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Causas Que Podem Contribuir Para

Que o Louvor Não Flua Nos Cultos

Sempre que estou participando de seminários com dirigentes de cultos e com


equipes que dirigem o louvor congregacional, a questão que todos querem
saber é: O que bloqueia o fluir de Deus no culto da igreja?

Os pastores, regra geral, apontam sempre numa direção: pecado no meio do


grupo de louvor, alegam, como se não houvesse também pecado entre a
equipe pastoral e demais ministros da igreja! Dias atrás tive que me deter no
estudo do tema porque foi essa a acusação que os músicos ouviram do líder da
igreja: O louvor não flui porque existe pecado entre vocês! Esse tipo de
acusação deixa todo mundo desanimado e é um terreno fértil para a acusação
de satanás. Numa reunião em que fui convidado a ministrar para os músicos,
estudamos juntos as várias possibilidades de um culto não fluir como todos
gostaríamos.

1. Pecado. Todos concordamos que o pecado é realmente um obstáculo para


a manifestação de Deus, impedindo também que os músicos e dirigentes de
louvor sintam-se à vontade. Se um dos pastores da igreja, se alguns dos que
exercem liderança congregacional e se na equipe de louvor houver alguém
que vive sistematicamente na prática do pecado, pode-se pregar o mais
eloqüente sermão, ter a melhor e mais afinada equipe de música, que nada
acontecerá. Esses dias um pastor me procurou para que eu o ajudasse a
resolver um pecado sério que havia na equipe de louvor: três rapazes da
equipe estavam incorrendo em prática homossexual. É preferível ter um
violão tocando em três acordes do que músicos em pecado. Em geral os
demônios se sentem à vontade no meio de crentes pecadores e inflamam a
igreja com o mesmo pecado que a liderança está praticando. Um exemplo: se
começam a aparecer muitos casos de adultério, é bom examinar o que está
acontecendo com a liderança!

"Mas as vossas iniqüidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os


vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que não vos ouça" (Is 59.2).

"Afasta de mim o estrépito dos teus cânticos; porque não ouvirei as melodias
das tuas liras" (Am 5.23).

"Aos retos fica bem louvá-lo" (Sl 33.1).

"Cantem de júbilo e se alegrem os que têm prazer na minha retidão..." (Sl


35.27).
Como se vê, Deus olha mais para o coração do homem do que para seus
talentos! A retidão, vida íntegra e sinceridade de coração são mais
importantes para Deus que nossos melhores sacrifícios.

2. Falta de ligação entre os músicos. Mas não apenas o pecado pode ser
obstáculo ao fluir de Deus no culto. Um grupo de louvor pode viver consagrado
a Deus e no entanto não consegue fluir pela falta de entrosamento entre os
músicos. A Escritura não apresenta nenhum caso de falta de entrosamento,
mas mostra que, quando há um perfeito entrosamento entre eles, Deus se faz
presente na reunião. Em 2 Crônicas 5.11-14 os músicos e cantores estavam em
perfeita sintonia musical e espiritual. Temos então dois tipos de
entrosamento: O natural, onde todos tocam e cantam em perfeita harmonia e
o espiritual, quando todos estão afinados com a música do céu! Em Neemias
vemos Matanias, dirigindo os louvores em perfeita sintonia com seus irmãos
(Ne 11.17; 12.8). Ambos são importantes: afinados entre si e com o Espírito
Santo!

3. Falta de entrosamento entre músicos e o líder. Encontramos nos dias de


David a Quenanias, chefe dos levitas músicos. Ele "tinha o encargo de dirigir o
canto, porque era entendido nisso" (1 Cr 15.22). Todos os demais seguiam a
orientação dele na grande celebração que se fez quando David levou a arca da
aliança de volta para Jerusalém. Nos dias de Neemias, Jezraías era o maestro
que dirigia os músicos e cantores do templo (Ne 12.42). Não adianta ter bons
músicos e um péssimo dirigente ou vice-versa. Deve haver uma perfeita
coordenação entre eles. O líder comanda e a um sinal seu os músicos sabem
em que direção devem seguir.

