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John Ankerberg e John Weldon Chamada da Meia-Noite Caixa Postal 1688 90001-970 - PORTO ALEGRE/RS - Brasil 3241-5050 « Fax: (51) 3249-7385 "one: (51) Mateus 25.6 www.chamada.com.br Traduzido do originol em inglés: “The Facts Self-Esteem, Psychology, and The Recovery Movement” Copyright © 1995 by The Ankerberg Theological Research Institute publicado por Harves! House Publishers Eugene, Oregon 97402 - EUA Tradugao: Eros Pasquini Jr Revisdo: Ingo Haake Ingrid H. L. Beitze Capa e Layout: Reinhold Federolf Todos os direitos reservados para os paises de lingua portuguesa © 1995 Obra Missionaria Chamada da Meia-Noite R. Erechim, 978 - B. Nanoai 90830-000 ~ PORTO ALEGRE ~ RS/Brasil Fone: (51) 3241-5050 — FAX: (51) 3249-7385 www.chamada.com.br - mail@chamado.com.br Composto e impresso em oficinas préprias “Mas, & meia-noite, ouviu-se um grito: Eis o noivo! sai ao seu encontro” (Mt 25.6). A “Obra Missionaria Chamada da Mela-Noite” @ uma missdo sem fins lucrativos, que cré em toda a Biblia como infalivel e eterna Palavra de Deus (2 Pe 1.21}. Sua tarefa é olcangar todo o mundo com a mensa- gem de salvagao em Jesus Cristo e aprofundor os cristdos no conheci- mento da Palavra de Deus, preparando-os para 0 volta do Senhor. CATALOGACAO NA FONTE DO DEPARTAMENTO NACIONAL DO LIVRO |A611f Ankerberg, John, 1945- Os fatos sobre auto-estima : psicologia e 0 movimento de recuperacdo / John Ankerberg e John Weldon ; [{tradugéo: Eros Pasquini Jr.]. - 2. ed. - Porto Alegre : Obra Missionaria Chamada da Meia-Noite, 1999. 78p. ; 15,5 x 19,50m. - (Os fatos sobre) ISBN 85~7408-044-6 Tradugdo de: The facts on self-esteem, psychology, and the recovery movement. 1. Amor-préprio - Aspectos religiosos - Cristianismo - Psicologia - Literatura polémica. I. Weldon, John. II. Titulo. Il. Série. CDD-261.515 Indice A QuestGo Critica Primeira Parte QuGo Digna de Confianga é a Psicologia Modema? 1. A psicologia moderna esté em crise ? ...... cee 10 2. As pressuposigées da psicologia moderna so relevantes a abordagem integralizadora? .............04 13 3. A psicoterapia se baseia na ciéncia ou no subjetivismo?......... 4. A psicologia moderna 6 anticrista? ... A psicoterapia é necessdria? E eficaz? 6. Existem perigos na psicoterapia? ..... a Sequnda Parte Psicologia e Ocultismo 7. Como é que o ocultismo influenciou a psicologia MODENA? ......eeseseeseetesneeseseeeessessentesnesestesseseeneseeseesenes 40 Terceira Parte A Psicologia e o Cristianismo Realmente Podem Ser Conciliados? 8. O integracionismo cristao é uma disciplina de valor ou apenas de sucesso’......... Quarta Parte A Preocupacgdo Com o “eu” na Igreja Evangélica 9. O que sao co-dependéncia e recuperacao? .............. 55 10. Os programas de auto-estima funcionam? A auto-estima 6 um principio biblico? ...........eeeee 61 Colhendo as Consequéncias .......... 69 NOUS oo eeeeseesessesseesecesseeseseseeneseessenensesteneenereeseenseneenenennenees 70 SODre OS AULOLES 0... esecsescesseseseesteseestesesteneeseeseetesaneenenens 78 Agradecemos ao Pr. Acdcio Nascimento, Jr. pela verificacao final do texto e pelas valiosas sugest6es apresentadas. A Questdao Critica Este livro aborda um assunto que atinge a todos nos, di- reta ou indiretamente. O assunto é importante exata- mente pelo que estuda — pessoas feitas 4 imagem de Deus. A psicologia nos estuda como pessoas, exercen- do, portanto, grande influéncia sobre nds, quer para o bem, quer para o mal, dependendo de suas pressuposi- gGes, métodos e conclusGes. A psicologia moderna atin- ge a todos nds profundamente, pois tem transformado, de forma intensa, tanto o mundo em que vivemos, quan- to a nossa cosmovisao. Martin L. Gross, proeminente educador e jornalista, sa- lienta no livro The Psychological Society (A Sociedade Psicolégica) que a psicologia “alterou drasticamente a natureza de nossa civilizagdo porque gerou uma revira- volta interior maciga na psique e na autocompreensdo do. homem.”' Alids, como parte das amplas revolugdes antiteistas da ciéncia (Darwin) e da politica (Marx), Freud e a psicologia moderna conseguiram desviar nos- sa consciéncia coletiva do Deus da Biblia para o deus do eu. “Jamais na histéria houve um sistema filoséfico geral tao focalizado no eu. Nunca veneramos tanto a au- to-indulgéncia... o engodo é irresistivel. Para 0 egocén- trico homem moderno, a perspectiva de entronizar 0 eu no lugar de Deus, no centro de um sistema filoséfico mundial, é intensamente atraente. Em 1957, apenas cerca de 10 milhdes de pessoas ha- viam buscado alguma espécie de aconselhamento psico- logico durante a vida toda. J& em 1983, estimou-se que pelo menos 20 milhdes es- tavam sendo ou haviam sido aconselhados, e que mais de 6 milhGes de pessoas recorriam anualmente ao acon- selhamento, num custo total estimado em mais de 17 bi- Ihdes de délares.’ Até o final de 1995, projeta-se que 500.000 psicoterapeutas e seus profissionais auxiliares ter&o tratado, talvez, 40 milhdes de pessoas a um custo estimado de 30 bilhdes de délares.* Nido hd quem nado perceba que a busca da psicotera- pia tenha crescido rapidamente. Nem hd quem possa negar a relevancia do contundente titulo do livro We’ve Had a Hundred Years of Psychotherapy and the World's Getting Worse (Ja Tivemos Cem Anos de Psi- coterapia e o Mundo Esté Piorando) [1992]. Mais in- crivel ainda € pensar que, em 99 porcento da histé- ria humana, as pessoas viveram vidas produtivas e sa- tisfatorias sem a_ disponibilidade da _psicologia moderna. Este livro oferece uma argumentacao diretamente con- trdria 4 psicologia moderna. E isto nfo se dé por sermos contra o aconselhamento em si; muitos em nossa socie- dade contempor&nea precisam de aconselhamento de al- to nivel. Nem somos contra a psicologia em si. O estu- do da psique humana, ou da mente e personalidade é uma iniciativa de valor. O que nos preocupa é a premissa da psicologia secular, € 0 dano que a mesma tem infligido sobre nossa cultura, e que hoje ainda passa largamente despercebido. Ja que a psicologia é inerentemente uma religido de fé secular, ela € particularmente vulnerdvel aos preconceitos natu- rais que as pessoas tém contra Deus (Romanos 1.18; 1 Corintios 1.23; 2.14). 8 O apego a psicologia moderna que tem ocorrido dentro da Igreja nas tiltimas duas décadas nos deixa boquiaber- tos. Nossa esperanga é que igrejas, semindrios, editores cristéos e faculdades com orientagdo biblica atentem mais de perto a (1) psicologia moderna, (2) ao integra- cionismo cristao, e (3) as Escrituras. A psicologia pare- ce ser mais convincente precisamente onde merece ser esmiucada mais detalhadamente. “A psicologia é per- suasiva precisamente nas questes onde a igreja evangé- lica € fraca, e tem sido fraca hA mais de dois séculos. Como resultado, segmentos do evangelicalismo que po- deriam detectar e rejeitar desvios na justificagao pela fé, na doutrina de Cristo, no milenismo ou na questaéo da autoridade das Escrituras hoje tém abragado praticas conceitos da psicologia de forma inadvertida.”* Nota importante: Este livro nao tem a intengao de descartar a ajuda mé- dica ou profissional quando necessaria, por exemplo, em casos de proble- mas mentais com base fisiolégica ou neurolégica. E importante ressaltar que o problema basico com a psicologia e a psicoterapia sao as pressupo- si¢ées frequentemente anticristés — ou a falta de constatagao da eficacia das psicoterapias. O fato nao é que psicdlogos cristéos ou mesmo secula- tes nao possam oferecer ajuda genuina as pessoas. Principios séos — de bom senso —, assim como o aconselhamento biblico, podem ajudar, como de fato 0 fazem, as pessoas que passam por problemas. Além disso, na tratamentos de modificagao comportamental de sucesso comprovado para varias condigGes diferentes, como é o caso das crises de ansiedade. Tais tratamentos nao se utilizam de teorias psicolégicas an- ticristés, mas se trata apenas de formas de mudanga comporiamental. Além desses, medicagées do tipo PROZAC e triciclicos (inibidores seroté- nicos, tais como ZOLOFT) sao bons para a depressao, embora, como a maioria dos medicamentos, possam ter efeitos colaterais leves a modera- dos. Medicamentos contendo anfetaminas, utilizados para casos de hipe- ratividade extrema, especialmente em criangas, tem se mostrado benéfi- cos. Tratamentos médicos para estados depressivos, crises de ansiedade, e desordens bipolares chegam a ter 90% de taxa de controle e entre 40- 50% de percentual de cura. As pessoas portadoras de distUrbios (ou os familiares que delas cuidam) deveriam tirar proveito da ajuda profissional disponivel; deveriam, entre- tanto, se tornar consumidores informados, investindo tempo para averiguar tratamentos, medicagées, etc., além de conversar de antemao com tera- peutas ou psiquiatras, de forma a compreenderem completamente o méto- do de tratamento e quaisquer implicagces inerentes. Primeira Parte Qudo Digna de Confianca é a Psicologia Moderna? 1. A psicologia modema esta em crise? Nos tltimos cem anos, uma industria psicoterdpica mul- tibiliondria se entreteceu no “tecido” da sociedade [nor- te-americana] em praticamente todos os niveis — indtis- tria, ciéncia, medicina, escolas, igreja, negécios e na vi- da em familia. Se esse envolvimento acabasse sendo apenas irrelevan- te, jd seria tragico. Pior ainda, se fosse explicitamente daninho. Mas é exatamente isso que muitas autoridades cristas e mesmo seculares dentro da drea da psicologia estao dizendo. Tomemos como exemplo o psiquiatra Garth Wood, for- mado em psicologia filoséfica pela Universidade de Cambridge e em medicina pelo Royal Free Hospital, de Londres. No livro The Myth of Neurosis (O Mito da Neurose), ele salienta que, além de inexistir concordan- cia clara quanto 4 definig&o de psicoterapia, “o que se 10 tornou um grande negécio é de fato uma fraude. A evi- déncia nao sustenta as reivindicacdes da psicandlise e da psicoterapia. Tal evidéncia sera examinada. Mas, in- teressante é que a evidéncia, 4 disposigao j4 ha varios anos, tem feito pequena ou nenhuma diferenga 4 pratica da ‘cura falante’. Talvez porque ela nao seja bem difun- dida, mas eu, por algum motivo, nado penso assim. HA forgas mais profundas e poderosas em operagiio. A psi- coterapia subsiste a despeito da falta de respeitabilidade cientifica porque as pessoas que a consomem gostam de fazé-lo. Isso é bem diferente de afirmar que elas dela precisam.”* No livro The Myth of Psychotherapy: Mental Healing As Religion, Rhetoric, and Repression (O Mito da Psi- coterapia: Cura Mental Como Religido, Retérica e Re- pressdo), 0 conceituado psiquiatra Thomas Szasz argu- menta que “[nem] todas as assim chamadas psicotera- pias sao coercivas, fraudulentas, ou de outra sorte mas... [ainda assim] o que desejo salientar é que muitas, talvez até a maioria, das assim chamadas prdaticas psicoterdpi- cas sejam daninhas para os chamados pacientes... e que todas essas intervengGes e propostas deveriam, por isso, 7 ser tidas como maléficas até que se prove o contrario’ No livro Psychology As Religion (Psicologia Como Re- ligiGo), o professor de psicologia da Universidade de Nova Iorque Paul Vitz argumenta convincentemente que “{o] uso do dinheiro de impostos para sustentar aquilo que se tornou uma ideologia secular [destrutiva] levanta graves quest6es politicas e legais.”* William Kirk Kilpatrick ostenta titulos das universida- des de Harvard e Purdue, e é Professor Associado de Psicologia Educacional da Faculdade de Boston. Em is] Psychological Seduction: The Failure of Modern Psychology (Seducdo Psicolégica: O Fracasso da Psi- cologia Moderna), ele escreve: “O fato de psicdlogos estarem tentando ajudar as pessoas freqiientemente nos inibe de perguntar se eles sabem fazé-lo... boa parcela de pesquisa sugere que a psicologia é ineficaz. E existe até evidéncia apontando para a conclusdo de que a psi- cologia é, de fato, maléfica.” No livro Psychotherapy: The Hazardous Cure (Psicote- rapia: A Cura Perigosa), a psicdloga consultora Do- rothy Tennov, que freqiientemente cita os proprios tera- peutas, argumenta que a psicoterapia pode vir a ser “emocionalmente exaustiva, cara, demorada, potencial- mente viciadora, e de alta periculosidade... a profissio nao oferece ao consumidor qualquer seguranga de pro- tegdo.”" Em The Psychological Society: The Impact — and the Failure — of Psychiatry, Psychotherapy, Psychoanaly- sis and the Psychological Revolution (A Sociedade Psi- colégica: O Impacto — e o Fracasso ~ da Psiquiatria, Psicoterapia, Psicandlise e a Revolugdo Psicoldgica), Martin L. Gross diz que, a despeito da paixdo do pu- blico pela psicoterapia, “um argumento sério, e por ve- zes amargo, irrompe dentro da prépria profissao. Es- pecificamente, a questdo € se a psicoterapia é uma ciéncia ou uma superstigdo enobrecida como discipli- na." Comentarios como esse poderiam ser multiplicados enormemente por pessoas que sao reconhecidamente autoridades no campo da psicologia em si. Uma andlise de aproximadamente 500 laudos psicoterdpicos con- cluiu que “nado estamos cientes de sequer uma demons- 12 trago convincente de que os beneficios da psicoterapia excedem aqueles de placebos para pacientes reais.” Como é que tudo isso é possivel? Sera que a psicotera- pia é tudo que reivindica ser — uma solugao moderna e eficaz para os problemas humanos — ou sera que € outra coisa? Se a psicologia jamais funcionou, para comeco de con- versa, alguém adquiriu uma tremenda carta branca para agir a seu bel-prazer. Na verdade, as conseqiiéncias des- ta questo nao sao nada menos que enormes tanto para o mundo secular como para 0 cristao."