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ENSAIOS SOBRE BM LITERATURA J) | GEORG_LUKACS j GEORG LUKACS 1 i pelo primeira vez editado no Brasil | Batzac, StieNDAL, SHAKESPEARE, Dostorfvsi, Mais um lancamento de categoria da EDITORA CIVILIZACAO. BRASILEIRA S.A eenko cap: soot wane Dior para a tngon poragatsa reservados EDITORA CIVILIZAGAO BRASILEIRA 8.4, ‘Raa ? de Setembro. 97 ve oe reserva 4 propridede Ie ess adap Imre nox Bader Unido do Bra Pred in te ied Sites of Brel INDICE Sve Georg Lake (preticio de Leandro Konter) «+. Thro woe Eositos Exon de Maree Engels (tndosi0 (& Leané Konier) Narar ou Dessever (rdvsto de Gieh Viana Kooder) alec: Tes Moons Perdur (eausSo. de Lait Femando (r8609) coves eee 1A Polémis ene Bale ¢ Send (wadusio de La amaze) «. (0 Humasismo de Shakepeste (wadogio de Reterto Franco fe Alnei) gaestans TR IOETSSTRTINC HD Dosti (rads de io Gls) oon (0 Homanino Clisico Alemfo — Goth e Schiller (radio Wide Vicia de Cxsto. Meroe) «soos ‘Theos Mons ¢ 4 Trgétia da Are Moderna (tdorfo de Catt Neko Coin) soseceeesetesssseeene e us Ms 18 ‘que desafiava os grancies © ere passado por alto pelos andes: ‘O'da unidade entre 0 valor esetico permanente da obra de fre eo prosesso histérico do qual a obra de arte —~ eal ‘mente na sua perfeigSo, no seu valor esftico — no pode ser sparada, 95) radu de Lessano Rossen Narrar ou Descrever? Contribwicto para wma dscussto sbbre (© natwalismo e 0 formalism sid se Se tr oe Eivserssios, deste top, in mein rv Em dois famosos romances modeins, Nand de Zola © ana Kaenina de Tobe, encontase 4 aeigno Je ima sofia a eavalos. Como desincumbem do empreendimeato oy dls ‘setts? ‘A desi da cortida¢ um espns excmplo do vituo- sho Hertrio de Zola Tuto que pode acocscer numa cords, mm gra, ver desert com exatido, com plata « sent. Biidede.”A'geserigio de Zola € ums pequena monogrtia 876 4 modsina comida de Woe, que vem scomparhads em (Oda8 fs sas fases, desde a preparapio dos avalos até ¢ pasagem Fela linha de chegaa, com mesma insstncia. A tibuna fos espectadores aparece com t8da 8 pompa todo 0 colorco {i umm entifo de moda paren Lobo Sepundo Imperio. ‘Tamm o qo aontece a isa vem representa com eats ‘mods os sapets: a cos terminn por uns grande surpesa “6 © Zola nfo se limita a descrever esta suprésa, mas desmascara fambémm a compliceda trama que a caus0u, 'No enfant, esta desergio, com todo 0 seu viruosismo, rio passa de uma digzesao dentto do conjunto do romance (0: seontecimentos da corida so apenas debilmente Tigador 80 fnuecho © poderiam faciimente set suprimidos, de ver que. 0 ponto de certo consiste epenss no fato de que um dos muitos mates pasageros do Nand so arruinou em conseqUéncia do desfecho da tram ‘Uma outra conexio entre a corrida ¢ 0 tema central & sinda mais debi, tanto assim que no se pode sequer dizer ‘qe seja um clemento do enecho, cmbora — por isso mesmo Pr sci lads mais sntomitiea para o estado. do método de ‘composgio utlizado por Zola: o cavalo vencedor, que ocasiona S surprést,chama-se também Nand. E Zola ni detxa de subli- har clartmente ests eoincdéncia ténue e easial; a viria do homdnimo da mundana Nani é um simbolo do’ tiunfo. desta zo mundo © no demi-monde parsiense "A cortida de cavalos de Ana Karenina € 0 ponto crucial de um grande drama. A (queda de Wronski representa uma feviravolta na vida de Ana. Pouco antes da corrida, Ana fica sabendo que est grivida e, depois de uma dojcoss hesitagio, Secide comuniat a sun gravider a Wronski. A emocto suse: fda pela queda de Wronski provoca a conversa deisiva de Ana com Karenn, seu marido. ‘Todas as relagbes entre os princpais personapens do romance entram mima fase deiddamente nova, pds a corrda. xa, por comeguinte, aio € um."guadro” sim uma erie de cen altamente deaméticas, que assinala uma profunde mudangs no conjunto do enteecho ‘As finaldades completamente diversas a que stendem 2s cenas dos dois romances se efltem em t6da a exposiso. Em Zola, a corrda € deserita do ponio de vista do espectador; ‘em Toso € narrada do ponto de visa do participant ‘© telulo. da corria de Wronski consti 0 verdadcizo ‘objetivo visado por Tolstol, que sublinha a importincia de henhum modo episédica og earual do evento na vid Ambiciow oficial. Pate te pejodicou na sua cateca miltar em virude de uma série de clreunstincis e, em primero lugar, {im virtode ‘da sua ligasSo com Ana. A ‘it6ria aa. cornida, ‘iante de t8da a Cérre © de sociedade arstocrtia, etd entte “ 8 poveas possbilidades de satisfazer a sua ambicSo que the ‘stam aberta Todos prepartivos ¢ thdas as fases da corida, Portanto, so momentos de uma ago importante e vém contados fm dramética sucessio. A queda de Wronski € 0 vrtce de t0da feta fate dramitien da sua vide e com ela inttrompe & natragho da eorrda, tendo apenas acenado, de passagem, em uma dnica frase, 0 feio de que o Seu val © ultapassa. ‘Com isto, entretanto, ost Jonge de ser exaurda a anslise da concentragio Spice desta cena Tolstol nto descreve uma coisa": natta acontecimentos humanos. E esta € a razio de {que 0 andamento dos fatos venhanarrado duas vézes, de manera (Piulnamente pica, ao inves de ser desrito por imagens, Na Primeira narragao em que Wronski, que partcipava da corrida, Era figura central, een preciso expor, com precisio e compe TEnela, tudo aquila que era essencal na preparapio da comida fo seu, proprio tanscurso. Na segunda, porem, as figuras Drinipais passim a ser Ana ¢ Karin "A excepeional arte epica de Tokio se manifesta no fato ‘de_que Se nfo faga com qe #0 primeiro que sign imediata- Ineale 0 segundo relato’ da corida, mas comece a narat (odo 0 ia precedente de Karenina evolugio de suas relosbes com ‘Ana, para fazer do relato da comida anal 0 gpice Jo n0v0 fins A comida tornass, assim, um drama plicoldgic: Ana £6 Scompanha, Wronski com os ellos © nada ve da corida pro= Drismente ditt c nem dos outros. Karenin observa excusiva- Frente Ana e sas reagbes ante o gue se passa com Wions ‘tensio desta cons, quase sem palvres, prepara a explosio de ‘Ana, quando, ao volar pari casa, confessa a Karenin suas telagses com Wronski 1 leitor ou 0 esritor formado na escola dot “modernos" poderia objtar, neste panto: admitndo que estamos dante de fois métodos. diferentes de represeatagio artista, nio seré 0 ‘proprio fato de viacslat a corrida a importants vivécia incr hhumanas dos personagens prinelpals que tomar a corida um tlemento aeidental, ura mera ocasgo para que ecloda a catise frofe do dram? E, 0 cantar, nBo serd 0 carter completo, fcabedo monogrifin, da desctgio de Zola aquilo que dé o cxalo quadeo de um fenémeno socal? "Elvnos agora em face de um problems: 0 que & que se pode chamar de acidental na repeesenagio artistic? Sem cle~ as smentos acdeatis, two ¢ abstrato © morto. Neahum escrtor pode representar flgo vivo se evita completamente os elementos ‘seidetaiss mas, por outo lado, precisa superar na representagfo ‘ eavualidade nua e cru elevando-a a0 plano da necestidade TE sr que 6 0 carder completo de tina desriio objetva ‘que tomna alguma coisa ardsticamente “necesiria"? Ou nto Ser, antes, arelapio necessiria dos personagens com a colsas © com of acanteimentos — nos quals se Tealiza 0 destino sles, e através dos quais Ges atuam e se debate? 