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Demissões e aparelhamento da Fundação Joaquim

Nabuco/MEC escancaram a política do Democratas (DEM)


TEMPESTADE EM COPO D’ÁGUA

Exoneração da gestora do Educativo do Museu do Homem do Nordeste, da Fundação


Joaquim Nabuco (Fundaj), órgão vinculado ao MEC, além de demissão de monitores
terceirizados e dispensa de estagiários, contradiz o discurso do ministro Mendonça
Filho acerca da oferta da disciplina eletiva “Tópicos Especiais em Ciência Política: o
golpe de 2016 e o futuro da democracia no Brasil” por parte de professores da
Universidade de Brasília (UnB).

Em nota oficial, o ministro acusou os professores e a própria UnB de fazerem uso de


“prática de apropriação do bem público para promoção de pensamentos político-
partidários” e de fazer “proselitismo político e ideológico de uma corrente política
usando uma instituição pública de ensino”. Mas não parece que é na UnB que isso está
ocorrendo, mas, sim, em outra instituição vinculada ao MEC, a Fundaj.

Desde o dia 23 de fevereiro, quando o ministro e sua comitiva estiveram na Fundaj, em


duas solenidades oficiais, foi ampliado o clima de perseguição na Instituição, em
especial no Museu. Na ocasião, a gestora do Educativo do Museu foi chamada a
explicar o uso, por alguns dos monitores e estagiários, de um copo vermelho e amarelo
que supostamente teria um adesivo com a expressão “Fora Temer”. Apesar de ter
esclarecido que desconhecia o fato, a servidora foi responsabilizada e comunicada de
sua exoneração e da demissão e dispensa de mais cinco membros de sua equipe. O
motivo alegado pelos dirigentes foi a existência e o uso do tal copo naquela
solenidade.

O grave fato não representa a única iniciativa do gênero desde a posse do ministro
Mendonça Filho e do atual presidente da Fundaj Luiz Otávio Cavalcanti e sua equipe.
Muito pelo contrário. Além de patrocinar o desmonte de importantes áreas da
Instituição e de descaracterizar outras, e de censurar a realização de eventos de
caráter científico e de promover outros com objetivos estranhos à missão da Fundaj,
dezenas de cargos têm sido ocupados por pessoas sem vínculos com o serviço público
em detrimento de servidores de carreira. O Diário Oficial da União mostra que mais de
uma centena de atos de exoneração e nomeação e de dispensa e designação foram
feitos.

Mas o aparelhamento da instituição e as recorrentes substituições de servidores por


pessoas nomeadas e designadas por critérios políticos e a partir de seus vínculos
partidários tem atingido igualmente terceirizados e estagiários. O Diário Oficial
também mostra que o uso recorrente de inexigibilidade de licitação em contratações
tem sido prática corriqueira e alcançado valores surpreendentes e desproporcionais
aos serviços e produtos almejados, muitos dos quais poderiam ser realizados por
servidores da Instituição, inclusive no caso de uma das contratações anunciadas pelo
ministro na solenidade do dia 23 de fevereiro.

Na acusação feita pelo ministro em nota contra a realização da disciplina na UnB, que
faz dele alvo da Comissão de Ética Pública da Presidência da República, Mendonça
Filho afirma que a sua realização “traz indicativos claros de uso de toda uma estrutura
acadêmica, custeada por todos os brasileiros com recursos públicos, para benefício
político e ideológico de determinado segmento partidário”. Na verdade, o que o
ministro retrata está acontecendo exatamente na Fundaj. Intramuros, nem mesmo os
dirigentes escondem que os beneficiários dessas medidas têm nome e partido: o
ministro Mendonça Filho e o DEM.

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