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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS

SEM 0250 - Sistemas Térmicos de Potência

Grupo 06 - Modelagem e otimização de um ciclo Rankine com reaquecimento


para cogeração em usinas de pequeno porte.

Ana Carolina Rafael Maia - 8005222


Eduardo Barragan - 10497226
Matheus Tafuri Rossi - 7992702
Rafael Resende de Pádua - 8551031
Rodrigo Todeschini Linero - 8550109
Wilson Araki - Aluno Intercâmbio

Prof. Dr. Luben Cabezas Gómez.

São Carlos
2017
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

2 MODELAGEM DO CICLO E DE SEUS COMPONENTES . . . . . . 4

3 DIMENSIONAMENTO DA TURBINA . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

4 OTIMIZAÇÃO E ANÁLISE PARAMÉTRICA . . . . . . . . . . . . . . 11

5 REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1 INTRODUÇÃO

A atual perda de competitividade da indústria brasileira no cenário internacional devida


em parte, ao elevado custo da energia no Brasil, requer políticas e ações efetivas de incentivo à
inovação e ao aumento da produtividade da economia como um todo. Uma forma de aumentar a
eficiência de um ciclo termodinâmico é realizando o processo de cogeração.
Esse processo consiste no aproveitamento de calor residual de um processo termodi-
nâmico primário, no qual parte do vapor que era descartado passa a ser utilizado para gerar
energia, geralmente, numa usina termelétrica. Assim, o calor que seria perdido é reaproveitado,
permitindo redução no consumo energético e aumento da eficiência do ciclo.
O menor consumo de energia aliado à mesma capacidade de geração representa uma
redução na emissão de gases poluentes, permitindo o cumprimento de metas de redução de
emissão de gases poluentes e/ou o enquadramento da indústria nos limites legais de emissões
de gases poluentes, determinados pelo CONAMA, evidenciando a importância socioambiental
deste processo.
Além disso, esse processo proporciona a produção de uma energia elétrica confiável,
com baixo custo e pequenas perdas de rede, já que a unidade consumidora deve estar próxima da
unidade geradora.
A cogeração permite ainda a diversificação da matriz energética, tornando a unidade
industrial ou comercial menos dependente do distribuidor de energia e suas complicações, como
interrupções de fornecimento, congestionamentos e picos do sistema elétrico. Além disso, a
ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) estabelece que a central geradora deve estar
conectada à rede de distribuição, de forma que quando houver consumo menor que a quantidade
gerada, o excedente é disponibilizado na rede, garantindo desconto nas tarifas subsequentes, à
unidade geradora.
2 MODELAGEM DO CICLO E DE SEUS COMPONENTES

Tratando-se de um ciclo de pequeno porte, poucos componentes deveriam ser empregados


na busca de uma eficiência aceitável para a cogeração, dessa forma, adota-se um ciclo que pode
ser mutável de acordo com a quantidade de calor gerado na caldeira. Dessa forma o ciclo
possui duas turbinas do tipo Laval de estágio único, com capacidade de geração máxima de
500 KW cada. Em situações de baixa oferta “calor” (vapor), o ciclo trabalha com expansão
apenas em uma turbina, ao passo que, em situações de demanda elevada de vapor, uma válvula
é acionada, liberando o reaquecimento do vapor e nova expansão em uma segunda turbina de
Laval, aumentando a capacidade de geração de energia elétrica.
O ciclo fica estruturado da seguinte forma: a matéria prima é queimada na caldeira no
processo termodinâmico primário da usina, neste processo, água é aquecida e vapor é gerado
para alimentar o ciclo primário da usina. Parte deste vapor com alta entalpia é desviado para
o processo de cogeração. Em ocasiões de baixa demanda, o vapor é expandido na turbina de
alta pressão e segue direto para o condensador. Caso a válvula seja acionada, o vapor que sai da
turbina de alta pressão volta para a caldeira onde é reaquecido e direcionado para a turbina de
baixa pressão, onde será expandido novamente e então seguirá para o condensador. Ao sair do
condensador como líquido comprimido, a água é bombeada novamente à caldeira, reiniciando o
ciclo.
O desenho esquemático do ciclo e o diagrama termodinâmico T-s da usina foram feitos
no EES (figuras 1 e 2 ), considerando a aplicação de um ciclo Rankine com reaquecimento.
A partir dos dados iniciais descritos na tabela 1, as demais variáveis termodinâmicas foram
calculadas, inicialmente adotando a hipótese de expansão e compressão isentrópicas e perdas de
carga na tubulação e no condensador e energia potencial devido ao desnível dos equipamentos
desprezíveis.

