendem nos turnos da manhã e tarde, 01 (um)
possui atendimento nos turnos da manhã, tarde e noite, 01 (um) atende em turnos
intermitentes e somente 02 (dois) estabelecimentos possuem atendimento de 24
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horas/dia, com plantão aos sábados domingos e feriados (Hospital Benvindo Saúde e
Hospital Deraldo Guimarães).
As Unidades de Saúde de Almenara possuem um total de 90 equipamentos, sendo que
destes, 07 não estão em uso.

Ainda, conforme CNES os profissionais que trabalham nas 34 Unidades de Saúde do


Município de Almenara perfazem o total de 400 em atividades diversas desde agente
comunitário de saúde até médicos com diversas especializações.

Segundo o Sistema de Informações Hospitalares do SUS, em 2009 no município de


Almenara, o número total de internações foi de 3.775, com média de permanência de 3,4
dias e 127 óbitos, conforme pode ser verificado no quadro abaixo.

No município de Almenara (dados de 2011), existem 09 (nove) Unidades de Saúde com o


Programa de Saúde da Família – PSF que atendem mais de um bairro. Em cada uma
destas unidades trabalha 01 (um) médico. No quadro abaixo é apresentado a
localização das Unidades de Saúde com PSF, os bairros atendidos e o número de
atendimentos em 2010.

Localização da Unidade de Saúde no Município de Almenara com PSF, Bairros atendidos


e Número de atendimentos realizados em 2010
LOCALIZAÇÃO DAS UNIDADES DE NÚMERO DE
SAÚDE COM PSF BAIRROS ATENDIDOS ATENDIMETNOS EM 2010

Pedro Gomes Planalto e Pedro Gomes 4.407


São Judas Tadeu e Pedro
São Judas Tadeu Gomes 4.005

São Pedro São Pedro 4.117

Santo Antônio Santo Antônio e São Pedro 4.513


Darwin Cordeiro, Cidade Verde,
Darwin Cordeiro Adelita Torres e São Pedro Não informado

Universitário Universitário e Beira Rio 1.073


Várias áreas rurais que
Pedra Grande (Zona Rural) abrangem o distrito 4.005

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Centro Somente o centro Não informado

Cidade Nova - 4.453


Fonte: Informações prestadas por funcionários da Secretaria de Saúde de Almenara

Segurança Alimentar
Em atendimento aos propósitos do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à
Fome – MDS e a Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional (LOSAN), no
município de Almenara criou-se uma série de Programas relacionados à Segurança
Alimentar e Nutricional: São eles: Programa Minas Sem Fome, Programa de Combate à
Pobreza Rural (PCPR), Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), Programa
Leite pela Vida, Programa Nacional de Agricultura Familiar (PRONAF), Território da
Cidadania do Baixo (projeto a ser aprovado), Comitê de Bacia Hidrográfica dos Afluentes
Mineiros do Médio e Baixo Jequitinhonha.

Em relação ao Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional de Almenara –


CONSEA, informa que o mesmo foi criado, mas não foi aprovado pela Câmara Municipal.

Qualidade de Vida
O Índice de Desenvolvimento Humano – IDH é calculado pela ONU desde 1990 e tem
como finalidade comparar o estágio de desenvolvimento relativo entre países, com
objetivo de medir o grau de desenvolvimento econômico e a qualidade de vida oferecida à
população.

O IDH vai de 0 (zero), que indica que o País não tem nenhum desenvolvimento humano,
a 1 (um) que seria os Países com desenvolvimento humano total. Assim, com base
nesses valores, a ONU classifica os países segundo três níveis de desenvolvimento
humano: países com baixo desenvolvimento humano (IDH até 0,5), países com médio
desenvolvimento humano (IDH entre 0,5 e 0,8) e países com alto desenvolvimento
humano (IDH acima de 0,8).

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No cálculo do IDH são considerados três índices, aos quais são atribuídos pesos iguais:
educação (taxas de alfabetização e escolarização), longevidade (expectativa de vida da
população) e renda (PIB per capita).

Entre os 16 municípios da microrregião de Almenara, o que apresentou o maior índice de


desenvolvimento Humano no ano de 1991 foi a própria Almenara, com um valor de 0,597
e o que apresentou o pior valor foi o município de Monte Formoso com um valor de 0,464.
Entre esses municípios, e dentro do período supracitado, 25% (4 municípios)
apresentaram um valor de IDH entre 0,350 e 0,500 e outros 75% (12 municípios)
apresentaram um valor entre 0,500 e 0,650. Em termos de população, em 1991, 28.302
pessoas (16,7%) viviam em municípios com o IDH Municipal entre 0,350 e 0,500 e outras
141.029 pessoas (83,3%) viviam em municípios com IDH Municipal entre 0,500 e 0,650.

No ano de 2000, de acordo com os dados publicados pela Fundação João Pinheiro
(FJP), o município de Almenara manteve-se na primeira posição no ranking em relação ao
IDH da microrregião ao lado do município de Jequitinhonha, onde ambos apresentaram
um valor igual a 0,668. O pior valor, igual a 0,570, se manteve no município de
Monte Formoso.

Foi observado também neste ano, uma melhora no IDH, onde, 87,5% dos municípios (14)
apresentaram um valor de IDH entre 0,500 e 0,650 e outros 12,5% (2 municípios)
apresentaram IDH entre 0,650 e 0,800. Em termos de população, em 2000, 114.345
pessoas (66,2%) viviam em municípios com o IDH entre 0,500 e 0,650 e outras 58.287
pessoas (33,8%) viviam em municípios com IDH entre 0,650 e 0,800.

De acordo com dados publicados pela Fundação João Pinheiro, entre o período de 1991
e 2000, o município de Almenara apresentou um crescimento de 11,89% no Índice de
Desenvolvimento Humano. Com isso, saltou de um IDH em 1991 com valor igual a 0,597
para um valor igual a 0,668 medido em 2000.

A dimensão de análise que mais contribuiu para o crescimento do IDH municipal foi a
Educação com um índice saltando de 0,576 para 0,720 (crescimento de 67,9%). A Renda
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apresentou um crescimento de 17% passando de 0,587 para 0,623 e a Longevidade


apresentou um crescimento de 15,1% passando de 0,629 para 0,661 neste mesmo
período.

IDH de Almenara e das Dimensões consideradas nas Análises

1991 2000
Índice de Desenvolvimento Humano Municipal 0,597 0,668
Educação 0,576 0,72
Longevidade 0,629 0,661
Renda 0,587 0,623
Fonte: FJP, Atlas do Desenvolvimento Humano, 1991 e 2000

Aspectos Econômicos
Segundo dados da Fundação João Pinheiro, tabela 56, o Produto Interno Bruto (PIB) do
município de Almenara entre os anos de 2000 a 2008 apresentou uma taxa de
crescimento de 32,25%, sendo superior ao incremento do PIB estadual durante este
mesmo período, que ficou em 30,78% e inferior a região Jequitinhonha/Mucuri que
apresentou taxa de crescimento de 35,06%.

Em 2008, mesmo com a taxa de crescimento do PIB superior à estadual medida no


período 2000-2008, o PIB do município de Almenara representou apenas 0,07% do PIB
estadual, ao passo que o PIB da microrregião de Almenara representou 0,27%. No
entanto, quando comparado às taxas de crescimento do PIB por habitante, a taxa
estadual apresentou o maior crescimento, se comparado ao município de Almenara e
região Jequitinhonha/Mucuri. Cabe ressaltar que a presença do crescimento populacional
é também observada para os dados regionais e microrregionais, tendo como
conseqüência a elevação do PIB.

No ano de 2009, esta microrregião apresentou um PIB de R$ 881.496,00 representando


assim um das contribuições mais modestas entre as regiões do estado de Minas Gerais.
O município de Almenara obteve também em 2009, um PIB total de R$ 190.130,00 o que
lhe conferiu a primeira posição (1ª) no ranking da Microrregião. Da mesma forma, o
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município atingiu a 3ª colocação em relação ao PIB per capita da microrregião com R$


.489,78 Reais.

Em relação aos PIB’s per capita medidos nos municípios da microrregião de Almenara, o
maior foi obtido pelo município de Palmópolis com um valor de R$ 6.751,21 e o menor
pelo município de Monte Formoso com um valor de R$ 3.663,89.

Os dados secundários obtidos no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística através do


Sistema IBGE de Recuperação Automática - SIDRA, indicam que o PIB total do município
de Almenara obteve um crescimento constante ao longo dos últimos anos (2000 a 2009).
É relevante a queda no valor do PIB no ano de 2009, R$ 3.694,00 no valor total, que pode
ser considerado como reflexo da crise econômica.

Em relação aos setores de atividade econômica, Almenara durante o intervalo 2000 -


2009 teve como o maior responsável pelo PIB, o setor de Comércio e Prestação de
Serviços. Este setor terciário da economia obteve seu maior aumento de PIB entre os
anos de 2008 e 2009 com uma diferença positiva de R$ 16.026,00. No ano de 2009 este
setor foi responsável por 73,53% do PIB total o que correspondeu a R$ 148.621,00.

O quadro abaixo apresenta a Distribuição do PIB por Setor de Atividade Econômica 2000
– 2008.

Anos Agropecuário Indústria Comérc./ Total


2000 8,725 8,370 53,292 70,387
2001 8,656 8,236 60,627 77,519
2002 11,571 9,155 69,783 90,509
2003 16,503 10,951 78,460 105,914
2004 16,938 12,491 82,425 111,854
2005 16,285 13,605 90,867 120,757
2006 15,798 15,859 105,393 137,050
2007 18,753 20,393 115,696 154,842
2008 23,909 24,466 132,940 181,315
2009 25,191 28,308 132,595 148,621
Fonte: IBGE, Sistema IBGE de Recuperação Automática.

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Outra forma de correlacionar a renda com o nível de vida da população via oferta de
serviços públicos é através das receitas municipais disponíveis. De 2002 a 2009 de
acordo com dados da Secretaria de Estado da Fazenda (SEF/MG) as arrecadações de
impostos feitas pelo município de Almenara sofreram alterações com acréscimos
constantes.
A arrecadação de ICMS foi inferior a dos outros impostos ao longo dos últimos anos (2000
a 2011) e foi responsável por algumas quedas nos anos de 2005 e 2009, se recuperando
logo nos anos seguintes. Ja a arrecadação dos outros impostos cresceu constantemente
ao longo dos últimos anos, exceção no ano de 2009, para, em seguida, continuar
tendência ascendente.

No ano de 2010 a arrecadação do ICMS somou R$ 1.607.031,16 e a de outros impostos


somou R$ 4.480.883,83 o que representou respectivamente 26,40% e 73,60% do total
obtido (R$ 6.087.914,99).

Setores de Atividade Econômica


No ano de 2000, a economia do município de Almenara estava estruturada principalmente
nas atividades dos setores Primário e Terciário, e segundo os dados do IBGE, a
população economicamente ativa ocupava predominantemente o setor Terciário com
7.368 pessoas o que correspondeu na época, a 57,70% do total. Destes, 2.186 pessoas
estavam empregadas nas atividades de comércio e outras 5.182 pessoas estavam
empregadas nas atividades de prestação de serviços o que correspondeu
respectivamente a 17,12% e 40,58% do total.

O setor Primário, representado pela Agricultura, a pecuária e a extração vegetal, no ano


de 2000 foi o segundo a gerar mais postos de trabalho, sendo responsável pela ocupação
de 3.895 pessoas, o que representou 30,50% do total.

O Setor Secundário é o setor de atividade econômica que menos emprega no município e


no ano de 2000 foi responsável pela ocupação de apenas 1.508 pessoas, o que
corresponde a 11,81% do total.
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Número de Pessoas por Setores de Atividade econômica.


Setores de Atividade Econômica n° de pessoas
Agropecuário 3.895
Industrial 1.508
Comércio de Mercadorias 2.186
Serviços 5.182
TOTAL 12.771
Fonte: IBGE

Setor Primário
De acordo com o IBGE, entre 2000-2009 o PIB do setor primário de Almenara apresentou
um crescimento de 188,7% sendo o crescimento mais significativo observado entre 2008
e 2009.

Segundo dados fornecidos pela EMATER/MG – regional Almenara durante a pesquisa de


campo para este estudo (18/08/2011), o município caracteriza-se principalmente por
pequenas propriedades com até 100 hectares onde predomina a agricultura familiar. Até a
data de 18/08/2011 possuía um total de 1.181 estabelecimentos rurais cadastrados.
Deste total, 723 se enquadram na categoria das pequenas propriedades.
As consideradas médias propriedades rurais com extensão de terra entre 100 e 500
hectares representam outra importante parcela da divisão fundiária do município, com um
total de 327 propriedades registradas o que corresponde a 27,69% do total. Também foi
registrado neste mesmo ano, um total de 72 propriedades rurais consideradas como
grandes propriedades rurais.

Estrutura Fundiária do município de Almenara

Grupos de Área Total (ha) Número de Estabelecimentos


40
1 a menos de 2 ha 65
2 a menos de 5 ha 60
5 a menos de 10 ha 64
10 a menos 20 ha 125
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20 a menos de 50 ha 222
50 a menos de 100 ha 206
100 a menos 200 de ha 150
200 a menos de 500 ha 177
500 a menos de 1.000 ha 72
Total 1.181
Fonte: EMATER/MG – Regional Almenara em 18/08/2011

Com um total de 2.562, o número de estabelecimentos próprios corresponde a 45%, o


mesmo número de parceiros/meeiros, seguidos de posseiros 8% e arrendatários 2%.
A estrutura de utilização agropecuária das terras municipais destacam-se a quase
exclusividade para uso de pastagens naturais e plantadas, que ocupam 70,1% do total.
As áreas cultivadas, representadas por Lavouras temporárias e permanentes ocuparam
em 2006 apenas 1,2% da área total dos estabelecimentos. As matas plantadas são
inexpressivas, enquanto a área ocupada por florestas e matas naturais corresponde a
24% no total, representando um acervo importante para a exploração de
empreendimentos de turismo rural.

O número total de Lavouras cadastradas no Censo Agropecuário do IBGE de 2006 era de


927 unidades, o que representou na época um total de 18.964 hectares de área plantada.
As lavouras permanentes somavam neste mesmo ano 360 unidades o que correspondeu
a 38,83% do total e o número de Lavouras temporárias somava 567 unidades o que
correspondeu à maioria com 61,17% do total cadastrado. Em relação a área plantada, as
lavouras permanentes ocupavam em 2006, 16,54% (3.136 ha) e as lavouras temporárias
ocupavam 83,46% (15.828 ha) da área total.

As lavouras temporárias instaladas no município no ano de 2006 produziram 142


toneladas de cana-de-açúcar, 157 toneladas de feijão de cor em grão, 97 toneladas de
feijão fradinho em grão, 415 toneladas de mandioca e 316 toneladas de milho em grão.
Os maiores valores de venda obtidos estão relacionados à produção de mandioca, de
cana- de- açúcar e de milho com R$ 440.000,00, R$ 51.000,00 e R$ 49.000,00
respectivamente.

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Em relação às lavouras permanentes instaladas no município no ano de 2009, estas


produziram 297 toneladas de Bananas em cacho, 3 toneladas de Borracha, 40 toneladas
de Cacau, 518 toneladas de Café em grão, 1.180 cocos e 90 toneladas de Laranja. O
maior valor de produção adquirido neste ano nas lavouras permanentes está relacionado
ao cultivo de café em grão com um total de R$ 1.641.000,00 seguido pelo Coco que
obteve um valor de R$ 1.097.000,00, pela Banana com um valor de R$ 294.000,00, pelo
cacau com R$ 149.000,00, pela Laranja com um valor de R$ 68.000,00 e por ultimo, pela
Borracha com R$ 5.000,00. De acordo com o profissional da EMATER os principais
cultivos de lavoura permanente eram mandioca3 600 ha e café aproximadamente 200 ha.
O cultivo de banana4 correspondeu a aproximadamente 100 ha, laranja 80 ha, manga 10
ha. Os produtos são comercializados no mercado local. Segundo dados do IBGE, no
ramo da extração vegetal, Almenara produziu em 2009, 566 toneladas de Carvão Vegetal
a um valor de produção igual a R$ 294.000,00, 105 m3 de Madeira em tora a um valor de
produção igual a R$ 23.000,00 e 12.389 m3 de Lenha, a um valor de R$ 260.000,00.

Produção da Extração Vegetal, 2009

Extração Vegetal

Carvão vegetal (Toneladas) 566 R$ 294.000,00


Madeira em tora ( metros
cúbicos) 105 R$ 23.000,00

Lenha (metros cúbicos) 12.389 R$ 260.000,00


Fonte: IBGE, Produção da Extração Vegetal, 2009

No tocante a utilização das terras, de acordo com dados do Censo Agropecuário 2006, a
análise do quadro 40 permite algumas considerações sobre as condições gerais de uso
do solo no município de Almenara.

Utilização das Terras

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TIPO DE COBERTURA DO SOLO ÁREA (HA)


Lavoura Per manente 3.136
Lavoura Temporária 15.828
Pastagens Naturais 31.143
Matas e/ou florestas (naturais destinadas à preservação permanente ou 20.100
reserva
Matas legal)
e/ou florestas (exclusive área de preservação permanente e as em
sistemas agroflorestais) 18.926

As áreas dos estabelecimentos ocupadas por pastagens naturais são as de maior uso,
representando 31.143 hectares seguido das áreas de matas e/ou florestas naturais
destinadas à preservação permanente ou reserva legal, 20.100 hectares.
Segundo representante da EMATER, as grandes propriedades rurais existentes no
município são utilizadas para as atividades agropecuárias. No ano de 2009, segundo
dados do IBGE, a atividade que ganhou maior destaque foi a criação de Bovinos com
86.241 cabeças. Cerca de 80% do rebanho está voltado para corte, sendo a atividade de
produção de leite apenas decorrente da cria do bezerro para corte. Predomina o rebanho
nelore (sem registro), de boa qualidade. Em geral, os machos eram vendidos para recria
em Nanuque, Carlos Chagas e municípios próximos, já que a área de Almenara se
caracterizava como de cria.
A produção animal do município de Almenara no ano de 2006 teve destaque com a venda
de 9.666.000 litros de leite o que gerou uma renda no valor de R$ 7.249.000,00. A
produção de Ovos de Galinha e Mel de Abelha também ganharam destaque na
economia, onde foram arrecadados neste mesmo ano R$ 74.000,00 e R$ 23.000,00
respectivamente.
Organização Social (Associações, Sindicatos e Cooperativas). Foi apresentada uma
relação 49 cooperativas e Associações de Agricultores Familiares de Minas Gerais,
segundo informações obtidas em campo junto a EMATER – Unidade Regional Almenara.

Segundo informações do Plano Diretor do município de Almenara, do presidente do


INTREF e EMATER MG – Escritório Local de Almenara/ Unidade Regional de Almenara –
MG, o município conta com 2 Sindicatos (Sindicato dos Produtores Rurais e Sindicato dos
Trabalhadores Rurais). Segundo informações da secretária, o sindicato dos produtores
rurais de Almenara existe desde 1965 e conta, atualmente, com 150 filiados. O principal
objetivo é o apoio ao produtor rural nas questões de invasão de terra, registro de
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funcionários, folha de pagamento, rescisão contratual, além de apoio durante a exposição


agropecuária que acontece no mês de julho. É cobrada uma contribuição de “meia-jóia” –
meio salário mínimo e uma taxa mensal proporcional a quantidade de terra. Outras
organizações são o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Almenara, a Cooperativa
(CREDIAL), o Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural e Sustentável – CMDRS
que foi criado com o objetivo de trabalhar com os presidentes das associações
rural buscando meios de ajudar no desenvolvimento do campo, além de promover o
desenvolvimento das comunidades rurais e parcerias junto ao poder público e empresas
que se instalam no município e as Associações.
Foi apresentado um quantitativo de acampamentos e assentamentos no município de
Almenara, são eles: Assentamentos Pré-Assentamento Esperança Santa Rosa;
Associação Comunitária Nova Conquista e Água Limpa. Acampamentos: Acampamento
do MST - 16 de Abril; Acampamento do MST Amaralina e Comunidade Quilombola
Marobá.

Questão Fundiária: movimentos e conflitos agrários


Quanto às áreas destinadas para fins de reforma agrária, ressalta-se que o território do
Baixo Jequitinhonha possui vários assentamentos rurais, além de ter uma presença forte
de movimentos sociais de luta pela terra, como é o caso do Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra - MST e Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de
Minas Gerais - FETAEMG, e videnciado também pelo número de acampamentos
existentes no território. Isto ocorre pelo fato desta região possuir características rurais
enrijecidas, mas também por haver mão-de-obra escassa e, principalmente, por haver
concentração de terras.

Por conseguinte, isso caracteriza o território como uma região de conflitos agrários, por
exemplo, o assentamento Esperança - Santa Rosa, localizado em Almenara, que em
dezembro de 2008 quando o ex proprietário e também ex-prefeito deste município,
inconformado com a perda da propriedade, invadiu o assentamento, destruiu pertenças e
parte das plantações dos assentados.