* 2. As pressuposi¢ées da psicologia moderna sao relevantes G abordagem integracionista? Se pudermos compreender algo da cosmoviséo mais ampla na qual a maior parte da psicologia é praticada, isso haverd de nos ajudar a entender a dificuldade de se conciliar a psicologia moderna e o cristianismo. Preci- samos lembrar que as pressuposi¢des em que se baseia a psicologia estarao sempre influenciando seus métodos e terapias e, portanto, seu conselho também. Um exemplo disso € Fritz Perls, fundador da terapia gestdltica, que pressupds que o falar acerca de Deus era sintoma de neurose. Assim sendo, quando seus pacien- tes cristé0s mencionavam a Deus, ele respondia com freqiiéncia: “Eu me sinto separado de vocé por seu Deus.”"* Para Perls, esse falar sobre Deus era irrelevan- te, apenas um sintoma de um problema a ser curado. 13 Essa pressuposi¢ao clamorosamente falsa influenciou drasticamente sua terapia e os conselhos que seus pa- cientes cristéos receberam. As pressuposi¢6es que constituem a estrutura basica so- bre a qual a maior parte da psicologia é praticada in- cluem o seguinte: (1) naturalismo, (2) materialismo, (3) reducionismo, (4) determinismo, (5) evolucao, (6) empirismo, (7) relativismo, (8) humanismo, e (9), de forma crescente, 0 ocultismo. Até mesmo um aluno de faculdade mediano pode reco- nhecer tais pressuposigdes como anticristas. O natura- lismo pressupGe que 0 Universo possa ser explicado in- teiramente através do processo natural. O psicélogo na- turalista, portanto, rejeita a idéia de um Deus Criador. Uma crenga associada, 0 materialismo, diz que a maté- ria é a realidade ultima do Universo e que tudo que existe € composto de matéria/energia. Isso implica dizer que 0 psicdlogo materialista cré que © que vemos 6 0 que obtemos, e que Deus é completa- mente irrelevante, pois, por definigdéo, nao pode haver dimensio espiritual para a realidade. Nessa visao do ho- mem, ele ndo possui natureza espiritual, e a personali- dade fica reduzida a uma fungao cerebral. Outra crenga relacionada, 0 reducionismo, pressupde que o ser pessoa, assim como todo comportamento hu- mano, pode ser explicado reduzindo-o aos processos psicolégicos, biolédgicos e quimicos que acompanham a atividade humana. Esse psicélogo também nao enxerga a dimensio espiritual e nem mesmo necessariamente a dimens&o moral da realidade. 14 Determinismo € a pressuposigao conseqiiente do redu- cionismo e do materialismo; ele ensina que toda a psi- cologia humana e todo comportamento sao causados in- teiramente pelo processo natural. Isso redunda no psicé- logo determinista que rejeita a liberdade, a dignidade e a responsabilidade humanas, porque as pessoas nao de- cidem suas agdes pessoalmente; seu comportamento é predestinado por outras causas. A pressuposi¢ao da evolugdo procura suprir uma expli- cagdo original para a existéncia, a complexidade e a na- tureza da personalidade humana. Ela também se baseia numa cosmovisdo materialista: j4 que todas as coisas evoluiram de forma naturalista, a partir de formas mais simples, Deus se torna irrelevante e as Escrituras, fal- sas, por ensinarem coisas como uma criacdo sobrenatu- ral ou moralidade absoluta. (De acordo com a revista Time — de 15 de agosto de 1994 — o campo da psicolo- gia evolucionista acaba de concluir que os homens es- tio fadados a serem predadores sexuais e adiilteros por- que as forgas evolucionistas se preocupam somente com “um auto-interesse genético implacdvel” — impelindo homens a semear suas sementes bem além e a despeito de seus votos maritais.) O empirismo pressup6e que a pessoa sé pode conhecer algo através dos sentidos e/ou através do método cienti- fico. Assim sendo, o psicdlogo empirista cré que qual- quer coisa cuja existéncia nado possa ser provada através de dados sensoriais simplesmente inexiste. E 6bvio que isso inclui coisas como Deus, a mente, anjos, demdnios, eo espirito humano. O relativismo pressupGe que tudo € relativo e nada é ab- soluto. Isso significa que nao existem parametros abso- 15 lutos de certo ou errado, ou de bem ou mal. Debaixo desse ponto de vista, cada psicdlogo esta livre para es- colher seus proprios pontos de vista morais pessoais — psicoterapias também — nao importa quao especulati- vos, bizarros ou mesmo daninhos. Quando aplicado a psicologia moderna e ao aconselhamento, o relativismo abre uma porta para o sério abuso de pacientes por psi- coterapeutas de orientagao pragmatica e experimental.’ O humanismo secular é, em graus varidveis, um corolario Idgico de todas as posturas acima, e pressupde que o ho- mem é a coisa mais importante do Universo. Ja que Deus nao existe, o homem é um Deus para si mesmo — que faz o que bem entende. O psicdlogo humanista pode, por esse motivo, promover a exaltagéo do eu, justificando, com sangao absoluta, todos os interesses identificados. O ocultismo, corolario légico do humanismo,'‘ é consti- tuido de certas crengas e praticas que minam a cosmo- visdo crista de muitas maneiras. Enquanto admite a di- mensao espiritual da realidade, a espiritualidade exalta- da é a do diabo, nao a de Deus, de forma que toda dimensio espiritual é pervertida para ser exatamente 0 oposto que Deus tencionou. O psicdlogo ocultista pode acabar se tornando uma espécie de prognosticador, uti- lizando-se de conhecimento e poder oculto como escla- recimento psicoldgico ao incauto leigo que, a principio, s6 veio em busca de solugao para os problemas do dia- a-dia. A ironia é que as praticas do ocultismo s4o ine- rentemente perigosas tanto psicolégica quanto espiri- tualmente, e oferecé-las como terapia é nada menos que uma forma de charlatanismo.”” Em suma, as pressuposigGes acima nos fornecem uma moldura basica através da qual podemos contemplar o 16 amplo escopo do campo da psicologia moderna, e tam- bém explicam o porqué dessa disciplina ser tio anticris- ta quanto tem se mostrado. Por outro lado, o cristéo integracionista procura conci- liar a psicologia com as Escrituras no aconselhamento. O problema é que isso nao somente impée a tarefa de separar © trigo do joio — entre mais de 300 tipos de tera- pias e mais de 10.000 técnicas psicoldgicas, mas impoe também o dilema de determinar prioridades e riscos. Sera que a tarefa integracionista pode ser levada a cabo sendo honesta com as necessidades da Igreja, a luz da eficdcia psicol6gica comprovada? Quando essa integra- lizag4o estiver finalmente completa, o que haveremos de ter e a que prego? Esse produto estaré provado como superior ao aconselhamento biblico competente? Apos havermos pesquisado a psicologia moderna, 0 in- tegracionismo crist4o e o aconselhamento biblico, cre- mos que a resposta seja nitidamente negativa. 3. A psicoterapia se baseia na ciéncia ou no subjetivismo? Se a psicologia fosse uma ciéncia verdadeiramente coe- rente, seria de se esperar que haverfamos de encontrar nela um montante considerdvel de concordancia entre suas ramificagdes, como acontece na biologia ou na quimica. Em lugar disso, encontramos centenas de psi- coterapias e milhares de técnicas terapéuticas, todas di- ferentes ou conflitantes, e ainda assim todas reivindi- cando realizarem a mesma faganha: curar as pessoas de seus problemas. F. H. Garrison escreveu corretamente em sua Introduction to the History of Medicine (Intro- 17 dugdGo & Histéria da Medicina): “sempre que muitos re- médios diferentes forem usados para uma doenga, isso geralmente significa que pouco sabemos sobre como tratar aquela doenga”."* Um bidlogo nao pode simplesmente escolher 0 que ele gostaria de crer. Ha fatos da biologia, da fisiologia e da quimica que nao podemos evitar. Mas a psicologia é ou- tra quest4o. Alias, se vocé conseguir convencer um ni- mero suficiente de pessoas, quase qualquer coisa podera se tornar uma “terapia”, nado importa qudo bizarra. A maioria dos psicoterapeutas concorda que “é possivel converter quase qualquer atividade em terapia.””” Enquanto certos aspectos da psicologia como disciplina possam ser cientificos e fazer uso do método cientifico, a maior parte dos psicoterapeutas baseia sua escolha de terapia numa preferéncia subjetiva em lugar de em fatos cientificos que levem a eficdécia em conta. Para ilustrar isso, Raymond J. Corsini € 0 editor do autorizado Handbook of Innovative Psychotherapies (Manual de Psicoterapias Inovadoras). No prefacio, ele alista cerca de 250 sistemas diferentes — e freqiientemente contradi- térios — de psicoterapias, desde a “Actualizing Therapy” (Terapia Atualizadora) a “‘Plissit”, até a “Z-Procces At- tachment Therapy” (Terapia de Afeto do Processo-Z).” Ele ainda observa que essa lista € apenas parcial, mas que inclui “as absurdas e perigosas”. Ele também ex- pressa preocupagao acerca de sua incapacidade de defi- nir psicoterapia, 0 que nao pode ser surpresa num cam- po que inclui 0 tipo de diversidade e confus%o encontra- dos no livro. A psicoterapia é tao vasta e conflitante que € praticamente impossivel defini-la. Corsini destaca que seu método pessoal de terapia foi, no fim das contas, determinado por preferéncia pessoal, e que isso se mos- 18 trou verdadeiro para os que desenvolveram a maioria dos sistemas avaliados.” Serd que a psicologia e a psicoterapia sao ciéncias coe- rentes? Para responder a essa importante questo, a As- sociagéo Psicolégica Americana designou Sigmund Koch para dirigir um estudo a ser patrocinado pela Fun- dagdao Nacional da Ciéncia. Aquele estudo foi efetuado por oitenta peritos eminentes que avaliaram os fatos, as teorias e os métodos de psico- logia. Os resultados dessa extensa iniciativa foram publi- cados numa série de sete volumes intitulada Psychology: A Study of a Science (Psicologia: Um Estudo de uma Ciéncia). Apés examinar os resultados, Koch conclui: “Eu penso que a esta altura esta total e finalmente claro que a psicologia nao pode ser uma ciéncia coerente.”"' Uma grande maioria de teorias psicoterapicas jamais foi e jamais ser4 empiricamente testada e verificada, e por isso “a psicologia dificilmente lida com verdades ou fa- tos estabelecidos, mas com opinides e interpretacdes subjetivas de observagées no controladas.”” Nao foi a toa que o préprio Koch observou: “Através da histéria da psicologia como ‘ciéncia’, 0 conhecimento propria- mente dito que ela tem trazido tem sido uniformemente negativo.”* Em suma, a psicologia nfo pode ser uma ciéncia coerente porque nio lida com o ambito das coi- sas observaveis, testaveis e previsiveis, mas sim com o Ambito do complexo comportamento humano e suas motivagdes, sendo que suas percepgées e avaliagdes sao subjetivas. Obviamente, se a psicologia nao puder ser legitimamen- te considerada uma ciéncia propriamente dita, muito 19 menos 0 podem as milhares de psicoterapias que nela se apdiam. Afinal de contas, quanto é que os psicdlogos realmente sabem acerca do comportamento humano? De acordo com muitos criticos, podemos ficar surpre- sos: A idéia de que os psicoterapeutas sabem muito acerca do comportamento humano também é um mito. Para ser completamente honesto, eles sabem muito pouco e pro- varam menos ainda. Robert Rosenthal afirma: “Para to- dos estes séculos de esforgos, nado existe evidéncia con- clusiva que nos convenga de que entendemos muito bem © comportamento humano.” Explicagdes acerca do com- portamento humano incluem teorias quase que totalmen- te inverificaveis, baseadas na introspecgao, interpretagao e imaginacao... [Por exemplo,] teorias da personalidade e seus pares psicoterapicos nao se encaixam, pois fre- quentemente conflitam entre si tanto em principio como em aplicagao, além de na terminologia... Aprender teorias acerca do comportamento humano e personalidade é completamente diferente de conhecer os fatos. Durante muito tempo acreditamos que essas teorias fossem fa- tos... Tome qualquer texto acerca de comportamento, per- sonalidade ou psicoterapia e examine-o para constatar que vasta quantidade 6 teoria subjetiva e quao pouco constitui fato objetivo. Ai remova todas as paginas que contém as teorias e observe quanto resta. Na maioria dos casos nao sobraria quase nada.* 4. A psicologia modema é anticrista? Estamos convencidos de que a maioria dos cristéos nio compreende completamente a verdadeira natureza da 20 psicologia secular. A psicologia moderna é claramente anticrista. Ela rejeita a Deus, ignora 0 pecado, “deifica” o homem, e freqiientemente pune o cristianismo, Cristo e a Biblia como irrelevantes ou perigosos. A maioria dos mais respeitados e influentes pioneiros da psicolo- gia norte-americana descobriu ser essa a forma ideal de desacreditar “cientificamente” sua heranga crist@.