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Para responder a tais perguntas, foi conduzida esta pesquisa descritiva cujo objetivo é
verificar o nível de eficácia da arrecadação, discorrendo sobre os fatores que impactam os
processos de estimação e arrecadação deste tributo, bem como o seu equilíbrio fiscal. Assim, o
estudo analisa a evolução histórica da gestão do ICMS do Estado do Rio de Janeiro no período
de 2008 a 2015, comparando-as com os resultados deste mesmo tributo em outros estados
brasileiros.
Em relação ao tema proposto, foram identificadas pesquisas anteriores abordando
modelos de estimação de receitas orçamentárias, comportamento do ICMS em nível nacional,
os impactos da chamada “guerra fiscal” na arrecadação dos estados da federação, bem como
trabalhos sobre a relação de dependência da arrecadação dos royalties do petróleo na economia.
Sendo assim, justifica-se o presente estudo tendo em vista que não foram encontrados estudos
relativos à análise da eficácia dos processos relativos à arrecadação do ICMS no Estado do Rio
de Janeiro com o enfoque proposto aqui.
Constata-se a relevância da pesquisa pela sua contribuição ao arcabouço científico da
contabilidade pública e da gestão fiscal governamental, uma vez que visa aprofundar os
conhecimentos acerca de metodologias de mensuração e análise da eficácia na gestão do ICMS.
Igualmente, espera-se que o estudo evidencie o nível do processo de gestão do ICMS estadual,
explorando aspectos capazes de afetar a gestão. Assim, o trabalho tem sua importância ao servir
como instrumento à avaliação de desempenho da atividade arrecadatória estadual.
O presente artigo encontra-se dividido em cinco partes. Na sequência desta introdução,
é apresentada a revisão de literatura, que aborda temas ligados à eficácia, receitas
orçamentárias, ICMS e equilíbrio fiscal. Na terceira parte, serão detalhados os procedimentos
metodológicos a serem empregados na pesquisa, enquanto na quarta seção serão analisados os
dados e debatidos os resultados. Por fim, serão relatadas as conclusões do estudo e sugestões
de pesquisas futuras.
2. Referencial Teórico
2.1. Eficácia na Administração Pública
O inciso II, do art. 74 da Carta Magna preconiza que os Poderes Executivo, Legislativo
e Judiciário manterão sistema de controle interno integrado com a finalidade de, entre outras,
avaliar os resultados, quanto à eficácia da gestão orçamentária (BRASIL, 1988). Embora a
literatura disponível sobre o tema seja abrangente, observa-se que é pacífico o entendimento do
significado de eficácia como medida destinada à mensuração do alcance de resultados ou
objetivos previamente estabelecidos (BIO, 1996; DAFT, 1999; MEGGINSON; MOSLEY;
PIETRI, 1998).
No setor público, Grateron (1999) ensina que a eficácia é aferida pelo nível de
atingimento de metas e objetivos, sendo calculada pelo cotejamento entre resultados
efetivamente obtidos e àqueles esperados ou previstos nos planos ou programas de ação. Esta
medida de desempenho contribui para que a sociedade possa verificar a adequação entre as
decisões de gestores públicos e a eficiência e a eficácia de sua administração. Ainda de acordo
com o autor, “a avaliação da eficácia estabelece a relação não só entre os resultados obtidos e
os planejados, previstos ou esperados, senão também com o resultado ótimo” (GRATERON,
1999, p. 12).
2.2. Receitas Orçamentárias
O orçamento é um importante instrumento de planejamento para o setor público, nele
são representados os fluxos de ingressos e aplicações de recursos para um determinado período.
