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AVALIAÇÃO DE METODOLOGIAS DE

DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS COM LAJES


FUNGIFORMES SUJEITOS À ACÇÃO SÍSMICA

João Manuel Borges Alves

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia Civil

Orientador:

Professor Doutor António José da Silva Costa

Júri

Presidente: Professor Doutor Fernando Manuel Fernandes Simões

Orientador: Professor Doutor António José da Silva Costa

Vogal: Professor Doutor José Manuel Matos Noronha da Câmara

Outubro 2014

i
ii
Agradecimentos

Esta dissertação, embora seja fruto de um trabalho pessoal desenvolvido durante mais um ano,
beneficiou do apoio de algumas pessoas sem as quais teria sido impossível atingir os objetivos
estabelecidos. Por esta razão lhes expresso os meus profundos agradecimentos.

Ao Professor António Costa, orientador científico desta dissertação, agradeço o incentivo, a


exigência e o apoio que sempre demonstrou, bem como a simpatia e a disponibilidade para o
esclarecimento de dúvidas.

Aos meus amigos e colegas de curso, em especial à Teresa Hazel, ao Pedro Jorge, ao Nuno
Brandão, ao Rodrigo Borges, à Mariana Gonçalves, ao João Cardoso, ao João Serra, ao João
Rocha, ao João Santana e ao Tomás Peixoto, que me acompanharam na conclusão desta etapa,
agradeço a amizade e o incentivo que sempre demonstraram, não só nesta fase mas ao longo
de todo o meu percurso académico.

Ao Pedro Silvério, Jorge Gomes, Hugo Neves, Paulo Quartilho, Miguel Gomes, Pedro Mouta e
agradeço a companhia e a amizade que tão importantes foram ao longo dos anos.

Ao meu irmão e aos meus pais agradeço a amizade e o apoio incondicional que sempre
demonstraram, mesmo nas alturas mais difíceis.

Aos Professores José Câmara, João Almeida e José Oliveira Pedro por terem contribuído para
a motivação que possuo no estudo de estruturas em betão armado.

À Cristina Ventura pela constante simpatia e disponibilidade demonstrada ao longo do meu


percurso académico.

iii
iv
Resumo
A utilização de sistemas estruturais com laje fungiforme em edifícios é relativamente frequente
em Portugal por se tratar de um sistema económico e atrativo em termos de arquitetura. Contudo,
o comportamento de sistemas estruturais deste tipo relativamente à ação sísmica ainda não está
suficientemente estudado. Os presentes códigos não contemplam este sistema estrutural como
sistema primário na resistência a esta ação em zonas com moderada e elevada sismicidade,
pelo que deve ser dimensionado como sistema estrutural secundário. Todavia, é necessário que
este sistema mantenha a sua capacidade resistente para as ações gravíticas quando sujeito aos
deslocamentos impostos pelos sismos.

Trata-se de um dimensionamento que levanta algumas dificuldades pois, em geral, é necessário


assumir um comportamento elástico para este tipo de estrutura ao qual poderá está associado o
desenvolvimento de esforços muito significativos na ligação laje-pilar. Um aspeto que tem uma
importância relevante na quantificação destes esforços é a rigidez da laje a considerar na análise
estrutural, assunto que se reveste de alguma complexidade.

A presente dissertação tem por objetivo principal a avaliação das metodologias de


dimensionamento da ligação laje-pilar sujeita à ação sísmica. Analisou-se um edifício tipo com
laje fungiforme localizado numa zona com moderada sismicidade, de modo a permitir a avaliação
deste problema.

Para simular o comportamento do sistema fungiforme adotou-se um modelo de viga com largura
efetiva para a avaliação do esforço de corte e a capacidade de transferência de momentos das
ligações laje-pilar sujeitas a cargas laterais.

Discutem-se e apresentam-se 3 metodologias de análise do edifício em estudo. Em cada análise


o tipo de modelação e os valores de rigidez efetiva atribuídos a cada elemento estrutural variam.
Caso a segurança ao punçoamento não se verifique, procura-se discutir e equacionar uma
solução a nível global e a nível local que evite a rotura por punçoamento desta ligação.

Verificou-se que os esforços obtidos na ligação laje-pilar são significativamente influenciados


pela rigidez de flexão considerada para a laje e para a estrutura sísmica primária. A consideração
de uma rigidez efetiva devidamente aferida para simular o comportamento estrutural sob a ação
dos sismos é essencial para um dimensionamento adequado da laje ao punçoamento.

Palavras-chave:
Dimensionamento sísmico, Laje Fungiforme, Rigidez efetiva, Punçoamento

v
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Abstract
Flat-slab buildings are very popular in Portugal due to the economy of the structural system and
the architectural versatility. Though the behavior of this systems under seismic action is not well
known. The present codes do not contemplate this system as a primary lateral resisting system
in moderate and high seismic regions. However it is necessary that this system maintain his
capacity for gravity loads while lateral displacements are induced during an earthquake.

In the design of this systems, normally it is necessary the assumption of an elastic behavior, which
increase the stresses in the slab-column connection. Also, a relevant aspect in the quantification
of the stresses in the slab, is the stiffness considered in the analysis being done.

The main objective of this study is to evaluate the design methodologies of the slab-column
connection for lateral loading. To evaluate this problem a flat-slab building under high seismic
loading was analyzed.

To simulate the behavior of the flat-slab system an effective slab width method was chosen to
predict the shear and unbalanced moment-transfer capacities of the slab-column connections
under lateral loading.

It is discussed and presented three approaches for analyzing the building. Each analysis differ on
the way of modeling and the values of the effective stiffness given for each structural member of
the building. In case of punching failure, a global and local solution is developed.

It is noted that the stresses in the slab-column connection are extremely influenced by the flexure
stiffness adopted for the slab and the primary seismic structure. An accurate effective stiffness
estimative to simulate the behavior of the structure under seismic loading is essential for a good
slab design against punching failure.

Keywords:
Seismic design, Flat Slab, punching, effective stiffness.

vii
viii
Índice geral

Agradecimentos ........................................................................................................................... i

Resumo ........................................................................................................................................ v

Palavras-chave: ........................................................................................................................... v

Abstract ...................................................................................................................................... vii

Keywords: .................................................................................................................................. vii

Índice geral.................................................................................................................................. ix

Índice de figuras ....................................................................................................................... xiii

Índice de tabelas ..................................................................................................................... xvii

Simbologia ................................................................................................................................ xix

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 1

1.1 Enquadramento Geral ................................................................................................... 1

1.2 Objetivo da dissertação ................................................................................................. 2

1.3 Organização do documento .......................................................................................... 2

2 Revisão da literatura .......................................................................................................... 5

2.1 Introdução ...................................................................................................................... 5

2.2 Resistência ao Punçoamento ........................................................................................ 5

2.2.1 Resistência ao Punçoamento de Lajes Fungiformes sob Carregamento Cíclico . 9

2.3 Modelos de Análise de Lajes Fungiforme ................................................................... 12

2.3.1 Modelo dos Pórticos Equivalentes (ACI 318) ...................................................... 14

2.3.2 Modelo Analítico de Viga com Largura Efetiva ................................................... 16

2.3.2.1 Fator de largura efetiva ............................................................................... 16

2.3.3 Análise por Pórticos Equivalentes (EC2) ............................................................ 20

2.3.4 Rigidez ................................................................................................................. 21

2.3.4.1 Modelo dos Pórticos Equivalentes (ACI 318) .............................................. 21

2.3.4.2 Modelo Analítico de Viga com Largura Efetiva ........................................... 22

2.3.5 Modelo utilizado ................................................................................................... 29

2.4 Ligações Laje-Parede ................................................................................................. 31

3 Descrição do Caso de Estudo ......................................................................................... 33

3.1 Introdução .................................................................................................................... 33

ix
3.2 Caracterização da Estrutura ........................................................................................ 33

3.2.1 Definição das ações ............................................................................................ 35

3.2.1.1 Ações permanentes ..................................................................................... 35

3.2.1.2 Ações variáveis ........................................................................................... 35

3.2.1.3 Ação sísmica ............................................................................................... 35

3.2.2 Combinação de ações ......................................................................................... 36

4 Modelação e Análise do Edifício ..................................................................................... 39

4.1 Introdução .................................................................................................................... 39

4.2 Metodologia 1 .............................................................................................................. 40

4.3 Metodologia 2 .............................................................................................................. 44

4.3.1 Fator de Largura Efetiva de Laje ......................................................................... 44

4.3.2 Fator de Redução de Rigidez .............................................................................. 47

4.4 Metodologia 3 .............................................................................................................. 54

4.4.1 Pilares .................................................................................................................. 55

4.4.2 Paredes ............................................................................................................... 59

4.4.2.1 Paredes da zona de escadas. ..................................................................... 59

4.4.2.2 Núcleo de Elevadores ................................................................................. 61

4.4.3 Viga de bordo ...................................................................................................... 66

4.4.4 Síntese ................................................................................................................ 67

5 Resultados ........................................................................................................................ 69

5.1 Introdução .................................................................................................................... 69

5.2 Resistência .................................................................................................................. 69

5.3 Resultados ................................................................................................................... 71

6 Solução Geral e Dimensionamento Local ...................................................................... 77

6.1 Introdução .................................................................................................................... 77

6.2 Reforço ........................................................................................................................ 77

6.3 Resultados ................................................................................................................... 79

7 Conclusões ....................................................................................................................... 85

8 Referências bibliográficas ............................................................................................... 87

ANEXOS ..................................................................................................................................... 89

ANEXO A .................................................................................................................................... 90

x
ANEXO B .................................................................................................................................... 94

ANEXO C .................................................................................................................................... 95

xi
xii
Índice de figuras
Figura 2.1 – Laje sujeita ao fenómeno do punçoamento (Marchão e Appleton [10]). .................. 6
Figura 2.2 – Perímetros de controlo de lajes fungiformes para alguns pilares (Marchão e Appleton
[10]). .............................................................................................................................................. 6
Figura 2.3 – Distribuição de tensões tangenciais devido a um momento não equilibrado na ligação
laje-pilar interior (EC2-1-6.4.3). ..................................................................................................... 7
Figura 2.4 – Esquema da distribuição da armadura de punçoamento (Marchão e Appleton) ..... 8
Figura 2.5 – Comportamento pós-punçoamento da ligação laje-pilar (Pan e Moehle 1992). ...... 9
Figura 2.6 – Modelo de degradação da resistência ao corte proposto por Kang e Wallace (2006)
em ligações laje-pilar interiores sem reforço com armadura de punçoamento. ......................... 11
Figura 2.7 – Efeito do carregamento gravítico no nível de deslocamentos entre pisos (Pan e
Moehle 1992)............................................................................................................................... 12
Figura 2.8 – Evolução da capacidade de deformação de 4 ligações laje-pilar com o aumento do
carregamento (Pan e Moehle 1992). .......................................................................................... 13
Figura 2.9 – Largura do pórtico equivalente de acordo com o ACI 318. .................................... 15
Figura 2.10 – Exemplo de um membro torsional de acordo com o ACI 318. ............................. 15
Figura 2.11 – Aplicação do fator de largura efetiva da laje. ........................................................ 16
Figura 2.12 – Modelo de viga com largura efetiva (Luo e Durrani 1993). .................................. 17
Figura 2.13 – Sumário do fator de largura efetiva da laje para cargas laterais por Vanderbilt e
Corley, 1983. ............................................................................................................................... 17
Figura 2.14 – Secção efectiva da viga de bordo de acordo com ACI 318 (2005) [4]. ................ 19
Figura 2.15 – Análise por pórticos equivalentes (EC2). .............................................................. 20
Figura 2.16 – Comparação entre o modelo dos pórticos equivalentes e os resultados
experimentais (Pan e Moehle 1992). .......................................................................................... 21
Figura 2.17 – Comparação entre o modelo de viga com largura efetiva e os resultados
experimentais (Pan e Moehle 1992). .......................................................................................... 23
Figura 2.18 – Secção crítica de esforço transverso para um pilar (ACI 318). ............................ 24
Figura 2.19 – Esquema do modelo de viga com largura efetiva proposto por Luo e Durrani (1995)
..................................................................................................................................................... 25
Figura 2.20 – Fatores de redução de rigidez da laje (β) para ligações interiores obtidos pelos
resultados de testes analisados e pelas fórmulas (Han e Park 2009) ........................................ 27
Figura 2.21 – Fatores de redução de rigidez da laje (β) para ligações exteriores obtidos pelos
resultados de testes analisados e pelas fórmulas (Han e Park 2009) ........................................ 27
Figura 2.22 – Esquema do modelo de viga com largura efetiva de Han e Park ........................ 28
Figura 2.23 – Curvas envolventes e curvas obtidas com as equações para o fator de redução de
rigidez de duas ligações laje-pilar testadas (espécime RI – 50 interior e espécime RE – 50
exterior) sujeitas a cargas laterais (Han e Park 2009). ............................................................... 28
Figura 2.24 – Curvas envolventes e curvas obtidas com as equações para o fator de redução de
rigidez de duas lajes fungiformes com dois vãos sujeitas a cargas laterais sujeitas a cargas
laterais (Han e Park 2009). ......................................................................................................... 29

xiii
Figura 2.25 – Cálculo de viga com largura efetiva para pórticos de laje com vão perpendicular ao
comprimento da parede. ............................................................................................................. 31
Figura 2.26 – Cálculo de viga com largura efetiva para pórticos de laje com vão paralelo ao
comprimento da parede. ............................................................................................................. 32
Figura 3.1 – Planta geral do edifício usado caso de estudo. ...................................................... 34
Figura 3.2 – Espectros de resposta do sismo tipo 1 com coeficientes de comportamento 2,0 e
1,5. ............................................................................................................................................... 36
Figura 4.1 – Visão 3D dos elementos verticais e viga de bordo do edifício. .............................. 40
Figura 4.2 – Largura efetiva do banzo da viga de bordo segundo as considerações do Eurocódigo
8. .................................................................................................................................................. 41
Figura 4.3 – Planta do edifício com as recomendações da análise por pórticos equivalentes
presente no Eurocódigo 2. .......................................................................................................... 42
Figura 4.4 – Largura elástica dos pórticos laje segundo a direção x recorrendo às recomendações
do Eurocódigo 2. ......................................................................................................................... 42
Figura 4.5 – Largura elástica dos pórticos laje segundo a direção y recorrendo às recomendações
do Eurocódigo 2. ......................................................................................................................... 43
Figura 4.6 – Esquema de divisão dos elementos retangulares no membro torsional para o cálculo
da constante C. ........................................................................................................................... 46
Figura 4.7 – Planta do edifício em estudo com as vigas de largura efetiva (β*α*l 2) calculadas
segundo a metodologia proposta por Han e Park (2009). .......................................................... 49
Figura 4.8 – Valores da largura efetiva (β*α*l2) para os pórticos de laje na direção X. .............. 51
Figura 4.9 – Valores da largura efetiva (β*α*l2) para os pórticos de laje na direção Y. .............. 52
Figura 4.10 – Metodologia de cálculo da rigidez efetiva para vigas. .......................................... 54
Figura 4.11 – Metodologia de cálculo da rigidez efetiva para pilares e paredes. ....................... 55
Figura 4.12 – Cálculo da rigidez efetiva dos pilares centrais (piso 0). ........................................ 55
Figura 4.13 – Cálculo da rigidez efetiva dos pilares centrais (piso 3)......................................... 56
Figura 4.14 – Cálculo da rigidez efetiva dos pilares centrais (piso 5). ........................................ 56
Figura 4.15 – Cálculo da rigidez efetiva dos pilares de bordo (piso 0). ...................................... 57
Figura 4.16 – Cálculo da rigidez efetiva dos pilares de bordo (piso 4). ...................................... 57
Figura 4.17 – Cálculo da rigidez efetiva dos pilares de canto (piso 0). ...................................... 58
Figura 4.18 – Cálculo da rigidez efetiva dos pilares de canto (piso 4). ...................................... 58
Figura 4.19 – Parede da zona de escadas. ................................................................................ 59
Figura 4.20 – Cálculo da rigidez efetiva da parede da zona de escadas. .................................. 60
Figura 4.21 – Direções principais de momentos no núcleo. ....................................................... 61
Figura 4.22 – Parede de maior inércia na direção de momentos M33. ...................................... 61
Figura 4.23 - Paredes de maior inércia na direção de momentos M22. ..................................... 62
Figura 4.24 – Secção equivalente do núcleo de elevadores para a direção de momentos M33.
..................................................................................................................................................... 63
Figura 4.25 – Secção equivalente do núcleo de elevadores para a direção de momentos M22.
..................................................................................................................................................... 64

