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Anais ERI-MT 2015 | Artigos Curtos 16 a 18 de Novembro de 2015 | Cuiabá – MT – Brasil

Neurofeedback e Reabilitação Virtual na terapêutica posterior


ao Acidente Vascular Cerebral
Dyeimys Franco Correa, Marcos Wagner S. Ribeiro

Instituto de Ciências Exatas e Tecnológicas (ICET) - Universidade Federal de Goiás


BR 364, km 195, nº 3800, CEP 75801-615
dyeimys@hotmail.com, marcos_ribeiro@ufg.br

Resumo. O objetivo geral dessa pesquisa é criar uma aplicação que use
interação natural por meio de Neurofeedback no processo da recuperação ao
acometimento por AVC, definindo protocolos e/ou práticas que visem a
reabilitação motora de pacientes espásticos no pós AVC e construção de um
ambiente de interação natural para auxiliar na reabilitação de pacientes com
sequelas oriundas do AVC.
Abstract. The overall objective of this research is create an application that
use natural interaction through Neurofeedback in the recovery process of
stroke patients by defining protocols and/or practices aimed at motor
rehabilitation of spastic patients after stroke and building an environment of
interaction natural to assist in the rehabilitation of patients with sequels
resulting from stroke.

1. Introdução
Segundo a Organização Mundial da Saúde (2006), o Acidente Vascular Cerebral (AVC)
é um distúrbio neurovascular de início súbito, podendo levar à morte. O AVC é uma
patologia dispendiosa pelo fato de ser responsável por um grande número de mortes
prematuras e acarretar incapacidades contínuas em muitos sobreviventes. Este distúrbio
causa a interrupção do suprimento sanguíneo no cérebro, acarretando a morte de células
e causando lesões no Sistema Nervoso Central (SNC). Os sobreviventes do AVC
tendem a apresentar algumas sequelas, tendo como consequência danos motores,
cognitivos e social. Uma das principais causas da perda funcional é a espasticidade1,
portanto, este fator deve ser priorizado em intervenções terapêuticas, neste sentido, a
reabilitação faz-se necessária, pois a ausência de terapêuticas nesse aspecto influenciará
drasticamente na qualidade de vida dos indivíduos [Teive et al. 1998; Assis 2010]
Neuroplasticidade é a capacidade que o SNC possui em modificar algumas das
suas propriedades morfológicas e funcionais em resposta às alterações do ambiente,
desempenhando um papel fundamental no quadro de reabilitação [Oliveira et al. 2001].
Dentre as técnicas que utilizam a Neuroplasticidade como suporte à reabilitação, a
Terapia de Restrição e Indução do Movimento (TRIM) apresenta um bom prognóstico.
A literatura tem apontado que a utilização da prática mental acompanhado da
metodologia TRIM apresenta resultados satisfatórios [Bastos et al. 2013; Assis 2010].
De modo complementar, o Biofeedback é uma técnica comportamental de
condicionamento operante utilizada na aprendizagem de controle voluntário de

1 Distúrbio de controle muscular, caracterizado por músculos tensos ou rígidos e uma incapacidade de
controlar tais músculos

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respostas fisiológicas específicas. No domínio do Biofeedback, existe o Neurofeedback


(EEG biofeedback), que monitora a atividade das ondas eletroencefalográficas a partir
de sensores colocados no couro cabeludo do paciente. Tais sensores são utilizados no
tratamento de várias patologias [Muratori e Muratori 2012]. Para Bastos et al. (2013),
estudos utilizando técnicas comportamentais e de neuroimagem confirmam a existência
de um forte paralelismo entre a imaginação e a execução de um determinado
movimento.
Dessa forma, o uso de Ambientes Virtuais e Interação Natural pode ser uma
solução extremamente viável para pessoas que necessitam do processo de reabilitação.
A utilização de Ambiente Virtual para fins de reabilitação é conhecida como
Reabilitação Virtual. Esse tipo de reabilitação tem recebido atenção de pesquisadores e
médicos que reconhecem seus benefícios devido ao seu potencial terapêutico e
demonstram que existe uma aparente eficácia neste modelo de reabilitação [Longo
2015; Turolla et al. 2013].
Há uma discussão na literatura científica a respeito do fato de sistemas de
Interface Cérebro-Máquina (ICM) possuírem potencial para auxiliar na reabilitação de
pacientes com deficiências motoras por meio de Neurofeedback, particularmente as
resultantes de lesões no SNC devidas ao AVC. Neste caso, os sistemas usados são os
dispositivos ICM baseados em imaginação de movimento [Brandão et al. 2014]. Estes
utilizam sinais elétricos cerebrais para ativar computadores, interruptores ou próteses. É
importante destacar que este modelo de Interface apresenta caráter interdisciplinar,
integrando a neurociência, fisiologia, psicologia, engenharias, ciência da computação e
outras disciplinas técnicas e da saúde [Costa e Oliveira 2012].

