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Projeto de Grafite Uemarte 2
Projeto de Grafite Uemarte 2
,
O grafite expressa um significado importantíssimo para a
comunicação e a formação de uma sociedade. Referente a isso,
podemos relacionar a Europa, berço da civilização ocidental,
especificamente Pompéia que, em nossos primórdios (primeiro
século de nossa era), já caracterizava um dinamismo na
aplicabilidade da comunicação como um aspecto relevante para a
organização social urbanizada e dinâmica com seus efeitos mediante aos aspectos culturais
vigentes, onde traços populares buscavam ganhar espaço frente à erudição de um grupo
dominante. Nada mais peculiar que para nossos dias, tal antagonismo age sobre nossas vidas
criando um espaço de intolerância, discriminação e exclusão em nosso meio social.
"(...) do ritmo de grafitagem (no caso, Pompéia), basta dizer que as inscrições eram
constantemente apagadas pelos dealbatores (literalmente: “que tornam a parede
branca”, cf. CIL IV, 3528) que liberavam os muros... para novas inscrições! (...)
provinham de todos os grupos populaes da cidade, de camponeses e artesãos, de
gladiadores e lavradores." (FUNARI, Pedro Paulo. Cultura Popular na Antiguidade
Clássica, p. 28)
Ao contrário, vemos hoje a pichação como algo degradante, não buscando analisar
profundamente a psicologia social que demonstra os estereótipos formados em relação à
exclusão social na juventude sem uma perspectiva, e que os muros somente refletem a
realidade atribulada na exploração de um exército de reservas, e não absorvendo um
contingente ocioso, tentam combater o efeito na intenção de estar atingindo a do vandalismo
sobre a propriedade privada.
As relações humanas estão intrinsecamente ligadas à condição de sociabilização dos meios
em que nós exercemos; ações diretas sobre o devir de nossa condição comunicativa frente a
realidade. De tal forma contraposta em nossas atuações antagônicas dentro de uma exposição
social complexa na formação histórica:
a comunicação implica essencialmente uma linguagem, quer seja esta um dialeto falado,
uma inscrição em pedra, um sinal de código Morse. A linguagem tem sido chamada "o
espelho da sociedade".(CHERRY, Colin. A Comunicação humana. Trad. de José
Paulo Paes. São Paulo, Cultrix, 1972. P. 64-5. Adaptado)
"Mais do que fato objetivo e histórico, a linguagem única é projeto social excludente. 'A
cada época histórica da vida ideológica e verbal, cada geração, em cada uma de suas
camadas sociais, possui sua linguagem; além disso, cada idade tem seu ‘falar’, seu
vocabulário, seu sistema de acentuação particular, que, por sua vez, variam com a
classe social, com o estabelecimento escolar e segundo outros fatores de estratificação.'
([BAKHTINE: 1999, 112]. In: A Lingüagem Escravizada. Publicado na Revista
Eletrônica ESPAÇO ACADÊMICO - Ano II - n.º 22 - Mar. 2003 - Mensal - ISSN
1519.6186 escrito pela Prof.ª Dr.ª Florence Carboni e Prof. Dr. Mário Maestri)
No final da década de 60 do século XX, jovens do bairro nova-iorquino do Bronx
restabeleceram esta forma de arte.
A tese mais próxima da realidade sobre a origem do Grafite moderno surgiu com o HIP
HOP, uma cultura de periferia, originária dos guetos americanos que une o RAP (música muito
mais falada do que cantada), o break (dança robotizada) e o grafite (arte plástica do
movimento cultural).
Não existe ainda um estudo consolidado, e muitas lacunas deverão ser preenchidas sobre a
origem do GRAFITE, mas um elemento muito rico sobre as pesquisas já proferidas é oriundo
do processo de formação da Cultura de Rua (Movimento Hip Hop) evidenciado principalmente
nos guetos dos grandes centros urbanos dos Estados Unidos da América.
"Reconhecemos que chegaram até nós muitas coisas boas da cultura dos Estados
Unidos. Sabemos respeitá-las, apreciá-las e incorporá-las ao nosso cotidiano. Não
desejaríamos eliminá-las de nossas vidas. ao contrário, somos a favor da intensificação
do intercêmbio cultural do Brasil com o maior número possível de povos e nações, mas
de modo que todos possam participar, em igualdade de condições, como beneficiados e
como colaboradores no processo de trocas de práticas e experiências da comunidade
humana universal." (ALVES, Júlia Falivene. A Invasão Cultural Norte-americana. Ed.