xiv
Figura 4.26 - Curva momento-curvatura para os momentos M33 do núcleo. ............................ 64
Figura 4.27 - Curva momento-curvatura para os momentos negativos M22 do núcleo. ............ 65
Figura 4.28 - Curva momento-curvatura para os momentos positivos M22 do núcleo. ............. 65
Figura 4.29 – Secção equivalente da viga de bordo. .................................................................. 66
Figura 4.30 – Cálculo da rigidez efetiva da viga de bordo (momentos negativos). .................... 66
Figura 4.31 – Cálculo da rigidez efetiva da viga de bordo (momentos positivos). ..................... 67
Figura 5.1 – Deslocamentos máximos no topo de um pórtico obtidos sem a participação dos
elementos secundários (δ1) e na estrutura global (δ2). ............................................................... 70
Figura 5.2 – Tensão de punçoamento atuante nas ligações laje-pilar do edifício para Metodologia
1 (direção X). ............................................................................................................................... 72
Figura 5.3 – Tensão de punçoamento atuante nas ligações laje-pilar do edifício para a
Metodologia 2 (a preto) e para a Metodologia 3 (a azul) (direção X). ........................................ 73
Figura 5.4 – Tensão de punçoamento atuante nas ligações laje-pilar do edifício para Metodologia
1 (direção Y). ............................................................................................................................... 74
Figura 5.5 – Tensão de punçoamento atuante nas ligações laje-pilar do edifício para a
Metodologia 2 (a preto) e para a Metodologia 3 (a azul) (direção Y). ........................................ 75
Figura 6.1 –Planta do edifício com paredes de reforço (solução de reforço geral). ................... 77
Figura 6.2 – Tensão de punçoamento atuante nas ligações laje-pilar do edifício para Metodologia
1 (direção X). ............................................................................................................................... 80
Figura 6.3 – Tensão de punçoamento atuante nas ligações laje-pilar do edifício para a
Metodologia 2 (a preto) e para a Metodologia 3 (a azul) (direção X). ........................................ 81
Figura 6.4 – Tensão de punçoamento atuante nas ligações laje-pilar do edifício para Metodologia
1 (direção Y). ............................................................................................................................... 82
Figura 6.5 – Tensão de punçoamento atuante nas ligações laje-pilar do edifício para a
Metodologia 2 (a preto) e para a Metodologia 3 (a azul) (direção Y). ........................................ 83

xv
xvi
Índice de tabelas
Tabela 3.1 - Dimensões dos pilares e vigas de bordo. ............................................................... 34
Tabela 3.2 – Materiais considerados no caso de estudo. ........................................................... 34
Tabela 3.3 – Valores do carregamento gravítico do edifício. ...................................................... 37
Tabela 4.1 - Fatores de rigidez de laje para ligações interiores do caso de estudo calculadas com
as fórmulas de Banchick e Luo e Durrani. .................................................................................. 45
Tabela 4.2 - Fatores de largura efetiva de laje (α), fatores de redução de rigidez (β) e larguras
efetivas das vigas (β*α*l2) para as ligações interiores e exteriores segundo a direção de análise
X. ................................................................................................................................................. 49
Tabela 4.3 - Fatores de largura efetiva de laje (α), fatores de redução de rigidez (β) e larguras
efetivas das vigas (β*α*l2) para as ligações interiores e exteriores segundo a direção de análise
Y. ................................................................................................................................................. 50
Tabela 4.4 - Relação EIeff/EI dos pilares centrais, de bordo e de canto da estrutura. ................ 58
Tabela 4.5 - Dimensões da parede. ............................................................................................ 59
Tabela 4.6 - Condições para o comprimento do pilar fictício. ..................................................... 60
Tabela 4.7 - Relação EIeff/EI da parede da zona de escadas da estrutura. ............................... 60
Tabela 4.8 - Dimensões da parede de maior dimensão do núcleo. ........................................... 61
Tabela 4.9 - Condições para o comprimento do pilar fictício. ..................................................... 62
Tabela 4.10 - Dimensões da parede de maior dimensão do núcleo. ......................................... 62
Tabela 4.11 - Condições para o comprimento do pilar fictício. ................................................... 63
Tabela 4.12 - Relação EIeff/EI do núcleo de elevadores da estrutura. ........................................ 65
Tabela 4.13 - Relação EIeff/EI do núcleo de elevadores da estrutura. ........................................ 67
Tabela 4.14 - Relação EIeff/EI dos elementos da estrutura primária do edifício. ........................ 67
Tabela 5.1 – Valores para o perímetro de controlo u1 e altura útil d da laje. .............................. 69
Tabela 5.2 - Deslocamentos máximos no topo do edifício obtidos sem a participação dos
elementos secundários (δ1) e na estrutura global (δ2) para as diferentes metodologias. .......... 71
Tabela 5.3 - Tensão de punçoamento resistente e atuante para as diferentes Metodologias
(direção X). .................................................................................................................................. 72
Tabela 5.4 - Tensão de punçoamento resistente e atuante para as diferentes Metodologias
(direção Y). .................................................................................................................................. 74
Tabela 6.1 - Deslocamentos máximos no topo do edifício obtidos sem a participação dos
elementos secundários (δ1) e na estrutura global (δ2) para as diferentes metodologias. .......... 79
Tabela 6.2 - Tensão de punçoamento resistente e atuante e área total de armadura de
punçoamento para as diferentes Metodologias (direção X). ...................................................... 80
Tabela 6.3 - Tensão de punçoamento resistente e atuante e área total de armadura de
punçoamento para as diferentes Metodologias (direção Y). ...................................................... 82

xvii
xviii
Simbologia
c1 Dimensão do pilar na direção do carregamento.

c2 Dimensão do pilar na direção perpendicular ao carregamento.

l1 Dimensão do vão da laje na direção do carregamento.

l2 Dimensão do vão da laje na direção perpendicular ao carregamento.

vsd Tensão atuante de punçoamento (MPa).

vRd ,max Tensão limite máxima de punçoamento.

d Altura útil da laje.


Parâmetro do cálculo da resistência ao punçoamento com valor
CRd ,c
recomendado C Rd ,c  0,18 /  c ,  c  1,5 (EC2).

k Parâmetro do cálculo da resistência ao punçoamento k  1  200 / d .


f ck Tensão característica do betão à compressão (em MPa).

ui Perímetro de controlo considerado para a laje.

Vsd Esforço de corte atuante na ligação laje-pilar.

bz , by Dimensões do perímetro de controlo considerado em cada direção.

ey , e z Excentricidades em cada direção, dadas pela relação entre M sd / Vsd .


M sd Variação de momentos desequilibrados na ligação laje-pilar.

Vg Nível de esforço de corte na ligação (simbologia ACI 318 (2005)).

Vo Resistência ao corte por punçoamento (ACI 318 (2005)).

f c' Tensão característica de resistência do betão á compressão (simbologia


ACI 318).

b0 Perímetro de controlo (ACI 318 (2005)).

Ks Rigidez de flexão da laje.

Kt Rigidez de torsão dada pelo ACI 318 (2005).

Kd Fator que estima a degradação da viga com largura efetiva de acordo com o
nível de deslocamento entre pisos.
h Altura da laje.

K FP Fator que tem em conta o tipo de ligação em causa (1,0 para ligações
interiores, 0,8 para ligações exteriores e 0,6 para ligações de canto)

Ac Área da secção crítica da laje dada pelo produto do perímetro de controlo


pela altura útil da laje b0  d  (ACI 318).

xix
Ie Momento de inercia efetivo de vigas especificado no ACI 318 (2005).

Ma Momento aplicado nas vigas.

M cr Momento de fendilhação da secção da viga.

Ig Momento de inercia da secção.

I cr Momento de inercia da secção fendilhada.

β Fator de redução da rigidez em lajes fungiformes.


 Fator de redução da resistência ao corte do betão fendilhado, podendo ser

calculado através da expressão   0,61  f ck / 250 .


l Taxa média de armadura na laje.

 cp Tensão normal no betão na secção crítica/perímetro de controlo (MPa).

 Coeficiente de Poisson.
 Fator de redução de rigidez devido à presença de cargas gravíticas.

1 Deslocamento máximo no topo do edifício obtidos na estrutura sem a


participação dos elementos secundários.

2 Deslocamento máximo no topo do edifício obtidos na global.

xx
xxi
xxii
1 INTRODUÇÃO

1.1 Enquadramento Geral

A utilização de sistemas estruturais com laje fungiforme em betão armado em edifícios é


relativamente frequente em Portugal. As lajes fungiformes possuem muitas vantagens em termos
de flexibilidade arquitetural, uso de espaço, cofragem e tempo de construção, tornando-as muito
competitivas relativamente às restantes opções.

Para cargas verticais as lajes fungiformes possuem um funcionamento que está bem
estabelecido e documentado. Contudo o seu comportamento relativamente à ação sísmica ainda
não é plenamente compreendido existindo algumas incertezas. O Eurocódigo 8 (EC8-1) [8] não
contempla este sistema estrutural como sistema primário na resistência à ação sísmica em zonas
com moderada e elevada sismicidade, pelo que deve ser dimensionado como sistema estrutural
secundário. Todavia, é necessário que este sistema mantenha a sua capacidade resistente para
às ações gravíticas quando sujeito aos deslocamentos impostos pelos sismos. A zona de ligação
laje-pilar tem assim de possuir suficiente resistência ao corte para conseguir suportar uma grande
deformação sem que ocorra rotura por punçoamento. Outras recomendações da atual norma
são o uso de elementos resistentes para cargas laterais (paredes resistentes e pórticos), de
modo a permitir a limitação dos esforços nestas zonas, e o reforço com armadura longitudinal
inferior junto ao pilar, de modo a criar um mecanismo secundário de resistência para que no caso
de ocorrer rotura por punçoamento num dos pilares, e assim evitar um colapso progressivo da
laje. Grande parte dos edifícios antigos não verifica nenhum destes três aspetos, em especial o
último. O desconhecimento do comportamento das lajes fungiformes relativamente a cargas
sísmicas pode então levar a graves consequência em termos de segurança, reforçando assim a
necessidade de se entender bem a resistência sísmica destes sistemas e adotar técnicas que
melhorem a sua análise e desempenho.

Um problema com que os projetistas se deparam é a forma como devem abordar o


dimensionamento deste tipo de estrutura sob a ação dos sismos. Trata-se de um
dimensionamento que levanta algumas dificuldades pois, em geral, é necessário assumir um
comportamento elástico para este tipo de estrutura ao qual poderá está associado o
desenvolvimento de esforços muito significativos na ligação laje-pilar. Um aspeto que tem uma
importância relevante na quantificação destes esforços é a rigidez da laje a considerar na análise
estrutural, assunto que se reveste de alguma complexidade.

1
1.2 Objetivo da dissertação

A presente dissertação tem por objetivo principal analisar os resultados de diferentes


metodologias de dimensionamento da ligação laje-pilar sujeita à ação sísmica. Para isso, foi
modelado um edifício tipo com laje fungiforme maciça recorrendo a elementos finitos de barra e
sujeito a um sismo de elevada intensidade, de modo a permitir uma boa avaliação deste
problema.

O estudo efetuado envolve a revisão dos modelos existentes na literatura que permitam a
modelação e avaliação correta do esforço de corte e da capacidade de transferência de
momentos das ligações laje-pilar sujeitas a cargas laterais. Estes modelos têm por base o
trabalho feito até à data por vários investigadores nesta matéria.

Pretende-se apresentar e comparar 3 metodologias de análise do edifício em estudo. Em cada


análise o tipo de modelação e os valores de rigidez efetiva atribuídos a cada elemento estrutural
variam.

Procura-se discutir o efeito que as abordagens consideradas apresentam na verificação da


segurança à rotura por punçoamento da laje. Caso a segurança ao punçoamento não se
verifique, discute-se e equaciona-se uma solução a nível global e a nível local que evite a rotura
por punçoamento da ligação laje-pilar.

1.3 Organização do documento

A presente dissertação encontra-se dividida em sete capítulos:

No primeiro capítulo é feita uma breve introdução ao tema em estudo nesta dissertação. São
referidos os principais objetivos que se pretendem alcançar.

No segundo capítulo efetua-se uma revisão bibliográfica sobre as considerações de resistência


das ligações laje-pilar face ao fenómeno do punçoamento. É feita referência também à
degradação da resistência ao punçoamento para ações cíclicas. Neste capítulo são ainda
enunciados os modelos práticos de análise de ligações laje-pilar em estruturas com lajes
fungiformes sob ação sísmica existentes, dando-se especial destaque aos conceitos de viga com
largura efetiva e rigidez efetiva. Por último faz-se referência ao tema da ligação laje-parede.

No terceiro capítulo é apresentado em pormenor o edifício usado como base para o estudo
realizado.

2
No quarto capítulo são apresentadas as metodologias usadas para a avaliação e análise do
edifício. Descreve-se detalhadamente as considerações de rigidez para cada elemento
estrutural.

No quinto capítulo são apresentados os resultados obtidos para os esforços nas ligações laje-
pilar em cada metodologia descrita no capítulo anterior. Efetua-se uma análise comparativa dos
resultados das diferentes metodologias.

No sexto capítulo são descritas as soluções a nível global e local que foram adotadas para evitar
a rotura por punçoamento das ligações laje-pilar.

No quinto capítulo é feita uma síntese das principais conclusões da dissertação.

3
4
2 Revisão da literatura

2.1 Introdução

Como ponto de partida para este estudo, as considerações de resistência das ligações laje-pilar
face ao fenómeno do punçoamento dos códigos atuais são revistas. São avaliadas as condições
de verificação de segurança destas ligações e apresentadas as metodologias de
dimensionamento disponíveis para aplicação. É ainda feita referência à degradação da
resistência ao punçoamento para ações cíclicas.

De seguida faz-se a contextualização dos modelos atuais e usados na prática para a análise da
laje, apresentando os aspetos mais relevantes da pesquisa bibliográfica. Enunciam-se vários
estudos de diferentes autores que contribuíram para o desenvolvimento e conhecimento do
tema. É dada especial atenção aos conceitos de viga com largura efetiva e rigidez efetiva da laje.
Por fim é referido qual o modelo escolhido para modelar a laje e justificado o porquê da sua
escolha quando comparado com os restantes modelos. O tema da ligação laje-parede é também
abordado.

2.2 Resistência ao Punçoamento

Uma das principais condicionantes no dimensionamento de lajes fungiformes é o estado limite


último de punçoamento. Este fenómeno está associado a uma rotura frágil da laje quando esta
está sujeita a forças distribuídas em pequenas áreas. No caso de ocorrência de rotura por
punçoamento num dos pilares da estrutura, irá haver a transferência do carregamento deste pilar
para os pilares vizinhos, podendo dar origem a um colapso progressivo da estrutura. Esta
ocorrência põe seriamente em causa a segurança da estrutura, justificando-se a necessidade de
uma avaliação correta da resistência e dos esforços atuantes na ligação laje-pilar. A Figura 2.1
ilustra a formação de fendas durante o fenómeno do punçoamento de uma laje fungiforme.

5
Figura 2.1 – Laje sujeita ao fenómeno do punçoamento (Marchão e Appleton [10]).

Segundo o Eurocódigo 2, a resistência ao punçoamento deverá ser verificada no perímetro de


contorno do pilar e no perímetro de controlo u1. Por definição, o perímetro de controlo u1
corresponde à linha fechada que envolve a área carregada a uma distância não inferior a 2d e
cujo perímetro é mínimo (Marchão e Appleton [10]), em que d corresponde à altura útil da laje. A
Figura 2.2 ilustra alguns exemplos de perímetros de controlo para alguns pilares.

Figura 2.2 – Perímetros de controlo de lajes fungiformes para alguns pilares (Marchão e Appleton [10]).

O valor de cálculo da resistência ao punçoamento é dada pela seguinte expressão (2.1) presente
no Eurocódigo 2 (EC2-1-6.4.4) [7]:

v Rd ,c  C Rd ,c k (100  l f ck )1 / 3  k1 cp (2.1)

Onde C Rd ,c  0,18 /  c (  c  1,5 ); k  1  200 / d , sendo d a altura útil da laje; f ck é a tensão

característica do betão à compressão (em MPa);  l   ly . lz , sendo ly e  lz as taxas

médias de armadura de flexão em cada direção;  cp é dado pela expressão

 cp  ( cy   cz ) / 2 , onde  cy ,  cz são as tensões normais no betão na secção crítica nas

direções y e z (MPa).

6
A tensão de punçoamento atuante no perímetro de controlo é dada pela expressão (2.2) presente
no Eurocódigo 2 (EC2-1-6.4.3).

V sd
v sd   (2.2)
u i .d

Onde ui corresponde ao perímetro de controlo considerado, d representa a altura útil da laje e

Vsd é o esforço de corte atuante na ligação. Existem várias expressões para o cálculo do

parâmetro  . O valor de  é igual a 1,0 para cargas solicitantes centradas em relação ao pilar.

Para pilares retangulares interiores em que a carga é excêntrica em relação aos dois eixos da
ligação, a expressão (2.3) é a recomendada pelo Eurocódigo 2 (EC2-1-6.4.3).

2 2
 ey   ez  (2.3)
  1  1,8    
 b 
 bz   y

Onde bz e by representam as dimensões do perímetro de controlo considerado e ey e e z

correspondem às excentricidades dadas por M sd / Vsd em cada eixo. A Figura 2.3 ilustra a

distribuição de tensões tangenciais devido a um momento não equilibrado na ligação laje-pilar


interior (EC2-1-6.4.3).

