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Charles de Montesquieu

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Visão política e ideias principais


 Montesquieu defendia a divisão do poder em três:
o Poder Executivo (órgão responsável pela administração do território e
concentrado nas mãos do monarca ou regente);
o Poder Legislativo (órgão responsável pela elaboração das leis e
representado pelas câmaras de parlamentares);
o Poder Judiciário(órgão responsável pela fiscalização do cumprimento
das leis e exercido por juízes e magistrados).
 Era a favor Monarquia Constitucional.

Obras, crítica e filosofia de Montesquieu


Cartas Persas (Lettres persanes)
Em 1721, publicou as Cartas Persas (Lettres persanes), obra da sua juventude, e consistia num relato
imaginário, sob a forma epistolar, sobre a visita de dois persas, Rica e Usbeck, a Paris, durante o
reinado de Luís XIV. As duas personagens escrevem para seus amigos na Pérsia descrevendo tudo o
que veem em Paris. Por meio desta narrativa, critica os costumes, as instituições políticas e os abusos
da Igreja Católica e do Estado absolutista na França da época.
[editar] O Espírito das Leis (L'Esprit des lois)
Montesquieu elaborou uma teoria política, que apareceu na sua obra mais famosa, o O Espírito das
Leis (L'Esprit des lois, 1748), inspirada em John Locke e no seu estudo das instituições políticas
inglesas. É uma obra volumosa, na qual se discute a respeito das instituições e das leis, e busca-se
compreender as diversas legislações existentes em diferentes lugares e épocas. Esta obra inspirou os
redatores da Constituição de 1791 e tornou-se na fonte das doutrinas constitucionais liberais, que
repousam na separação dos poderes legislativo, executivo e judiciário.
"Do Espírito das Leis" foi proibida em diversos círculos intelectuais e também incluída no Index
Librorum Prohibitorum da Igreja Católica. Foi também duramente recriminado pelo clero francês, na
Sorbonne e em diversos artigos, panfletos e outros escritos. Toda essa reacção negativa deu a obra
uma maior abrangência e repercussão que a conseguida por "Cartas Persas".

O Barão de Montesquieu.
"O Espírito das Leis" analisa de maneira extensa e profunda os fatos humanos com um rigoroso
esboço de interpretação do mundo histórico, social e político. A pertinência das observações e a
preocupação com o método permitem encontrar no seu trabalho elementos que prenunciam uma
análise sociológica. Eis algumas das principais ideias de Montesquieu expressas nesta obra tão
importante:
 As leis escritas ou não, que governam os povos, não são fruto do capricho ou
do arbítrio de quem legisla. Ao contrário, decorrem da realidade social e da
História concreta própria ao povo considerado. Não existem leis justas ou
injustas. O que existe são leis mais ou menos adequadas a um determinado
povo e a uma determinada circunstância de época ou lugar. O autor procura
estabelecer a relação das leis com as sociedades, ou ainda, com o espírito
dessas.
O que Montesquieu descreve como espírito geral de uma sociedade aparece como resultante de
causas físicas (o clima), causas morais (costumes, religião…) e das máximas de um governo (ARON, R.).
Modernamente, seria o que chamamos vulgarmente de uma identidade nacional que se constitui
conforme os fatores citados acima.
As máximas anteriormente descritas dizem respeito aos, segundo o próprio autor, tipos e conceitos
que dariam conta daquilo que as causas não abrangem. Seriam por conseguinte o princípio (o que
põe os governos em movimento, o princípio motor em linguagem filosófica, constituído pelas paixões
e necessidades dos homens) e a natureza (aquilo que faz um governo ser o que é, determinado pela
quantidade daqueles que detêm a soberania) de um governo.
Segundo estas duas características fundamentais de um governo, Montesquieu distingue três formas
de governo:
 Monarquia - soberania nas mãos de uma só pessoa (o monarca) segundo leis
positivas e o seu princípio é a honra;
 Despotismo - soberania nas mãos de uma só pessoa (o déspota) segundo a
vontade deste e o seu princípio é o medo;
 República - a soberania está nas mãos de muitos (de todos = democracia, ou
de alguns = aristocracia) e o seu princípio motor é a virtude;
Apesar de ser muito influenciado pelos clássicos (notadamente Aristóteles), o seu esquema de
governos é diferente destes últimos. Montesquieu, ao considerar a democracia e a aristocracia um
mesmo tipo (agrupados na república) e ao falar de despotismo como um tipo em si e não a corrupção
de outro (neste caso, da monarquia), mostra-se mais preocupado com a forma com que será exercido
o poder: se é exercido seguindo leis ou não.

