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O PASSE MAGNÉTICO

Ao contrário do que podem pensar alguns, o uso do magnetismo -


não confundir com magnetoterapia (uso de imãs para cura) - é bastante antigo,
sendo utilizado desde a antiguidade. Na Caldéia e na Índia, os magos e
brâmanes, respectivamente, curavam pela aplicação do olhar, no Egito,
multidões acorriam ao templo da deusa Ísis, procurando o alívio dos
sofrimentos junto aos sacerdotes, que lhes aplicavam a imposição das mãos,
no próprio Evangelho vemos várias vezes Jesus curar através do uso do
magnetismo.

Embora já bastante utilizado, pouco se conhecia sobre o


mecanismo de ação do magnetismo, foi na idade média que os estudos
evoluíram, encontrando no final do século XVIII com Fraz Anton Mesmer um
grande desenvolvimento. Mesmer iniciou suas pesquisas com uso de imãs e
depois descobriu que o uso das mãos apresenta resultados análogos aos imãs.
Mesmer acreditava na existência de uma força magnética que se manifestava
através da atuação de um "fluido universalmente distribuído, que se insinuava
na substância dos nervos e dava, ao corpo humano, propriedades análogas ao
do imã. Esse fluido, sob controle, poderia ser usado como finalidade
terapêutica". Após muitas pesquisas começou a desenvolver e divulgar
técnicas de fluidoterapia que ficou conhecido como Mesmerismo. O trabalho de
Mesmer, apesar de apresentar bons resultados, gerou grande polêmica, sendo
ele e seus seguidores duramente combatidos pela Faculdade de Medicina de
Paris que proibia seus membros de adotar a nova técnica. Apesar de toda a
perseguição, pesquisadores como O Marquês de Puységur, Du Potet, Charles
Lafontaine, Charles Richet, Allan Kardec, dentre outros, continuaram os
trabalhos de Mesmer, trazendo até nossos dias o uso terapêutico do
magnetismo.

Mas afinal, o que é esse magnetismo? Magnetismo animal, ou


ainda, fluido animal é a denominação da parcela de energia vital doada por
uma pessoa encarnada à outra, seu objetivo é propiciar o reequilíbrio físico e
espiritual àquele que está, por alguma razão, com sua energias
desequilibradas. Existem várias formas de se utilizar esse magnetismo. Nas
casas espíritas vemos a utilização do passe, que é amplamente empregado
como complemento para outras terapêuticas. Segundo a Gênese, o passe, que
não é uma doação de energias, mas na verdade é “uma transfusão de energias
físico-psiquicas” (Emmanuel) pode ser divido em três tipos:

1. Humano– É o magnetismo propriamente dito, utiliza apenas as


energias do encarnado, sendo sua eficácia determinado pela
qualidade da energia do mesmo;
2. Espiritual – É aquele em que não há intervenção de um encarnado,
o fluxo de energia vem diretamente do plano espiritual para o
beneficiado. Assim como no caso anterior, a qualidade desse recurso
está na razão direta das qualidades do espírito;
3. Mista – É aquela em que a uma combinação de energias espirituais
e humanas (animais) de forma a tornar o passe mais eficaz. Este é o
passe recomendado nas casas espíritas, pois seus resultados
tendem a ser melhores para todos os envolvidos.

O termo transfusão é empregado porque quem recebe o passe


tanto pode receber energia (caso esta lhe falte) como pode ter o excesso
retirado (caso esta possa lhe trazer algum desequilíbrio). O passe vai agir no
perispírito, que é nas palavras de Leon Denis “Um organismo fluídico; é a
forma preexistente e sobrevivente do ser humano, sobre o qual se modela o
envoltório carnal, como uma veste dupla, invisível, constituída de matéria
quintessenciada”. Sendo o corpo físico uma conseqüência do perispírito, a
aplicação do passe no perispírito apresentará reflexos no corpo material.

Existem várias formas de se aplicar o passe, entretanto é preciso


esclarecer que o principal fator é a vontade que dirige os fluídos, para que
estes possam alcançar o objetivo desejado, sendo assim, devemos ter em
mente que qualquer posição, movimento, apetrecho ou instrumento exterior é
secundário e que a disposição mental tanto de quem aplica quanto de quem
recebe o passe é que é o fator principal para o sucesso da transfusão fluídica.
Ainda assim, a título de informação, falaremos de três das mais utilizadas
formas de passe:

1. Imposição de mãos – esta é a forma mais comum, antiga e


utilizada de aplicação de passe, consiste na colocação das mãos,
com as palmas para baixo, sobre a cabeça de quem vai recebê-lo. O
princípio deste passe é o de aplicá-lo no Chakra coronário (a moleira
dos bebês) e sendo este Chakra o que coordena os demais, ele se
encarrega de distribuir as energias pelo corpo;
2. Longitudinais – São aplicados ao longo do corpo, da cabeça aos
pés, de cima para baixo, com as mãos abertas e as palmas na
direção do paciente. Podem ter várias finalidades, mas é mais
comumente utilizado para acalmar o paciente;
3. Transversais– utilizados para fins de dispersão de energias, não é
recomendado em casas espíritas devido ao seu modo de aplicação
que consiste em “estender os dois braços, com as mãos abertas,
polegares para baixo e abrir rapidamente e com muita energia os
braços no sentido horizontal e depois volta-se com vivacidade à
posição primitiva para recomeçar logo a seguir da mesma maneira”;

Nas casas espíritas recomenda-se que o passista evite a todo


custo tocar no paciente, como também apenas utilizar a imposição de mãos.
Estas recomendações visam evitar constrangimentos para o paciente, evitar
assustar aqueles que não conhecem bem o passe e podem ficar chocados com
movimentos muito estranhos, bem como evitar preferências por determinado
passista (que aplica determinado tipo de passe).