Os ingressos das receitas orçamentárias seguem a ordem dos fenômenos econômicos e
resumem-se em duas etapas: planejamento e execução. Na fase de planejamento é efetuada a
previsão da arrecadação da receita orçamentária que constará na Lei Orçamentária Anual
(LOA), já na fase de execução, a realização da receita se dá em três estágios: lançamento,
arrecadação e recolhimento (BRASIL, 2014). Este tópico aborda algumas metodologias de
estimação e vieses orçamentários no processo de estimação de receitas.
a) Metodologias de estimação
Um aspecto crucial na confecção do orçamento é a adequada previsão das receitas
orçamentárias, já que o montante das receitas estimadas balizará a alocação de recursos para as
despesas na LOA. Para tanto, a estimação das receitas deve respeitar a legislação que a instituiu,
no âmbito da União, dos Estados e dos Municípios, observando o comportamento histórico
passado e recente, adotando os índices de projeção determinados pelos entes da federação
(AZEVEDO, 2013).
O art. 12 da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) (BRASIL, 2000) preconiza que as
previsões das receitas orçamentárias devem considerar os efeitos de mudanças na legislação,
na variação de índices de preços, de aspectos econômicos ou de outro fator relevante. Estabelece
ainda que as estimativas “serão acompanhadas de demonstrativo de sua evolução nos últimos
três anos, da projeção para os dois seguintes àquele a que se referirem, e da metodologia de
cálculo e premissas utilizadas” (BRASIL, 2000). Embora a LRF não defina uma metodologia
específica para o cálculo das previsões de receita, o trabalho de Scarpin e Slomski (2005)
conclui que houve melhoria no processo de estimação após a edição desta lei, levando a crer
que parte desses efeitos eram antes desconsiderados.
Neste sentido, a 3ª edição do Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público, válida
para o exercício de 2011, trouxe uma proposta exemplificativa de metodologia para projeção
de receitas (P), que pode ser resumida na fórmula 1:
P = Bc x Ip x Iq x El. (1)
Onde a base de cálculo (Bc) é fundamentada em séries históricas de arrecadação em anos
ou meses; o índice de preço (Ip) indica a variação média dos preços de determinada cesta de
produtos; o (Iq) índice de quantidade representa a variação média do volume de bens de um
determinado segmento econômico; e efeito legislação (El) leva em consideração a mudança na
alíquota ou na base de cálculo de alguma receita (STN, 2010).
O trabalho de Zonatto, Rodrigues Junior e Toledo Filho (2013) realizou uma
comparação entre o modelo acima descrito e o método Koyck, que usa regressão linear
bivariada para projetar resultados futuros a partir de períodos anteriores. O estudo concluiu pela
melhora no desempenho das previsões por meio da metodologia proposta por Koyck,
evidenciando uma diminuição dos erros médios em relação às estimativas efetuadas pelos
municípios analisados.
Outro método proposto para a previsão de receitas tributárias é o uso de séries temporais,
ainda recentes na literatura brasileira. Destaca-se que: (1) os modelos encontrados são
individuais e não podem ser generalizados para todos os Estados, pois com seus dados chegarão
a outro modelo; (2) a cada ano deverá ser construído um novo modelo, pois a série sofre
mudanças; (3) a maior parte dos trabalhos não evidencia o ganho de eficiência do modelo em
relação ao cálculo efetuado sem o uso de séries temporais, pois se limitaram a comparar o valor
efetivamente arrecadado com o previsto pelo modelo; e (4) as séries temporais não conseguem
refletir quebras estruturais, como mudanças macroeconômicas (AZEVEDO; SILVA;
GATSIOS, 2017).
Os resultados da pesquisa de Azevedo, Silva e Gatsios (2017) “indicam que os modelos
de séries temporais apresentam maior acurácia de previsão quando comparado com as previsões
realizadas pelos estados”. O trabalho sugere ainda que os estados poderiam aplicar a
metodologia de previsão ARIMA, consolidada por Box e Jenkins (1976), a fim de melhorar a
precisão das estimativas de arrecadação de ICMS.
b) Vieses orçamentários na estimação de receitas
Na etapa de estimação das receitas, um aspecto a ser considerado diz respeito à presença
de vieses no processo orçamentário. Jones e Euske (1991) apud Fajardo (2016), estudaram este
fenômeno e o denominaram de “manipulação estratégica” (strategic misrepresentation). Os
autores sugerem que os incentivos disponíveis ao Poder Executivo em um dado instante
constituem o principal fator sob a decisão de manipulação.
