Você está na página 1de 22

A Tropicália

e a produção cultural brasileira


na década de 60
Os EUA:
A Guerra do Vietnã e a indústria cultural

A Contracultura:
Psicodelia, movimento hippie, amor livre e rock´n´roll
O contexto brasileiro
Início da década de 60

Projeto Nacional Popular para o Brasil, “o país do


futuro”: A herança desenvolvimentista e a esperança
da revolução cultural brasileira

O engajamento político de artistas e intelectuais:


A “fé no povo” e o alcance revolucionário da cultura

A educação, a arte e o povo:

-O Movimento de Cultura Popular em Pernambuco


-Paulo Freire e a “Pedagogia do Oprimido” Presidente João Goulart no comício da
- Teatro de Arena: arte coletiva, popular e cotidiana Central do Brasil, em 13 de março de 1964

A capital Brasília, símbolo do projeto de


desenvolvimento para o país

Atores do Teatro de Arena em passeata


promocional do espetáculo “O filho do cão”
O Centro Popular de Cultura (CPC) da UNE:
A temática do “povo” na cultura e a estética em função
do conteúdo.
Algumas produções:

- A mais valia vai acabar, seu Edgard


- Brasil Versão Brasileira
- Eles não usam black tie
- O Auto dos cassetetes
- Cinco Vezes Favela
- O povo canta
- Noite da Música Popular Brasileira
- Cadernos do Povo Brasileiro Integrantes do CPC da UNE, encenando uma peça de teatro
na sede do sindicato dos metalúrgicos do RJ (1964)

Vianinha divulgando o espetáculo Eles não Coletânea “O povo canta” (1964)


usam Black-tie (1961)
Cartaz do filme Cinco Vezes
Favela
O contexto brasileiro
Pós-64
O golpe militar de 64: um “balde de água fria” na vanguarda

Crise na esquerda

O movimento estudantil na luta contra a ditadura

Produção artística “entre pares”


Artistas de mãos dadas em passeata "Contra
a censura pela Cultura". Da esquerda para a
1968 – Ato Institucional nº5: o “segundo golpe” direita: Tônia Carrero, Eva Wilma, Odete Lara,
Norma Benghe e Cacilda Becker

A televisão e a integração nacional

A “Censura seletiva” e o investimento estatal na indústria cultural

Estudantes protestam conta a


ditadura militar

Capa do disco do show “Opinião”, com


Cid Moreira apresentando o Jornal Nacional Zé Keti, Nara Leão e João do Vale
A MPB
A herança bossanovista x conteúdo politizado
A função social da música e a participação política do artista
Identidade coletiva contra a ditadura
A Era dos Festivais
A Jovem Guarda

Geraldo Vandré no Festival da Canção

Roberto Carlos, Wanderléa e Erasmo Carlos:


a Jovem Guarda considerada “alienada”

Elis Regina interpretando


“Arrastão”, de Edu Lobo e Vinícius
de Moraes

Chico Buarque e Tom Jobim


A Tropicália
Momento x movimento

Questionamento da arte

Relação com o público

Revolução pelo comportamento

Manifesto Antropófago: contradições da identidade nacional

Cotidianização da política e politização do cotidiano

Manifesto Antropófago de Oswald


de Andrade (1922)

Obra de Hélio Oiticica em homenagem


Os tropicalistas Tom Zé, Gal Costa, Gilberto Gil, ao bandido Cara de Cavalo
Arnaldo Baptista, Sergio Dias e Rita Lee
Nas artes plásticas

1967: Exposição “Nova Objetividade Brasileira” no MAM (Helio Oiticica)

Superação do quadro

Tomada de posição do artista

Vontade construtivista geral

Produções coletivas

Participação do espectador
Os restos do herói, de Antônio Dias
Bichos, de Lygia Clark
Roda, de Lygia Pape
Parangolé, de Hélio Oiticica

Coleção da grife Rhodia


A obra Tropicália, de Hélio Oiticica, que inspirou o nome da música de Caetano Veloso
“O monumento é de papel crepom e prata
Os olhos verdes da mulata
A cabeleira esconde atrás da verde mata o luar do sertão
O monumento não tem porta, entrada é uma rua antiga estreita e torta”
Principais referências: Pop Art
(Estados Unidos)

Movimento Concretista
(São Paulo)

Marilyn Monroe e Sopas Campbell, de Andy Warhol

Movimento Neoconcretista
(Rio de Janeiro)

Cartaz da primeira Bienal,


do concretista Antonio Maluf

Obra do neoconcretista Amílcar de Castro


Beba coca cola, de Décio Pignatari Cartaz do manifesto Neoconcreto
Na música

1968: Lançamento do álbum Tropicália ou Panis et Circenses (Caetano Veloso, Gilberto Gil,
Tom Zé, Capinam e Torquato Neto, Gal Costa, Nara Leão, Os Mutantes, Rogério Duprat)

Festa de lançamento do disco n o Avenida Danças, em São


Paulo. Na foto: Gal Costa, Nara Leão, Rogério Duprat,
Capa do disco-manifesto “Tropicália ou Panis et Circenses”, Caetano Veloso, Gilberto Gil, e os Mutantes
lançado em 1968
Deboche do projeto desenvolvimentista
“Retocai o céu de anil, bandeirolas no cordão, grande festa em toda a nação
Despertai com orações o avanço industrial vem trazer nossa redenção”
(Parque Industrial - Tom Zé)