4. Falta de entrosamento entre líder e congregação. Se a congregação não


está acostumada ao líder e vice-versa, se não houver um perfeito
entrosamento entre eles, o louvor também não flui. O povo conhece o seu
dirigente de louvor. Sabe quando ele está num bom espírito, se está bem ou
não. O dirigente também conhece a congregação e pode detectar quando esta
está cansada fisicamente, afadigada espiritualmente, etc. O dirigente levanta
a mão, faz um gesto, usa o tom de voz, e o povo, que o conhece, segue suas
orientações! Qualquer gesto seu é correspondido pelo povo que já se
acostumou com ele!

Esdras afirma que "os levitas ensinavam o povo na lei... dando explicações, de
maneira que todos entendessem o que se lia" (Ne 8.7,8; 9.3-5). O dirigente
ensina a congregação e esta passa a fluir com ele em tudo o que ele disser e
fizer!

"Gloriar-se-á no Senhor a minha alma; os humildes ouvirão e se alegrarão.


Engrandecei o Senhor comigo e todos à uma lhe exaltemos o nome" (Sl
34.2,3).

Juntos eles glorificam a Deus! "Vestirei de salvação os seus sacerdotes, e de


júbilo exultarão os seus fieis" (Sl 132.16).

5. Estafa, fadiga e canseira dos elementos do grupo. Aqui é bom discutir


primeiramente a canseira física. Davi foi bastante sábio quando estabeleceu
que cada grupo de louvor ficaria apenas uma hora no templo cantando e
adorando a Deus (Veja 1 Crônicas 25). Mais de uma hora e começa a canseira.
Imagine os músicos que às vezes tocam em vários cultos no mesmo dia!

Existe também um tipo de situação que deixa os músicos abatidos. Eles se


esforçam em fazer o melhor para Deus, mas a liderança pastoral não contribui
adquirindo o equipamento que eles precisam. Existem pastores que não sabem
investir numa boa aparelhagem de som, em retornos para a plataforma, numa
boa bateria acoplada à mesa de som, teclados, instrumentos, etc. E essas
coisas deixam os músicos desanimados! Nos dias de Neemias os levitas
encarregados do serviço do templo, sentiram-se desanimados e foram cada
um para sua cidade (Ne 13.10). Foram abandonados pela liderança!

Sinto pena de alguns grupos de dirigentes de louvores que fazem o melhor que
podem, mas não são correspondidos pela liderança da igreja. É triste quando
se tem que fazer "muletas" ou festinhas e almoços para se angariar fundo para
equipar a igreja de bons instrumentos e de um bom sistema de som. Isso
jamais deveria ocorrer. A igreja deve contribuir e o tesoureiro abrir o cofre!
Não é sem razão que muitos de nossos músicos "fogem" para os campos como
aconteceu com os levitas no tempo de Neemias. O desânimo e a canseira são
obstáculos ao mover de Deus nas reuniões da Igreja!

6. Estafa, fadiga e canseira da congregação. E a análise tem que ser feita no


âmbito físico e espiritual. No âmbito físico, o povo pode andar
emocionalmente abalado por problemas na congregação e no âmago espiritual
o povo pode estar desgastado espiritualmente. O que desgasta
espiritualmente uma congregação? Tempo muito prolongado no louvor;
pregações muito grandes. Exigências demasiadas para que ofertem e
contribuam além de suas posses. Falta de variedade nos temas bíblicos
pregados, etc.

Uma congregação que não tem expectativa do que vai ocorrer no culto e que
já sabe na ponta da língua o que vem a seguir passa a viver dentro de uma
rotina; e rotina cansa, tortura, mata e massacra espiritualmente a igreja.
Quando o povo não tem mais expectativa de que algo novo pode ocorrer,
alguma coisa está errada com a liderança pastoral. A ausência de milagres, de
manifestações do Espírito Santo, de uma palavra viva, de conversões, de
libertação deixa a igreja fadigada espiritualmente. Conseqüentemente o
louvor não flui. Pode-se ter a melhor e mais treinada equipe de música, os
melhores equipamentos, que nada ocorrerá! Lindos corais, muita coreografia
e poucos resultados espirituais!

"Algo novo vai acontecer; algo bom Deus tem pra nós; reunidos aqui, só pra
louvar ao Senhor", diz o cântico traduzido do inglês.
Deus é a fonte da motivação. Nos dias de Neemias o povo ofereceu grandes
sacrifícios "e se alegraram; pois Deus os alegrara com grande alegria; também
as mulheres e os meninos se alegraram, de modo que o júbilo de Jerusalém se
ouviu até de longe" (Ne 12.43; 8.9-12).

