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Capitulo 1 Nutmeros complexos e fungodes continuas 1d Notagao Neste curso usar-se-6 a soguinte notagao: « N= (n€Z:n>1} 60 conjunto dos nimeros natura No=NU(O} Q 60 corpo dos ntimeros racionais, R. = {x €R:2>0) 60 subconjunto dos nuimeros reais maiores ou iguais do que zero, = {2 €R:x <0} €0 subconjunto dos miimeros reais menores ou iguais do que zero, RY 60 grupo multiplicative dos néimeros reais nao nulos, Rt = RB, AR =R, \ {0} =]0, +00] 6 0 grupo multiplicative dos mimeros reais positives, R = RAR =R_\ {0} =] ~ 20,0] 60 conjunto dos miimeros reais negativos, © corpo dos mimeros complexos, * 6 0 grupo multiplicativo dos nimeros complexos no nulos, U Go grupo multiplicative dos mimeros complexes de médulo 1, jin(©) € 0 sabgrupo de U das rafzes da unidade de ordem n. K 60 corpo R dos niimeros reais ou o corpo C dos ntimeros complexos, Dados n € Ne p € N, K™*? 6 0 K-espago vectorial das matrizes com n linhas ep colunas e com entradas em K. Sempre que for conveniente notaremos por Ko espago vectorial X"™*", sendo este abuso de notagio justificado pelo isomorfismo de K-espagos vectoriais KP K™ (ey, ag) 4 [2 =|" nsidera-se © como espago vectorial real de dimensio 2 através do isomorfismo de espagos vectoriais R? > ©, (ey) 9 24y. Considera-se R como subcorpo de C através do homomorfismo de corpos R > Cz 0. Anélise Complexa-2017/2018 Carlos Menezes, Departamento de Matemstica, F.CUP. 2 1.2 O corpo € dos ntimeros complexos Em R a equago 2? ~ 1 = 0 nao tem solugo, Suponha-se dado um corpo C que contem R munido das leis de composigao interna FOX COC (eu) zte, CxC SC (ew) Haw ‘que polongam a C as operagdes de adigao e multiplicagao de miimeros reais, e que, em C, a equagio 2? ‘tem pelo menos uma solugdo, digamos & Designe-se os elementos de © por rsimeras complezos. Para x,y € R, 0 mimero complexo 2 = x + ty é nulo, isto 6 z = 0, see a6 se x= Oey =0. De facto se 2 = Oey =0, vem r= 0, ese 2=0ey 70, em 2 = -£ € Ro que é absurdo porque i ¢ R. Logo, se 2,y,2/,y'sio mimeros, tem-se x + iy — sx! iy’ see 36 /, Por outro lado a adicao e multiplicagao de (x + iy) e (2' + ty’) tem de satisfazer sezariey () (ety) + (al toy!) (2 +2')ityty) (8) (eb ay)(e! 4 iy’) = (we! — yy") + iley’ + ye) (© que se acabou de mostrar, motiva o seguinte teorema: ‘Teorema-Definicao 1.2.1. Em R? considere-se as seguintes leis de composicao interna 2 RXR? > RB bs RPxR? > BR (ey) > @teyty) (ey ev)) Geet zy’ + yz’) designadas, respectivamente, por adigdo de niimeros complezose multiplicardo de mimeros compleros. Entao: (a) B® munido destas leis de composigio interna é um corpo, designado por corpo dos niimeros com plexos ¢ notado por © (b) 0 elemento neutro para a adigio 6 (0, 0}. (6) O simétrico de um elemento (1,9) & (-2,-y) (d) 0 clemento um da multiplieagao é (1, 0) (6) 0 inverso de wm elemento (4,9) # (0,0) 6 =ebe(2, 9) (A aplicagdo $:R > C2 (2,0) & um homomorfisme de corpos, ou aja YayeR, ole-y)= 62) + oy), lev) = A(2)(v) Usando este homomorfsin, a partir de agora identifcar-se- uta miamero real x com o ndmnero complexo (0) Demonstrasio. Exerccio a Notagéo 1.2.1. Nota-se por C* o grupo multiplicative C \ {0} dos elementos invertiveis de €. Definigies 1.2.2. Soja z = (2,4) € € umn mimero complexe, 1. A parte real de = 6 0 mimero real Re(=) 2. A parte imagindria de 2 € 0 mimero real Tnn(2} 3. O conjugado de z 6.0 mimero complexo 7 = (x,—y). 4, © quadrado do médulo de z 60 mimero real nio negative 22 = 2? + y2 5. O médulo de z 60 nGmero real ndo negative. |a|= VB = AFG. Anélise Complexa-2017/2018 Carlos Menezes, Departamento de Matemstica, F.C.UP. Notas 1.2.3. 1. C6 um espago vectorial real de dimensio 2. 2. Uma base de © 6 1 ~ (1,0) e t= (0,1) 8. # 5-18-44 =48 '=-4,8 2 =-1, 4, Para ge Zer © {0,1,2,3} 1 ser=0 ter pf) eral . 1 ser=2 = ser=3 © conjunto das solugies om C da equagio quadrétiea 24-1 =0 6 {-i,4} 6, Usando a base (1,1) do espago vectorial real 7 Sez=2}iyew=utiv, onde z,y,uvcR, ztwa(e+u)biy +o), awa (eu-w)+ilevdyy), 9 F=2- iy, ese 2 £0, 8, Um mimero complexo 2 cuja parte imaginévia 6 nula diz-se um raimero real 9. 2ECOR + Im(z) 09 2-7, 10. Um mimero complexo 2 cuja parte real é nula diz-se um niimero imagindrio puro. 3 Anélise Complexa-2017/2018 Carlos Menezes, Departamento de Matemstica, CUP. 4 Notagio 1.2.4. No que se segue, se um atimero complexo z for representado na forma 2 =x | iy, e se nada for dito em contrério, nem o contexto indicar que ou y no sio necessariamente mimeros reais, estars implicito que x = Re(2) e y = Ln(2) Proposicao 1.2.5. Sejam z,w dois miimeras complexos. Ento (a) Res © + R,z-9 Re(2) é uma aplicagao Relinear, ow seja, Vz,w eC, VAER, Re(z+w)=Re(z)+Re(w) © Re(dz) = ARe(2). (b) Im: C+ R, z+ Im(z) é uma aplicagao R-tinear, ow seja ) (c) ¢: C+ €,z-+7 6 um automorfismo involutivo do corpo C distinto da identidade, e é R-linear, Ou seja, para z,we CedER, Ye,we, VAER, Im(z-+w) =Im(z) + Im(w) © Im(Az) = Alm(2), e fuct weu (a) @ nao 6 C-linear (©) Re(z) = ( Im(z) = be Demonstragio, Exerci +2) Vee vec, Proposigio 1.2.6. Em R? considere-se as formas bilineares g: RPxR? aR w: RXR? oR (ay) ov) > az! t yy, (@y),(ue)) yx! — zy’ Sojam 2,w dois mimeros complexos. Entio: (a) 9 é uma forma bilinear simétrica definida positiva, designado produto escalar euclideano em R?, (b),w 6 uma forma bilinear anti-simétrica no degenerada, designada forma simpléction canénica em on (6) 207 = Re(20) + ém(24 2,10) + ile, (@) [el20 (©) |e] =Osces6sez—0 © Fi=[l (6) |e = [a el (h) |2 + w|? = |z)? + |w/? 