“É proibido proibir”: Tropicália criticada pela direita e esquerda


“Mas é isso que é a juventude que diz que quer tomar o poder? (...)Vocês não estão entendendo nada,
nada, nada, absolutamente nada. (...) se vocês, em política, forem como são em estética, estamos feitos!
(Discurso de Caetano Veloso ao ser vaiado durante o Festival da Canção em 1968)

Diálogo com o “iêiêiê” da Jovem Guarda

“Você precisa tomar um sorvete na lanchonete,


andar com a gente, me ver de perto,
ouvir, aquela canção do Roberto
Baby, baby ...”
(Baby – Caetano Veloso)
Temática do cotidiano
“É a mesma dança na sala, no Canecão, na TV,
e quem não dança não fala, assiste a tudo e se cala,
não vê no meio da sala, as relíquias do Brasil”
(Geléia Geral – Gilberto Gil)
Experimentação estética

Bat Macumba ê ê, Bat Macumba obá


Bat Macumba ê ê, Bat Macumba oh
Bat Macumba ê ê, Bat Macumba
Bat Macumba ê ê, Bat Macum
Bat Macumba ê ê, Batman
Bat Macumba ê ê, Bat
Bat Macumba ê ê, Ba
Bat Macumba êê
Bat Macumba ê
Bat Macumba
Bat Macum
Batman
Bat
Ba
Bat
Bat Ma
Bat Macum
Bat Macumba
Bat Macumba ê
Bat Macumba êê
Bat Macumba ê ê, Ba
Bat Macumba ê ê, Bat
Bat Macumba ê ê, Batman
Bat Macumba ê ê, Bat Macum
Bat Macumba ê ê, Bat Macumba
Bat Macumba ê ê, Bat Macumba oh
Bat Macumba ê ê, Bat Macumba oba

Letra de Bat Macumba, de Gilberto Gil


Roupas coloridas, cabelos desgrenhados

Ocupação dos meios de comunicação de massa


Gil, Gal e Caetano em Londres, durante o exílio

Programa “Divino Maravilhoso” apresentado pelos


tropicalistas na TV Tupi
Principais referências:

Movimento feminista

Jimi Hendrix e a guitarra elétrica

Capa do disco Sargent Pepper´s Lonely


Hearts Club Band do quarteto inglês The
Beatles, na qual foi inspirada a capa do disco
tropicalistas “Panis et circenses”

Carmem Miranda,
a “rainha do rádio” João Gilberto, o “pai da Bossa Nova” Woodstock, movimento hippie e amor livre
Teatro
Zé Celso Martinez Correa e o Grupo Oficina

agressão e o corpo

marginalidade e indústria cultural

experimentalismo e processo criativo

transgressão da fronteira ator-público

“era uma violência revolucionária, a


violência que é legítima porque se
opõe contra a violência do dia-a-dia.
(...)[era uma peça] que fazia toda uma
revolução, que negava o pensamento
acadêmico, o pensamento idealista
em relação ao teatro”

Zé Celso Martinez Correa


O Rei da Vela, 1967

Roda Viva, 1968


No cinema
“uma idéia na cabeça e uma câmera na mão”

Recusa do modelo de produção hollywoodiano e


opção por um cinema descolonizado

Duplo engajamento: arte com conteúdo político e


revolução através da estética

Cartaz do filme Macunaíma,


de Joaquim Pedro de
Andrade, baseado no livro
homônimo de Mario de
Andrade

Cartaz do filme Terra em Transe, de Glauber


Rocha, marco do cinema novo. A arte é do
artista plástico Rogério Duarte.

O experimentalismo formal das vanguardas


e o cinema autoral

Influência do neo realismo italiano, do cine


verité e da nouvelle vague francesa
Estéticas convergentes

Novos Baianos

Cinema marginal “Não se assuste pessoa se eu lhe


“Quem não pode nada disser que a vida é boa (...)
tem mais é que se Dê um rolê e você vai ouvir (...)
esculhambar” Eu sou o amor da cabeça aos pés”

Capa do disco “Acabou Chorare” (1972)

Movimento Manguebeat

“Pernambuco debaixo dos pés


e minha mente na imensidão”
Cartaz do filme “O Bandido da Luz
Vermelha”,
de Rogério Sganzerla (1968) Capa do disco “CSNZ” (1997)
Em 60 Hoje
Conflito ideológico polarizado entre Referências híbridas: não predominância
“capitalismo” e “socialismo” de um único modelo cultural hegemônico

Forte mobilização política e social Desencantamento com as instituições


representativas (movimento estudantil,
Estado, sindicalismos)

“Inimigo” definido em lutas específicas Iniciativas da população civil articulada em


regionais e difícil articulação entre as redes com um objetivo comum
iniciativas locais (ex: países da América supranacional (ex: luta contra o
Latina na luta contra a ditadura) aquecimento global)

Busca por uma identidade nacional através Produção individual de subjetividades


da cultura como garantia de preservação da
identidade coletiva, frente a multiplicidade
cultural

Falta de liberdade de expressão em função Meios de comunicação de massa


da censura exercida pelo regime monopolizados em função da “livre
concorrência” neoliberal

Busca de uma função social da arte e do Uso de NTCI em função da democratização


posicionamento político do artista da comunicação e do direito à significação

Atropofagia (assimilação das referências Hibridismo (coexistência de diversas


externas) referências)
CARVALHO, Aline. “Produção de Cultura no Brasil:
Da Tropicália aos Pontos de Cultura”.
Rio de Janeiro: Ed. Multifoco, 2009.

http://www.editoramultifoco.com.br/literatura-loja-
detalhe.php?idLivro=&idProduto=164

Você também pode gostar