Figura 1: Desenho esquemático do ciclo


Figura 2: Diagrama Temperatura-entropia do ciclo Rankine

Cada índice atrelado as variáveis termodinâmicas corresponde ao seu respectivo estágio


no ciclo.
Antes de iniciar a modelagem, alguns parâmetros iniciais de projeto foram pré-definidos,
sendo eles: Pressão máxima do sistema, temperatura máxima do sistema, pressão de sucção no
condensador, pressão de reaquecimento, temperatura na saída do condensador e o calor fornecido
na caldeira. Todos esses valores foram definidos após a analise paramétrica de otimização e estão
presentes na tabela 1.

Tabela 1: Dados de entrada e principais resultados do ciclo


Pressão máxima do sistema P2 e P3 70 Bar
Pressão de reaquecimento P4 15,4 Bar
Pressão de sucção na bomba P1 0,15 Bar
Temperatura máxima do ciclo T3 e T5 500o C
Temperatura na saída do condensador T1 35o C
Calor fornecido na caldeira Qcaldeira 2100 kW

Iniciando a modelagem pelo ponto 1 do ciclo, correspondente à entrada do fluido de


trabalho na bomba, calculamos entropia, entalpia e e título utilizando as respectivas funções já
presentes do programa EES - Engineering Equation Solver, onde as duas variáveis de entrada das
funções são as já previamente definidas pressão de sucção e temperatura de saída do condensador,
P1 e T1 .

s[1] = Entropy(W ater; T = T [1]; P = P [1]) (2.1)

h[1] = Enthalpy(W ater; T = T [1]; P = P [1]) (2.2)

x[1] = Quality(W ater; T = T [1]; P = P [1]) (2.3)

A pressão no ponto 2 (P2 ) é definida como sendo igual a pressão máxima do sistema
e sua entropia igual a a entropia de 1, devido a hipótese de compressão isentrópica na bomba.
Assim, suas demais propriedades podem ser calculadas:

s[2] = s[1] (2.4)

h[2] = Enthalpy(W ater; s = s[2]; P = P [2]) (2.5)

T [2] = T emperature(W ater; s = s[2]; P = P [2]) (2.6)

x[2] = Quality(W ater; s = s[2]; P = P [2]) (2.7)

Devido a ausência da perda de carga, a pressão do ponto 3, correspondente a saída da


caldeira, possui o mesmo valor de P2 e sua Temperatura é também dado de entrada no sistema,
as demais variáveis são calculadas como:

P [3] = P [2] (2.8)

s[3] = Entropy(W ater; T = T [3]; P = P [3]) (2.9)

h[3] = Enthalpy(W ater; T = T [3]; P = P [3]) (2.10)

O estado termodinâmico do ponto 4, definido como a saída do vapor na primeira turbina,


foi inicialmente calculado assumindo a hipótese de expansão isentrópica, assim, s4s = s3 e as
demais propriedades podem ser calculadas:

s[4s] = s[3] (2.11)

h[4s] = Enthalpy(W ater; s = s[4s]; P = P [4s]) (2.12)


T [4s] = T emperature(W ater; s = s[4s]; P = P [4s]) (2.13)

x[4s] = Quality(W ater; s = s[4s]; P = P [4s]) (2.14)

A pressão do ponto 5 é definida previamente como sendo a pressão de reaquecimento do


sistema e sua temperatura T5 é igual a temperatura máxima do sistema.