* Sem divida, “evidéncia empirica e anedética sugere que a psicologia ainda atrai e encoraja mais pessoas in- diferentes ou hostis a religiaio do que qualquer outra ciéncia fisica ou social.”** Alids, 0 que o psiquiatra Thomas Szasz diz acerca da psiquiatria médica também se aplica 4 psicologia secu- lar em geral: “... a psiquiatria médica nao é somente in- diferente a religi#o, € implacavelmente hostil a ela. E nisso reside uma das supremas ironias da psicoterapia moderna: ela nao é apenas uma religiaio que pretende passar por ciéncia, mas, na verdade, uma religiao de 3927 embuste que visa a destruir a verdadeira religiao. Qualquer movimento filos6fico que almeje destruir a fé em Deus e em Sua Palavra € algo que jamais sera util a pessoas envoltas em problemas ou 4 sociedade em ge- ral, especialmente se esté gerando muito mais proble- mas que resolvendo. No livro Psychology As Religion (Psicologia como Religiao), 0 professor de psicologia Paul Vitz da Universidade de Nova Iorque faz algumas dramaticas afirmagées acerca da psicologia humanisti- ca, incluindo o fato de que “a psicologia como uma reli- giao é profundamente anticrista. Alias, ela é hostil a maioria das religides... A psicologia como religiao vem, por anos a fio, destruindo individuos, familias e comu- nidades.”* 21 Uma dessas razdes de destruigdo foi abordada no dis- curso do presidente da Associacéo Americana de Psico- logia, Donald Campbell. Ele afirmou que a psicologia moderna é mais hostil aos pontos de vista morais basea- dos em religiéo do que poderia se justificar. Argumen- tando que o comportamento humano precisa, de fato, de limitagao, ele disse que a “psicologia e a psiquiatria modernas, por outro lado, nao apenas descrevem 0 ho- mem como sendo egoisticamente motivado, mas ensi- nam implicita e explicitamente que assim deve ser.” O Dr. Campbell foi além, dizendo: “Depois de 40 anos de leitura da psicologia, minha impressio é certamente no sentido de que os psicdlogos quase que invariavelmente apdiam a auto-gratificagio em detrimento da limitagaio tradicional.”” Se alguém se propuser a examinar os principais funda- dores, as principais escolas, e os grandes pensadores da psicologia moderna, invariavelmente descobrird a ten- déncia anticristé que coloriu todas as respectivas e sub- seqiientes psicologias. Como bem salientou Jacob Nee- deman, a psiquiatria e a psicologia modernas “desper- tam uma viséo de que o homem precisa mudar a si mesmo e nao depender da ajuda de um Deus imagind- rio.” Na psicandlise ou psicologia profunda, encontramos os fundadores Freud e Jung. Freud odiava religiaio, espe- cialmente a religido crist&, e por isso ele se entregou tarefa de destruir a fé das pessoas num Deus cristao. Pa- ra ele, a fé cristé era uma neurose pessoal e um mal so- cial. Ele declarou: “Eu me tenho por um dos mais peri- gosos inimigos da religiao.”*"' Freud considerava as crengas religiosas como sendo ilusGes e se referiu 4 reli- gido como “a neurose obsessiva da humanidade’”.” O 22 professor de psiquiatria Thomas Szasz afirma que “uma das motivagGes mais fortes que Freud tinha na vida era o desejo de infligir vinganga contra o cristianismo por seu [alegado] anti-semitismo tradicional.”* Assim como Freud, 0 psicdlogo ocultista Carl Jung se ressentiu do cristianismo histérico, especialmente do seu Deus.* Para ele, tudo nao passava de um mito bus- cado por neurdticos. “Todos os neuréticos buscam o re- ligioso”, ele disse**, e “toda conversa acerca de Deus [6] mitolégica”. Portanto, “o tedlogo protestante” deveria “abandonar seu... alegado conhecimento de Deus pela fé e admitir ao leigo que esta mitologizando.”* Jung visualizou 0 cristianismo biblico como oco, irrele- vante e daninho. Para ele, a igreja era um jugar de “nao vida... mas morte.”*” Por mais de uma vez, ele afirmou: “Eles teriam me queimado como herege na Idade Mé- dia.”* O lider, talvez, mais respeitado da psicologia humanisti- ca foi o falecido Carl Rogers. Ele conta que foi criado como cristéo, mas que apds 50 anos como psicdlogo, seu sistema pessoal de crenga “é hoje quase que uma antitese do que fui ensinado — e cria — em minha juven- tude.” Ele se tornou um lider do humanismo e acabou se voltando para 0 misticismo, espiritismo e ocultismo — que ele esperava pudessem se tornar parte integrante do nosso sistema educacional.” O ateu Albert Ellis é o fundador do tremendamente po- pular sistema de psicoterapia Racional-Emotiva. Ele es- tA convicto de que “todos os verdadeiros crentes em al- gum tipo de ortodoxia [religiosa]... séo claramente per- turbados, j4 que so individuos obviamente rigorosos, 23 fandticos e dependentes.” Ele chega a argumentar que “a crenca devota, 0 dogmatismo, e a religiosidade con- tribuem decisivamente para — e, de certa forma, sao iguais — a perturbagéo mental ou emocional.™! (Entre- tanto, precisamos nos perguntar se a verdade nao esté exatamente do outro lado da cerca. O famoso psicdlogo existencialista Rollo May, por exemplo, afirmou o se- guinte a respeito dos ateus: “Eu tenho ficado boquiaber- to pelo fato de que praticamente todo ateu genuino com quem lidei mostrou tendéncias inequivocamente neuré- ticas. A que poderemos atribuir esse fato curioso?”)” As atitudes e crengas acima descritas de Freud, Jung, Rogers e Ellis se repetem quase sem fim na psicologia moderna. Como um critico da psicologia, o Dr. Ed Bul- Key salienta que “Carl Jung, Erich Fromm, e a maioria dos outros sucessores de Freud carregaram nas veias 0 mesmo 6dio fandatico 4 religifio que Freud expressou em seus escritos. Tais homens representam razoavelmente bem a atitude generalizada que psicélogos tém para com a autoridade e a validade das Escrituras. Centenas, literalmente, de ramos de psicoterapias se originaram dessas raizes antigas, que cresceram a partir de semen- tes de rebeliiio contra Deus.” Sem sombra de dtvida, o fruto das mesmas é evidente em tudo que observamos ao nosso redor. E essas influén- cias tampouco est&o ausentes da terapia. O psiquiatra Robert H. Humphries declara: “A crenga do terapeuta po- dera exercer um efeito sutil e potencialmente destrutivo no paciente da psicoterapia, mesmo quando 0 terapeuta é declaradamente neutro em questées de religiao.”“ Até mesmo 0s testes psicoldégicos freqiientemente carre- gam um preconceito contra a fé crista. As pranchas do 24 teste de Rorschach, por exemplo, geralmente contam os simbolos religiosos como anormais. Em Rorschach In- terpretation: Advanced Technique (Interpretagdo de Rorschach: Técnica Avangada), os autores afirmam: “Contetidos religiosos geralmente nao estao presentes nos registros de pessoas normais... Respostas [religio- sas] so mais comuns a esquizofrénicos, particularmen- te pacientes com desilusées ligadas 4 religiao.”** Infelizmente, nos dias de hoje, para milhdes de pessoas, a psicologia € o fator maior na sua rejei¢ao do cristia- nismo. E seria surpreendente se fosse diferente, tendo em vista as premissas filosdficas da psicologia e as ati- tudes antag6nicas dos principais fundadores e dos atuais monstros sagrados da profissdo — que sio todos leitura obrigatéria para os estudantes de psicologia. A psicologia moderna nao esta abarrotada de materialis- tas, racionalistas, céticos, ateus, humanistas, ocultistas, e integrantes da Nova Era que promovem religides orientais? Por outro lado, o estudo da mente nada tem de anticris- tao por definigdo. As premissas da psicologia moderna forgam-na a uma posi¢dao anticrista, tanto em questoes filoséficas, quanto em questées praticas. E como afirma o professor assistente de Psicologia Educacional na Fa- culdade de Boston, William Kirk Kilpatrick, no livro Psychological Seduction (Seducgdo Psicoldgica): ‘“Psi- cologia e religiao sao crengas que competem entre si. Se vocé se ativer seriamente a um dos dois tipos de con- junto de valores, haverd de rejeitar o outro logicamen- te’6 Talvez isso explique porque o psiquiatra Thomas Szasz observa 0 seguinte no livro The Myth of Psychotherapy 25 (O Mito da Psicoterapia): “a resolugio implacdvel da psicoterapia [é] roubar da religido tudo quanto puder, e destruir o que for incapaz de roubar...”” A luz do acima exposto, 0 mais intrigante é obser- var quem esta 4 frente da integracgio da psicologia e do cristianismo: psicélogos evangélicos! “Para mim, é surpreendente que os proponentes mais dedicados da integragdo dessas duas cosmovisdes antagénicas sejam cristdos. Os defensores mais ardorosos do acon- selhamento psicolégico s&o os terapeutas cristdos, en- quanto que os criticos mais dignos de crédito da psi- coterapia séo psicélogos e psiquiatras seculares que enxergaram o dano que seus prdprios sistemas pro- duziram.”* Quando eruditos cristaos bebem profundamente de fon- tes de pensamento que sio anticristas e entao trazem es- ses conceitos para dentro da igreja, nado é de se sur- preender que haja controvérsia. 5. A psicoterapia é necessdria? E eficaz? A razao pela qual tantos buscam a terapia hoje em dia é que realmente existe algo de errado com eles. Em ter- mos biblicos, sabemos que o problema fundamental da humanidade é 0 pecado e a alienagdo de Deus, e que es- sa condigao produz toda sorte de sintomas e dificulda- des na vida das pessoas — isolamento, tristeza, depres- so, conflitos interiores, ira, ansiedade, etc. Tais dificul- dades, por sua vez, podem conduzir 4 imoralidade sexual, ao hedonismo, ao divércio, ao uso de tdoxicos, etc. Tantos vivem em meio 4 dor hoje porque simples- 26 mente se recusam a ouvir a Deus -, ao invés disso, con- tinuam em atividades contraproducentes ou autodestrui- doras. Mas serd que as pessoas precisam, de fato, da psicotera- pia para lidar eficazmente com seus problemas? Os psi- coterapeutas certamente pensam que sim. Ougamos 0 que diz o Dr. Szasz: “Em mais de 20 anos como psi- quiatra, jamais conheci um psicdlogo clinico contar, com base em testes de projecio, que o paciente era ‘uma pessoa normal, mentalmente sadi: Nao ha comportamento ou pessoa que um psiquiatra moderno nao possa plausivelmente diagnosticar como anormal ou doentio.”* No livro The Myth of Neurosis (O Mito da Neurose), 0 psiquiatra Garth Wood reclama que os terapeutas, em pleno exercicio de suas fungdes, recomendam tratamen- to quase que automaticamente, sem avaliar cuidadosa- mente se realmente € necessdrio ou se € capaz de produ- zir resultados prejudiciais.” Considere, por exemplo, a ilustragao citada pelo psicé- logo Bernie Zilbergeld: “De 500 pessoas que compare- ceram para uma avaliagio numa grande clinica nova- iorquina, recomendou-se que todas, exceto quatro, fos- sem submetidas a terapia. Imagine s6 a algazarra se fosse recomendada uma cirurgia para 99% dos pacien- tes que procurassem uma clinica médica. Sempre que um método é universalmente prescrito, uma de duas coisas deve ser verdade: chegou o Milénio ou algo esta tremendamente errado.”*! Alids, uma série de testes tém sido feita com individuos que estao absolutamente con- tentes com a vida que levam e que tém poucos proble- mas ~ se é que os tém. Quando tais pessoas foram en- 27 viadas aos diversos terapeutas e clinicas, a avaliagao psicolégica invariavelmente concluiu que elas precisa- vam de terapia!? Quio eficaz é a psicoterapia que elas possam ter recebi- do? Muitos psicdlogos tém argumentado nfio s6 que a psicoterapia nao funciona pelas razGes citadas pelos de- fensores, mas que ela realmente nem € necessdria. Alias, quando se examina a literatura critica do assunto, percebe-se a que extremo nossa sociedade engoliu um “conto-do-vigdrio”. Qualquer pessoa que leia essa lite- ratura e ainda conclua que a psicoterapia é, por si, efi- cazZ, OU que jamais prejudica as pessoas, ndo esta conse- guindo pensar direito.* Isso nao quer dizer que a psicoterapia jamais funcione — apenas que ela nio funciona bem, e que quando funcio- na, isso acontece por raz6es que freqiientemente nao es- tao relacionadas com a terapia em si. Psiquiatras como E. Fuller Torrey e outros tém argu- mentado que a eficdcia da terapia se deve, primordial- mente, a cinco componentes basicos: (1) uma cosmovi- sao partilhada (compatibilidade com o cliente); (2) qua- lidades pessoais do terapeuta (empatia, calor humano, autenticidade); (3) o efeito placebo (expectativas do cliente); (4) remiss6es espontaneas (melhoras ligadas ao fator tempo ou outros fatores independentes da terapia); e (5) uma sensagao emergente de dominio da situagio.* Mas nenhum desses fatores requer instrucéo em psico- logia, treinamento, técnicas ou licenciamento. Nenhum deles requer terapia: “O explorar da psique humana po- de ser irrelevante 4 mudanga terapéutica... aqui argu- mentamos que a mudanga ocorre mais como produto do contexto interpessoal daquela exploracéo do que de 28 uma auto-consciéncia que € ocasionada [pela terapia] no paciente.”