Donald Stoll escreveu o cântico, "Lançarei fora o espírito pesado; me vestirei


com as vestes do louvor; e assim eu entrarei na presença do Senhor".

7. A congregação vive alienada com tudo o que está ocorrendo. É possível


que a equipe de louvor esteja consagrada a Deus, jejuando, orando,
estudando, ensaiando e chegue nos cultos com todo gás, mas a congregação
não corresponde, porque não jejua, não ora, não estuda nem se consagra a
Deus! São os alienígenas dominicais!

Davi, os sacerdotes e os levitas bem como grande parte do povo estavam


participando de um grande avivamento espiritual. Desde os dias de Samuel
não se experimentava um tipo de avivamento como o daqueles dias. Música,
danças, celebrações, o reino se firmando, mas Mical estava alienada de tudo!
Enquanto Davi dançava com todas as suas forças, enquanto os sacerdotes
tocavam as trombetas e sacrificavam e o povo jubilava, Mical desprezou tudo
aquilo em seu coração. Ela desprezou a Davi (2 Sm 6.14-23).

Mical representa algumas igrejas que ficam estéreis por toda vida por
desprezarem o que Deus está fazendo em seu meio. Uma igreja estéril não
frutifica, ano após ano continua igual. Engorda e envelhece sem gerar filhos!
(Ver ainda 1 Crônicas 15.28,29).

8. Cânticos difíceis de serem entoados pela congregação. Cânticos com


letras confusas, sem fluência poética, sem métrica; músicas cuja linha
melódica é difícil de ser acompanhada, sem definição, etc.

Nossos líderes de louvores precisam entender que nem todos os cânticos são
congregacionais. Alguns cânticos são escritos para solistas, outros para coros,
e outros, sim, para serem cantados por toda a congregação. O que percebo é
que muitos dos cânticos trazidos para a congregação não servem para serem
cantados por todos, e sim por solistas. Nem tudo o que aparece no mercado
musical deve ser usado pela igreja. Isto pode ser evitado, escolhendo-se
cânticos próprios para o povo cantar Um bom líder saberá definir o que o povo
deve cantar.

Outra coisa boa de fazer é escolher cânticos de vários autores, e não apenas
de um só compositor, pois estes têm a tendência de viciar-se na mesma linha
melódica. Ouvir um CD com músicas de um mesmo autor, às vezes, é
enfadonho.

"Então cantou Israel este cântico: Brota, ó poço! Entoai-lhe cântico!" (Nm
21.17). Se todo Israel cantou, por certo era de fácil compreensão e
melodicamente aceito.
"Então entoou Moisés, e os filhos de Israel, este cântico ao Senhor, e
disseram: Cantarei ao Senhor,, porque triunfou gloriosamente" (Ex 15.1).
Novamente um cântico acessível a todos.

9. Hinos difíceis de serem tocados pelos músicos da igreja. Convenhamos:


nem toda igreja tem músicos profissionais. A maioria de nossos conjuntos é
feita de gente que se esforça, que quer aprender, que se esmera no que faz,
mas não é formada em música. Conseqüentemente, determinadas músicas
podem se tornar difíceis de serem executadas. Agregue-se a isso o fato de que
muitos dos hinos modernos traduzidos do inglês ou gerados em solo
estrangeiro são "incantáveis" pela média de nosso povo e "intocáveis" por
nossos músicos! A começar pelas péssimas traduções ou versões em que,
procurando ser fiéis à letra do idioma original os tradutores colocam diante de
nós letras confusas, sem poesia e sem beleza alguma!

Muitas vezes visitando pequenas e grandes congregações pelo Brasil, percebo


a dificuldade dos músicos e dos irmãos que querem cantar músicas do Alvin,
do Ron Kenoly, Don Moen, Hillsong, Michael W. Smith, etc. São músicas que os
americanos cantam muito bem em seus shows musicais, mas difíceis de serem
tocadas por nossos músicos e cantadas pela igreja!

"Entoai-lhe novo cântico, tangei com arte e com júbilo" (Sl 33.3).