P [5] = P [4] (2.15)

h[5] = Enthalpy(W ater; T = T [5]; P = P [5]) (2.16)

s[5] = Entropy(W ater; T = T [5]; P = P [5]) (2.17)

x[5] = Quality(W ater; T = T [5]; P = P [5]) (2.18)

Assim como no ponto 4, o estado termodinâmico do ponto 6, definido como a saída


do vapor na primeira turbina, foi inicialmente calculado assumindo a hipótese de expansão
isentrópica, assim, s6s = s5 e as demais propriedades podem ser calculadas:

P [6s] = P [1] (2.19)

s[6s] = s[5] (2.20)

h[6s] = Enthalpy(W ater; s = s[6s]; P = P [6s]) (2.21)

x[6s] = Quality(W ater; s = s[6s]; P = P [6s]) (2.22)

P [6s] = P ressure(W ater; s = s[6s]; T = T [6s]) (2.23)

Para calcular o trabalho real das turbinas, assumimos inicialmente uma eficiência de
85 %, calculamos a variação de entalpia na saída de cada turbina, considerando uma expansão
isentrópica.

∆HT 1 = h3 − h4 s (2.24)

∆HT 2 = h5 − h6 s (2.25)
ηturbinas = 85% (2.26)

A seguir, multiplicamos ∆HT 1 e ∆HT 2 pela eficiência da turbina, obtendo as variações


de entalpia reais na saída da turbinas e h4 e h6 reais já representadas no diagrama T-s da figura 2.

h[4] = (h[3] − (∆HT 1 ∗ ηturbinas )) (2.27)

P [4] = P [7] (2.28)

T [4] = T emperature(W ater; h = h[4]; P = P [4]) (2.29)

s[4] = Entropy(W ater; h = h[4]; P = P [4]) (2.30)

h[6] = (h[5] − (∆HT 2 ∗ ηturbinas )) (2.31)

P [6] = P [8] (2.32)

T [6] = T emperature(W ater; h = h[6]; P = P [6]) (2.33)

s[6] = Entropy(W ater; h = h[6]; P = P [6]) (2.34)

x[6] = Quality(W ater; s = s[6]; P = P [6]) (2.35)

Aplicando a primeira lei da termodinâmica na caldeira, assumindo as hipóteses previa-


mente mencionadas, chegamos a equação abaixo, obtendo a quantidade de calor a ser fornecida
na caldeira:

Qcaldeira = ṁ((h3 − h2 ) + (h5 − h7 )) (2.36)

O mesmo procedimento pode ser empregado na bomba e em ambas as turbinas:

Wb = ṁ(h2 − h1 ) (2.37)

Wt1 = ṁ(h3 − h4 ) (2.38)


Wt2 = ṁ(h5 − h6 ) (2.39)

Como o ciclo pode atuar com duas turbinas em situações de elevada demanda energética,
a potencia bruta total entregue pelo ciclo, sem considerar perdas no gerador é:

WT urbinas = Wt1 + Wt2 (2.40)

Neste trabalho a potencia liquida (trabalho das turbinas - trabalho de bombeamento)


será considerada igual a potencia bruta, devido ao quase desprezível trabalho utilizado no
bombeamento da água.
Finalmente, as eficiências de Primeira lei, Carnot e segunda lei são definidas como:

Wturbinas − Wb
ηciclo = (2.41)
Qcaldeira

T1 + 273
ηcarnot = 1 − (2.42)
T3 + 273

ηciclo
ηsegundalei = (2.43)
ηcarnot

Tabela 2: principais resultados do ciclo


Vazão mássica no ciclo ṁ 0,5596 kJ/kg
Trabalho da bomba Wb 3,926 kJ/kg
Potencia da primeira turbina Wt1 206,3 kJ/kg
Potencia da segunda turbina Wt2 485,9 kJ/kg
Potencia total das turbinas WT urbinas 692,2 kJ/kg
Eficiência de 1a lei ηciclo 0,3278
Eficiência de 2a lei η2a lei 0,5449
3 DIMENSIONAMENTO DA TURBINA

A modelagem e dimensionamento termodinâmico de uma pequena turbina à vapor (PVT)


de Laval foi feita de acordo com o roteiro proposto no material de apoio da disciplina (UNIFEI).
Os parâmetros adotados são apresentados na tabela 3. Os principais resultados estão descritos na
tabela 4.

