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BARBOSA, Maria Teresa; et. al. Patologias de Edifícios Históricos Tombados. Estudo de Caso – Cine
Teatro Central. Arquitextos, São Paulo, ano 11, n. 128.05, Vitruvius, jan. 2011
<http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/11.128/3720>.

Fig.
1-
1. Introdução
Cine
Teatro
CentralO termo Patrimônio Cultural pode ser entendido como o conjunto de bens de interesse para a memória
em do Brasil e de suas correntes culturais formadoras, abrangendo os patrimônios: arquitetônico, artístico,
Juiz
de bibliográfico, científico, histórico, museológico, paisagístico, entre outros. Dentro deste contexto,
Fora. engloba as representações, as expressões, os conhecimentos, as técnicas e também os instrumentos,
Foto os objetos, os artefatos e os lugares que a eles estão associados; as comunidades, os grupos e, em
autores
alguns casos, indivíduos que se reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural, e está
associado a construção e a acumulação de bens e à sua permanência, no tempo e no espaço, portanto, à
História e à sua continuidade e trajetória. São os testemunhos da história e da cultura, produzidos pelos
grupos sociais, que permitem conhecer o modo de vida de pessoas que viveram em outras épocas e
lugares, em situações diferentes das nossas. Tudo isto nos conscientiza de que fazemos parte de um todo
maior, que continua nos dias de hoje e se estenderá para o futuro (1).

Se a ocorrência de problemas patológicos é grande nos edifícios atuais, é bem maior nos antigos, como
no caso do Cine Teatro Central (vide figuras 1 e 2), que constitui uma das principais atrações turísticas da
cidade de Juiz de Fora (Minas Gerais – Brasil). A caracterização da sua estrutura é o principal objetivo,
sendo também importante o conhecimento da sua história, projeto e intervenções, a partir de dados
coletados e depoimentos de pessoas envolvidas, direta ou indiretamente, em concepção e realização (2).

Fig.
2 Deve-se, portanto, levantar dados suficientes buscando detectar o envolvimento das autoridades no
Foto
autoresque se refere à preservação e restauração para se evitar a destruição do patrimônio arquitetônico e o
rompimento da consciência histórica.

A edificação se encontra com a fachada frontal direcionada para Praça João Pessoa e os fundos para
Rua Barão São João Nepomuceno; as laterais encontram-se as galerias Ali Halfeld e Azarias Vilela.
Possui os serviços: água, luz, telefone, rede de esgotos e águas pluviais, rede viária pavimentada e coleta
de lixo.

Sua estrutura é constituída, basicamente, em alvenaria de tijolo maciço com elementos de pórticos em
concreto armado. A laje principal é reforçada com estrutura metálica, devido a sua pequena espessura.
Constata-se a presença de marquises e platibandas em todo o seu perímetro; o telhado é constituído de
duas águas em telha cerâmica, tipo francesa, apoiada sobre uma estrutura mista composta por: madeira
(caibros e ripas) e aço (tesoura); entre a telha e a ripa há uma película impermeável para promover a
prevenção contra possíveis vazamentos.

O teatro pode ser subdividido em duas partes: a área técnica e área de acesso público. A área técnica é
constituída por 4 (quatro) pavimentos, sendo o primeiro, o subsolo, composto por: área de serviço, 2
(dois) banheiros, 2 (dois) depósitos, caixa d’água, 1 (uma) entrada de serviço e um fosso destinado a uso
de orquestra. O segundo pavimento encontra-se o palco, 2 (dois) camarins e área de circulação. O
terceiro
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finalmente, o quartoMDT
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de orquestra. O segundo pavimento encontra-se o palco, 2 (dois) camarins e área de circulação. O
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terceiro, contempla 2 (dois) camarins, sala da antiga projeção e área de circulação e, finalmente, o quarto
pavimento, além da sacada há o urdimento.