Setor Secundário
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O setor industrial não se destaca no conjunto da economia da cidade. Em relação ao PIB


é crescente a participação deste setor, ficando em 2009 com 14,01% do PIB total do
município. Entre 2000 e 2009 o segundo setor apresentou um crescimento de 238,2%
(figura 216). No ano de 2006, de acordo com dados do IBGE, existiam no município de
Almenara 448 estabelecimentos industriais sendo que destes, 156 pertenciam à
indústria de transformação e 292 à indústria de construção.

Segundo informações do vice-prefeito, Sr. Wilmar Guimarães, empresas nacionais e


multinacionais investem na pesquisa mineral no municipio, bem como em outras áreas da
região. Desta forma, o setor secundário da economia tem uma projeção favorável de
crescimento a curto e a médio prazo. Existem no município indústrias de cerâmica, nas
quais se destaca a fabricação de telhas e tijolos. A Cerâmica Casa Nova é também uma
das principais empregadoras do município, Segundo informações repassadas pelo vice-
prefeito durante pesquisa em campo 18/09/2011 a Cerâmica gera 16 empregos diretos e
estima-se 30 empregos diretos e indiretos considerando aqueles que trabalham na lenha
e entrega. No setor químico, destaca-se a indústria de produtos de limpeza – Campolar
com 5 funcionários. Segundo informações repassadas pelo vice-prefeito, no setor de
confecção, destaca-se a malharia Eureka com 5 funcionários. Sua produção é destinada
para atender o mercado local, de Belo Horizonte e Teófilo Otoni.

No setor de laticínios, destaca-se a COOPLEAL (Cooperativa dos Produtores de Leite de


Almenara). Segundo informações do vice-prefeito, a cooperativa possui 53 empregados e
579 cooperados ativos. Esta empresa participa em parceira com os governos do estado e
federal no projeto “Leite para a Vida” que tem por objetivos: fortalecer a agricultura familiar
(PRONAF); possibilitar a estruturação do Laticínio Cooperativa; ajudar no combate a
mortalidade infantil e beneficiar os usuários cadastrados pela Pastoral da Criança.

Segundo relato do Vice-prefeito Municipal Sr. Vilmar Guimarães, a intenção do município


é se tornar atrativo para o recebimento de novas indústrias o que contribuirá para o
desenvolvimento econômico local. A e xemplo, a ativação do aeroporto.

Setor Terciário
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Em relação ao PIB, dados de 2009 apresentam relevante participação deste setor no


montante global, 73,53%. No entanto, sua importância vem aumentando, apresentando
uma taxa de crescimento de 188,9% no período 2000 - 2009 (figura
218).
O setor de Comércio e Serviços está diretamente relacionado à concentração da
população urbana. Além de atender às demandas da população local, sua característica
mais importante é o atendimento da demanda da população urbana e áreas menores
vi zinhas. O comércio do município de Almenara é voltado principalmente para o
atendimento local, apoiando-se no ramo varejista, visto que predominam
estabelecimentos de pequeno e médio porte, que comercializam alimentos, armarinhos,
material de construção, açougues, veículos automotores (Orvel – Concessionaria
Wolksvagen e Dinauto – Concessionaria FIAT, em fase de implantação), agência de
aluguel de veículos, saúde, cabeleireiros, vestuário. Este setor apresentou um
desenvolvimento considerável nos últimos anos, após a emancipação do município e
aumento da população, transformando-se em uma importante gerador de empregos para
os moradores da cidade.
No ano de 2011, segundo dados do SEBRAE/MG – Posto de Atendimento Almenara5
existiam 03 empresas de porte médio/grande em Almenara, presentes nas categorias de
comércio varejista de materiais de construção e outros. Estas empresas empregam um
total de 1.671 pessoas. As micro e pequenas empresas existentes somavam um total de
1.005, com um número total de 392 empregados.

Para a área de comércio, foi constatada a presença de empresas relacionadas ao


comércio varejista de produtos alimentícios e ao comércio varejista de tecidos, artigos de
armarinho, vestuário e calçados. Os outros empreendimentos do setor dedicam-se ao
comércio de veículos automotores e combustíveis, ao comércio varejista de carnes
açougues, produtos farmacêuticos, móveis, artigos para iluminação e outros artigos para
residências, materiais de construção e comércio varejista de gás liquefeito de petróleo.

No segmento de prestação de serviços foi constatada a presença de empresas


relacionadas a serviços de alimentação como restaurantes, lanchonetes, bares,
cabeleireiros, clínicas de estética, academias de ginástica e empresas de reparação de
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objetos pessoais e domésticos. Com base nos dados do Cadastro Central de Empresas
do IBGE, no ano de 2006 o município de Almenara possuia um total de 1.023 empresas
registradas.

Das 1.023 empresas registradas, 938, pertencem ao Setor Terciário da economia e juntas
representam 96,09% do total. Neste mesmo ano (2006), o Setor Primário possuía apenas
5 empresas registradas e o Setor Secundário apenas 80 empresas.
A rede bancária apresenta duas instituições oficiais (Banco do Brasil e Caixa Econômica
Federal), um posto de atendimento da Caixa Econômica Federal, que é a lotérica da
cidade, dois bancos privados (Banco Itaú e Bradesco), além de uma cooperativa de
crédito (SICOOB NOSSACREDIAL – Cooperativa de Crédito). A Empresa Brasileira de
Correios e Telégrafos mantém uma agência na sede municipal.
Alguns órgãos públicos que estão sediados no município são: Empresa de Assistência
Técnica e Extensão Rural (Emater-MG), Instituto Estadual de Florestas (IEF), Instituto
Mineiro de Agropecuária (IMA), Polícia Florestal, Polícia Militar, Polícia Civil, Secretaria da
Fazenda do Estado de Minas Gerais (SEFMG), Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatísticas (IBGE), Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG), Companhia de
Saneamento de Minas Gerais (COPASA), Secretaria da Recita Federal, Vara do
Trabalho, Departamento Estadual de Transportes (DETRAN), Ministério da Agricultura
Pecuária e Abastecimento (MAPA), Superintendência Regional de Educação,
Fórum da Comarca de Almenara, Procuradoria Geral de Justiça do Estado de Minas
Gerais e Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), Aeroporto. Nos últimos anos, o
ramo de hotelaria do município vem recebendo vários investimentos, sendo observado a
existência de aproximadamente 10 hotéis/pousadas. Alguns estabelecimentos são:
Graciema Park Hotel, Pousada Sol Nascente, Hotel Almenara, Plaza, Rubim, Vigia, São
Paulo, Pousada França, SESC Laces e Pousada Edgar. Os hotéis vêm sendo ocupados
principalmente por viajantes, profissionais liberais, funcionários públicos, dentre outros,
por ser Almenara pólo na prestação de serviços diversos. Outro setor que vem sentindo o
efeito encadeamento representando boa oportunidade de expansão é o de alimentação,
principalmente restaurantes pelo fluxo de pessoas de outros municípios que passam pelo
município diariamente.

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Infra-estrutura
O nível de vida da população, tem relação direta com as infra-estruturas básicas e os
serviços disponíveis em um município. Estas variáveis se referem neste caso, à
disponibilidade de recursos de iluminação pública, água e esgoto, coleta de lixo e a oferta
de bens e serviços sociais básicos, como meios de comunicação, educação, saúde e
Turismo.

Habitação
Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA e Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (primeiros resultados do Censo 2010) o número de domicílios
particulares em Almenara, apresentou um aumento de 99,79% entre os anos de 1970 e
2010, o que caracteriza um crescimento significativo do município. Percebe- se que o
crescimento mais expressivo ocorreu entre os anos de 2000 e 2010.

No município de Almenara, em 2000, de acordo com dados da Confederação Nacional


dos Municípios, a maioria das casas foi caracterizada como casa própria (67,70%), com
uma pequena parcela de residências cedidas (18,81%) e alugadas (12,27%). Outras
formas de moradia correspondem a 1,21%. Os dados do Censo 2010 ainda não foram
disponibilizados pelo IBGE.

Iluminação Pública
A concessionária responsável pela geração e distribuição da energia elétrica em
Almenara é a Companhia Energética de Minas Gerais - CEMIG. De acordo com a CEMIG
em relação ao consumo de energia elétrica nos anos de 1999 a 2005, nota-se que em
Almenara, o maior consumo de energia elétrica está relacionado a classe residencial. No
ano de 2005, do total de energia consumida no município, tem-se como responsável por
50,24% do consumo a classe residencial, 22,95% a classe comercial, 18,09% outros,
5,69% a classe rural e 3,02% a classe industrial. Outro fato relevante é que comparando o
consumo total de energia nos anos de 999 e 2005, ocorreu um aumento de 9,28% no
consumo, enquanto que o número de consumidores aumentou 24,86% no mesmo
período, ou seja, o aumento do consumo de energia não foi proporcional ao aumento do
número de consumidores.
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Saneamento
As ações de saneamento fazem parte do conjunto das necessidades básicas da
população, sendo imprescindíveis à sua sobrevivência e vitais para o seu
desenvolvimento com qualidade de vida. Lima (2005) esclarece que as ações de
saneamento podem ser individuais, relativas a cada domicílio, e coletivas, referentes a um
conjunto de domicílios. No plano individual, o saneamento é fortemente influenciado pelas
variáveis ambientais, relacionadas à oferta dos recursos hídricos e de áreas visando à
disposição dos efluentes de esgoto. Entretanto, as variáveis demográficas e
socioeconômicas, relativas aos domicílios, definem o perfil da demanda de serviços de
saneamento, indicando a melhor forma de atendimento da população por parte do poder
público, Essa intervenção, normalmente, é amplamente solicitada em locais com relativa
densidade demográfica. O serviço de abastecimento de água em Almenara é de
responsabilidade da Companhia de Saneamento de Minas Gerais – COPASA. De acordo
com informações prestadas pelo Sr. Washington Araújo, Encarregado de Sistema,
atualmente existem 10.814 ligações de água no município. A captação de água para o
abastecimento é realizada no Rio Jequitinhonha, por meio de captação em balsa. Em
seguida a água é direcionada, via adutora, para a Estação de Tratamento de Água – ETA.
100% da água é tratada antes de ser distribuída no município. Para as comunidades
rurais, a previsão é que até o final de 2011 elas sejam atendidas pelo serviço de água e
esgoto operado pela COPANOR - Copasa Serviços de Saneamento Integrado do Norte e
Nordeste de Minas Gerais S/A. Foi apresentado um sobre a porcentagem de atendimento
referente ao abastecimento de água, realizado pela COPASA, entre os meses dos anos
de 2005 a 2011. Atra vés da análise percebe-se que a média de atendimento realizado
pela COPASA nos anos de 2005 a 2011 foi entre 99,53% (2011) a 100,35% (2007).O
abastecimento de água é realizado na sede e periferia do município de Almenara.

O serviço de esgotamento sanitário em Almenara também é de responsabilidade da


concessionária COPASA. De acordo com Sr Washington Araújo, cerca de 91% da
população de Almenara (sede e periferia) é atendida por redes coletoras de esgoto com
extensão de 99.262 metros. Atualmente, estão em construção no município 9.999m de

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redes de esgoto. O esgoto coletado não é tratado, sendo lançado in natura diretamente
no Rio Jequitinhonha.

No município está em construção uma Estação de Tratamento de Esgoto – ETE, com


previsão de término em dezembro de 2012. A implantação da ETE favorecerá a melhoria
das condições sanitárias do município de Almenara, da qualidade de vida da população,
da saúde pública (haja vista a redução de doenças transmissíveis por veiculação hídrica),
da qualidade dos cursos d’água da região e da praia fluvial, e melhoria na diversidade e
abundância da flora e fauna aquáticas. Os domicílios que não são atendidos pela rede
coletora de esgoto da COPASA, em geral, utilizam fossa negra ou o esgoto “corre” a céu
aberto até o curso dágua mais próximo. Conforme informações do Plano Diretor do
Municipio de Almenara, o sistema de drenagem pluvial do município é precário, não
existindo um cadastro de sistema eficiente para a identificação dos pontos mais
críticos. Também não há a separação da rede de drenagem pluvial da rede de
esgotamento sanitário.

Em relação à coleta de lixo no município, a mesma é realizada porta-a-porta por garis, na


sede, todos os dias. Na periferia a coleta ocorre três vezes na semana. Todo o lixo
recolhido no município é encaminhado para o aterro controlado, situado na saída para o
município de Jordânia, na fazenda Boa Vista, de propriedade da prefeitura. Já na área
rural não é realizada a coleta de lixo. Segundo informações de moradores, todo o lixo
produzido é queimado ou enterrado nas próprias propriedades. Nas unidades de saúde a
coleta de lixo é diária e realizada em carro especial. O lixo hospitalar é depositado em
vala especial localizada no aterro controlado. Em Almenara não existe programa de coleta
seletiva.

Sistema de Ensino
Almenara, de acordo com dados do cadastro do ano de 2011 da Secretaria de Estado de
Educação de Minas Gerais, conta com um total de 62 escolas, sendo 47 Municipais, 09
Estaduais, 05 Privadas e 01 Federal. Destas escolas, 10 oferecem Educação Infantil,
55 Ensino Fundamental, 07 Ensino Médio, 01 Educação Profissional, 07 Ensino de
Jovens e Adultos e 01 Educação Especial Exclusiva.
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Das 62 escolas de Almenara, 22 estão localizadas na zona urbana e 40 na zona rural. O


município ainda conta com cinco escolas de nível superior: Universidade Norte do Pará -
UNOPAR, Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES, Universidade
Presidente Antônio Carlos - UNIPAC, Universidade Paulista - UNIP e Universidade de
Itaúna.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, o número total


de matrículas para o Ensino Fundamental em Almenara no ano de 2009 foi de 6.748 e
para o Ensino Médio 1.656. Em relação ao número de docentes, no mesmo período, o
município contava com 398 para o Ensino Fundamental e 108 para o Ensino Médio.
De acordo com dados do Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, no período 1991-
2000, a taxa de analfabetismo no município de Almenara, teve uma redução significativa,
principalmente na faixa etária de 7 a 14 anos, que em 1991 era de 39,4% passando para
13,9% em 2000, ou seja, uma redução de 25,5% na taxa de analfabetismo. Em relação
aos anos de estudo da população, entre 1991 e 2000, ocorreu uma redução significativa
das pessoas com menos de 04 e 08 anos de estudo, aumentando conseqüentemente a
freqüência escolar.
De acordo com dados do Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil o nível
educacional da população adulta, no período de 1991 a 2000, no município
melhorou, com a taxa de analfabetismo reduzindo de 48,8% em 1991 para 40,3% em
2000, apesar de ainda ser uma porcentagem significativa. A média de anos de estudo em
2000 passou para 3,6%, um incremento de 0,9% em relação ao ano de 1991. O
percentual de adultos com menos de quatro e oito anos de estudo, por sua vez, reduziu
para 58,7% e 79,1% em 2000, respectivamente.

Turismo, Lazer e Cultura


Foram apresentados nos estudos os principais pontos turísticos, as áreas de lazer,
atividades artesanais diversas, os principais grupos culturais e festividades que ocorrem
no município.

Transportes, Comércio e Circulação


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Apresentaram-se nos estudos os principais meios de transporte com itinerário para a


capital, transporte intermunicipal, rural, assim como demais serviços relacionados ao
transporte público do município e demais informações importantes inerentes a este
assunto.

Segurança Pública
A Segurança Publica de Almenara é composta pelas Polícias Civil e Militar. No município
também há estrutura de proteção ao idoso e ao menor. O sistema de defesa civil e corpo
de bombeiros têm sua sede em Teófilo Otoni, cidade que dista 275 km de Almenara. O
judiciário é composto pelo Fórum Doutor Chaquib Peixoto Sampaio, por 2 varas: 1ª Vara
Cível, Criminal e de Execuções Penais, 2ª Vara Cível, Criminal e da Infância e da
Juventude e 1 Juizado Especial e 1 Juizado de Conciliação, cartórios de serviços
notariais e registros.

A seguir as principais ocorrências registradas no município no período de janeiro a junho


de 2011 a partir de dados obtidos em campo junto ao 44º Batalhão da Polícia Militar, que
conta no município com um efetivo de 100 policiais. Entre as principais ocorrências
registradas no município encontram-se ameaças, lesão corporal e furto consumado à
residência.

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Assim, serão descritos os principais impactos que possivelmente serão gerados pela
implantação do empreendimento. Posteriormente, serão mencionadas algumas medidas
julgadas necessárias para neutralizar, reduzir, monitorar ou compensar os efeitos gerados
bem como os Programas nos quais as mesmas devem contempladas.

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7.2 Caracterização do Meio Biótico


7.2.1 Flora
O município de Almenara está inserido na região fisiográfica do Médio-Baixo Curso do rio
Jequitinhonha (BRASIL, 1984), numa área considerada de transição entre a região de
abrangência da Floresta Estacional Decidual e da Floresta Estacional Semidecidual,
havendo também contato com a Savana (Cerrado) e com a Floresta Ombrófila Densa
(ecótonos) (BRASIL, 1984). Estas formações florestais conforme mapeamento de biomas
em mapa pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) integram o Bioma
Mata Atlântica (Lei 11.428/2006).

Para a caracterização da cobertura vegetal do PGA foram avaliadas 5 tipologias de


vegetação que representam os diferentes estágios sucessionais observados na bacia a
saber:
1 - Capoeira da Floresta Estacional Semidecidual com palmeira, em estágio avançado de
regeneração;
2 - Capoeira da Floresta Estacional Semidecidual com palmeira em estágio intermediário
de regeneração;
3 - Capoeira da Floresta Estacional Semidecidual com palmeira, em estágio inicial de
regeneração;
4 - Campo de pastagem nativa com palmeiras;
5 - Campo de pastagem plantada;
6 - Áreas de pequenos cultivos.

A cobertura vegetal da área estudada possui áreas bem conservadas e outras com
perturbações antrópicas, com espécies invasoras presentes em área de pastagem.

Algumas áreas de Matas Ciliares encontram-se bem preservadas com vegetação nos
estágios de regeneração da Floresta Estacional Semidecidual, com presença de espécies
como: Embaúba (Cecropia pachystachya), Ingá (Inga edulis), ipê (Tabeb uia sp), etc.

A classificação das espécies em grupos ecológicos de sucessão foi feita através de


observações de campo e revisão bibliográfica, apresentada no EIA /RIMA.
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Composição da Floresta Estacional Semidecidual em estágio inicial de sucessão:


Foram identificadas 27 espécies com CAP ≥ 15,7 cm, pertencentes a 19 famílias
botânicas. Não houve a identificação de três espécies, totalizando 6 indivíduos de um
total de 384. Os parâmetros fitossociológicos das espécies minutadas neste fragmento
geram as seguintes informações:

As espécies Byrsonima myricifolia (20,72%), Zanthoxylum rhoifolium (12,87%), Piptadenia


gonoacantha (10,65%), Jacaranda sp. (10,48%) foram as que apresentaram maiores
valores de importância (IVI);

Quanto à riqueza florística, a família Bignoniaceae foi a que apresentou mais espécies
(3), sendo que as demais apresentaram duas ou apenas uma espécie, o que aponta uma
baixa variação de espécies neste fragmento, e confirma seu estágio inicial de sucessão
ecológica. Já com relação à abundância, a família Malphigiaceae foi a que obteve maior
sucesso nesta área, com 112 indivíduos, mostrando a dominância ecológica desta família
sobre as demais.

Composição da Floresta Estacional Semidecidual em estágio avançado de


sucessão ecológica
Foram identificadas 51 espécies com CAP ≥ 15,7 cm, pertencentes a 21 famílias
botânicas. Não houve identificação de seis espécies, totalizando 17 indivíduos de um total
de 404.

Os parâmetros fitossociológicos das espécies minutadas neste fragmento geram as


seguintes informações: As espécies Piptadenia gonoacantha (11,57%), Attalea oleifera
(11,01%), Sparattosperma leucanthum (7,82%), foram as que apresentaram maiores
valores de importância (IVI);

Neste estrato existe uma distribuição de espécies por família maior e mais equilibrada,
quando comparada com o estrato anterior, o que reflete o estágio de sucessão mais
avançado deste fragmento, pois existe menor dominância ecológica. Quanto à riqueza
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florística, merecem destaque as famílias Fabaceae, com 11 espécies e Myrtaceae com 8


espécies. A família Fabaceae, além de mais rica, foi também a mais abundante na área,
pois apresentou o maior número de indivíduos, 201 no total.

Distribuição diamétrica
Indicam uma maior concentração nas classes de menor diâmetro (J invertido) tanto para o
estrato 1 quanto para o estrato 2, essa tendência é comum e muito desejável em florestas
inequianas, pois reflete a existência de muitos indivíduos regenerantes, característica que
garante a manutenção futura da floresta.