2. Metodologia
A aplicação será composta por um ambiente virtual, com o qual o usuário poderá
interagir por meio de técnicas de ICM. O ambiente virtual será composto por um
humanoide (Representação 3D de um ser humano) que representará os movimentos do
paciente, movimentos estes pensados na prática mental.

3. Trabalhos Relacionados
Como justificativa para a elaboração deste trabalho, a literatura apresenta um vasto
acervo de trabalhos que ratificam a investigação no sentido do uso da Reabilitação
Virtual. Demonstram ainda, que a integração da metodologia TRIM e a prática mental,
traz um ganho satisfatório [Souza et al. 2012; Muratori e Muratori 2012; Costa e
Oliveira 2012; Assis 2010].

4. Terapêutica posterior ao Acidente Vascular Cerebral


O processo de reabilitação em indivíduos acometidos por AVC, quando iniciado
prematuramente, apresenta um melhor prognóstico, pois a melhora funcional destes
pacientes é mais rápida durante os primeiros meses após o AVC [Souza et al. 2012].
Porém, cabe ressaltar que, com o uso de terapêuticas de reabilitação, os ganhos
funcionais podem continuar anos mais tarde. Estes ganhos são provenientes da
Neuroplasticidade [Souza et al. 2012].
A Terapia de Restrição e Indução do Movimento (TRIM) é um método
fisioterápico para reabilitação motora, que enfatiza a prática de atividades com o
Membro Superior (MS) afetado e restringindo o MS não acometido [Souza et al. 2012].

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Adicionalmente, levantamentos feitos por [Bastos et al. 2013; Assis 2010] investigam
os efeitos da prática mental na aprendizagem da habilidade motora, concluíram que a
prática mental, quando combinada com a prática física pode elevar o desenvolvimento
motor do paciente.

5. Conclusão
Tendo como premissa os trabalhos que apontam a viabilidade do uso da metodologia
TRIM em conjunto com prática mental e as possibilidades de avanço da Reabilitação
Virtual, este projeto deve gerar como produto um sistema que auxilie o processo de
reabilitação motora de membros superiores de pacientes espásticos acometidos por
AVC.

Referências
Assis, G. A. (2010). NeuroR - sistema de apoio à reabilitação dos membros superiores
de pacientes vítimas de acidentes vasculares encefálicos. Tese de Doutorado,
Universidade de São Paulo, 158p.
Bastos, A. F., Souza, G. G. L., Pinto, T. P., de Souza, M. M. R., Lemos, T.; Imbiriba,
L. A. (2013). Simulação mental de movimentos: Da teoria à aplicação na reabilitação
motora. Revista Neurociencias, 21(4): 604–619.
Brandão, A. F., Jordan, G., Brasil, C., Roberto, D., Dias, C., Regina, S., Almeida, M.,
Castelhano, G.; Trevelin, L. C. (2014). Realidade Virtual e Reconhecimento de
Gestos Aplicada as Áreas de Saúde. Tendências e Técnicas em Realidade Virtual e
Aumentada, 1(4): 33–48.
Costa, R. C.; Oliveira, V. M. D. (2012). Um Estudo sobre Interface Cérebro-
Computador. Trabalho de Conclusão de Curso de Ciência da Computação,
Universidade de Brasília, 157p.
Longo, B. B. (2015). Desenvolvimento de Ferramentas para Pesquisas em Tecnologias
Assistivas Baseadas em Sinais Biológicos. Dissertação de Mestrado. Programa de
Pós-Graduação em Biotecnologia do Centro de Ciências da Saúde, Universidade
Federal do Espírito Santo, 70p.
Muratori, M. F. P.; Muratori, T. M. P. (2012). Neurofeedback na reabilitação
neuropsicológica pós-acidente vascular cerebral. Revista Neurociencias, 20(3):427–
436.
Souza, R. C. P., Terra, F. R., Carbonero, F. C.; Campos, D. (2012). Terapia de restrição
e indução do movimento em hemiparéticos. Revista Neurociencias, 20(4):604–611.
Oliveira, C. E. N., Salina, M. E.; Annunciato, N. F. (2001). Fatores ambientais que
influenciam a plasticidade do snc. Acta Fisiátrica, 8(1):6–13.
Organização Mundial da Saúde, OMS (2006). Manual STEPS de Acidentes Vascular
Cerebrais da OMS: enfoque passo a passo para a vigilância de acidentes vascular
cerebrais. Genebra, Organização Mundial de Saúde, pages 1–121.
Teive, H. a. G., Zonta, M.; Kumagai, Y. (1998). Tratamento da espasticidade: Uma
atualizacao. Arquivos de Neuro-Psiquiatria, 56(4):852–858.
Turolla, A., A., Dam, M., Ventura, L., Tonin, P., Agostini, M., Zucconi, C., Kiper, P.,
Cagnin, A.; Piron, L. (2013). Virtual reality for the rehabilitation of the upper limb
motor function after stroke: a prospective controlled trial. Journal of
neuroengineering and rehabilitation, 10(1):85.

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