A área de acesso ao público é composta por 3 (três) pavimentos e o sótão. No primeiro verifica-se a
existência do Foyer, de 2 (duas) bilheterias, de 2 (dois) halls de acesso às escadas, de 4 (quatro)
escadas, da plateia, do hall da plateia, de 2 (dois) balcões laterais, de 9 (nove) banheiros e de 3 (três)
depósitos. O segundo pavimento é constituído pela área para camarotes, 2 (dois) camarotes especiais,
balcão nobre, hall, 4 (quatro) banheiros e 2 (duas) escadas com hall. O terceiro apresenta além da área
da galeria, sala de projeção, 5 (cinco) banheiros, 2 (dois) halls de acesso às escadas e 1 (uma) escada de
acesso ao sótão e, finalmente, ao nível do sótão há uma sacada.

2. Metodologia

O programa foi dividido em cinco etapas. Considerando as mesmas de forma sucinta, tem-se: pesquisa
bibliográfica; estudo de manutenção de imóveis históricos tombados; estudo de casos: análise, inspeção
preliminar, detecção da necessidade de intervenção; análise das condições de manutenção de bens
públicos tombados (análise histórica do edifício, levantamento fotográfico das patologias encontradas,
seleção da estratégia a adotar, levantamento e diagnóstico) e, finalmente, uma sistemática de proposta
para recebimento dos serviços a serem desenvolvidos.

Este trabalho pretende atingir resultados que possam contribuir para se estimar, com maior consistência,
os efeitos produzidos pela má conservação dos patrimônios antigos e bens tombados bem como, das
consequências dos maus tratos com relação à conservação dos mesmos, o que poderá proporcionar, no
futuro, restaurações, recuperações e revitalizações mais precisas.

3. Avaliação e diagnóstico das patologias da edificação

3.1. Vistoria nas fachadas da edificação

A área externa do teatro reflete a aparência e a beleza do patrimônio histórico – Cine Teatro Central,
necessitando de observações nas questões podem vir a contribuir para a degradação e o
comprometimento da vida útil da edificação. Neste sentido, constatam-se algumas anomalias que deverão
ser sanadas a fim de restaurar/ recuperar e garantir o perfeito funcionamento dos elementos construtivos
da edificação.

3.1.1. Fissuras na união parede - piso externo

Constatou-se a presença de fissuras na união parede/pavimento externo (calçamento) em praticamente


toda a extensão do teatro, principalmente nas regiões localizadas nas galerias; essas são oriundas de
movimentações higrotérmicas entre componentes distintos, conforme ilustrado na Figura 3. Deve-se
considerar inclusive, o declive inadequado do pavimento que propicia o acúmulo de água nessas regiões,
bem como o desenvolvimento de fungos e bolores e favorece o acesso da água para o interior da
edificação.

Fig.
3
3.1.2. Recalque no piso do passeio na fachada frontal
Foto
autores
Observou-se, conforme ilustrado na Figura 4, um recalque próximo à escada de acesso a entrada
principal do teatro, oriundo, provavelmente, de vazamentos na rede de capitação e/ou distribuição de
água pluvial e/ou esgoto da cidade. Verifica-se a ocorrência, sem sucesso, de intervenções a fim de sanar

tal2transtorno.
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tal transtorno.

Fig.
4
3.1.3. Fissuras por atuação de sobrecarga nas aberturas de janelas
Foto
autores
Observa-se o aparecimento de fissuras, com inclinação de cerca de 450, no canto das aberturas de
janelas e basculantes geradas pela falta e/ou deficiência de vergas e contra-vergas, oriundo de erros no
processo construtivo da edificação, vide Figura 5. Salienta-se que esta patologia possibilita a percolação
de água e, posterior deterioração da argamassa de revestimento, bem como dos materiais constituintes
devido às movimentações higroscópicas.

Fig.
5
3.1.4. Degradação da marquise, sobre muros e guarda-corpo das fachadas da edificação 
Foto
autores
Constatou-se o desenvolvimento de bolor e fungos, bem como o desprendimento do emboço nas
extremidades das marquises devido à inexistência de pingadeira, vide Figura 6. Tal fato foi observado em
toda a extensão da fachada da edificação.