Impossível falar em passe sem fazer referência aos Chakras ou


Centros de Força ou ainda Centros Vitais. A palavra Chakra vem do sânscrito e
quer dizer roda. Segundo o professor Carlos Pastorino: “são chamados rodas
porque têm a aparência de pequeno exaustor ou ventilador, com suas pás
(denominadas ”pétalas”), que giram incessantemente quase, já que é constante
a “corrente de ar” que por elas passa”. Essa corrente de ar a qual o professor
Pastorino se refere são as vibrações e elementos fluídicos do plano espiritual
que entram e saem de nós pelosChakras.

Segundo André Luiz, no livro Evolução em Dois Mundos, os sete


principais Chakras possuem as seguintes funções:

1. Coronário – “Instalado na região central do cérebro é a sede da


mente, o centro que assimila os estímulos do Plano Superior e
orienta a forma, o movimento, a estabilidade, o metabolismo orgânico
e a vida consciencial da alma encarnada ou desencarnada. O Centro
Coronário supervisiona, ainda, os outros centros vitais que lhe
obedecem ao impulso, procedente do espírito.”
2. Cerebral – “Contíguo ao Coronário, com influência decisiva sobre os
demais, governando o córtice encefálico na sustentação dos
sentidos, marcando a atividade das glândulas endócrinas e
administrando o sistema nervoso, em toda a sua organização,
coordenação, atividade e mecanismo.”
3. Laríngeo – “Controla notadamente a respiração e a fonação.”
4. Cardíaco – “Dirige a emotividade e a circulação das forças de base.”
5. Esplênico – “Determina todas as atividades em que se exprime o
sistema hemático, dentro das variações de meio e volume
sanguíneo.”
6. Gástrico – “Responsável pela digestão e absorção dos alimentos
densos e menos densos.”
7. Genésico – “Guia a modelagem de novas formas entre os homens
ou o estabelecimento de estímulos criadores, com vistas ao trabalho,
à associação e á realização entre almas.”
Como já dissemos anteriormente é sobre o Chakra Coronário que o
passe por imposição de mãos é aplicado, este por sua vez, como controla os
demais, é o encarregado de distribuir as energias do passe para os demais.

A aplicação do passe na casa espírita necessita de certos cuidados


para que não tome um caráter místico. Todo e qualquer objeto exterior deve
ser dispensado, talismãs, incensos, defumadores, roupas de cores especificas
são práticas vãs e que só servem para criar no paciente uma idéia equivocada
do passe. A música pode ser usada, desde que com critério (música suave e
baixa), para ajudar no relaxamento dos presentes. Além disso, como o objetivo
do passe é o equilíbrio, é preciso esclarecer os presentes sobre a necessidade
do silêncio e do clima de prece para facilitar a sintonia com o plano espiritual.
Também é fundamental que todos estejam fisicamente preparados para o
passe, ou seja, que evitem atitudes que dificultem a absorção e a transmissão
do passe pelos seus organismos físicos, questões como alimentação, vícios,
sexo, entre outras devem ser observadas:

1. Alimentação – Apesar de não existir nenhum alimento proibido para


aquele que vai receber o passe, ou desenvolver qualquer atividade
na casa espírita, é preciso ter bom senso e evitar excessos
alimentares, pois “o excesso de alimentação produz odores fétidos,
através dos poros, bem com das saídas dos pulmões e do estômago,
prejudicando as faculdades radiantes”;
2. Álcool – Assim como outras substâncias tóxicas (fumo, drogas, etc),
o álcool provoca distúrbios nos centros nervosos e modifica certas
funções psíquicas o que anula os esforços de transmissão dos
fluidos do passe;
3. Outros Vícios – Além dos vícios de natureza química, há também
aqueles decorrentes da conduta do indivíduo, questões com jogos e
todos os abusos que geram desequilíbrio psíquico devem ser
evitados, pois dificultam sobremaneira a sintonia vibratória;
4. Sexo Antes do Passe – O sexo é coisa santa e como tal deve ser
tratado, entretanto devido às descargas energéticas que ele acarreta,
o mesmo deve ser evitado antes do passe, pois pode criar
desequilíbrio fluídico no paciente o que pode dificultar a absorção e a
retenção dos fluidos recebido no passe.

Não esperamos aqui esgotar o tema do passe, que é muito rico e


tem várias implicações, entretanto esperamos ter levado um pouco de luz
sobre o assunto, principalmente para aqueles que nada sabem sobre o mesmo.
Voltamos a lembrar que, mais do que qualquer outra coisa, o principal
componente para o sucesso do passe é a boa vontade e o esforço para
sintonizar com os planos superiores. Esforço esse não apenas no momento do
passe, mas em cada momento de nossas vidas, seguindo o roteiro seguro do
Evangelho que é a melhor maneira de conquistarmos o auxílio da Divina
Providência.

Fontes:

KARDEC, Allan. A Gênese. (1999) LAKE


XAVIER, Francisco Cândido. Nos domínios da Mediunidade. (2001) FEB
XAVIER, Francisco Cândido. Evolução em dois Mundos. Pelo Espírito André Luiz. (2003) FEB
PASTORINO, Carlos T. Técnicas de Mediunidade. (1969)
PERALVA, Martins. Estudando a Mediunidade (1998) FEB.
PERALVA, Martins. Mediunidade e Evolução (1998) FEB.
JACINTO, Roque. Desenvolvimento Mediúnico (1991) Editora Luz no Lar.
MELO, Jacob. O Passe – Seu estudo, suas técnicas, sua prática. (1992) FEB
JUNIOR, Eugênio Lysei. O Passe – Respostas às perguntas mais freqüentes. (1998) Casa do
Caminho.

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