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Ceará
Ceará
Social pela UFC, Licenciado em História pela UECE, Bacharel em Direito pela UFC e
autor de História do Ceará, História da Sociedade Cearense e Além das Armas).
UNIDADE 1
A CONQUISTA DO LITORAL CEARENSE
UNIDADE 2
coronéis”. A baixa renta bilidade da pecuária ens ejava o uso do couro para a fabricação
de utensílios do dia-a -dia sertanejo – chapéus, roupas, bainhas d e faca, botas, etc. Era a
chamada “civilização do couro”.
Os rebanhos bovinos c earenses eram conduzidos pelos tangerinos par a a
venda em Pernambuco, Bahia e, posteriormente, nas Minas Gerais. Percorriam rudes
veredas, chamadas d e “estradas sertanejas”. Nos cruzamentos de muitas destas,
surgiram cidades, como Icó, Quixeramobim e Sobral.
Em pouco tempo, os sertões cearenses estavam c onquistados pelos invasores.
Para a expansão pastoril, contribuíram: a demanda dos mercados consumidores do
litoral açucareiro e da região mineradora, a fa cilidade na obtenção de sesmarias e de
novas terras, o crescimento vegetativo (mas não qualitativ o) dos rebanhos, as pastagens
abundantes (na época das chuvas), as vastas áreas sertanejas, o caráter salino do solo, a
exigência d e pouco capital e mão-de-obra na mo ntagem da fazenda e o próprio fato do
gado se auto-transportar.
Mas a venda de gado para o utras capitanias não era tão lucrativa assim – o
gado emagrecia, perdia-se, morria por ataque de feras, era assaltado. Havia ainda o peso
dos impostos. Assim, os criadores do gado do litoral passaram, no século XVIII, a
vender seus reb anhos na forma de charque (carne seca salgada ao sol), produzido nas
oficinas ou charqueadas. O charque, além de seu papel dentro da própria colônia,
apresentou destaque ta mbém no trafico de escravos entre o Brasil e os centros
comerciais de negros em África, especialmente Angola.
UNIDADE 3
3.1. Charque
3.2. Cotonicultura
O algodão já era cultivado pelos nossos índi os antes da invasão portu guesa.
Com a colonização, passou a ser cultivado como atividade de subsistência nas fazendas
de criar. Foi a partir do final do século XVIII que se des envolveu a cotonicultura no
Brasil e no Ceará. Isso d evido aos bons preços do algodão no mercado internacional e à
demanda da Inglaterra, que us ava a fibra em suas fábricas têxteis, típicas da primeira
fase da Revolução Industrial. Os preços também subiram devido a d esorganização da
produção dos EUA, que viviam sua Guerra de Independência (década de 1770).
Pela primeira vez o Ceará tinha um produto voltado diretamente para o
mercado internacional.
Fatores que favo receram a cotonicultura no Ceará: o clima qu ente e a
regularidade das chuvas (no sentido de que há uma época certa para o in verno e outra
para o verão), a fertilidade dos solos (praticamente virgens), o curto ciclo vegetativo do
algodão, a não ex igência de mui tos investimentos na lavou ra (facilidade de cultivo,
colheita, beneficiamento, etc.). Com isso, não só latifundiários dedicaram-s e à atividade,
mas também pequenos proprietários, agregados, moradores e arrendatários.
As principais regiões pro dutoras, inicialmente, eram os distritos de Fortaleza
e Aracati, além das serras de Baturité, Uruburetama, Meruoca, Pereiro e Aratanha.
No algodão cearense, ta mbém pouco empregou- se o negro escravo – o curto
ciclo vegetativo da fibra to rnava desv antajoso o emprego de muitos africanos. Era mais
barato usar mulheres e crianças ou a mão-de-obra livre não absorvida no pastoreio.
A cotonicultura e a p ecuária acomodaram-se um a à outra, d ando o rigem ao
chamado binômio gado-algodão. A r ama do algodoeiro servia de alimento ao boi na
época da estiagem e o animal adubava os solos com esterco.
A expansão da cotonicultura seria fundamental para separar o Ceará de
Pernambuco de 1799; até então, o comércio ex terno cearense era feito via porto do
Recife, o que encarecia o algodão local. Daí a por pressão de autoridades, comerciantes
e produtores para a separação cearense (embora continuasse a influência
pernambucana).
O comércio de algodão também favoreceu Fortaleza, que passou a crescer a
passos largos, superando Aracati (abalada com a crise do charque) e assumindo a
condição de principal núcleo urbano cearense na segunda metade do século XIX. Com a
separação d e Pernambuco, Fortaleza começou a ser dotada de uma infra-estrutura
administrativa (porto, estrada, alfândega, etc.), que possibilitou tornar-lhe o grande
centro coletor e exportador de algodão do Ceará.