Fig.
6 A presença de umidade constante no guarda corpo e nos muros das fachadas propiciam o
Foto
autoresdesenvolvimento de microorganismos (fungos e bolores) resultando na degradação da pinturae da
argamassa de revestimento, comprometendo, assim a vida útil dos materiais, conforme ilustrado na
Figura 7.

Fig.
7
3.1.5. Fissuras nas paredes externas
Foto
autores
Constata-se a presença de fissuras na parede da varanda frontal, exposta, diariamente a variação de
temperatura, vide Figura 8. Verifica-se que é oriunda da má execução dos serviços de reparo efetuados
que desrespeitaram os procedimentos necessários a serem adotados quando da união entre materiais
distintos, ocasionando tensões e resultando na ruptura, ou seja, fissura.

Fig.
8
3.1.6. Telhas quebradas e/ou empenadas no telhado
Foto
autores
Recentemente ocorreu uma reforma no telhado, sendo assim, constata-se que sua estrutura está
adequada, porém nota-se a ocorrência de telhas quebradas e/ou empenadas que poderão ocasionar o
aparecimento de vazamentos que serão minimizados pelo sistema de impermeabilização existente entre
as telhas e as ripas, vide Figura 9.

Fig.
9
3.1.7. Infiltração oriunda do sistema de impermeabilização (marquise e sacada frontal)
Foto
autores
A Figura 10 apresenta as imagens do teto da laje situada na entrada principal do teatro, onde
constata-se diversos pontos com presença de umidade (infiltração de água), oriundos do vazamento do
sistema de impermeabilização utilizada na marquise (manta), bem como a deficiência no funcionamento
dos ralos, que se encontram, muitas vezes, entupidos.

Fig.
10
3.2. Vistoria na parte interna da edificação
Foto
autores

A área
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beleza do 06:41:29PM MDT
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A área interna, assim como a externa do Cine Teatro Central, reflete a aparência e a beleza do
patrimônio histórico, necessitando de uma atenção especial nas questões que podem contribuir para a
degradação e o comprometimento da vida útil da edificação. Neste sentido, observa-se algumas
anomalias que deverão ser sanadas a fim de restaurar/ recuperar e garantir o perfeito funcionamento dos
elementos construtivos da edificação. A seguir são apresentadas as patologias identificadas com suas
respectivas medidas corretivas

3.2.1. Conservação dos pisos

Por meio de uma análise visual constataram-se diversas patologias nos pisos da edificação, a saber:

Ladrilhos hidráulicos: observou-se a existência de ladrilhos quebrados e/ou com elevado índice
de desgaste superficial e/ou deteriorados pela ação das intempéries. Deve-se considerar, inclusive,
a presença de fissuras e o descolamento de algumas peças, que sofreram reformas com o emprego
de cimento queimado, muitas vezes, de coloração e textura diferenciadas, evidenciando a
deficiência no controle tecnológico na execução deste serviço; vide Figura 11.
Piso queimado das plateias: o piso de cimento liso, queimado (vermelhão), apresenta-se com
pontos de deterioração com o aparecimento de fissuras e elevado desgaste.
Pisos vinílico: os pisos de PVC, existente nos camarins e na bilheteria apresentam-se
desgastados e deteriorados.
Pisos cerâmicos: os pisos cerâmicos utilizados nos banheiros dos camarins e dos Funcionários
apresentam-se deteriorados, trincados e manchados com vida útil comprometida pelo uso e falta de
manutenção.Deve-se considerar inclusive que os azulejos utilizados nos banheiros dos camarins,
das plateias, dos servidores e das bilheterias apresentaram algumas patologias, sendo as principais:
deficiência no material de rejunte, descolamento de placas de azulejo, danos oriundos dos serviços
de manutenção de rede hidráulica, trincas devido à atuação de sobrecargas (falta de contraverga).

