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As Formalidades da Transmissio de Quotas e Acgies no Diralto Portugués: dos principios 4 prética Joncz S1udas Corrzz’ (coma colsboragto de Its Pirro Larr2”) |. Oescopo original do presente artigo era descrever os aspectosessenciais do regime da transmaissdo inter vivas das participag6es sociais em socieda- des anénimas ¢ por quotas no dircito portugués"?—o que, de acordo com * Abogado So dst La Gat Tks, Soars Sta Asa, Scie d doe pl Ro Mere cn ince Comes Univer Cx Pree, GesroRegionl do For (200). ‘drogen Asccila eot et, Gato Te, Sore Se Acie, Sct de begun Mereem Disko dren dt Neon pia UnlesndeCulicn Fugues, Centro Reon! do Fort (200). "hoary, porn do Cio ds Sodas Comers ranate,C5.), modo lo Dect el 25/86 de? de Scembro na reiaeto do Dece-Le? 5/301, de Ae Abdo éalgdos Vrs Mobilis Gorman, CVM) do Clg Ci Goren, ) edo Cig do Reo Comer (oreante,C-R.C) Todo or precetorlegls nv cxdssem nde eprom da pert fnte ep refereme ao SC "Desde o praia xls esaan, aim tanto rege da renamiao mori et, ono datraemiso ter ber ds paripges scan em soledades chs dee, sd costs foramen coo em soedaescomerctem ome eee tho em comes sipleo porsyten, a “quesTOss DB DIREITO SOCIETARIO BM PORTUGAL E NO BRASIL “uma sistematizaglo que pode considerar-se habitual entre nds*, passaria ‘por tratar a forma da transmissio, por um lado, as limitagdes a essa mesma ‘transmissio, por outro, finalmente, a aquisigio de participagées sociais ‘como forma (Indirecta) de adquisi a empresa sucietirisé + Vejase ex, Courimno x ABREU, Jorge Manuel ie de Dirto Comercial, Vo.U, Das Sociedaes,Almedina, 4¥ ed, 201, plgs. 3582366, * Fundamentalment,tratavi-se de aalisr os ats, 228 231" 242-A.2424-F do CSC, precetns que contém 9 essencial da disciplina da form c daslimitagGesestatutirlasAcesio de quotas (Fentendimento untnime quea expressfo «cestode quotas empregue no ar, 228° designe, prclsament,atransmiss¥o intr vos Nest enti, Van TuRA, Raul, Comentdr an (Cg das Sciedades Comercio, Sociedade por Quotas, Almedina 2 e,1993, pips. 576, 578), 2 osarts.39a107* do CV.M. (em especial, os arts. 80,01, 102% e105) ¢ 328%e 29" ‘do CC. (pese embora os ars. 299, 301" e 304" do C.SC. sejam também relevantes nesta sede) cue egulam aquelas duas matérias relativamente As ages (como veremos circus ‘inci de etransmissio de aces se encontrar regulada em parte no CV.M. resulta de uma ‘utr, cualsej, ade asmesmas serem expressamentequalificadas pelolegilador portaguts ‘como valores mobiirios, conforme dispde o art. doCV.M), Sobe estas materi, ve}ese, por todos, SOVERAL MawTiNs, Alexandre, Cldusulas do Contato de Sociedade gue Linitan & Transmsildade das Aezbes~ Sobre sare 328% 329" do CSC, Almedina, 2006, * Const uma verdadeira sexta quaatio saber o que deve entender-se por empress Scbne estamatri, vej-se,portodos, Courinsio pe ABREU, Jorge Manuel, Lifer deDiretoConer chal, Vol I, Intradudo, Acts de Comercio, Comercants, Empress, Sinals Distintvor,Almedina, ‘ed, 2008, pig. 191 e segs. As empresas fazem parte do nosso quotidane:énelas que tr bathamos, sto elas que gerimos, € com elas que todos os das nos relaionamos para os mais ‘aridos propésco, Nio¢, assim, de estranhar que todos nés tenhamos uma idea malsou ‘menos aproximada do que € uma empresa: salvo erro, aos olhos do homem comum, empress surge sobrerudo como um conjuntode pessoas bens, organlzado, que exerce uma deter ada actvidade econémics. No plano do direito, empresa revela-se em vitis acepges de que se destacam tré a empresa enquantoactvidadeecondmica com certs caraceristicas (£, eet 280" do Cdigo Comercial) empresaenquanto sto que exerce uma determinada actividad econémica(f, p-et art.2%,nI,da Ltn 18/2008, de Il de Junko) ¢,finalmerte, ‘empresa enquanto objeto de direitos ede negscios jurldicas (ef, per, ar. 162° do Codigo {dalnsoiéncia eda Recuperacio de Empress) Enguanto objectode diretorenegcio l= ices, odreto toma (ssume) etutela gempress (ou estabelecimente) como uma unde, ‘amo um bem que € mais do que soma des elementos que 6 compSem a cida momero, elementos esses com os quis aquele no se confunde e nos quas nfo se exgots. © dlireko, por uttaspalaras,reconhece a empress. com propésito principal de strbuirdietoswbres mmesmnaenquanto unidade ede permitiredisiplinar realizecfo de negéclos sobre a mesma ‘também enguanco unidade. Enquanto object de direitos e negécios jurdieo,aempres.