4a ligagéo entre a ambigéo do Wronski e a sua partci- ppagdo ma coerda manifesta uma necessidadeartistica bem dives Sa que podera ser ofeecida pela descrigio “completa” de Zola, © sist ou partcipar de uma cortda de cavalos pode ser, bjetivamente, apenas um eps6dio. ‘Tolstol relacionou o'mals Jntimamente possivel tal episodio com um drama de importincia vital. De certo mode, a comida 6 sdmonte uma ocasito para fazer eelodir © confit; porém esta ocasio, estando ligada 2 mbigSo social de Wromski — que € um importante component a tragédia em desenvolvimesto — nada tem de casual. ‘A literatura scumula exemplos nos qual aparece de forma sinda mais clara o contrast entre os dols métodos, no. que concern & necessidade ou casualdade da representagio de seus objetos. ‘Velamos a descrigfo do teatro que se encontra neste mesmo omanee de Zola e comparemorla ts das Thsdes Perdidas de Balzac. Exteriormente, hé semethangas, A eseia com que se Inca 6 romance de Zala decide a carrera de Nand. Fm Balrac, 1 esitia determina uma profunda mudanca na carrera de Lucien de Rubempeé, sua passagem de pocta desconbecido a jomalista Inescropuloso ¢ coroado de éxito “Também o recinto do teatro & deserito por Zola de mansira cuidadosa e completa. Primeiro, visto da plata: tudo que fscontece nas cadets, nos coreedores, no palo, 0 aspecto senue mmido pela cena, thas as coisis descrtas com impressonante habilidade Hteréra, Depols, a obsesio zoliana pelo cardtet completo e monogrifco passa adiante © um outo’ capita. do Seu romance est dedicado a desricdo do teatro visto do paleo: ‘com no menor vigor, sio desrtos 2s mudancas de cenério, os vestufrios, ele. eo que se passa durante as representagdes os intervals. Por fim, para completar © quadro, um tereeizo 6 capitulo contém & profiiente © zelosa desriglo de um enssio eal. xe carder completo de inventirio no existe em Balzac © tentro ¢ a representagto, para ee, consttuem sdmente o am- Bento em que” se deseavolvem fntimos dramas umanos: a sscensto de Lucien, o prostguimento da carreira estica de Coralie, 0 spareciménto da paixao entre Lucien e Coralie, bem tomo dos futures conflts Se Lucien com seus elhos silgos do efreulo de D’Athez ¢ com scu_atual prottor, P ‘Também do inicio da sua vinganga contra Madame de Barge- ton, ete. ‘Mas o que & que vem representado em thdas estas las, em todos ater confitos dieta ou inciretamente conexos 20 tea: fro? A sorte do teatro no capitaismo: a universal e complexa Aependéncia do teatro em relagho ao capital ¢ em relagS0 20 Jornalsmo dependente Jo capital; 25 relagoes entre o teatro ¢-a Interstar ene 0 jornalismo ea Iteratara o carer capitalists Ga rolagdo entre 4 vida das staes © a prosiugio aberta on Aistarcada, “Tais problemas sociais também sio aflorados por Zola. Mas sio desert apenas como fatos socials, como Tesliados, ‘omo-caput mortum da stuagao. O dietor do teatro, em Zol ‘epee incesuntemente: "Nao diga teat, diga bordel". Balzac, Cent eerste 9 mo pl al eS psa no ‘aptaliamo, © drama das figuras pitcpais 6, ao mesmo tempo, ‘drama dos inatiuigdes no quadro das quals elas se mover, o Grama das coisas com as quas elas comvivem, o drama do em biente em que elas travam at suas Tutase dos objtos que ser- vem de mediagio is suas relagdesreeprocas. te & um caso extremo, & claro, Os abjetos do mundo que sreunda os homens nfo sio sempre © necessiriamente tio iga- dos ts expeiénese humanas como neste caso. Podem ser ins- trumentos da stivdade © do destino dos homens e podem ser ‘como aqui se pasta com Balzac — pontos crucials das expe~ Fgncas vivias pelos homens em suas feagBes soca dessvas, ‘Mas podem ser também, meroscendros da stividade e do des- tino des Persistiré 0 contrast por ngs indicado mesmo onde se asta somente, na relidade, da representagGo de um cenério? a No capitulo introdutério do. seu romance Old Mortality, Walter Scott descreve uma exibigio milter, asocida a festejos popolares, organizada na Esoéia depois ‘da reslautagio’ dos Stuart © da tentatva de renovar as inluigdesfeudels’ A pro= mogio tem por objetivo pasar em revista os fis e provocst 08 escontenes, a fim de que se desmascarem, Na obra de Scot, clase reaiaa na véspera da insuregio dos puritanos oprimi- (os. A grante’ arte épica de Scot xa neste censio todos 0s fonirases que eso prestes a exploit numa tuts stngrenia. A comemorasio militar revela, cm cends groteses, 0 envelhce mento sem esperanga das relapes feudal ¢ a sufda resin Slementos moderados de wm e-do str fomam pare no dive timento popular. ‘Na hospedsi, asistiner 8. ortaldade soldaesca Uo rele; a0 mesmo tempo, alse cevela em de sua ties granders figura de Bucy gue depois td st tm dos caberas da ovata puritans, Ea sume? Waller Scot, ontando 0 que se paaou nesta eecbrago muliar = descreven, 4o"o cenrio em gue ela se eazoy deenvove (dat t= ‘Eocias¢ toes on personagens prnepae do‘um grande drama Histo, coloendors de plpey bem'n0 cio Gs Se. "A decilo agricola e" premio doy agrulors em Madame Bovary 6a ds wae clades. obs pis tne descrive do modemo reali. Flaubert dssteve, au, Stevan" oem We gue Tb exons to pasa de uma ocasao pars enquatar ona dca do tno ente Rodolfo e Ema Bovary.© sendrio¢ caval um ver dladsico sna, no sentido Herald palaa. E ena cata ado vem claramentesoblinada polo proprio Piubet nindo © contapondo os discus ofl fragmentoe do coléquo smoros, Fiubert insiol um parlloiraico car trea banalidade pobca a bansiede prvadn do vila peque- so-burgucsa. E tl contrat iroico desenvalnio Com ert. tha cosécla 6 grange an. Fice,todavie,nlo rela o contrasts pelo qual éteco- iio cash, petento cau pra a desc de Uma coma 42 sor, se toma, 20 mesmo typo, no mundo’ de Madame ovary, vm sconecimento Inportent, eu minacesa des “ Ho € exigida pelos fins slmejados por Flaubert, isto é, pela Completa representaglo do ambiente. A ironia do contraste mao ‘spon significado da descrigio. O "cendrio” poss uma sig- nifiagio autGnoma, enguanto elemento. cestinaso a completst ‘ambiente. Agu, porém, os personagenssBo tnicamente expec: {adores —e por isso se tornam, para lito, elementos cons= titutvos, homogéneos © equlsvletes, dos acontecimentos: des. ‘tos por Flaubert, relevantes apenas do poato de vista da 1 ‘onsttigio do ambiente. Tormam-se manchas colors dentro ‘de um quatro, que s6 ultrapassam os mites esttecs de mold. fa na medida em que se eleva a irico sfmbolo da esincia do filstesmo, Tal quadro assume ume importneia que néo dima. 1a do fatimo valor humano dos acontecimentos narrados © nao tem relasio priccamente alguma com os acontcimentos, sen. do a relagio obtid, 20 invés disso, por meio da eslizagao formal © conteo simbslco & realizado em Flaubert através da ironia e possi um notivel nivel artistic, aleangedo com msios ‘= pelo menos em parte — genuinamente artistic. Mas, quae. © simbolo deve adquiris por si mesmo sma, monumenaide social quando tem. fun. de Ine primir a um epsédio que em st € insignificante 0 stlo de um Brande significado social, entdo se abandona o campo da verda~ deira arte. Ametéfora aparece inchada de realidade, Umm teago ‘cidental, "uma semelhanga de supertice, um estado de énimo, lum encontro casual passam a consttuit a expressio imediata de vastasrelagdes soins. Em quulquer romance de Zola se pode encontrar grande quantidade de exemplor iso. Lembre- ‘mo-nos apenas do paralelo entre Nand e a mosea dourada, pa- talelo com que se pretndia simbolizar o fatal inflixo daucla sbbre a Pars de antes d= 1870, Zola mesmo € quem decars ex. pressamente a sua intengio; “Na minha obra, impera a hipe trofia do particular realista. Do trampotim da observagio.pre= cisa, partese para se aleangar as estdlas. Aum Gnleo mover ‘de asds, a verdade so cleva a smbolo ‘Em Walter Scot, Balzac ou Tolsoi, vishamos de conhe- ‘er acontecimentos que cram importantes por sl mesmo, mas fram também importantes para at relagGes inter humans dos personagens que os protagonizavam e importantes ara ssignif- ‘ago social do variado desenvolvimento ascumido pela vida hi- o ran de tai personagens. Constiviamos o piblico de certoe ‘Scontcimentor noe quae os peronagene 60 romance tomavam Pate atv, Viviomot Eases aontecientos, "Em Flabert ¢ em Zola, or mesmor personagens slo es pectadores mas ow menor iierestdos not sconlcimentor — Som iso or acontesimentos se transformam, aos olhos dos i {ores em um quad, ov melor, em uma serie de quads. Bs {tn ono le obvrva. 