Estratificação Vertical
A estratificação vertical revela a predominância dos indivíduos, tanto totais quanto para os
estratos 1 e 2, estão no estrato médio.
Quanto à classe de altura a maioria dos indivíduos encontra-se nas classes intermediárias
nos dois estratos, apresentando uma distribuição que se assemelha à normal como
comumente encontrado em florestas inequianas. Porém, no estrato 2 87% dos indivíduos
apresentam altura superior a 8m, já no estrato 1, 78% dos indivíduos encontra-se com
mais de 8m. O que mostra que o estrato 2 está em estágio sussecional mais avançado de
regeneração

Estratificação Vertical - Diversidade


Os valores apresentados mostram claramente que o estrato 2 está em estágio
sussecional mais avançado, pois este apresenta maior número de indivíduos e maior
número de espécies distribuídas entre eles, a área basal mais elevada, mostra que os
indivíduos deste estrato são de maior porte, ou seja trata-se de um fragmento bem
preservado e sem intervenções antrópicas recentes. O estrato 1, apresenta valores típicos
de um fragmento que já foi removido e ainda sofre pressão de exploração, pois é mais
pobre em indivíduos e menos diversificado em espécies. O (H’), índice que mostra o valor
de diversidade de cada fragmento, resume e confirma o que foi apresentado
anteriormente, pois é consideravelmente maior no estrato 2.

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Com base no levantamento da vegetação, referentes à composição florística e estrutura


arbórea, conclui-se que deve ser dada uma atenção especial aos fragmentos florestais
semelhantes ao estrato 2, uma vez que este encontra-se em estágio mais avançado de
sucessão ecológica e com maior diversidade florística, além da presença de uma espécie,
Melanoxylon brauna, considerada ameaçada em nível Vulnerável (táxon que corre um
risco alto de extinção na natureza) de ameaça de extinção, segundo critérios da IUCN
(2003).

Foram amostrados em toda a região indivíduos de Miracrodruon urundeuva, espécie


considerada ameaçada de extinção ou vulnerável no Estado de Minas Gerais, segundo
MENDONÇA & LINS (2000). Outras espécies citadas são imunes ao corte, como os ipês
(gêneroTabebuia), conforme Lei N° 9743, de 15/12/1988, e o pequizeiro (Caryocar
brasiliensis), Lei N° 10.883, de 02/10/1992. Tais espécies estão amplamente distribuídas
na região do Cerrado e em outras localidades do Estado de Minas Gerais que possuem a
tipologia de mata seca.

7.2.2 Fauna
De acordo com os estudos apresentados seguem descrito abaixo os grupos faunísticos
inventariados na área do empreendimento.

7.2.2.1 Avifauna
Para realização do inventário foram realizadas duas campanhas de campo no ano de
2011, uma contemplando a estação chuvosa e outra que compreendeu a estação seca,
contemplando as Áreas de Influência (ADA e AE), porém na AE o inventário ocorreu com
um esforço amostral menos significante, tendo sido amostrado apenas 09 pontos
enquanto que na ADA foram amostrados 31 pontos, conforme Mapa de Inventariamento
da Avifauna. O empreendedor atesta ter ocorrido um esforço amostral menos significativo
na AE, e afirma que durante o monitoramento será contemplado o equilíbrio do esforço
amostral nas campanhas de campo para a AE, conforme Condicionante.

Para a captura das aves, bem como seu transporte à instituição depositária foram
realizadas de acordo com a Licença de Captura/Coleta/Transporte de Animais Silvestres
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n°089/2011Nufas/MG, Processo IBAMA 02015000518/2011-71 e de Anilhamento do


CEMAVE nº 3375/11.

Para amostragem utilizou-se o levantamento por pontos de escuta e de captura,


marcação e recaptura por meio de redes de neblina, com pontos distantes um dos outros
de no mínimo 200 m, com permanência de 20 minutos em cada ponto. As trilhas entre os
pontos eram percorridas a pé, quando possível, sempre com auxílio de binóculos,
gravador e literatura especializada em um raio de detecção ilimitado. Foram amostrados
40 pontos de escuta, repetidos em cada uma das duas campanhas, distribuídos nas
fitofisionomias de fragmentos da Floresta Estacional Semidecidual (Mata Atlântica) em
diversos estágios sucessionais de regeneração, áreas brejosas, carrascos, campos de
altitude e de pastagem e áreas antropizadas, registrando-se também as espécies que
aleatoriamente estavam em deslocamento.
Além dos pontos de escuta também foram utilizadas redes de neblina para traçar um perfil
da comunidade de aves tendo sido dispostas uma seqüência de 10 redes de neblina em
cada ponto de captura, que eram abertas ao alvorecer e fechadas aproximadamente às
12:00 horas, completando 6 horas de esforço amostral diário.
As aves quando capturadas foram marcadas com anilhas metálicas fornecidas pelo
CEMAVE (Centro de Pesquisas para a Conservação de Aves Silvestres/ICMBio), e
documentadas através de fotografias, tendo sido coletados dados biométricos e também
características biológicas de cada espécie de ave capturada. As aves foram
categorizadas nas seguintes guildas alimentares: insetívora, onívora, frugívora, granívora,
nectarívora, carnívora, detritívora e piscívora, quando presentes e também definidos os
endemismos para os biomas presentes na área do empreendimento.

Foram registradas 218 espécies distribuídas em 21 ordens, 52 famílias e 16 subfamílias.

No município de Bandeira/MG localiza-se a RPPN Mata do Passarinho ou Sossego do


Arrebol, à aproximadamente 25 km do empreendimento, onde há a presença de aves
endêmicas e ameaçadas de extinção, tais como o Merulaxis stresemanni (entufado-
baiano).

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Quanto ao hábito ambiental a maioria das espécies possui hábitos generalistas, refletindo
não só a pressão antrópica local, mas a presença de grandes predadores que possuem
grandes áreas de vida e grande autonomia de vôo.
Devido à presença de matas em estado de sucessão avançada, 35% das espécies de
aves são tipicamente florestais, refletindo a dependência da comunidade avifaunística
para essas áreas e apenas 6% das espécies habitam áreas brejosas.

Espécies Endêmicas
Conforme os estudos apresentados, das 218 espécies registradas para o local do
empreendimento, 23 são endêmicas da Mata Atlântica, 05 da Caatinga e 02 espécies do
Cerrado.

Foram registradas 26 espécies com hábitos migratórios, destacando-se Bartramia


longicauda (maçarico-do-campo) e Tringa solitaria (maçarico-solitário) que foram
registradas somente na estação seca.

Espécies Cinegéticas
Foram registradas 95 espécies com algum potencial para atividades de caça e
comercialização como também espécies que se encontram em categoria de ameaça.

Espécies Ameaçadas de Extinção


Registrou-se 14 espécies que se enquadram em alguma categoria de ameaça tanto
globalmente quanto para o Estado, demonstrando a relevância da biodiversidade na área,
principalmente tratando-se de aves ameaçadas de extinção. São elas:

1 - Crypturellus noctivagus (jaó-do-sul) com categoria de ameaça Global como “Quase


Ameaçado” – IUCN (2011), Nacional - MMA (2008), com categoria “Vulnerável” e no
Estado com categoria “Em Perigo” – COPAM (2010), tendo sido registrada uma única vez
no ponto de escuta n °20.
Principais Ameaças sobre a espécie: caça, perda de hábitat, expansão agropecuária.

2 - Odontophorus capueira (uru) com categoria de ameaça “Em Perigo” para o Estado.
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Principais Ameaças sobre a espécie: caça, perda de hábitat.

3 - Urubitinga coronata (águia-cinzenta) com categorias de ameaça Global e no Estado


como “Em Perigo” e Nacional com categoria “Vulnerável”, tendo sido registrado um único
casal, que possuía um ninho ativo, com um ovo, o qual a fêmea chocava.
Principais Ameaças sobre a espécie: perda de hábitat e caça predatória.

4 - Pseudastur polionotus (ga vião-pombo-grande) com categoria de ameaça: Global


como “Quase Ameaçado” e Estadual como “Criticamente Ameaçado”
Principais Ameaças sobre a espécie: perda de hábitat por intervenções agrícolas e a caça
predatória.

5 - Spizaetus ornatus (gavião-de-penacho) com categoria de ameaça no Estado “Em


Perigo”.
Principais Ameaças sobre a espécie: perda de hábitat e a caça predatória.

6 - Geotrygon violacea (juriti-vermelha) com categoria de ameaça “Vulnerável” no


Estado.
Principais Ameaças sobre a espécie: caça e perda de hábitat.

7 - Primolius maracana (maracanã-verdadeira) com categorias de ameaça “Quase


Ameaçada” Global.
Principais Ameaças sobre a espécie: perda de hábitat e comércio ilegal (tráfico de animais
silvestres). Foram registrados 22 indivíduos de maracanã-verdadeira, distribuídas nos
pontos: 7, 12, 33 e 36, onde todos os registros foram das aves sobrevoando a área.

8 - Amazona vinacea (papagaio-do-peito-roxo) com categorias de ameaça: Global “Em


Perigo” e “Vulnerável” Nacionalmente e no Estado. Registrou-se 18 indivíduos nos pontos
de escuta 5, 17 e 21 e também com registro em casa de moradores da região, onde eram
usados como xerimbabos.
Principais Ameaças sobre a espécie: perda de hábitat, comércio ilegal (espécie bastante
visada pelo tráfico de animais silvestres) e a caça predatória.
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9 - Glaucidium minutissimum (caburé-miudinho) com categorias no Estado como


“Vulnerável”. Essa espécie foi registrada nos pontos de escuta 1, 10, 13,14, 32, sempre
vocalizando no interior de áreas florestadas.
Principais Ameaças sobre a espécie: caça predatória e perda de hábitat.

10 - Jacamaralcyon tridactyla (cuitelão) com categorias de ameaça Global como


“Vulnerável”.
Principais Ameaças sobre a espécie: perda de hábitat

11 - Merulaxis stresemanni (entufado-baiano) com categorias de ameaça Global,


Nacional e Estadual como “Criticamente Ameaçado”.
Principais Ameaças sobre a espécie: perda de hábitat.
Foi registrada a ocorrência dessa espécie no enclave montanhoso coberto por uma
remanescente da Floresta Estacional Semidecidual em estágio avançado de
regeneração. Sabe-se que é altamente dependente de áreas florestadas e o
desmatamento é a principal causa de seu progressivo desaparecimento. Sua distribuição
geográfica, conforme relato do Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de
Extinção, é provavelmente nas matas de baixada entre Salvador (BA) e nordeste da
Minas Gerais, atualmente restrita a apenas duas localidades, na Fazenda Jueirama, no
município de Uma (BA), e Fa zenda Sossego de Arrebol, no município de Bandeira (MG).
.
Considerada uma das aves mais raras e ameaçadas, seus dados biológicos e
taxonômicos são extremamente raros e a espécie já chegou a ser considerada extinta, e
seu status de conservação remete a um risco extremamente alto de extinção, caso não
sejam adotadas medidas conservacionistas urgentes. Dentre todas as espécies de aves
ameaçadas que ocorre nessa região, o Merulaxis stresemanni (entufado- baiano) é a que
se encontra em pior situação de conservação, e a perda de qualquer indivíduo desta
espécie compromete, verdadeiramente, a sua manutenção na natureza.

12 - Formicarius colma (galinha-do-mato) com categorias de ameaça no Estadual


como “Vulnerável”.
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Principais Ameaças sobre a espécie: perda de hábitat, sendo o desmatamento a principal


causa de seu progressivo desaparecimento.

13 - Procnias nudicollis (araponga) com categorias de ameaça Global “Vulnerável” e


“Em Perigo” no Estado.
Principais Ameaças sobre a espécie: perda de hábito e tráfico de animais silvestres.

14 - Campylorhynchus turdinus (catatau) com categorias de ameaça Global:


“Vulnerável” e no Estado como “Criticamente Ameaçado”. Essa espécie é uma das
espécies mais abundantes, sendo observada em praticamente toda a área de influência
do empreendimento. O local abriga o que parece ser uma considerável população de
catatau, sendo de grande relevância para preservação dessa espécie no estado de Minas
Gerais.
Principais Ameaças sobre a espécie: Perda de hábitat

7.2.2.2 Mastofauna
O diagnóstico da mastofauna foi desenvolvido por meio de registros primários e
secundários considerando a Área de Influência Indireta (AII) e a Área de Influência Direta
(AID) na Área Diretamente Afetada (ADA) e Área de Entorno (AE). Para as capturas de
animais, bem como seu transporte à instituição depositária foi emitido pelo IBAMA,
Licença de Captura/Coleta/Transporte de Animais Silvestres n°088/2011Nufas/MG.

No diagnóstico realizado na AII foi utilizando a base de dados de registros secundários


obtidos em estudo desenvolvido na região, onde foram consideradas somente as
espécies com registro confirmado nestes trabalhos. Das espécies potencialmente
presentes na AII, cinco estão presentes em uma ou mais listas ameaçadas de extinção,
sendo Cebus robustus (macaco-prego), Chrysocyon brachyurus (lobo-guará), Puma
concolor (onça-parda), Leopardus pardalis (jaguatirica) e Leopardus sp (gato-do-mato).

Na Área de Influência Direta (AID), compreendida pela ADA e AE, o diagnóstico foi
realizado por dados primários em duas campanhas a campo, durante dez dias
consecutivos de amostragem, sendo uma executada na estação chuvosa e a outra
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compreendendo a estação seca, com metodologias específicas para os mamíferos de


médio e grande porte e pequenos mamíferos não voadores, porém na AE o inventário
ocorreu com um esforço amostral menos significante, tendo sido amostrado apenas 02
pontos enquanto que na ADA foram amostrados 23 pontos, conforme Mapa de
Inventariamento da mastofauna. O empreendedor atesta ter ocorrido um esforço amostral
menos significativo na AE, e afirma que durante o monitoramento será contemplado o
equilíbrio do esforço amostral nas campanhas de campo para a AE, conforme
Condicionante.

Para o levantamento da mastofauna não voadora foram selecionados pontos ao longo da


AD A e AE, considerando principalmente a amostragem nas diversas fitofisionomias da
região, nas áreas das estruturas a serem licenciadas e nos ambientes propícios ao
registro das espécies, levando em consideração a viabilidade de acesso.

As espécies Cerdocyon thous (cachorro-do-mato), Leopardus sp. (gato-do-mato),


Conepatus semistriatus (Jaritataca), Caassous unicinctus (tatu-do-rabo-mole), Metachirus
nudicaudatus (cuíca), Bradypus sp. (preguiça), Callithrix sp. (Mico), Trinomys denigratus
(rato-de-espinho), são consideradas indicadoras de qualidade ambiental, de extrema
importância para diretrizes de conservação, pois são sensíveis a distúrbios causados em
seu hábitat.

Pequenos Mamíferos Não Voadores


A metodologia utilizada para o levantamento destas espécies foi de captura-marcação-
recaptura tendo sido utilizado em cada campanha, 170 armadilhas do tipo “live trap”
modelo gaiola com gancho, com 10 armadilhas dispostas em 17 transectos, sendo uma
armadilha por ponto que permaneceram abertas durante quatro noites consecutivas em
cada campanha, sendo vistoriadas todas as manhãs. Os animais capturados foram
identificados ao menor nível taxonômico possível, triados e soltos no mesmo local não
havendo necessidade de coleta de espécimes para identificação em coleção científica
(caso fosse necessário a identificação de alguma espécie, esta seria encaminhada para
depósito e tombamento na coleção de referência do Laboratório de Mastozoologia do
Museu de Ciências Naturais PUC Minas). Para o inventário de pequenos mamíferos não
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voadores foi emitida autorização pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) para captura, coleta e transporte n°
088/2011NUFAS/MG.

Mamíferos de médio e grande porte


O inventário foi realizado através de entrevistas e por busca ativa de evidências diretas e
indiretas de vestígios da presença do animal na área (pêlos, fezes, ossadas, rastros,
pegadas e odores), e também com visualização do animal, zoofonia e carcaças,
confirmando o registro do animal.
A busca por evidências diretas foi feita através de censos de amostragem realizados a pé
e em veículos nas trilhas e estradas já existentes, em horários variados (crepuscular,
diurno e noturno), uma vez que as espécies de mamíferos possuem diferentes períodos
de atividade, tendo sido escolhidas áreas como beira de cursos de água e solos arenosos
em busca de rastros e pegadas de solo. Foi realizada também busca por outras formas de
vestígios, como fezes e carcaças, nas trilhas e transectos, e para auxiliar na identificação
das espécies, também foram utilizados guias de campo. Foram também realizadas
entrevistas ao longo das campanhas com trabalhadores e moradores locais somente para
averiguar a presença de espécies mais comuns e locais de uso das mesmas.

Durante os trabalhos de campo obteve-se o registro de 21 espécies de mamíferos não


voadores sendo que 09 espécies foram registradas através da metodologia específica e o
restante das espécies foram amostradas por busca ativa. Durante o inventário de outros
grupos registrou-se 03 novas espécies para este grupo.

Nenhuma das espécies registradas é endêmica e ou considerada ameaçada de extinção,


porém alguns animais que foram identificados somente a nível genérico podem estar
inclusos em uma ou mais listas, como Leopardus sp (gato-do-mato), Bradypus sp.
(preguiça) e Callithrix sp (sagüi), sendo que as duas últimas espécies são dependentes
de ambientes florestais e a supressão de áreas de Florestas podem gerar declínio nas
suas populações, devendo desta forma dar continuidade ao inventariamento da
mastofauna através de programas como o monitoramento para identificação/confirmação
das espécies ocorrentes na área em estudo, conforme Condicionante.
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7.2.2.3 Herpetofauna
O diagnóstico da herpetofauna (anfíbios e répteis) foi realizado nas ADA e AI com base
em dados primários e secundários. Para o diagnóstico da Área de Influência Indireta (AII)
foi realizado levantamento bibliográfico o qual visou à obtenção de dados secundários e
informações complementares à área de estudo, por meio de consulta de trabalhos
regionais existentes, estudos ambientais e pesquisas museológicas.

O diagnóstico da AID e ADA basearam-se em levantamento de dados primários a partir


de busca ativa diurna e noturna e amostragem de estrada, com a realização de duas
campanhas, em períodos distintos, onde foram observados pequenos corpos d’água,
riachos dentro de fragmentos florestais, ambientes alagadiços e as principais estradas de
acesso, porém na AE o inventário ocorreu com um esforço amostral menos significante,
tendo sido amostrado apenas 05 pontos enquanto que na ADA foram amostrados 23
pontos, conforme Mapa de Inventariamento da Herpetofauna. O empreendedor atesta ter
ocorrido um esforço amostral menos significativo na AE, e afirma que durante o
monitoramento será contemplado o equilíbrio do esforço amostral nas campanhas de
campo para a AE, conforme Condicionante.

A identificação das espécies ocorreu através de busca ativa, tendo como principal objetivo
o registro de espécies de anfíbios anuros e répteis, através de zoofonia (identificação das
espécies através das vocalizações emitidas pelos machos). Para o registro de répteis
foram percorridos trajetos em vários ambientes favoráveis à ocorrência de espécimes
como possíveis tocas, folhiços de matas, afloramentos rochosos, ambientes marginais a
corpos d’água, árvores mortas, cupinzeiros, dentre outros e as espécies registradas
aleatoriamente foram consideradas de forma qualitativa nesse estudo.
Para as capturas de animais, bem como seu transporte à instituição depositária foram
realizadas de acordo com a Licença de Captura/Coleta/Transporte de Animais Silvestres
n°087/2011Nufas/MG.

Foram registradas para a AID, 23 espécies de anfíbios anuros distribuídas em seis


famílias, sendo a Hylidae foi a mais representativa.
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As espécies registradas são consideradas fora de perigo de acordo com a IUCN (2011) e
estão ausentes das listas de espécies ameaçadas do Brasil e Minas Gerais.

Dos registros obtidos, três não foram identificados quanto à espécie, foram elas:
Hypsiboas sp., Scinax gr. catharinae e Vitreorana sp, tendo sido registradas por zoofonia
e não foram coletados, impossibilitando dessa forma, a confirmação taxonômica,
Quanto aos répteis, nesse estudo foram registradas nove espécies distribuídas em seis
famílias, sendo três serpentes e seis lagartos. As famílias Leiosauridae, Tropiduridae e
Viperidae tiverem dois representantes registrados, porém, vale considerar que para
ambas o segundo exemplar refere-se a um espécime registrado apenas até o nível de
gênero.

Segundo informado, não houve registro de espécies estenóicas (que apresentam


requerimentos ambientais específicos), nem de espécies endêmicas ou ameaçadas de
extinção.

Dentre as espécies de serpentes registradas destacam-se as espécies da Família


Viperidae: Bothrops sp e Bothrops leucurus, responsável por acidentes ofídicos ocorridos
no Brasil, sendo portanto, de especial interesse médico.

Deve-se dar continuidade aos estudos da Herpetofauna através de monitoramento para


que se possa chegar à confirmação das espécies e caso seja necessário propor medidas
de conservação/preservação das espécies, conforme Condicionante.

