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REDAÇÃO

A expansão do ensino superior no Brasil


INSTRUÇÃO

A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos
construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo na
modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “A expansão do ensino superior
no Brasil”, apresentando proposta de intervenção, que respeite os direitos humanos.
Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa
de seu ponto de vista.

TEXTO I

O Brasil precisa mesmo de mais universidades públicas?


Existem bom motivos para que a necessária expansão do ensino superior seja capitaneada
pelas instituições particulares. Veja cinco deles

Governos gostam de prometer obras e mais obras. Por exemplo: a solução para o ensino
superior? Construir mais universidades. É a melhor forma de garantir conteúdo para o próximo
programa eleitoral.
De fato, poucos brasileiros chegam a cursar uma faculdade. Apenas 14% dos adultos têm curso
superior, o que é menos da metade do índice chileno. Portanto, é preciso aumentar o número
de pessoas nas universidades.

Mas isso não significa que a expansão deva partir do governo. Uma das razões, talvez a mais
óbvia, é o alto custo causado pela burocracia e pela corrupção. Cada grande obra traz em si um
alto risco de desperdício. Além disso, o ensino superior é uma área em que o setor privado tem
ampla capacidade de se articular para suprir a demanda do mercado, exceto em alguns casos
especiais (cursos com baixa demanda mas alta relevância para o país). Na verdade, hoje, três
quartos das vagas de ensino superior já estão em instituições privadas.

Veja cinco motivos pelos quais o crescimento da oferta deve se sustentar pelo setor privado.

1) Gasto público
O custo com obras é elevado. O gasto com pessoal, permanente (já que inclui salários com
estabilidade e garantia de aposentadoria). O Brasil gasta, proporcionalmente, muito com o
ensino superior e pouco com a educação básica, que – segundo estudos internacionais – deveria
ser o foco do investimento público. Por causa da garantia de ensino gratuito para todos os
alunos, inclusive os ricos, o ensino superior tem um custo altíssimo. Por isso, não faz sentido
elevar ainda mais esses gastos quando há uma alternativa. Melhor seria priorizar os cursos
superiores que atendam o interesse nacional e tenham pouca oferta no setor privado (como
engenharia nuclear).

2) Flexibilidade
Em um mercado cada vez mais dinâmico, é mais fácil para o setor privado acompanhar as
demandas por profissionais com qualificações específicas. Novas profissões surgem com
frequência, e outras perdem a relevância rapidamente. Por sua estrutura engessada e
burocrática, as instituições públicas têm uma capacidade muito limitada de se preparar para
essas evoluções, o que retarda o crescimento da mão de obra qualificada.

3) Diversidade ideológica
Dentro do setor privado, é natural que surjam universidades com princípios e projetos
pedagógicos diferentes. Instituições conservadoras ou progressistas, cristãs ou laicas,
tradicionais ou inovadoras quanto ao método. Essa diversidade é impossível dentro da esfera
pública. Deixar o protagonismo para as instituições privadas significa aumentar a pluralidade de
ideias, o que é bom para o país.
4) Parcerias com o mercado
Em parte por limitações legais, em parte por causa do preconceito ideológico dentro da
academia, instituições públicas de ensino costumam ser refratárias a parcerias com o setor
privado. Com isso, perdem recursos, oportunidades de pesquisas de ponta e, mais importante,
qualidade na formação dos estudantes. Nas instituições particulares, é o oposto.

5) Racionalidade
Uma das leis mais elementares da economia é a de que pessoas tendem a tirar proveito da
gratuidade sem se preocupar tanto com as consequências. Uma relação mais adequada entre o
investimento e retorno quando da escolha do curso universitário significa escolhas mais
racionais por parte do estudante, que tende a pensar de forma mais séria sobre o retorno
financeiro da profissão que escolheu. Isso tende a reduzir o número de alunos formados em
cursos com baixa empregabilidade.