1 © contrase entre © pancipar © 0 observar no € casual, pois deriva ds posigho de principio assumida pelo escrito, em Face da vida, em face dos grandes. problemas ‘da sociedade, ¢ ‘nfo do mero emprégo de um diverso método de representar de= terminade conteudo ou parte de conteido. ‘Esta constatagio € necessria a fim de coloearmos eonere~ mente 0. nosso problema. Tal como osorre noe demas cant jot da vid, na Ieratura no nos deparames com “Tenbmenos poros". Engels recorda que o “puro” feadalsmo 56 exisla na onsttuiggo do efémero felno de Jerusalém. No entanto, € vie ‘ente que 0 feudalism consul um realidade hitrica © pods, Weleamente, ser objeto de ume indagacio, Ore, certo que nlc custe qualgueresenitor que renuneie completamente a deserever E tambem seria poveo Neto alirmar que os grandes represen- ‘antes do realismo posterior a 1848, Flaubert e Zola, teaham enunciado de todo & narrar. © que nos importa s80 os print- pig da estrtura da composgfo ¢ nfo o fantesma de um “nar fu deserever” que consttvam um “Lendmeno puro”. O {qu nos importa & saber como e por qué a descrgio — que ori- ‘inalmente ra im entre os muitos melos embprepados na eiagao tistica (e, por cero, um melo subaltemo) — chegou 2 se toma o principio fundamental da composiglo. Pols, dese mo= 4o, 0 ardtere'afunglo da deseriedo na compscie Epica che- stam a sofrer uma midanga radical. 1 Balzac sublinhava, na sua exten & Caruxa de Parma de Suendhal, a importincla da desergéo como meio de compo: Sigfo essencalmente moderna, 0. romance do Séevlo XVIII (Le Sage, Vota, ete.) mal conbecia « descrgfo, que adle cxercia ‘una fungi0 misima, mals do que secundaria, A situs so lo. muda sdmente com 0 romantimo. Balzac sileata que a {eodéncia teria representada por Be (© ds qual tle consic era Walter Scotto fandador) tssinala, maior importincia a ‘eacrgdo. Mat, quando Balzac, acentvando 0 conttaste com & sridez dos Séculos XVII e XVIII, se declara segudor de um tmétodo modemo, tle alinha t8da ima série de momentos esti- Tstleos que considera earacteriticon de tal orientagoo. A des crigfo 6, eno, no pensumento de Balrac, um momento entre futtos; so Indo dela, vem particlarmente'sublinhada a nove Importincia assumida pelo elemento dramiic © avo estilo brota da necessidade de confgurar de modo adequado as novas formas que se apresentam na vida social. ‘A rlapio entre oindividvo e a clase tornara se mals complexa {que nor Sécolor XVI XVIII. O ambiente, 0 aspecto ex: terior, 08 hibits do indviduo, podiam (por etemplo, em Le Sage)’ ser multe sumisiamente'indcados e, no ennte, a ées- ppato dessa simpliidade, podlam constitle uma clara’ com: lta caracterizgio socal. A indivdualizgso crt sleangada (quase que exslusivamente pela prépria ago, pelo modo segun- oo qual os personagens" reagiem ativamente. aos acontec. Balzac vé claramente que éste método nto the pode mais bastar. Resigns, por exemple, 6 um aventarero de tipo com pletamente diveros do de Gil Blas. A detergio exata do Don ‘Ho Veugoer, com sua suers, seus odores,seut alimentos, sua ‘crladagem, € absolutamente nccesssta para tornar realmente de todo compreeasve o tipo particular de aventurczo que € Rare ‘dgnae, Da mesma forme, # easa de Grandet, o apartamento de Gobsek, ete, precisum ser desrtos em sous pormenoces para (que Estes completem a represeatagEo dos tipos‘lversos de t+ tio, social ¢ individamente, que eram Ges, “Ainda que prescindsmos do fato de que a rsconstiuigto do ambiente nfo se detenha, em Balzac, au pura desig, © venha quase sempre traduzia em aptes (basta evocarmos © velho Grande, consertando a escida spodrecida), veifcamos ‘que deserzao,néle nfo 6 jamais senso ‘uma ampla base pa © névo, decsvo elemento: 9 elemento, dramtice, Os person fens de Balzac, lo extraordinsiamente multformes e comple- 40s, nfo se poderiam mover com efeitos dramilicos to con vingenes © Os fundamentos vitals dos sus earacores nfo TO st sem tio largamenteexpostes. Em Flaubert ¢ em Zola a dest ‘fo tem uma fonedo absoluiamente diversa Balzac, Stendhal, Dickens, Tosti representam a socied de burguesa que se eité consolidando airaves de gravee criss; represntam a complexat leis quo presidem & formacio dela, ‘0s multiples ¢tortuosos caminhos que coduzem da veiha socle- fade em decomposigdo & nova que esti surgndo, Bles mesmos viveram dss proceso de formagio em suas ctises, partclpe- ‘am ativamente déle, se bem que em formas diversas. Goethe, Stendhal e Tolsoi tomaram parte em guerra que secviram de partis a tas trnsformagoes, Balzac pariipou das especula- foes febels do nascente capitalism franoés © ol vitina. delas Tolstol scompentou as etapas mais importanss désso revold- lonamento ne qualideds de propristirs Ue terra ou colabo. rando em vires organizagies Socal (recenseamento, comissSo contra a carta ete). A Este respeifo, les so, também na sua conduta de vida, os continuadores dos esritors, aristas © sé bos do Renascimento ¢ do Tuminismo: sio homens que part pam ativamente ede varios modos das grandes Tat socials 4 epoca e que se tornam escrtores através das experizncas de ‘uma vida rea e multiforme, Nao sI0 ainda "espedalista", no sentido da divsio capialista do trabalho. Flaubert ¢ Zola iniclaram suas atvidades depois da bata- Tha de janho, numa sociedade burguesa jé erstalizada © consi- tulda. Nio participaram mais ativamente da vida desta socieds Ue; nfo quetiam partcipar mesmo, Nessa recusa se manifesta ‘ tragédia de uma importante perio de artistas da época de transido, J que a eeusa € devda, sobretudo, a uma auiude de ‘oposigio, isto 6, exprime 0 Sdio,o'hortore 0 despetzo que eles ‘dm poo regime poli e social do seu tempo. Os homens gis fecitram a evoligio social desta Gpoca tornaramse estes © ‘mentiosos apologistas do eaptalismo. Flaubert e Zola slo de~ Iasiado grandes e sinceres para seguir éste camiho. Por iso, ‘como solugdo para a trigea contradigéo do estado cm que 2 fachavam, 96 puderam escoher a solidio, tornando-se observa- Gores erticos de sociedade burgues, ‘Com iss, entetanto, tornaram-se 20 mesmo tempo esti= tores\prfisonas, eseriores no sentido. da diviso. capitalists do trabalho. Bste 0 momento em que o live se transformou ‘completamente em mercadoria co escritor em yendedor da re- 2 ferida mercadoria, a no ser quando, por acaso, o escritor dis- puna de uma senda, Em Balzac, encontrévamos ainda ttrca Frundeza du acumulagdo primitive no campo da caltura. Goe- {he ou Tolste! podem ainda, no que se refer ao fendmeno de ‘iu estamos falando,assumir a attade senborial dos que 10 ‘vem somente da Iteratura, Flaubert & um asceta voluntirio Zola, constrangido pala necessidade material, ¢ ja um escritor profissonal no sentido da divsio captalista‘do trabalho. ‘Os novos esilos, 08 novos modos de representar a reali= dade nio surgem jamais de'uma dialética imaneme das formas aaistes, nda que fe iguem sempre as formas e satidos do pistado.” Ted n6vo esto surge como uma necessdade histé- Fico-ocial da vida'e 6 um produto necessrio da evolugio 30- al. Mas o reconhsvimento do