Segundo Fajardo (2016), no âmbito estadual brasileiro, as previsões de receitas
orçamentárias são utilizadas de modo discricionário, conforme carências momentâneas, sendo
o posicionamento estratégico motivado por aspectos fiscais e políticos. Assim, quando angariar
apoio político da Assembleia Legislativa parece ser mais relevante do que cumprir
procedimentos fiscais, os Governos estaduais superestimam suas receitas, valendo-se da folga
orçamentária criada, para atrair apoio parlamentar em matérias de sua conveniência.
Ainda de acordo com o autor, estratégias de subestimação são adotadas por motivações
fiscais, quando o Executivo estadual busca convencer o Executivo Federal a ampliar o volume
de transferências fiscais para a fazenda estadual, sob a alegação de que tais recursos serão
empregados na execução de políticas públicas previstas no orçamento.
Fajardo (2016) argumenta que a subestimação de receitas pode gerar excesso de
arrecadação e, consequentemente a abertura de créditos adicionais que poderão ser utilizados
pelo Executivo mediante questionamentos mais brandos dos parlamentares, já que a abertura
de tais créditos ocorre por meio de decreto do Poder Executivo. Em contrapartida, a
superestimação de receitas pode gerar contingenciamentos no orçamento, permitindo ao Poder
Executivo estadual escolher, posteriormente, quais programas receberão recursos públicos.
2.3. O ICMS e Aspectos Relacionados à sua Arrecadação
O artigo 155 da Constituição Federal de 1988 estabelece a competência dos estados e
do Distrito Federal para arrecadar o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
(ICMS) (BRASIL, 1988). Segundo Sabbag (2011, p. 1005) “o ICMS, imposto estadual,
sucessor do antigo Imposto de Venda e Consignações (IVC), foi instituído pela reforma
tributária da Emenda Constitucional nº 18/1965 e representa 80% da arrecadação dos Estados”.
Dada a relevância deste imposto para os estados, faz-se necessário discorrer sobre alguns temas
relacionados à sua arrecadação, tais como base econômica e descentralização fiscal.
A base econômica é fundamental para a arrecadação tributária própria dos entes
federativos. Resultados de um estudo realizado nos municípios de Minas Gerais sugerem que a
dimensão econômica influencia a arrecadação tributária própria, concluindo que quanto maior
o dinamismo econômico do município, maior tende a ser a sua arrecadação tributária (VIEIRA
et al., 2017). De forma análoga, os níveis de atividade econômica e a diversidade das
características econômicas desenvolvidas nos estados influenciarão na arrecadação do ICM
destes entes da federação (REIS; BLANCO, 1996).
Passando a tratar da descentralização fiscal brasileira, observa-se que as reformas
trazidas pela Constituição Federal de 1988 trouxeram mudanças significativas ao federalismo
fiscal brasileiro, concedendo ampla autonomia financeira para os entes subnacionais, fazendo
do sistema tributário nacional um dos mais descentralizados entre as nações em
desenvolvimento (SOUZA, 1998). Segundo Ferraz e Finan (2011) “o Brasil é um dos países
mais descentralizados do mundo”.
Neste cenário, os entes subnacionais buscaram recursos de duas maneiras: agravando a
disputa por investimentos privados por meio da concessão de benefícios fiscais (BRANDÃO,
2014); e se moldando às políticas federais a fim de receberem recursos oriundos de
transferências do governo central (ARRETCHE, 2012). Este processo trouxe fragilização à
capacidade de atuação fiscal dos estados, o que é evidenciado pela queda da participação do
nível estadual na carga tributária brasileira, quando comparada à arrecadação da União e dos
municípios (FAJARDO, 2016).