7.2.2.4 Ictiofauna
Para o diagnóstico da ictiofauna ocorrente na bacia do córrego São Domingos,
integrantes da bacia do rio Panela e do rio Jequitinhonha, foram executadas duas
campanhas de inventário, sendo a primeira campanha no final do período da estação
chuvosa, e a segunda na estação seca, com o objetivo de diagnosticar e prognosticar os
impactos ambientais sobre a ictiofauna, que poderão ocorrer durante a implantação e
operação do empreendimento. Procurou-se caracterizar os habitats que influenciam nos
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padrões de composição e diversidade das comunidades de peixes, a disponibilidade de


recursos, complexidade dos habitats, a presença da vegetação ripária e se necessário
propor medidas de conservação e proteção para a comunidade ictiofaunística.

Para realização da amostragem dos peixes foram predefinidas 12 (doze) estações de


coleta/trechos amostrados correspondentes aos locais de cabeceira com maior altitude da
bacia do córrego São Domingos, onde foram encontrados corpos d’água abaixo de suas
nascentes com possibilidade de coleta da ictiofauna, sendo, porém com maior volume de
água e já localizados no rio Panela.
Os métodos de amostragem quantitativos envolveram a utilização de redes de emalhar de
diferentes tamanhos de malha, variando de 3 a 10 cm entre nós opostos, com 10 m de
comprimento e 1,5 m de altura média, que foram armadas ao entardecer e retiradas na
manhã seguinte. O método de amostragem quantitativa foi utilizado apenas nos trechos
P11 e P12, os demais trechos de amostragem (P1, P2, P3, P4, P5, P6, P7, P8, P9 e P10)
não atingiram porte suficiente para utilização deste método, por este motivo, nestes
trechos optou-se por utilizar métodos ativos de captura, de abordagem qualitativa. Foi
utilizado também como método de amostragem peneiras de tela “mosquiteira, rede de
arrasto e tarrafas do tipo “piabeira”, junto à vegetação na margem do córrego São
Domingos e junto ao substrato dos trechos e os peixes capturados foram separados por
ponto de coleta, sendo acondicionados em sacos plásticos etiquetados, fixados em
formalina a 10% de concentração, realizada a triagem, identificação taxonômica e
obtenção dos dados biométricos.

Os pontos de coleta possuem características de riachos e ribeirões de regiões de


nascentes, com trechos encachoeirados de pouca profundidade. Conforme informado, do
ponto P1 ao P7 foram encontradas matas ciliares bem preservadas, já entre o P9 e o P12
foram encontradas áreas mais degradadas com mata ciliar pouco preservada e sinais de
assoreamento. Os trechos de amostragem P1, P2, P3, P4, P5, P6, P7, P8, P9 e P10
pertencem a sub-bacia do córrego São Domingos. Já os pontos P11 e P12 se encontram
no rio Panela.

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As abundâncias absolutas e relativas do número de peixes coletados, entre os trechos


amostrados na área de influência do empreendimento, mostram uma tendência de
crescimento no número de indivíduos do trecho P1 para o trecho P10, onde foi utilizado
método de amostragem qualitativa. Já nos trechos P11 e P12, no rio Panela, esta
tendência não é observada, pois o ambiente nestes trechos é diferente dos amostrados
no córrego São Domingos, além do diferente método de amostragem utilizado, de
amostragem quantitativa.

Foram coletados na área de influência do empreendimento 689 indivíduos pertencentes a


15 espécies, sendo 443 indivíduos de 13 espécies coletados na estação chuvosa e 246
indivíduos de 12 espécies coletados na estação seca. Das espécies identificadas, cinco
ainda não foram descritas para o Rio Jequitinhonha, são elas Characidium sp (canivete),
Pimelodella sp (mandizinho), Scleromystax sp (camboatá), Hypostomus sp (cascudo) e
Schizolecis sp (cascudinho).

Espécies Migradoras, Exóticas, Ameaçadas de Extinção e Endêmicas


Segundo informado no EIA, na AI do empreendimento, nenhuma espécie reofílica e/ou de
hábito reprodutivo migrador foi capturada, tendo sido capturada uma espécie exótica para
a bacia do rio Jequitinhonha, o que mostra boa importância da região quanto a
preservação da ictiofauna nativa do rio Jequitinhonha. A espécie exótica registrada foi a
Poecilia sp (barrigudinho-colorido ou guaru).
Não foram capturadas espécies ameaçadas de extinção e que estejam descritas para a
bacia do rio Jequitinhonha.

7.2.2.5 Entomofauna
Para o inventário da Entomofauna foi realizado inventário secundário e apresentado lista
de espécies de possível ocorrência no município de Almenara, onde o empreendedor
justifica que será realizado durante o Programa de Monitoramento da Entomofauna na
área do empreendimento, o inventário deste grupo faunístico e a preposição, caso seja
necessário, de medidas mitigadoras durante as fases do empreendimento, conforme
Condicionante. No inventário secundário apresentado foram apresentadas espécies de
escorpiões, aranha armadeira, aranha marrom, mosquitos, pernilongos e borrachudos,
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abelhas, vespas, formigas, barbeiros e a espécie Hypocephalus armatus (iaiá-de-cintura),


besouro que encontra-se no Anexo da Instrução Normativa n° 3, de 27 de maio de 2003,
do Ministério do Meio Ambiente – Lista das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de
Extinção com status de espécie “Ameaçada” para os Estados da Bahia e Minas Gerais.
Na mesma Lista encontra-se com status “Vu” para o Estado de Minas Gerais, e também
identificado pela Biodiversitas como “VU” no Brasil. A prioridade para conservação de
Invertebrados no Atlas da Biodiversidade é classificada como “Muito Alta” e indica a
ocorrência da referida espécie no Estado, nos municípios de Botumirim e Almenara. Na
Deliberação Normativa COPAM Nº 147, de 30 de abril de 2010, que aprova a Lista de
Espécies Ameaçadas de Extinção da Fauna do Estado de Minas Gerais, encontra-se com
status “EN” – em perigo. Desta forma, conforme já manifestado pelo empreendedor,
necessita-se do inventário primário solicitado anteriormente e conforme consta do Termo
de Referência para elaboração de EIA/RIMA, a apresentação do referido inventário.
A espécie Hypocephalus armatus (iaiá-de-cintura) é um cerambicídeo, possui hábito
fossorial, ou seja vive enterrada, saindo uma vez por ano para reproduzir-se e distribuem-
se em uma restrita região no norte de Minas Gerais e no sul da Bahia. São escassas as
informações na literatura sobre a bionomia (relação do meio ambiente com a espécie),
hábitos alimentares e os estágios imaturos são desconhecidos. Conforme descrito em
literatura, no período de novembro a março, após as chuvas, grupos de adultos machos
foram observados marchando em solo arenoso e, após algum tempo, começavam a
escavar no solo; as fêmeas raramente foram coletadas e são escassas em coleções
entomológicas. Os fatores de ameaça para a espécie é a degradação de habitat, fatores
intrínsecos, caça/captura excessiva.

7.2.2.6 Premissas do Art. 11 da Lei 11.428/2006 cumulado com o Artigo 39 do


Decreto 6.660/2008

Tendo em vista as vedações previstas pelo art. 11º da Lei federal 11.428/06, a análise
que se segue busca enumerar cada uma das alíneas do inciso I do referido artigo, no
sentido de verificar a inclusão ou não das intervenção pleiteada nas hipóteses de vedação
ali elencadas.

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Assim diz o artigo:

“Art. 11. O corte e a supressão de vegetação primária ou nos estágios avançado e


médio de regeneração do Bioma Mata Atlântica ficam vedados quando:
I - a vegetação:

a) abrigar espécies da flora e da fauna silvestres ameaçadas de extinção, em


território nacional ou em âmbito estadual, assim declaradas pela União ou pelos
Estados, e a intervenção ou o parcelamento puserem em risco a sobrevivência
dessas espécies;

Flora:
Conforme apresentado pelo empreendedor nos estudos, algumas espécies registradas
para espécies vegetais arbóreas encontram-se com categoria de ameaça, de acordo com
a legislação vigente, entretanto, essas espécies não são de ocorrência restrita a área de
estudo, nem ao município em questão, sendo assim, de ampla distribuição geográfica.
São elas:
1 - Melanoxylon b raúna (Braúna)
2 - Gêneros Tecoma e Tabebuia - Ipês
3 - Miracrodruon urundeuva (urundeúva)
4 - Amb urana cearensis (amburana)

No estudo realizado para identificação da flora local, foram identificadas espécies de porte
arbóreo com algum status de ameaça, mas em consulta as listas de espécies ameaçadas
de extinção, as mesmas não são de ocorrência restrita a área de estudo, nem ao
município em questão, sendo assim, de uma distribuição geográfica mais ampla.

A fim de minimizar os impactos previstos e para manutenção e proteção das espécies, é


proposto à implantação de programas para espécies da flora ameaçada apresentados
como: Programa de Resgate da Flora, Programa de Enriquecimento e Programa de
recuperação de áreas degradadas.

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Os Programas de Resgate e Enriquecimento são propostas com o intuito de reduzir os


impactos causados pelo empreendedor.

Fauna:

Conforme apresentado pelo empreendedor nos estudos realizado para inventariamento


da fauna local, algumas espécies registradas para os grupos faunísticos apresentados
encontram-se com categoria de ameaça, de acordo com a legislação vigente, entretanto,
essas espécies não são de ocorrência restrita a área de estudo, nem ao município em
questão, sendo de ampla distribuição geográfica. São elas:

1- Merulaxis stresemanni (entufado-baiano) com categorias de ameaça Global,


Nacional e Estadual como “Criticamente Ameaçado”.

2 - Pseudastur polionotus (ga vião-pombo-grande) com categoria de ameaça: Global


como “Quase Ameaçado” e Estadual como “Criticamente Ameaçado”.

3 - Campylorhynchus turdinus (Catatau) com categorias de ameaça Global:


“Vulnerável” e no Estado como “Criticamente Ameaçado”.

4 - Hypocephalus armatus (Iaiá-de-cintura) besouro que se encontra no Anexo da


Instrução Normativa n° 3, de 27 de maio de 2003, do Ministério do Meio Ambiente – Lista
das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção com status de espécie
“Ameaçada” para os Estados da Bahia e Minas Gerais. Na mesma Lista encontra-se com
status “Vu” para o Estado de Minas Gerais, e também identificado pela Biodiversitas como
“VU” no Brasil.

Outras espécies da avifauna encontram-se também com alguma categoria de ameaça,


porém também a ocorrência das mesmas não é restrita a área do empreendimento, tendo
também uma distribuição mais ampla.
A fim de minimizar os impactos previstos e para manutenção e proteção das espécies da,
é proposto à implantação de programas para os grupos faunístico apresentados como:
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Programa de Resgate da Fauna, Programa de Monitoramento da Fauna Terrestre e


Programa de monitoramento da Mastofauna, Programa de monitoramento da
Avifauna, Programa de Monitoramento das Aves Ameaçadas de Extinção e
Migratórias , Programa de Monitoramento da Herpetofauna, Programa de Resgate e
Monitoramento da Ictiofauna, com o intuito de reduzir os impactos causados pela
instalação do empreendimento. Faz necessária a implantação de Programa de
Monitoramento da Entomofauna para maior conhecimento sobre as interações
ecológicas deste grupo e a realização de campanhas de captura para o inventáriamento
da mesma, onde conforme proposto pelo empreendedor será realizada em duas etapas,
durante o período de implantação (antes do início das atividades) e operação do
empreendimento, pois, alguns grupos de insetos encontram-se restritos a sazonalidade.

b) exercer a função de proteção de mananciais ou de prevenção e controle de


erosão;
A área do empreendimento não se enquadra na classificação de manancial, pois,
atualmente o local não possui ações de conservação de proteção da água e não há
registro de legislação especifica referente ao tema.
Em relação ao controle de erosão possui também a função de prevenção e controle de
erosão, como toda e qualquer cobertura vegetal e as medidas mitigadoras e de proteção
ambiental usualmente empregadas na atividade de mineração estão previstas.

c) formar corredores entre remanescentes de vegetação primária ou secundária em


estágio avançado de regeneração;

A vegetação remanescente encontrada na área de estudo limita-se principalmente aos


topos de morro e de forma fragmentada, devido ao histórico regional referente à atividade
agropecuária, desta forma não formando corredores ecológicos.

d) proteger o entorno das unidades de conservação; ou

No entorno do empreendimento não há nenhuma Unidade de Conservação.

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e) possuir excepcional valor paisagístico, reconhecido pelos órgãos executivos


competentes do Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA;

A área na qual será inserido o empreendimento não é reconhecida por possuir


excepcional valor paisagístico e não há registro de legislação especifica referente ao tema
para esta área.

II - o proprietário ou posseiro não cumprir os dispositivos da legislação ambiental,


em especial as exigências da Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, no que
respeita às Áreas de Preservação Permanente e à Reserva Legal.

Parágrafo único. Verificada a ocorrência do previsto na alínea a do inciso I deste


artigo, os órgãos competentes do Poder Executivo adotarão as medidas
necessárias para proteger as espécies da flora e da fauna silvestres ameaçadas de
extinção caso existam fatores que o exijam, ou fomentarão e apoiarão as ações e os
proprietários de áreas que estejam mantendo ou sustentando a sobrevivência
dessas espécies.

A lei n° 12.651 de 25 de maio de 2012, no seu Art. 8o relata que a intervenção ou a


supressão de vegetação nativa em Área de Preservação Permanente somente ocorrerá
nas hipóteses de utilidade pública, de interesse social ou de baixo impacto ambiental
As áreas de preservação permanente existentes na área do empreendimento são as
faixas marginais de curso d’água natural, as encostas ou partes destas com declividade
superior a 45°, topo de morros, montes, montanhas e serras.
Para mitigar os impactos provenientes da intervenção em APP, o empreendedor propõe a
implantação do Programa de Revegetação e Enriquecimento Florestal, onde o objetivo é
a recomposição das APP´s que não serão afetadas pelo empreendimento e a
recomposição da(s) mesma(s) que serão formadas no entorno dos reservatórios e assim
como a valiação da compensação pela intervenção em APP, com objetivo de cumprir as
legislações ambientais vigentes.
Quanto a Reserva Florestal Legal será conforme condicionante, proposta para averbação
antecipadamente á Licença de Instalação ou concomitantemente a referida LI.
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7.3 Caracterização do Meio Físico


7.3.1 Geologia Regional

Conforme Estudo de EIA/RIMA apresentado pelo empreendedor têm-se que o Estado de


Minas Gerais têm uma configuração geotécnica que pode ser resumida em quatro
domínios principais:
A Porção Centro Norte compreende a ocorrência do Cráton São Francisco e algumas
bacias fanerozóicas; a leste, a província estrutural do Mantiqueira e a oeste, a província
estrutural do Tocantins.
A ja zida estudada localiza-se na curvatura norte da Faixa Araçuaí. Nesta região, os traços
estruturais pefarzem uma acentuada curvatura com concavidade voltada para o sul. A
Faixa Araçuaí, na área e nos seus arredores é composta principalmente, pela Suíte
Kinzigítica do Complexo Jequitinhonha, pelas rochas granitóides sin, tardi e pós
tectônicas, pelo Grupo Macaúbas e pelo Grupo Rio Doce.

A Geologia Local:
As unidades litológicas individualizadas na área deste processo e em seu entorno foram
agrupadas em três conjuntos principais, a saber (da base para o topo): (ia) Suíte
kinzigítica e pegmatitos associados; (ib) Intercalações lenticulares de quartzito na suíte
kinzigítica e (ii) Granito Marobá (Suíte G5).

1 - Suíte Kinzigítica e Pegmatitos Associados (ia)


A suíte kinzigítica e pegmatitos associados totalizam aproximadamente 50% da área
mapeada. Este conjunto é delimitado, a leste, pelo contato com o Granito Marobá.
A suíte kinzigítica é composta por grafita gnaisse, grafita-sillimanita-cordieritagranada-
biotita gnaisse (kinzigito stricto sensu), cordierita-granada-biotita gnaisse, granada-biotita
gnaisse e biotita gnaisse, compactos ou intemperizados, com raras intercalações de
quartzito. Os depósitos de grafita gnaisse situam-se neste domínio.

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2 - Quartzito (ib)
Engloba aproximadamente 25% da área mapeada, aflorando em cotas entre 400 m
(mínima) e 900 m (máxima). Constata-se que na área os quartzitos constituem corpos
lenticulares intercalados nos gnaisses da suíte kinzigítica.

3 - Granito Marobá (ii)


Aflora no extremo leste da poligonal que delimita o depósito de grafita, entre as cotas
200m e 500m, ocupando aproximadamente 20% desta. Trata-se de um batólito de forma
ovalada com uma morfologia de morros arredondados, encaixado nos gnaisses da suíte
kinzigítica.

A grafita pode ser classificada em três tipos: lamelar (flake), grafita cristalina (maciça),
grafita amorfa (cripto-cristalina) que são subdivididas em diversas categorias, por
apresentarem partículas de diferentes tamanhos, teor de carbono e tipos de impurezas.
A grafita estudada possui formato de lamelas ou fibras e tem tonalidade escura e
prateada e além de possui brilho metálico. O material têm boa condutividade elétrica,
refratariedade quando exposta a altas temperaturas, elemento de estabilidade reativa e
lubrificante e baixa expansão térmica.
Os elementos químicos que a compõe são o carbono fixo, materiais voláteis e cinzas.
Quanto maior for o teor de carbono, melhor é a qualidade da grafita. No entanto também
o arranjo, o formato ou a perfeição das partículas influenciam muito a característica deste
material. Em Almenara a Grafita característica é do tipo “flakes” com inúmeras aplicações.
A grafita possui propriedades únicas devido a distinção da sua estrutura em camadas e
sua inércia química que podem ser resumidas um em mineral ambientalmente não
poluente e que não apresenta danos a saúde humana, possibilidade de produção de
grafita expansível , não apresenta potencial de combustão e explosão e além disso tem
alta resistência quanto a corrosão, oxidação e ataques químicos.

Geomorfologia
Conforme o estudo de EIA/RIMA apresentado, a classificação geomorfológica da Área de
Influência do empreendimento baseou-se na seguinte divisão:

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1 - Serra do Espinhaço Meridional


Corresponde ao conjunto de cristas, picos e colinas alinhado na direção N-S com altitudes
variando entre 1000 e 1400m, separando a bacia do rio Jequitinhonha da bacia do rio São
Francisco. O relevo é fortemente controlado pela litologia e estrutura. Muitos
escarpamentos ajustam-se exatamente com linhas de falhas. As vertentes são íngremes
e os vales são fortemente encaixados da Serra do Espinhaço que coincide com manchas
de relevo fortemente ondulado.

2 - Chapadas do Rio Jequitinhonha / Mucuri


Ocupam parte do alto e praticamente todo o setor médio da bacia. Ocorrem chapadas de
dimensões e graus de ramificação variados, com altitudes entre 800 e 1100m e baixa
densidade de drenagem. Entre as chapadas e nas áreas situadas a jusante do município
de Araçuaí observam-se amplas áreas dissecadas, com colinas e cristas, vales
relativamente encaixados e vertentes ravinadas. A drenagem é fortemente controlada
pela estrutura geológica. Os planaltos do rio Jequitinhonha coincidem com manchas de
relevo fortemente ondulado entremeadas pelas áreas suavemente onduladas dos relevos
tabulares das chapadas.

3 - Planaltos dissecados do Leste de Minas Gerais


Ocorrem a partir do município de Almenara, em direção à costa atlântica e também na
porção sul da bacia, próximo ao divisor com a bacia do rio Doce. São caracterizados por
formas mais suaves, resultantes de intenso processo de dissecação fluvial. As feições
predominantes são as colinas e cristas com vales encaixados ou de fundo chato, pontões
e algumas poucas feições tabulares. No geral, o conjunto coincide com manchas de
relevo variando de ondulado a fortemente ondulado.

4 - Depressão do Jequitinhonha
Corresponde à área rebaixada localizada ao longo do vale do rio Jequitinhonha e de
alguns de seus afluentes, adentrando-se nas sub-bacias mais importantes. As altitudes
variam de 400m nas proximidades do município de Araçuaí a 150m no limite leste da
porção mineira da bacia. Escarpas alinhadas marcam os limites deste conjunto
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geomorfológico com o dos planaltos do rio Jequitinhonha. Destaca-se a presença de


colinas de topos aplainados e vales de fundos chatos. A predominância é de manchas de
relevo ondulado ou aplainado.

A geomorfologia regional pode ser enquadrada na unidade planaltos dissecados do Leste


de Minas Gerais com rochas associadas aos conjuntos litógicos do domínio dos
complexos gnáissicos e rochas graníticas que ocupam grandes porções do setor médio
da bacia do Rio Jequtinhonha. O relevo característico dessa região é sempre colinoso,
com feições suaves a forrtemente ondulados, salpicados de pontões e/ou dorsos
rochosos esculpidos na litologia sempre cristalina.