carster necessério da formas dos estos artisicos nfo implica, de modo algum, gue ésss e tiles teaham todos o mesmo valor e etejam todos nim mesmo plano. A necessdade pode ser, também, a necessdade do ar Fistcaments falio, disforme e rum, ‘A alternative partcipar ou observar eorresponde, nto, 8 duasposigges socalmente necessras, asumldas pelos scrto- res em doit sucessivos periodos do capitalise, A altemativa narrar ou desorever coresponde 0s dois métodos fundamen: tis de representagio proprio déstes do periodos. Para distinguir nldamente entze os dois métodos, pode- ‘mos contrapor um teslemonho de Goethe a um de Zola’ ambos feferenes ds relagdes ent obseragio ¢ crag8o artstica, Diz Goethe: “Jamais contemplei a natureza com objtivos podticos. Os desenhos de paisagens, primero — © a minha atividade co ‘mo naturalist, depois — me tém levado a observa continua = minuciosamente os objetos natursis e, pouco a pouco, aprendi ‘conocer bem 2 natureza, mesmo em seus minimos detlbes, {de modo que, se — como posta — tenho necessidade de algu: ‘a coisa, disponho dela 20 aleance da mio, e no me & fil pecar contra a verdade™ fambém Zola se exprime muito claramentesbbre © modo como se aproxima de um cbjeto para atender i suas finalidades como escrtor! “Um romancista naturasta quer escrever um ro- Imunce sbre 0 mundo do teat. le parte dessa ila geral sem tdispor de wnt dnico Jato, sequer de wona figura. Sua. primeira Procupagio. sera ade tomar apontamentes sdbre tudo 3 «que possa vir a saber acérca déste mundo que pretend descre- ver. Conheceu determinado ator, assist a determinada repre- senlago, etc. Depois, fala com os que dlspuserem de maiores informagies a respeito do esunto, colesionaré frases, anedo- tas, Magranes. Mas iso nio basta. Ler, também, os documen= tos escritos. Por fim, vistard os lugares inicodos, e passa um dia qualquer eo wm teatro para conhecélo emt seus pormeno: res. Permancceré algumas sites no eamarim de uma atria © procurard dentiicar-se 0 mais powivel com o ambiente. E, fquando a documentagGo.esiver complet, seu romance fad por si mesmo. O romancists deve so linitar @ ordonar o= faios de modo lgico...O interése ndo ze concen mais na ‘orinalidade da tame assim, quanto mais exta € banal © ge- erica, tanto mals tiple se torna” (ot gritos 9 meus, OL), Extamos diante de dois sts radiealmente divesos, de ccuas mancives dversis de encarat a ealidade a CCompreender a necessdade socal de um dado exile & algo bem diferente de fornecer wma avaliagio ‘estticn dor efitor aristicos désse estilo, Em estética nto prevalece o principio de {que "tudo compreender ¢ tado perdoar™ 86 0 socologima val: Bat, que se cicunscreve & procura do chamado "equivalente #0- ial dos esertores individualmene considerados e esto sin- ples, que os problemas fiquem resovides © eliminados ‘Com at indicagio da ptnese déles, Este metodo (cujaexplicasio nilo cabe aqui) significa na prétca uma tataive de reduzit todo 0 desenvolvimento arstico da humanidade ao nivel da Durguesia ecadente: Homero, Shakespeare aparecem ‘como “produtos”-equivalentes a foyee e John dos Passos. A tarea a ertca lieriria fica adstvta & descoberta do “equlvalente 40- Gal” de Homero ou Joyce. Marx colocou o problema de modo bom diverso. Depois de ter anaisado a génese da epopéia ho: meric, dle aereseentou: "A difculdade, enretanto, no cn Sse em compreender que a arte © a épica grega eitejam ligne as 2 certas formas de desenvolvimento sosil. "A ificuldade onsite em qu elas continuam a siscitar em née um prezer tético ¢ valem, sob certos espectos, como norms © modelos auslive oe 1 ndcagto de Mars, natralment, se cere também canon em gus = stica proc promunciat ina spreciasto n= Siva, Non dle caoy, &yloraplo esta nlp pode ser me- Elnleamentesoparnde dn dedugto istic. Que os poems ho- Indico tem tl vrdadaramente parma cpicos © alo 0 Se- Jim tanto on de Cambes, Miton elle, € une questo 29 Foun tempo helical ¢ exc, Nio existe uma "macs- {Win parade Independents. condgSes strc, soils © Dowoul que tj adversa tne le, vide © smple Tepto- ‘Birt da realdede objva. A Inclemncin social dos presi powon © cong exeiores du cragio asticeexere neces- Ime gt dfroadare wore prop oman fencls da repreretaglo, Io vale tamblm pare caso de oe ‘stimos tan. : Fluubert escrevew uma autestice extremamente dns va, seers ao sou romance Eaucoydo Sentiment 0 al HE "TBE (seman) ceive perdi g ato de via etic, padeo de um fro de perpectna, Plano ora bem pensado, mas termine por desaparsct. Toda ‘orn e are deve ter um vere, um mes deve formar uma Pirie, ov tm fisho de Tuz qb cla Ore um ponto dae Tera Ne‘ena nfo ht nada dice. Ate, condo 50 € 8 fureza Nao importa: aredto que ngage ol mas Tonge em rmocia de snide" sta confisio, como tas as decaragbes de Flaubert, testemunho de um abeokto respeito pela Verda. Flaubert ca- Facerza com exatilio a comosiefo do seu romance © etd ‘ert em sublisar a neessidae atin dos posts colina {es Mas tert rio no dir que po sca romance bd “excessive ‘raion? Serdeato que ob “oats euliaustes”exsem ape- ira ate? ‘No € exsto, nlualmente. Essa confssio flaborans, tao intpraimentesncrta, mio os ineresiasdmen como sul crea Tita ao seu somance, mas sobretado porgue ela nos fevelsasua ccs coneepots da realidad, da esac obje- {iu de scidads, da relagdoeate ate afuera. Soa concep- fo, segundo 4 Gil os "fontonculmnants” exiom apenas be Sn vem, porno, cfaos pelo artista. (que pode decid {sidtos ou no, a seu bel pre), € um puro e simples precon- sito rbjedvo! Teatase de uma eoocepyfo que € um pesoa- $5 ‘ito resultante de uma observacdo exterior e superficial das ma nifestapies da vida burguess, des formas de vide caactriticas a sociedade’burguera, uma observagio que faz abstrogao das forgas motrizes do desenvolvimento social da 2980 que extas conilauaments.cxerem, Incisive sore a sapere da. vida CConsiderada d2sse modo abstato, a vida aparece como um rid {que corre sempre de mancira igual, como uma lia e monétona superficie sem articulagdes. Embora, de tanto em tanto, era ‘monotonia sea interrompida por brutal catistroles “improv sas". 'Na realidade — e, naturalmente, também na realidade ca pitalista — as catistrofes “improvisadas” sdo preparadas. por lim longo proceso, Elas aio se acham em rig coatrste com © pact andamento da superficie, © slo. consequlncia de ‘ums evolugdo complera e desigual. & esta evelucdo que ertcula ‘objeivamente a superfcle aparentemente lisa daguele esfera (ue se refere Flaubert. De fato,o artists deve iluminse os pontos esenciais de tais articlagies, mas Flaubert incorce num pre= fonceito quando ere que elas — a articulagdes —néo existem Independentemente 40 arts [As ariculapSes mascem por obra das leis que determinam ‘0 desenvolvimento histéico a socledade, em ‘decoréncia da ago das f6rcas motrizes do desenvolvimeato socal. Na realie ide objetiva, desaparece 0 false, subjetivo © abstrsto contas= te entre 0 “normal” e o “anormal”. Marx entergs mesmo. na tise econdmica 0 fenémeno “mais normal” da economia capi last: “A autonomia que assume — um em relagso a0 outro — ‘momentos estitamente conexos © complementars, a crise a esti violntamente Por iso, a crise revela a unidade dos mo- ‘mentos que estavam reeiprocamente zoladae”. Téa citncia burguesa da metade do Século XIX, investida de uma fngio apologética, eaxerga 2 realidade de mancira bastante diversa, A ense the aparece em forma de “eatstote", inerrompendo “sibitamente™ 0 andamento “normal” da eco: ‘pomia, Do mesmo modo, thda revolusao The aparece como algo catatfico anormal [Nas suas