A disputa por investimentos privados acentuou-se entre os estados, gerando a chamada
“guerra fiscal” (VIEIRA, 2014). Além disso, na década de 90, o ambiente institucional de
reformas (privatizações, novos marcos regulatórios, reforma administrativa etc.) propiciou o
acanhamento dos investimentos produtivos dos estados (MONTEIRO NETO, 2014) e
aumentou a pressão por transferências de recursos da União (REZENDE, 1995 apud
FAJARDO, 2016). A reforma constitucional de 1988 ampliou a atribuição de fontes de receitas
para os estes subnacionais à custa do governo central, reforçando o sistema de transferências
intergovernamentais (FAJARDO, 2016).
Pesquisas indicam que o repasse de recursos provenientes de transferências
intergovernamentais pode influenciar negativamente a arrecadação tributária própria do ente
que se beneficia de tais repasses. No processo de tributação, este efeito negativo é também
conhecido como “preguiça fiscal” (VIEIRA et al., 2017).
2.4. Equilíbrio Fiscal
O conceito de equilíbrio fiscal é bastante abrangente. Porém, objetivamente pode-se
dizer que se trata da manutenção da harmonia das contas públicas, o que ocorre quando há
proporcionalidade entre receitas e despesas; estabilidade financeira; além de controle e
cumprimento das metas ficais e orçamentárias previamente estabelecidas.
“A maior autonomia financeira, garantida pela Constituição Federal de 1988, foi
utilizada de forma pouco responsável pelos estados, os quais continuaram gastando sem
correlata responsabilidade de tributar” (REZENDE, 1995 apud FAJARDO, 2016), o que
representa uma ameaça ao equilíbrio fiscal destes entes da Federação.
No tocante ao equilíbrio fiscal, a LRF estabelece dispositivos de finanças públicas
direcionados à responsabilidade na gestão fiscal, destacando o objetivo de controlar o avanço
do endividamento, por meio da fixação de regras e limites. Além disso, a LRF determina que
sejam criadas metas para controlar receitas e despesas, focando as ações dos governantes na
transparência e no equilíbrio das contas públicas. (MELLO; SLOMSKI; CORRAR, 2005).
Conforme regras e limitações estabelecidas na LRF, e vinculadas ao processo de
equilíbrio fiscal, os seguintes elementos formam o construto disciplina fiscal: (1) metas fiscais,
destinadas a verificar o uso das metas de resultado nominal, primário e endividamento no
planejamento; (2) geração de novas despesas, determinando que os entes controlem a relação
entre despesas correntes e receitas correntes, demonstrando a existência ou não de margem para
expansão; (3) equilíbrio financeiro, responsável por analisar o tratamento de eventuais passivos
financeiros no ente; e (4) equilíbrio orçamentário, analisando o princípio básico da LRF que
determina o atingimento de resultado orçamentário positivo (ou nulo) durante os exercícios
(AZEVEDO, 2016).
3. Metodologia
O presente estudo é classificado como empírico, dedicando-se a mensurar parte de uma
realidade social (DEMO, 2000). Quanto aos objetivos, a pesquisa é descritiva, uma vez que visa
descrever fatos observados e características de um fenômeno (GIL, 2008). Em relação à
abordagem do problema, o trabalho é quantitativo, pois utiliza coleta de dados para avaliar
hipóteses baseado em mensuração numérica e análise estatística; e qualitativo, já que trata dados
não numéricos para explicar questões de pesquisa durante o processo de
interpretação (SAMPIERI, 2006). No tocante aos procedimentos, a pesquisa caracteriza-se
como bibliográfica e documental, visto que revisou estudos anteriores e buscou informações na
legislação brasileira e em documentos oficiais.