Tabela 3: Parâmetros de dimensionamento da turbina de Laval


Coeficiente de velocidade Φ 0,98
Coeficiente de velocidade Ψ 0,95
Rendimento interno ηi 0,85
Rotação da turbina n 150 rps
Rotação do gerador nGE 60 rps
Rendimento mecânico com redutor de velocidade nm 0,95
Relação de velocidades rv 0,32
Perda por turbulência entre bocal e rotor Φ3 0,98
Ângulo de escoamento na saída dos bocais α2 14o
Fator de estrangulamento na saída dos bocais fe2 0,92
Fator de estrangulamento na entrada das pás fe4 0,94
Fator de estrangulamento na saída das pás fe5 0,96
Altura das pás na entrada do rotor L4 20 mm
Altura das pás na saída do rotor L5 24 mm
Grau de reação teórico ρt 0

Tabela 4: Principais resultados do dimensionamento da turbina


Vazão mássica de vapor na entrada dos bocais ṁb 0,6 kg/s
Diâmetro médio do estágio D 0,6074 m
Vazão mássica de vapor em escoamento pelo rotor ṁr 0,588 kg/s
Rendimento interno calculado ηi 0,98
Passo total abrangido na saída dos bocais tb2t 0,02042 m
Número de bocais zb 1
Número de pás preliminar no rotor zp 1
Diâmetro do eixo dtm 26,38 mm
4 OTIMIZAÇÃO E ANÁLISE PARAMÉTRICA

A fim de obter um ciclo mais eficiente, as eficiências de primeira e segunda lei foram
analisadas em função dos parâmetros iniciais utilizados na modelagem. O primeiro parâmetro
analisado foi a pressão máxima do ciclo, variando de 10 a 120 Bar, valores estes encontrados em
catálogos de fabricantes de turbinas. Como podemos ver na figura 3, quanto maior a pressão do
vapor na saída da caldeira, mais eficiente se torna o ciclo, tanto na primeira quando na segunda
lei, dessa forma, adotamos o valor de 70 bar, por apresentar um nível bastante aceitável em
turbinas comerciais e por não obtermos mais ganhos tão significativos de eficiência a partir desse
valor em relação ao aumento do custo dos equipamentos.

Figura 3: Eficiência x Pressão máxima

A pressão de reaquecimento (figura 4) na caldeira foi variada entre as pressões mínimas


e máximas do ciclo, ou seja, a pressão de condensação e a pressão de aquecimento na caldeira,
respectivamente, a fim de se avaliar a melhor eficiência, tanto do ciclo como de segunda lei
termodinâmica. Dentre esses valores, o gráfico mostra um ponto de máximo para as eficiências
quando a pressão intermediária é 15,4 bar, portanto, esse foi o valor adotado em nossa análise.
Variou-se também a temperatura máxima do ciclo entre os valores de 350 °C e 600
°C (figura 5). O gráfico evidenciou uma diferença de aproximadamente 0,05% de diferença na
eficiência do ciclo entre o ponto mínimo e máximo nas temperaturas avaliadas, sendo máximo
Figura 4: Eficiência x Pressão de reaquecimento

em 600 °C. No entanto, a fim de garantir melhor condição de operação para os componentes do
ciclo, esta temperatura foi definida em 500 °C.

Figura 5: Eficiência x Temperatura máxima

Na análise da eficiência pela temperatura na saída do condensador (figura 6) temos que a


eficiência do ciclo sofre pouca mudança com o aumento da Temperatura, como a eficiência de
Carnot cai a eficiência de segunda lei sobe, sendo assim por conveniência do projeto escolhemos
uma temperatura pouco acima da temperatura do ambiente (35ºC)

Figura 6: Eficiência x temperatura na saída do condensador


5 REFERÊNCIAS

ANEEL. Informações Técnicas. Disponível em: <http://www.aneel.gov.br/informacoes-tecnicas/


-/asset_publisher/CegkWaVJWF5E/content/geracao-distribuida-introduc-1/656827?inheritRedirect=
false>. Acesso em 7 de novembro de 2017.

BNDES. BNDES Finem - Geração de energia. Disponível em: <https://www.bndes.


gov.br/wps/portal/site/home/financiamento/produto/bndes-finem-energia>. Acesso em 7 de no-
vembro de 2017.

CONGAS. Para indústria: cogeração. Disponível em: <https://www.comgas.com.br/


para-industria/cogeracao/>. Acesso em 7 de novembro de 2017.

MARCATO, M. A. Cogeração. Disponível em: <https://ie.org.br/site/ieadm/arquivos/


arqnot8956.pdf>. Acesso em 7 de novembro de 2017.

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