Figura 2.3 – Distribuição de tensões tangenciais devido a um momento não equilibrado na ligação laje-
pilar interior (EC2-1-6.4.3).

O ideal no dimensionamento da laje fungiforme é que as dimensões do pilar e a espessura da


laje sejam tal, que não seja necessário o uso de armaduras de punçoamento. Em muitos casos,
recorre-se ao uso de capitéis caso não seja verificada a segurança ao punçoamento com uma
espessura de laje económica. Contudo, é sabido que as ações sísmicas, em sistemas estruturais
com lajes fungiformes, aumentam a excentricidade da carga a transmitir ao pilar, agravando as
características resistentes por punçoamento (Marchão e Appleton). Nestes casos não existe

7
alternativa senão usar armadura de punçoamento. A área total de armadura transversal de
punçoamento é dada pela expressão (2.4) presente no Eurocódigo 2:

(v Rd ,cs  0,75v Rd ,c ) (2.4)


Asp  u1 .d
f ywd ,ef sen

Onde f ywd ,ef  250  0,25d (MPa), com d em mm;  é a inclinação dos estribos. No caso de
se adotar armadura de punçoamento, é necessário que a tensão de punçoamento atuante no
contorno do pilar não ultrapasse valor máximo estabelecido pela expressão (2.5).

v sd  v Rd ,max  0,5. . f cd (2.5)

Onde  é um fator de redução da resistência do betão fendilhado, podendo ser calculado através

da expressão   0,61  f ck / 250  , onde f ck é a tensão característica do betão à compressão


(em MPa). Este limite máximo serve para limitar as compressões no betão no modelo de escoras
e tirantes de resistência ao esforço transverso (idêntico ao que se realiza nas vigas com a
verificação da tensão máxima de compressão no betão). A Figura 2.4 apresenta um esquema
da distribuição da armadura de punçoamento retirado do documento Estruturas de Betão 2 por
Marchão e Appleton [10].

Figura 2.4 – Esquema da distribuição da armadura de punçoamento (Marchão e Appleton)

Existe ainda uma outra armadura que é de boa prática adotar como mecanismo secundário de
resistência ao punçoamento. Pan e Moehle [23] em 1992 apresentaram um estudo no qual 4
ligações laje-pilar foram ensaiadas sob a ação combinada de carregamento gravítico e lateral. O
comportamento pós-rotura por punçoamento foi investigado de modo a provar a adequabilidade
do uso de armadura inferior sobre o pilar. O estudo foi conclusivo de que a armadura inferior
junto ao pilar suspende eficazmente a laje após a rotura por punçoamento e permite que a ligação

8
laje-pilar sustenha as cargas gravíticas para ciclos de carregamento lateral posteriores. A Figura
2.5 apresenta o comportamento pós-punçoamento da ligação laje-pilar publicado no estudo de
Pan e Moehle. Nesta figura é evidenciada o mecanismo de resistência do tipo ferrolho da
armadura inferior.

Figura 2.5 – Comportamento pós-punçoamento da ligação laje-pilar (Pan e Moehle 1992).

Esta armadura deve ser colocada diretamente acima do pilar na laje fungiforme de modo a
prevenir o colapso progressivo no caso de ocorrência de rotura por esforço transverso da ligação
laje-pilar.

2.2.1 Resistência ao Punçoamento de Lajes Fungiformes sob


Carregamento Cíclico

Os requisitos de dimensionamento ao punçoamento de lajes fungiformes sujeitas a cargas


gravíticas e laterais em regiões de baixa sismicidade estão bem estabelecidos no Eurocódigo 2.
A rotura por punçoamento na ligação laje-pilar ocorre quando a tensão de corte dentro do
perímetro de controlo, devido ao esforço de corte direto (cargas gravíticas) e esforço de corte
excêntrico (desequilíbrio de momentos), excede a tensão de corte resistente definida pela
equação (2.1). Contudo, para lajes fungiformes em regiões de elevada sismicidade é possível
ocorrer a rotura por punçoamento mesmo que a tensão de corte atuante no perímetro de controlo
não exceda a tensão de corte resistente relativa a ações monotónicas.

Nestes casos é posta a hipótese da degradação da resistência ao corte da laje no perímetro de


controlo causada pelo carácter cíclico da ação. A rotura por punçoamento irá ocorrer quando
existe degradação da tensão de corte resistente até um certo valor que iguala a tensão de corte

9
atuante no perímetro de controlo. Esta degradação da resistência ao corte nas lajes fungiformes
não está contemplada nos requisitos de dimensionamento presentes no Eurocódigo 2.

De modo a ultrapassar esta dificuldade, em 1996 Moehle [20] propôs a utilização de um modelo
de degradação da resistência ao corte na avaliação da capacidade de deformação lateral de
ligações laje-pilar levadas à rotura por punçoamento. A deformação lateral é traduzida pelo
deslocamento relativo entre pisos. Nesta abordagem assume-se que o deslocamento entre pisos
é igual à rotação da laje. A rotação da laje é determinada por  u   y ( ) , onde a rotação da
laje na cedência (  y ) é aproximadamente l1 /( 2400 h) , sendo l1 e h o vão e espessura da laje

respetivamente, e  é obtido a partir da relação Vg / Vc usando o modelo de degradação da


resistência ao corte para pilares de pontes em betão armado proposto por Aschheim e Moehle

(1992) [1], onde Vg corresponde ao nível de esforço de corte atuante na ligação, e Vc


corresponde à resistência nominal do betão ao punçoamento sem armaduras de punçoamento
para cargas monotónicas (ACI 318 2005 [4]). O modelo foi aplicado a 23 ligações laje-pilar
interiores isoladas e a 3 ligações laje pilar interiores isoladas com pré-esforço. O modelo proposto
por Aschheim e Moehle usa dois parâmetros, o valor da ductilidade em deslocamento para a
qual se inicia degradação da resistência ao corte (   ,1 ) e a taxa a que a resistência ao corte se

degrada ( m ).

Em 2006 Kang e Wallace (2006) [15] reviram os resultados obtidos por Moehle (1996) ao aplicar
o modelo de Aschheim e Moehle (1992) a 45 ligações laje-pilar interiores isoladas sem reforço
com armadura de punçoamento (testadas anteriormente a 2006). Usando os dados dos testes
das diferentes ligações, foram obtidos valores para a ductilidade de deslocamento para a qual
se inicia degradação da resistência ao corte (  ,1  1 ) e para a taxa a que a resistência ao corte

se degrada ( m  1 / 3 ). A Figura 2.6 apresenta o modelo de degradação da resistência ao corte


obtido.

10
Figura 2.6 – Modelo de degradação da resistência ao corte proposto por Kang e Wallace (2006) em
ligações laje-pilar interiores sem reforço com armadura de punçoamento.

V n corresponde à resistência nominal ao punçoamento dada pela expressão do ACI 318 (2005)
[4] Vn  Vc  Vs onde Vs é a resistência nominal ao punçoamento dada pela armaduras de

reforço ao punçoamento. Neste caso como as ligações laje-pilar usadas não possuem armadura
de reforço ao corte, Vs é nulo.

De referir que os parâmetros obtidos por Kang e Wallace para ligações laje-pilar interiores sem
armadura de reforço ao corte são bastante similares aos usados (  ,1  1 , m  1 / 3,5 ) no
modelo para os pilares de pontes proposto por Aschheim e Moehle, não havendo assim alteração
na tendência geral do modelo.

Este modelo apresenta grande utilidade no dimensionamento de novas construções ao permitir


avaliar a resistência ao punçoamento de ligações laje-pilar interiores sem reforço com armadura
de corte sujeitas à ação sísmica.

11
2.3 Modelos de Análise de Lajes Fungiforme

Vários métodos analíticos incluindo o método dos elementos finitos, métodos dos pórticos
equivalentes e o modelo de viga com largura efetiva têm sido usados para analisar edifícios com
laje fungiforme sujeitos a cargas gravíticas e laterais estáticas. Contudo a sua utilização é muitas
vezes incorreta, não havendo preocupação na calibração precisa da rigidez da laje, o que pode
levar a resultados que se afastam da realidade.

Pan e Moehle [22] e [23], nos seus estudos publicados em 1989 e 1992 provaram que o nível de
carregamento gravítico é uma das principais variáveis a afetar o comportamento lateral de lajes
fungiformes em betão armado. Foi observado que à medida que o esforço de corte devido a
cargas gravíticas aumenta, a resistência, rigidez e capacidade para suportar deslocamentos das
lajes testadas diminuía. A Figura 2.7 mostra a relação entre as cargas gravíticas e capacidade
de deformação lateral traduzida pelo deslocamento entre pisos apresentado pelos autores para
ligações laje-pilar testadas anteriormente a 1989 e para as 4 ligações testadas pelos autores em
1992 (detalhes dos espécimes testados estão presentes no Anexo A deste documento).

Figura 2.7 – Efeito do carregamento gravítico no nível de deslocamentos entre pisos (Pan e Moehle
1992).

Onde Vg corresponde ao nível de esforço de corte na ligação. Atualmente no ACI 318 (2005) [4]

Vo foi substituído por Vc que corresponde à resistência nominal do betão ao punçoamento sem

a existência de armadura de punçoamento. No estudo realizado por Pan e Moehle foi usada a

expressão presente no ACI 318 (2005) para lajes sem pré-esforço: Vc  4bo d f c' , onde f c'

corresponde ao valor característico da resistência do betão á compressão, b0 é o perímetro de

controlo e d é a altura útil da laje. O gráfico apresentado mostra claramente uma tendência na

12
diminuição da capacidade da ligação laje-pilar para suportar deslocamentos com o aumento do
nível de esforço de corte.

Foi também provado no estudo realizado por Pan e Moehle em 1992 que para carregamentos
laterais biaxiais (carregamento com múltiplas direções que simula a ação do sismo/vento) a
rigidez da laje é bastante afetada. A Figura 2.8 mostra a capacidade de deslocamento das 4
ligações testadas com o aumento do carregamento lateral, apresentado nesse estudo.

Figura 2.8 – Evolução da capacidade de deformação de 4 ligações laje-pilar com o aumento do


carregamento (Pan e Moehle 1992).

Do gráfico é possível concluir que à medida que o carregamento lateral aumenta, o


comportamento da estrutura afasta-se do comportamento em regime elástico (β=1). Além disso,
foi também provado que para carregamentos biaxiais correspondentes às ligações 2 e 4, a
redução da rigidez é superior à obtida para carregamentos uniaxiais correspondendo às ligações
1 e 3 (iguais a 2 e 4 respetivamente mas diferindo no tipo de carregamento lateral).

Mesmo para sismos de moderada intensidade, os esforços a que a laje está sujeita ultrapassam
os valores para os quais ocorre fendilhação do betão, fator que influencia muito a rigidez da laje.
O uso de uma análise elástica linear leva à obtenção de esforços muito superiores aos que na
realidade a laje está sujeita. Os edifícios com laje fungiforme comportam-se inelasticamente, e o
uso de uma análise tridimensional não linear para cargas sísmicas não é praticável no presente.

13
De modo a reduzir a complexidade e o elevado custo associado ao uso de análises com
elementos finitos não lineares, recorre-se muitas vezes aos conceitos dos pórticos equivalentes
(equivalente frame model) (retratado no capítulo 13 do ACI 318 (2005) [4]) e modelo analítico de
viga com largura efectiva (effective beam width model) (Pecknold, 1975 [24])

Na prática corrente, as recomendações presentes na ASCE/SEI 41 (American Society of Civil


Engineers e Structural Engineering Institute) [3] e na FEMA 274 (Federal Emergency
Management Agency) [9] referem que estruturas com laje fungiforme sujeitas à ação combinada
de cargas gravíticas e sísmicas podem ser analisadas recorrendo a três tipos de procedimentos:
modelo de elementos finitos; análise por pórticos equivalente (equivalente frame model); modelo
analítico de viga com largura efetiva (effective beam width model). Estes procedimentos diferem
principalmente na forma como a rigidez da laje é incorporada no modelo analítico.

No Eurocódigo 2 [7] também existe referência a um modelo de análise simplificado que pode ser
utilizado em estruturas com lajes fungiformes sob ações horizontais. Esta análise é feita por
pórticos equivalentes, e assemelha-se ao modelo analítico de viga com largura efetiva.

Estes modelos revestem-se de grande utilidade para a determinação dos esforços na laje em
sistemas estruturais fungiformes sujeitos à ação sísmica e que apresentem uma distribuição
regular de pilares.

2.3.1 Modelo dos Pórticos Equivalentes (ACI 318)

O modelo dos pórticos equivalentes ou viga equivalente (equivalent frame model) envolve a
simulação do sistema tridimensional da laje por uma série de pórticos equivalentes
bidimensionais que são analisados para forças no plano do pórtico (ACI 318 (2005) [4]). Este
método tem por base os estudos levados a cabo por Vanderbilt e Corley [29] (1983).

O modelo em causa compreende a existência de três elementos:

i) A laje é substituída por um elemento de viga equivalente com momento de inércia


efetivo igual ao momento de inércia da largura da laje original. A largura de cada viga
equivalente é delimitada pela linha que passa a meio dos vãos adjacentes. A Figura
2.9 ilustra a definição do pórtico equivalente.

14
Figura 2.9 – Largura do pórtico equivalente de acordo com o ACI 318.

ii) O segundo elemento corresponde às colunas ou outro tipo de suporte vertical, com
extensão acima e abaixo da laje.
iii) As vigas equivalentes e as colunas estão ligadas por elementos torsionais que
possibilitam a transferência de momentos entre estes. São compostos por partes da
laje e da viga (caso exista) ligadas à face transversa da coluna. Estes elementos são
normalmente modelados com molas que reduzem a rigidez elástica do elemento de
viga usado para representar a laje.

A Figura 2.10 apresenta um esquema que exemplifica os elementos que compõem o modelo
dos pórticos equivalentes presente no ACI 318.

Figura 2.10 – Exemplo de um membro torsional de acordo com o ACI 318.

15
2.3.2 Modelo Analítico de Viga com Largura Efetiva

O modelo analítico de viga com largura efetiva (effective beam width model) foi desenvolvido
originalmente por Pecknold [24] em 1975 para a análise de um sistema de dois vãos de laje
fungiforme sujeito a cargas estáticas laterais.

Neste modelo a laje é modelada como um elemento de viga com uma largura efetiva α.l2 (fator
de largura efetiva da laje (α)x largura da laje perpendicular à direção do carregamento sísmico
(l2)) e com vão com o mesmo valor que na laje original. O fator de largura efetiva α representa o
rácio entre a largura da viga efetiva e a largura original da laje. Este fator é aplicado de modo a
representar a rigidez elástica equivalente da laje, ou seja, representa a rigidez da laje antes de
qualquer fenómeno de fendilhação ocorrer. A Figura 2.11 ilustra a aplicação do fator de largura
efetiva da laje.

Figura 2.11 – Aplicação do fator de largura efetiva da laje.

Quando uma ligação laje-pilar interior é sujeita a um deslocamento lateral no topo da coluna, a
rotação da laje ao longo da sua largura varia desde um máximo próximo da coluna até um valor
mínimo próximo do meio vão.

2.3.2.1 Fator de largura efetiva

Pecknold [24] apresentou um estudo em 1975 sobre o modelo de largura efetiva de um painel
de laje interior típico. Pondo em prática a teoria elástica de placas e a solução tipo de Levy
padrão, chegou a uma equação para o cálculo do fator de largura efetiva α. O fator de largura
efetiva é obtido da análise elástica de placas admitindo que a viga de largura efetiva sujeita a

16
uma rotação uniforme no apoio de valor θ permite que a coluna tenha o mesmo valor de rotação
que a coluna original ligada à laje original com largura l2 e rotação variável (Durrani 1992 [17]).
A Figura 2.12 apresenta um esquema apresentado por Luo e Durrani (1992) do funcionamento
do modelo de viga com largura efetiva.

Figura 2.12 – Modelo de viga com largura efetiva (Luo e Durrani 1993).

Em 1977, Allen e Darvall [2] chegaram aos mesmos resultados de Pecknold com recurso a séries
de Fourier. A Figura 2.13 apresenta um sumário proposto por Vanderbilt e Corley [30] para os
valores de fatores de largura efetiva até 1983.

Figura 2.13 – Sumário do fator de largura efetiva da laje para cargas laterais por Vanderbilt e Corley,
1983.

17
O limite assinalado com “pilares muito flexivei” não modela um sistema estrutural realista, apenas
fornece um limite inferior de rigidez de uma ligação linear elástica.

Em 1987 Banchik [5] usou o método dos elementos finitos para calcular os valores de fatores de
largura efetiva. A variação deste fator para um pórtico interior, que inclui ligações interior e de
bordo com vão perpendicular ao bordo está representada na equação (2.6). Os coeficientes para
os pórticos exteriores, que incluem as ligações de bordo e canto, estão representados pela
equação (2.7)

c1 1 l1 1
 i  (5  ) (para pórticos interiores) (2.6)
l 2 4 c 1  2

c1 1 l1 1
 e  (3  ) (para pórticos exteriores) (2.7)
l2 8 l2 1  2

Onde c1 e l1 correspondem à dimensão do pilar e do vão na direção do carregamento

respetivamente; l 2 corresponde à dimensão do vão perpendicular à direção do carregamento; 

é o coeficiente de Poisson.