*> A luz do assunto supra-discutido, considere 0 seguinte breve levantamento de comentarios e pesquisas feitos por autoridades nesse campo. Albert Ellis 6 um terapeuta experimentado que atraves- sou 0 espectro da psicoterapia moderna. Ele afirma que “as bases das terapias psicodinamicas e psicanaliticas e a maior parte das chamadas teorias humanisticas nao passam de bobagem... Tenho descoberto que, na nossa sociedade contemporanea, muito do que chamamos de perturbagao emocional nao passa de lamiria. As pes- soas possuem uma baixa tolerancia de frustragao e pen- sam que nesta sociedade permissiva tudo — incluindo a competéncia no trabalho, no amor e no sexo — deveria ser facilmente obtido. Em lugar de apenas quererem as coisas, as pessoas sentem como se delas precisassem, e af tém de possui-las. E quando nao as obtém, se tornam perplexas. Est&o 4 busca de garantias na vida. Isso é mortifero - a raiz certa para a ansiedade... de cada 100 pessoas que saem da terapia, vejo que 95 delas se sen- tem inadequadas por causa de seu sistema de crenga distorcido. E quando nao conseguem viver 4 altura de suas crengas, gemem e resmungam.”* O famoso estudo do psicélogo Hans Eysneck — de 1952 — demonstrou que até mesmo a recuperagdo de sérias neuroses esta, em grande escala, desassociada do pa- ciente ter recebido ou nao terapia. O estudo de Eysneck foi criticado, mas resistiu ao crivo do tempo. Por isso, o segundo estudo dele, feito em 1965, gerou mais confiabilidade nos resultados obtidos 29 quando ele “produziu uma pesquisa mais extensa de es- tudos publicados, com resultados ainda mais destruido- res para a psicoterapia. Ele agora sustenta que a psicote- rapia é um fracasso generalizado, pelo simples fato de n&o ser essencial 4 recuperagao do paciente. ‘Descobri- mos que as desordens neurdticas tendem a se auto-limi- tar, que a psicandlise nao é mais bem-sucedida de que outro método qualquer, e que, de fato, todos os métodos de psicoterapia nio conseguem melhorar a taxa de recu- peragao obtida através de experiéncias de vida comuns e de tratamento nao especifico’.”*’ Em 1979, Eysneck disse: “O que eu afirmei ha 25 anos permanece valido.” E em 1980, numa carta ao periddico American Psychologist (Psicdlogo Americano), ele sus- tentou que suas descobertas iniciais, juntadas 4 pesquisa adicional, “sustentaram sua posi¢ao original com maior vigor”. Infelizmente, Eysneck concluiu: “A grande maioria dos psicdlogos... haverd de no prestar ateng4o as conclu- sdes negativas de todos os estudos realizados nos ulti- mos 30 anos, mas haverd de continuar a usar métodos que nao sé demonstraram ser ineficazes, mas para os quais ha agora ampla evidéncia de que nao sao melho- res do que tratamentos com placebos.”” Michael Scriven, membro da Diretoria de Responsabili- dade Social e Etica da Associacao Psicolégica Ameri- cana, pergunta-se acerca das implicagGes dessa falta de eficdcia e da “justificativa moral para a utilizagao da psicoterapia, dados os resultados de tratamentos que le- variam a FDA (6rgio norte-americano responsavel pela fiscalizagéo de drogas e remédios — N. T.) a banir sua venda como se fora uma droga.” 30 O professor de psiquiatria Donald Klein, ao testemu- nhar perante a Subcomissdo de Satide, que fazia parte da Subcomissao de Finangas do Senado Norte-Ameri- cano, disse: “Eu creio que, no momento, a evidéncia cientifica quanto a eficdcia da psicoterapia nao pode justificar o uso de verbas piiblicas.”* Como resultado dessas audiéncias, Jay Constantine, Chefe do Departamento de Profissionais da Satide re- latou: “Nao ha, virtualmente, nenhum caso de estu- dos clinicos controlados, levados a efeito e avaliados de acordo com os principios cientificos normalmente aceitos, que confirme a eficdcia, a seguranga e a uti- lidade da psicoterapia, como vem sendo feita hoje em dia.” Como afirma Gross, “a maioria dos psicoterapeutas na ativa sente que sua propria terapia funciona. Mas en- tre o crescente niimero de pesquisadores da psicotera- pia, a crenga no método varia desde virtualmente ze- ro até a conclusdo de que a terapia tem s6 poucos ou modestos poderes de cura. O. Hobart Mowrer, ex-pre- sidente da Associacgéo Americana de Psicologia, esta entre Os céticos... ‘Mas, com o passar dos anos, eu ve- nho me desencantando progressivamente com os resul- tados da psicoterapia e de sua teoria subjacente’, ele explicou quando entrevistado. ‘Estou convicto de que, no geral, a psicoterapia nado faz maior bem a seus pa- cientes’.” Paul E. Mehel, outro ex-presidente da Associacéo Ame- ticana de Psicologia, confessa que apenas uma pequena porcentagem de pacientes recebe alguma ajuda na tera- pia, e que “nossa capacidade atual de ajudar é, na ver- dade, bastante pequena.”* 31 Em 1993, a revista Time publicou como manchete em sua capa a pergunta: “Freud Esta Morto?” Ao citar pes- quisa da época, ela concluiu: “Em Ultima andlise, a psi- candlise e todas as suas rebarbas podem acabar sendo nem um pouco mais confidveis que a frenologia [diag- nose baseada no contorno do crénio] ou 0 mesmerismo [indugao hipnotica supostamente possuidora de magne- tismo animal — N. T.].”° Michael Shepherd, do Instituto de Psiquiatria de Lon- dres, resume bem os estudos de resultados em relacdo 4 eficdcia da psicoterapia: “Uma imensa gama de estudos jd concluidos que, em meio a sua imperfeigéo, deixaram claro que (1) qualquer vantagem resultante da psicotera- pia € pequeno, na melhor das hipoteses; (2) a diferenga entre efeitos dos diferentes tipos de terapias é desprezi- vel; e (3) intervengao psicoterapica tem possibilidade de causar danos.”% No livro The Effects of Psychological Therapy (O Efeito da Terapia Psicolégica), Rachman e Wilson concluem, apos extensiva recapitulagao de literatura de pesquisa: “E preciso reconhecer que a escassez de descobertas convincentes continua sendo um embarago, e a profis- sao pode se considerar afortunada porque os defensores mais ferrenhos da prestacao de contas ainda nao investi- garam a evidéncia.”” O psiquiatra Garth Wood argumenta que ja foi “con- clusivamente demonstrado, para a satisfagéo de to- dos — exceto dos extremistas da psicologia — que, em termos de resultados (mas nao de dinheiro), to- das as formas de psicoterapia se equivalem. Cada psicoterapia funciona tao precariamente quanto as demais.”* 32 Outra indicagao de que a psicoterapia é desnecessdria pode ser vista no fato de que leigos parecem desempe- nhar o papel tio bem quanto profissionais. Depois de citar pesquisa que prova que os n4o treinados em psico- terapia sio tao capazes de ajudar os aconselhandos quanto os que receberam treinamento, Wood comenta: “Tmagine a mesma coisa sendo verdadeira quanto 4 ci- rurgia: um estudo controlado numa universidade de por- te demonstrando que atores sao tao eficazes em cirur- gias do cérebro quanto neurocirurgides.” Wood também cita um resumo de um estudo realizado na Universidade do Sul de Illinois de nao menos de 42 estudos diferentes comparando profissionais com lei- gos. A conclus4o foi: “Paraprofissionais atingiram re- sultados clinicos iguais ou significativamente melhores que aqueles obtidos por profissionais... Além do mais, instrugdo profissional formal, treinamento e experiéncia no campo da satide mental nado parecem ser pré-requisi- tos necessdrios para uma pessoa ser eficaz na ajuda aos outros.” Em 1983, 0 psicdlogo Bernie Zilbergeld publicou The Shrinking of America: Myths of Psychological Change (O Sucumbir da América: Mitos da Mudanga Psicolé- gica). O psicélogo Gary Collins diz: “O que ele diz acerca do valor da terapia esta correto em esséncia. Du- rante os ultimos 30 anos, literalmente milhares de estu- dos de pesquisa examinaram esse campo, e os resulta- dos — tais como publicados por periddicos profissionais e volumes enciclopédicos... demonstraram o que Zilber- geld relata. Ha pouca evidéncia de que profissionais ‘obtém melhores resultados - com qualquer tipo de cliente ou problema — que aqueles com pouco ou ne- nhum estudo formal. Em outras palavras, a maioria das 33 pessoas provavelmente poderd obter 0 mesmo tanto de ajuda de amigos, parentes, e outros’, inclusive de pasto- res.””! Wood conclui seu livro destacando que o ingrediente vital para o aconselhamento é “meramente um ouvin- te que se importe, que desperte esperangas e lute con- tra a desmoralizagao.” O restante é irrelevante. “Mas se isso é tudo de que se precisa, o que dizer, entao, do treinamento profissional no intrincado da psicote- rapia, o que dizer dos custos faradnicos, 0 que dizer dos reembolsos dos planos médicos, o que dizer da os- tentagao e da retdrica,... 0 barulho e a cena montada nao tendo qualquer significado? Se isso é tudo que existe na grande ‘ciéncia’ da psicoterapia, entao vamos varré-la do mapa...”” E, para pér mais lenha na fogueira, os testes psicolégi- cos nao parecem ser tao confidveis quanto 0 esperado. Em sua acusagdo contundente, The Reign of Error (O Reino do Erro), Lee Coleman salienta que testes como © popular “Minnesota Multiphasic Personality Inven- tory” [MMPI] (“Inventario Multifasico de Personalida- de de Minnesota”) sao tanto tendenciosos quanto irrele- vantes. Coleman cré que testes assim sao “pseudo-cién- cia” porque “as interpretagdes as possiveis respostas que o criador do mesmo deu foram baseadas em sua vi- so pessoal e nao em testes empiricos, [e, portanto,] a somatéria dos pontos de todos os demais pacientes tam- bém haverd de ser subjetiva.””? O psiquiatra Hugh Drummond declara: “Volumes de pesquisa tém sido feitos para demonstrar como o diag- néstico psiquidtrico é absolutamente indigno de con- fianga.”™ 34 Mas 0 quadro fica ainda mais tenebroso porque é possi- vel que apenas um quinto a um terco dos psicoterapeu- tas atuantes tenha realmente competéncia para a profis- sdo, mesmo no sentido secular: “Existe dtivida quanto 4 existéncia de muitos bons terapeutas. Os pesquisadores Turax e Mitchell afirmam: ‘Dos dados disponiveis, pa- rece que apenas um entre cada trés que iniciam o treina- mento profissional acaba demonstrando ser possuidor das habilidades interpessoais necessdrias para ser de ajuda aos pacientes.’ Dois outros pesquisadores esti- mam que apenas 1/5 dos terapeutas séo competentes... Os autores de Psychotherapy For Better or Worse (Psi- coterapia para Melhor ou Pior) destacam que ‘o tera- peuta em si foi um dos elementos mais citados como fonte de efeitos negativos na psicoterapia’.””* Se os testes psicolégicos no so 14 t&éo confidveis, se existem muitos maus conselheiros, se a psicoterapia nao funciona, se o aconselhamento é tao eficaz quando feito por leigos, se no final das contas nao faz diferenga se vocé passa ou nao pela psicoterapia, se existem perigos iminentes quanto 4 psicoterapia, entéo por que é que tantos semindrios evangélicos e centenas de psicélogos evangélicos aplicam a psicoterapia secular e fazem re- comendagées de ajuda psicolégica a milhares de cris- taos? Parece-nos que a tinica coisa apropriada para se reco- mendar 4 Igreja a esta altura é que coloque suas priori- dades em ordem: naquilo que Deus diz ser verdade acerca da humanidade, seus problemas, e as solucdes para esses problemas. Se ninguém é capaz de provar que 0 aconselhamento psicoldégico é superior ao aconse- Ihamento biblico, por que é que os cristéos deveriam supor que €? 35 6. Existem perigos na psicoterapia? A maioria das pessoas nao parece estar ciente de que a terapia pode ser explicitamente nociva. De maneira crescente, estudos vem demonstrando que a psicotera- pia é, na verdade, perigosa. Turax e Carkhuff fizeram a seguinte declarag&o estarrecedora: “A evidéncia agora disponivel sugere que, na média, a psicoterapia pode ser tanto nociva quanto salutar, com um efeito médio compardvel ao de nao receber qualquer ajuda.””