é parao dei, antes do mais, um conjuntodebens au elements, cujacomposglo, no entant, esti longe de ser patfica. Nioé, com efeito,inequivoco se fazem parte ds empress, isto se ‘AS FORMALIDADUS DA TRANSMAISSAO DB QUOTAS # AUORS 80 DIREITO PORTUGUES {neegram a empress todos ou apenas alguns dos elementos que seguem: colts corpéress (9-2, préos, miquinas ferramentas,matéras-primas, mercadoras), coisas Incorpéreas (pe tnvengbespatentendas, modelos de ulidade, desenhos cumodelos, nome einsignta), Atrios (f. er, de erédito, de propriedade),obrigages (ligedasexploragto da empresa, sltuagbes defacto (per, saberfazer (sanow-hows)), lage de facto (pe, relagio com for necedores, clientes (clientes), fnancladore). Continuanda na mesma perspectiva, ou se, continuando a consideré-la como abjecta de direitos» negicos|usaooe« empresa pars Airlzonio se eagota nem se confunde com aquele conju de bens (Factores produtivos, melos procutivos)ela 6 uma organizaco,aorganizagfode um conjunto de bens ou um con junto de bens ongunizado com vista ee exerecio de uma determinaa actvidade econdmiea (produgto comercalizagio prestagio de servos). Naverdade, ¢0 modo como aqueles bens se encontram orgunizados que fer com que surja um norabem, disinto daqueles outros que 0 compdem,dotado de autonomia. Permanecendo na mesma pics mporta refers para fina lizar, que, 20s olhos do direto, a utela da empress enquanto objcto de negbcos jurdicos ‘parece s encontrar justficagzo a partir do momento em que areferida organtzagfo de bens ‘sth, parauns, ou € susceptivel de estar, para utrs, no mercado, ot sj, tem clientele pars cosprimeires tem aviamento,mas io clentels, paras segundos Em sums, podemos dizer, «amo Profesor Orlando de Carvalho, que a empress ou estabelecimento ua sorganiapf0 concrete de factors produtvoscomovalordpsiao demercado»—Canvatsto, Orlando, Dirt das Coiss (0 Drto das Coss em Gera), Centelha, 1977, pig, 196, nota 2. Frequentemmente, lei empregacertosconceitos (px, unidade econdmiea, amo de actividade, remo de actividade Independents) sem que ej nteiramente claro se pretende rete 0 ntérprete para. con- ‘xito de empress ou se, pelo contri, tem em vista realidades disintas. Algons exemples permitifosxplicar melhor o que queremos dizer) propésttodacisio simples, oart. 124%, 1 allnes ),do CSC. cujaepigrafeé «Acting passive destciveie,prescreveoseguinte:«. Naciso simples s6 podem ser destacados para.aconsttulgo da nova sociedadeos elementos segulates (.)}) Bens que no patriménto da sociedadeacindirestejam agrupads, de modo ‘formarem uma unidade econémica., On! 2 crescent: «No cato da alinea ) do nimero anterior, podem sr atribuldas nova sciedade divides que economicamente se relacionem ‘om aconstigto ou funcionamentoda unldade al reer. (i) deharrnonia como dlsposto no art. 34, do Céaligo do Imposto sobre o Valor Acrescentad, «Nio io consideradas transmissbes as cesses titulo oneroso ou gratuito do esabelecimento comercial datotal- dade de wm patriménio ou de uma parte dele, que sejansueyrivel deconsitur uth ram de sactividade independente, quando, em qualquer dos casos, oadguirente sea ou venhaa se, pelo facto da aquisigto, um sujitopassivo do imposto de entre os referids naalineas) do 11 do artigo»; ob a epigrafe «feos da transmissio daemptessovestabelecimentos, ‘art, 288" do Gédigo do Trabalho dspse como se segue: «1 ~ Em caso de transmistze, por ‘qualquer tle da titlaridade de empresa, ouestabelecimento ou sinda de parte deempresa ovestabelecinento que constitua una unidade econémic, tansmi‘emse paraoadguitente ‘posigto do smpregador noscontratosde tabula dos respectivstrabalhadores, bem como ‘responsabiade peo pagamento de colms aplicada pela pritica de contra-ordenagdo labo. 4s (quEsTORS DE DIREITO SOCIETARIO EM FORTUGAL B NO BRASIL Por outro lado, 0 nosso propésito sempre foi o de tratar 0 regime da transmissio inter vivos das mencionadas participagoes sociais exclusiva- ‘mente no plano do direito constituido. As consideragdes de indole mais te6rica limitar-se-iam, por conseguinte, as estritamente indispensiveis ‘a uma adequada compreensio das normas de direito positivo em que se encontra consagrado aquele regime, 2. A primeira vista, a matéria relativa & forma de transmissio (inter vivos) das quotas e