Luo e Durrani [18] e [18] em 1995 propôs novos fatores de largura efetiva para ligações interiores
e ligações de exteriores. De notar que neste caso, ao contrário da ligação exterior proposta por
Banchik, a ligação exterior refere-se às ligações com vão a fletir perpendicularmente ao bordo
da laje. Ao calibrar os resultados obtidos na investigação de Pecknold, foi obtida uma equação
mais simples que a proposta por este para o cálculo de ligações interiores (2.8).

c2
R12 ( )
l2
i  (2.8)
l c c c
0,05  0,002 ( 1 ) 4  2( 1 ) 3  2,8( 1 ) 2  1,1( 1 )
l2 l1 l1 l1

Onde c2 corresponde à dimensão do pilar perpendicular à direção do carregamento; c1 e l1

correspondem à dimensão do pilar e do vão na direção do carregamento respetivamente; R12


toma o valor de 1,02 para l 1 / l 2 entre 0,5 e 2,0 e c1 / c2 entre 0,5 e 2,0. Para ligações exteriores,

a equação (2.9) foi proposta, tendo por base modificações no modelo dos pórticos equivalentes.

Kt
 el2  l2 (2.9)
Kt  Ks

18
4Ec I
Onde Ks  é a rigidez de flexão da laje; l 2 corresponde à dimensão do vão perpendicular
l1
à direção do carregamento.

A equação (2.9) tem conta com o facto de parte do momento na ligação laje-pilar exterior ser
transferido em flexão por parte da laje e outra parte é indiretamente transferida em torsão por um
elemento composto pela viga de bordo, caso exista, e parte da laje (elemento torsional referido
em 2.2.1). A rigidez de torsão deste elemento é dada pela fórmula (2.10) indicada no ACI 318
(2005) [4].

9Ec C
Kt  
c (2.10)
l 2 (1  2 ) 3
l2

Onde Ec é o módulo de elasticidade do betão usado na laje; c2 e l2 correspondem à dimensão


do pilar e do vão perpendicular à direção do carregamento; C corresponde à constante de torsão
dada pela expressão (2.11) presente no ACI 318.

 x  x3 y
C   1  0,63  (2.11)
 y 3

A constante C, no caso de secções em T, é obtida dividindo a secção em elementos

retangulares com dimensões x e y e somando os valores de C de cada um destes elementos.


A Figura 2.14 ilustra este cálculo para a viga de bordo.

Figura 2.14 – Secção efectiva da viga de bordo de acordo com ACI 318 (2005) [4].

19
De referir ainda que, as recomendações presentes na ASCE/SEI 41 [3] para o valor do fatores
de largura efetiva são as propostas pelas fórmulas apresentadas por Hwang e Moehle (2000)
[14] que dão valores na ordem de 0,5.

2.3.3 Análise por Pórticos Equivalentes (EC2)

Segundo a análise por pórticos equivalentes presente no Eurocódigo 2 (EC2-1) [7], as estruturas
com laje fungiforme podem ser analisadas dividindo a estrutura longitudinal e transversalmente
em pórticos constituídos por pilares e por troços de lajes compreendidos entre as linhas médias
de painéis adjacentes. A Figura 2.15 ilustra a divisão dos painéis de laje fungiforme presente no
Eurocódigo 2 (EC2-1).

Figura 2.15 – Análise por pórticos equivalentes (EC2).

De referir que neste modelo, apesar de apresentar o mesmo nome que o modelo de pórticos
equivalentes do ACI 318, estes não são idênticos. A rigidez da laje pode ser calculada a partir
das secções transversais brutas dos pórticos. Para cargas gravíticas, a rigidez a considerar para
o painel de laje corresponde à largura total do painel. Para carregamento lateral, o recomendado
é utilizar 40% da largura total do painel. Esta redução serve para traduzir a maior flexibilidade
das ligações pilar-laje em estruturas fungiforme quando comparada com as ligações pilar-viga.
Este tipo de análise assemelha-se muito ao modelo analítico de viga com largura efetiva na
avaliação de lajes fungiformes sob cargas laterais.

20
2.3.4 Rigidez

Em todos os modelos referidos atrás, a rigidez elástica deve ser corrigida para ter em conta o
efeito da fendilhação, típico do comportamento inelástico de sistemas fungiformes sob a ação de
cargas gravíticas e sísmicas. Devido à complexidade do mecanismo de transferência de
momentos entre a laje e o pilar sob carregamento horizontal, as suposições relativas à redução
que se deve fazer na rigidez elástica da laje são muito subjetivas. Contudo estão disponíveis
certas diretrizes para assistir o projetista a tomar essa decisão.

2.3.4.1 Modelo dos Pórticos Equivalentes (ACI 318)


Para ter em conta o efeito da fendilhação, as recomendações da ASCE/SEI 41 [3] e FEMA 274
[9] são as de que a rigidez do elemento torsional deverá ser reduzida por um fator de 1/3, valor
que tem por base os estudos levados a cabo por Vanderbilt e Corley [30] (1983) e mais tarde por
Pan e Moehle [21] (1988). No artigo publicado em 1992 no ACI journal, Pan e Moehle [23] provam
que, para um valor de 0,2% de deslocamento entre pisos, a melhor estimativa para o fator de
redução de rigidez dos elementos torsionais é 1/3 (Figura 2.16).

Figura 2.16 – Comparação entre o modelo dos pórticos equivalentes e os resultados experimentais (Pan e
Moehle 1992).

21
2.3.4.2 Modelo Analítico de Viga com Largura Efetiva

A eficácia do uso do modelo analítico de viga com largura efetiva (effective beam width model)
está fortemente dependente da aferição da rigidez da laje a considerar no modelo que é traduzida
pela definição da largura efetiva da viga equivalente. Uma viga com largura efetiva, algures entre
os valores de um terço a um meio da largura transversal original, é tida como uma boa estimativa
e assume-se compensar todas as incertezas relativas à rigidez de uma laje fungiforme sob ação
de cargas devidas ao sismo. Estas estimativas são referidas pela ASCE/SEI 41 [3] e FEMA 274
[9] e têm por base o estudo levado a cabo por Hwang e Moehle (1990) [13], que envolveu o teste
de um pórtico com 9 painéis de laje à escala 4/10 sujeito a cargas gravíticas e laterais. Uma
expressão (2.12) foi proposta para cálculo do fator de redução da rigidez (β) em lajes fungiformes,
cujos valores variam entre 1/3 e 1/2.

c  L  1
  5  0,1  1  (2.12)
l  40  3

Onde c é a dimensão da coluna (quadrada); l é a dimensão da laje (quadrada); L corresponde


à sobrecarga de serviço (em lb/ft2). Tais estimativas não são questionadas desde que resultem
num dimensionamento do lado da segurança. Para ter em conta o efeito da fendilhação afeta-se
a rigidez elástica das lajes com este fator de redução de rigidez (β). Este fator é assim tido como
o rácio entre a rigidez da laje fendilhada e a rigidez da laje sem fendas.

Em 1992 os estudos levados a cabo por Pan e Moehle [23] para 4 ligações laje-pilar sujeitas a
carregamento gravítico e lateral comprovaram que, para um valor de 0,2% de deslocamento
entre pisos, a melhor estimativa seria uma redução de 1/3 do coeficiente de largura efetiva
elástica (com valor calculado igual a 0,65). A comparação entre o modelo de viga com largura
efetiva e os resultados experimentais está apresentada na Figura 2.17.

Contudo, embora simples de aplicar, as estimativas de redução da rigidez da laje apresentadas


podem a conduzir a estimativas que podem resultar em previsões desapropriadas da resposta
do edifício. Existe a necessidade de se desenvolver um processo racional de análise que se
aproxime do verdadeiro comportamento de estruturas com laje fungiforme.

22
Figura 2.17 – Comparação entre o modelo de viga com largura efetiva e os resultados experimentais (Pan
e Moehle 1992).

Em 1997 Grossman [11] propôs a expressão (2.13) para o cálculo da viga com largura efetiva

(l2’) tendo em conta o fator Kd que estima a degradação da rigidez da viga com largura efetiva

de acordo com o nível de deslocamento entre pisos.

 l   c 2  c1   d 
l 2'  K d  0,3l1  c1  2       K FP (2.13)
  l1   2   0,9h 

Onde c1 e l1 correspondem à dimensão do pilar e do vão na direção do carregamento

respetivamente; c2 e l 2 correspondem à dimensão do pilar e do vão perpendicular à direção do

carregamento; d representa a altura útil da laje; h corresponde à altura da laje; K FP é um fator

que tem em conta o tipo de ligação em causa (1,0 para ligações interiores, 0,8 para ligações

exteriores e 0,6 para ligações de canto). Contudo nesta expressão, é verificado que Kd
representa a degradação de rigidez lateral, que não é o mesmo que degradação da rigidez da
viga com largura efetiva (Han e Park 2009 [12]).

23
Luo e Durrani [18] e [20] apresentaram em 1995 uma metodologia diferente para a obtenção da
rigidez efetiva da laje. De modo a ter em conta a redução de rigidez devido à presença de cargas
gravíticas, foi criado um fator  (2.14) que multiplica pela largura elástica da laje:

Vg
  1  0,4 (2.14)
4 Ac f c'

Vg
Onde corresponde ao rácio entre o valor do esforço total de corte na ligação devido
4 Ac f c'
a cargas gravíticas e a resistência ao corte da laje dada pelo ACI 318 (2005) já apresentada atrás

em 2.3. Ac é a área da secção crítica da laje dada pelo produto do perímetro de controlo pela
altura útil da laje b0  d  . O perímetro de controlo ou secção crítica de esforço transverso em

lajes (Figura 2.18) é dada pelos segmentos de reta distanciados a d/2 da área efetiva de carga
(ACI 318).

Figura 2.18 – Secção crítica de esforço transverso para um pilar (ACI 318).

De modo a ter em conta com a redução de rigidez da laje devido a cargas laterais, Luo e Durrani
usaram o momento de inércia efetivo de vigas especificado no ACI 318. Conforme especificado
no ACI 318, a inércia efetiva dada pela expressão (2.15) têm em conta a relação entre o nível de

momento aplicado na viga ( M a ) e o momento de fendilhação da secção da viga ( M cr ).

M 
3
 M 
3

I e   cr  I g  1   cr   I cr (2.15)
 Ma    M a  

24
Aplicado às lajes, I g corresponde ao momento de inércia da secção  i l 2 na metodologia de

Luo e Durrani, I cr corresponde ao momento de inércia dessa mesma secção fendilhada, M cr é


o momento de fendilhação da secção referida e M a é o momento máximo na laje. A Figura 2.19
apresenta o modelo de viga com largura efetiva proposto por Luo e Durrani (1995) [28].

Figura 2.19 – Esquema do modelo de viga com largura efetiva proposto por Luo e Durrani (1995)

Contudo, a expressão anterior apresenta uma particularidade pouco prática. Para o cálculo de

Ie é necessário saber à partida a quantidade de armadura na laje, nomeadamente no cálculo

de I cr (momento de inercia da secção  i l 2 fendilhada). Numa fase inicial de dimensionamento,


não é possível saber a quantidade de armadura existente na laje.

Face à complexidade existente na determinação de uma redução de rigidez apropriada em lajes


fungiformes usando o modelo de viga com largura efetiva, Han e Park [12] em 2009 publicaram
um estudo sobre o do fator de redução da rigidez (β), com maior simplicidade de aplicação. O
modo de aplicação deste fator é idêntico ao fator proposto por Hwang e Moehle (1990) e Pan e
Moehle (1992) apresentados anteriormente nesta secção. O estudo realizado por Han e Park
envolve o desenvolvimento de equações para o fator de redução de rigidez da laje (β) através
de uma análise com regressão não linear, usando os resultados obtidos em testes realizados em

25
ligações laje-pilar interiores e exteriores em estudos anteriores realizados por outros autores. Os
detalhes referentes às ligações usadas como base ao estudo de Han e Park estão disponíveis
para consulta no Anexo B.

Concluiu-se que o principal fator que afeta a redução de rigidez da laje é o nível de momento

atuante Ma face ao momento de fendilhação M cr , tendo os autores proposto as expressões


(2.16) e (2.17) para quantificar a redução de rigidez em função da relação M a / M cr .

 M 
0, 5
M 
0,5

  0,4  0,32  a    a   (2.16)
 M cr   M cr  
(para ligações laje-coluna interiores)

 M 
0, 5
M 
0,5

  0,21  0,14  a    a   (2.17)
 M cr   M cr  
(para ligações laje-coluna exteriores)

Os fatores de redução de rigidez da laje (β) definidos por Han e Park obtidos por análise de
resultados experimentais estão apresentados nas Figuras 2.20 e 2.21. A Figura 2.22 apresenta
um esquema representativo do modelo de viga com largura efetiva proposto por Han e Park.

De modo a verificar as equações propostas, Han e Park compararam as curvas reais envolventes
(carga lateral vs. deslocamento entre pisos) de duas ligações laje-pilar testadas (espécime RI –
50 interior e espécime RE – 50 exterior testadas pelos autores) sujeitas a cargas laterais, com
as curvas obtidas através do modelo de viga com largura efetiva proposto (Figura 2.23). Nestes
gráficos estão também representados os modelos anteriores a este estudo presentes na
literatura. Estas curvas envolventes reais foram obtidas através das curvas histeréticas das duas
ligações laje-pilar. As curvas histeréticas das duas ligações laje-pilar singulares estão disponíveis
em anexo para consulta (Anexo B).

Foram também apresentadas duas curvas envolventes de lajes fungiformes com dois vãos
sujeitas a cargas laterais (espécimes 6LL e 2C analisadas por Robertson e Durrani [26] em 1990)
e comparadas com o modelo apresentado (Figura 2.24).

26
Figura 2.20 – Fatores de redução de rigidez da laje (β) para ligações interiores obtidos pelos resultados
de testes analisados e pelas fórmulas (Han e Park 2009)

Figura 2.21 – Fatores de redução de rigidez da laje (β) para ligações exteriores obtidos pelos resultados
de testes analisados e pelas fórmulas (Han e Park 2009)

27
Figura 2.22 – Esquema do modelo de viga com largura efetiva de Han e Park

Figura 2.23 – Curvas envolventes e curvas obtidas com as equações para o fator de redução de rigidez
de duas ligações laje-pilar testadas (espécime RI – 50 interior e espécime RE – 50 exterior) sujeitas a
cargas laterais (Han e Park 2009).

28
Figura 2.24 – Curvas envolventes e curvas obtidas com as equações para o fator de redução de rigidez
de duas lajes fungiformes com dois vãos sujeitas a cargas laterais sujeitas a cargas laterais (Han e Park
2009).

2.3.5 Modelo utilizado

Todos os modelos descritos acima são considerados aceitáveis na modelação analítica de


pórticos laje-pilar e são correntemente usados na prática (ASCE/SEI 41, FEMA 274 e EC2).

Como já foi referido, os edifícios com laje fungiforme comportam-se inelasticamente, e o uso de
uma análise tridimensional não linear para cargas sísmicas não é praticável no presente devido
à complexidade e elevado custo associado.

O modelo dos pórticos equivalentes (equivalente frame model) do ACI 318, o modelo analítico
de viga com largura efetiva (effective beam width model) e o uso de uma análise por pórticos
equivalentes do Eurocódigo 2 revestem-se assim de grande utilidade.

O uso de um modelo com pórticos equivalentes presente no ACI 318 para a avaliação de um
edifício de vários andares é um pouco incerto. Vanderbilt [29] propôs uma metodologia de
modelação na qual os elementos torsionais presentes no modelo dos pórticos equivalentes do
ACI 318 são modelados com molas concentradas ligadas às extermidades da viga (equivalente
à laje) e do pilar. Esta metodologia proposta é complexa e inconveniente para implementar num
programa de análise elástica de pórticos.

29
Por sua vez, o modelo analítico de viga com largura efetiva (equivalente à análise por pórticos
equivalentes do Eurocódigo 2) é uma metodologia onde a laje é modelada como uma simples
viga, cuja análise de momentos é idêntica à avaliação de um pórtico. Em comparação com o
modelo de pórticos equivalentes, esta metodologia é mais simples de aplicar num programa de
elementos finitos como o SAP 2000.

No presente estudo é usada uma modelação da laje recorrendo ao modelo de viga com largura
efetiva (effective beam width model) e ao uso de uma análise por pórticos equivalentes descrita
no Eurocódigo 2.

30
2.4 Ligações Laje-Parede

Apesar de existir alguma investigação sobre a análise e modelação de ligações laje-pilar sujeitas
a carregamento lateral, existe ainda alguma falha no conhecimento do comportamento de
ligações laje-parede. De um ponto de vista prático, a modelação deste tipo de ligação também
não é clara. As equações para o cálculo de vigas com largura efetiva foram obtidas para ligações
laje-pilar. A aplicação direta destas equações em ligações laje-parede, por substituição das
dimensões do pilar pelas dimensões da parede, pode levar a uma modelação desapropriada da
rigidez da laje nestas ligações.