4 2Re(2@) (Lei dos cossenos) (i) [z+ wl? + [2 wl? = 2 (||? + |\w)?) (relag&e do paralelogramo) @) ¥((Re(2)| + fan(z))) < ana (/Re(2)) zm(2)) < [2] < [Re(2)| + [la(2)| < 2mnax (|e) [n(2)) (k) |z + w] < |z| + fro] ) | 2] ~ jw| | S [2 — w. Anélise Complexa-2017/2018 Carlos Menezes, Departamento de Matemstica, CUP. 5 Demonstragdo. A demonstragio das propriedades (a), ..., (g) ficam a cargo do leitor ‘A propriedade (by) resulta de \z—wP = (¢ ~0)(7=W) = A propriedade (i) & consequéncia imediata da propriedade (hy). A propriedade (j) vem de ~ w)(@ =) = 52 + wat + — (20 + Zw) = [2|? + fw)? — Relat), Jz| = Re?(z) + Im?(z) > max(|Re(z)|,|Im(z)|), ede ({Re(2)| + |lm(z)))? = |2|?+2 ((Re(z)| |Im(z)|) > [2 A propriedade (k) vem de (le) + fw)? = la)? + lool? + 2l2|fu| = fal? + jw)? = 2|2%0] 2 [2[? + lw)? + 2Re(zt)| > |= = wl? A propricdade (1) é consequéncia imediata das desigualdades seguintes Ja] =\(@—w) +e) <|2—wl tlw), © wl =|((w—2)+2)| < 2—w) +3) Corolirio 1.2.7. A aplicagio v(e~ uP ty oP ds Cx COR (2-25 iywautiv)o|2— 6 uma distancia em C, ou seja, para quaisquer pontos w,z,u€ C, Uz) 20, dlz,w)=dlw,2), dle,w) < dle) tatu), dl Esta distancia tem a propriedade de ser invatiante por translagio, ou seja, d(z4u,w +n) =dlz,w) V2,wiue ©. Esta distncia coincide com a distancia euclideana em 2?, A partir de agora considera-se C munido desta distancia. Demonstragio, Para z,1,w eC, () d(2,w) = Jz — wl = fw 2] = d(w,2) 20, (8) d{e,w) = [z= wl) = (2-4) + (ww) < [zu + d{z,u) + d(u,w), (ii) d{e, w) = 0 [z-w 0 z= ed(z+ujwtu) = [(e+u)—(wtu)) = |2—w) az.) (iv) se z= 2 biyew=a+ibeomz,y,a,beR, onto aleyse) = |e | =| 2) +i(y | = Vea 6a distincia euclideana entre os pontos z = (z,,y) ew = (a,5) Definigdes 1.2.8. Sejam 29 € C,e scjam 7, RE Rt tais quer < R + 0 disco aberto de contro 29 ¢ raio r > 0, D(zo,r) € 0 conjunto dos pontos de C euja distancia 90 ponto 29 6 inferior ar Dleo,1) = {2 €C:|z— a0) <1}, ou seja 6 a bola aberta de contro zy ¢ raio r no espaco métrico (C, d). Anélise Complexa-2017/2018 Carlos Menezes, Departamento de Matemstica, CUP. 6 #0 disco fechado de contzo 2 ¢ raio r > 0, Ti(zo,x) 6 0 con ponto 2 é inferior ou igual a r o dos pontos de © enja distancia ao D(z0,1) = {2 €C:|z— 20] <1}, ou seja € a bola fechada de centro 2» e raio r no espago métrico (Cd) # A circunferéncia de centro 29 ¢ raio r, C(za,r), € 0 conjunto dos pontos de C cuja distancia ao ponto zo igual ar Cleo)1) = {2 € Fife =} 200 '* 0 disco (aberto) perfurade de centro 2 ¢ raio R, D*(z0,R), 6 D*(z0,R) = {2CC20<|2— ol < R= Dleo,R)\ {20} 1+ A coroa circular de centro z, raio interna r ¢ raio externo Ré Alio,r,R) = (2 € ir <|z 20] < RY ‘+ 0 semiplano superior aberto & 0 conjunto H= (ze Cs Im(z) > 0} (b) ah wt = ew) (PT Pw pe baw? wT) ( eAl—itet Demonstragio. Exei

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