acgées parece ter uma natureza eminentemente formal, 1denica, pelo que seria suficiente enunciar os actos necessérios & respec tiva transmissio. ‘Aoinvés, o temadas imitagGes transmissio das quotas eacq6esrevestir~ -se-ia de uma indole vincadamente material por isso mesmo que as oluBes consagradas na lei a esse respeito seriam o resultado da justa) composigio dos diferentes interesses em presenca, mormente, mas nio exclusivamente, ‘odo sécio que pretende transmitir as suas quotas ou acgées, de uma banda, © odos sécios que permanecem na sociedade, de outra* ‘As mencionadas limitagies revelariam, para além do mais, a diferenca estrutural entre o tipo sociedade por quotas, de cariz reconhecidamente ais personalista, e o tipo socedade andnima, de pendor mais capitalista’, diferenga esta que, aids, fica bem evidenciada na comparagio entre 05 tragos gerais dos correspondentes regimes legals apresentada no quadro que se segue: ral (,) 3 disposto nos nimeros anteriores ¢ igualment aplicivel&transmissio,ceslo ‘ureversfo csexplorago de empresa, cstabelecimento ouunidade econémica, sendo solids ‘lament responsive, em caso de cessto ou reversfo, quem imedlatamenteantesteahaecer cid a explomgio. (.) S~ Consiera-seunidede econémica o conjunto de metos organtzados como objective de exercer umaactividade econémic, principal ouacessérlax (H)oart.73%, #3, do Cédigo do Impostosobre o Rendimento das Pessoas Colectvasestabeece osegulnte {sConsderave entrada de activos a operagio pels qual uma sociedade (ociedade contri ora) translre, sem que seu disslvida,oconjunto ou um ou mais ramos da sua actvidde para outa sciedade (ociedade benefcira),rendo como contrapartida partes do cagital social da sciedade beneficérlan. © Ventura, ob cl, pigs 5830584, > O earl personaista ou captalista é ais, um dado ater em conta quer na interpretago. das noe mas kgals mencionadas soprano texto, querna eventual aplicagio das slugdes pe vistas para um tipo ao outro aplicago esta que poder esbarrar, precisamente, na fale d= semelhanga inte 0: dls tipos ‘Aregrageral éadalivetansmissbiidade | Aregra a de que acessi de quotas aestrar (ert 3289, 08D). hos carecedo consentimentodasociedade (ets. 225%, 1,6 28% 082). [A tansmissio de acgGes nfo pode ser | A transmisso de quotas pode ser probda probida (art 328% nt I parte), (rt. 225%, 1.62254 m8), sb podendo serlimitade nas termes econ- | podendo serlimitada de acorde com a von- Pelanoas parte, propendemos para pensr gue) apartcpassosocal és pesigodos6clo na elagojuriicaqueoliga sociedadec,eventuslmente as outros sécios (ne COUTINNO De ABREU, hit pag 22), i)aconsileragiodasquotaseacgtes(enquamo eae de dire torstorepresentive ou ao representdo nun documenta) como ralidads pertencenes so mundo dos jr no obsta su qualifcgHo como clas) nto é necensrio conceber ‘mapropriedade de direos, porisso mesmo que «a presumisa popredade dedizets mals ‘Mosers do que atiularidade dos mesmos-(Caxvato, Odando a. ct0t5,pig 219; (4 telardade tanto das quotas come das acg6es permite a frulglo das mesma por ey [ASFORMALIDADES DA TRANSMISSAO DE QUOTAS £ ACGORS NO DIREITO FoRTUGUAS de negécios juridicos, designadamente translativos, ou seja, cujo princi- pal feito prético-juridico querido pelas partes ¢,justamente, a transmissdo da titularidade (propriedade) respectiva (p.ex., compra e venda, doagio, » Naverdade, eno ser demas ealgar que a protecgo da boa fé do adqulrente, nesta sede, se limita introduc slgumas contemporizaSes ao prinlpto da causalidade, nto levando ‘consigragio do principio da abstraclo. © terceir de bos Endo estark defendido quanto» todase quaisquer defcincias de que padega onegécio do qual pretends deriva osu dreto (eis da vontade, incapacidade de exeretcode direitos et), mas apenas contra viclotet- uri nf de legtimidade do transmitene para procedertalienasio em causa.»