° De acordo com Martin e Deidre Bobgan, 0 texto de Ri- chard B. Stewart, intitulado Trick or Treatment: How and When Psychotherapy Fails (Trapacga ou Tratamen- to: Como e Quando a Psicoterapia Fracassa), “esta re- pleto de estudos e resenhas que demonstram ‘quio fre- qiientemente as praticas psicoterdpicas atuais fazem mal aos pacientes que deveriam supostamente ajudar’.”” Com n&o menos autoridade, Garth Wood afirma que “tem sido comprovado além de qualquer suspeita que [a psicoterapia] pode e de fato tem efeitos colaterais malé- ficos, e minha afirmagao é que tais efeitos sao subesti- mados. Toda essa drea nebulosa precisa ser urgentemen- te esclarecedida por causa da onipresenga da psicotera- pia.” Um grupo de pesquisadores estudou 150 “clinicos ex- perimentados, tedricos e pesquisadores” acerca dos efeitos maléficos da psicoterapia, e recebeu 70 respos- tas que eles julgaram ser representativas do espectro do pensamento contemporaneo, através das mentes mais brilhantes nesse campo. Eles concluiram: “Fica eviden- te que os efeitos negativos da psicoterapia sao dominan- 36 temente considerados pelos experimentados do campo como sendo um problema significativo que requer aten- ¢ao e preocupa¢ao tanto dos profissionais como dos pesquisadores.”” Muito embora 0 percentual médio de dano psicoterdapi- co divulgado gire em torno de 10 por cento, ha bons motivos para se questionar essa cifra. Mesmo se colo- carmos os danos psicolégicos e emocionais de lado, 0 dano espiritual causado pela psicoterapia moderna é muito maior que 10 por cento, porque, de formas diver- sas, as centenas de psicologias e psicoterapias modernas constituem, de fato, espiritualidades alternativas cujas formas de conceituar a realidade sao hostis 4 cosmovi- sao cristé. (Basta ler a literatura em qualquer campo principal — freudiana, junguiana, humanista, behavioris- ta, transpessoal, transcultural, etc.) “O perigo é que essas psicologias podem, em maior ou menor grau, tomar o lugar do cristianismo sem que a maioria das pessoas sequer perceba que qualquer subs- tituigdo, de fato, ocorreu. Em alguns casos, a influéncia das terapias - mesmo vindo de dentro da igreja — pode ser tao forte que nosso carater e relacionamentos dei- xam de ser cristaos, passando a ser sistémicos ou jun- guianos. Nosso amor pode passar a ser uma empatia ro- geriana, nossa coragem um estoicismo atualizado da te- rapia Racional-Emotiva de Ellis, nosso perdao motivado pelo ‘direito terapéutico de estar livre de ira’. Em suma, a linguagem que assimilamos e as disciplinas a que nos submetemos podem tornar nossas almas teurapéuticas em lugar de cristas.”” Sejam os efeitos negativos da psicoterapia 10 ou 30 por cento (serd que alguém sabe, de fato, quantificd-los?), a 37 preocupagao expressa pela maioria dos terapeutas res- ponsdveis é que efeitos daninhos, de fato, ocorrem. As- sim sendo, os estudos publicados até 0 presente indicam que o ptblico deveria estar muito menos confiante nes- sa profissao como um todo. Considere, por exemplo, 0 desabrochante fendmeno de se tratar, por indugao psicoldgica, as lembrangas repri- midas. Essa “‘terapia” tem trazido destruigaéo profunda e irreconcilidvel a literalmente milhares de familias por causa de alegagées falsas de abuso de criangas (sexual ou outro) e mesmo de abuso satanico alegadamente des- coberto por hipnose, técnicas de relaxamento progressi- vo, imagens mentais dirigidas, etc. Elizabeth Loftus é a autora de The Myth of Repressed Memory: False Memo- ries and the Allegations of Sexual Abuse (O Mito da Meméria Reprimida: Falsas Memérias e a Alegagdo de Abuso Sexual). Ela é tida como autoridade no assunto da maleabilidade da meméria, e vem dirigindo estudos laboratoriais, supervisionando alunos de pds-graduacgio e escrevendo textos técnicos nos tltimos 25 anos.*' Ou- ¢a o que ela tem a dizer acerca de revelar mem6rias “re- primidas” como moda crescente entre terapeutas: Terapeutas com pouco preparo e terapeutas que operam debaixo de um sistema de crenga fixo (por exemplo, “to- dos os pacientes com disturbio de personalidade multipla foram ritualmente abusados”; “a meméria opera como um videocassete interior’; “a cura vem somente quando o cliente acessa memérias enterradas, resolve e integra a experiéncia traumatica”) so os mais suscetiveis de con- fundir fatos com ficgao. Através do tom de voz, de como elabora as perguntas, expressando crenga ou descrenga, o terapeuta pode encorajar inadvertidamente o paciente a aceitar as “memérias emergentes” como reais, assim re- 38 forgando o engano do paciente ou mesmo implementan- do memérias falsas na mente do paciente... Tais terapeu- tas podem estar causando bastante dano a seus pacien- tes e a profissao.” Concluindo, j4 que tanto da psicoterapia moderna é de natureza especulativa, parece que é melhor permanecer- mos céticos quanto ao ntimero de pessoas de fato preju- dicadas, j4 que 0 percentual pode facilmente exceder os geralmente aceitos 10 por cento. Mas mesmo 10 por cento ja significam milhdes de vidas. 39 Segunda Parte Psicologia e Ocultismo 7. Como é que 0 ocultismo influenciou a psicologia moderna? A psicologia de nassos dias vem aceitando 0 ocultismo, em grau sempre crescente — de tal forma que seria ne- cessdrio um texto extenso para fazer justiga ao assunto. Em 1988, 0 psicdlogo Gary Collins escreveu: “Existe evidéncia de que as praticas ocultistas foram aceitas por um grande — e, talvez, crescente — ntimero de profis- sionais da psicologia.”* Sem divida, seu nimero cres- ce diariamente. Psicologias junguianas, humanistas, xa- manistas, transpessoais, hindus, budistas, esotéricas e periféricas, assim como a parapsicologia estéo agora fundindo psicologia com ocultismo como um meio muito poderoso de transformar as pessoas. Numa cruzada comum em busca da auto-consciéncia e de poder pessoal, os ocultistas estaéo dando as maos aos psicélogos para combinar suas respectivas disciplinas numa nova disciplina, mais potente que qualquer outra por si sé. Textos como The Atman Project (O Projeto Atman), de Ken Wilbur; Occult Psychology: A Comparison of Jun- 40 gian Psychology and the Modern Qabalah (Psicologia Ocultista: Uma Comparagao entre a Psicologia Jun- guiana e a Moderna Cabala), de Alta LaDage; Trans- personal Psychotherapy (Psicoterapia Transpessoal), de Seymour Boorstein (ed.); Beyond Ego (Além do Ego), de Walsh e Vaughan (eds.); Transpersonal Psychologies (Psicologias Transpessoais), de Charles Tart (ed.); e periddicos como The Common Boundary (A Fronteira Comum) e The Journal of Transpersonal Psychology (O Jornal da Psicologia Transpessoal) sio apenas algumas poucas ilustragdes de psicdlogos e ocultistas que deixam claro que a psicologia e a psicote- rapia se tornaram parceiras na promogao e expansao de idéias, influéncias e prdticas ocultistas em nossa socie- dade. A psicologia junguiana é a principal responsdvel por isso.™ Levemos em conta as conferéncias patrocinadas pela “Association for Humanistic Psychology” [AHP] (“As- sociagado para a Psicologia Humanista”). Sua membre- sia influente gerou impacto de peso sobre a psicologia moderna e sobre a cultura norte-americana do século vinte. Ainda assim, as conferéncias da AHP incluiram assuntos tais quais regressdo a vidas passadas, medicina tantrica, espiritismo e transe induzido, astrologia gestal- tica, xamanismo, leitura de aura e vodu.* Literalmente milhares de psicélogos humanistas, hoje em dia, estdo abertos a contatos com espiritos, direta ou indiretamente, embora geralmente com outra nomencla- tura.* E por que tudo isso deve ser motivo de preocupagao pa- ra nos? Porque a seguinte afirmagao do Dr. Collins se aplica nao apenas a psicologia moderna, mas também 41 ao crescente campo da psicologia ocultista: “A maioria h4 de concordar que até mesmo os bem-intencionados e sinceros psicdlogos cristéos podem acabar contamina- dos pelas pressuposigées e praticas seculares que per- meiam grande parte da psicologia moderna.”” Para ilustrar isso, tomemos como exemplo 0 artigo Fili- pino Psychic Surgery: Myth, Magic or Miracle? (Cirur- gia Psiquica Filipina: Mito, Mdgica ou Milagre ?), es- crito por Stephen H. Allison, um doutorando em psico- logia clinica, e H. Newton Maloney, catedratico da drea de Pés-Graduagao em Psicologia, do Seminario Teold- gico de Fuller. Os autores, na realidade, oferecem en- dosso qualificado a essa prdética demonfaca!** Outros psicdlogos cristaos tém oferecido apoio qualificado ou genérico a coisas como psicografia, estados alterados de consciéncia, xamanismo, parapsicologia, psicossintese, e cura psiquica!® 42 Terceira Parte A Psicologia e o Cristianismo Realmente Podem Ser Conciliados? 8. O integracionismo cristGo é uma disciplina de valor ou apenas de sucesso? Os que desejam unir a psicologia 4 Biblia geralmente n&o procuram fundir os dois campos em uma nova dis- ciplina, mas procuram reter a fidelidade as Escrituras enquanto fazem uso da perspicacia e dos dados da psi- cologia. Usando temas como “graga comum”, “a unida- de da verdade” e “toda verdade é verdade de Deus”, os integracionistas enxergam a psicologia como nao ape- nas uma fonte de conhecimento legitimo, mas de co- nhecimento necessdrio, de conhecimento superior (em termos de especificidade) aos dados biblicos, quando se trata da complexidade da mente humana e de diretrizes especificas de aconselhamento. Os integracionistas fazem afirmagdes como as seguin- tes: “A igreja evangélica tem a grande oportunidade de 43 combinar a revelacdo especial da Palavra de Deus com a revelacado geral estudada pelas ciéncias e profissdes psicolégicas”™ e “a meta é integrar a fé e a razdo atra- vés da uniao da teologia e da ciéncia [psicolégica]... Psicologia e teologia estao livres para mudar quando novos fatos sao descobertos...”"' Mas sera que essa abordagem é necessaria? Lemos em 2 Corintios 9.8 [NVI]: “E Deus é poderoso para fazer que lhes seja acrescentada toda a graca, para que em todas as coisas, em todo o tempo, tendo tudo o que é necessdrio, vocés transbordem em toda boa obra.” Em 2 Pedro 1.3 [NVI] somos informados que “Seu di- vino poder nos deu todas as coisas de que necessita- mos para a vida e para a piedade, por meio do pleno conhecimento daquele que nos chamou para a sua prépria gloria e virtude.” HA muitos textos biblicos semelhantes a esses. A ver- dade é que Deus j4 deu respostas em Sua Palavra “‘pa- ra cada problema espiritual/mental/emocional possivel que a humanidade alguma vez possa experimentar ou tenha enfrentado. Nao existem problemas verdadeira- mente singulares que o homem moderno possa expe- rimentar.”” A implicacgdo que isso traz para a integra- go do cristianismo com a psicologia é a seguinte: quando a psicologia crista afirma que as Escrituras nao sao suficientes para lidar com as necessidades e pro- blemas dos crentes, ela pressupde que Deus deixou o Seu povo sem ajuda adequada durante a maior parte da histéria humana, e a inferéncia é que nem o pr6- prio Cristo é suficiente. “Nao importa qual a nomen- clatura que se dé, a despeito de quao habilmente isso venha empacotado, sendo ou nao a motivagao sincera, aconselhamento que é misturado com teoria psicold- 44 gica ndo cré que Cristo é suficiente para curar o co- racdo perturbado.”* Mas ser4 que os integracionistas cristdéos realmente créem que a Biblia é insuficiente nesse campo? Consi- dere o que dizem alguns dos principais psicdlogos evan- gélicos: ¢ “Vida crista disciplinada ndo consegue resolver todos os problemas de nossa alma. Convidar o Espirito Santo para assumir toda nossa vida acaba deixando parte de nosso ser intocado.”* “A Biblia nao tem muito a dizer sobre motivagao humana.” “A Palavra de Deus jamais reivindicou ter as respostas para todos os problemas da vida.” “Da Biblia nds nao conseguimos extrair aqueles ingre- dientes terapéuticos que estabelecem relacionamen- tos.” “E claro que existe muito conhecimento moderno que era desconhecido nos dias de Jesus e Paulo, que foi dado por Deus para nos ajudar a ministrar uns aos ou- tros, e para servir a Cristo com maior eficacia.””* “A integragdo possui conteudo — as leis, conceitos e fa- tos da psicologia tal como se relacionam as leis, con- ceitos e fatos do cristianismo — e niveis de abstracdo; psicologia e cristianismo existem tanto no patamar dos fatos como no das teorias."” As afirmagées representativas acima foram feitas por individuos cuja abordagem psicolégica pressupde-se 45 nao ser desequilibrada, mas sim plenamente escrituristi- ca. Ainda assim, mesmo Gary Collins diz dos conse- Iheiros cristéos em geral: “Muitos deles nao aconse- Iham de forma t&o diferente da usada por seus colegas seculares.”"” Quando o Pr. John MacArthur, da Grace Community Church dos arredores de Los Angeles, foi processado por aconselhar um jovem que, mais tarde, se suicidou (embora também estivesse sob cuidado psiquidtrico), MacArthur ficou boquiaberto ao ver que no tribunal eram os psicélogos cristdos que testemunhavam que as Escrituras foram insuficientes e que a psicologia tinha algo a oferecer que a Biblia nao tinha: O mais surpreendente para mim foram os psicdlogos e psiquiatras chamados cristaéos testemunharem que a Bi- blia néo possui, em si unicamente, elementos suficientes para suprir as necessidades pessoais e emocionais mais profundas das pessoas. Esses homens estavam argu- mentando, perante uma corte secular, que a Palavra de Deus nao é uma fonte adequada para aconselhar as pes- soas acerca de seus problemas espirituais! O que é real- mente chocante é o numero de evangélicos que esta dis- posto a acreditar nesse conceito dos ‘profissionais’."" Quando MacArthur escreveu Our Sufficiency in Christ (Nossa Suficiéncia em Cristo) [publicado em portugués pela Editora Fiel — N. T.], ele também resumiu 0 cerne da quest&o: ou Cristo é suficiente ou nao é. No fundo, o debate é esse. Se a integracdo da psicologia com 0 cris- tianismo € tao crucial para a boa satide mental, temos que nos perguntar porque um psiquiatra de renome co- mo Szasz esta convencido de que esse esforco todo da terapia deveria ser tirado dos psicélogos e entregue 4 46 comunidade religiosa! Numa conversa com 0 governa- dor da Califérnia, Szasz declarou: “Eu entregaria essa questo toda de volta nas maos dos ministros, sacerdo- tes e rabinos.”"” Ainda assim, a tendéncia tem sido na direg&o oposta. Nos dias de hoje, a comunidade evangélica em geral aceita a abordagem integracionista de cristianismo e psicologia, e muitos evangélicos também aceitam 0 va- lor da psicologia secular em geral. No livro Why Chris- tians Can’t Trust Psychology (Porque Os Cristéos Nao Podem Confiar Na Psicologia), Ed Bulkley argumenta que os “pontos de vista integracionistas so sustentados por muitos, sendo pela maioria, dos lideres de semind- rios”"’ e que “a psicologia est4 desalojando o papel da igreja no cristianismo moderno.”