Shin e Kang [28] em 2009 apresentaram um estudo sobre a modelação prática de um edifício
com laje fungiforme onde se depararam com a mesma dificuldade. Neste estudo foi aplicada a
fórmula (2.13) de Grossman [11] para modelar o sistema fungiforme. Na ligação laje-parede
também foi usada a fórmula de Grossman tendo em conta as seguintes considerações:

i) Para pórticos de laje com vão perpendicular ao comprimento da parede, a viga com
largura efetiva de laje é calculada considerando um pilar imaginário que substitui a
parede. Este pilar apresenta as mesmas dimensões que o pilar localizado no lado
oposto do vão em análise. A Figura 2.25 ilustra este procedimento.

Figura 2.25 – Cálculo de viga com largura efetiva para pórticos de laje com vão perpendicular ao
comprimento da parede.

ii) Para pórticos de laje com vão paralelo ao comprimento da parede, a viga com largura
efetiva é calculada substituindo as dimensões da parede por um rácio comprimento-
espessura de valor 2,5, correspondendo ao rácio que, segundo os autores, é
considerado o limite para diferenciar uma parede de um pilar. A Figura 2.26
esquematiza este procedimento.

31
Figura 2.26 – Cálculo de viga com largura efetiva para pórticos de laje com vão paralelo ao comprimento
da parede.

Ao usar dimensões inferiores para a parede obtém-se vigas com larguras efetivas baixas, que
se traduz numa menor rigidez da laje neste tipo de ligação. Esta abordagem de modelação
conservativa é justificada por algumas investigações anteriores a este estudo, que revelam que
a rigidez de lajes ligadas a paredes sob cargas laterais tende a ser bastante baixa (ver
Schwaigofer e Collins (1977) [27] e Qadeer and Smith (1969) [25]).

32
3 Descrição do Caso de Estudo

3.1 Introdução

De modo a permitir estudar as metodologias de dimensionamento de estruturas com laje


fungiforme, desenvolveu-se para esse fim um edifício com laje fungiforme adaptado a partir de
um projeto real. O principal objetivo deste edifício usado como caso de estudo é que este permita
extrair resultados consistentes sobre o problema que se aborda nesta dissertação e que ao
mesmo tempo seja fácil de por em prática os modelos apresentados e descritos no capítulo 2.
Neste capítulo apresentam-se as características principais do edifício usado para o estudo em
causa.

3.2 Caracterização da Estrutura

A estrutura analisada é relativa a um edifício de escritórios em betão armado localizado em


Lisboa, com 8 pisos elevados e 2 caves. Ao escolher um edifício comum e com altura dentro da
média consegue-se aumentar o leque de edifícios para os quais este estudo pode fornecer
informação.

A estrutura é constituída por lajes fungiformes no interior, pórticos no contorno, um núcleo onde
se localizam as escadas e um núcleo correspondente aos elevadores que servem todos os pisos.
O núcleo das escadas é constituído por duas paredes paralelas de 3 metros centradas na planta
do edifício. Foi adotada uma solução com laje fungiforme sem capitéis, com vigas de bordadura
para todos os pisos. O edifício apresenta fundações diretas.

A Figura 3.1 ilustra esquematicamente a planta da estrutura em estudo onde se identificam as


paredes, pilares e vigas. São também apresentados os valores dos vãos de laje considerados e
as orientações dos eixos X e Y. Para simplificar o modelo optou-se por usar a mesma planta em
todos os pisos, o que faz com que o edifício seja regular em altura. A geometria dos pilares e
viga de bordo da estrutura está simplificada na Tabela 3.1. A laje fungiforme apresenta espessura
de 0,20 m e foi pré-dimensionada para transferir as cargas gravíticas aos elementos verticais
verificando a segurança ao punçoamento sem necessidade de armaduras transversais.

33
Figura 3.1 – Planta geral do edifício usado caso de estudo.

Tabela 3.1 - Dimensões dos pilares e vigas de bordo.

Elementos Dimensões (cm2)

Pilares centrais 55x55

Pilares bordo 50x25

Vigas bordo 50x25

Os materiais considerados foram betão C30/37 e aço A500 NR SD. A Tabela 3.2 indica as
características dos materiais escolhidos.

Tabela 3.2 – Materiais considerados no caso de estudo.

Betão C30/37 Aço A500 NR SD

fcd [MPa] fck [MPa] fctm [MPa] Ec [GPa] ν fyd [MPa] Es [GPa]

20,0 30,0 2,9 33,0 0,2 435,0 200,0

34
3.2.1 Definição das ações

3.2.1.1 Ações permanentes

As ações permanentes englobam o peso próprio dos elementos estruturais e as restantes cargas
permanentes, contendo estas últimas parcelas devidas aos revestimentos de pavimento e tetos
falsos e às paredes divisórias. De modo simplificativo considerou-se 2,5 kN/m2 para as restantes
cargas permanentes.

3.2.1.2 Ações variáveis

As sobrecargas de utilização foram definidas de acordo com o EN1991-1 [6]. Considerou-se 3,0
kN/m2 para a sobrecarga de utilização, típica de um edifício de categoria B (escritórios).
Simplificadamente foi admitido este valor para todos os pisos.

3.2.1.3 Ação sísmica

O edifício encontra-se localizado na zona sísmica 1.3 e 2.3 e está fundado num terreno
classificável como do tipo C (areia compacta). Escolheu-se a zona sísmica 1.3 por ser uma zona
com sismicidade moderada. O tipo de terreno escolhido prende-se pelas mesmas razões
anteriores. O dimensionamento da estrutura do edifício é realizado considerando a classe de
ductilidade média (DCM), normalmente aplicada em Portugal. A Figura 3.2 representa os
espectros de resposta do sismo tipo 1 com coeficientes de comportamento 2,0 e 1,5.

35
4

3,5

2,5

2 q=2,0

1,5 q=1,5

0,5

0
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3

Figura 3.2 – Espectros de resposta do sismo tipo 1 com coeficientes de comportamento 2,0 e 1,5.

3.2.2 Combinação de ações

i) Combinação fundamental

Para a combinação de estado limite último, majoraram-se as sobrecargas com um fator parcial
de segurança de 1,5 e o peso próprio e restantes cargas permanentes com um fator parcial de
segurança de 1,35. Esta combinação de ações é importante para verificar o pré-
dimensionamento e calcular as armaduras longitudinais da laje.

(3.1)

ii) Combinação quase permanente

Para a combinação quase permanente, que corresponde à situação que se verifica em mais de
50% da vida da estrutura, foi adotada a expressão (3.2), com 𝜓2 =0,3 (edifício de escritórios).

(3.2)

A tabela (3.3) resume o carregamento gravítico considerado na estrutura.

36
Tabela 3.3 – Valores do carregamento gravítico do edifício.

sc rcp psd pcqp


[kN/m2] [kN/m2] [kN/m2] [kN/m2]

3 2,5 14,63 8,40

iii) Combinação sísmica

A combinação de ações envolvendo o sismo apresenta-se na expressão abaixo. O valor


adotado para 𝜓2 foi simplificadamente 0,3.

(3.3)

37
38
4 Modelação e Análise do Edifício

4.1 Introdução

Nesta secção são apresentadas e descritas as três metodologias utilizadas para a análise do
edifício. Em cada uma destas metodologias a determinação dos efeitos do sismo foi analisada a
partir de uma análise modal por espectro de resposta comtemplada no Eurocódigo 8 (EC8 - 1)
[8]. A modelação foi executada recorrendo ao programa de elementos finitos para estruturas SAP
2000.

Numa primeira secção é descrita a modelação da estrutura seguindo as recomendações do


Eurocódigo 8 e Eurocódigo 2. Estas normas serviram de base de comparação para as
metodologias presentes neste capítulo. Nesta metodologia é usado o conceito de pórtico
equivalente abordado na secção (2.3.3) para modelar a laje.

De seguida é exposta a segunda metodologia usada. Nesta abordagem utiliza-se o modelo de


viga com largura efetiva descrito em (2.3.2) para a modelação das lajes mantendo as
considerações de rigidez do Eurocódigo 8 para a estrutura primária. São apresentadas as
fórmulas para o fator de largura efetiva da laje e fator de redução da rigidez da laje utilizadas,
justificando as razões que levaram à sua escolha.

Por fim, a última metodologia utilizada difere da anterior pela consideração de uma rigidez da
estrutura primária mais precisa, que corresponde à rigidez correspondente ao início da cedência
da armadura. Apresentam-se os valores obtidos para esta rigidez.

O uso destas 3 metodologias serve para averiguar em que medida as considerações de rigidez
da laje e da estrutura primária influenciam os esforços de corte na ligação laje-pilar.

39
4.2 Metodologia 1

Esta primeira metodologia corresponde à modelação do sistema fungiforme com pórticos


equivalentes seguindo as indicações do Eurocódigo 8 e Eurocódigo 2.

A modelação das paredes da zona de escadas e do núcleo de elevadores foi feita com elementos
de barra, ligados por elementos rígidos ao nível de cada piso. A modelação das vigas de bordo
e dos pilares foi também feita com elementos de barra. A Figura 4.1 apresenta uma imagem 3d
dos elementos verticais e viga de bordo do edifício.

Figura 4.1 – Visão 3D dos elementos verticais e viga de bordo do edifício.

No caso das vigas considerou-se a contribuição da laje para a largura do banzo (beff), tendo em
conta as recomendações do Eurocódigo 8 (EC8-1) [1]. A Figura 4.2 ilustra a largura efetiva do
banzo considerado.

40
Figura 4.2 – Largura efetiva do banzo da viga de bordo segundo as considerações do Eurocódigo 8.

A modelação das lajes é feita recorrendo ao modelo dos pórticos equivalentes descrito no
Eurocódigo 2 (EC2-1 Anexo I) [7] e já atrás referido no Capitulo 2 deste documento. Neste tipo
de análise, as lajes fungiformes sob a ação de cargas horizontais podem ser convenientemente
modeladas por pórticos equivalentes. De notar mais uma vez que este modelo, apesar de
apresentar o mesmo nome, é bastante diferente do modelo de pórticos equivalentes do ACI 318
(2.2.1). No Eurocódigo 2 não existe referência a elementos torsionais. A laje é modelada
considerando 40% da largura total do vão perpendicular à direção do carregamento (l 2). Esta
redução de largura é muito semelhante à que se considera com o fator de largura efetiva (α) no
modelo de viga com largura efetiva (2.2.2) para representar a laje em regime elástico antes de
fendilhar.

A modelação da laje foi assim feita recorrendo a um elemento de barra com a mesma espessura
e vão da laje original, e com a largura calculada consoante a recomendação do Eurocódio 2
descrita acima. A Figura 4.3 ilustra a largura efetiva de laje no primeiro modelo.

Contudo, não existe no Eurocódigo 2 nem no Eurocódigo 8 recomendações para a redução da


rigidez da laje em estado fendilhado. Considerou-se a rigidez efetiva de todos os elementos,
incluindo a laje correspondente a 50% da rigidez elástica de acordo com a recomendação
simplificada do Eurocódigo 8 (EC8-1) [1].

Na zona de ligação da laje com as paredes foi tomada uma largura efetiva elástica superior ao
valor adotado para as zonas correntes. A alteração foi feita de modo a traduzir de melhor forma
o comportamento da ligação laje-parede e permitir assim uma melhor modelação da rigidez da
laje nestas zonas.

41
Figura 4.3 – Planta do edifício com as recomendações da análise por pórticos equivalentes presente no
Eurocódigo 2.

As Figuras 4.4 e 4.5 resumem os cálculos para a largura elástica da laje segundo as
recomendações do Eurocódigo 2 nas duas direções de análise. São apresentados também os
valores da largura de laje adotada nas ligações laje-parede.

Figura 4.4 – Largura elástica dos pórticos laje segundo a direção x recorrendo às recomendações do
Eurocódigo 2.

42
Figura 4.5 – Largura elástica dos pórticos laje segundo a direção y recorrendo às recomendações do
Eurocódigo 2.

43
4.3 Metodologia 2

Nesta metodologia a modelação das paredes, pilares e vigas foi feita da mesma forma que na
metodologia anterior. A rigidez efetiva da estrutura primária foi considerada igual a 50% da rigidez
elástica tal como no caso anterior.

Como foi referido no Capitulo 2 deste documento, a laje fungiforme sob ação sísmica pode ser
modelada recorrendo ao modelo de viga com largura efetiva (effective beam width model). Como
foi referido na secção 2.3, esta metodologia é muito mais simples de aplicar num programa de
elementos finitos e por isso é aplicada neste estudo.

As considerações de rigidez efetiva da laje foram tomadas com base no modelo proposto Han e
Park (2009) [12]. Os estudos experimentais apresentados por estes autores mostram que este
modelo simula razoavelmente bem a rigidez lateral e a transferência de momentos entre a laje e
os pilares recorrendo a uma análise elástica (ver secção (2.3.4) deste documento).

4.3.1 Fator de Largura Efetiva de Laje

Como abordado anteriormente, no modelo analítico de viga com largura efetiva a laje é modelada
por uma viga com largura dada por αi.l2 para ligações laje-pilar interiores e αe.l2 para ligações
laje-pilar exteriores (largura da laje perpendicular à direção do carregamento sísmico (l 2) x fator
de largura efetiva da laje (α)). A altura desta viga apresenta o mesmo valor que a espessura
original da laje. Este fator traduz o rácio entre a largura elástica da laje antes de a fendilhação
ocorrer e a largura original (l2) da laje.

Como foi visto no capítulo 2, existem várias fórmulas propostas para o cálculo do fator α. Neste
estudo optou-se por usar as fórmulas propostas por Banchick (1987) [5], cuja expressões são
(4.1) e (4.2). A razão desta escolha está relacionada com sua facilidade de aplicação e pelo facto
de terem sido as fórmulas usadas no estudo realizado por Han e Park, cujo modelo foi o
escolhido.

c1 1 l1 1
 i  (5  ) (para pórticos laje-pilar interiores) (4.1)
l2 4 l2 1  2

c1 1 l1 1
 e  (3  ) (para pórticos laje-pilar exteriores) (4.2)
l2 8 l2 1  2

44
Onde c1 e l1 correspondem à dimensão do pilar e do vão na direção do carregamento

respetivamente; l 2 corresponde à dimensão do vão perpendicular à direção do carregamento; 

é o coeficiente de Poisson.

A primeira expressão para o fator de largura efetiva de laje (α) de ligações interiores foi
comparada com a fórmula proposta por Luo e Durrani (1995) [18] (4.3) que é baseada na antiga
investigação levada a cabo por Pecknold (1975) [24].

c2
R12 ( )
l2
i  (4.3)
l c c c
0,05  0,002 ( 1 ) 4  2( 1 ) 3  2,8( 1 ) 2  1,1( 1 )
l2 l1 l1 l1

Com c2 correspondendo à dimensão do pilar perpendicular à direcção do carregamento e R 12


tomando o valor de 1,02 para l1/l2 entre 0,5 e 2,0 e c1/c2 entre 0,5 e 2,0.

A Tabela 4.1 apresenta alguns exemplos de fatores de largura efetiva de laje para ligações
interiores, calculados com as duas fórmulas anteriores (4.1) e (4.3). De referir que para ligações
interiores as dimensões c1 e c2 são sempre constantes (pilares centrais com 0,55x0,55 m2).

Tabela 4.1 - Fatores de rigidez de laje para ligações interiores do caso de estudo calculadas com as
fórmulas de Banchick e Luo e Durrani.

Pilar C3 Pilar D2 Pilar C2 Pilar B2

l1 (m) 5 3,4 4,1 5

l2 (m) 5 4,55 5 4,55

αi (Banchick) 0,833 0,824 0,786 0,916

αi (Luo e Durrani) 0,822 0,840 0,783 0,898

Constata-se que os valores obtidos pelas equações para o fator de largura efetiva de laje (α) de
ligações interiores, propostas pelos dois autores, são muito próximos. Nota-se no entanto que os
valores obtidos pela fórmula de Banchick são um pouco mais elevados no geral. Esta pequena
diferença traduz-se numa maior rigidez da laje e consequentemente maiores esforços. Contudo,
por se tratar de pequenas diferenças não são relevantes na análise do edifício e avaliação de
esforços na ligação laje-pilar.