= O56- 10 og CastRo, ae, pg 28, © Canvatao, Orlando, Diet dis Casas (0b tpl 289. “ Sobre toda eta materia, vejase, px, Canvat no, Orlando, Ditto das Cos), oh at, ples 268.299 [AS FORMALDADES DA TRANSMISSAO OB QUOTAS B ACGOES NO DIRBITO PORTUGUES. travo-titulo,p-ex, compra e venus, doagio, como causa damesma (cf. ats, 425t, S784, nf, e 588° do C.C.), i) a invalidade (declaragao de nulidade ‘ou anulagio) deste tiltimo obsta nao sb & transmiss4o pretendida*? mas ‘também, por forga do princfpio «nemo plus turis ad altum transferee potest ‘quar psc habet»),& validade das transmissGes subsequentes em virtude da falta de legitimidade do cedente (cf. art. 289, n° I, do C.C), (ii) ocessio- nrio adquire 0s direitos eas obrigagbes do cedente, pelo que, € de novo ppor forga do mencionado principio «nemo plus juris.» Ibe sio oponiveis todos os meios de defesa que seriam oponiveis ao cedente (cf. arts.427°e 598¢doC.C.)e, finalmente, (fs) a transmisséo da titularidade das quotas se ‘opera solo consensu, ou seja, por mero efeito do acordo de vontade das par- * 1, do C.C.), pese embora, como veremos, o mesmo se cencontre sujeito a forma escrita (cf. art. 228%, n 1), mas, de todo o modo, sem necessidade de um acto que atribua efectivamente ao cessionério a tinularidade das quotas (px. a traditio ou a inscrigio no registo, no pres- suposto de este tiltimo ser constitutivo e, portanto, necessirio 4 transmis~ sto do direito, e ndiomeramente declarativoe, portabela, apenascondicéo de oponibilidade a terceiros). As solugdes apresentadas nao ficam naturalmente prejudicadas nem pelo facto de a cessio de quotas depender do consentimento ou dever ser levada a0 conhecimento da sociedade, sob pena de ser ineficaz perante cesta (cf-art. 28°, n*s 2e 3), nem tio pouco pelo facto de a cessdo de quo- tas estar sujeita a registo sob pena de néo ser oponivel a terceiros (cf. art. 14, n?1,doC.R.C.)~mas podendo, portanto, ser invocada porestes (para além, naturalmente, de o poder ser pelas partes). 9. As quotas sdo bens sujeitos a registo ou, mais rigorosamente, sd0 0 objecto de factos sujeitos a registo, como sejam, a unificagzo, divisio e transmissio, a promessa de alienacio ou de oneracio dotada de eficécia real, 0s pactos de preferéncia e a obrigacio de preferéncia atribuida pelo testador dotados daquela mesma eficécia, a constituigioe atransmissodo ‘usufruto, o penhor, arresto e arrolamento, a penhora ou quaisquer provi- dencias que afectem a sua livre disposicio,a amortizacéo (ef. art. 3%, n® alineas ¢),d), f) €1),doC.R.C). * Sem prejulze, estamos em cre, d proteog do peimeiro adgutente de bee-é no caso de nulidade proventente de simula (fart, 243 do C.C). (QUESTOES DB DIBBITO SOCIETARIO BM PORTUGAL ENO BRASIL A ser assim, e pelo menos no caso da denominada aquisigio triangu- lar (A cede quota a Be posteriormente a C, sendo que B no regista ou regista depois de C, que regista sem que o Bo faga ou antesque B o faca)®, ‘oadquirente anon domino (que seré C, no nosso exemplo) gozard, em prin- ipio, da proteccio que lhe é conferida pelo registo (cf. art. 2° doC.R.C «O facto registado em primeiro lugar prevalece sobre os que se Ihe segui- ‘rem, relativamente as mesmas quotas ou partes sociais, segundo a ordem do respectivo pedido.»)*. Para além disso, para quem qualifique as quotas como coisas, ou para quementendaque oart. 91°do C.C. empregao conceito de coisa em sen tido amplo e, portanto, abrangendo também os direitos (sueitos aregisto ‘ou, mais rigorcsamente, objecto de factos sujeitos a registo), na denomi- nada aquisigdo sucessiva (A cede quota a B, que cede a C,sendo a cessio de Aa Bdeclarada nula ouanulada)*,o adquirente a non domino (que é C, ‘no nosso exemplo) gozard da proteccio que lhe é conferica pelo art. 291" do CC, que dispie o seguinte: «1. A declaragio de nulidade ou a anula- ‘slo do negécio juridico que respeite a bens iméveis, ou a méveis sujeitos a registo, nio prejudica os direitos adquiridos sobre os mesmos bens, a titulo oneroso, por terceiro de boa fé, se o registo da aquisigio for ante- rior ao registo da acco de nulidade ou anulaco ou ao registo do acordo ‘entre as partes acerca da invalidade do negécio. 2. Os direitos de terceiro ‘io sto, todavia, reconhecidos, se a acco for proposta e registada dentro dos trés anos posteriores a conclusao do negécio. 3. § considerado de boa f€ o terceiro adguirente que no momento da aquisigio desconhecia, sem culpa, 0 vicio do negécio nulo ou anulivel.». 