™ Nas palavras do pro- fessor (do Seminario Teolégico de Westminster) e con- selheiro cristiéo David Powlison, “todo 0 evangelicalis- mo [se tornou] psicodinamico... psicologias populares, inevitavelmente ‘integradas’ com a linguagem biblica e textos comprobatorios, [reivindicam], de forma crescen- te, a lealdade n&o apenas dos terapeutas cristdos, mas agora também dos pdrocos e pastores evangélicos.”"> Bulkley, enquanto concorda que alguma coisa do que os integracionistas escrevem chega a ser de ajuda, e bibli- camente sao, cré que 0 fundamento da posicio integra- cionista est4 tremendamente comprometido porque re- pousa sobres os conceitos psicolégicos acerca do ho- mem, e nao nos conceitos biblicos. Ele argumenta: “A posigao integracionista é cientificamente invdlida, teo- logicamente confusa e biblicamente inconsistente.”' Ele vai além, dizendo que cristaos que desejam integrar a psicologia ao cristianismo nao parecem compreender “que teologia aguada é 0 resultado inevitdvel dessa inte- 47 gragao.”"”’ Por fim, se a psicologia nao consegue suprir qualquer técnica essencial para a ajuda as pessoas além do que ja esta revelado nas Escrituras, para que serve a integragao?'* Na verdade, os préprios integracionistas admitem trés fatos intimamente ligados: (1) peneirar as influéncias negativas da psicologia sobre 0 cristianismo é uma tare- fa, no minimo, dificil; (2) ha bastante incerteza quanto a possibilidade de se integrar o aconselhamento cristao com a psicologia secular sem que isso redunde em dano para as doutrinas e padrées cristdos; (3) as teorias inte- gracionistas de aconselhamento podem ser fortemente influenciadas por conceitos psicolégicos nao comprova- dos.’” Embora a maioria dos integracionistas reivindique acei- tar a autoridade das Escrituras, eles — simultaneamente —créem que as Escrituras nao contém todas as respostas aos problemas da vida, 0 que, de fato, “coloca a psico- logia no trono da autoridade. O psicdlogo precisa, en- tao, decidir se a Biblia fornece ov nao a solugéo a um dado problema. E como é que ele faz isso? Ele analisa 0 problema pelo crivo da instrugao e teoria que recebeu, e pela metodologia que aplica.”'” O problema é que a propria posi¢4o integracionista tem carater relativo. O principal argumento, por exemplo, é que as verdades genuinas da pscicologia nos sao dadas por Deus através da revelacdo geral. O problema reside em como determinar o que é realmente verdadeiro quando o campo da psicoterapia € tao vacilante e con- traditério. “Em ultima andlise, cada terapeuta se torna 0 supremo juiz da verdade e acaba por incorporar ao seu aconselhamento aquilo que lhe agrada.”"’ Em outras 48 palavras, “no momento em que a psicologia vai além do simples reportar de dados observaveis, suas conclusées, necessariamente, incluem um grande percentual de in- terpretacdo subjetiva. O que gratuitamente chamamos de verdades ou descobertas da psicologia, s4o, na reali- dade, uma mistura de dados e interpretagdes pessoais. Essa é a questao. Interpretagdo reflete pressuposigées. E impossivel para a disciplina chamada psicologia se manter metafisicamente neutra e puramente descritiva, enquanto lida com questées nao observaveis. Precisa- mos, portanto, ter extrema cautela em aceitar as conclu- sGes da psicologia secular em nosso pensar crist&o.”!” Hoje, especialmente como resultado do movimento in- tegracionista, “a psicologia penetrou na religiao evangé- lica em quase todo 0 cendrio”, e “psicdlogos, nao pasto- res ou tedlogos, sio tidos como autoridade na igreja evangélica, com relagdo as pessoas e seus problemas. Eles sao os especialistas, com autoridade para definir 0 que esta certo ou errado, verdadeiro ou falso, bom ou ruim, construtivo ou destrutivo”." Talvez, como resultado disso, a igreja evangélica parega atualmente mais preocupada com coisas como aconse- lhamento psicoldgico, recuperacdo, relacionamentos e familias disfuncionais, auto-estima, memérias reprimi- das, emogées danificadas, co-dependéncia, vitimizagado, necessidades pessoais, amor incondicional e cura inte- rior, em lugar de ensinamentos biblicos, evangelismo e santificagao. Seria de se esperar que estes tiltimos fos- sem as disciplinas a ocupar o posto de prioritarias na Igreja. Uma questdo que nao tem sido adequadamente tratada so as conseqiiéncias futuras gerais e a diregdo que o 49 evangelicalismo poderd tomar como resultado da in- fluéncia da psicologia na Igreja nos tiltimos 20 anos. Em seu astuto artigo Integration or Inundation? (Inte- gracdo ou Inundagao?), David Powlison esté preocupa- do acerca da préxima grande heresia: Um pastor me fez um comentdrio, recentemente, que me pds a pensar: “A proxima grande heresia vai surgir de dentro do evangelicalismo. O liberalismo classico esta in- telectualmente morto... A vitalidade esta na igreja evan- gélica. O erro persuasivo brotara dessa vitalidade.” Am- bos concordamos que a psicologia cristianizada é boa candidata ao posto de “préxima grande heresia”. A medi- da que refleti sobre nossa conversa, meus pensamentos rumaram para uma diregdo ainda mais nefasta. E se a grande heresia nao 6 a “proxima”, mas ja esta “presen- te”? E se ao colocarmos trancas de ferro nas portas dial teiras contra os liberais, defensores da Nova Era, mor- mons, secularistas, e o resto, nds — evangélicos — escan- caramos as portas dos fundos a psicologia? E se a nossa teologia, nossa moralidade, nossas praticas de aconse- Ihamento, nossos grupos caseiros, nosso preparo pasto- ral, [Nossa] literatura popular e a conversa didria ja foram significativamente influenciadas?" Ainda assim, integracionistas mais sofisticados tém vis- to hoje em dia o que a Igreja em geral nao tem enxerga- do — que a maioria das formas de integragao tem falha- do. Em Modern Psychoterapies: A Comprehensive Christian Appraisal (Psicoterapia Moderna: Uma Ava- liagdo Cristé Compreensivel), Stanton Jones e Richard Butman concordam que “muito do que se passa por in- tegracgdo hoje em dia € teolégica e biblicamente anémi- co, e tende a ser pouco mais do que uma reapresentagio 50 espiritualizada da tendéncia geral em satide mental” e que “cristéos que fazem integragio mecerem muito da critica que recebem dos que atacam a psicologia.”" Até mesmo os integracionistas mais cuidadosos tém problemas sérios em sua metodologia, j4 que é baseada “numa teoria a priori que norteia a avaliagdo deles acer- ca da psicologia... uma teoria significativamente satura- da com pressuposi¢Ges psicolégicas nao avaliadas.”""* Embora o texto de Jones e Butman esteja entre os mais sofisticados, sofre do mesmo problema de todos os de- mais integracionistas: recusa em aceitar a suficiéncia exclusiva das Escrituras. Alids, se as Escrituras fossem vistas como suficientes, ndo haveria légica no esforgo integracionista. Mas Jones e Butman argumentam que a Biblia “nado é um guia auto-suficiente para a disciplina de aconselhamento.”"” Assim sendo, mesmo os integracionistas mais biblicos ainda deixam a desejar porque “todo integracionismo evidencia uma visdo defeituosa da natureza humana e uma epistemologia funcional também defeituosa. Para eles, o pecado jamais é o ‘x da questo’ que estd por de- tras dos problemas do viver. E as orientagdes que emer- gem da exegese especifica das Escrituras jamais so as orientagGes significativas para compreender e ajudar as pessoas.”"* A despeito das variadas formas de integragdo entre as psicologias cristas, “embora diferentes, todas sao funda- mentalmente centradas no homem. Os integracionistas, via de regra, tornam as necessidades e desejos humanos em algo fundamental... apesar de suas diferencas, cada integracionista é eclético e obstinado, em lugar de exe- 51 gética e sistematicamente submisso 4 Palavra de Deus. Cada um é receptivo as mds interpretagdes seculares da vida humana. Cada um deles falha ao nao criar um sis- tema consistentemente biblico que passe pelo crivo da exegese e da teologia. As grandes doutrinas da fé sao, de forma variada, ignoradas, comprometidas, amalga- madas com outras coisas, ou desbalanceadas por esco- Ihas de preferéncias. A tendéncia eclética do estado de mente integracionista nao fornece alimento nutritivo ao corpo de Cristo. Os integracionistas nao fazem exegese das Escrituras (interpretagdo critica do texto — N. T.); eles praticam “eisegese” (interpretagdo de um texto pelo prisma da compreensao particular da pessoa — N. T.) e léem o texto a procura de versiculos que déem respaldo para suas pr6prias idéias, por vezes sem qualquer cuida- do.”'? (John A. Sanford, por exemplo, cré que as visdes de Ezequiel e Isafas so dtimos exemplos do processo junguiano de imaginacao ativa!)'’” E como resultado, o Dr. Powlison argumenta que todos os “‘integracionistas estéo fundamentalmente equivocados.”'" Assim sendo, “em cada uma de suas formas, 0 paradigma integracio- nista € um paradigma nao-biblico, tanto para a condu- ¢do do aconselhamento quanto para interagir com o mundo secular da psicologia.”'” Isto é porque “a psicologia valida é aquela que é uma ciéncia exploratéria e ilustrativa que precisa ser subme- tida a orientacao biblica. O pensamento biblico toma as interpretagGes psicolégicas e as intervencdes psicoterd- picas e as vira do avesso e de cabeca para baixo... 0 en- contro daquilo que € biblico com a psicologia nao pre- cisa resultar na psicologizacao da Igreja e da Biblia””* Os integracionistas confessam: “Ainda estamos longe de um consenso ou daquilo que constitui uma aborda- 52 gem singularmente crista de aconselhamento e psicote- rapia.”’* Enquanto isso, um cuidadoso exame da litera- tura integracionista revela que muitos psicdlogos cris- taos estéo, em graus que variam, aceitando praticas an- ti-biblicas tais como a clarividéncia, misticismo oriental, estados alterados de consciéncia, assim como mirfades de terapias altamente dubias, incluindo lidar com sonhos, hipnose, psicossintese, integrago estrutu- ral, freudianismo, meditagao oriental, bioenergética, te- rapia do grito primal, psicoimaginac4o e outras terapias de visualizagao, terapia psicodélica (LSD), terapia ges- tAltica de Perls, e andlise transacional.’* Um artigo da Baker Encyclopedia of Analysis Psychology (Enciclopé- gia Baker de Psicologia de Andlise) nos diz que a cura psiquica “é tao somente mais uma capacitagao huma- na”, e que “na énfase de amor que dao, [o] crist@o e o curandeiro psiquico estado quase de acordo”!!6 Talvez isso explique parcialmente porque um critico cré que “em nenhum lugar a perda da consciéncia crista fi- que mais evidente do que no campo da psicologia.”!”” Nao é apenas o fato dos psicdlogos cristéos terem fra- cassado no desempenho de suas fungdes, mas 0 campo como um todo é t4o diverso e inconstante que da para nos desanimar em tentar saber o que é, deveria ou pode- ria ser a psicologia crista. Por fim, parece que a maioria dos psicélogos crist&os nem sequer esta disposta a bus- car uma integragao porque “poucos de nds possuimos treinamento teolégico extensivo”.'* A maioria dos pra- ticantes aparenta ser apenas de cristéos que praticam a psicoterapia da maneira que bem entendem.'” Powlison conclui: “O psicdlogo cristéo soa, com fre- qiiéncia, cristo e biblico. Muitos dos termos teolégicos 53 se encontram presentes, mas os significados sao dife- rentes. A presente psicologizagéo maciga da vida e do pensamento cristao constitui o fruto popular do movi- mento de integragao. A légica e rumo do movimento in- tegracionista nao tém sido uma légica e um rumo bibli- cos. A Igreja esta colhendo as conseqiiéncias... Sem sombra de diivida, a psicologia talvez assuma um papel provocativo e descritivo. Mas jamais poderd exercer o papel constitutivo, exceto 4s custas de pér em risco 0 genuino evangelicalismo.”