A coleta de dados foi realizada por meio do Sistema de Informações Contábeis e Fiscais
do Setor Público Brasileiro (Siconfi), de onde foram obtidos dados referentes à arrecadação do
ICMS de todos os estados no período de 2008 a 2015. As informações atinentes à previsão de
arrecadação de ICMS foram extraídas diretamente dos Relatórios Resumidos de Execução
Orçamentária (RREO) dos estados. Os dados relativos às receitas oriundas de Transferências
da União foram obtidos por meio do portal da organização social “Ranking de Competitividade
dos Estados”.
Terminada a coleta, os dados foram segregados por grupos, conforme os temas
específicos em que serviram de subsídios para análise. Em seguida, os dados foram tabulados
e submetidos a tratamento quantitativo com base em formulações matemáticas simples,
estatística descritiva, análise univariada, bem como testes de hipóteses paramétricos e não
paramétricos, conforme detalhado nos tópicos adiante.
3.1 Eficácia da Estimação do ICMS e Aspectos Relacionados
Para avaliar a eficácia da estimação do ICMS, foi utilizada variável erro de estimação,
calculada pela Fórmula 2:
Sendo assim, para cada estado constante da amostra, foram calculados os erros de
estimação anuais e médios para o período em estudo. Após, comparou-se o erro médio de
estimação do ERJ com e o erro médio de estimação do grupo composto pelos demais estados,
e com o erro médio do estado que apresentou maior acurácia na estimação. Foram utilizados
gráficos de dispersão com linhas de tendência para auxiliar a análise, além disso, foram
aplicados testes de diferença de médias para verificar as hipóteses H1 e H2.
H1: A média dos erros de estimação do ERJ é superior ao erro de estimação médio do
grupo composto pelos demais estados;
H2: A média dos erros de estimação do ERJ é superior a do estado que apresentou maior
acurácia na estimação;
1
ICMS arrecadado em 2015 n
Δtx. ĉa (%) = [(ICMS arrecadado em 2008) − 1] x 100 (4)
H3: A taxa de crescimento da arrecadação do ERJ é inferior à média dos demais estados.
H4: A taxa média de crescimento anual do ERJ é inferior à média dos demais estados.
Conforme constatado na Tabela 1, o Estado de São Paulo (SP) foi o que apresentou a
menor média para a variável erro de estimação (4,65%), e por esta razão foi definido como base
de comparação com o ERJ, que obteve uma média de erro de estimação de (10,79%), ocupando
a vigésima segunda posição no ranking proposto na Tabela 1. A comparação anual entre o ERJ
e o Estado de SP, bem como com a média dos demais estados pode ser visualizada na Figura 1.
Figura 1 - Comparação erro de estimação RJ x SP
25,00%
20,00% SP
15,00% RJ
10,00%
Linear (SP)
5,00%
Linear (RJ)
0,00%
2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Fonte: Elaborada pelos autores a partir dos dados da pesquisa.
Da Figura 1, pode-se observar que, excetuando o ano de 2014, o ERJ apresentou erro
de estimação superior ao Estado de SP para todos os anos. Além disso, o gráfico abaixo (Figura
2) ilustra que o erro de estimação do ERJ superou a média do erro de estimação dos demais
estados para quase todos os períodos verificados, o que não ocorreu nos anos de 2012 e 2014.
Embora haja uma oscilação desse indicador de ano para ano, as linhas de tendência dos dois
gráficos indicam uma diminuição dos erros de estimação dos estados.
25,00%
20,00% RJ
A fim de testar a H1, foi realizado o Teste t de diferença de médias para uma amostra,
adotando como parâmetro de comparação o erro médio de estimação do ERJ, que foi de
10,79%, conforme Tabela 1. O teste foi realizado por meio do sistema Statistical Package for
the Social Sciences (SPSS) v. 22, ao nível de significância de 5%. O pressuposto de
normalidade foi relaxado em virtude do tamanho da amostra, que após a eliminação de outliers,
contou com 205 observações dos erros de estimação dos demais estados.