Fig.
11
3.2.3. Conservação das pinturas e revestimentos das paredes
Foto
autores
As paredes da edificação merecem muita atenção ao se propor qualquer alteração, uma vez que, a
maioria, está incluída no tombamento do patrimônio histórico. As principais patologias identificadas e suas
medidas de correção são listadas a seguir.

Fissuras devido a falta de verga e contraverga: as fissuras devido à falta contra-vergas,


conforme se observa na Figura 5, é um exemplo de patologia presente em cerca de 80% das
paredes nas regiões próximas as janelas, basculantes e portas(vergas) da edificação. Tal fato é
oriundo da atuação de sobrecargas, ocasionando a entrada de água (umidade) e a deterioração.
“Cantos vivos” danificados: verifica-se vários “cantos vivos” (quinas) quebrados nas paredes do
teatro, vide Figura 12, bem como no detalhe artísticos existente no palco, que comprometem o
sistema de pintura. Essas patologias são geradas pelo atrito e impactos de equipamentos e
utensílios utilizados nas apresentações realizadas.
Umidade ascensional: vários locais na edificação, no primeiro pavimento, apresentam patologias
ocasionadas por umidade ascensional, conforme de observa na Figura 13. Esta corresponde a um
foco de umidade na parte inferior de paredes com descolamento/estufamento da
pintura/revestimento causando deterioração da mesma.
Inclinação inadequada dos peitoris das janelas: as janelas, em praticamente sua totalidade,
apresentaram peitoris com inclinação para região interna da edificação. Como não existe pingadeira
tem-se o retorno da água de chuva e consequentemente a deterioração da argamassa de
revestimento e da pintura, vide Figura 14.

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Reparos mal executados: o teatro tem sofrido pequenas intervenções (reparos), contudo a sua
efetivação necessita de cuidados, conforme ilustrado na Figura 15. Ressalta-se, nesses casos,
principalmente as pinturas da parede devido a sua importância histórica.
Patologias de umidade causados por vazamentos nas calhas de esgotamento pluvial do telhado:
observou-se, nas regiões superiores do teatro, a presença de manchas de umidade oriundas,
possivelmente, de vazamentos da tubulação de captação de água do telhado. A Figura 16 apresenta
o detalhe de um dos cantos superiores do teatro. Pode-se observar que os vazamentos estão
deteriorando a pintura e ocasionando a formação de microrganismos (fungos).

Fig.Fig.
Fig.Fig.Fig.
12 13
14 15 16
3.2.6. Recalque da região frontal do palco
Foto
Foto
Foto
FotoFoto
autores
autores
autores
autores
autores
Verificou-se que a parte frontal do palco apresenta 2 cm de desnível em relação ao piso de
cimento situado em região posterior. Percebe-se riscos aos artistas e aos operadores. A Figura 17 mostra
os detalhes deste desnível no palco.

Fig.
17
3.2.7. Conservação das portas
Foto
autores
As portas encontram-se desgastadas, com presença de umidade e cupins, partes quebradas, falta de
fechaduras e/ou dobradiças.

Nas portas de vários cômodos é possível verificar as más condições das fechaduras, trincos e dobradiças.
Algumas portas da edificação detectam-se a presença de cupins (60%) danificando a sua estrutura e
estética.

3.2.8 – Conservação das Janelas

Durante a vistoria diagnosticou várias patologias nas janelas da edificação. A maioria oriunda da ação do
intemperismo e da falta de manutenção, destacando-se: janelas apodrecidas oriunda da presença de
umidade, regiões danificadas devido a falta de serviços de manutenção, janelas com vidros quebrados
e/ou desuniformes com os modelos existentes no teatro.

4. Sistemática de produção e recebimento da obra

As fases de planejamento e projeto dizem respeito à previsão da edificação, portanto, as decisões


tomadas nessas fases são aquelas que influenciam diretamente na qualidade do ambiente construído.
Salienta-se que o planejamento é um instrumento de integração entre a concepção e a produção,
enquanto que o projeto é o instrumento que viabiliza a produção do empreendimento, concretizando a
concepção (3).