* 54 Quarta PARTE A Preocupa¢ao Com o “eu” na Igreja Evangelica 9. O que sGo co-dependéncia e recuperagao? Co-dependéncia e recuperagao lidam com os temas da chamada dependéncia — de ser dependente de um com- portamento destrutivo (alcoolismo, sexo, jogo) ou de ser magoado por relacionamentos abusivos que provo- caram “dependéncias” desde sua infancia ou mesmo co- mo adulto. Os termos poderao se referir ao ser controla- do ou “dependente” das opinides dos outros; ou de nés mesmos tentarmos controlar outros que inconsciente- mente “tornam-se nossas vitimas”. E por coisas assim que alguém busca a “recuperagdo” da dor do comporta- mento viciado e da dependéncia doentia nos relaciona- mentos. O movimento da recuperagdo evoluiu basicamente dos Alcodlicos Anénimos, que defenderam o conceito de que o alcoolismo seria uma doenga. Inicialmente, a co- dependéncia dizia respeito aos problemas de dependén- cia das pessoas casadas com alcodlatras. Mas esse pon- to de vista, modificado através da interagdo com a psi- cologia moderna, agora se aplica a virtualmente 55 qualquer problema ligado a qualquer dependéncia que a pessoa ou seus préximos possam ter.'*! Assim sendo, a co-dependéncia é agora uma doenga (bastante popular, por sinal) que recebe a culpa de toda sorte de proble- mas, do alcoolismo e vicio em téxicos, até 0 abuso de criangas e uma baixa auto-estima, a anorexia e o jogar compulsivo. Seja qual for o problema persistente que alguém possa ter, trata-se de uma doen¢a que requer re- médios, e ndo uma escolha moral que requer arrependi- mento. Como ilustragdo da influéncia do movimento de recu- peragao, levemos em conta apenas alguns grupos de apoio/recuperagaéo que hoje sao feitos sob medida para qualquer problema possivel: Disfung6des Alimentares Anénimos, Jogadores Anénimos, Furtadores Anéni- mos, Sobreviventes de Incesto Anénimos, Adultos Fi- lhos de Viciados em Sexo Anénimos, Mulheres com Vicios Miultiplos, Gastadores Anénimos, Emogées An6nimos, e Sexdlatras Anénimos. Hoje existem até grupos para “Lésbicas Viciadas em Drogas, Marxistas Alcodlatras e Jogadores Efeminados. Isto € pluralismo com uma vinganga.”!* Esse novo movimento j4 tomou conta da América do Norte e de grande parte da Igreja. Livros de recupera- ¢ao freqiientam a lista dos mais vendidos do New York Times. O texto cléssico do movimento, John Bradshaw On: The Family (John Bradshaw Em: A Familia), esta moldando o pensamento cultural assim como o fez, no passado, o Dr. Spock.’ Visite qualquer livraria evan- gélica e é provavel que encontre dezenas de livros, as vezes, setores inteiros da livraria voltados exclusiva- mente 4 co-dependéncia e 4 recuperacao. O conselheiro cristio Edward Welch salienta que “dos movimentos 56 pop da psicologia que influenciam a comunidade crist, nenhum deles é mais influente hoje que a co-dependén- cia?” Infelizmente, assim como com a psicologia e a auto-es- tima, a igreja evangélica adotou o movimento secular da recuperagio sem antes analisd-lo devidamente: “No fundo, a co-dependéncia é um intento revoluciondrio consciente, teolégico e antropolégico que visa fornecer uma nova visio de Deus e de nds mesmos. Ela deseja refazer a alma, oferecendo uma religiao que é explicita- mente um culto ao eu.” A teoria da co-dependén- cia/recuperagdo é apenas mais uma ilustracéo da conse- qiiéncia da Igreja ter aceito ingenuamente a psicotera- pia, para comego de conversa. Enquanto as raizes histéricas do movimento de recu- pera¢4o datam, pelo menos, do inicio do periodo Ro- mintico (portanto, so pressuposigdes nao cristas"*’), suas fontes intelectuais modernas podem ser atribui- das a quatro grandes antecedentes, de acordo com o pesquisador veterano Brooks Alexander: (1) 0 concei- to de alcoolismo como doenga; (2) psicologia mate- tialista em geral e psicologia freudiana em particu- lar; (3) Alcodlicos Anénimos e o Grupo de Oxford; e (4) potencial humano e a filosofia da Nova Era." Cada uma dessas fontes trouxe pressuposigdes e pra- ticas anti-biblicas para o movimento da recuperagio. Alias, “recuperagio é algo inerentemente hostil a fé biblica"* Considere a seguinte andlise: A co-dependéncia existe com pressuposigdes obriga- térias acerca da causa dos problemas, da natureza s7 das pessoas, e do carater de Deus. E impossivel adotar-se o conceito de “co-dependéncia” sem se adotar o sistema mais amplo Romantico-Freudiano de Alcodlicos Anénimos. A co-dependéncia diz res- peito tanto a cosmovisao particular e crengas basi- cas do individuo quanto acerca de “recuperacdo”. Crendo que a visao cristé acerca de pessoas este- ja irremediavelmente desatualizada, a literatura da co- dependéncia substituiu a visao de que somos peca- dores carentes de redencao pelo conceito do “ver- dadeiro eu”, popularmente conhecido por “crianga interior’... Além de oferecer uma religido panteista (Deus ou o “grande poder”, como parte da criagao ou um elemento divino na pessoa), grande parte da literatura concentra-se nesse “verdadeiro eu” ou “crianga interior” como possuidor de duas qualidades essenciais: 6 bom, e é necessitado... co-dependén- cia... nao visa nos conduzir & submissdo a Cristo e a servir o préximo, mas sim a exaltar nossos pr6- prios desejos. E tudo parte daquilo que Christopher Lasch chama de The Culture of Narcissism (A Cul- tura do Narcisismo), 0 culto ao eu. A recuperagao, assim como a psicologia em geral, co- mega com o homem, e nao com Deus, e por isso mes- mo enfatiza solugdes humanistas em detrimento das so- lugées biblicas. Mas, a menos que comecemos com a verdade acerca de Deus, é impossfvel termos uma com- preens&o correta acerca de nés mesmos e de nossos problemas. A Biblia jamais recomenda que olhemos para tras emocionalmente, seja para os problemas de infancia, seja para a co-dependéncia em relacionamen- tos passados, ou qualquer coisa assim. Se olharmos pa- ra tras € para enxergarmos a cruz de Cristo e o que ela fez por nds. 58 Muitos evangélicos que analisaram cuidadosamente o movimento da recuperagao o rejeitaram por completo. Por exemplo, Gary Almy e Carol Almy, marido e mu- lher escritores. Gary é um psiquiatra que pertence ao corpo docente da Faculdade de Medicina da Universi- dade de Loyola, enquanto sua esposa, também médica, faz parte da equipe da Faculdade de Medicina da Uni- versidade Northwest, em Chicago. No livro Addicted to Recovery (Viciados em Recuperagdo), eles enxergam todo o espectro da psicologia moderna, da auto-estima e da recuperagao como nao apenas estranho as Escrituras, mas, de fato, como “a propria antitese do ensinamento biblico.”"” O primeiro problema do movimento da recuperacdo é que sua teoria da co-dependéncia depende do conceito de doenga, por si sé um diagndstico falso. Em outras palavras, seja 14 0 que estiver errado com a pessoa, & sintoma de uma doenga, e por isso requer 0 medicamen- to (ou terapia) adequados. Entretanto, a Biblia ensina que os problemas de “depen- déncia” que acometem as pessoas nfo sao decorrentes de uma enfermidade impessoal que acontece esponta- neamente, mas sim resultados ébvios de escolhas pes- soais de nado viverem de acordo com a instrugéo de Deus para a vida humana. Problemas como glutonaria, sexo, jogo, roubo e gastos exagerados com cartées de crédito sao, por exemplo, criados por nds mesmos, e nao frutos de uma virose. O proponente provavelmente mais conhecido do movi- mento da recuperaga4o é John Bradshaw, que tem alcan- gado dezenas de milhdes de pessoas através de seus programas de televiséo que enfatizam a freqiiéncia da 59 famflia supostamente “andmala”. Preeminente como psicélogo eclético, a mensagem de Bradshaw € habil, mas destrutiva: “John Bradshaw apagou as nogdes de responsabilidade (ou prestagdes de contas), malignidade humana, e pecado... 0 amor auto-proclamado de Brads- haw é traigoeiro.”"*! Além de ter experimentado toda a gama de terapias psi- colégicas, Bradshaw também ja se envolveu profunda- mente com 0 ocultismo: “J4 me dediquei ao xamanis- mo, a cura pela energia césmica, aos rituais espiritas, j4 participei de tudo, fiz a viagem completa.”"* Alias, foi a tal da “viagem completa” que influenciou decisivamente os semindrios de recuperacdo de Brads- haw. Por exemplo: “‘As técnicas de inducdo a transes de- rivaram do xamanismo e sao fundamentais aos exerci- cios de imagens mentais dele.” As influéncias espiritas e esotéricas mesmo nos Alcoé- licos An6nimos, alids, so tao assustadoras quanto peri- gosas. Os fundadores Bill Wilson e Bob Smith estive- ram longamente sob a influéncia do ocultismo, como deixam claros varios dos livros de A. A. Mesmo hoje em dia, A. A. continua a promover o ocultismo de for- mas variadas.'“* Concluindo, em lugar de sermos alertados de que so- mos responsdveis por nossas agdes, 0 movimento da re- cuperacao nos induz a atribuir nossos fracassos as “de- pendéncias” que supostamente nao podemos controlar, e também ao fato de sermos vitimizados por outros. As- sim nds nao terfamos mais qualquer problema com o pecado — apenas com uma doenga precisando de cuida- dos “médicos”."* 60 10. Os programas de auto-estima funcionam? A auto-estima é um principio biblico? Em outubro de 1994, vimos Robert Schuller falar na te- levisdo quaéo imensamente gratificado ele se sentia por- que o movimento da auto-estima — o “evangelho” que ele tem pregado durante trés décadas — havia agora atin- gido a maioridade e era aceito por todos os Estados Unidos. Como observou um artigo de capa recente da revista Newsweek, “o conceito da auto-estima se fixou em praticamente cada setor da sociedade... [mas] em nenhum lugar o conceito firmou tantas raizes quanto na educagio.”"* Mas a auto-estima somente ilustra uma outra maneira como a psicologia moderna conseguiu vender a Igreja uma idéia completamente furada. Uma recente pesquisa sobre a literatura da auto-estima, por exemplo, desco- briu que apesar de cerca de 10.000 estudos cientificos sobre 0 assunto terem sido concluidos, “nao ha sequer concordancia no que a auto-estima realmente é.”"” A Dr. Susan Black, catedratica do curso de Educagio da Faculdade de Elmira, no estado de Nova Iorque, além de consultora profissional para muitas escolas e indtstrias, realizou extensos estudos acerca dos muitos programas para a elevagao da auto-estima utilizados em escolas e indtstrias por todo o pais. Apés revisar a parte mais relevante acerca da auto-estima em mais de 100 publicacgdes de universidades, pesquisadores indepen- dentes, secretarias distritais de ensino e outras agéncias também ligadas ao ensino, ela concluiu que a tentativa 61 de elevar a auto-estima das pessoas foi, em grande par- te, uma perda de tempo.“ O artigo ja citado da revista Newsweek chegou a con- cluir que a maior parte da indistria da auto-estima no pais estd, simplesmente, lidando com tolice. Professo- res, pais e filhos, que créem que a énfase na auto-estima havera de melhorar seu desempenho estado se enganando porque s6 se tem uma boa auto-imagem depois — e nao antes — de verdadeiramente realizar algo. A verdadeira auto-estima € produto de esforgo e de desempenho e nao de um acompanhamento psicolégico, do desenvol- vimento de uma vida de fantasia interior, ou de pensa- mento positivo. Em suma, 0 problema basico dos programas de auto-es- tima é que eles sdo ineficazes e contraproducentes. Se as criancas, por exemplo, sao elogiadas e lhes disser- mos quio especiais elas sio, independentemente de te- ram alcangado alguma coisa, e se forem sempre reco- nhecidas como perfeitas e amaveis, que motivagao exis- tiria para essas criangas se esforgarem em busca de coisas ainda melhores ou mesmo para querem alguma mudanga? E por isso que a obsessdo pela auto-estima, no fim das contas, mina o genuino processo de educagdo. Quando 0 movimento da auto-estima toma conta de uma escola, os professores sdo pressionados para aceitarem toda crian- ga como ela é. Para manter uma crianga se sentindo sa- tisfeita consigo mesma, é necessario evitar todo tipo de critica e mesmo qualquer desafio que possa terminar em fracasso. Na pratica, cada crianga é tratada como um consumidor fragil de terapia que sempre precisa de mas- sagem no seu ego. Tarefas dificeis est&o fora de questao, 62 e 0 padrao vai abaixando em mais e mais escolas. Até mesmo os testes se tornam problematicos simplesmente porque alguém podera nao passar neles."* Um artigo no U. S. News and World Report salientou que nao ha “‘praticamente nenhuma evidéncia de pes- quisa quanto a esses programas [de auto-estima] fun- cionarem.”'*° Até mesmo o relatério de uma famosa forga de trabalho da Califérnia, no 4mbito da auto-es- tima chamada The Social Importance of Self-Esteem (A Importancia Social da Auto-Estima), admite que “um dos fatores de decepgao em cada capitulo deste volume € quao baixas sdo as associagoes entre a auto- estima e suas conseqiiéncias nas pesquisas realizadas até o momento.”"! O U. S. News and World Report co- mentou: De fato, nas ciéncias sociais, aquelas correlagdes sdo tao inexpressivas a ponto de se aproximarem do indice zero. Isso confirma o julgamento do senso comum de que o comportamento raramente é modificado por injegdes de pensamento positivo e de ‘empurronismo’ psiquico... Me- do de fracasso e a cobranga dos pais tém muito mais a ver com o sucesso académico do que o sentir-se bem consigo mesmo.'