Tabela 2 - Estatísticas descritiva dos erros de estimação dos demais estados brasileiros
A estatística da variável erro de estimação registrou uma média de 8,46% para o grupo
composto pelos demais estados. O resultado do teste de diferença de médias (Tabela 3) mostra
que o p-valor (0,000÷2) é menor do que o nível de significância estabelecido (0,05), indicando
a aceitação de H1. Além disso, a estatística t calculada é negativa (-4,545), confirmando a
hipótese de que a média dos erros de estimação do ERJ é superior ao erro de estimação médio
dos demais estados. Contudo, ressalta-se que, em média, a acurácia da estimação vem
aumentando. Nos últimos dois anos da análise, o erro de estimação ficou em torno de 5%, tanto
para o ERJ, quanto para a média dos demais estados brasileiros.
Para verificar H2, não foi atendido o pressuposto da normalidade para a variável erro de
estimação do estado de SP. Sendo assim, foi aplicação o Teste de Mann-Whitney, versão não
paramétrica do teste t de diferença de médias para duas amostras independentes.
Quadro 1 - Resumo de Teste de Hipótese
Hipótese nula Teste Sig. Decisão
A distribuição de “Erro de Estimação” é a Teste U de Mann-Whitney 0,050 Rejeitar a hipótese
mesma entre as categorias de Grupo. de amostras independentes nula.
Fonte: Elaborada pelos autores a partir dos dados da pesquisa.
Para realizar a verificação das hipóteses H3 e H4, foram realizados testes de diferenças
de médias para uma amostra, adotando como parâmetro de comparação os valores obtidos do
ERJ para as variáveis “taxa de crescimento da arrecadação” e “taxa média de crescimento
anual”, que são respectivamente 78,61% e 8,64%. O pressuposto de normalidade foi
confirmado para ambas as variáveis por meio do teste de Shapiro-Wilk. A estatística do teste
evidenciou uma média de 103,03% para a variável taxa de crescimento da arrecadação,
considerando 26 observações relativas aos estados brasileiros, excetuando-se o ERJ.
De acordo com o resultado do teste t de uma amostra, trazido na Tabela 6, verifica-se
que o p-valor (0,002÷2) é menor que o nível de significância (0,05) e que o valor da estatística
t é positivo (3,463), indicando a aceitação de H3. Logo, conclui-se que a taxa de crescimento
da arrecadação do ERJ é inferior à média dos demais estados.
Tabela 6 - Teste de t de diferença de média entre a taxa de crescimento da arrecadação do ICMS do ERJ
e a média dos demais estados brasileiros, no período de 2008 a 2015
Quanto a variável taxa média de crescimento anual, a estatística calculou uma média de
10,44%, também levando em conta 26 observações atinentes aos estados brasileiros, a exceção
do ERJ. Segundo o resultado do teste t de uma amostra, trazido na Tabela 7, nota-se que o p-
valor (0,003÷2) é menor que o nível de significância (0,05) e que o valor da estatística t é
positivo (3,318), sugerindo a aceitação de H4. Assim, pode-se concluir que a taxa média de
crescimento anual da arrecadação do ERJ é inferior à média dos demais estados.
Tabela 7 – Teste de t de diferença de média entre a taxa de crescimento média anual da arrecadação de
ICMS do ERJ e dos demais estados, no período de 2008 a 2015
Valor de Teste = 8.64
95% Intervalo de Confiança da
Diferença Diferença
T df Sig. (2 extremidades)
média
Inferior Superior
Cresc. Médio
Anual
Arrecadação 3,318 25 ,003 1,80554% 0,6848% 2,9263%
2008-2015 (%)
Fonte: Elaborada pelos autores a partir dos dados da pesquisa.
40%
Comércio; reparação de
35% veículos automotores e
30% motocicletas
Indústrias de transformação
25%
20% Informação e comunicação
15%
10% Eletricidade e gás
5%
0% Linear (Comércio; reparação
2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 de veículos automotores e
motocicletas)
Fonte: Elaborada pelos autores a partir dos dados da pesquisa.