10. Seja-nos permitido um parénteses a propésito do registo, O funda- ‘mento da protezgio do adquirente a non domino tantono caso da transmis- siotriangular como naqueloutro da transmissio sucessiva, no pactico,¢ to pouco parece sero mesmo em ambos os casos, havendo mesmo quem © Subres distingioentre aquisitotrangularesucessiva eos efeitos doar, 291°doC.C edo ‘egisto, num enoutiocaso,ver,portodos,HOxste, Heinrich Ewald, A Pte Gel do Chilo (iv Portuats, Tora Gerald Direto Chl, Almedina, 201, pig, $94 segs. Sobre matésa do registocomercl eae, pe, SbaBta Loves, Joaquim de, Dirt dos Regisosed Notarlaé, 4 ed, Almedia, 007, pig 179 segs, e HOxsteR, Heinrich Ewald, oc, em especial rigs. 237,445 e501 4505. * Videnotade rodanén 43, x0 |S FORMALIDADES DA TRANSMISSAO DB QUOTAS E ACCOES Ko DIREITO PORTUGUES sustente que a mencionada protecgio fica a dever-se « uma combinagio de diversas razbes Seja qual for esse fundamento,a verdade & que a protecgio do terceiro adquirente anon domino parece serindissociével, em qualquer um doscas0s, da efé pblica» de que goza o registo, que parece advir, em primeira linha, do controlo de legalidade do mesmo por parte de uma entidade piblica (ouprivada investida de uma fungao piiblica). Se assim for, julgamos que 0 é, quer-nos parecer nio ser de todo irre- levante ofacto de, a partir da entrada em vigor do Dec-Lei n® 76-A/2006, de 29 de Margo, o registo dos factos mencionados supra ter deixado de ser Javrado por transcrigao, a cargo do conservador, para passar aser feito, por intermédio da sociedade, por mero depésito (cf. art. §3°-A,n® 4, alineaa), doC.RC), coma consequéncia de este vltimo (oregistopor depdsto promo~ vido pela sociedade), 20 invés daquele (0 registo por transerifo promovido pelo conservador), deixar de constituir presuncio de que existe a situa- (40 juridica, nos precisos termos em que é definida. Esta presungio, com feito, passou a constituir um efeito exclusivo do registo por transcrigio (art. II? do CRC). ‘Uma vez que, nos termos do n*3 do art. $3¢-A do C.RC, 0 registo por depésito consiste no mero arquivamento dos documentos que titulam factos sujeitos a registo, oconservador deixa de gozar do poder-dever de validar 0s actos que slo registados. O controlo da legalidade destes factos passa a caber assim & sociedade, entidade com legitimidade para promo- ver oregisto*. O mesmo sucede, de resto, coma necessidade de assegurar ‘orespeito pelo trato sucessivo, que passa a estar a cargo da sociedade®. 11 Mesmo que admitissemos, quanto mais nao fosse a beneficio da expo- sigio e doraciocinio, que todas ou algumas das regras (excepcionais®) de protecyio do terceiro adquirente consagradas pelo legislador portugues, “\ Sobrecsta materia, ve}a-s, por todos, Sorrom axon, oh ci, pgs. 615.8763. © Sobre esta atéria, ease Mara, Pedro, Reghstoecesto de quotas, n Reformasde Cbdgo ses Sotdade,Almedtoa/IDBT, 2007, pigs. 1 176 “CE are 29% 995, do CRC. eart.242-Bdo CSC. © CEMAtA, wRegiso ecesttode quotas (>, ob ct, pig, 170 * Contra a naturezaexcepcional das regras de protecgio do terceiroadurente de boa f& «bem assim, questionandoo principio gral de que a regrasexcepcionas no slo pasevels de aplicagioanaldgica, sideSorromavon, ob. pigs 91 98 wi (Quesr035 DE DIRBITO SOCIBTARIO EM PORTUGAL E NO BRASIL mormente nosart. 291" do C.C. 14° do C.R.C,, eram aplicéveis transmis- silo inter vivos de quotas € acgbes, forgoso seria concluir que, ainda assim, «o sistema portugués [seria] marcado por uma prevaléncia da titularidade substantiva sobre os interesses do tréfego, sobrerudo, no dominio da cir culagio dos bens méveis, néo valendo, portanto, entre nés, 0 principio da posse vale titulo»**e, nessa medida, que a capacidade acrescida de circula- ‘slo daquelas pressuporia, desde logo, «ama maior protecgio do adquirente, relativamente A tutela que lhe é dispensada pelas regras gerais aplicaveis & cessio de créditos e do comum dos direitos, bem como aos negécios jurf- dicos constitutivos ou translativos de direitos reais»®. TImagine-se o que seria 0 funcionamento dos mercados organizados de balcao ou de bolsa,p. ex, se a validade das operagbes de transmissio de ‘acgbes por negécio entre vivos pudesse ser posta em causa em virtude da invalidade das operagées de transmissio anteriores, ainda que a incerteza ‘se mantivesse «apenas» durante um determinado periodo de tempo (que, nos termos do art. 291° do C.C,, & de trés anos), ou se os meios de defesa ‘oponiveis ao transmitente fossem igualmente oponiveis a0 adquirente, ‘mesmo que por este fossem desconhecidos. ‘Como é bom de ver, as exigncias de seguranga e celeridade do trifico juridico «criam a necessidade de, tendo ocorrido uma invalidade de um negécio juridico, minorar os efeitos da mesma em ordem a garantir aesta- bilidade das decisbes tomadas e das atribuigdes patrimoniais efectuadas.»