Moderna, pg. 09, 16.ª Edição)
O GRAFITE é um instrumento que vem nos propiciar uma alternativa de luta para toda e
qualquer opressão de nossa sociedade. No Brasil ele se desenvolveu em um:
"(...) sentimento, gerado sobretudo no seio dos setores mais esclarecidos politicamente,
se manifestou muitas vezes, a partir da década de 60, sob forma de grafites e atos
públicos de protesto contra enviados do governo dos USA em visita às nações latino-
americanas. Aqui no Brasil se podia ler constantemente nos muros das grandes cidades:
'Yankee, go home!', 'Abaixo o imperialismo norte-americano' ou 'Tio Sam, fora do Brasil' "
(ALVES, pg. 50).
Essa referência que tivemos nos muros da Ditadura Militar, assim como no mundo, nesse
contexto de subversão e rebeldia, deve-se ao Movimento Contra-cultural levantado na França,
principalmente em Paris, maio de 1968:
"[...] Seu caráter público, por outro lado, confere às intervenções murais traços únicos no
contexto da criação cultural popular. Em primeiro lugar, quebram a hegemonia dos meios
de comunicação social por parte das elites e impossibilitam qualquer tipo de censura ou
limitação.[...]" (FUNARI. P. 29)
Com a crescente assimilação e absorção que o Capitalismo exerce sobre a cultura de massas
- do que Adorno e Horkheimer, da primeira geração da Escola de Frankfurt atribuem como o
processo de Indústria Cultural - hoje o grafite também ocupa espaço em expressões visuais
de diagramação de revistas comerciais fazendo parte dos circuitos de editoração eletrônica,
dando assim uma estética mais urbana além de alimentar a moda de grifes de roupas. Mas uma
polêmica surge com toda essa adaptação com o sistema capitalista, até que ponto a
profissionalização remete a distorção da autonomia da arte subversiva em que o grafite
ganhou asas na sociedade?
Outro ponto polêmico refere-se à dicotomia da pichação com o grafite. Em uma primeira
análise, puramente superficial, podemos até apreender e dar uma denotação puramente
arbitrária para fazer com que a sociedade de modo geral aceite o grafite como arte pela arte;
porém, ao interpretarmos em sua essência, identificaremos uma semelhança muito grande em
suas intenções, pois ele se revela como um símbolo de protesto e quebra de monopólio da arte
e comunicação em que o homem já não satisfeito com as limitações de seu meio social busca
realização e reconhecimento de suas ações. Analisemos o quadro abaixo, ambas tratam de
um grafite conforme o jornal Folha de São Paulo (29 de outubro de 2000 - 7 de outubro
de 2000). A primeira no senso-comum denotaria uma pichação, e a segunda um grafite; porém,
dentro da análise de conteúdo, ambas consistem em uma atitude subversiva e de luta pela
liberdade. O que prevalece então: a estética, ou a essência com atitude?
OBJETIVOS
GERAIS
Propiciar a participação da comunidade acadêmica e localidades próximas a UEMA
Campus Paulo VI em discutir e programar ações afirmativas referente à violência e
desestruturação social em que a juventude ludoviscense se encontra utilizando-se
da cultura de rua, especificamente o GRAFITE, como instrumento de inclusão
social, tendo como princípio institucional o artigo 9.º do Estatuto desta IES com
princípio de "interagir com a comunidade, com vistas ao desenvolvimento social,
econômico e político do Maranhão".
ESPECIFICOS
Engajar jovens na produção de grafite como instrumento de sociabilização frente
aos problemas vividos com a violência e exclusão.
Promover uma arte engajada para constituir uma postura de cidadãos em meio a
uma cultura de massas que cerceia uma reflexão crítica sobre a necessidade de
uma ação protagonista e transformadora do meio em que vive.
METODOLOGIA
O processo de formação estenderá inicialmente atividades com base em
Ciclos de Debate sobre a "Formação do Grafite e sua importância para
a sociedade" com a participação interativa entre a comunidade acadêmica
da IES, comunidades vizinhas ao Campus Paulo VI e Grupos de Grafite
convidados, podendo ser estendida a participação com entidades
envolvidas com formação e capacitação de jovens, como ONG's.
Utilizaremos recursos áudio-visuais (música, vídeo), dinâmica de grupo
facilitando dessa forma uma participação integral dos participantes.
(módulo I)
PUBLICO ALVO
Participantes: Jovens e adolescentes oriundo de bairros no perímetro da Universidade
Estadual do Maranhão, Comunidade Acadêmica desta IES e pessoas indicadas
pelos mesmos.
Idade mínima: 12 anos Máximo de participantes: 30 Mínimo de participantes: 10
As atividades compreenderão 3 módulos apresentados na metodologia do projeto tendo carga
horária de 04 horas cada, no total de 12 horas utilizando o turno vespertino dos sábados,
iniciando dia ___ / ___ até ___ / ____ .