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Os Liberais e o Papa Francisco
Os Liberais e o Papa Francisco
A sua obra está cheia dessa preocupação: a economia para o homem, não o homem para a
economia.
No seu livro, traduzido para francês como "La crise de notre temps" (1.ª edição em alemão de
1948) analisa a situação económica e social do séc. XX. Confrontavam-se nessa altura dois
sistemas sociais, políticos e económicos: democracia e totalitarismo; economia de mercado e
economia do estado ou planificada.
Para Röpke, o sistema económico liberal que defende alicerça-se na liberdade individual, no
direito à propriedade, na divisão do trabalho, nas leis de mercado, na concorrência.
Não deixa porém de apontar todas as deformações, falsificações e aberrações que o modelo
liberal sofreu ao longo do seu percurso histórico e que eram já evidentes em 1948.
Poder-se-á conceber uma economia liberal com outras formas jurídicas? Sem sociedades
anónimas, sem sociedades de responsabilidade limitada, sem sociedades de holdings, sem
monopólios protegidos pela lei, sem "brevet" que prejudiquem a concorrências, sem
"offshore", etc.? (...)
O paraíso não tem portas, nem janelas, não precisa nem de opas, nem de água benta. Está
aberto a todos os que "têm fome e sede de justiça porque é deles o reino dos céus". Nele há
lugar para todos aqueles que "deram de comer a quem tinha fome, de beber a quem tinha
sede e que vestiram os nus e remuneram justamente quem trabalhou.
Rezam as Escrituras ainda que um rico, chamado Zaqueu (não era seguramente liberal porque
confessou não ter ganho a sua fortuna honradamente), ao receber Jesus na sua casa prometeu
dar metade da sua fortuna aos pobres e que deixaria de explorar os seus semelhantes. Ficou
escrito nos livros sagrados que, nesse dia, entrou a salvação naquela casa.
Bastaria a coragem do Papa Francisco, por ter expulsado os "vendilhões" do templo do Banco
do Vaticano, para merecer o respeito de qualquer liberal honesto.
Não vale a pena ensinar a pescar, se nós retiramos o acesso aos anzóis, às redes, ou ao isco! O
Diabo mora em todo o lado onde o "laissez-faire" se transforma na lei do mais forte, pondo em
risco os valores mais altos da humanidade e abrindo a porta à corrupção e à exploração do
homem pelo homem.
Para estar de acordo com o Papa Francisco, no campo social, não é preciso ser católico, nem
de esquerda! A sua intervenção no passado dia 25, no Parlamento Europeu, mereceu uma
ovação de pé de todos os quadrantes.