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COMO COMPRAR BITCOINS

junho de 2017

Quando surgiu, anos atrás, ninguém levava a sério – incluo-me aqui. Ele
passou anos sendo assunto restrito a um grupo de aficionados. Agora, enfim,
chega ao mainstream... e muita gente, atraída pelo histórico de expressiva
valorização, desperta para o assunto num misto de curiosidade e medo de ficar
de fora.

Falo do Bitcoin. Nominalmente, trata-se de uma moeda digital que permite a


realização de transações com bastante rapidez (em comparação, por exemplo, a
métodos tradicionais de transferência internacional de recursos) e segurança, por
meio de uma rede descentralizada de servidores que verificam e validam cada
movimentação. Sua emissão se dá mediante a solução de cálculos complexos,
que exigem esforço computacional crescente, e atingirá por design um volume
máximo de 21 milhões de unidades.

O Bitcoin não conta com a garantia de nenhum governo ou entidade. O


Bitcoin não tem qualquer tipo de “lastro” (na verdade, as cédulas dentro da sua
carteira também não têm...). O valor atribuído ao Bitcoin é fruto única e
exclusivamente do consenso de compradores e vendedores que,
voluntariamente, o trocam por bens e serviços – ou por outras moedas.

Em preparação ao debate promovido pela Inversa – que você pode


acompanhar neste link –, eu fiz uma ampla pesquisa sobre o Bitcoin e
criptomoedas em geral, e também adquiri uma pequena quantidade para ver, na
prática, como é o processo. Com base nessa experiência, vou dividir com você
um passo-a-passo muito simples de como começar:

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Comprando e vendendo

Se você deseja comprar dólares, o que faz? Procura uma casa de câmbio. Com
o Bitcoin não é diferente: as exchanges são empresas que vendem Bitcoins (e
outras criptomoedas, à medida que estas se popularizam) em troca de dinheiro.

No Brasil, as três mais conhecidas são Mercado Bitcoin, Bitcointoyou e


Foxbit e concentram 96% do volume transacionado reportado no Brasil,
segundo o site Bitvalor, que acompanha o mercado e negociações do mercado
brasileiro.

Minha experiência pessoal foi com o Mercado Bitcoin. O processo de


abertura de conta é extremamente simples. A remessa de recursos é feita
mediante depósito em dinheiro ou transferência para a conta corrente deles que,
depois de verificado, é creditado na conta do usuário. Na minha experiência, foi
rápido.

Com saldo disponível, basta solicitar a compra. Incidem taxas sobre a


transação, mas são bastante módicas.

Convém destacar que as exchanges brasileiras cobram ágio significativo em


relação ao preço internacional: procure a cotação do Bitcoin em dólar (veja, por
exemplo, https://www.cryptocompare.com/) e multiplique pela taxa de câmbio
do Real no dia. Compare então com o preço pelo qual a moeda está sendo
vendida nas exchanges... parece que o “Custo Brasil” já chegou ao mercado de
criptomoedas...

Feita a compra, suas Bitcoins são creditadas na sua conta na exchange.


Acabou? Não.

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Armazenamento

Isto é extremamente importante. Farei um paralelo com ações para explicar:

Quando você compra uma ação, quem cuida dos registros que atribuem a
você a propriedade daquela ação? Não é a corretora que você utilizou, mas sim o
custodiante. No caso, a CBLC – empresa da Bolsa. Em virtude disso, você não
corre risco algum em relação às suas ações se porventura a corretora enfrentar
qualquer tipo de problema.

Ao manter suas Bitcoins armazenadas na sua conta na exchange, você


está exposto aos riscos relacionados à exchange: erros de sistema, ataques
de hackers, encerramento repentino de atividades... deixo as hipóteses a
cargo de sua imaginação.

No ano passado, a Bitfinex, uma das maiores bolsas, foi hackeada. Neste ano
a Yapizon, da Coreia do Sul, também sofreu ataque. Há ainda o famoso episódio
da MtGox, do Japão, que simplesmente desapareceu com o saldo dos clientes.

Por isso, eu recomendo que você crie uma carteira (wallet) e transfira para
ela as suas Bitcoins.

Uma carteira consiste de um par de códigos, denominados de chaves.

Um é a chave pública, que é o endereço da sua wallet: é


este o código para o qual as suas Bitcoins que estão na
Exchange devem ser remetidas. Este pode ser divulgado
sem problema algum.

O outro código é a chave privada, e ele é usado para


retirar as Bitcoins da wallet. Você não deve divulgar este
código em lugar algum sob hipótese alguma. Se alguém se apoderar de sua
chave privada, terá total acesso às suas Bitcoins.

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Vou repetir:

Chave pública (Public Key) é para depósito; pode divulgar.


Chave privada (Private Key) é para saque; não divulgar de jeito nenhum.

Existem diversas alternativas de wallets. Eu testei dois exemplos.

Online (hot storage)

A primeira alternativa é criar uma conta em algum serviço online. Eu usei o


blockchain.info. Em questão de minutos você gera um par de chaves e já tem
para onde transferir suas Bitcoins. Não há custo.

As wallets online são práticas. A desvantagem é que as chaves privadas ficam


armazenadas nos servidores do site. Portanto, podem vir a ser reveladas na
hipótese de uma falha de segurança. Por este motivo, as wallets online só devem
ser utilizadas para custódia de pequenos valores – a mesma lógica da carteira
que você carrega no bolso.

Offline (cold storage)

Você pode gerar e armazenar as chaves no seu próprio computador, ou mesmo


em um computador sem acesso à internet – tanto melhor, pois impossibilita
qualquer acesso indesejado à chave privada.

Também já existem diversos tipos de dispositivos físicos nos quais você pode
armazenar suas chaves de maneira a garantir que elas jamais sejam acessadas
sem o seu consentimento. O OpenDime, por exemplo, assemelha-se a um
pendrive.

Uma alternativa interessante – e essa eu testei – é gerar uma wallet de papel.


Sim, de papel! Lembre-se que uma wallet nada mais é do que um par de
códigos: em teoria, você poderia simplesmente anotá-los a lápis e guardar dentro
da gaveta – só daria trabalho de copiar a cada transação, e sempre haveria o
risco (enorme) de erro na cópia.

!4! 4
Eu utilizei o bitaddress.org para gerar a minha. É importante seguir as
instruções disponíveis no próprio site para assegurar-se de que as chaves sejam
geradas sem risco de contato indesejado com terceiros. Não há custo também.

Achou um pouco complicado? Que bom... o assunto é, de fato, um tanto


complexo. E penso que você só deveria se envolver com Bitcoin ou outras
criptomoedas se estiver disposto(a) a compreender minimamente seu
funcionamento e procedimentos básicos de segurança. Há uma infinidade de
bons materiais disponíveis online, a começar pelo site da Bitcoin Foundation
(https://bitcoin.org/pt_BR/). Em português, há o excelente A Moeda na Era
Digital escrito pelo Fernando Ulrich, com quem debato o assunto.

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Um abraço,

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