No que se refere ao projeto, constata-se que se for efetuado inadequadamente ocorrerá o surgimento de
falhas, na relação com: o planejamento, a determinação de fabricantes e fornecedores de materiais, além
de graves problemas na execução dos serviços, refletindo para os usuários e para a etapa de operação e
manutenção.

Dentre deste contexto, verifica-se que a etapa de projeto está configurada como o fluxo de atividades de
decisões que caracterizam por momentos fundamentais, como: análises dos vínculos e objetos do projeto,
elaboração de hipóteses de soluções, determinação de soluções e a verificação da correspondência das
mesmas com os objetivos propostos. Essa verificação é uma condição necessária e suficiente para um
bom projeto, controlando e validando a garantia de qualidade de um projeto de construção.
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A fase preliminar de um projeto consiste em definir os vínculos e os objetos do mesmo, conhecida


também, por instruções. O responsável pode ser o contratante com a ajuda de construtores e projetistas,
para que se definir os objetivos iniciais da qualidade em termos de funcionalidade e ambiente ou então,
mais genericamente, tecnológica. Nesta fase, são definidos todos os objetivos, tanto técnicos quanto
econômicos e, como será possível alcança-los em função dos recursos disponíveis.

Na fase seguinte, denominada projeto funcional, são definidas as características morfológicas e


dimensionais dos espaços e dos elementos a fim de se satisfazer as exigências dos usuários,
terminando-a com a identificação dos defeitos que devem ser estudados nas fases seguintes.

A fase de definições das tecnológicas de uma edificação, considerando a durabilidade de um edifício e


suas partes, poderá ser denominada por projeto tecnológico. Esta, também, e uma fase prescritiva onde
se define os elementos técnicos que garantam as condições de funcionalidade, habitabilidade e conforto
dos ambientes. E, finalmente, efetua-se o controle da durabilidade do projeto, que resulta em soluções
técnicas, em definições dimensionais, materiais e construtivas, da partes que constituem cada elemento
da edificação.

O quadro 1 apresenta alguns fatores que podem ser gerados nas diferentes fases do projeto. O controle
da durabilidade de uma solução poderá ser analisado através da “análise do mecanismo de falhas”,
podendo ser realizado concomitantemente com o comportamento dos materiais, através de ensaios
diretos e indiretos, podendo ser obtida por:

Determinação dos elementos técnicos e instalações que constituem o sistema tecnológico do


edifício;
Determinação dos agentes degradantes, aos quais aos materiais estão sujeitos;
Estabelecimento de uma correlação entre as alterações dos materiais e a modificação
geométrica e funcional dos elementos;
Determinação da gravidade da falha e sua estimativa quantitativa e qualitativamente.

Um exemplo ilustrativo da proposta apresentada está descrito no Quadro 2, no que se refere à confecção
de argamassas. Estes requisitos fundamentais devem garantir a garantia da qualidade e durabilidade das
mesmas. Salienta-se que para o controle da durabilidade a solução proposta deve determinar os possíveis
erros patológicos mediante uma análise dos mecanismos de falhas.

Conhecer as principais propriedades das argamassas no estado fresco (p. ex.: trabalhabilidade, retenção
da água), que resultam nas propriedades do estado endurecido (p.ex.: capacidade de absorver
deformações) é uma forma eficaz de evitar alguns erros grosseiros que resultam em patologias.

Ao longo do tempo, independente do tipo do material ou do uso à que se destina, deve-se exigir sempre as
mesmas funções básicas das argamassas: unir; vedar; regularizar e proteger.