45
A expressão apresentada por Banchick para ligações exteriores (4.2) não pode ser usada no
caso de estudo. O edifício em causa possui vigas de bordo e a expressão (4.2) é usada para
ligações exteriores sem viga de bordo. Além disso esta fórmula é aplicável apenas em pórticos
exteriores e não em ligações exteriores. De modo a ultrapassar esta dificuldade optou-se usar a
expressão (4.6) proposta por Luo e Durrani [18], que tem em conta com o facto de parte do
momento na ligação laje-pilar exterior ser transferido em flexão por parte da laje e outra parte é
indiretamente transferida em torsão por um elemento composto pela viga de bordo e parte da
laje (elemento torsional descrito em 2.2.1). A rigidez de torsão deste elemento é assim dada pela
fórmula (4.4) indicada no ACI 318 (2005):

9Ec C
Kt  
c (4.4)
l 2 (1  2 ) 3
l2

Onde Ec é o módulo de elasticidade do betão da laje; c2 e l2 correspondem à dimensão do pilar


e do vão perpendicular à direção do carregamento; C corresponde a constante de torsão:

 x  x3 y
C   1  0,63  (4.5)
 y 3

A constante C, no caso de secções em T, é obtida dividindo a secção em elementos retangulares


com dimensões x e y e somando os valores de C de cada elemento. A Figura 4.6 ilustra este
cálculo para a viga de bordo.

Figura 4.6 – Esquema de divisão dos elementos retangulares no membro torsional para o cálculo da
constante C.

Conhecendo a rigidez de flexão e de torsão, a largura efetiva da laje para ligações exteriores é
dada pela expressão (4.6).

Kt
 el2  l2 (4.6)
Kt  Ks

46
4Ec I
Onde Ks  é a rigidez de flexão da laje.
l1

De referir que na zona de ligação da laje com as paredes estas equações relativas à ligação laje-
pilar não são aplicáveis. De modo a resolver esta questão, o cálculo do fator de largura efetiva
das lajes ligadas a paredes, foi obtido usando pilares fictícios obtidos segundo as considerações
propostas por Shin e Kang [28] em 2009 apresentadas na secção (2.4) deste documento. Este
procedimento permite obter valores para a largura efetiva da laje que traduzem a baixa rigidez
característica das ligações laje-parede.

4.3.2 Fator de Redução de Rigidez

Uma das causas que afeta significativamente a rigidez da laje é a fendilhação. Para ter em conta
o efeito da fendilhação afeta-se a rigidez elástica das lajes com um fator de redução de rigidez
(β). Da investigação levada a cabo por Han e Park [12], concluiu-se que o principal fator que

influência a redução de rigidez da laje é o nível de momento atuante M a face ao momento de


fendilhação M cr , tendo os autores proposto as expressões (4.7) e (4.8) para quantificar a
redução de rigidez em função da relação M a / M cr , sendo M a o momento máximo aplicado na

laje. No presente estudo são usadas estas equações.

 M 0,5  M 0,5 
  0,4  0,32  a    a   (4.7)
 M cr   M cr  
(para ligações laje-coluna interiores)

 M 
0, 5
M 
0,5

  0,21  0,14  a    a   (4.8)
 M cr   M cr  
(para ligações laje-coluna exteriores)

É importante referir que, comparado com a metodologia apresentada por Luo e Durrani, a
utilização deste fator  apresenta uma maior vantagem no cálculo da viga com largura efetiva.

Luo e Durrani adotaram o momento de inercia efetivo de vigas ( I e ) (4.9), especificado no ACI

318 (2005) [4] para calcular a rigidez efetiva de lajes fungiformes sujeitas à ação sísmica.

47
M 
3
 M 
3

I e   cr  I g  1   cr   I cr (4.9)
 Ma    M a  

Em comparação com as fórmulas (4.7) e (4.8), a fórmula (4.9) exige a obtenção de mais dois

parâmetros ( I g - momento de inércia da secção  i l 2 ; I cr - momento de inercia da secção

 i l 2 fendilhada). Além disso, no cálculo do parâmetro I cr é necessário saber à partida a


quantidade de armadura na laje, aspeto que numa fase inicial de dimensionamento da laje não
é possível saber.

Em ambos os estudos, para a obtenção do fator de redução de rigidez (  ) e do momento de

inercia efetivo ( I e ) é necessário saber do momento máximo aplicado na laje ( M a ) para ação

combinada de cargas gravíticas em serviço e cargas devidas à ação sísmica.

A obtenção deste parâmetro reveste-se de alguma complexidade uma vez que o nível de
momento na laje devido à ação sísmica depende da rigidez da laje considerada. Como a rigidez
da laje é traduzida pela aplicação do fator (  ), a obtenção da viga com largura efetiva real

implica um processo iterativo. Numa fase inicial de modelação é impossível assim saber qual o
valor da viga com largura efetiva para qualquer ligação laje-pilar. Este processo iterativo é
impraticável de um ponto de vista prático, principalmente se se tiver um edifício com vários
pórticos de laje sujeitos a sismos em duas direções, como é o caso do edifício em estudo.

De modo a contornar esta dificuldade, considerou-se numa primeira iteração do cálculo da viga
com largura efetiva os momentos aplicados na laje devidos à combinação fundamental.
Seguidamente, por haver alguma discrepância entre os valores dos momentos da combinação
fundamental e da combinação sísmica (esforços 40% superiores na combinação sísmica),
otimizou-se a largura efetiva da viga com os momentos obtidos para sismo. Após algumas
iterações chegou-se aos valores finais do fator de redução de rigidez (β) para as diferentes
ligações do edifício.

A Figura 4.7 ilustra o aspeto da planta do edifício com as larguras finais dos pórticos da laje. Os
valores obtidos para os fatores de largura efetiva (α), os fatores de redução de rigidez (β) finais
e as larguras efetivas das vigas (β*α*l2) para as várias ligações laje-pilar do edifício estão
apresentadas nas Tabelas 4.2 e 4.3.

48
Figura 4.7 – Planta do edifício em estudo com as vigas de largura efetiva (β*α*l 2) calculadas segundo a
metodologia proposta por Han e Park (2009).

Tabela 4.2 - Fatores de largura efetiva de laje (α), fatores de redução de rigidez (β) e larguras efetivas das
vigas (β*α*l2) para as ligações interiores e exteriores segundo a direção de análise X.

DIRECÇÃO X

Pilares l2 (m) l1 (m) αi αe β β*α*l2 (m)


Pilar A4 (→) 5,00 5,00 0,736 0,243 0,90
Pilar A3 (→) 5,00 5,00 0,736 0,239 0,88
Pilar A2 (→) 4,55 5,00 0,760 0,229 0,79
Pilar B4 (←) 5,00 5,00 0,833 0,266 1,11
Pilar B4 (→) 5,00 5,00 0,833 0,266 1,11
Pilar B3 (←) 5,00 5,00 0,833 0,260 1,08
Pilar B3 (→) 5,00 5,00 0,833 0,260 1,08
Pilar B2 (←) 4,55 5,00 0,916 0,245 1,02
Pilar B2 (→) 4,55 5,00 0,916 0,245 1,02
Pilar C4 (←) 5,00 5,00 0,833 0,293 1,22
Pilar C4 (→) 5,00 5,00 0,833 0,293 1,22
Pilar C3 (←) 5,00 5,00 0,833 0,260 1,08
Pilar C3 (→) 5,00 5,00 0,833 0,260 1,08
Pilar C2 (←) 4,55 5,00 0,916 0,240 1,00
Pilar C2 (→) 4,55 5,00 0,916 0,240 1,00
Pilar D2 (←) 4,55 5,00 0,916 0,278 1,16
Pilar D2 (→) 4,55 3,40 0,824 0,278 1,04

Legenda: (←) e (→) são as orientações dos vãos l1 relativas ao pilar

49
Tabela 4.3 - Fatores de largura efetiva de laje (α), fatores de redução de rigidez (β) e larguras efetivas das
vigas (β*α*l2) para as ligações interiores e exteriores segundo a direção de análise Y.

DIRECÇÃO Y

Pilares l2 (m) l1 (m) αi αe β β*α*l2 (m)


Pilar B5 (↓) 5,00 5,00 0,736 0,230 0,85
Pilar B4 (↑) 5,00 5,00 0,833 0,254 1,06
Pilar B4 (↓) 5,00 5,00 0,833 0,254 1,06
Pilar B3 (↑) 5,00 5,00 0,833 0,261 1,09
Pilar B3 (↓) 5,00 5,00 0,833 0,261 1,09
Pilar B2 (↑) 5,00 5,00 0,833 0,271 1,13
Pilar B2 (↓) 5,00 4,10 0,786 0,271 1,07
Pilar B1 (↑) 5,00 4,10 0,736 0,239 0,88
Pilar C5 (↓) 5,00 5,00 0,736 0,231 0,85
Pilar C4 (↑) 5,00 5,00 0,833 0,254 1,06
Pilar C4 (↓) 5,00 5,00 0,833 0,254 1,06
Pilar C3 (↑) 5,00 5,00 0,833 0,261 1,09
Pilar C3 (↓) 5,00 5,00 0,833 0,261 1,09
Pilar C2 (↑) 5,00 5,00 0,833 0,271 1,13
Pilar C2 (↓) 5,00 4,10 0,786 0,271 1,07
Pilar C1 (↑) 5,00 4,10 0,736 0,239 0,88
Pilar D5 (↓) 4,20 3,00 0,934 0,188 0,74
Pilar D2 (↑) 4,20 5,00 0,992 0,234 0,97
Pilar D2 (↓) 4,20 4,10 0,936 0,234 0,92
Pilar D1 (↑) 4,20 3,40 0,951 0,215 0,86

Legenda: (↑) e (↓) são as orientações dos vãos l1 relativas ao pilar

As Figuras 4.8 e 4.9 apresentam um esquema ilustrativo da planta do edifício com os valores
das larguras efetivas das vigas apresentados nas tabelas anteriores.

50
Figura 4.8 – Valores da largura efetiva (β*α*l2) para os pórticos de laje na direção X.

51
Figura 4.9 – Valores da largura efetiva (β*α*l2) para os pórticos de laje na direção Y.

52
Conclui-se que para ligações interiores a largura efetiva (β*α*l2) obtida na metodologia 2
apresenta valores muito próximos dos obtidos para as mesmas ligações na metodologia1, onde
a laje é modelada considerando 40% da largura total do vão perpendicular à direção do
carregamento (l2) e a rigidez é reduzida em 50%.

Para vãos exteriores o valores da largura efetiva (β*α*l2) são mais baixos que os obtidos para a
largura dos pórticos de laje equivalentes na metodologia 1. Nas iterações realizadas para a
obtenção de (β) constatou-se que os momentos nas ligações laje-pilar exteriores para a
combinação sísmica de ações apresentam valores da ordem e grandeza de 50% dos valores
obtidos para as ligações interiores para a mesma combinação de ações. Contudo, a fórmula (β)
para ligações exteriores (4.8) dá no geral origem a valores mais baixos para (β), e por essa razão
a largura efetiva (β*α*l2) é mais baixa.

No caso das ligações laje-parede, as fórmulas usadas para o cálculo de (β) em ligações laje-pilar
não podem ser aplicadas. Contudo, de modo a encontrar uma ordem de grandeza para o valor
da largura efetiva da laje nestas ligações optou-se por aplicar a fórmula de (β) para ligações
exteriores. Os valores do momento na ligação laje-parede obtidos para combinação sísmica são
muito elevados dando origem a valores de (β) baixos. Esta ordem de grandeza dos momentos
nas ligações laje-parede foi também constatado na metodologia 1 para a largura de laje adotada.
A investigação realizada por Han e Park (2009) prova que o nível de momento na laje influencia
bastante a rigidez na laje. Além disso estudos realizados nesta área que demonstram que a
rigidez de lajes ligadas a paredes sob cargas laterais tende a ser bastante baixa (ver Schwaigofer
e Collins (1977) [27] e Qadeer and Smith (1969) [25]). Tendo em conta as considerações
apresentadas foi tomada uma largura efetiva de laje inferior à tomada para a metodologia 1 nas
ligações laje-parede da metodologia 2.

O procedimento de cálculo de (β) para as ligações laje-pilar, com as várias iterações realizadas
pode ser encontrado no Anexo C deste documento.

53
4.4 Metodologia 3

Esta secção sumariza a modelação e a rigidez efetiva usada nos vários elementos da estrutura
correspondente à terceira análise feita. A modelação das paredes, pilares, vigas e lajes foi feita
da mesma forma que na metodologia 2. As considerações de modelação da rigidez da laje são
as mesmas que as consideradas na metodologia anterior (usando o fator de redução β). A
diferença reside no facto de se considerar uma rigidez efetiva da estrutura primária (paredes,
pilares e vigas) correspondente ao início da cedência da armadura conforme indicado no
Eurocódigo 8. Isto é, a rigidez da estrutura primária é, nesta metodologia, determinada de uma
forma mais precisa que no caso anterior. Para o efeito é necessário calcular as armaduras da
estrutura primária.

Realizando uma análise modal por espectro de resposta ao modelo utilizado na metodologia 2,
considerando um coeficiente de comportamento igual a 2 (o edifício em estudo respeita todos os
critérios de regularidade em altura mas não apresenta regularidade em planta por ser
torsionalmente flexível), calcularam-se as armaduras para os elementos da estrutura primária do
edifício e as relações momento-curvatura a partir das quais se determinaram os valores para a
rigidez efetiva da estrutura primária. O cálculo das relações momento-curvatura foi obtido a partir
do programa Response 2000. A Figura 4.10 exemplifica a metodologia de cálculo para a rigidez
efetiva para vigas.

Figura 4.10 – Metodologia de cálculo da rigidez efetiva para vigas.

A Figura 4.11 exemplifica a metodologia de cálculo para elemento verticais com esforço normal
(paredes e pilares).

54
Figura 4.11 – Metodologia de cálculo da rigidez efetiva para pilares e paredes.

4.4.1 Pilares

Existem três tipos de pilares a ter em conta: centrais, de bordo e de canto. Para determinar a
armadura dos pilares foi considerado um esforço médio para a combinação de ações sísmica.
Contudo, em todos os tipos de pilar foi considerado a percentagem mínima de armadura
recomendada pelo Eurocódigo 8 (1%). Por existirem diferentes valores de esforço normal em
altura, o cálculo da rigidez efetiva dos pilares centrais foi feito para três pisos diferentes (piso 0,
piso 3 e piso 5) e para os pilares de bordo e de canto para dois pisos diferentes (piso 0 e piso 4).
As Figuras seguintes resumem as relações momento curvatura para os diferentes pilares da
estrutura.

Figura 4.12 – Cálculo da rigidez efetiva dos pilares centrais (piso 0).

55
Figura 4.13 – Cálculo da rigidez efetiva dos pilares centrais (piso 3).

Figura 4.14 – Cálculo da rigidez efetiva dos pilares centrais (piso 5).

56
Figura 4.15 – Cálculo da rigidez efetiva dos pilares de bordo (piso 0).

Figura 4.16 – Cálculo da rigidez efetiva dos pilares de bordo (piso 4).

57
Figura 4.17 – Cálculo da rigidez efetiva dos pilares de canto (piso 0).

Figura 4.18 – Cálculo da rigidez efetiva dos pilares de canto (piso 4).

A Tabela 4.4 resume os valores da relação EIeff/EI finais considerados nos pilares centrais, de
bordo e de canto da estrutura.

Tabela 4.4 - Relação EIeff/EI dos pilares centrais, de bordo e de canto da estrutura.

Elemento EIeff/EI

Pilar central 0,24

Pilar de bordo 0,23

Pilar de canto 0,20

58
4.4.2 Paredes

4.4.2.1 Paredes da zona de escadas.

Para o cálculo da armadura de flexão das paredes das escadas foi considerado um modelo
simples no qual se considera a existência de pilares fictícios sob a ação de forças de tração e
compressão provocadas pelos momentos fletores globais. O efeito do esforço axial global foi
também tido em conta uma vez que se trata de um problema de flexão composta. A Figura e as
tabelas seguintes resumem os cálculos relativos a esta parede para o calculo da armadura
longitudinal no pilar fictício.

Figura 4.19 – Parede da zona de escadas.

Tabela 4.5 - Dimensões da parede.

Dimensões

lw 3,00 m

bw 0,20 m

59
Tabela 4.6 - Condições para o comprimento do pilar fictício.

lc>min(0,15lw;a,5bw)

0.15lw 0,45m

1.5bw 0,30m

lc<max(2bw;0,2lw)

2bw 0,40m

0.2lw 0,60m

A dimensão adotada para o comprimento do pilar fictício foi simplificadamente considerada


lc=0,60 m. A armadura mínima da alma foi considerada simplificadamente ρ=0,002 e como
solução adotado φ8//0,20. A Figura 4.20 resume o cálculo da rigidez efetiva para a parede da
zona de escadas.

Figura 4.20 – Cálculo da rigidez efetiva da parede da zona de escadas.

A Tabela 4.7 resume o valors da relação EIeff/EI final considerado para a parede da zona de
escadas.

Tabela 4.7 - Relação EIeff/EI da parede da zona de escadas da estrutura.

Elemento EIeff/EI
Paredes da zona de
0,21
elevadores

60
4.4.2.2 Núcleo de Elevadores

Como se modelou o núcleo com três elementos tipo barra, por simplificação admitiu-se que o
momento fletor em cada direção era equilibrado pela parede do núcleo de maior inércia nessa
direção. Para o cálculo dos momentos fletores globais considerou-se ainda o efeito do esforço
axial sob a forma de binários de forças. O núcleo foi armado tendo em conta a existência de
pilares fictícios sob a ação de forças de tração provocadas pelos momentos fletores globais. O
efeito do esforço axial global foi também tido em conta pois trata-se mais uma vez de um
problema de flexão composta.