®. ‘Aquelas mesmas exigéncias justificam, por outro lado, que as pessoas queintervém no tréficojuridico possam conhecer ¢ exercer, deforma sim- ples e expedita, os direitos ¢ obrigagdes transaccionados. * Otiveina Ascensio, ohcte, pigs 3690 370,apudSorromavon, chat, pig. 336 Rela- tivamente is stuag6es, mas frequentes, de transmisso linear ou sucessva, 2 insuilénela *, = a posse da aqrfo-documento ou a inscricéo registral conferem legiti- smidade para exercer 0s direitos inerentes & aeglo-posigto juridica e, por tabela, conferem ao devedor legitimidade para cumpriras obst- _gagSes inerentes a acpd-posic uridica perante o possuidor da acgéo- documento ou o titular inscrito no registo, devedor esse que, demais disso, pode recusar-se a cumprir as sobreditas obrigagées perante quem nao for possuidor da acgo-documento ou nfo estiver inscrito no registo como titular, circunstancias estas que, a par de outras, tornam substancialmente mais simples quer 0 exercicio dos direitos por parte do accionista, que apenas tem de apresentar o documento ou provar o registo, quer o cumprimento das obrigag6es por parte da sociedade emitente, que pode tranquilamente cumprir perante quem se apresentar como possuidor do documento ou se encontrar {inscrito no registo, o que, naturalmente, permite o exercicio dos direitos e o cumprimento das obrigagées em termos consideravel- mente mais simples e seguros. 14, Como tivemos ocasido de referir, um dos aspectos em que se alicerga 1 diferente aptidio das acg6es e quotas para circular tem que ver como contevido de umas ¢ outras, uma vez que, ao invés do que sucede com as quotas, os direitos e obrigagées inerentes as acgbes (rectus, o contetido de cada categoria de acg6es) sio idénticos ¢, por ser assim, as acg6es em causa silo fungiveis, sio substituiveis por igual niimero de acg6es da mesma cate- ‘gotla, o que permite que o tréfico as considere apenas pelo seu niimero®. Os documentos representativos das acces sio, por outras palavras, «documentos representativos de situagées juridicas homogéneas», que podem ser «emitidos em massa para serem tomados por uma pluralidade © Oravo, Femand, ob it, pig. 10. © Os6x10 ox CastRo, abc, pags 124 14, ‘QUBSTORS DE DIREITO SOCIETARIO BM PORTUGAL ENO BRASIL de pessoas, muitas vezes até oferecidos ao puiblico em geral»", sendo por esta via elevadosa categoria de valores mobilidrios- cf. art. do C.V.M:S, TL, A forma da transmissito das quotas e acces 18. Chegados aqui, resta-nos apurar quais sio entre nésas formalidades necessérias transmtssdo tnter vivostanto as quotas como as acgoes. Come- ‘cemos pela cessto de quotas. ‘A cessio de quotas supde um negécio-causa, 0 qual deve constar de documento escrito (cf. art. 228"). Desde a entrada em vigor do Dec.-Lei 1? 76-A/2006, de 29 de Marco é bastante um documento particular. Até entdo, os negécios sobre quotas (designadamente, a sua cessio) estavam sujeitos forma de escritura piblica,o que, sopesado com ofacto de, & data, 0 registo da cessio de quotas ser feito por transcricio, e nfo por depésito, como sucede agora, implicava um duplo controto da sualegalidade: pelo notirio e pelo conservador. ‘Accesso de quotas «torna-se eficaz para com a sociedade logo que lhe for comunicada por escrito ou por ela reconhecida, expressa ou tacita- ‘mente (cf art. 228%, n® 3), art. 242%-A, por seu turo, estabelece que os «factos elativos a quotas sao ineficazes em relacio perante a sociedade enquanto nio for solicitada, quando necesséria, a promogio do registo respectivo» ¢, nessa medida, parece exigir uma formalidade adicional. Julgamos, no entanto, que, no ‘caso da cessdo de quotas, o pedido de registo deve ser entendido como uma comunicagio da cessio, por um lado, ¢ que, pelo outro, esta dltima deve valer também como um pedido de registo da cessto de quotas comuni- cada. Para além éisso, estamos ainda convencidos de que, independente- mente do pedidode registo, a cessto de quotas ¢eficaz se ‘or reconhecida cexpressa ou tacitamente pela sociedade, 16, Vejamos agora como se passam as cofsas com as acjdes. U facto de as acgdes deverem ser incorporadas num documento nio obsta a que as. ‘mesmas sejam transmitidas como