opines subjeivas © nos seus propésitos como eseritores, Flaubert e Zola nio so de modo sigum defensores do capitalise. Masso ttnos da época em que vveram pot fsso, a concepsto que es tam do mundo sole coustante- 56 mente 0 inflxo das idéias do tempo. Isso é vélido principal: ‘mente para Zola, ju obra se resseatiu decsivamente' Gos pre- oneeion da socilogia Burguesa. Essa 6 a razto pola qual em Zola w vidn se desenvolve quise sem saltos e ariculagies, po: ‘endowe meamo eonsiderici, da Hla perspective, socalmente rormal: todos o so. dor homens apareosm como produtos ‘ormalt do melo soul. HA, porém, ourasTOrgas em ago, bas- tanto diverts heterogénens, como Dereditriedade, que ates bre 0% pensumentos © os sentimentos dos homens, como De femidade fatale, provocando catistofes que interrompem 0 ffuxo normal d via. Basta pensar na embriaguez heredtiria 6 Bulenne Lanter, em Germincl, que provoca virss exposics fe clistrafexbruseve que nio tém relagto orgiaia alguna com © eariter de Etienne; Zola nio quer mesmo estabeleer tal r= Iago, © mesmo acontece em L’Argent, com a catistroe provo- saul peo flho de Saccard. Em t6da parte, a ag80 normal © ho- ‘mogenea do ambiente fica contraposta, sem nexo algum, as brs is eastrofes determinadas pelo fator heredo, EE evidente que nlo not defontamos, aqui, com um refle- x0 exato'e profundo da realdads objtiva, «sim com ume bs nal deformagao das suas leis, devida ao inflaxo de preconce 10s apologéticas exereido bbe a concepeao do mundo adtad pels esctores dese pedo, O vedadcio comeimeno das forgas motias do proceso social ¢ 0 rellero exato, profundo ¢ sem preconcites da agio diste proceso sobre a vida hums. ha, assomem a forma de um movimento: um movimento que fepresenta e esclarece a unidade orpinica que liga a normal dade 2 exeegio, ‘A verdade do processo social & também a verdade dos des- tinosindviduas. Em que coisa, entretanto, e de que modo, tor nave visivel tl verdade? & claro, nfo sbmente para a cnela pura a politica Tundada sbbre Gases clentiicas, mas também para o conheclmento pritico do homem na sua vida caidana, fve essa verdade da vide s6 se pode manifesta a prais, 10 Eonjunto dos atos © ogSes do homem. As palavres dos homens, Sus pensamentos © setimentos purameatesubjeives, revelam: fe verdadeiros ou ndo verdadeios,sinceros ou isinceros, gran des ou limitados, quando se traduzem na prtica, isto é, quando (sates eas forgas dos homens confimannos ou desmentem-n0s na prova da reaidade. 56 a praxis humana pode exprimir con 7 cretamets a exénci do omem. O qv € fre? O qv & bom? Fergie como exes oblm respons skesmente ha pau, através da pris, apenas, que os omens sdgurem in ters ums ars ours er forma egoon de set tomados fo obo da representagso Herdria. A prova que confi traos importantes do carter do honem ou vise 0 fraaso nto pode encontrar outta expresso nla 8 dos as, fds ate, 2 past A poesia pimtiva — quer se ate OS fetus baladss ow ends, quer se ate de fornsespotines, falas nis ade dos waooapeton — pas sempre do fate Findamcata da inportnsa de rosy ca sempre epreseatou Srrucrn oo fincas ds inten inna pov da exe {inca c dnc decoreu.s son profnda eniicnao.Alnds hak, 4 dexpeito dos seus pressposon,feqUentemeais fentistcos, ingtmioeeiaceitaves para o bomem moder, eh poesia com {thn un, por cdlcar no conto da seprosentagso exatamentc {fata fundamental da vida humans OO nterise que fem a reuniso de vis ages numa con- cexteang ovpnic tame € Jevido fundamentalnente ap fato SE‘Gosns mas deat © vasepan svete, se expe cor hulmeate e mesmo tbalbo pio de"om eater Rumsto. ame Uses coms em ev € a rst ra € fen do mperecel igo alcangndo por uma. socsGo Rfenures Eg ator decivo € maramente omen, 0 1¥e- inrse dos rages epee da vida humana: o que aos nterssa ver como Ulises ou Gil Dis, Moll Flznders cu D. Quixote feagem dante Jos gander aconesimentos de soa Vd, como {attetam os perigs, como superam ox etiuls, © como 0s {faa gue foam ineressntese apices suas person” {Mates be desenvoiem sempre mai ampla © profundamente na 7. aio revlam teagos humanoe essen, se io expi- ‘mem as relagSes orginicas entre os homens © os acontecimen- tos, a8 relagdes ene os homens © © mundo exterior, as cos st rgas naturals © a8 insuigbes socials, até mesmo a8 avea- tras ins extraordindias tornamse varias © destuidas de con- feddo, B necesirio no exquocer quo, na realidad, tOda aglo sitinda que ni rovele (rags humanos tpicos e essenciis — contém sempre rela 0 eiquema abstrato (conguanto deforma oe apagado) da praxis humana como um todo. Eis por que 38 enpoigen esquemiticas de apSes do aventura nas quis apa- {eam pen sombas humanas podem, nao ebay sscat Re modo tasltéio — certo interés 0 cao dob roman. eu de exvlaria ou, em nosso dis dos romances pata. A flee dss tomasces poe a nu uma de les mais profun Ans do itrsse do homer pla tratur, que €o interés pola © mulled de tpecto da expenéncia homana. Sea bteatora tse de una pecan consegue encontrar 9 concxio existent ene a pravs f'n riquera de desenolvinento da vida Satna dss figuras pe fas do tempo, ineese do publico se refuia em sicedneos ‘tose eoquemdisn da Morar ste ¢ precsamente 0 caso da liertura da segunds me- tae do Scevlo XIX. teratra Basada na observa © des iso climine sempre, em medida ces, o intrcimbio en trea prone © a vid iwrior. aver munca teha hago ‘vse égoca na qual, como oso na no, 20 lado da grande ie {ira ofl potulase tanta Iterator de aventura vag sim Pisa. E nfo nos ludamespeosando qu tal hretara jaa fOmente por “gente incuta”e que a elit se alenkam & gran. lara mdena comune, deo conto, NO mas Jas ves, os moderos lsc 80 ldo em pate por S80 adver‘, em pare plo inrése no gue eanerae 20 com {ebdo que ree (se tem que de modo efaguesdoeataaado) os probiemas do tempo. Para diag, enetanto, para diver So, devoram-se or romances poids, Quando tabalhava em Madame Bovry, Flasertlamen- tou om vis ocsies que do Seu lo etvesseausente 0 ele mento divertimento. Lament semelnantesacham se em muitos fos excrtores modernor ntaels: ees constatam gue ts Bane des romances do pattodo unlam « repreenagio de sere hus ‘manos ricos de sgnfiado as tenses e divetimentos, 20 paso {hea are moderaa enram em cena 4 monotona © abores- toeno. Esta situacéo paradoral nso € de modo gum 0 sia A uma falta de ote erros nos etter dn sea pace, ue prodiis um nimero conidrivel de esertores dtados de tRcomum talento. A monotonia © oto decorem dos padres di cago arti ed soncopebo do mundo adotada pelos es stor 9 Zola condena como “sntinaturl” 0 emprégo de elemen- tos excopeonas por Stndhal Bale. ‘le a por exemplo, {Siro modo como étatado © amor em O Vermlho.e 0 Ne- fro, osegvite: "Asin, abandona a verdade coidiana ‘Scrdade contra gual nos chocamos, €o.pscéogo Stendhal just oo terion Ob exenodinao tl com 0 sarator Alexan- Ure Duns. Do posto do vse a ash, da veroadeds lien sme cae tanta supresn quanto @Atagnan ‘No su easaid s0bre atiidade teria dos Goncour, Put Houret formula mutto_daramente ovo penipo d= ‘composi: "O deta € ago, come ind a stimologs © 9 Sed nas € mas wa bon express dos costumes. Oe ¢ sg ‘iteato emum homem nie € aqulo gue le faz em um = Imento de ete age apaxonada,e sim of stds Ibis ct ‘anos, os ais 0 denotam una cre, mas um estado" "Agu, © sents aga, & que se toro inteiramentecom- econ! aca eitady aust Maubertanaguasto 20 4 TRctdo de composgt Fabre confunde a vida em ger com 1 yi casino burgus melo, fst proconcelo posal, Som ‘vida, buns propia tne soci, prem ni delta Por 80 4evser'um preconeti,nio deka de deforma subjevamente reflxo leriio da