TEXTO II

Sisu cresce quatro vezes em sete anos e concentra quase metade das vagas
públicas em universidades
Levantamento do G1 mostra a expansão de vagas do sistema do MEC, que desde 2010 usa a
nota do Enem para selecionar candidatos para cada vez mais vagas no ensino superior público.

Criado depois da reformulação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em 2009, o Sistema
de Seleção Unificada (Sisu) ganhou, em menos de uma década, o status de maior aglutinador
de vagas em graduação nas instituições públicas do país. Entre 2010 e 2016, o número de vagas
que as universidades, institutos e faculdades federais e estaduais decidiram destinar ao sistema
cresceu mais de quatro vezes, e a concentração do total de vagas ofertadas no ensino superior
público do Brasil no Sisu saltou de 10,7% para 43%.

Nesta terça, o Sisu 2018 do primeiro semestre abriu as inscrições para 239.601 vagas em 130
instituições.

O levantamento foi feito pelo G1 a partir de dados divulgados ano a ano pelo Ministério da
Educação e informações das edições do Censo da Educação Superior de 2010 e 2016, ano dos
dados mais recentes disponíveis.
A evolução do Sisu
Confira o histórico do sistema do MEC que usa a nota do Enem para selecionar alunos no ensino
superior público

Em 2010, as 47.913 vagas oferecidas por meio do Sisu representaram 10,7% do total de 445.337
vagas oferecidas por vestibular ou outros processos seletivos de todos os cursos presenciais em
universidades públicas, segundo os dados do Censo da Educação Superior.

Entre 2010 e 2016, as instituições públicas haviam expandido seu número total de vagas
oferecidas para 529.239, um aumento de 18,8%. Mas, nesse mesmo período, a expansão de
vagas do Sisu foi de 376%. Na edição do primeiro semestre de 2016, o Sisu reuniu 228.071 vagas,
ou seja, 43,1% do total de novas vagas oferecidas no ensino superior público em todo o país.
Distribuição de vagas
Nesta edição, são 100 instituições federais participantes, e 30 estaduais. De acordo com o
MEC, as instituições aumentaram o número de vagas oferecidas, mas reduziram o número de
cursos com os quais aderiram ao sistema. O estado com o maior número de vagas oferecidas é
Minas Gerais, que responde por 30.381 vagas, ou 12,7% do total do Sisu. Rondônia, com 328,
e Roraima, com 886 vagas, são os estados com a menor oferta neste semestre.

Atualmente, segundo dados do MEC, só duas universidades federais não participam do Sisu: a
Universidade Federal de Rondônia (Unir) e a Universidade Federal do Oeste do Pará. "Ele é por
adesão e não é obrigatório. Das nossas 63 universidades federais, por exemplo, atualmente 61
já ofertam vagas", explicou Fernando Bueno, coordenador-geral de Programas de Ensino
Superior do MEC, em dezembro, quando a nova edição foi anunciada.
Cotas raciais e sociais
Das 239 mil vagas oferecidas pelo Sisu 2018, 121.266 (ou 50,6%) estão reservadas para alguma
modalidade de cota social ou racial. São 103.897 vagas que seguirão a Lei Federal de Cotas,
obrigatória apenas para as instituições federais, e 17.369 vagas de outras políticas de ação
afirmativa que tanto as instituições federais quanto as estaduais têm liberdade para criar.

A USP, por exemplo, vai oferecer 2.745 vagas em 102 cursos pelo Sisu; dessas, 2.322 são
destinadas a ações afirmativas, o que representa 84,5% do total.

O estado com o maior número de vagas reservadas para algum tipo de cota é Santa Catarina,
com 60,8% do total. O Piauí, com 41,9% das vagas destinadas às ações afirmativas, é o estado
com a menor porcentagem. As instituições federais são obrigadas por lei a destinar pelo menos
50% de suas vagas a cotistas, somando todas as vagas oferecidas, incluindo as do Sisu e as do
vestibular tradicional.

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