Quadro 1 – Definições para cada uma das fases do projeto de uma edificação

Fase do
Produto Fatores a considerar
projeto

Objetivos e características gerais da edificação, tempo


previsto, usuário, atividades, requisitos e especificação Erros na definição do objetivo da
Instrução
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funcional, dos ambientes e tecnológicas. qualidade.

característica morfológica-dimensional dos espaços e dos Espaço inadequado para o


Projeto
elementos, tipo de ação para o usuário em cada ambiente desenvolvimento das atividades
funcional
(tipologia do elemento espacial) previstas

Erro na definição tecnológica, nos


Projeto Requisitos e especificações tecnológicas, modelos
objetivos relacionados a
tecnológico funcionais e tecnológicas.
caracterização do uso.

Modelo de funcionamento primário da edificação e suas Erros na determinações dos


Durabilidade
partes onde se determina as soluções técnicas a serem materiais, deficiência na análise
do projeto
adotadas dos agentes internos e externos.

Quadro 2 – Exemplo de análise dos fatores que podem ser alterados para a execução de argamassa

Argamassa Argamassa
Função Argamassa (material)
(concepção) (execução)

Especificar espessura, traço


Emprego de materiais livre de Garantir a perfeita
Materiais que garanta durabilidade da
impurezas e traço execução do serviço.
edificação.

Proteção e impermeabilidade Comprometimento da durabilidade e Uniformidade e garantia


Causas a penetração de agentes da vida útil devido a má qualidade na perfeita execução dos
agressivos dos materiais serviços.

Garantia da qualidade e
Efeito Aumento da durabilidade Aumento da durabilidade
da durabilidade

Gravidade Alta Alta Alta

FrequênciaAlta Alta Alta

Normalização técnica vigente


Gerenciamento da
Alternativa ou definição do emprego de A ser definida
produção.
outra.

5. Conclusão

A manutenção
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acadêmico, culturalMDT
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A manutenção de edifícios possui um significado abrangente tanto econômico, social, acadêmico, cultural
e técnico quanto jurídico. Nos países desenvolvidos, o valor em cada ano pode atingir 2% do valor total
dos prédios, no Brasil, este valor poderá ser maior devido ao baixo controle de qualidade.

Segundo a normalização brasileira entende-se por manutenção de edifícios “o conjunto de atividades a


serem realizados para conservar ou recuperar a capacidade funcional da edificação e de suas partes
constituintes, de atender as necessidades e segurança dos seus usuários. Dentre as necessidades dos
usuários enquadram-se as exigências de segurança, saúde, conforto, adequação ao uso e economia cujo,
atendimento é condição para realização das atividades previstas no projeto” (4).

O diagnóstico das patologias de um edifício como um todo ou em suas partes significa identificar as
manifestações e sintomas das falhas, determinar as origens e mecanismos de formação, estabelecer
procedimentos e recomendações para a prevenção. A partir do diagnóstico é possível planejar as
atividades de recuperação, restauração, dentre outras. Estes dados apóiam os serviços de manutenção,
que busca maximizar o desempenho quanto à segurança e habitabilidade dos edifícios e minimizar os
custos dos serviços e as intervenções a serem efetuadas no mesmo.

As patologias do Cine Teatro Central indicam os problemas que vêem surgindo através dos tempos, por
isso, o objetivo é preservar as referências culturais relevantes, remontar as características tradicionais e
intrínsecas à sua condição. No entanto, um projeto de preservação desse tipo não é simples de ser
implantado, mas, uma vez que se começa, fica muito mais fácil de continuar.

Espera-se, através deste enfoque, obter resultados que possam contribuir para se estimar, com maior
consistência, os efeitos produzidos pela má conservação dos patrimônios antigos e seus acervos, bem
como das consequências dos maus tratos com relação à conservação dos mesmos, proporcionando, no
futuro, restaurações, recuperações e revitalizações mais precisas.