Figura 4.21 – Direções principais de momentos no núcleo.

i) Parede do núcleo de maior inércia na direção de momentos M33

Figura 4.22 – Parede de maior inércia na direção de momentos M33.

Tabela 4.8 - Dimensões da parede de maior dimensão do núcleo.

Dimensões
lw 3,40 m
bw 0,20 m

61
Tabela 4.9 - Condições para o comprimento do pilar fictício.

lc>min(0,15lw;a,5bw)

0.15lw 0,51m

1.5bw 0,30m

lc<max(2bw;0,2lw)

2bw 0,40m

0.2lw 0,70m

A dimensão adotada para o comprimento do pilar fictício foi simplificadamente considerada


lc=0,70 m. A armadura mínima da alma foi considerada simplificadamente ρ=0,002 e como
solução adotado φ8//0,20.

i) Paredes do núcleo de maior inércia na direção de momentos M22

A metodologia de cálculo que se usa para as armaduras de flexão é a mesma que a usada no
cálculo da parede anterior. A única diferença prende-se no facto de se tratarem de duas paredes
a trabalharem em conjunto para os momentos totais. A Figura 4.23 ilustra as paredes
consideradas.

Figura 4.23 - Paredes de maior inércia na direção de momentos M22.

Tabela 4.10 - Dimensões da parede de maior dimensão do núcleo.

Dimensões

lw 2,0m

bw 0,20m

62
Tabela 4.11 - Condições para o comprimento do pilar fictício.

lc>min(0,15lw;a,5bw)

0.15lw 0,30m

1.5bw 0,30m

lc<max(2bw;0,2lw)

2bw 0,40m

0.2lw 0,40m

A dimensão adotada para o comprimento do pilar fictício foi simplificadamente considerada


lc=0,40 m. As Figura 4.24 e 4.25 representam as secções equivalentes do núcleo de elevadores
para as duas direções de momentos.

Figura 4.24 – Secção equivalente do núcleo de elevadores para a direção de momentos M33.

63
Figura 4.25 – Secção equivalente do núcleo de elevadores para a direção de momentos M22.

A Figura 4.26 corresponde à curva momento-curvatura para os momentos M33 do núcleo.

Figura 4.26 - Curva momento-curvatura para os momentos M33 do núcleo.

As Figuras 4.27 e 4.28 ilustram o cálculo da rigidez efetiva do núcleo para momentos M22
negativos e positivos.

64
Figura 4.27 - Curva momento-curvatura para os momentos negativos M22 do núcleo.

Figura 4.28 - Curva momento-curvatura para os momentos positivos M22 do núcleo.

A Tabela 4.12 resume o valores da relação EIeff/EI final considerados para o núcleo.

Tabela 4.12 - Relação EIeff/EI do núcleo de elevadores da estrutura.

Elemento EIeff/EI
Núcleo 0,37

65
4.4.3 Viga de bordo

Na avaliação dos esforços das vigas de bordo, tal como nos pilares, considerou-se os esforços
de valor médio para o cálculo das armaduras. A Figura 4.29 representa a secção equivalente da
viga de bordo. As Figuras 4.30 e 4.31 sintetizam o cálculo da rigidez efetiva realizado e a Tabela
4.13 resume o valor da relação EIeff/EI final considerados para a viga de bordo da estrutura.

Figura 4.29 – Secção equivalente da viga de bordo.

Figura 4.30 – Cálculo da rigidez efetiva da viga de bordo (momentos negativos).

66
Figura 4.31 – Cálculo da rigidez efetiva da viga de bordo (momentos positivos).

Tabela 4.13 - Relação EIeff/EI do núcleo de elevadores da estrutura.

Elemento EIeff/EI

Viga de bordo 0,27

4.4.4 Síntese

A Tabela 4.14 resume a relação entre a rigidez efetiva EIeff e a rigidez elástica EI para os
elementos da estrutura primária do edifício:

Tabela 4.14 - Relação EIeff/EI dos elementos da estrutura primária do edifício.

Elemento EIeff/EI

Vigas de bordo 0,27

Pilar central 0,24

Pilar de bordo 0,23

Pilar de canto 0,20

Paredes escada 0,21

Núcleo 0,37

67
68
5 Resultados

5.1 Introdução

Apresentam-se neste capítulo os resultados obtidos relativos às três metodologias de análise.


Dado que o comportamento sísmico do sistema fungiforme é determinado, essencialmente,
pelos esforços de corte desenvolvidos na ligação laje-pilar, analisam-se seguidamente os
esforços de punçoamento atuantes para cada uma das metodologias apresentadas na secção
anterior. Efetua-se uma análise e comparação dos resultados de todas as metodologias
executadas.

5.2 Resistência

Os valores da tensão de punçoamento excêntrico atuantes para todas as ligações laje-pilar foram
obtidas de acordo com a expressão (2.2) apresentada no capítulo 2 presente no Eurocódigo 2
(EC2-1) [7].

V sd
v sd   (5.1)
u1 .d

Onde u1 corresponde ao perímetro de controlo admitido para os pilares quadrados centrais do

edifício em estudo, d representa a altura útil da laje. A Tabela 5.1 apresenta os valores de u1 e

d usados nos cálculos. β é dado pela expressão (5.2).

Tabela 5.1 – Valores para o perímetro de controlo u1 e altura útil d da laje.

u1 (m) d (m)
4,34 0,17

2 2
 ey   ez  (5.2)
  1  1,8    
 b 
 bz   y

69
Onde bz e by representam as dimensões do perímetro de controlo considerado e ey e e z

correspondem às excentricidades dadas por M sd / Vsd em cada eixo. Os valores M sd foram


obtidos em cada modelo usando uma análise modal por espectro de resposta com coeficiente
de comportamento igual a 1,5 dado que a ligação laje-pilar é dimensionada em fase elástica.
Estes valores são posteriormente majorados por um fator obtido pela relação entre
deslocamentos máximos no topo do edifício obtidos na estrutura sem a participação dos
elementos secundários e na estrutura global (δ1 e δ2 respetivamente). A Figura 5.1 ilustra os
deslocamentos descritos para um pórtico onde os elementos secundários são as vigas.

Figura 5.1 – Deslocamentos máximos no topo de um pórtico obtidos sem a participação dos elementos
secundários (δ1) e na estrutura global (δ2).

Este fator destina-se a corrigir os esforços nos elementos secundários obtidos no modelo global
de forma a ter em conta que o deslocamento para o qual esses elementos devem ser
dimensionados é o obtido no modelo da estrutura primária. Este cálculo é exemplificado pela
expressão (5.3).

, 1
M sd  M sd . (5.3)
2

A tensão resistente de punçoamento foi calculada de acordo conta expressão (5.4) presente no
Eurocódigo 2 (EC2-1) [7] para lajes sem esforço axial (pré-esforço).

v Rd ,c  C Rd ,c k (100  l f ck )1 / 3 (5.4)

70
Onde C Rd ,c  0,18 /  c (  c  1,5 ); k  1  200 / d , sendo d a altura útil da laje; f ck é a

tensão característica do betão à compressão (em MPa);  l   ly . lz , sendo ly e  lz as


taxas médias de armadura de flexão em cada direção.

5.3 Resultados

Os valores dos deslocamentos máximos no topo do edifício obtidos na estrutura sem a


participação dos elementos secundários e na estrutura global (δ1 e δ2 respetivamente) para as
diferentes metodologias estão apresentados na Tabela 5.2.

Tabela 5.2 - Deslocamentos máximos no topo do edifício obtidos sem a participação dos elementos
secundários (δ1) e na estrutura global (δ2) para as diferentes metodologias.

Sismo δ1 (m) δ2 (m)

X 0,112 0,092
Metodologia 1
Y 0,153 0,096
X 0,107 0,088
Metodologia 2
Y 0,146 0,096
X 0,135 0,105
Metodologia 3
Y 0,167 0,111

As Tabelas 5.3 e 5.4 sumarizam os valores obtidos da tensão de punçoamento resistente e


atuante nas ligações laje-pilar do efidicio, para os sismos em cada direção (X e Y), para as
diferentes metodologias. As Figuras 5.2 à 5.5 ilustram a informação contida nas Tabelas
referidas.

71
Tabela 5.3 - Tensão de punçoamento resistente e atuante para as diferentes Metodologias (direção X).

Resistência Metodologia 1 Metodologia 2 Metodologia 3

vrd,c (Mpa) vsd (Mpa) vsd (Mpa) vsd (Mpa)

Pilar B4 0,642 1,038 1,079 1,134

Pilar B3 0,642 1,058 1,090 1,153

Pilar B2 0,642 1,032 1,063 1,130

Pilar C4 0,642 0,969 0,981 1,056

Pilar C3 0,601 1,243 1,141 1,248

Pilar C2 0,601 1,044 1,110 1,203

Pilar D2 0,601 1,106 1,208 1,307

Figura 5.2 – Tensão de punçoamento atuante nas ligações laje-pilar do edifício para Metodologia 1
(direção X).

72
Figura 5.3 – Tensão de punçoamento atuante nas ligações laje-pilar do edifício para a Metodologia 2 (a
preto) e para a Metodologia 3 (a azul) (direção X).

73
Tabela 5.4 - Tensão de punçoamento resistente e atuante para as diferentes Metodologias (direção Y).

Resistência Metodologia 1 Metodologia 2 Metodologia 3

vrd,c (Mpa) vsd (Mpa) vsd (Mpa) vsd (Mpa)

Pilar B4 0,642 1,342 1,318 1,345

Pilar B3 0,642 1,395 1,410 1,460

Pilar B2 0,642 1,373 1,369 1,383

Pilar C4 0,642 1,319 1,295 1,332

Pilar C3 0,601 1,410 1,406 1,465

Pilar C2 0,601 1,365 1,362 1,387

Pilar D2 0,601 1,327 1,293 1,329

Figura 5.4 – Tensão de punçoamento atuante nas ligações laje-pilar do edifício para Metodologia 1
(direção Y).

74
Figura 5.5 – Tensão de punçoamento atuante nas ligações laje-pilar do edifício para a Metodologia 2 (a
preto) e para a Metodologia 3 (a azul) (direção Y).

75
Os resultados obtidos mostram que os esforços de punçoamento são significativamente afetados
pela rigidez considerada para modelar o sistema fungiforme e a estrutura primária.

Verifica-se que a modelação realizada com base nas metodologias simplificadas do Eurocódigo
8 e Eurocódigo 2 (metodologia 1) pode conduzir a resultados contra a segurança ao subestimar
significativamente os esforços de corte na ligação laje-pilar. Comparando com a metodologia 3,
onde a rigidez dos elementos foi considerada de forma mais precisa, verifica-se que os esforços
de corte atuantes obtidos na metodologia 1 são inferiores em cerca de 10% dos valores obtidos
na metodologia 3 na direção X e Y.

De referir que na obtenção do fator de rigidez (  ) foram usados os esforços da ligação mais

esforçada em cada pilar e não um valor médio. Caso se tivesse usado um valor médio os valores
de (  ) seriam maiores, dando origem a vigas com largura efetiva maiores, e consequentemente

maiores esforços. Este aspeto iria diminuir a ordem de grandeza dos esforços obtidos na
metodologia 1 em relação à metodologia 3.

Estes aspetos mostram a necessidade do dimensionamento do sistema fungiforme ser realizado


com prudência, tentando quanto possível aferir corretamente a rigidez quer das lajes fungiformes
quer dos elementos sísmicos primários.

Na metodologia 2 obtiveram-se valores da mesma ordem de grandeza que na metodologia 1 na


direção X e Y. Era de esperar, uma vez que, para ligações interiores a largura efetiva (β*α*l 2)
obtida na metodologia 2 apresenta valores muito próximos dos obtidos para a largura dos
pórticos equivalentes nas mesmas ligações da metodologia1.

De notar que no Pilar C3 na direção X e no Pilar D2 na direção Y existem no geral maiores


esforços de corte na metodologia 1. Na metodologia 1, o facto de se ter considerado maiores
larguras de laje nas zonas de ligação da laje com as paredes do núcleo faz com que a rigidez da
laje e consequentemente os esforços nesta ligação aumentem. Os pilares imediatamente ao lado
do núcleo (neste caso os pilares C3 e D2), que partilham a mesma viga de laje, irão estar sujeitos
também a maiores esforços de corte.

76
6 Solução Geral e Dimensionamento Local

6.1 Introdução

Como se pode verificar pelos resultados obtidos no capítulo anterior, não é satisfeita a verificação
da segurança ao punçoamento nas 3 metodologias. Existem diversas formas de diminuir as
exigências de resistência ao corte da ligação laje-pilar. Neste capítulo são apresentadas as
soluções escolhidas a nível global e local. Os resultados para as tensões de punçoamento após
este reforço são apresentados.

6.2 Reforço

Uma forma eficaz de reduzir as exigências de resistência ao corte da ligação laje-pilar consiste
baixar o valor dos deslocamentos laterais do edifício, diminuindo o momento fletor transmitido da
laje para o pilar, por via do aumento da rigidez da estrutura primária. Assim, com o objetivo de
reduzir os deslocamentos e esforços devido ao sismo nas ligações laje-pilar, optou-se por
acrescentar à estrutura 4 paredes com 5 metros de largura e 25 centímetros de espessura como
mostra a Figura 6:

Figura 6.1 –Planta do edifício com paredes de reforço (solução de reforço geral).

77
Contudo, ao acrescentar estes novos elementos, verifica-se que o problema da verificação ao
punçoamento continua a não ficar totalmente resolvido, sendo necessário adotar armadura
transversal de punçoamento. A área total de armadura transversal é dada pela expressão (6.1)
retirada do Eurocódigo 2 [7].

(v Rd ,cs  0,75v Rd ,c ) (6.1)


Asp  u1 .d
f ywd ,ef sen

Onde f ywd ,ef  250  0,25d (MPa), com d em mm; (α) é a inclinação dos estribos. No caso
de se adotarem armaduras de punçoamento é necessário verificar se a tensão de corte no
contorno do pilar é menor que tensão de punçoamento atuante máxima, calculada segundo a
expressão (6.2).

v sd  v Rd ,max  0,5. . f cd (6.2)

Onde  é um fator de redução da resistência do betão fendilhado, podendo ser calculado através

da expressão   0,61  f ck / 250 . O valor da tensão de punçoamento atuante máxima para


os pilares do edifício em estudo é v Rd ,max  5,28MPa .

78
6.3 Resultados

Após o reforço com paredes no contorno do edifico, os valores dos deslocamentos máximos no
topo obtidos na estrutura sem a participação dos elementos secundários e na estrutura global
(δ1 e δ2 respetivamente) para as diferentes metodologias estão apresentados na Tabela 6.1.

Tabela 6.1 - Deslocamentos máximos no topo do edifício obtidos sem a participação dos elementos
secundários (δ1) e na estrutura global (δ2) para as diferentes metodologias.

Sismo δ1 (m) δ2 (m)

X 0,086 0,075
Metodologia 1
Y 0,087 0,071

X 0,081 0,072
Metodologia 2
Y 0,084 0,071

X 0,102 0,087
Metodologia 3
Y 0,106 0,085

As Tabelas 6.2 e 6.3 sumarizam os valores obtidos do edifício, para os sismos em cada direção
(X e Y), para as diferentes metodologias. É apresentado também nestas tabelas a área total de
armadura de punçoamento necessária para que se verifique a segurança ao punçoamento. As
Figuras 6.2 à 6.5 ilustram a informação das tensões de punçoamento resistente e atuante nas
ligações laje-pilar contida nas Tabelas anteriores.

79
Tabela 6.2 - Tensão de punçoamento resistente e atuante e área total de armadura de punçoamento para
as diferentes Metodologias (direção X).

Resistência Metodologia 1 Metodologia 2 Metodologia 3

v rd,c (Mpa) v sd (Mpa) Asp (cm2) v sd (Mpa) Asp (cm2) v sd (Mpa) Asp (cm2)

Pilar B4 0,642 0,868 9,73 0,877 9,96 0,939 11,52

Pilar B3 0,642 0,877 9,96 0,877 9,97 0,958 12,01

Pilar B2 0,642 0,789 7,76 0,796 7,93 0,846 9,19

Pilar C4 0,642 0,822 8,59 0,809 8,25 0,882 10,09

Pilar C3 0,601 0,994 13,69 0,896 11,22 0,983 13,41

Pilar C2 0,601 0,812 9,10 0,838 9,77 0,904 11,42

Pilar D2 0,601 0,844 9,91 0,887 11,00 0,962 12,89

Figura 6.2 – Tensão de punçoamento atuante nas ligações laje-pilar do edifício para Metodologia 1
(direção X).

80
Figura 6.3 – Tensão de punçoamento atuante nas ligações laje-pilar do edifício para a Metodologia 2 (a
preto) e para a Metodologia 3 (a azul) (direção X).