felxe de direitos e obrigagdes qua tale: «qualquer direito, conquanto incorporado num documento, continua a + Onavovoh ct, ples 62 864. Punneina DE ALusrD4, Regist (.), oct pg. 987940. “CE, relatvamente wo consentimento stdcto» da sociedad, MAtA, «Regist ecessio de quotas (.)o, 0b ct, pg 166. [AS FORMALIDADES DA TRANSMISSKO DE QUOTAS E ACGOES NO DIREITO PORTUGUES set transmissivel de peri (£a chamada cessto imprépria), de acordo com as regras gerais»®, ‘Até a respectiva incorporaco em titulos, no caso de acgéestituladas, ou inscrigéo em conta de registo, tratando-se de acg0es escriturais, a admis- sibilidade daquela transmissio ¢ pacifica® ‘Omesmo ja nao sucede no que diz respeito a possibilidade de as acgbes serem transmitidas apenas como posicio juridica depois de as mesmas se cencontrarem representadas e em circulacio, matéria relativamente & qual a doutrina nacional se encontra dividida”, Seja qual for a posigio adoptada, a transmissio de acces nos moldes acabados de referir hi-de significar que as partes prescindiram de fazé-lo de acordo com as regras de circulagio cambiéria e, por assim ser, com a consequénciaineitivel de, nese caso, xo adquirentendo gozat] da pro- tecgdo especiica outorgada pelas regras cartulares [..]»". No que se refere & forma de transmissdo das acces enquanto feixe de direitos (ie., desligadas da sua representagio em documentos), tudo indica que a mesma deva ter lugar em termos substancialmente andlogos ‘408 que vimos valerem para a cessio de quotas, devendo a transmissio ser ‘comunicada sociedade, no caso de transmissio de acgées a0 portador, € comunicada a sociedade e, sendo 0 caso, por ela consentida, tratando-se de transmissio de aceGes nominativas cuja transmisséo dependa do con- sentimento da sociedade”., © Idem. pig. 26. © CE, px, ALMEIDA Costa e Manas, 0b. t, pig. 83 Impde-te, a0 que tudo indies, Bate reghto€ compreendide por dots acto simutineor,actalmente realizado através do sistema informatio: de uma banda, olangamentoa débitodasacgdesem questiena conta do transmiteree, de outa, olangamento crédito das mesmas acgbesna conta do adgulrente © Nomesmo sentido, COUTINHO DE ABREU, oh ct, pig 378 © Bata rege ndo é posta em causa pelo facto de ale admit expressamente que «compra em mercado regulamentado de valores mobillros escrturais confere ao comprador, inde pendentemente doregisto ea partir da realizgto da operact, legitimidade parasua venda em mercado» (et. 80, n2, do GVM). Tenhs-se presente, desde logo, que, de acordo com ‘regra gerl consagrada no art 892* do C.. para a venda de bens alhelos,esplicivel 10s -demals negsclos onerosos por forga do art. 939" do mesmo cdlgo, lls feede muliade -avenda de bens lbeios quando vendedor cree de eimida, nto bastando assim que nto ‘Sejaitular do bemem caus. Apesar de oregime ser substanclalmente diferente aque egra ‘vale igualmente para adoacto (art. 986%, a, do CC). 3 ‘AS FORMALIDADES DA TRANSMISSKO DE QUOTAS & ACGCBS NO DIREITO PORTUGUES (O sobredito registo, todavia, no é um requisito da transmissio das acgbes, mas to-somente de legitimidade (art. 102%, n* 1, do C.V.M): enquanto 0 mencionado registo nao estiver efectuado em seu nome, 0 adquirente nao tem legitimidade para exercer os direitos corresponden- tesasacgbes de que é titular (cf. art. 1042, n® 2, doC.V.M)®. ara além disso, on® do art. 102 prescreve que a a transmissio [das acgdes tituladas nominativas) produz efeitos a partir da data do reque- rimento de registo junto do emitente». A verdade, porém, é que, como ensina amelhor doutrina, o que esté af em causa a eficécia da transmis- sio perante a sociedade, endo entre as partes, a qual se produz por mero efeito do endosso das acgoes*. (O escopo desta disposigdo legal é sobretudo o de nao fazer depender a ¢ficécia da transmissio da maior ou menor diligéncia da sociedade na pro- ‘mogo do registo, razao pela qual a sociedade «nto pode, para qualquer feito, opor ao interessado a falta de realizacio de um registo que devesse ser efectuado» (cf art. 1028, n®7, do C.V.M.). 