10. Falta de sensibilidade dos músicos e dos dirigentes ao Espírito Santo.


Não se podem escolher cânticos só porque gostamos daquele estilo, ou de sua
melodia e letra. Precisamos estar atentos ao que o Espírito Santo quer para o
culto da igreja. Muitas vezes um cântico começa a fluir deixando a igreja livre
na presença de Deus, mas na lista do dirigente tem um outro que vem a seguir
e, ele na ânsia de aproveitar o tempo e cantar todos aqueles hinos, tira a
igreja do trilho certo. Um culto pode fluir em Deus com poucos ou com muitos
cânticos. O bom culto não precisa que o dirigente fique dando manivela. Ele
começa bem e termina melhor ainda!

Davi ouvia a Deus: "Uma vez falou Deus, duas vezes ouvi isto: Que o poder
pertence a Deus" (Sl 62.11). A abundância de cânticos, salmos e palavra era
tanta que Paulo pergunta: "Que fazer, pois, irmãos....?" (1 Co 14.26). Como
Paulo que queria ir para um lugar e o próprio Espírito o impedia, pode ocorrer
também com os dirigentes de louvor: eles querem seguir numa direção, mas o
Espírito Santo tem outra bem melhor (At 16.6-10).

11. Falta de resposta da congregação ao líder. Não estou de forma alguma


repetindo o item 4. Naquele caso é a falta de entrosamento entre o dirigente
e a congregação. Nesse caso, o dirigente é excelente, mas a congregação não
responde à altura o que o dirigente pretende. O dirigente está afinado,
sensível a Deus, mas a congregação não corresponde ao que ele quer. Você
deveria ver o que diz o Salmo 98. Ou o Salmo 103.19-22 onde o autor propõe
aos anjos, aos ministros, às obras de Deus que levantem a voz em louvor, o
Todo-Poderoso!

Geralmente isto ocorre quando o avivamento na igreja não atinge a todos.


Costumo dizer que houve um avivamento departamental. O pessoal do louvor
anda a mil, mas a congregação reage a passos de lesma! Os jovens estão
"pegando fogo" enquanto os demais se sentam em balcões frigoríficos.

12. Falta de motivação da Igreja. Deus deve ser o grande Motivador da


Igreja. Como diz Davi: "Tu és motivo para os meus louvores constantemente"
(Sl 71.6). Ou como ele afirmou noutro lugar: "Os teus decretos são motivo dos
meus cânticos, na casa da minha peregrinação (Sl 119.54). David instituiu a
ordem levítica de adoração, baseado unicamente em Deus e nos seus gloriosos
feitos (1 Cr 16.7-12).

A motivação da igreja é Deus e não a música bonita, os bons músicos, os


ótimos instrumentos e um ambiente propício de adoração. Vitrais coloridos e
paramentos servem de inspiração para a carne, mas o verdadeiro louvor flui
quando Deus é a fonte de todas as coisas! Deus é o grande inspirador e
motivador. E o louvor pode fluir muito bem num antigo depósito transformado
em lugar de culto sem muitos instrumentos musicais. Melhor ainda quando
uma congregação tem tudo o que falei e tem também a Deus como inspirador
de seus louvores.

13. Alienação total dos dirigentes, músicos e pastores. Com freqüência


observo que os pastores costumam ficar totalmente alienados com o que está
ocorrendo no culto. Se os pastores estiverem alienados, nada ocorrerá com a
igreja. Às vezes quando prego em algumas igrejas observo que os pastores
ficam durante o tempo de louvor atendendo o celular, falando com algum
obreiro, resolvendo questões da igreja completamente à parte do que está
ocorrendo no culto. Um pastor chegou a dizer-me assim: "Pode chegar lá pelas
oito e meia, na hora de pregar, porque a primeira parte é dos jovens. Eles
dirigem os louvores". Fiz questão de chegar bem cedo para ter um tempo de
oração com aqueles valorosos guerreiros determinados a levar a igreja a
mover-se em Deus. Pena que logo a seguir, o "bombeiro", como eles dizem,
chega e apaga o fogo!

Estude esses temas com os músicos de sua igreja e ampliem-no com situações
concretas da sua própria congregação. Um participante de nosso seminário
chegou a contabilizar "20 obstáculos porque o louvor não flui...".

João A. de Souza Filho

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