81
Tabela 6.3 - Tensão de punçoamento resistente e atuante e área total de armadura de punçoamento para
as diferentes Metodologias (direção Y).

Resistência Metodologia 1 Metodologia 2 Metodologia 3

v rd,c (Mpa) v sd (Mpa) Asp (cm2) v sd (Mpa) Asp (cm2) v sd (Mpa) Asp (cm2)

Pilar B4 0,642 0,890 10,29 0,880 10,03 0,945 11,69

Pilar B3 0,642 0,893 10,37 0,906 10,70 0,998 13,03

Pilar B2 0,642 0,880 10,05 0,882 10,08 0,947 11,74

Pilar C4 0,642 0,860 9,53 0,854 9,39 0,922 11,09

Pilar C3 0,601 0,898 11,27 0,900 11,32 0,995 13,73

Pilar C2 0,601 0,863 10,39 0,871 10,58 0,937 12,26

Pilar D2 0,601 0,794 8,66 0,732 7,10 0,821 9,34

Figura 6.4 – Tensão de punçoamento atuante nas ligações laje-pilar do edifício para Metodologia 1
(direção Y).

82
Figura 6.5 – Tensão de punçoamento atuante nas ligações laje-pilar do edifício para a Metodologia 2 (a
preto) e para a Metodologia 3 (a azul) (direção Y).

83
Constata-se para a ligação laje-pilar mais esforçada (Pilar C3 na metodologia 3 para o sismo em
Y) não é ultrapassado o valor de cálculo máximo da tensão de punçoamento atuante no contorno
do pilar: v sd  1,81  v Rd ,max  5,28MPa

Os resultados obtidos mostram que a quantidade de armadura transversal de punçoamento


difere substancialmente nas diferentes metodologias consideradas, tal como verificado no
capitulo 5 para o esforço de corte atuante. A introdução de paredes no contorno é positiva para
a redução do esforço de corte atuante e, deste modo, da armadura transversal, conduzindo a
pormenorizações de armaduras mais adequadas. Caso contrário, podem ser necessárias
quantidades de armadura muito elevadas com as respetivas dificuldades de pormenorização.

Um aspeto que interessa ainda referir é relativo ao valor do coeficiente de comportamento


considerado e o seu efeito no dimensionamento da ligação pilar-laje. No dimensionamento da
estrutura do edifício com as paredes localizadas no contorno poder-se-ia tomar um coeficiente
de comportamento igual a 3. Este valor conduziria a uma redução das quantidades de armadura
nos elementos sísmicos primários e, consequentemente, a uma redução da sua rigidez efetiva.
Este aspeto traduzir-se-ia num agravamento das tensões de corte atuantes na ligação laje-pilar
pelo facto de os deslocamentos laterais na estrutura sob a ação sísmica aumentarem.

84
7 Conclusões

O comportamento dos sistemas fungiformes sob ações cíclicas não está ainda suficientemente
estudado e a regulamentação é, em geral, omissa quanto ao seu dimensionamento para a ação
sísmica.

Os requisitos de dimensionamento ao punçoamento de lajes fungiformes sujeitas a cargas


gravíticas e laterais em regiões de baixa sismicidade estão bem estabelecidos no Eurocódigo 2.
Contudo, para lajes fungiformes em regiões de elevada sismicidade é possível ocorrer a rotura
por punçoamento mesmo que a tensão de corte atuante no perímetro de controlo não exceda a
tensão de corte resistente relativa a ações monotónicas. Nestes casos é posta a hipótese da
degradação da resistência ao corte da laje no perímetro de controlo causada pelo carácter cíclico
da ação. Esta degradação da resistência ao corte nas lajes fungiformes não está contemplada
nos requisitos de dimensionamento presentes no Eurocódigo 2.

De modo a reduzir a complexidade e elevado custo associado ao uso de análises tridimensionais


não lineares, recorre-se muitas vezes a modelos de análise mais simples para analisar lajes
fungiformes sujeitas à ação sísmica. Na presente dissertação foram usados o modelo analítico
de viga com largura efetiva (effective beam width model - ASCE/SEI 41 [3], FEMA 274 [9]) e a
análise por pórticos equivalentes do Eurocódigo 2. A eficácia do uso destes modelos está
dependente da correta aferição da rigidez da laje, que tem em conta a fendilhação que ocorre na
laje devido a ações sísmicas e gravíticas.

No modelo de viga com largura efetiva usado nesta dissertação (Han e Park 2009 [12]), a aferição
da rigidez efetiva da laje, traduzida pelo fator de redução da rigidez da laje (  ), reveste-se de

alguma complexidade. A obtenção deste fator implica a realização de um processo, impraticável


de um ponto de vista prático. Numa fase inicial de modelação é impossível saber qual as
dimensões da viga com largura efetiva para qualquer ligação laje-pilar. É reforçada assim a
necessidade da existência de uma metodologia prática de aferição da rigidez de lajes fungiformes
sob a ação sísmica.

Existe ainda alguma falha no conhecimento sobre a ligação laje-parede. De um ponto de vista
prático, a modelação deste tipo de ligação também não é muito clara. Alguns estudos mostram
que a rigidez da laje nestas ligações é baixa. É necessário o desenvolvimento de mais estudos
nesta matéria.

Nos casos de estudo analisados, verifica-se que o nível de momento transmitido pela laje ao pilar
sob a ação dos sismos influencia significativamente o esforço de corte desenvolvido nessa
ligação. Este esforço é muito superior à resistência ao punçoamento que a laje do edifício possui,
mesmo após o aumento da rigidez do edifício com paredes sismo-resistentes no contorno do
edifício.

85
A análise dos resultados dos esforços de corte desenvolvidos na ligação laje-pilar para as 3
metodologias de análise do edifício mostram que estes são significativamente influenciados
pelas considerações de rigidez atribuídas à laje e à estrutura primária do edifício. Na avaliação
dos momentos atuantes na ligação laje-pilar é assim importante aferir adequadamente a rigidez
do sistema fungiforme para cargas laterais.

Na metodologia de análise do edifício nº 3, onde a rigidez dos elementos foi considerada de


forma mais precisa, verifica-se que os esforços de corte atuantes são cerca de 10% superiores
aos obtidos para a metodologia 1, onde a modelação foi realizada com base nas recomendações
simplificadas do Eurocódigo 8 e Eurocódigo2. Estes resultados mostram que a consideração
simplificada de uma rigidez efetiva da estrutura igual a 50% da rigidez elástica pode conduzir ao
dimensionamento contra a segurança da laje fungiforme.

Para um mesmo sistema estrutural, quanto maior for a exploração da ductilidade da estrutura
primária (maiores valores do coeficiente de comportamento adotado no dimensionamento)
maiores serão as exigências de resistência ao corte na ligação laje-pilar;

Os resultados obtidos no estudo recomendam prudência no dimensionamento das lajes


fungiformes, nomeadamente na verificação da segurança ao punçoamento. Recomenda-se que
seja realizada uma avaliação adequada da rigidez efetiva quer da estrutura primária quer do
sistema fungiforme na modelação estrutural.

86
8 Referências bibliográficas

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subjected to inelastic cyclic displacements” EERC Report No. UCB/EERC 92/04,
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Engineers, Reston, VA, 2007.
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[6] EN1990 – Bases para o dimensionamento de estruturas , IPQ/LNEC, 2009, s.r.

[7] Eurocódigo NP EN 1992-1-1:2010 – Projecto de Estruturas de Betão – Parte 1-1:Regras


Gerais e Regras para Edifícios, 2010.
[8] Eurocódigo NP EN 1998-1:2010 – Projecto de Estruturas para Resistência aos Sismos
– Parte 1: Regras Gerais, Acções Sísmicas e Regras para Edifícios, 2010
[9] FEMA, NEHRP Commentary on the guidelines for the Seismic Rehabilitation of
Buildings, Report No. FEMA 274, Federal Emergency Management Agency,
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[10] Folhas de apoio às aulas de estruturas de betão I e II, Marchão, C., Appleton, J., s.d.,
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slabs in slab-column frames.” ACI Struct. J. 94(2):181-196, 1997.
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87
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[17] Luo, Y. H. – “Modeling of a non ductil R/C flat plate buildings subjected to seismic
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[20] Moehle, J.P. – “Seismic design considerations for flat-plate construction” ACI SP-162:
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[26] Robertson, I. N., and Durrani, A. J. “Seismic response of connections in indeterminate
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[28] Shin2, M., Kang1, T.H. and Grossman2, J.S. – “Pratical Modelling of high-rise dual
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[30] Vanderbilt M. D., and Corley, W. G. – “Frame analysis for concrete buildings.” Concr Int.:
Des. Constr, p. 33–43, 1983

88
ANEXOS

89
ANEXO A

Espécimes testadas por Pan, A. P., e Moehle, J. P. em “Lateral displacement ductility of


reinforced concrete” (1989):

90
Efeito das cargas gravíticas na ductilidade das ligações laje-pilar usadas por Pan, A. P., e
Moehle, J. P.em “Lateral displacement ductility of reinforced concrete” (1989):

91
Configuração dos testes executados por Pan, A. P., e Moehle, J. P. em “An experimental study
of slab-column connections.” (1992)

92
Detalhes das 4 espécimes testadas por Pan, A. P., e Moehle, J. P. em “An experimental study of
slab-column connections.” (1992)

Disposição do reforço na laje das 4 espécimes testadas por Pan, A. P., e Moehle, J. P. em “An
experimental study of slab-column connections.” (1992)

93
ANEXO B

Detalhes das ligações laje-pilar interiores usadas no estudo realizado por Han e Park (2009):

Detalhes das ligações laje-pilar exteriores usadas no estudo realizado por Han e Park (2009):

94
ANEXO C

Iterações realizadas para o cálculo do fator de redução de rigidez usando as fórmulas de Han e
Park (2009):

 M 0,5  M 0,5 
  0,4  0,32  a    a  
 M cr   M cr  
(para ligações laje-coluna interiores)

 M 
0, 5
M 
0,5

  0,21  0,14  a    a  
 M cr   M cr  
(para ligações laje-coluna exteriores)

EIXOS USADOS NO CÁLCULO DOS PILARES

95
MOMENTO DE FENDILHAÇÃO

Mcr (Momento de Fendilhação DirecçãoX)


Mcr (Momento de Fendilhação DirecçãoX) [kNm] [kNm]

EIXOS A B C D EIXOS B C D

4 135,3 135,3 135,3 135,3 5 135,3 135,3 113,7

3 135,3 135,3 135,3 135,3 4 135,3 135,3 113,7

2 123,2 123,2 123,2 123,2 3 135,3 135,3 113,7

2 135,3 135,3 113,7

1 135,3 135,3 113,7

96
1º CÁLCULO

(Momentos Ma devidos à combinação fundamental)

Ma (Comb. Fundamental DirecçãoY)


Ma (Comb. Fundamental DirecçãoX) (kNm)
(kNm)

EIXOS A B C D EIXOS B C D

4 66,5 191,0 180,1 112,9 5 66,2 66,2 23,3

3 66,2 191,6 164,3 169,3 4 195,0 197,0 91,8

2 63,6 173,4 154,0 112,5 3 167,0 167,0 142,5

2 160,0 161,0 131,0

1 38,6 38,6 36,2

Factor de Redução de Rigidez β Factor de Redução de Rigidez β (


(DirecçãoX) (DirecçãoX)

EIXOS A B C D EIXOS B C D

4 0,312 0,289 0,308 0,235 5 0,312 0,312 0,456

3 0,312 0,288 0,338 0,179 4 0,282 0,279 0,240

2 0,304 0,290 0,328 0,429 3 0,333 0,333 0,178

2 0,346 0,344 0,355

1 0,397 0,397 0,379

Viga com Largura Efetiva β*α.l2 (m)


Viga com Largura Efetiva β*α.l2 (m) (DirecçãoX) (DirecçãoY)

D D
EIXOS
A B C (esq) (dir) EIXOS B C D

4 1,15 1,21 1,28 0,98 5 1,15 1,15 1,79

3 1,15 1,20 1,41 0,74 4 1,18 1,16 0,47

2 1,05 1,21 1,37 1,79 1,61 3 1,39 1,39 0,74

2 (esq) 1,44 1,43 1,48

2 (dir) 1,36 1,35 1,39

1 1,46 1,46 1,51

97
1ª ITERAÇÃO

(Momentos Ma devido à combinação sísmica)

Ma (Comb. Sísmica DirecçãoX) (kNm) Ma (Comb. Sísmica DirecçãoY) (kNm)

EIXOS A B C D EIXOS B C D

4 97,8 196,0 191,0 64,5 5 101,5 100,8 123,3

3 99,8 203,3 218,5 216,3 4 205,4 205,1 177,4

2 98,4 197,4 202,2 215,0 3 200,0 201,0 210,0

2 196,9 196,9 203,0

1 100,8 100,4 99,4

Factor de Redução de Rigidez β Factor de Redução de Rigidez β (


(DirecçãoX) (DirecçãoX)

EIXOS A B C D EIXOS B C D

4 0,256 0,281 0,289 0,235 5 0,250 0,251 0,199

3 0,253 0,269 0,245 0,144 4 0,266 0,266 0,147

2 0,242 0,248 0,240 0,219 3 0,274 0,273 0,123

2 0,279 0,279 0,212

1 0,251 0,252 0,229

Viga com Largura Efetiva β*α.l2 (m)


Viga com Largura Efetiva β*α.l2 (m) (DirecçãoX) (DirecçãoY)

D
EIXOS
A B C D (esq) (dir) EIXOS B C D

4 0,94 1,17 1,21 0,98 5 0,92 0,93 0,78

3 0,93 1,12 1,02 0,60 4 1,11 1,11 0,29

2 0,84 1,03 1,00 0,91 0,82 3 1,14 1,14 0,51

2 (esq) 1,16 1,16 0,88

2 (dir) 1,10 1,10 0,83

1 0,93 0,93 0,91

98
2ª ITERAÇÃO

(Momentos Ma devido à combinação sísmica)

Ma (Comb. Sísmica DirecçãoX) (kNm) Ma (Comb. Sísmica DirecçãoY) (kNm)

EIXOS A B C D EIXOS B C D

4 110,8 211,0 192,0 64,5 5 124,1 123,2 113,6

3 113,2 211,3 204,2 195,0 4 227,6 226,8 170,6

2 110,0 199,3 194,4 177,0 3 226,9 226,6 172,0

2 216,9 216,6 176,9

1 118,4 117,9 108,2

Factor de Redução de Rigidez β (


Factor de Redução de Rigidez β (DirecçãoX) (DirecçãoX)

EIXOS A B C D EIXOS B C D

4 0,238 0,257 0,288 0,235 5 0,222 0,223 0,210

3 0,235 0,256 0,267 0,159 4 0,232 0,233 0,153

2 0,226 0,244 0,253 0,283 3 0,233 0,233 0,152

2 0,248 0,248 0,257

1 0,229 0,229 0,217

Viga com Largura Efetiva β*α.l2 (m)


Viga com Largura Efetiva β*α.l2 (m) (DirecçãoX) (DirecçãoY)

D
EIXOS
A B C D (esq) (dir) EIXOS B C D

4 0,88 1,07 1,20 0,98 5 0,82 0,82 0,82

3 0,87 1,07 1,11 0,66 4 0,97 0,97 0,30

2 0,78 1,02 1,05 1,18 1,06 3 0,97 0,97 0,63

2 (esq) 1,03 1,03 1,07

2 (dir) 0,97 0,98 1,01

1 0,84 0,84 0,87

99
3ª ITERAÇÃO

(Momentos Ma devido à combinação sísmica)

Ma (Comb. Sísmica DirecçãoX) (kNm) Ma (Comb. Sísmica DirecçãoY) (kNm)

EIXOS A B C D EIXOS B C D

4 106,8 205,0 188,5 64,5 5 117,1 116,8 133,3

3 109,9 208,8 208,8 198,0 4 212,8 212,7 153,4

2 107,6 199,1 202,0 180,0 3 208,0 208,0 191,0

2 201,8 201,9 190,0

1 110,0 110,0 109,7

Factor de Redução de Rigidez β Factor de Redução de Rigidez β (


(DirecçãoX) (DirecçãoX)

EIXOS A B C D EIXOS B C D

4 0,243 0,266 0,293 0,235 5 0,230 0,231 0,188

3 0,239 0,260 0,260 0,156 4 0,254 0,254 0,168

2 0,229 0,245 0,240 0,278 3 0,261 0,261 0,137

2 0,271 0,271 0,234

1 0,239 0,239 0,215

Viga com Largura Efetiva β*α.l2 (m)


Viga com Largura Efetiva β*α.l2 (m) (DirecçãoX) (DirecçãoY)

D
EIXOS
A B C D (esq) (dir) EIXOS B C D

4 0,90 1,11 1,22 0,98 5 0,85 0,85 0,74

3 0,88 1,08 1,08 0,65 4 1,06 1,06 0,33

2 0,79 1,02 1,00 1,16 1,04 3 1,09 1,09 0,57

2 (esq) 1,13 1,13 0,97

2 (dir) 1,07 1,07 0,92

1 0,88 0,88 0,86

100

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