19. Tivemos ocasido de referir que a sujeigo da transmissfo de acgbestitu- Jadas e escriturais por negécio inter vivos ao regime dos titulos de crédito no significava a consagracao do princ{pio da abstracgio (cf. n® 8 supra). Se assim fosse, a transmissio formalmente regular do titulo a favor de terceiro de boa-fé (0 modo) seria condigio nao s6 necesséria mas também suficiente para transferir a titularidade das acgdes, para o efeito sendo irrelevante quer a existéncia quer os vicios do negécio-tfrlo: a transmissto da titularidade das acgoes abstrairia da existéncia evalidade deste tltimo, ‘operando-se por mero efeito do cumprimento das formalidades de trans- ‘missao do titulo de crédito (a entrege, o endosso €o registo em conta do adquirente, consoante 0 caso). A verdade, porém, é que, entre nds, tal ndo é o que sucede, uma vez quea protecgao conferida ao adquirente regular e de boa-fé de acgBes vale apenas em relagio & falta de legitimidade do transmiteatee, por conseguinte, J nao vale em relagdo a qualquer outro vicio de que porventura padega o "© No mesmo sentilo, CourINHO DE ABREU, ob cll, phy 378, © Aura Costa e Mexss, oh ct, pig 8, colocam a questi de saber seo registoé ‘condigio da aquisigo da qualidade de sécio nas relagbes com a sociedad ou simples requi= sito de legitimacao pars oexerccto dos correepondentes direitos, ‘quasTORS DE DIREITO SOCIETARIO EM PORTUGAL 8 NO BRASIL nnegéclo-titulo de que 0 adquirente tenha sido parte (rectus: «do qual pre- tenda derivar o seu direito»™), Esta 6, com efeito, a solugio que se encontra prevista no art. 58%, n® I, do C.V.M,, que reza assim: «Ao adquirente de um valor mobilirio que tenha procedido de boa-fé nio é oponivel afalta de legitimidade do alie- nante, desde que a aquisigio tenha sido efectuada de acordo com as regras, de transmissio apliciveis.»®, A semelhanga do que sucede com a letra de cambio, pode, assim, afir- mar-se, relativamente as acg6es, que o direito cartular € auténomo no sen- tido de independente da titularidade do antecessor. [Nao se olvide, no entanto, que a autonomia da posigio juridica doadqui- rrente face a posigfo juridica dos anteriores titulares decorre nao apenas da autonomia do negécio-titulo face aos anteriores (a invalidade do primeiro ¢, por consequéncia, a falta de legitimidade do transmitente que interveio no segundo, nao prejudica a validade deste tiltimo), mas também de no Ihe setem oponiveis as excepgdes extracartulares oponiveis aos anteriores titulares, mas que nio se encontram inscritas nos préprios documentos: titulos ou registo em conta (literalidade), 20. A abstracgdo no sentido exposto nao impede nem deve ser confun- dida com uma outra circunstancia, qual seja,a de a transmissio das acces abstrair do tipo de negécio-ttulo, produzindo-se de igual modo quer este seja uma compra e venda, uma doagio, um empréstimo ou uma dagio pro soluto, Sucede, com efeito, que, paraeste tltimo efeito,alei considera bas- tante a entrega, a declaracdo de transmissdo («transmitido a favor de A>) e ‘ pedido de transferéncia para a conta do adquirente, consoante 0 caso™, Osdnio on Casrno, ob ey pig. 28 © CE FEaREIRA DE ALMEIDA, segiso(.)n, 0b, pigs. 947.951, "™ Relatvamente as acgds transmissvets por inscrgio na conta Jo adguirente,»{é] 0 que resultadcart. 67" doC VIM], que admite como base documenta doregisto quer odocument bastante para prom do acto registar quer uma simples ordem esrita do disponente, que pode seromissa quanto causa da transmisso (.) (FERREIRA DE ALMEIDA, Regist. ‘ht, pg 948) Relacvamente As acgbesransmissivelspor endosso,¢asolugtoque decorre do art 12%, que exige apenas a declaragio de tansmissio esria no titulo, sem Fzer qual- _queralusto a0 negéclo-tiulo, Relativamente As acges transmissive através da entrege, tl que resulta da circunstincia de a tmdltio no revelar nada quanto & causa que Ihe subje. 10 [AS FORMALIOADRS DA TRANSMISSAO DE QUOTAS B ACKOBS NO DIREITO PORTUGUES ‘Tenha-se presente, por outro lado, quea abstracgdo de que falimos até agora tem que ver com onegécio pelo qual se pretende transmitir a titu- laridade das acgdes no com o contrato de sociedade, que ¢ consabide- _mente o negécio-causa das acgGes, as quais sio por sso justamente incluidas na categoria dos titulos de crédito causas, por con:raposicéo aos denomina- dos titulos de crédito abstractos, como sucede com a letra de cimbio, a letra e ocheque”. Esta circunstincia obriga, aids, a concebera mencionada literalidade das acgbes de forma sui generis®, FERREIRA DE ALMEIDA, «Regio (.) 8 Osdn10 7 CarTRo, ots pigs 2a ob ci, pig, 983.

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