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Alfredo Bosi
A mscara e a fenda
Em memria de Lucia Miguel Pereira
Machado de Assis comps umas duas centenas de contos. Entre eles, creio,
alguns dos melhores j escritos em lngua portuguesa, ao lado de no poucas
histrias presas s convenes do romantismo urbanizado da segunda metade do
sculo XIX.
Quem faz uma antologia 1prefere excluir a maioria dessas ltimas, sem
dvida menos sugestivas esteticamente; mas o analista no pode omitir o fato:
Machado foi tambm um escritor afeito s prticas de estilo das revistas familiares
do tempo, principalmente nas dcadas de 1860 e 70. O jovem contista exercia-se
na conveno estilstica das leitoras de folhetins, em que os chaves idealizantes
mascaravam uma conduta de classe perfeitamente utilitria.
Reporto-me seleo que preparei para a Bibliouca Ayacucho de Caracas, de onde extrai, com
alguns retoques, o presente artigo.
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MIGUEL PEREIRA, Lucia, Machado de Assis. So Paulo, Cia. Ed. Nacional, 1936. A interpretao foi
retomada com maior felicidade em Prosa de fico, 2, ed, Rio de Janeiro. J. Olympio. 1957. p,
59-107
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Contos-teorias
Estas linhas j estavam escritas quando tive o prazer de ler o denso estudo de Roberto Schwarz,
Ao vencedor as batatas (Duas Cidades, 1977) em que se acusam alguns componentes ideolgicos
do primeiro Machado, o antiliberalismo, o familismo estreito, o conservadorismo astuto; fatores
responsveis pela ordem narrativa, pelo estilo, pelo tom dessas obras. Fundamental, a abertura da
III Parte, O paternalismo e a sua racionalizao nos primeiros romances de M, de A." O
paternalismo, calcado nas relacs de favor, horizonte ou plataforma dos romances iniciais. R.
Schwarz vai apontando, em anlises tpicas lapidares, as tenses internas dessa ideologia e suas
linhas de fuga na direo de um realismo complexo e desabusado, que se imporia a partir das
Memrias pstumas de Brs Cubas.
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Vale a pena ler o ensaio de Fritz Heidcr sobre a inveja como processo de reequilibrao, em
Psicologia das relaes interpessoais. Trad. Dante Moreira Leite. So Paulo. Pioneira. 1970.
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Nabuco. Joaquim. O abolicionismo. 4. ed. Petrpolis. Vozes. 1977, p. 195. A primeira edio da
obra data de 1883.
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