A simples ação de preservação e conscientização pode fazer crescer a sociedade no futuro, pois o
presente e o passado são coisas importantes para o crescimento. Portanto, é preciso criar uma
consciência ativa para preservar os patrimônios culturais, ou as gerações futuras conhecerão o passado
apenas através dos álbuns de fotografias. Se não for levada a sério a preservação, breve só restará o
arrasamento de marcos, a destruição de patrimônios arquitetônicos e muito arrependimento.

notas

1
BARBOSA, Maria Teresa; FINOTTI, Marzio H.; SOUZA, Vicente C. “Patologias de Edifícios Históricos
Tombados de Propriedade da Administração Pública”, In: Congresso Internacional sobre Patologia e
Reabilitação de Estruturas. Aveiro, Portugal, 2008.

2
Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF (2007). Cine Teatro Central. Disponível em: <
http://www.ufjf.edu.br >.

3
BARBOSA, Maria Teresa; SANTOS, W. “Controle de Projeto como Instrumento de Prevenção de
Patologias nos Postos de Saúde localizados na cidade de Juiz de Fora”, In: X Congreso Latinoamericano
de Patología y XII Congreso de Calidad en la Construcción. CONPAT 2009. Anais. Valparaíso, de 29 de
setembro a 2 de outubro, 2009.

BARBOSA, Maria Tereza; PIRES, Verônica L. “Prevenção de Fissuras em Argamassas de Revestimento


através
Page 8 of 9 do Controle na Etapa de Produção de Uma Edificação”, In: 4th International Conference on
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BARBOSA, Maria Tereza; PIRES, Verônica L. “Prevenção de Fissuras em Argamassas de Revestimento
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através do Controle na Etapa de Produção de Uma Edificação”, In: 4th International Conference on
Structural Defects and Repair (CINPAR). Portugal, 2008.

ANGELIS, E.; POLTI, S.; TISO, A. “El Controle del Proyecto como Instrumento para la Prevención de lãs
Patologias de la Co0nstrucción”, In: IV Congresso Iberoamericano de Patologia das Construções.
(CONPAT). Porto Alegre, v. 2, 1997, p. 309-318.

GUS, Marcio. “Um Modelo para Gestão da Qualidade na Etapa de Projeto”, In: Gestão da Qualidade na
Construção Civil. Porto Alegre. 1997, pp. 29-58.

SOUZA, Roberto; MEKBEKIAN Geraldo; SILVA, Maria A.; LEITÃO, Ana C.; SANTOS, Márcia M. Sistema
de Gestão da Qualidade para Empresas Construtoras. São Paulo, PINI, 1995.

4
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS: NBR 5674. (1999). Manutenção de Edifícios –
Procedimentos.

sobre os autores

Maria Teresa Gomes Barbosa é Engenheira Civil, D.Sc. pela COPPE/UFRJ, Professora Associada da
UFJF, coordenadora do Programa de Pós-graduação em Ambiente Construído/UFJF. Áreas de interesse:
materiais de construção civil, patologia das construções, inovação tecnológica, enfocando, principalmente
o Ambiente Construído e sua sustentabilidade.

Antônio Eduardo Polisseni é Engenheiro Civil, D.Sc. pela UFRGS, Professor Associado da UFJF. Áreas
de interesse: materiais de construção civil, patologia das construções, inovação tecnológica, enfocando,
principalmente o Ambiente Construído e sua sustentabilidade.

Maria Aparecida Steinherz Hippert é Engenheira Civil, D.Sc.pela COPPE/UFRJ, Professora Adjunta da
UFJF. Áreas de interesse: materiais de construção, gerenciamento de empreendimento, inovação
tecnológica e informação tecnológica.

White José dos Santos é Engenheiro Civil, aluno do curso de Mestrado Acadêmico em Ambiente
Construído/ UFJF. Áreas de interesse: materiais de construção, manutenção de edifícios, sustentabilidade
da edificação.

Igor Moura de Oliveira é Bolsista de Treinamento Profissional da UFJF – Projeto: Cine Teatro Central,
graduando do curso de Engenharia Civil da UFJF.

Karla Teixeira Monteiro é Bolsista de Treinamento Profissional da UFJF – Projeto: Cine Teatro Central,
graduando do curso de Engenharia Civil da UFJF.

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