No final do período colonial, devido à recuperação da cotonicultura dos EUA,
o algodão e, por conseqüência, o próp rio Ceará entraram em crise, o que contribuiu para
o envolvimento de cearenses na “Revolução” Pernambucana de 1817 e na Confederação
do Equador.
O auge do al godão cearense dar-se -ia n a s egunda metade do século X IX,
beneficiado com a desorganização da p rodução americana em virtude da Guerra da
Secessão (1861-65).
UNIDADE 4
CRIAÇÃO DE VILAS
6.2. Economia
UNIDADE 7
A OLIGARquia
Por oligarquia ac ciolina, entendemos o grupo político liderado pe lo
comendador No gueira Accioly, que domi nou de forma autoritária, nepótica, desp ótica,
corrupta e monolítica o Estado do Ceará, entre 1896 e 1912. Para tanto, foi fundamental
a adesão à política dos governadores (um mecanismo de apoio mútuo entre o presidente
da república e os governadores dos E stados, levando à formação de oligarquias), o apoio
dos coronéis latif undiários, à aliança com fortes grupos econômicos locais, a
prática de nepotismo, corrupção eleitoral e repressão às oposições.
No primeiro mandato de Acciol y (1896-1900), d estacaram-se a corrupção em
larga escala e o “caso d a vacina”, quando a oligarquia atritou -se com o farmacêutico
Rodolfo Teófilo, que criticava o descaso do governo ante um surto da doença.
O governo de Pedro Borges (1900-04), eleito para desmascar ar Accioly,
acabou s endo uma continuidade da oligarquia. Accioly foi ainda reeleito para dois
mandatos, em 1904 e 1908, respectivamente. Isso intensificou as ações dos
oposicionistas, integrados por oligarcas dissidentes do esqu ema governista, por
burgueses, pela classe média, por populares e até por coronéis.
Em 1910, chegava à Presidência da R epública o gaúcho Hermes da Fonseca.
Em seu período, verificou-se a ocorrência da chamada “política das salvações”, pela
qual militares e classe média promoveram pelo País levantes armados na pretensão de
derrubar as oligarquias e staduais e enfraquecer o senador Pinheiro Machado, o homem
forte da república. Uma das oligarquias “derrubadas” foi a de Accioly no Ceará.
Assim, para as el eições estaduais de 1912, as op osições cearenses lançaram,
dentro da “políti ca das salvações”, a candidatur a do tenente-coronel Marcos Franco
Rabelo para o governo, enquanto Accioly apontava como seu candidato o manipulável
Domingos Carneiro. A campanha foi bastante agitada e viol enta, tendo como clímax a
repressão do governo à “passeata das cri anças”, uma manifestação dos rabelistas, n a
qual morreram e saíram feridas diversas crianças.
Em conseqüência, a cidade de Fortaleza rebelou -se, mergulhando numa
verdadeira guerra civil (21 a 24 de janeiro de 1912). Para não perder a vida, Accioly
aceitou renunciar ao governo cearense. Em seguida, Franco Rabelo foi eleito para
governar o Ceará, sendo, porém, deposto dois anos depois, em 1914, na Sedição de
Juazeiro.
UNIDADE 8
PADRE CÍCERO
polêmicas. Praticante de
um catolicismo popular, acabou entrando em atrito com a romanização promovida pela
alta cúpula d a Igreja Católica , isto é, com a polít ica de valorização dos dogmas e da
hierarquia católica p romovida a partir do fin al do século X IX pelo Vaticano . Cícero
nasceu no Craro-CE, em 1844 e insta lou-se em Juazeiro no ano de 1872, ganhando o
respeito da comunidade por seu tr abalho religioso. Em 1889, obteve destaque por ter
realizado um “milagre”, transformando em san gue uma hóstia na boca da beata Maria
de Araújo. Tal milagre n ão foi aceito pela cúpula católica, e Cícero acabou perseguido.
Ao contrário de Antônio Conselheiro em Canudos, Pe. Cícero aliou-se aos polí ticos e
oligarcas visando preservar J uazeiro dos ini migos. Para os críticos, ao envolver -se com
políticos, virou um “cor onel de batinas”. Juazeiro prosperou bastante em função do
“milagre”. A atuaç ão polít ica do Padre aumentou com a chegada d e Floro Bartolomeu,
seu “alter ego”. Cícero e Floro participariam da Sedição de Juazeiro, em 1914,
contribuindo para a qued a do governador cearense Franco R abelo. A morte de Floro em
1926 e a Revolução de 30 marcaram a decadência de Cícero. Nos últimos anos de vida,
tentou inutilmente recuperar os plenos poderes do sacerdócio. Faleceu em 1934.
UNIDADE 9
A SEDIÇÃO DE JUAZEIRO (1913-14)
UNIDADE 10
10.1. As Interventorias