A geomorfologia local da área do empreendimento é determinada pela compartimentação


do relevo que assume fomas colinosas fortemente condicionadas ao ambiente
geoestrutural. As cristas de rochas cristalinas correspondem às maiores elevações locais
cujas cotas altimétricas atingem 900 metros, formadas por feições residuais de quartizitos
que marcam a paisagem. As areias finas e brancas provenientes destas cristas são
transportadas para os vales encaixados logo abaixo preenchendo as bases dos cursos
d’água, situados na cota de 275 metros. O córrego São Domingos atua como principal
agente de dissecação do relevo local, com um canal fluvial encaixado nas partes mais
altas e aberto no fundo do vale (figura 95 e 96). Maciços e esporões marcam a paisagem
ora com feições arredondadas resultado da ação erosiva, ora de forma abrupta.

7.3.2 Pedologia
Com a finalidade de proteção dos solos dentro do quadro físico da área do
empreendimento procurou-se fazer um estudo baseado em informações obtidas por
trabalhos já realizados tais como BRASIL(1970), EMBRAPA SOLOS(2004),
CETEC(1980), CETEC(2010), RADAMBRASIL(1988). A partir daí conseguiu-se realizar
um levantamento exploratório para identificação geral das classe de solos correntes de
acordo com o sistema Brasileiro de Classificação de solos (EMBRAPA) que ocorrem na
área do empreendimento.
Na área do projeto do PGA predomina o Argissolo Vermelho Amarelo Distrófico A
moderado Textura muito argilosa, associado ao Latossolo Vermelho-Amarelo Distrófico A
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moderado Textura muito argilosa fase floresta subperenifólia relevo ondulado a forte
ondulado, e os Cambissolos Háplicos Tb Distrófico típico. Os Argissolos têm ocorrência
normalmente relacionada a fases de relevo ondulado a forte ondulado. Nos topos de
morro, em relevo suave ondulado a plano podem ocorrer pequenas manchas de
Latossolos. Os Cambissolos ocorrem em fases de relevo diversas variando de plano
(Cambissolo Háplico Tb Eutrófico saprolítico) até forte ondulado (Cambissolo Háplico Tb
Distrófico típico A moderado textrura argilosa). Podem ser observados ainda Neossolos
Quartzarênicos Órticos típicos no topo dos morros mais elevados e sob substrato
quartzítico.
Nas áreas sujeitas a alagamento em fundo de vale e onde há deposição fluvial ocorrem
Gleissolos e Neossolos Flúvicos caracterizados por problemas de drenagem, sendo
comumente de mal drenados a imperfeitamente drenados. São solos geralmente
eutróficos em fase de relevo plano, portanto com baixo potencial de erodibilidade.
Os solos da ADA( Área Diretamente Afetada) apresentaram critérios técnicos que podem
alterar a característica de fragilidade. A constituição da fração do solo, bem como a
declividade e a intensidade das chuvas alteram a resistência a erosão e a sua agregação.
A baixa agregação se deve a mineralogia a granulometria e ao baixo teor de matéria
orgânica.
A e xtensão das vertentes, é um fator importante sobretudo nas formas das encostas, uma
ve z que nos setores de cabeceira onde há convergência de fluxos d´água são áreas
preferenciais para erosão em ravinas e voçorocas.
A alta intensidade de chuvas também concentrada de outubro a março, pode potencializar
os efeitos da erosão, porém nesta região este fator não é tão relevante, uma vez que a
precipitação é muito limitada.
Na área de influência da bacia hidrográfica do córrego São Domingos evidenciam-se
áreas constituídas por Argissolos e Cambissolos, perturbados física e morfologicamente,
que devem receber atenção especial a fim de minimizar as fragilidades ambientais
induzidas pela degradação do solo frente ao uso atual e futuro. Nesse sentido, as
estradas passam a ser prioridade para as futuras ações de conservação. Sugere-se, para
a fase de implantação do emprendimento, que sejam desenvolvidos estudos para planejar
a relocação de algumas estradas e acessos vicinais, minimizando problemas de
degradação ambiental. Será solicitado como condicionante que o empreendedor
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apresente um relatório semestral que enumere os pontos passíveis e existentes de


processos erosivos nos trechos em que for necessário relocar as estradas vicinais,
conforme preconiza o estudo apresentado pelo empreendedor.

7.3.3 Clima
Para a caracterização do clima da região foi utilizada como referência a estação de Pedra
Azul instalada pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) e usados os dados
coletados pelo órgão entre 1972 e 2010. O EIA/RIMA apresentado traz esta
caracterização, descrita a seguir:

Pedra Azul e Almenara, localizam-se na bacia do rio Jequitinhonha, em níveis altimétricos


que influenciam para um ambiente um pouco mais úmido, em relação à outros municípios
próximos. Sua localização intertropical caracteriza-se por altas temperaturas, superiores a
18ºC em grande parte dos meses do ano. A classificação climática da região, conforme
Thornthwaite é sub-úmido seco, correspondendo ao tipo mesotérmico. C1wB’4a

A temperatura da região de Almenara possui uma média anual de 21°C. Os meses de


outubro a março são os mais quentes, chegando a picos de temperatura máxima acima
de 30,0ºC. As mínimas variam entre 14,8ºC a 19,6ºC. Julho é o mês que apresenta
menores índices térmicos.

Dados coletados na estação de Pedra Azul demonstram um número de horas efetivas de


insolação bem mais baixo que o número de horas possíveis de brilho solar. A média
mensal de número de horas possíveis de brilho solar atinge 199, sendo que o mínimo de
horas efetivas constatado foi de 162 em novembro e o máximo de 234 em janeiro.

A e xistência de um alto nível de nebulosidade ocorre no período chuvoso, quando a


insolação apresenta-se com valores mais baixos e precipitações mais altas, a exemplo
dos meses de novembro e dezembro. Entretanto, no período “seco”, quando a
nebulosidade é quase nula, a insolação mostra-se com índices mais elevados.

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Em termos de precipitação, a média acumulada anual no período de 1974 a 2010 foi de


1.031mm. A região é caracterizada por um período chuvoso (outubro a abril) e outro seco
(maio a agosto). Os meses de destaque para o período chuvoso são novembro e
dezembro, que apresentam precipitação de 199mm e 253mm de chuva, respectivamente.
Os meses com menores índices de precipitação são junho e agosto com 7,3mm e 5,6mm,
respectivamente. A evapotranspiração é elevada, aspecto que caracteriza, dentre outros,
o clima mesotérmico.

Verifica-se que a direção dos ventos na região é sudeste (SE) com predominância de
83% durante o ano. A velocidade dos ventos varia entre 1,8 e 2,4 m/s.

Em relação à umidade relativa do ar a média anual é de 73,3%, oscilando entre 68,7% e


76,8%. O mês de dezembro apresenta-se como o período mais úmido. Por outro lado, o
mês mais seco é setembro.

7.3.4 Ruídos
Foi apresentado pelo empreendedor um relatório técnico com a finalidade de registrar os
níveis de ruído obtidos no levantamento acústico nas áreas externas das residências
situadas nas áreas de influência direta e indireta do empreendimento.

A a valiação dos níveis de ruído foi realizada conforme normas técnicas ABNT –
Associação Brasileira de Normas Técnicas e CETESB – Companhia de Tecnologia de
Saneamento Ambiental.

Em cada ponto avaliado foi tirada uma série de leituras em período diurno de acordo com
o estabelecido na legislação.
O nível de ruído máximo permitido de acordo com a Legislação Estadual Lei 10.100 de
17/01/90 é de 70 dB(A) em horário diurno e de 60 dB(A) em horário noturno, contudo o
estudo afirma que a referida legislação não cita restrição de áreas como a de sítios e
fazendas. Assim, os limites utilizados neste laudo seguiram as normas técnicas da ABNT
– NBR 10.151 citada e que definem os limites 40 dB(A) para o horário diurno e 35 dB(A)

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para o horário noturno. O estudo preconiza que o nível de ruído não deve ser superior a
10 dB(A) acima do ruído de fundo existente no local, sem tráfego.

Foram avaliados os níveis de ruído ambiente nas áreas externas das residências
localizadas próximo ao ponto de instalação do empreendimento

O relatório apresentado afirma que pelos níveis de pressão sonora obtidos as residências
estã relativamente afastadas em relação ao empreendimento, a maioria dos ruídos
gerados e do tipo contínuo e está dentro dos limites estabelecidos pela legislação.

7.3.5 Qualidade do Ar
O empreendimento a ser implantado é em área rural, cerca 20 km de distância em linha
reta do centro de Almenara. Não existem nas vizinhanças da área do PGA qualquer tipo
de atividade de mineração. Pesquisas realizadas na região informam que ocorreram no
passado somente pequenos garimpos. Também inexiste qualquer tipo de industria de
transformação que apresente emissões atmosféricas a partir de chaminés. As emissões
atmosféricas na área são basicamente material particulado oriundos do trânsito de
pessoas, animais ou dos veículos automotores que transitam nas vias vicinais para o
transporte de escolares, no transporte de gado e mais recentemente, daqueles envolvidos
nas operações de pesquisa mineral do empreendimento.

O monitoramento de poeira em suspensão foi realizado para verificação da qualidade do


ar de uma região ou local de amostragem com os padrões e normatização prescrita pelos
órgãos ambientais.
A a valiação foi definida para um ponto central do empreendimento que estaria próximo
das futuras instalações da mineração e da usina de beneficiamento, pois posteriormente
este será o ponto locado para monitoramentos futuros.

De acordo com Resolução Conama 03/90 e Deliberação Normativa 01/81 do COPAM o


empreendedor comprovou que os resultados obtidos estão abaixo dos limites
estabelecidos e a Qualidade do Ar é considerada Boa, pois o limite da legislação é de 240
µg/m3 e o valor obtido é de 21,42 µg/m3
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O monitoramento da poeira em suspensão foi realizado com a utilização de um


amostrador de grandes volumes - Hivol e foi realizado por período de amostragem de 24
hs, conforme NBR 9547 da ABNT – Material Particulado em Suspensão no Ar Ambiente.

7.3 Caracterização da Bacia Hidrográfica e Disponibilidade Hídrica


O empreendimento em questão será instalado no município de Almenara, em parte da
bacia hidrográfica estadual do Córrego São Domingos, onde se localizam sua nascente e
seus pequenos tributários. Conforme figura a seguir, esse córrego é afluente da margem
esquerda do Rio Panela que integra a sub-bacia do Rio Jequitinhonha, ainda em território
mineiro. O município de Almenara está inserido na Unidade de Planejamento da Bacia do
Rio Jequitinhonha (JQ3), cujo órgão deliberativo, normativo e consultivo é o Comitê de
Bacia Hidrográfica (CBH) dos Afluentes Mineiros do Médio e Baixo Rio Jequitinhonha,
instituído pelo Decreto n° 44.955 de 19/11/2008.

Inserção geográfica do município de Almenara no contexto do CBH da Unidade de


Planejamento JQ3. Fonte: EIA.
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A partir de sua nascente, o Córrego São Domingos segue no sentido leste-oeste até sua
confluência com o Rio Panela, após percorrer cerca de 8,5 km, que toma a direção norte-
sul até desaguar no Rio Jequitinhonha. A bacia desse córrego possui aproximadamente
área de drenagem de 20 km2, extensão de 8,5 km, largura de 4 km e perímetro de 19,5
km. Tanto sua nascente, localizada na cota 650m, quanto sua foz, na cota 200m (Rio
Panela), encontram-se localizadas integralmente no município de Almenara. A AD A do
empreendimento, considerada no EIA, abrangerá 70% da área de drenagem do Córrego
São Domingos, ou seja, 14 km2, com extensão de cerca de 5 km (ver figura a seguir). Os
cursos d’água superficiais presentes na ADA são classificados em perenes, intermitentes
ou efêmeros.

8 Descrição dos Impactos sobre o Meio Biótico


A análise dos impactos ambientais apresentados foi referente à implantação e operação
das áreas de frentes de lavra, das pilhas do depósito controlado de estéril, barragens de
rejeito, vias de acesso internas e para a usina de beneficiamento.

8.1.1 Flora
Os estudos da flora local realizados na área de influência do empreendimento contribuem
para o conhecimento da diversidade, ocorrência, distribuição das espécies, ecologia e
identificação dos trechos de vegetação mais importantes do ponto de vista ambiental, e
fornecendo informações extremamente úteis para a mitigação dos impactos causados
pelo projeto.
Essas informações serão úteis para o direcionamento das ações de conservação e
manejo da biodiversidade na área do empreendimento, além de influenciar positivamente
o processo de escolha das alternativas locacionais de suas estruturas físicas.

Os efeitos das atividades de implantação do PGA incidirão diretamente sobre as


fitosionomias de remanescentes florestais da floresta estacional semidecidual do Bioma
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Mata Atlântica nos estágios de regeneração inicial a avançado, em terrenos invadidos


pela samambaia-das-taperas, de campos de pastagem plantada e nativa e sobre matas
de galeria. Das espécies da flora ressalta-se que poderá ocorrer a perda de exemplares
de braúna (Melanoxylon b rauna) incluída na lista de espécies da flora ameaçada
(MENDONÇA & LINS, 2000), e de ipês amarelos (Tab ebuia sp.) protegidos por Lei
Estadual e encontrados nas AID do empreendimento. Essas formações funcionam como
refúgio para a fauna associada.
Os efeitos esperados na ADA das estruturas do PGA serão a supressão da vegetação em
terrenos degradados e invadidos pela samambaia-das-taperas (Pteridium aquilinuum)
com palmeiras (Athalea sp.) e diversos indivíduos arbóreos (frente de lavra 01 e parte do
depósito de estéreis), por extensões da floresta estacional semidecidual nos estágios
inicial, intermediário e avançado de regeneração (usina de beneficiamento, parte do
depósito de estéreis e Frentes de Lavra 02 e 03), de matas ciliar e de galeria (barramento
de rejeitos) resultando na perda de biodiversidade.
Haverá também a perda de áreas de campo de pastagem nativa e plantada, e de floresta
estacional em estágios inicial e intermediário de regeneração para a abertura e
alargamento das vias internas destinadas ao trânsito de veículos entre a usina de
beneficiamento, as cavas e pilhas do depósito de estéreis.
A supressão da cobertura florestal, que para as espécies animais silvícolas representa
fonte de alimento, local de abrigo e nidificação causará afugentamento de espécies
silvícolas da ADA para AE. Pelos fatores supracitados a supressão vegetal pode
comprometer a interconectividade dos remanescentes florestais e acarretar a perda de
indivíduos e populações de algumas espécies de aves.
Uma vez que os impactos sobre a vegetação caracterizam-se pela sua supressão e
remoção, para a fase de operação do empreendimento repetem-se as mesmas condições
já descritas para a fase de implantação e abertura da mina.
Fragmentação, diminuição da biodiversidade e variabilidade genética na área de Floresta
Estacional Semidecidual.
A supressão de vegetação nativa resultará na diminuição da diversidade biológica por
meio da redução de populações, da produção e dispersão de propágulos e da
conseqüente redução da cobertura florestal no contexto de inserção do empreendimento.
Essa perda de biodiversidade inclui a diminuição da variabilidade genética nas áreas de
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influência direta, pois a perda de matrizes florestais implica em erosão genética da


população. Como florestas tropicais têm alta diversidade genética em suas meta
populações e por tratar-se de ambiente antropizado, a perda deve ser menos relevante.
A retirada dos fragmentos florestais existentes para a operação do empreendimento
causará prejuízo na resiliência do sistema como um todo, sendo, portanto, um impacto
negativo sobre a biodiversidade, o qual será percebido durante a fase de operação, dado
que é nesse período que as interações e fluxos ecológicos estarão restringidos pela
retirada dos elementos vegetais suprimidos do contexto local.
Enfim, os principais impactos causados pela instalação do PGA será a perda de
elementos florísticos devido à supressão de vegetação, podendo resultar na perda de
espécies da flora e fauna a ela associados, bem como se excluir a capacidade de
determinadas espécies voltar a povoar a região por falta de adaptação ao novo ambiente
criado.

8.1.2 Fauna

Fase de Implantação

Redução e perda de habitats e biodiversidade para a fauna, efeito de borda e


fragmentação de populações
A supressão de vegetação na ADA implicará na perda de conectividade dos
remanescentes florestais como também na redução de habitats para as espécies da
Fauna, principalmente para aquelas dependentes de ambientes florestais e exigentes de
condições ambientais, como também a redução/diminuição das fontes de alimento. Deve-
se levar em conta que para o grupo da Herpetofauna, considerando que são animais com
baixa capacidade de dispersão e associados a ambientes de vale e corpos d’água,
podendo ocorrer perdas de indivíduos e conseqüentemente de biodiversidade local.

Afugentamento e Aumento do Índice de Atropelamento e Morte da Fauna Silvestre


Para a implantação do empreendimento haverá maior fluxo de trânsito veículos e
máquinas e de pessoas que conseqüentemente aumentará os ruídos durante a fase de

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implantação, causando afugentamento da fauna local, assim como o atropelamento de


animais silvestres que estejam evadindo da área ou mesmo forrageando.

Incremento na Competição e Alterações das Comunidades da fauna no Entorno


Com a retirada da supressão da cobertura vegetal que resultará na perda de habitats e no
afugentamento da fauna silvestre para fragmentos vizinhos semelhantes àqueles de
origem, aumentando a competição intra e interespecífica, causando um desequilíbrio nas
comunidades.

Aumento da caça e captura oportunista de animais silvestres


Com o aumento do fluxo de pessoas poderá intensificar as atividades de caça predatória
e a captura de aves para criação doméstica ou para o comércio ilegal, pois na região já
ocorre este tipo de atividades.

Exclusão de áreas de parada para aves migratórias


Segundo apresentado nos estudos há registros de 26 espécies de aves migratórias e com
a supressão da vegetação ocorrerão alterações nos ambientes de brejo diminuindo as
áreas aptas para o pouso dessas aves de hábito migratório.

Comunidades aquáticas
Com o carreamento de materiais particulados sólidos poderá ocasionar o assoreamento
da sub-bacia do córrego São Domingos e do rio Panela e interferir nas comunidades da
ictiofauna, fitoplanctônica e zoobentônica, provocando alteração, redução ou a provável
eliminação dessas comunidades, pois as mesmas dependem diretamente dos ambientes
aquáticos para sua manutenção ecológica e sobrevivência, sendo mais drásticas para
aquelas comunidades que dependem de condições lóticas para sobreviver, as quais
serão modificadas para condições lênticas quando da formação do reservatório da
barragem de rejeitos.

Os efeitos da implantação do empreendimento são considerados como fatores


significativos sob o ponto de vista de conservação da biodiversidade local por atingirem
áreas que embora tenham sido anteriormente alteradas, possuem também áreas de
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vegetação nativa de grande significância e consideradas como de alta diversidade para


fauna em geral, ressaltando que tais impactos ocorrerão de forma em etapas, sendo mais
incisivos na fase de implantação da usina, frentes de lavra, acessos e barragens de
rejeito, quando ocorrerão mudanças significativas no ambiente, e atuarão também
durante o período de operação do empreendimento.

Fase de Operação
Com a operação do empreendimento haverá aumento do risco de atropelamento de
indivíduos, principalmente de espécies de anfíbios e répteis nas vias de tráfego, como
também aumento de ruídos provocados pelas atividades de desmonte e transporte do
minério de grafita, que resultará no estresse e afugentamento da fauna para áreas
vi zinhas causando desequilíbrio das áreas impactadas, onde as espécies mais sensíveis
poderão ter suas populações diminuídas e até mesmo extintas e as populações das
espécies generalistas e oportunistas aumentada.

Impactos previstos sobre a ictiofauna na fase de construção do barramento


Aumentará o carreamento de sólidos para o córrego São Domingos em função da
implantação das estruturas para construção da barragem, aumentando o assoreamento
no curso d’água, causando a diminuição da diversidade e abundância das espécies de
peixes, devido à redução dos habitats disponíveis.
Deverá ser considerado também, possível contaminação da água por óleos e graxas,
substâncias geradas nas oficinas de manutenção, abastecimento e lubrificação dos
equipamentos mecânicos, durante a construção do barramento.

Quando o córrego São Domingos for desviado para a construção da barragem ocorrerá o
aprisionamento de peixes em poços que serão formados em função da mudança da
direção natural do curso d’água, sendo necessário o resgate de peixes nestes locais.

Na fase de enchimento do reservatório


Durante o enchimento do reservatório, ocorrerá à diminuição da vazão do córrego São

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Domingos no trecho a jusante da barragem, acarretando a formação de poços ao longo


do curso d’água, tendo a possibilidade do aprisionamento de exemplares de peixes
nestes locais, sendo necessário também o resgate destes indivíduos.

Na fase de operação do empreendimento


Após a implantação da barragem, ocorrerá alteração neste trecho do córrego São
Domingos e tributários, devido à alteração do ambiente lótico em lêntico, pois com a
diminuição da diversidade de habitats, perde- se em diversidade de espécies. Está
previsto também para esta fase, a jusante do barramento um trecho de 300 metros onde
não será restituído à vazão residual, ficando desta forma “seco”, pois será construído um
canal extravasador aclopado ao eixo do barramento, por onde será restituída a vazão
residual.

8.3 Impactos sobre o Meio Físico


Os impactos relativos a empreendimentos minerários e industriais se refletem em
alterações do relevo, supressão de vegetação nativa, geração de particulado, ruídos,
vibrações e contaminação dos recursos hídricos.