tealldade, impedindo-o de ser to amplo & lo junto como poeta. Flaubert ta durante tha a sua da fare romper osteo magica do peconetosasumides da ne- Ersidnde socal Mas i nlo ht conta os prewoncelos mes- tov como cnr cn int tren on a dn pode opur a su ita ¢ sepia ei. lea empreende ieos- Salemente do-modo mai apaoaado coat 0 ten, a ba cen © a repogninca dos temas bargueses com gue 86 ocupa a alenglo de eusior A cada vee que Wabalha em um 1 france urgus, ra que nfo yllard mas ase ocupar de ma {Ura tf. Tavis cocontra sida na ga em um ext {Ge fantasia, o-camnbo que iva a descobera, de verdadeira tna pocsia'da vida Ihe Barado pelos seus preconcss “Atma ponsa da vida é.a poesia dos omens que ix tam, 2 powsia dr relagis intr tamanss, a experincla. se don Spc Sem Gi min poi ae {Sr epopla suena, ado pode ser eaboradeneabuma com Dowels cpicaapia a depertariterésts homanes, a foraleee- Be vingloe "A epopds —~ ey natralente, também 8 arte oo ignificativon da previ social. © homem quer ver na cpopéia a lara imagem da tua praxis sock. A arte do poeta épico reside Dreclamente nt juste dslbulgdo dos pesos, propriada do exencal, A sua agfo € tanto mai Pelpente qunnio mals te clemento esencial — 0 homem ea fin prarie wool aparece nfo na forma de um rebuscido produto urifihl vitosttico, mas como algo que naseeu € renew nnuruimente, quer dizer, como algo. que no & inven {hd sim, apenas, deseoberto, Por isso 0 romancista ¢ dramaturgo slemo Otto Ludwig (oujn obra, de resto, & bastante problemitica), em sus este don tre Walter Scot © Dickens, chega a ests juts con- losfor "08 personagens parecem ser a colsa principal © 0 ‘movimento dos Sconteimentos serve apenas para intredazir os yesomapens como fais em sm YS20 naturslimente etraente: 980 ‘ores pos, ave Cles stem em cena apenas para siodar 2 manisr © movimento. O fato € que o autor toma interessante Fila que procia ser tornado, enquaato © gue € interesante por sl mesmo fica entrerve A sues prGorins forcas.. Os per- Fonagens. constiuem sempre © principal. E, na reaidede, wm fconfecimento — por miraslhoro ue scla — nfo nos inte> resnard a Tonea prio tanto como os omens aos quais nos a ‘A extensio da deericto, sia assaeem a método dominan= te da eomposicto écea, € fenémena. que ocorre num perfodo fm que se perde, por motivor socais, a sensibiidede para 08 imomentoe ceenciae da eerutnra Enea. A descrigfo & vm at Cater tea desinado 9 encobsr a caraca de sient: ‘Ainda aqui entretanto, como se df semore na stnese de ‘novas formas idelopies, prevalece 0 principio de acto © reax ‘0. O predominio da desriedo nfo € apenas efeito, mas tam- ‘Rem se fora ensen: causa de um afstamento ainda maior da Tteratura em selagio 20 simiicado éico. A tirana da pross do fsotaliema sGbre a fatima poesin da experéneia humans, a ‘misldade la vida social, 0 rebaixamento do nivel de hnumani- ‘dade sfo {ator obietivos que seompantam o desenvolvimento Ato centtisma e dese desenvolvimento decor necessriamen: te 0 méiodo descr, Uma vez constituido tte método, © a ‘aplicdo por escitores notivels (a sou modo, coerentes), te de ricochéte, sdbre 0 reflexo literiio da realidade, (O'nivel potico da vida socal decai —e a lteratra sublinha & sumenta eta decadéncla. wv ‘A nario diingue © ordens. A descrigio nivel tdas “Gost exge da poesia Epica que ela tate todos os acon- tcsimentos como. defintvaments jf tenscorsdcs, em oporgio ‘ontemporsnedads da aco dramiicn, Com isso, Goethe Je- fine de mncirsjutas dierenga cate exo pico © 0 esto imum © dts ston rot em wm nel de bert tetanus elevedo do que ¢ popeia. drum tem smpre ‘seu cero em um conte, e todo que no se vette dicta 08 indretamente atte confit aparece como sbslstament delo- ade, servo ¢fasdeso. A rguezn de um dramtirgo como Shakespeare deriva de uma rica'e dversieada, conepyio do proprio coufito. Mas, na tendénca para a exctho de fodos ox Dartculres que nio'se rliram so confto, a verdade € gue ‘io ha iferenga soetancll alga etre" Shakespeare cos ‘A loclizacio da apo épica no passado, peda por Goe- the, comporta a seesao do que &essecil neste copioso oceano aque €a vide © representasto do essencal de manera 9 suse {ara Hlasdo. de que a vida t8da tein Tepreseatada na Sua ex- fensto integral. © ertro que decide se tm pormenor & ou nfo € pertinente,€ ou nfo € essencal, precisa st, por consequite, mais “argo” na épiea do que no drama: tal erro preca re. minciro Coupe pels fala do trabalho, a0 paso que Laar~ foe most que ete Bibto de embeagat-se de algums cate {ovog de tadhadores fancese entre st ais ae acha a dos Eincion, tom a sua origem nfo s6-n0_dexomprego e sim 20 {ito de gue tas tablladores tenhim tral cm. periods Iregulacs e devam agusrdar durante os intervalos em botequins. Eqfaryuc mosa iuaimente que Zola xa supeicalmente em Tangent 0 contaste ene Gundermann © Siccar, ent © jadaismo © o eriianimos a Tut que Zola procra reproduie ieem o conser comprtamente) & a vealldade, a 80 cpita- ‘imo dove coaro capa do nbvo est, o dos bancos 1 dept © mitodo descrtivo & inumano. Que le se manifesto na transformagao do homem em natteea mora, como se via, £53 um sonoma arstico de tal numanidade."Ainumanidade Sevrevelaplenaments nos intents ldeodgiovsttion dos pN~ {fpas mpresentantes dessa oriemtagdo. A fiha de Zola, asin, ‘cprodue, ne bloprafa de ceu pal seguinte declargio. dst Tiepelo de Germinal: “Aceko ‘a dfngso de Lamaire — tim epoptia pestimina do animal que hd no homem — com {contigto de ser defini com exo o conto de animal. “Na vos opinlo (ercevia Zola 20 Seu ero) & 0 cécbro que faz 0 homem, ao pasio que ew aeredfo que os -outTos rps também deempenam miso uma tango essencia Sabemos que a insiséaca zlana no que se refer so cle- rmsatoanimafetco sonal tm petexlo contra besldeds {p cpitalamo, eae Is Ble nio cepa a compreender_ Na sun ‘bras contuda, Ete protesto acon leva a uma fxagio do Siemeato,inunano, sbuig de ‘um carder” permanente So aimalesco. (© método da observagio deseo Sore com 0 itent> de tomar clots ® Iterator, tanformando-2 uma cencl ‘ature spicada, em, ima soilogia. Potem os ements fouls registrados pela. obsewagio e representades pela des ‘rio sto to pobre, bese exquemiins, qu podem spt, Som rapide e\com focide,faer com que te descambe ava ‘ extremo oposto to do obj: um subj intel fae subjevmo “¢ 0 de hetedaiedade, que as dWveras 76 fenddnciow nuluraintas © formalses do periodo imperil do cuptalismo vém ulllzando em apandgio dos fundadores do ‘aturallamo. vw ‘Toda etruura podtica 6 profundamente dterminads, dratamento nor citron de comporgfo. que a inspivam, pot lum dado moda de conccber 0 mundo. ‘Tomemes um excmplo slmptinima. No centro da-malor parte dos seus romances (como score em Waverey, Old Morality, ete.), Walter Scat soloen tim peronagem mediocre, que no. tem’ uma posigso Sotinidn em face das grandes Tuas palieas deserts pelo autor ‘Que consepus Ele com liso? herbi indeciso sacha ene os Als crmpos contuldos: em Waverley, entre 0 govémo Insles f'n revolte escoctes a favor dos. Start; em Ol! Mortal), {entre a revolucto purtana e os patidirios da rstauragdo dos Stuart De tal manera que os chefes das faccses adversrias podem entrar alterativemente em contato com © protagonists com as viisitudes da vida déste, sendo entio representados no 86 em seu aspecto histérieo e social mas tambem em se hepecto amano. $2. Waker ‘Scott tivesse coloeado ho centeo ‘be narragio. um de teu8 personagens soclalmente mais impor tases, terthe-ia sido Impossvel instar entre éle e-o seu anta- sonistelagSes umanas apropriadas para a criacto de um fnfrecho, © romance teria ficado mera descigSo de um acon: {ecimento isGrco importante e nfo teria abordado um pro- fondo drama humano eapaz de.nos proporcionar um conheci- ‘mento mais fntimo dos. paricipantes tpieos de um grande mene’ desetiva do tema nuo proorcona um modo de repre Satur inidvadades oncrets, A mulformidade a inti ‘iqueea da vid so pordem quando fenuncamor a rpresatar 6 tniacado bin de camino gue os indidos, concen: te ou inconscemements,querendo ou 9, vio percorendo, © no ‘qual realzam 0. iversl. © tema, a a err, 80” pode Itaicer de mancra absraia ‘diego sochlmente hess, ‘as nso pode sprscnar camino somo 9 resultado do eate= ‘risamento de um nmero init de Talos aides Nos fomances sovicions a necssidads social desta tematea clara Tnearment send o que deveria consiur wma rio is ra que os vetoes nao se detiesem na mera formulagso So icy mes tease jinvengio de entrechos individuais. “ans entechoa no ce deve tanto defcignia de ta ‘eto quant ao fato due os exer, enganads pot fas feorias por tages nocias,igorem a necessidade dees. 