Montesquieu.
Ao procurar descobrir as relações que as leis têm com a natureza e o princípio de cada governo,
Montesquieu desenvolve uma alentada teoria de governo que alimenta as ideias fecundas do
constitucionalismo, pelo qual se busca distribuir a autoridade por meios legais, de modo a evitar a
violência e o abuso de poder de alguns. Tais ideias se encaminham para uma melhor definição da
separação dos poderes, ainda hoje uma das pedras angulares do exercício do poder democrático.
Montesquieu admirava a constituição inglesa, mesmo sem compreendê-la completamente, e
descreveu cuidadosamente a separação dos poderes em Executivo, Judiciário e Legislativo, trabalho
que influenciou os elaboradores da Constituição dos Estados Unidos da América.
O poder legislativo, convocado pelo executivo, deveria ser separado em duas casas: o corpo dos
comuns, composto pelos representantes do povo, e o corpo dos nobres, formado por nobres,
hereditário e com a faculdade de impedir (vetar) as decisões do corpo dos comuns. Essas duas casas
teriam assembleias e deliberações separadas, assim como interesses e opiniões independentes.
Refletindo sobre o abuso do poder real, Montesquieu conclui que "é preciso que o poder limite o
poder" daí a necessidade de cada poder manter-se autônomo e constituído por pessoas e grupos
diferentes.
É bem verdade que a proposta da divisão dos poderes ainda não se encontra em Montesquieu com a
força que costumou-se posteriormente a atribuir-lhe. Em outras passagens de sua obra, ele não
defende uma separação tão rígida, pois o que ele pretendia de fato era realçar a relação de forças e a
necessidade de equilíbrio e harmonia entre os três poderes.
Montesquieu não era um revolucionário. Sua opção social ainda era por sua classe de origem, a
nobreza. Ele sonhava apenas com a limitação do poder absoluto dos reis, pois era um conservador,
que queria a restauração das monarquias medievais e o poder do Estado nas mãos da nobreza. As
convicções de Montesquieu refletem-se à sua classe e portanto o aproximam dos ideais de uma
aristocracia liberal. Ou seja, ele critica toda a forma de despotismo, mas não aprecia a ideia de o povo
assumir o poder. A sua crítica, no entanto, serviu para desencadear a Revolução Americana e
instaurar a república burguesa.

Das leis em suas relações com os diversos seres


A lei é natural dos seres, própria deles. A lei deriva da natureza das coisas e não do arbítrio (vontade)
de um, qual seja a crítica ao sistema hobbesiano. É em virtude disso que devemos ter em mente que o
barão de Breté (ou de La Bredé? ou de La Brède?) foi sem dúvida um dos pensadores mais renomados
e um articulador de ideias ricas de esplendor e princípios éticos e morais embasados no cotidiano de
sua época, e com conhecimentos úteis para o tempo presente. Montesquieu foi o proclamador do
Direito em virtude, e com a sua formação e inteligência propôs divisões para o Direito em sua
essência principal, que nada mais é que prender-se à igualdade e liberdade de cada cidadão.

O juiz não pode criar leis


Como já foi acima mencionado, "o Espírito das Leis" de Montesquieu defende a divisão do poder
público em três poderes, inspirado no sistema político constitucional da Inglaterra quando de sua
viagem. Essa separação, segundo o autor, é essencial para que haja a liberdade do cidadão em se
sentir seguro perante o Estado e perante outro cidadão, pois se fosse dado a mais de um desses
poderes o poder de legislar e ao mesmo tempo julgar essa medida seria extremamente autoritária e
arbitrária perante o cidadão que estaria praticamente indefeso, ou seja, estaria a mercê de um juiz
legislador.
Montesquieu diz claramente que: "Não haverá também liberdade se o poder de julgar não estiver
separado do poder legislativo e do executivo, não existe liberdade, pois pode-se temer que o mesmo
monarca ou o mesmo senado apenas estabeleçam leis tirânicas para executá-las tiranicamente".
Ainda completa: "O poder de julgar não deve ser outorgado a um senado permanente, mas exercido
por pessoas extraídas do corpo do povo, num certo período do ano, de modo prescrito pela lei, para
formar um tribunal que dure apenas o tempo necessário."

Citações
 "A religião é menos um tema de santificação do que um tema de discussões
que pertence a todos"
 "A subtileza do pensamento consiste em descobrir a semelhança das coisas
diferentes e a diferença das coisas semelhantes"
 "Recebemos três educações diferentes: a dos nossos pais, a dos nossos
mestres e a do mundo. O que aprendemos nesta última, destrói todas as
ideias das duas primeiras"
 "Nas mulheres jovens, a beleza supre o espírito. Nas velhas, o espírito supre a
beleza"
 "As leis, no sentido mais amplo, são as relações necessárias que derivam da
natureza das coisas"
 "Quando vou a um país, não examino se há boas leis, mas se as que lá
existem são executadas, pois boas leis há por toda a parte"
 "As viagens dão uma grande abertura à mente: saímos do círculo de
preconceitos do próprio país e não nos sentimos dispostos a assumir aqueles
dos estrangeiros"
 "Quanto menos os homens pensam, mais eles falam"
 "A pessoa que fala sem pensar, assemelha-se ao caçador que dispara sem
apontar."
 "Leis inúteis enfraquecem as leis necessárias."
 "Defenderei sempre o direito de discordarem de mim."
 "Só o poder limita o poder." [O Espírito das Leis, Livro XI, Capítulo IV]

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