Foram apresentados no EIA, e em suas posteriores informações complementares, os


impactos ambientais sobre o meio físico, inerentes às atividades do empreendimento,
durante as fases de planejamento, implantação, operação e desativação, sem considerar
a adoção de medidas mitigadoras.

Na fase de planejamento do empreendimento os impactos sobre o meio físico foram


resultantes basicamente de pequenas intervenções físicas como aberturas de buracos
para sondagens. Os impactos mais significativos serão observados nas fases de
implantação e de operação do empreendimento. Na implantação, serão inerentes das
obras de instalação das estruturas previstas, sendo necessários, por exemplo, cortes e
aterros do terreno e desvio do Córrego São Domingos. Durante a operação os impactos
serão advindos das atividades a serem realizadas no empreendimento, que gerarão
efluentes líquidos e resíduos sólidos. Também nesta fase, ocorrerá o enchimento do
reservatório do barramento de rejeitos da concentração mecânica que ocasionará
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diversos impactos, assim como as atividades de desativação do empreendimento. A


seguir são descritos os impactos ambientais sobre os principais componentes do meio
físico.

Fase de implantação: consiste na abertura das vias de acesso internas, preparação das
áreas destinadas ás frentes de lavra, implantação da unidade de beneficiamento,
instalação dos corpos dos barramentos de rejeitos e dos depósitos controlados de
estéreis

8.3.1 Atmosféricos e Sonoros


Impacto relacionado às obras de instalação da usina de beneficiamento, à abertura e
preparação operacional das cavas ( pré-stripping) e à circulação de veículos
pesados.Salienta-se que este último item poderá resultar na maior emissão de SO2 e
material particulado. Como o empreendimento será instalado em uma região rural e terá
estruturas locadas em áreas de cotas altimétricas alternadas essa emissão poderá ser
expressiva e terá um agravante que é a dispersão causada pela ação dos ventos,
principalmente durante a abertura da frentes de lavra e das estradas internas de acesso
às cavas, pilha de estéril e usina de beneficiamento, quando se espera uma maior
freqüência de tráfego no local.

O trafego de veículos leves e pesados de freqüência moderada também serão fontes


potenciais de geração de poeiras e de imissão de ruídos, podendo atingir as áreas
lindeiras ao empreendimento transportados pelos ventos.

A qualidade do ar no local antes de qualquer atividade do empreendimento foi


considerada como boa de acordo com monitoramento realizado pelo empreendedor.
Durante a implantação do empreendimento espera-se o comprometimento dessa
qualidade como resultado do maior fluxo de veículos pesados circulando pelas estradas
de acesso.

8.3.2 Geológicos , Ge omorfológicos e Edáficos

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Impacto que ocorre praticamente a todas as lavras desenvolvidas “a céu aberto”. A


alteração do relevo se dará pela à remoção e alterações dos solos superficiais para
exposição e exploração da camada mineralizada ou da rocha. Nas áreas das cavas este
processo de decapeamento do solo ocorrerá de maneira intensa para a completa
exposição da camada mineralizada. Na construção das estruturas será realizado
escavações para a confecção da fundação dos corpos dos barramentos , das pilhas de
estéreis, da usina de beneficiamento e de algumas estradas estrada internas onde
porventura existe alguma alteração de traçado. O solo orgânico superficial
necessáriamente deverá ser removido.pois não poderá ser utilizado como suporte para as
obras citadas anteriormente. Alterações da topografia também serão decorrentes da
abertura e alargamento de acessos e das cavas, na construção das pilhas de estéreis, na
instalação usina de beneficiamento e dos pátios de operação, edificações e apoio,
atividades de cortes no terreno, com aterros e terraplenagens, com a exposição,
movimentação e a inversão dos horizontes dos solos, aumentando o risco a erosões. As
intervenções no terreno deixarão expostas as camadas inferiores dos solos (na região
são constituídos de Argissolos e Cambissolos) que, desprovidos de sua estrutura e
vegetação original, além de apresentarem-se mais estéreis permitirão que a ação direta
das chuvas incida sobre as áreas alteradas, podendo ocasionar processos erosivos e
seus seus efeitos associados, tais como: a perda de solo e o assoreando das drenagens
e das várzeas da calha do córrego São Domingos.
A compactação do solo ocorrerá devido às necessidade de projeto geotécnico para as
obras de construção das estruturas necessárias para o funcionamento do
empreendimento e sua demanda referente ao tráfego de veículos, depósito de rejeitos e
estéreis.
Outros impactos estarão relacionados ao risco de derrame de combustíveis, óleos e
graxas e espalhamento de lixo no solo e pelas estradas.

Fase de operação : Na fase de operação do empreendimento considerando a capacidade


de lavra apresentada no estudo, os impactos estarão associados principalmente às
modificações do relevo local devido a ampliação das cavas operacionais, na construção
do depósito controlado de estéreis, do corpo dos barramentos de rejeito e da utilização
dos recursos hídricos pela usina de beneficiamento
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8.3.3 Atmosféricos e Sonoros


As operações de desmonte do minério de grafita serão feitas com a utilização de
máquinas (tratores e escavadeiras hidráulicas) cujo transporte do minério extraído será
feito por meio de caminhões fora de estrada nos acessos internos, que gerarão material
particulado, gases e ruídos e que poderão ser dispersos para a área de entorno (AE) e
para fora da ADA pelo vento. Tal potencialidade é intensificada de acordo com o período
do ano, sendo mais evidente nos meses secos. A disposição de estéril é também uma
atividade com potencial de emissão de poeiras na ADA e AE, que ocorre basicamente,
quando o estéril, composto por material fino, é lançado em ponta de aterro. Por outro lado
a planta industrial será uma fonte potencial de geração de material particulado e gases
para a atmosfera na AE em decorrência da utilização de GLP como combustível das
caldeiras para aquecimento da polpa para o tratamento químico.

8.3.4 Geológicos , Geomorfológicos e edáficos


Assim como na fase de implantação, os efeitos da operação da mina sobre os solos serão
em decorrência do decapeamento dos solos (Argissolos e Cambissolos) existentes sobre
as camadas mineralizadas ocasionando forte alteração na sua configuração topográfica
por ocorrer em uma região de relevo movimentado.
É de se esperar alterações que resultem no desenvolvimento de processos de erosão
acelerada (escorregamentos, ravinamentos, assoreamentos, etc.) e levam à instabilidade
dos meios geodinâmicos, intensificando a ação dos processos erosivos, promovendo
grandes alterações na paisagem natural e comprometendo a estabilidade das formas de
relevo atuais. Esses efeitos são esperados principalmente nos períodos de chuvas
quando poderá haver o carreamento de sedimentos para o fundo dos vales e ao córrego
São Domingos.
As alterações sobre os solos e relevo incidirão sobre uma área de aproximadamente 75
ha para a formação das três cavas, mais 50 ha a serem ocupados pelas pilhas de estéril,
30 ha da planta industrial e 115 ha dos barramentos de rejeitos, até o ano de desativação
do empreendimento, resultando em locais de inversão de relevo através do
aprofundamento de cavas projetadas, dos aterros das pilhas de estéreis, abertura de
estradas e acessos e enchimento dos barramentos. Com o desmonte das camadas
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mineralizadas e a formação das bancadas da mina, ocorrerá uma alteração significativa e


definitiva na fisionomia e no relevo local, com a geração de linhas retas e uniformes,
alterando a textura e a cor do solo, rompendo com a harmonia da paisagem rural. É uma
forma de impacto relacionado ao empobrecimento cênico local.

8.3.5 Recursos Hídricos


Como anteriormente mencionado, o trecho da bacia hidrográfica do Córrego São
Domingos, compreendido pela ADA do empreendimento, possui boa qualidade físico-
química da água e dispõe de água suficiente para atender à demanda hídrica atual. No
entanto, esse cenário poderá ser alterado devido ao aumento da pressão sobre os
recursos hídricos, podendo ocorrer sua contaminação e/ou degradação, resultante das
diversas atividades a serem executadas pelo empreendimento. Abaixo são descritos de
forma geral os impactos sobre a qualidade e quantidade de água dos recursos hídricos,
sem a previsão da implementação de medidas mitigadoras.

Em todas as fases do empreendimento haverá revolvimento do solo, com possível


geração de processos erosivos, que poderá carrear sólidos para o leito dos cursos
d’água, aumentando sua turbidez e/ou causando seu assoreamento, comprometendo a
qualidade e quantidade das águas superficiais, assim como das águas subterrâneas,
caso esse revolvimento venha a atingir o nível do lençol freático. Poderá haver a
diminuição da atividade fotossintética, em virtude da menor entrada de luz;
comprometimento dos mecanismos de alimentação de organismos aquáticos através do
entupimento do aparelho filtrador e maior dificuldade nas atividades de predação; e
desestruturação das comunidades bentônicas através do soterramento de organismos.

Durante as fases de implantação, operação e desativação, haverá uma diminuição na


quantidade de água do Córrego São Domingos, devido às captações pretendidas para
suprir a demanda hídrica do empreendimento. A quantidade de água também poderá ser
alterada mediante o soterramento de nascentes, que influenciaria ainda na qualidade das
águas. Poderá ocorrer contaminação e/ou degradação das águas superficiais e
subterrâneas devido ao lançamento de efluentes líquidos (industriais e sanitários) sem
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tratamento e à disposição inadequada de resíduos sólidos (perigosos e não-perigosos),


originados das atividades previstas no empreendimento. Isso poderá acarretar, por
exemplo, no aumento do nível de carga orgânica e dos teores de nutrientes (fósforo e
nitrogênio). A elevação da carga orgânica acarretará em um aumento do consumo de
oxigênio, podendo levar a condições de baixa oxigenação, principalmente nas épocas de
menor vazão dos cursos d’água. O baixo teor de oxigênio interferirá diretamente na
qualidade da água. Na fase de operação as águas também poderão ser lançadas ao meio
ambiente com baixo pH (águas ácidas), já que no processo de beneficiamento da
concentração química são utilizados os ácidos sulfúrico e fluorídrico. Outras fontes de
impactos sobre a qualidade da água são os óleos e graxas provenientes dos
equipamentos e veículos utilizados pelo empreendimento, e o lançamento de efluentes do
beneficiamento da concentração mecânica na barragem de rejeitos, pois durante o
processo são utilizados óleo de pinho ou flotanol, querosene, metassilicato de sódio,
sulfato de alumínio e cal virgem. Essas substâncias podem ter efeito tóxico para os
organismos aquáticos dependendo de suas concentrações.

Na implantação também existirão os impactos sobre o Córrego São Domingos referentes


ao seu desvio, que se dará por bombeamento da água para jusante, modificando todo o
regime hídrico e a qualidade e/ou quantidade de água. Um trecho de 700m desse córrego
permanecerá seco no período de implantação do barramento.

Durante a operação do empreendimento, outra atividade que irá influenciar na qualidade


da água será o enchimento do reservatório (do barramento de rejeitos da concentração
mecânica) com a transformação do ambiente de lótico para lêntico ou semi-lêntico no
Córrego São Domingos e em um dos seus tributários, o que poderá provocar efeitos
negativos sobre a ictiofauna. Com a formação do reservatório, uma nova dinâmica fluvial
deverá ser estabelecida e, conseqüentemente, haverá uma mudança nas características
físico-químicas da água, nas dinâmicas de circulação e sedimentação, e nas
comunidades aquáticas que deverão passar por um processo de reestruturação, com a
perda de certas espécies e colonização de espécies mais aptas a sobreviverem no novo
ambiente.

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Informa-se que todas as áreas de cavas (1, 2 e 3) encontram-se próximas à cursos


d’água, sendo informado pelo empreendedor que não haverá intervenção direta nos
mesmos, mas talvez em suas Áreas de Preservação Permanente (APP’s). Como já
informado, não é de interesse da empresa o contato com a água devido a possível
formação de drenagem ácida. Quanto ao depósito controlado de estéreis 1, pretende-se
implantá-lo sobre um afluente do Córrego São Domingos, o que pode levar ao surgimento
de impactos sobre a qualidade e quantidade de água. Os impactos sobre a qualidade
também podem ocorrer em épocas de cheias de um tributário do Córrego São Domingos,
próximo ao depósito controlado de estéreis 2.

Enfim, informa-se que foi prevista a mitigação dos impactos sobre os recursos hídricos
através da execução das medidas propostas sob a forma de projetos e/ou programas.

8.3.6 Resíduos Sólidos e Efluentes Líquidos


Durante a implantação e operação do empreendimento serão gerados resíduos sólidos e
efluentes sanitários, conforme estimativas abaixo retiradas do EIA:

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9 Medidas Mitigadoras
Tomando-se por base os impactos anteriormente identificados, o empreendedor propõe a
adoção de um conjunto de medidas voltadas para mitigar, compensar, potencializar e/ou
monitorar os impactos possivelmente gerados pela implantação do PGA, em suas
diversas instâncias e fases. Sendo assim, as propostas almejam, sobretudo, estabelecer
a integração entre o empreendimento e os sistemas ambientais nos quais se inserem,
bem como às características socioeconômicas locais e regionais vigentes.

9.1 Medidas Mitigadoras para o Meio Biótico


Os programas de monitoramento apresentados para meio biótico, ao final de cada
campanha deverão ser apresentados relatório parcial e no final de cada monitoramento
proposto apresentar relatório conclusivo e caso seja necessário apresentar medidas de
conservação das espécies. Como forma a mitigar os impactos, foram propostos pelo
empreendedor os programas descritos abaixo:

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9.1.1 Flora
O Empreendedor propõe a execução de Programas que podem minimizar os efeitos
sobre o meio biótico:

Programa de Limpeza da Área do Barramento de Rejeitos da Concentração Mecânica


Projeto de limpeza das áreas de barramento: visa à remoção do material lenhoso
presente na área dos barramentos uma vez, que além de sua decomposição (sob
inundação) liberará ácido húmico e outros que afetam a bióta aquática, a destinação
econômica evita-se novos desmatamentos para atender a demandas de consumidores de
produto e subproduto florestais.

Programa de Revegetação e Enriquecimento Florestal


Os principais objetivos deste Programa são:
Recompor a cobertura vegetal que será suprimida em conseqüência da formação do
reservatório e apoio às obras, bem como, parte daquela que foi removida anteriormente
pela ocupação antrópica na futura Área de Preservação Permanente do reservatório;
Propiciar o enriquecimento da vegetação ciliar que não será atingida pelo
empreendimento e que estão inseridas na Área de Preservação Permanente;
Contribuir para a conservação da fauna regional por meio do enriquecimento ou
recomposição da vegetação natural formando corredores naturais para migração de
espécies da fauna.

Programa de Supressão da Vegetação da Área de Implantação do Empreendimento


O corte limitado ao local de implantação da estrutura, ou pequena margem de segurança,
irá reduzir a área desmatada ao estritamente necessário, de modo a serem evitados
cortes arbustivos.

Plano de Recuperação de Áreas Degradadas


Durante a operação do PGA será conduzida a reabilitação gradual das áreas lavradas, na
medida em que os trabalhos de extração do minério das bancadas superiores das cavas
sejam finalizados. Diversos procedimentos serão incorporados sequencialmente na rotina
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de operação da lavra, o que contribuirá para diminuir ou minimizar os impactos


decorrentes do empreendimento, além de abreviar a revegetação de áreas ociosas.

Programa de Resgate de Flora


Tem o objetivo de proteger o patrimônio genético presentes na vegetação a ser suprimida
e também contribuir para o enriquecimento das áreas que se fizerem necessárias.
Na fase I – iniciaram os estudos ambientais como levantamento florístico e sinalização de
aspectos envolvidos nas alternativas locacionais.

Nos estudos florísticos realizou-se a identificação das espécies vegetais dentro do Bioma
Mata Atlântica, ao nível local.

Na fase II – Medidas como separação do solo orgânico de modo que este seja reutilizado
oportunamente na reabilitação ambiental das áreas mineradas, de acordo com o PRAD.
Nesta fase serão, também, executados programas ambientais relativos a implantação do
empreendimento visando a minimização, mitigação e compensação ambiental dos
impactos relacionados a esta fase do projeto.

Programa de Supressão da Vegetação na Área de Implantação do Empreendimento,


tendo como objetivos principais neste programa:
Estabelecer critérios para a retirada da vegetação arbórea e arbustiva presentes na ADA
do Projeto de Grafita de Almenara (PGA);
Executar o subprograma de limpeza da área do barramento de rejeitos da concentração
mecânica e da barragem(s) de saneamento;
Definir o destino da material lenhoso

A vegetação remanescente na Área de Interferência Minerária será alvo de futuras


intervenções ambientais, o que não garantiria a manutenção da biodiversidade nesta
área. Para tanto se tem trabalhado na proposta de Reserva Legal e compensações
ambientais para a garantia da manutenção da biodiversidade.

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Desenvolver Programa de Resgate da Flora - A supressão da vegetação traz como


consequência a redução da diversidade da flora e fauna, pois há significativa redução de
habitats. Para minimizar os impactos negativos que serão provocados na vegetação
nativa existente na área do empreendimento, propõe-se um programa de resgate de flora
(coleta de propágulos) enfatizando as espécies incluídas nas listas de espécies
ameaçadas de extinção e/ou imunes de corte, que se apresentem em estado reprodutivo
(sementes e/ou frutos), com objetivo de proteger o patrimônio genético presentes na
vegetação a ser suprimida e também contribuir para a Revegetação e Enriquecimento
Florestal das áreas que se fizerem necessárias.

Na fase III – O período de operação está previsto para ocorrer em 15,2 anos, sendo que
as cavas após este período passam pela recomposição conforme PRAD.

Na fase IV – Coincide com a fase final da execução do PRAD, fechamento das frentes de
lavra exaurida e a desmobilização da usina, sendo que nesta fase serão executados os
programas sócios ambientais relativos ao uso futuro das áreas.

9.1.2 Fauna
Programa de Resgate da Fauna tem como objetivo realizar ações de resgate e
salvamento da fauna silvestre local, antes e durante a supressão da vegetação nativa em
todas as áreas de intervenção, realizando captura do maior número possível de animais,
cuja atividade será coordenada e supervisionada por biólogos especializados.
Serão instaladas também armadilhas cinco dias antes do início dos trabalhos de
desmatamento na tentativa de resgatar o maior número possível de animais, que serão
distribuídos nas áreas do entorno.
Para o resgate/reintrodução das espécies da Fauna deverão seguir as diretrizes da IN
IBAMA n° 146/2007, conforme Condicionante.

Programa de Monitoramento da Fauna Terrestre possui como objetivos realizar o


monitoramento da fauna silvestre local, através de estudos quantitativos e qualitativos,
procurando identificar as alterações e verificar a permanência de populações da fauna e
também das espécies com algum grau de ameaça, nas áreas de cobertura florestal que
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será suprimida e em fragmentos remanescentes do entorno, fornecendo subsídios para


uma melhor avaliação, adequação e preservação das espécies de ocorrência da área e
propor ações de preservação das mesmas.
São previstos cinco anos de monitoramento, sendo dois na fase de implantação e três na
fase de operação do empreendimento. Em cada ano serão realizadas duas campanhas
de estudos por grupo faunístico, através da aplicação de metodologias específicas para
cada grupo, abrangendo as estações chuvosa e seca perfazendo um total de oito
campanhas e o esforço amostral de cada campanha será de, no mínimo, seis dias. A
primeira campanha deverá ocorrer na estação chuvosa, conforme descrito no referido
programa e antes do início da supressão da vegetação, para que seja possível um
comparativo anterior e posterior à intervenção, conforme Condicionante. Após cada
campanha semestral será entregue um relatório parcial, referente aos dados obtidos
naquela etapa e ao término da última etapa será entregue um relatório final conclusivo
totalizando quatro relatórios.

Os animais coletados serão incorporados à coleção do Museu de Zoologia da UFMG ou


da PUC em Belo Horizonte.

É importante destacar que todas as atividades de captura e coleta prevista neste


monitoramento estão condicionadas à obtenção de licença do IBAMA para tal atividade,
conforme Condicionante.

Programa de Monitoramento da Avifauna tem como objetivo verificar a composição,


abundância e diversidade das comunidades de aves, principalmente daquelas incluídas
em diversos graus de ameaça, presentes nas áreas selecionadas para a soltura de
espécimes resgatados onde serão levantados dados importantes sobre a sobrevivência
dos indivíduos afugentados e possíveis alterações nas comunidades onde os mesmos
serão inseridos.

Programa de Monitoramento das Aves Ameaçadas de Extinção e Migratórias tem


como objetivos a complementação do inventário da avifauna na área de influência do
empreendimento, atentando para eventuais alterações nas espécies de aves ameaçadas
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de extinção e migratórias, acompanhamento da sucessão das espécies de aves na AI,


procurando verificar a situação de espécies indicadoras de qualidade ambiental, de
espécies que eventualmente poderão estabelecer-se devido à modificação do ambiente e
também de espécies que poderão desaparecer localmente, com proposição de ações que
mitiguem os danos causados as mesmas pela implantação e operação do
empreendimento e proposição de ações de conservação e preservação que aumentem a
qualidade ambiental, permitindo a manutenção das espécies de aves ameaçada de
extinção e migratórias na região do empreendimento.