'A comporigio ee alguns dos romancts soicicos alo 6 menos esquemutica do que a composgao dos romances natura Ibias da escola sala’ apenes 0 6-em senilo inverso. ‘Now fomazcts naturals, roveavawe a nulidaco de um ambiente ‘palit, mostando-s, por exemplo, quanta sgnominia se Sabita tb opkador babe ds valley oh dos ett bane ‘iron. Em alguns eschoressovicicos os sia aparcom fnveidos; ov fprsentanes di idea husta sto iinet Milpediados ow lgnorados, mas no final conseguem vence. O Sinbo seguido em ambos. os cate ¢ iguaimente abstato ¢ Ssquemisso: a idea hstren © socsingnte asta no cheps fier uma expresio ira convincene ada a fle de um entrecho iniviual, os homens aps- recem como aldo fants, pois os homcas 36. alge Tionomiavedaderamentehumses, quando a os scompa amon nas sua apd, 5 gush BBO podem ser sobsiullas {em por ima miausoa dso picolgin da Ss ia nine, tem por uma. prolitadescrigio “sociology” dosages fora E 6 bt limo tpo de deserig. que procuam fer {Si romans. Em sua obras os homens cortem, exelados, ‘de um lado para outro, e dict aimadamente& poposto de coisas caja npotscla ara Ele esis © para as suns vive ry cias pestis 0 itor no consegue ensergar. Objtvament, & lao gue slo cases da lor impertinsin; mss 8 impor hpi 16 pode aque vide Merina, 26 pode convener © omover 0 itor dese ques raagso thre & colts, ot pro: ‘Samus eo pesongem seem represents em forma fod Gato & stoves de ago, don aconteimentos Jo entecho). ‘Quando iso nfo ocr, os homens fendem a tena figures ‘india, Interidatm quados estos: aparece © dsp ‘Seem sem despertar um ineresse mais pofundo. ‘Anda agi 0 hor “modern” poderé perpuner: © na realdade nip ncotece entamene ass? #4 homens gus 9 hamados para. ocupur certs. estos ¢ depois slo aastedos, Ii delegagber que chegam parem, relcamse setts ec, 4 relat humanas desrtas ‘nos romances de que felmoy passam por coresponder, ents, 4 nostatealdade. lia Fem: bing defend a dsslaga Ga fogs épiea com arguments quse ‘gua ts don moderns formalist teats, sugerindo que ‘Pel forma clivien alo coresponde mat 20 “inamismo" Seiya EE snamaco a © mesmo amis a ‘ida nko difereni, pare formlimo da concepso ¢ da Imenapa, a cnumich da deeadenia cpt € 4 cnamiea a onstgio 3 socializmo (com o apaesmento do novo home) Or eléicos — decarou Ehrembury no congresso dees. stores elizadoseentemente cin Moncou —~ desereviam formas de vida epersonagens consalidsdos. Nex descrevemes aida 'n0 seu'movimesto. Por, a aplicsfo da forma clasia a um romance da nosn poe rfl da pane do autor 0 recutso 4 Concxes falas, sobretudo, Tass solves. A dftsdo das Correspondenls, dos rascrhos, © grande Ineréste dow rss bets homens vives, © wo dak antag estonogzian, dst Enrevitas, doe ropitros e dor is, fodo iso no € devido fo sew". Esse, onto por ponte a descrgo do esl ‘Doe Paris feta por Sinclar Lewis, e je a analisames. De foto, a sipertice da vida aparee realmente aim, © sunce aparece de outo modo, mas x errs Bugures oe no vo alem ds soperie jamal consepsrio que ses peso: dagen, redusdos igus pide, dsperem verdadero inerise. Tome-se um simp episad, trado 4 obra de um {rane exciton, como a morte de André Holkonsk em Ger {Pax de ‘Tein: 0 fei © operado 0 memo Uae €M que o se esté amputando uma perna a Anatole Kuraghin; depois & ‘tansportado para Moscou e hospedado, por coinciacia, ext senie em cata de Rostov. A reaidads 6 asin? Sim, ela pode ser feta dessa mancira, deide que © grande excrtor se ute dos cas e acasos da vide pare exprimir necessidades hv rmanas dos seus personageas.. Para conseguisle, 0 grande escritor deve observar a vida com uina compreensio que nfo se limite & desrigio da supe fice exterior dela e nem se limite & colocacSo em relévo, flta stratamente, dos fentmenos socials (ainda que tal colocaglo fej josta): cumprethe eaplar a relaglo intima ene. a necss- ‘dade social e of acontesimentos da superficie, construindo um fentrecho que seje a slntese posica dessa relaguo, 2 sua ex- Dressio cncentada. A. decadéncia idcoligica da burgucsia fSufoca as postbildades de sasfacdo dessa exigéncia. A nossa Stuagio.Mterdvia ‘sob 0 socialsmo, contudo, epreenta uma ccuriosa contradigéo: vida coloca endrgicamente éses pro- ‘lemas pare és ¢ uma part da literatura continua ase prendes, com insstnca digna de melhor causa, aos méodos supertciais ‘da Tteratara da Burgoesia decadente. Apenas uma parte, ceta- ments, para felicidade nossa, © alo thda, de vez qus os esc ores rusos mals notiveis fd sentiram a necesidade de con- {erie maior profundidade A representagto da nova vida e ro- ccuram cada’ ver tis cclar entechos indvidvals (0 que pode observar com facade na obra de Fadciev) ‘io te trata de uma questio lterdra em sentido esto ‘A aro epinédiea no tom mesmo, de modo algum, condigdes para feprentat 0 n6vo homem. Procsamos comproender © Toru com exatidso de onde sale como se desenvlve fe, como chega a fe tomar agullo que &, A descr do pasado, por um Jado, © deseigbo do ovo ‘homem como algo jf filo, po ‘outro lado, formam um contrast, mas perminectm iterlia~ ‘mente uma tivialidade, © uma tivilidade que nfo pode ser fuprimida com’ 0 revesimento. de formas fontstcas € com a apresentago que faz dela 0 resultado misterioso de premises mal conbecidas. Assim, figuia do “vermelbo" em A. Central Hidrovlérica de Saginjan desperta, na sua primeira apariglo, ‘um vivissime interésse; porém, como Saginjan nf0 coota como ‘ov"vermelho” péde toraarae aguilo que se tornot, Se no a Imargem a que as inferessantes qualidades do. petsonagem 3 90 ‘al. Nio basta tcnsformar a tivialidade incolor em uma tee Waidade ciatilante sarapintada. ‘Mltos escritores stntem necessdade de tornar conbe- cla vide fotims dos sous personagens: e iso, sem divid tsta vide intima s6 pode, também, se tema significative, quando do each’ sei roms, co prem, capa ou comtegléncia de uma aso indi mesa, a Otc Go eaten da vida Sotima € So natareza morta com ce frigto das colts. Gladkov, por exemplo, tanscreve em seu romance Brera 0 longo dito. de um personagem. Mas tal Personagem nfo desempenhs, vem antes hem depos, qualguce Papel importante na agto. No que concetne & agioy portant, Srtonhecmento 60 dro nfo ¢ indapensivel para 0 sor © didso fica sendo um mero "documento", uma spies dscriglo de estados dedi, e nfo contribu em nada para clear 0 per sonagem que o rede acima do nivel epsice “©. metodo deselivo,sterifea (Odas as tensGes disses romances. A dultica do desenvolvimento socal implica nes, Bbriamenie, que a conclusio sejsabida pelo letor desde © info. Do