Programa de Monitoramento da Herpetofauna tem como objetivo monitorar a fauna de


répteis e anfíbios na ADA e AID durante implantação e operação do empreendimento,
complementar o inventário da herpetofauna na área de influência do empreendimento,
com ênfase em espécies ameaçadas de extinção, endêmicas, raras, caso ocorram e
averiguação de eventuais alterações nas espécies de répteis e anfíbios silvestres durante
a implantação e operação do empreendimento e propor ações que mitiguem os danos
causados a algumas espécies pela implantação e operação do empreendimento.
Para o levantamento da herpetofauna estão propostas campanhas trimestrais durante o
período de obras, utilizando as metodologias de captura necessárias, como é proposto
também a realização de três campanhas visando à mitigação dos possíveis impactos, que
são:
Campanhas de segurança do trabalho que deverá ser direcionada uma campanha quanto
ao uso correto dos equipamentos de segurança a serem utilizados durante as obras,
visando assim à diminuição de acidentes com espécies peçonhentas.

Campanhas de levantamento de serpentes peçonhentas com realização de campanhas


trimestrais durante o período de obras, utilizando as metodologias de captura
necessárias, avaliando qualitativamente a alteração das espécies ocorrentes ao longo do
tempo, ou seja, a presença ou ausência das espécies já registradas e a possível
mudança na composição dessas comunidades.

Campanhas de Educação Ambiental sobre a importância da herpetofauna para a


população do entorno, também como forma de minimizar os possíveis acidentes
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ocasionados pelo encontro com espécies peçonhentas, além de promover a preservação


quanto à biodiversidade da herpetofauna.

Deve-se também inserir neste monitoramento a continuidade dos estudos da


Herpetofauna para que se possa chegar à confirmação ou não da ocorrência das
espécies constantes do inventário apresentado.

Programa de Monitoramento da Mastofauna tem como objetivo monitorar a fauna de


mamíferos silvestres na ADA e AID durante implantação e operação do empreendimento,
como complementação do inventário da mastofauna realizado na AI do empreendimento,
com ênfase em espécies ameaçadas de extinção, endêmicas, raras, avaliando eventuais
alterações nas espécies de mamíferos silvestres ocorrentes durante a implantação e
operação do empreendimento e propor ações que mitiguem os danos causados a
algumas espécies pela implantação e operação do empreendimento.

Serão utilizadas metodologias usuais para amostragem do grupo de mamíferos como


armadilhas de captura viva, busca ativa por evidências diretas e indiretas, armadilhas
fotográficas, redes de neblina e play back. Considerando a extensão das áreas, as
amostragens deverão ocorrer no período mínimo de 10 dias, sendo quatro campanhas
anuais durante a implantação e operação do empreendimento, sendo que a primeira
campanha deverá ser realizada antes do início da supressão da vegetação, conforme
Condicionante. Anteriormente aos inícios das atividades deverão ser obtidas as
autorizações/licenças do IBAMA necessárias para captura, coleta e transporte silvestre.

Foi identificada de acordo com os dados secundários levantados para a região, a


ocorrência do primata Cebus robustus em Almenara, cuja identificação correta seria
Cebus xanthosternos, espécie com status “Criticamente em Perigo” de extinção, com
registro também para a região da Reserva da Mata do Passarinho, segundo
questionamento da Biodiversitas, devendo neste monitoramento identificar qual espécie
ocorre na área do empreendimento, conforme Condicionante.

Programa de Monitoramento da Entomofauna


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Dentre os invertebrados, o grupo dos insetos apresenta uma enorme biodiversidade,


principalmente e são bons bioindicadores ambientais, por serem sensíveis a distúrbios
ocasionados em seus habitats, se fazendo necessário o monitoramento da entomofauna
do local visando manter a biodiversidade e minimizar os possíveis impactos causados
pela instalação do empreendimento.

O objetivo do programa é o levantamento da entomofauna a ser realizado na AI do


empreendimento, com ênfase em possíveis espécies bioindicadoras, ameaçadas de
extinção, interesse comercial e medicinal; monitorar a entomofauna na ADA e AID durante
a implantação do empreendimento e averiguação de eventuais alterações nas espécies
da entomofauna ocorrentes durante a implantação do empreendimento e propor ações
visando minimizar os possíveis impactos ocasionados pela instalação e operação do
empreendimento.

As campanhas de captura para realização do inventário serão realizadas em duas etapas,


estação chuvosa e estação seca, durante o período de implantação (antes do início das
atividades) e operação do empreendimento, pois, alguns grupos de insetos encontram-se
restritos a sazonalidade, com realização de coletas com armadilhas pitfall com e sem
atrativos para o período diurno, que são empregadas na captura de animais de solo,
conforme Condicionante.
As coletas deverão ser realizadas em unidades amostrais independentes, chamadas de
“estações” que serão instaladas abrangendo ao máximo a AI do empreendimento. Cada
estação consistirá de quatro recipientes de plástico, cada um com capacidade de 500 ml,
diâmetro de 10 cm e altura de 11 cm, os quais receberam uma cobertura de um prato
plástico com 20 cm de diâmetro, suspenso por peças de madeira com aproximadamente
15 cm, para impedir ou diminuir a entrada de água no período das chuvas. Esses deverão
ser enterrados com a borda ao nível do solo e com líquido conservante (solução de álcool
70% e formol 40%), aproximadamente 150 ml em cada recipiente. Os frascos serão
interligados por anteparos de metal com 100 cm de comprimento por 20 cm de altura,
com função de guiar os insetos até um dos potes que compõem a estação dispostos em
formato de Y.

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Para o período noturno deverão ser utilizadas armadilhas luminosas de sucção tipo CDC
utilizado para a coleta de insetos cuja atividade se dá no período noturno e em cada
ponto de coleta serão utilizadas 12 armadilhas por um período de 12 horas (18:00 às 6:00
horas).
Conforme informado anteriormente será realizada uma campanha antes de qualquer
intervenção do empreendimento e durante a implantação do empreendimento serão
realizadas campanhas de campo durante a estação chuvosa e seca, pois alguns grupos
de insetos enfatizando o Hypocephalus armatus (iaiá de cintura) encontram-se restritos a
sazonalidade.

Programa de Resgate da Ictiofauna tem como objetivo principal deste programa é


efetuar a captura dos peixes que ficarem aprisionados em depressões do leito (poças),
localizadas no trecho entre as ensecadeiras durante o desvio do curso d’água para
construção dos barramentos e a jusante do eixo dos mesmos (após o fechamento das
comportas) durante o período de enchimento do reservatório.
Os exemplares resgatados terão seus dados registrados e colocados em recipientes
plásticos com água e, posteriormente, as espécies deverão ser aclimatadas para soltura
em local com volume de água satisfatório à sua sobrevivência. As espécies exóticas,
exemplares mortos durante o resgate, espécies de identificação duvidosa e de interesse
para estudos da ictiofauna local deverão ser fixados e levados para laboratório para
posterior identificação taxonômica e obtenção de dados biométricos.

Programa de Monitoramento da Ictiofauna tem como objetivo principal caracterizar a


ictiofauna na AI do empreendimento, sendo que a partir dos dados obtidos, será possível
estabelecer padrões comparativos que servirão para mensurar possíveis alterações
causadas na composição da ictiofauna após a implantação e operação do
empreendimento, subsidiando medidas de conservação e manejo para os peixes da
região.
Os locais a serem amostrados serão os cursos d’água localizados na ADA e AI e serão
realizadas amostragens qualitativas com redes de arrasto, peneiras e tarrafas e
quantitativas através de redes de espera de tamanhos variados com campanhas de
monitoramento que serão realizadas, semestralmente, no período seco e no período
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chuvoso, contemplando o ciclo hidrológico completo, na fase de obras do


empreendimento e continuando por dois anos após o inicio de operação. Após este
período, será reavaliado o monitoramento, adequando o esforço amostral e frequência de
campanhas, caso seja necessário, em função dos dados obtidos nesses primeiros anos,
conforme Condicionante.

9.1.3 Meio Físico


Atmosféricos e Sonoros

Durante a fase de instalação , para os impactos relativos a Emissão de material


particulado e SO2 deverá ser implantado o Programa de Controle de efluentes
Atmosféricos ,aspersão de águas nas vias de circulação,manutenção preventiva e
corretiva nos equipamentos, sistema de filtragem para efluentes atmosféricos, sobretudo
durante a fase de operação do empreendimento. Também deverá ser implementado
ainda na fase de operação o Programa de Controle de Ruídos através de ações de
manutenção dos equipamentos e monitoramento freqüente dos pontos escolhidos.

9.2.2 Geológicos , Geomorfológicos e Edáficos

Durante a fase de instalação, para os impactos relativos a alteração dos usos dos solos
será implementado o Programa de Recuperação de Áreas Degradadas com ações
previstas tais como estocagem da camada superficial do solo para futura utilização na
reabilitação das áreas de cava e dos depósitos controlados de estéreis. Os
procedimentos para reabilitação consistirão na regularização topográfica das bancadas
finalizadas e do depósito de solo orgânico, na descompactação do solo onde houve o
trânsito de máquinas e veículos pesados. Já na fase de operação deverá ser
implementado também o Programa de Compensação Ambiental e ações tais como
continuidade da estocagem do solo orgânico para recuperação de áreas e do Programa
de Recuperação de Áreas Degradadas

Durante a fase de instalação, para os impactos relativos a alteração da topografia, relevo


e paisagem será implantado o Programa de Compensação Ambiental e além de ações
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tais como regularização das superfícies desvegetadas e relorestamento, além de


incrementar ações positivas sobre o ambiente na região em que o empreendimento será
inserido, como forma de também compensar os impactos que não poderão ser
minimizados ou mitigados durantes as fases de implantação e operação. Já na fase de
operação ações previstas tais como execução de barreiras arbóreas, revegetação da
superfície minerada e tratamento paisagístico da usina deverão além da continuidade das
ações previstas no Programa de Recuperação de Áreas Degradadas

Durante a fase de instalação, para os impactos relativos a ocorrência de processos


erosivos será implementado o Programa de Controle Geotécnico e de Erosão e ações tais
como implantação de sistema de drenagem superficial eficiente. Este Programa apresenta
as medidas de monitoramento geotécnico e eventual controle dos processos erosivos nas
áreas de influência direta do empreendimento, ou seja, durante as fases de implantação e
operação. O Programa de Controle Geotécnico e de Processos Erosivos, deverá enfocar
e corrigir as condições ambientais dos terrenos expostos, devido as alterações no relevo
e no sistema natural de drenagem. Essas ações, associadas à retirada da vegetação
protetora, à movimentação de solos e rochas, à extensão e características morfológicas e
geológicas das áreas impactadas, resultam em alterações nos processos do meio físico,
principalmente em locais sensíveis - processos estes que podem se manifestar em
erosões laminares e lineares intensas, assim como em instabilização de taludes. Para a
operação deverá ser dado continuidade do Programa de Controle Geotécnico e de
Erosão

9.2.3 Recursos Hídricos – Qualidade da Água


A seguir são descritas as medidas para mitigar, controlar e monitorar os impactos sobre
os recursos hídricos, algumas na forma de programas, planos e/ou procedimentos, os
quais serão detalhados na fase de LI.

A garantia da qualidade das águas do Córrego São Domingos durante seu desvio para
implantação da barragem de rejeitos da concentração mecânica se dará por meio de
instalação de dispositivos dissipadores de energia, após retorno das águas ao leito

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natural desse córrego. Quanto à disponibilidade hídrica a jusante, pretende-se bombear


toda a vazão do São Domingos.

Para mitigar os impactos dos depósitos controlados de estéreis sobre a qualidade e


quantidade de água estuda-se a implantação de estruturas hidráulicas (por exemplo,
dreno de fundo ou colchão drenante).

Programa de Controle Ge otécnico e de Processos Erosivos :


Este Programa apresenta as medidas de monitoramento geotécnico e eventual controle
dos processos erosivos nas áreas de influência direta do empreendimento, durante as
fases de implantação e operação (nas drenagens da microbacia do Córrego São
Domingos). O controle dos processos erosivos é fundamental para preservar a qualidade
e quantidade de águas na referida bacia.

Medidas de controle das águas pluviais :


O controle do carreamento de sedimentos será efetuado pela interceptação das águas
pluviais escoadas para as áreas de cavas, pátios de estocagem do minério bruto,
depósitos de solo orgânico, depósitos de estéreis, barragens de rejeitos e estradas de
acesso internas. Apenas as águas pluviais precipitadas diretamente sobre essas
estruturas deverão ter contato com as mesmas. As estruturas localizadas a montante da
barragem de rejeitos da concentração mecânica (áreas de cavas e depósito de estéreis 1)
terão drenagens direcionada para essa barragem. Esse controle deverá ser efetivado com
a instalação de canais gramados, canaletas, diques filtrantes, caixas ou bacias de
captação e retenção de sedimentos, entre outros dispositivos.

Medidas de controle de efluentes líquidos e resíduos sólidos:


Durante a implantação do empreendimento serão utilizados banheiros químicos. Os
efluentes líquidos sanitários deverão ser recolhidos periodicamente e destinados
corretamente. Já durante a operação, esses efluentes serão encaminhados para uma
Estação de Tratamento de Esgotos (ETE), a ser construída próxima à planta industrial.
Após o devido tratamento convencional, pretende-se lançados no reservatório da
barragem de rejeitos da concentração mecânica, permitindo assim sua depuração final.
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Quanto aos efluentes industriais, do beneficiamento da concentração mecânica, também


serão lançados nesse reservatório que será construído para esta finalidade, permitindo
um tempo de detenção necessário para a sedimentação dos materiais particulados e a
clarificação dos efluentes, antes de seu envio ao leito natural do Córrego São Domingos,
ou mesmo para o seu reaproveitamento no processo industrial. Os efluentes do
beneficiamento da concentração química serão neutralizados com cal virgem e filtrados
antes de seu lançamento ao barramento de rejeitos da concentração química. Os
efluentes oleosos deverão ser destinados a uma caixa separadora de água e óleo antes
de seu lançamento no ambiente. Os resíduos sólidos gerados (perigosos e não
perigosos) serão segregados e recolhidos diariamente em tambores próprios e
encaminhados para destinação adequada. Os resíduos orgânicos poderão ser separados
dos inorgânicos e ser compostado. Pretende-se implantar um Programa de Controle da
Geração de Efluentes Líquidos e Resíduos Sólidos referente à fase de implantação do
empreendimento, a ser estendido para a fase de operação, que visa minimizar a geração
de efluentes e resíduos de forma a preservar o ambiente de seus efeitos adversos. Esse
Programa irá contar com auxílio do Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos
implantado pela Magnesita em todas as unidades minero-industriais de sua
responsabilidade. O empreendimento também irá exigir de seus fornecedores e
colaborados a adoção dos Procedimentos de Gerenciamento de Efluentes Líquidos.

Programa e Plano de Monitoramento da Águas :


Foram informados dois estudos para o monitoramento das águas, um no EIA (“Programa
de Monitoramento da Qualidade das Águas”) e outro no estudo hidrogeológico
apresentado posteriormente (“Plano de Monitoramento”). Esses dois estudos deverão ser
agrupados e na fase de LI ser apresentado apenas um programa, como solicitado em
Condicionante. O programa deverá contemplar o monitoramento da qualidade e
quantidade das águas do Córrego São Domingos e seus afluentes, durante a implantação
e ao longo da operação do empreendimento. Foi solicitado nessa mesma condicionante
que o programa seja adequado ao plano contido no “Modelo Hidrogeológico
Computacional”, onde foi proposta a instalação de piezômetros, de dispositivos de
medições de vazões nos cursos d’água e de um pluviômetro, assim como a coleta

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periódica de amostras de água para análises físico-químicas, conforme rede de


amostragem proposta.

9.2.4 Resíduos Sólidos e Efluentes Líquidos


O Programa de Controle da Geração de Efluentes Líquidos e Resíduos Sólidos tem como
objetivo de estimular e viabilizar a organização e limpeza do empreendimento executando
os princípios de redução, reutilização e reciclagem dos resíduos sólidos gerados, assim
como também assegurar o correto manuseio, segregação e destino final dos mesmos.,
para isso o empreendedor contará com a implantação do Plano de Gerenciamento de
Resíduos Sólidos – PGRS.
Com relação aos efluentes líquidos industriais e sanitários e os efluentes atmosféricos a
serem gerados durante a implantação e na operação do PGA, a MAGNESITA
REFRATÁRIOS S/A e xigirá que todos os fornecedores e colaboradores sob sua
responsabilidade adotem os Procedimentos de Gerenciamento de Efluentes Líquidos e
Atmosféricos, conforme estabelecido pelas resoluções CONAMA nos. 357/05 e 397/08.
Desta forma deve ficar claro ao empreendedor que toda a geração de resíduos sólidos e
efluentes durante a instalação e operação do empreendimento será de responsabilidade
do empreendedor, bem como a implantação do Programa de Controle da Geração de
Efluentes Líquidos e Resíduos Sólidos.

9.2.5 Impactos e Medidas Mitigadoras para o Meio Socioeconômico

Área Diretamente Afetada - ADA:


Como se apresenta os proprietários atualmente? As negociações das terras e benfeitorias
entre empreendedor e proprietários da ADA se deram por meio do contrato de compra e
venda, não havendo, portanto reassentamento de famílias. Deste modo, quase todos os
proprietários que venderam as suas propriedades à Magnesita já adquiriram outras, de
acordo com informações de alguns proprietários em vistoria e do empreendedor. Segundo
eles, as pessoas que adquiriram novas propriedades estão satisfeitas e em condições
melhores que antes, embora tenham se separado da vizinhança. Para tanto, parte desses
proprietários, na tentativa de manter os laços de amizade e de afetividade se empenhou
em adquirir novas propriedades em lugares próximos uns dos outros, como é o caso de
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vários deles que se mudou para a comunidade denominada Paraguai, no mesmo


município.

Situação dos não-proprietários atualmente: No caso das famílias que possuem vínculo
com o Sr. Waldeck Bahia, de acordo com os estudos apresentados e informações
prestadas por este proprietário em vistoria, o mesmo deverá se responsabilizar e por fazer
pessoalmente a negociação com os outros residentes em sua propriedade. Caso isso não
ocorra, o empreendedor deverá tomar as devidas providências para realocação,
assistência e monitoramento dessas famílias assim como as outras que possuem vínculo
com os demais proprietários, no âmbito do Programa de Monitoramento Socioeconômico,
até que as mesmas estejam restabelecidas, conforme acordado em reunião ocorrida entre
os dias 09 a 11 de maio de 2012 entre consultoria, empreendedor e equipe técnica desta
SUPRAM.

No caso do Sr. Antônio, pai do proprietário Antônio Damasceno, de acordo com os


estudos apresentados, “parte do valor relativo à negociação amigável realizada entre o
empreendedor e o proprietário foi utilizada para compra de uma casa, construída em
alvenaria e em bom estado de conservação, localizada no centro urbano de Almenara.”

No caso do Sr. Luiz dos Santos, não há informação ainda sobre as medidas a serem
tomadas com relação ao seu dependente.

No caso da família que possui vínculo com a Sra. Maria Norma, de acordo com os
estudos apresentados verifica-se o seguinte: “como ainda não estão concluídas as
negociações entre empreendedor e proprietário, não há decisão sobre o destino da
família do funcionário residente. Tão logo seja tomada a decisão, igualmente, serão
detalhadas e acompanhadas no âmbito do Programa de Negociação de Terras e do
Programa de Monitoramento Socioeconômico.”

Parte de todas as famílias, tanto da categoria de proprietários quanto de não-


proprietários, ainda continua na área que será diretamente afetada, as quais devem ser
realocadas antes do início da implantação do empreendimento.
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Área de Entorno – AE
Poderá haver impactos relativos à turbidez e contaminação da água utilizada para
consumo humano e animal como também contaminação do solo e produção de odores,
gerando incômodos à população da AE, no trecho a jusante da Barragem de
Concentração Mecânica. Os efeitos da sua construção são considerados “um dos
impactos mais significativos do projeto.” Como informado nos estudos a “quase totalidade
dos casos” das captações de água a jusante do barramento é realizada “em nascentes
que alimentam cursos d’água menores, afluentes do São Domingos, e não diretamente no
leito deste córrego.” Foi apresentado de modo geral os usos da água a jusante e
informado pontos de captações das propriedades. Importante destacar a fazenda São
Domingos que se localiza a jusante da barragem de concentração mecânica, a qual
abriga a Escola Municipal Rural Zélia Gobira, sendo considerada o principal núcleo de
socialização da comunidade local. De acordo com os estudos, o ponto de captação de
água para consumo desta propriedade está inserido na ADA do empreendimento, mas
numa localização “na qual serão mantidas a disponibilidade (quantitativa) e a qualidade
da água consumida por estes usuários de jusante.” Ressalta-se que ainda que seja
considerada a manutenção da qualidade e disponibilidade de água necessária e, portanto
consumida pelos seus usuários, é dever do empreendedor dar assistência a esta
comunidade em caso de comprometimento deste recurso hídrico. A disponibilidade e
qualidade do recurso hídrico estão sendo previstas no âmbito do Programa de
Monitoramento da Qualidade das Águas.

- “A diminuição da disponibilidade de água para o abastecimento da população residente


na AE, bem como a possibilidade de perda da qualidade deste bem podem ser
consideradas como possível consequência da alteração fisiográfica do curso d’água.”

- Incômodos relativos ao trânsito de veículos no acesso conhecido como estrada de São


Domingos, principal acesso utilizado pelos moradores. Considera-se nos estudos como
baixo impacto por ser previsto apenas o trânsito de veículos leves; Este impacto está
sendo previsto no âmbito do Programa de Monitoramento Socioeconômico;

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- Poderá ocorrer risco de atropelamento de pessoas nas vias de acesso, sejam elas
funcionários ou moradores da área de entorno e do centro urbano do município Bem
como a redução do tempo de vida útil da cobertura pavimentada das vias urbanas; Este
impacto será mitigado junto ao Programa de Infra-estrutura Viária, Programa de
Segurança Viária e de Comunicação Social na elaboração do PCA. Haverá implantação
de redutores de velocidade, de sinalização e de aspersão de água nas vias.

- Alteração na qualidade do ar pela emissão de partículas atmosféricas e ruídos e


consequentemente a possibilidade do risco de comprometimento das condições de saúde
da população que reside às margens das vias de acesso e daqueles que fazem uso
constante das mesmas. De acordo com os estudos “será garantida aos usuários da via,
aspersão periódica da via de acordo com a sazonalidade: em períodos secos” a aspersão
ocorrerá com maior freqüência de que no período chuvoso.

Para a fase de LI deverá ser apresentado um Estudo Específico de Risco do Rompimento


da Barragem (DAM BREAK) juntamente com o Plano de Controle Ambiental conforme
previsto nos estudos apresentados no EIA/RIMA. No PC A o empreendedor deverá
apresentar ainda uma caracterização mais específica das propriedades da AE de acordo
com os levantamentos realizados neste estudo com o objetivo de elaboração de Plano de
Atendimento a Emergência.

Com relação à geração de emprego “Os impactos mais significativos detectados referem-
se à fase de operação do empreendimento quando serão gerados cerca de 200
empregos diretos.” “A obra de implantação da usina de beneficiamento e de preparo e
abertura da mina, construção dos barramentos de rejeito, estradas de acesso e
construção do depósito controlado de estéreis demandará entre 200 a 500 trabalhadores
e durará em média 2 anos.”

- Geração de uma maior arrecadação tributária por meio de impostos e taxas, tais como
ICMS (diretos e indiretos), entre outros, além de incrementar o comércio local e a
prestação de serviços nos diversos setores da economia. Aquecimento das atividades
econômicas.
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- Perda de arrecadação tributária na medida ante a perda de necessidade de mobilização


de fornecedores e de bens e serviços locais que servirão ao empreendimento de maneira
direta e/ou indireta ao longo da operação;

- Perda de receita maior na falta dos dividendos oriundos da CFEM e ICMS obtidos
diretamente da comercialização do minério explotado. Estes efeitos, embora irreversíveis,
precisam ser controlados de modo a garantir a autonomia da economia municipal e de
modo a não permitir a dependência desta à dinâmica da mineração.

- Acirramento de conflitos de convivência entre a população local e população externa ao


município; Para minimizar tal impacto propõe-se a contratação de mão-de-obra local
inserido no Programa de Valorização da Mão-de-Obra e de Desenvolvimento de
Fornecedores Locais;

- Aumento dos casos de gravidez precoce, aumento da prostituição infantil e adulta;


Ações de acompanhamento da evolução da população estrangeira e dos indicadores
sociais do município. Dentre outras medidas, deverá ser incluído no Programa de
Educação Ambiental, com ênfase aos trabalhadores, ações educativas para amenizar o
referido impacto conforme DN 110/2007.

- Aumento nos casos de problemas de segurança pública. Estão previstas ações de


acompanhamento da evolução da população estrangeira e dos indicadores sociais do
município.

- Comprometimento das condições de trafegabilidade no centro urbano de Almenara.


Estão previstas ações de controle do tráfego e das condições de trafegabilidade nas vias
públicas;

- Melhoria da qualidade de vida local e regional. Este impacto está sendo previsto junto ao
Programa de valoração da mão de obra local e Programa de Adequação da Infra-
estrutura Urbana.
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- Melhoria e desenvolvimento da região e melhoria na qualidade de vida da população.


Estão previstos Convênios com a Prefeitura Municipal de Almenara e geração de cursos
de profissionalização

- Aumento da qualificação profissional dos trabalhadores e consequente especialização


deste contingente em alguma atividade vinculada ao setor industrial, fato que os
credencia a melhores condições de concorrência por futuras oportunidades de trabalhos
em outros projetos industriais.

- Sobrecarga na oferta de serviços públicos básicos da infra-estrutura vinculados à saúde,


educação, cultura e lazer pública; Propõe-se nos estudos a construção de obras de infra-
estrutura própria, convênios com o hospital local, Batalhão da Polícia Militar Local e
Prefeitura Municipal como forma de amenizar tal impacto, no âmbito do Programa de
Adequação da Infra-estrutura Urbana. Dentre as ações propostas haverá
acompanhamento da evolução da população estrangeira e dos indicadores sociais do
município.

- Possibilidade de melhoria da infra-estrutura viária local e conseqüente oportunidade de


atração de novos investimentos para o município;

- Contratação e desmobilização de mão-de-obra; Estão previstas “gestões institucionais


junto à Prefeitura e demais entidades locais encarregadas de ações para geração de
trabalho, emprego e renda...” Conforme previsto “as ações promovidas para
desmobilização do pessoal e reinserção deste contingente no mercado, empreendidas
quando findadas a etapa de instalação, deverão ser novamente executadas quando do
momento de descomissionamento do projeto.” Programa de Desmobilização de Mão de
Obra e Programa de Comunicação Social.

- Alterações nas condições de vida da população em especial no tocante às famílias da


AD A e AE e alteração do cotidiano das famílias remanescentes.

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- Risco de assoreamento de corpos d'água existentes; risco de comprometimento da


qualidade e da quantidade de água disponível para consumo humano. Estão previstas
ações de monitoramento da qualidade e da quantidade de água.

- Desativação das propriedades da ADA e remoção de toda a população residente.


Questões que estão sendo tratadas no âmbito do Programa de Negociação de Terras.

- Alteração do uso da terra que passará da vocação agropecuária para a exploração


mineral e industrial e consequentemente interrupção do seu uso inicial. Interrupção de
atividades produtivas; Ocorrerá inutilização de áreas produtivas com potencial agrícola,
principalmente as já preparadas para o plantio; Está sendo realizada avaliação e
negociação de um valor justo a ser pago pelas terras; ações de acompanhamento da
rotina dos realocados no novo local de morada;

- Valorização das terras adquiridas pela empresa e daquelas circunvizinhas que estejam
com expectativa de ocorrência mineral e possibilidade de desvalorização daquelas terras
vi zinhas situadas fora das ocorrências geológicas em função da menor expectativa de
percepção da exploração de recursos minerais.

- Geração de expectativas; receio de piora nas condições de vida. Deverá ser mitigado
conforme proposto, através de ações de comunicação. Este impacto deverá ser
monitorado e mitigado também com ações inerentes ao Programa de Monitoramento
Socioeconômico.

- Perda de postos permanentes de trabalho; redução da arrecadação tributária; redução


na circulação de bens e serviços. Prevêem-se ações de valorização de fornecedores e da
mão de obra local com medidas de reinserção deste contingente no mercado de trabalho.

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Para os impactos acima referidos foram apresentados vários programas com objetivos
gerais, no sentido de mitigá-los e/ou compensá-los. Tais programas deverão ser
apresentados detalhadamente quando da formalização da LI.

9.2.6 Impactos para o Meio Cultural, Histórico e Arqueológico e medidas mitigadoras

Poderá haver intervenção nos sítios arqueológicos identificados na ADA. Portanto deverá
ser apresentado um Programa específico.

Foi apresentado o protocolo do Relatório Final do Diagnóstico Arqueológico Interventivo


na ADA e na AID junto ao IPHAN. Destaca-se que deverá ser apresentada, antes da fase
seguinte do licenciamento (LI) a aprovação pelo IPHAM do diagnóstico arqueológico para
tal intervenção, no qual o IPHAN considera satisfatório o Relatório Final do Diagnóstico
apresentado pelo empreendedor, conforme Portaria IPHAN 230/2002.

- Solicitou-se por meio de informação complementar, a apresentação do trecho de trânsito


pesado nas vias urbanas e o levantamento de eventuais estruturas/edificações do
Patrimônio Histórico e Cultural do município. Foi apresentado este trecho como a única
rota tecnicamente viável, assim como as estruturas e ou edificações. “Todavia esta rota
não incidirá em impactos sobre o patrimônio histórico e cultural de Almenara, identificado
ao longo da referida rota.” Importante destacar que as estruturas e ou edificações
apresentadas junto ao EIA/RIMA deverão ser monitoradas através de programa
específico. Está previsto nos estudos um Programa de Resgate dos sítios arqueológicos
identificados, o qual tem por objetivo: “proceder ao resgate dos sítios arqueológicos
identificados na ADA e obter um quadro regional que sirva de referência e
contextualização para os sítios existentes na área do empreendimento.”
Neste programa está previsto tipos diferentes de pesquisa para cada sítio arqueológico.

- Poderão ocorrer alterações nas relações socioculturais da Área de Influência (AI) do


empreendimento, em especial no tocante às famílias da ADA e AE, tanto pelo rompimento
dos laços comunitários, interrupção dos vínculos identitários com a região de origem, bem
como dos vínculos identitários daqueles moradores remanescentes e relações de
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vi zinhança quanto pela chegada de outras pessoas que prestarão quaisquer tipos de
serviço ao empreendimento a ser instalado. Perda de casas conquistadas pela luta social
da associação assim como, muitas benfeitorias de uso coletivo poderão ter seu padrão de
uso alterado, ocasionando o comprometimento das conquistas sociais da associação e
conseqüentemente possibilidade de enfraquecimento do potencial associativo da
população remanescente na AE. Estão previstas ações de acompanhamento da rotina
dos realocados no novo local de morada; ações de valorização e fortalecimento da
Associação Comunitária.

Os estudos apresentam números variáveis em relação a geração de empregos. Para a


fase de implantação demandará entre 200 a 500 trabalhadores sem especificar se são
diretos e indiretos, conforme página 124 do EIA. Para a fase de operação está previsto de
120 a 200 empregos diretos e 400 indiretos.

Na página 14 do RIMA apresenta-se a seguinte tabela:

10 Compensação Ambiental

Pela classificação do empreendimento como causador de significativo impacto ambiental,


caracterizada está à incidência da compensação ambiental, prevista na Lei Federal nº.
9.985, de 18 de julho de 2000, portanto, caso a licença seja concedida, competirá à
Gerência de Compensação Ambiental do IEF a fi xação da compensação ambiental do
referido empreendimento, conforme Condicionante.

11 Discussão

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O principal objetivo deste empreendimento visa o licenciamento ambiental referente à


implantação de uma unidade industrial de mineração e beneficiamento de produtos de
grafite, o qual solicitou junto a SUPRAM Jequitinhonha a presente Licença Prévia.

Após análise dos estudos apresentados, da documentação anexada ao processo de LP,


da Audiência Pública realizada e vistoria ao local do empreendimento, conclui-se que os
impactos ambientais gerados serão minimizados ou compensados, ressalvando os itens
apresentados nas condicionantes listadas no corpo deste parecer, conforme Anexo I.

12 Conclusão:
A equipe interdisciplinar opina pelo DEFERIMENTO do presente processo de Licença
Prévia (LP) do empreendimento Magnesita Refratários S.A, que se situará no Município
de Almenara, desde que atendidas as recomendações técnicas descritas no corpo deste
parecer assim como as condicionantes listadas no Anexo I.

As considerações descritas nesse parecer foram fundamentadas nas características do


empreendimento e suas implicações, nos impactos ambientais previstos e nas
proposições de medidas mitigadoras de acordo com os aspectos físicos, bióticos e
socioeconômicos, verificando-se a pertinência e suficiência dos mesmos.

Cabe ressaltar que a Superintendência Regional de Meio Ambiente e Desenvolvimento


Sustentável do Jequitinhonha, não possui responsabilidade técnica sobre os projetos do
sistema de controle ambiental liberados para implantação, sendo a execução, operação e
comprovação de eficiência destes de inteira responsabilidade da própria empresa e/ou
seu responsável técnico.

Ressalta-se ainda que a Licença Ambiental em apreço não dispensa nem substitui a
obtenção, pelo requerente, de outras licenças legalmente exigíveis. Opina-se que a
observação acima conste do certificado de licenciamento a ser emitido.

13 Parecer Conclusivo

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Favorável: ( ) Não ( X ) Sim

14 Validade da licença
04 (quatro) anos

15 Equipe Interdisciplinar - SUPRAM J EQ


Analista Ambiental: Assinatura / Carimbo:
Caroline Priscila Fan Rocha
Analista Ambiental Assinatura / Carimbo:
Cristiani Alves Costa

Analista Ambiental Assinatura / Carimbo:


Giovani Al ves de Moura
Analista Ambiental Assinatura / Carimbo:
Marcelo Jeber de Lacerda

Analista Ambiental Assinatura / Carimbo:


Daniele Mathias

Analista Ambiental Assinatura / Carimbo:


Alessandra Serrano

Gestora do Processo: Assinatura / Carimbo:


Gleides Morais de Oliveira

Ciente : Assinatura / Carimbo:


Diretora técnica:
Michelly Balbino de Abreu
Ciente : Assinatura / Carimbo:
Diretor de Controle Processual:
Wesley Alexandre de Paula

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Anexo I

Condicionantes:
Empreendimento: CNPJ / CPF:
Magnesita Refratários S/A 08.684.547/0001-65
Empreendimento (Nome Fantasia) Inscrição Estadual:
Magnesita Refratários S.A -
Município:
Almenara - MG
Ati vidade predominante:
Lavra a céu aberto com tratamento a úmido – minerais não metálicos, exceto em áreas
cársticas ou rochas ornamentais e de revestimento (Grafita)
Código da DN e Parâmetro
A-02-08-9 (produção bruta: 1.300.000 t/ano)
Porte do Empreendimento Potencial Poluidor

Pequeno ( ) Médio ( ) Grande ( X ) Pequeno ( ) Médio ( ) Grande ( X )

Classe do Empreendimento
I( ) II ( ) III ( ) IV ( ) V( ) VI ( X )
Fase Atual do Empreendimento
LP ( X ) LI ( ) LO ( ) LOC ( ) Revalidação ( ) Ampliação ( )

Item Descrição das Condicionantes Prazo (*)

Contemplar nos programas apresentados para monitoramento da Durante a


01 Fauna a realização de amostragens na AE do empreendimento vigência da
suprindo desta forma o desequilíbrio do esforço amostral para os licença
grupos da Avifauna, Mastofauna e Herpetofauna
Dar continuidade ao inventariamento da mastofauna e herpetofauna Durante a
02 através do monitoramento proposto, para identificação/confirmação vigência da
das espécies identificados somente a nível genérico, ocorrentes na licença

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área em estudo caso seja necessário propor medidas de


conservação/preservação das espécies
Durante a
Confirmar a ocorrência ou não na área do empreendimento do primata
03 vigência da
Cebus robustus e Cebus xanthosternos,
licença
Durante a
Realizar o inventário da Entomofauna e, caso seja necessário, propor
04 vigência da
medidas mitigadoras durante as fases do empreendimento.
LP
Na
Apresentar relatório das atividades (monitoramentos previstos para o Formalização
05
meio biótico). da LI

Durante a
Apresentar anualmente relatórios parciais e conclusivos de todas as
06 vigência da
campanhas realizadas para os grupos faunísticos.
licença
No prazo
Protocolar perante a Gerência de Compensação Ambiental do IEF, máximo de
processo de compensação ambiental, conforme procedimentos, 30 dias
07 contados do
estipulados pela Portaria IEF Nº: 55, de 23 de abril de 2012. recebimento
da LP.

Realizar monitoramento proposto no Programa de Qualidade da Água, Antes do


08 visando os parâmetros de análise estabelecidos pela Resolução início das
CONAMA 357/05. obras
Formalizar processos de Outorga para as intervenções em recursos Na
09 hídricos, contemplando as travessias (estruturas hidráulicas) a serem formalização
implantadas ou reformadas. da LI
Apresentar medição prévia dos níveis das águas subterrâneas nos Na
10 pontos de amostragem propostos pelo estudo “Modelo Hidrogeológico formalização
Computacional”. da LI
Reapresentar o estudo “Modelo Hidrogeológico Computacional”, após Formalização
11
nova calibração com a inserção dos dados a serem obtidos das da LI

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medições dos níveis das águas subterrâneas.


Apresentar novas análises físico-químicas e biológicas das águas
superficiais nos períodos seco e chuvoso. A coleta das amostras
deverá ser realizada nos pontos de amostragem propostos pelo estudo
“Modelo Hidrogeológico Computacional”. Os parâmetros a serem Formalização
12
analisados devem ser os mesmos já apresentados, com inclusão dos da LI
parâmetros físico-químicos listados no modelo hidrogeológico e do
seguinte parâmetro biológico: coliformes termotolerantes ou
Escherichia coli.
Apresentar análise técnica conclusiva referente às análises físico- Na
13 químicas e biológicas a serem realizadas, informando a metodologia formalização
de análise. da LI
Apresentar um Programa de Monitoramento Qualitativo e Quantitativo
das Águas Superficiais e Subterrâneas, para ser aplicado durante as Na
14 fases de implantação e operação do empreendimento. Esse programa formalização
deverá contemplar as duas propostas apresentadas (no EIA e no da LI
estudo hidrogeológico).
Deverá ser apresentado documento de aquisição das propriedades
Formalização
15 restantes da ADA
da LI.

Deverá ser contemplado junto ao Programa de Negociação de Terras


e ao Programa de Monitoramento Socioeconômico comprovação de
Formalização
16 restabelecimento, realocação, assistência e monitoramento das
da LI.
famílias que possuem vínculo com os proprietários da ADA.

Com base no Estudo Específico de Risco do Rompimento da


Barragem (DAM BREAK), deverá ser apresentada a área de extensão
Formalização
17 do dano ambiental, em caso de rompimento da barragem, e a
da LI.
argumentação sobre a definição da área a ser caracterizada.

18 Apresentar aprovação pelo IPHAN do Relatório do Diagnóstico 90 dias após

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Arqueológico protocolado na Superintendência do IPHAN em a concessão


08/03/2012 sob o Nº 01514.001864/2012 -63. da LP.

Na
Informar o quantitativo de trabalhadores permanentes e temporários,
19 Formalização
próprios e terceirizados para todas as fases do empreendimento.
da LI.
Apresentar o projeto básico, descrição dos impactos e medidas 60 dias após
20 mitigadoras para a atividade listada no FCE com o código CN-10-01-4 a concessão
de acordo com a DN 74/04 (Usina de Produção de Concreto Comum) da LP.
Apresentar um plano emergencial para prevenção de possível
alteração na qualidade/quantidade de água a jusante, causada por
Na
pane nos conjuntos de bombeamento ou incremento de va zão afluente
21 Formalização
causado por precipitações extremas não previstas no período de
da LI.
operação do sistema proposto, quando na etapa de desvio do Córrego
São Domingos, na construção do Barramento de Concentração
Apresentar um relatório que enumere os pontos passíveis e existentes
de processos erosivos nos trechos em que for necessário relocar as Na
22 estradas vicinais, conforme preconiza o estudo apresentado pelo Formalização
empreendedor. da LI.

Definir a destinação do material lenhoso considerando a proposta de Na


23 doação a Entidades que ensinam a crianças carentes o ofício de formalização
carpintaria e/ou da ONG - Comissão Pró Meio Ambiente; da LI
Na
Apresentar detalhamento do Programa de Plantio de Enriquecimento,
24 formalização
privilegiando espécies de corte restrito ou protegido por lei;
da LI
Na
25 Apresentar detalhamento do Programa de Resgate da Flora; formalização
da LI
Apresentar no Inventário Florestal os resultados do produto lenhoso, Na
26
conforme tabela de produtos e subprodutos constantes na tabela do formalização

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IEF. da LI
Apresentar detalhamento do Programa de Supressão de Vegetação Na
27 formalização
da LI

(*) Contados a partir da notificação do empreendedor da concessão da Licença.

OBS: “Eventuais pedidos de alteração nos prazos de cumprimento das


condicionantes estabelecidas no Anexo único deste parecer poderão ser resolvidos
junto à própria SUPRAM, mediante análise técnica e jurídica, desde que não alterem
o mérito/conteúdo das condicionantes”.

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