posto de vita da auténtica ate naraiva, como jé ‘mos, leno hao consis obstéculo algum a uma tenstoefictz ‘nfo impossbitaria a obra de assumir um caret gemuina- mente épio; mas 56 com a condo de que & conluso sabide desde 0 inicio fesse pouco a pouco se precsando no curso de tima série de intresntoy victsltadss bumanas, ora paeceado tprosimarse, ora afasando-se-novamente 'No método desrtvo essa tenso nfo existe. De um ponto de vista getriamente social (Isto é,Iterariamente sbsttto), SVconcusio € pressabelecia: nao existe, porem, inhss vives de diegdo. que conduram a rama a0 restlado ji conbecido ‘Nes diverat tapas, o= homens se mostram em gerl dsocen- {ads em face dos sconccimentos,enguanio 8 slugio aparece improvisadaments”. As. contradiges ineentes 20” metodo desentvo se manifestam de modo evident sobretdo quando a desrgio € feta, como ocore comumente, do ponto de vista do personagem que esti indo; porque, nto tos a imagem de tia situagdo'de um complexo de coisa ¢ de homens visas por um obserador confuso que mio é capa de” ditinguir 9 © gue & essencil, Como ocore no eato inverto — em que 5 Moje to dics “objetamente", iat 6, 30 pono de Sista Go tema geal a denrgds nao tem qualguctrelasto Intima com as iguras e reduzom-nas& um nivel epseio. ‘Em ligar 60 n6vo omen spaecer ja como dominador ies cones, como petendem ‘ais romeness, fe aparece come ‘cesorio dela, como elemento de uma natureza mot, 2 ual ‘Sh atrbuidas dimmenses monsmentas. E-€ ag que 0 metodo ‘Seriivo mostra estar em contraigio com o evento NStOED findamental Ga nose paca’ em todos tes ives, se que ifrmar qe o homem te te foro 0 dominador das cts ae quer desreve-o efeivamente nesta condo; mas Jo posto G2‘vln esctco a ambigio nips realza, porge 36 M4 Fepre- senlagio conereta podem se exprimit as vitbrias do homem sobre S'mundo extemo, Se 0 conto ene a neceidade © liber ade €narado segundo as verdadates normas gies, 0 exf50 hhumano aparsce em tds a sue grandeza e até mesmo 08 Pet~ fonagens que sucombem sdquirem clevada estatra humana ‘Gr heros Ge Bale fecneamy, no mais dat vers, 0 encore ‘kes com a vida: 0s hers do romance gorkiano Mae sto ‘spuncadose seabam na pro: nls, encanto, se manifest, tana imensaforga humana S50 peronagens como a Mae, que {2 mowram copsacs de dominat& vida, c= personagens apt a txprimir 0 dominio dos homens aSbre'as coisas; paso que ‘xt personagens fnados staves de dese. exiasetabe= Kes o plano atc, a pepondernca da cis sre os 1 disemos que 0 naturalsmo"e 0 formalismo suavizaram a realiade capitalita,atemuando-Ihe © horror ¢ fazendo-a apa- feeer como mit banal do que ela cetivameate &. Por outro Tado, os resdvos do naturalsmo ¢ do formalise, 0s métodos bseados ma abservagio © na deserigo, sio elementos, que empequenecem ¢ empobrecem a maior revolugdo da histria da hhumanidade Da mesms forma que os eseritores burgueses que utilizam tais métodos, os esctitores raeos que se servem dls também entem institvamente- que sues desergbes earesem de faim: ‘Senificagao humana, E, da mesma forma que aqodles, na ten- fativa de super com meios atlas @ pobreze interior dos 2 homens dos acontecimentos assim descitos,recorrem aos sat Doles, E € 0 que vein Tuzcndo certs escrtores.proletérios. "Aqui podemos aerescentar dversos excmplos de falsa pro fundidade, de triviidade reérca, o que € ainda mais test por se apresentar om escrtores que poderlam pereitamente, por feus dates, conferirsignificagio Intima as sus narragies.” Ea foe da grandeza di experiencia sovctic, 0 simbolo aparece precimente como tim aacedineo lafsiz para a intima poesia frumana e, por iso, compre citcé-lo aqui de maneira ainda rulsrigorose do. que em qualquer outo lugar. Pensemos, por ‘xemplo, nos inocentes bagos de uve que na Arvore Movente ‘de Ilenkoy sto transformados em simbolos do sau pensemos ina persnifcagdo do riacho da montana por Saginjon; pense- ‘or, sobretudo, nes lias linhas do abyo romance de Gladkov: Os fos cantavam sdbre os postes em voz. longingua como 0 scorde fia de um oratério incompleto, Nos eaminhos, entre fs rochas, vores de homens ¢ mulheres chamavam e respond. TTalvez féssem trabalhadores o desvio: — Leva o tem para as thos ld de cima... —~ Jd entend, as Id de cima. 05 trthos que levam para 0 consério... Sia, pensava Miron, de ‘ler postos no of azul da aurora- Sim,” 0 novos thos ‘A vida entra Sempre em novos thos comprsensvel e chega mesmo 2 se tgico que um Zola ‘ov um Thsen, desesperados pela intime nulidade do cotdiano opiate que deviam descrever, reorresem & ajuda dos sim- ‘alos. Mas para esriores cuja matira é a riquisima realidade ‘do soxalismo no hi escusa admisivel. "Todos of meios de composigio de’ que vinhamos flando so resduos do capitlismo; eos residues presenes na conse Cenc indica sempre a exsténia de residvos no propo ser. Sino congresso dos Konsomol, © modo de viver de nimerosos ‘eeritores sovisicos fol severamente ertcado, Para nés, n0 presente momento, basta formlar indagagio de so saber se a Dersténcn da mica observagio © do tipo meramente “obstrv Sor" ndo ters, por asso, raise profundas na propria vida do es- for, No se tata somente da perssténcia daguele tipo de {ndlvidualismo que se exprime em formas anarcéides e conduz 40 Rolamento pessosl, Também o documento que se observa ‘ad hoe, a attude de rep6rter assumida pelo eseritorem face das fquestoes Spiess, a deverigso dos petsonagens cm estilo de 93 ‘mandado de prisdo, como & tit pelos seguidores de Zola, sf0 fendmenos qe podem ser caalogadon sob a rbrica de pérsis- ‘ecia do indviualismo. Tals fendmenos mostram que certs tfertores rss nao atingem a fonte da experiacia vivida com ‘Save na qual podem ser producdas as grandes exagben antics Iostram que tes recolhem e otdenam obvervages com 0 to Ge expb-as A mancira oroalisica ou de exibelas adormadas ‘com uropellicosimbdlco. fo slo powcos, scm dGvids, of exctores que adotam todos de conposigto bem diveros disses. se cxaminarmor 6 fundameato du expeigncia cujo contctido coneeatrado enc03- tramos em suas obras, veremos que prépria posiebo déstes tsettors em face da vida € blsicamentedivesa da dos outros. \Vejase, por exempl, a arte e a vida de’Choloko. ‘Chegaremos, ast, a conclsfo de que tamblm na Unito Sovidicao dlema participer ou observar (narar ou descrver?) uma questo ligada & posigdo do eseifor em face da vie S6'que aguilo que para Paubert era uma situagéo tigen & ra Unido. Sovitiea, um simples equoco, um residao no superado do capital. "Um residvo que ainda nfo fol soperado, mas que pode s#-o 6, certaments, 0 ser. 936) frodipto de Gru Yaa Koroen 3 Balzac: Les Illusions Perdues Baczre exreven tse comance quando cst no age de sun matuide como estitor, Cos nea Sra sql no tipo de romance guy exces deca inten ‘Sa a tolugta Merkin de todo sécuo NIX 0 vomance da ‘da nccensiements cio pelo homem de sccdode Brees {sche msriyeinene 20 chocnrse com brutal preptnca eva apt, aturaimene, price mento. donate das iascey no terreno do romance node, no sore em Babe. ‘Otmineio grande romance, Dom Oust, €tambea um roman: codes "ies peas” Mes-em.Corvats, @sosedade Soran, mvs Se ora, desl a thimes les feud, ‘nguato em Bans, ao contro, sto extent 9 sonepyto dh bomen, concen eee as, et, soe de evolgto burgusa, to &, malt aos rode Holos Gr evotusto fvoiionds argues, que fe dunn a teat Snes a0" etrontarem ‘cm ealide Ge" economie croatia (© romance do séulo XVII também dein slums ites. Mo ean ‘ad mis cram que reminiceois do feat atsmo no sntimentos eno Pea; ou eto eam iiss 9s

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