? Toda a infra-estrutura do ensino da auto-estima da psi- cologia moderna baseia-se numa premissa defeituosa — ou seja, a bondade inerente e a aperfeigoabilidade da natureza humana 4 luz das premissas humanistas. Os ensinamentos de auto-estima estao fadados ao fra- casso néo apenas porque nao lidam com o problema real, mas também porque eles oferecem a solucio er- rada. Aconselhamento de auto-estima, assim como a psicologia moderna, nos torna egocéntricos. E como 63 afirma o Dr. Kilpatrick: “Eu sei por experiéncia pr6- pria que os incidentes mais vergonhosos de minha vi- da — coisas que agora estremego s6 de pensar — foram produtos de uma alegre auto-aceitagao, o perfodo on- de fui mais bombardeado com o conceito da auto-es- tima, seguindo ‘inocentemente’ aquilo que eu me con- vencera serem impulsos bons ou, pelo menos, neutros. Minha auto-estima simplesmente impedia a existéncia de qualquer auto-consciéncia honesta: isso s6 veio bem mais tarde.”'* Nosso valor naio é determinado por nés; é determina- do por Deus e pelo que Ele fez por nés. Em nenhum lugar das Escrituras somos encorajados a ter auto-es- tima, auto-confianga ou fé em nds mesmos — apenas para termos estima, confianga e fé em Deus. Para ser- mos mais objetivos, 0 que é que existe dentro de nds que seja digno de fé e de confianca? (Leia Mateus 15.19.) O Unico digno de confianga é o Deus da Bi- blia. Quando nosso valor pessoal é decorrente do amor de Deus expresso por nds na cruz, ele é sélido e seguro; quando, por outro lado, é decorréncia interna da corrup- ¢ao do coragaéo humano, s6 pode fracassar. Quem sabe, por isso, nado seja de se estranhar que ha- ja um problema de auto-imagem gerado nas criangas e alunos de hoje, quando sao ensinados que sao ape- nas animais (como ensina a biologia) ou maquinas (co- mo ensina o behaviorismo), ou que existem apenas pa- Ta 0 prazer e€ para 0 sexo (como ensina o hedonismo), ou para o dinheiro (como ensina o materialismo sel- vagem). Onde € que as pessoas haverdo de encontrar dignidade e valor inerentes, se no passam de produ- 64 tos finais de um processo feio e impessoal de evolu- ¢4o materialista? Alias, 0 préprio “eu” que a psicologia moderna exalta € o eu caido, cuja exaltagdo Deus ensina resultar em auto- destruig&o. E 0 culto ao eu da psicologia moderna e da cultura de nossos dias que conduz 4 t&o generalizada desolagao social que nos rodeia — e, finalmente, ao pré- prio inferno. Jesus disse: “Se alguém quer vir apés mim, a si mes- mo se negue, tome a sua cruz, e siga-me. Porquanto, quem quiser salvar a sua vida, perdé-la-d; e quem perder a vida por minha causa, achd-la-d’”’ (Mateus 16.24-25). O conceito psicolégico do amar-se a si mesmo que con- duz 4 auto-estima, e 0 conceito biblico da auto-negagao que conduz ao auto-enriquecimento sao diametralmente opostos entre si. A psicologia moderna afirma que pre- cisamos amar a nds mesmos € nos termos em alta conta para nosso interesse pessoal, se quisermos estar psicolo- gicamente ajustados e sermos bem-sucedidos na vida. A Biblia diz que temos que colocar Deus e o préximo an- tes de nds mesmos e que € isso que nos tornaré felizes e ajustados. Alids, as Escrituras, longe de ensinarem o amor a si mesmo, afirmam que uma das caracteristicas marcantes dos terriveis “tiltimos dias” é que os homens serao “egoistas” (amantes de si mesmos) em lugar de “amigos de Deus” (2 Timéteo 3.1-4). O conceito da auto-negagao, da mortificagao da carne (Romanos 6.11-16), do dar preferéncia aos outros (Ro- manos 12.10) é um tema que se estende através da Biblia toda, e por uma boa razdo. A natureza do verdadeiro 65 amor € dar-se primeiro, porque apenas 0 amor que se au- to-sacrifica simula a natureza do proprio Deus, que “é amor”. E por Deus amar as pessoas que Ele quer que elas se tornem como Ele. Alids, Jesus ensinou que se alguém quiser ser Seu discipulo, precisa primeiro “negar-se a si mesmo, tomar a sua cruz e segui-lO” (Marcos 8.34). Sem auto-nega¢do € impossivel ser um discfpulo de Jesus. E de se perguntar quantas pessoas se retraem diante das palavras de Jesus porque estéo completamente permea- das pelo espirito contemporaneo do amor centrado em si mesmo. Vida piedosa segundo o querer de Deus ja- mais sera possfvel para aqueles que enfatizam seus pr6- prios interesses e exaltam a si mesmos, pois, ao fazerem isso, nao estado sendo imitadores de Deus que, por amor de nés, se fez pobre (2 Corintios 8.9). Imitar a Deus (Efésios 5.1) significa nos tornarmos san- tos, que € o desejo primordial de Cristo para o cristao. A meta primeira de muitos psicdlogos cristaos e secula- res, entretanto, é produzirem pessoas emocionalmente sds. O desejo de Cristo requer auto-negacdo; a meta dos psicélogos requer auto-preocupagdo, “auto-discerni- mento” e, de muitas maneiras, egocentrismo. O ensinamento da Biblia, a histéria humana e a expe- riéncia pessoal nos dao conta de que é principalmente a santidade que conduz 4 integridade emocional, e nao vice-versa. Alias, quando se busca a integridade emo- cional como um fim em si, dificilmente isso gera santi- dade pessoal. Medite nos textos biblicos a seguir e pergunte-se quan- tos podem ser conciliados com os movimentos moder- nos do amor a si mesmo e da auto-estima: 66 “Nada fagam por ambicao egoista ou vaidade, mas humildemente considerem os outros superiores a si mesmos” (Filipenses 2.3, NVI). “Dediquem-se uns aos outros com amor fraternal. Prefiram dar honra aos outros mais do que a si pré- prios” (Romanos 12.10, NVI). “Pois nenhum de nds vive apenas para si, e nenhum de nés morre apenas para si. Se vivemos, vivemos para o Senhor; e, se morremos, morremos para 0 Se- nhor. Assim, quer vivamos, quer morramos, perten- cemos ao Senhor” (Romanos 14.7-8, NVI). “Ninguém deve buscar o seu préprio bem, mas sim 0 do outro” (1 Corintios 10.24, NVI). “Pois também Cristo nao agradou a si préprio” (Ro- manos 15.3, NVI). “O amor... nado procura seus interesses...’ (1 Corin- tios 13.4-5, NVI). Na sua critica, o Dr. Powlison argumenta que, ao mes- mo tempo que “baixa auto-estima” descreve correta- mente a condigdo emocional de muitas pessoas, ela na- da mais faz do que simplesmente reafirmar o ébvio. O conceito em si j4 € enganoso porque deixa de tratar das questées verdadeiras que quase sempre evidenciam for- mas de idolatria interior. H4 um temor descomedido acerca do que os outros pensam que vem associado a um outro temor, o da incapacidade de viver a altura dos padrées estipulados por eles, em lugar da preocupacado com o que Deus pensa; ou, muitas vezes, ficam aquém de atingirem seus prdprios padrdes e desejos, como 67 uma forma declarada de orgulho punitivo, “uma tendén- cia compulsiva em direcdo a auto-justiga que opera em todas as pessoas.” E mais: um outro tema-chave comum nessas abordagens egofstas é o de que “outras pessoas € © proprio Deus deixaram de atingir meus préprios pa- dries, expectativas e desejos.” Uma baixa auto-estima é quase sempre acompanhada por uma baixa estima de Deus e dos outros. Isso nada mais € que orgulho e im- pertinéncia exacerbados, gerando uma colheita de ira, amargura, auto-comiseracao, resmungos, egocentrismo e medo. Ha trezentos anos atrds tal pessoa teria sido diagnosticada como sendo ingrata. A identidade de viti- ma que os sofredores de baixa auto-estima assumem e a maneira como a consideram sedutora e inevitével — quando se submetem as pressdes de um coragéo machu- cado, ou as atitudes incoerentes da crianga interior de cada um de nds, ou as reagdes deseducadas devido aos traumas emocionais — é desmentida pelos pecados es- candalosos que a acompanham. A psicoterapia reconhe- ce hostilidades e falta de amor apenas como questées secundarias... Essas atitudes comuns de idolatria estao entre os pecados arraigados no cora¢éo humano, Elas geram frutos diversos, entre outras coisas, que vado reve- lar depressao, 6dio a si mesmo, posturas que recebem 0 rétulo de “baixa auto-estima”.'* Por outro lado, o amor de Cristo por nés supre todas as necessidades provoca- das pela nossa idolatria. Quando Ele é 0 centro de nossa vida, de nosso amor e de nossa obediéncia, a baixa au- to-estima é derrotada. 68 69 Notas 1. Martin L. Gross, The Psychological Society: A Critical Analysis of Psychiatry, Psychotherapy, Psychoanalysis and the, Psychological Revolution (NY: Random House, 1978), p. 3. 2. Ibid, p. 14. 3. Transcrito de The John Ankerberg Show, “Is Christianity Compatible with Psychotherapy?” p. 16, Ankerberg Theological Research Institute, Chattanooga, TN, 1983. 4. Estas sao estimativas aproximadas. 5. David Powlison, “Integration or Inundation?” em Michael Horton, ed, Power Religion: The Selling Out of the Evangelical Church? (Chicago: Moody Press, 1992). Garth Wood, The Myth of Neurosis: Overcoming the Iliness Excuse (NY: Harper & Row, 1986), p. 265. 7. Thomas Szasz, The Myth of Psychotherapy: Mental Healinc As Religion, Rhetoric, and Repression (Garden City, NY: Anchor/Doubleday, 1978), p.XXIll. Paul Vitz, Psychology As Religion: The Cult of Self-Worship (Grand Rapids: Eerdmans, 1994), 2° edi¢do, pp. 9-10. ). William Kirk Kilpatrick, Psychological Seduction: The Failure 3% Modem Psychology (NY: Thomas Nelson, 1983), pp. 28- 2 © © 10. Dorothy Tennov, Psychotherapy: The Hazardous Cure (NY: Abelard Schuman, 1975), sobrecapa, p. 246. 11. Gross, p. 19. 12.Em Martin e Deidre Bobgan, Psychoheresy: The Psychological Seduction of Christianity (Santa Barbara, CA: EastGate, 1987), p. 192. 13. Cf. Martin e Deidre Bobgan, The Psychological Way/The Spiritual Way: Are ‘hristianity and Psychotherapy Compatible? (Minneapolis: Bethany, 1979), p. 193. 14. Claudio Naranjo, “Gestalt Therapy As a Transpersonal Approach”, em Seymour Boorstein, ed., Traspersonal Feyehotherapy (Palo Alto, CA: Science and Behavior Books, 1980), p. 118. 15. As primeiras sete pressuposigées foram modificadas e extraidas de q. v. i yehology, Presuppositions of’, em David G. Benner, ed., Baker Encyclopedia of Psychology (Grand Rapids: Baker, 1985), pp. 930-931. 16. Cf. Gary North, Unholy Spirits: Occultism and New Age 70 Humanism (Fort Worth: Dominion Press, 1986). 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24, 25. 26. 27. 28. 29. 3 32. £8 35. 36. John Ankerberg e John Weldon, The Coming Darkness (uma exposigéo dos perigos da pratica ocultista) (Eugene, OR: Harvest House, 1993). Em Ed Bulkley, Why Christians Can’t Trust Psychology (Eugene, OR: Harvest House, 1993), pp. 131-132. Nikki Meredith, “Testing the Talking Cure’, em Science 86, junho de 1986, p. 32. Raymond J. Corsini, Handbook of Innovative Therapies (NY: John Wiley & Sons, 1981), pp. X!-XXI. Em Martin e Deidre Bobgan, The Psychological Way, p. 44, grifo de Koch. Bulkley, p. 51. Martin e Deidre Bobgan, The Psychological Way, p. 49. Citado em Ibid., pp. 48-50. E.g., Mary Stewart Van Leeuwen, The Sorcerer's Apprentice (Downer's Grove, IL: InterVarsity, 1982), p. 49. Bert H. Hodges, resenhas, Christian Sholars Review, Vol. 14, n?3, p. 285. . Szasz, pp. 27-28. Vitz, pp. 9-10. Donald T. Campbell, “On the Conflicts Between Biological and Social Evolution and Between Psychology and Moral Tradition”, em American Feyehologist, dezembro de 1975, pp. 1103-04, 1120, de Martin e Deidre Bobgan, The Psychological Way, p. 174. Veja Michael ¢ Lise Wallach, Peychology's Sanction for Selfishness: The Error of Egoism in Theory and Therapy. . Jacob Needleman, A Sense of the Cosmos (Garden City: Doubleday, 1975), p. 107 de Martin e Deidre Bobgan, The Psychological Way, p. 182. . Ernest Jones, The Life and Work of Sigmund Freud, Vol. 3 (NY: Basic Books, 1995), p. 124; cf. p. 192 de Rousas J. jushdoony, Freud (Nutley, NJ: Presbyterian & Reformed, 1974), p. 34; cf. também pp. 11, 20, 27, 31-43; Marlin e Deidre Bobgan, Psychoheresy, pp. 12-14; Ernest Becker, The Denial of Death (NY: MacMillan, 1973), pp. 94-96. Sigmund Freud, The Future of an Illusion (NY: W. W. Norton, 1961), p. 43. . Szasz, p. 146. . Carl Jung, Memories, Dreams, Reflections (Aniela Jaffe, ed.) (NY: Vintage, 1965), pp. X-XI, 55-59, 200, 274-89; An Answer to Job; cf. Paul J. Stern, C. G. ung: The Haunted Prophet (NY: Delta, 1977), pp. 251-256; Szasz, p. 169; Stephan A. Hoelber, The Genostic Jung and te Seven Sermons to the Dead (Wheaton, IL: Theosophical 1982). Em Szasz, p. 168. Ibid., p. 173. 71 37. C. G, Jung, Memories, Dreams, Reflections, p. 55; cf. Alta J. LaDage, Occult Psychology: A_Comparison of Jungian Psychology and the Modern Quabalah (St. Paul, MN: Llewellyn, 1978), p. 142. 38. Jung, Memories, Dreams, Reflections, p. xi. 39. Carl R. Rogers, A Way of Being (Boston: Houghton Mifflin, 1980), p. 27. 40. Ibid., pp. 27, 82-92, 100-132, 253-256, 312-315, 343-352. 41. Albert Ellis, The Case Against Religion: A Psychotherapist’s View (Austin, TX: American Atheists, 1976), p. iii; Albert Ellis, “Is Religiosity Pathological?”, em Free Inquiry, primavera de 1988, p. 27. 42. Rollo May, The Art of Counseling (NY: Abingdon, 1967), p. 215. 43, Bulkley, p. 141. 44. Robert H. Humphries, “Therapeutic Neutrality Reconsidered”, Hi erie of Religion and Health, verao de 1982, Vol. 21, n® 1, p. 124. 45. Leslie Philips e Joseph Smith, Rorschach Interpretation: Advanced Technique (NY: Grune and Stratton, 1953), p. 149, de Martin e Deidre Bobgan, The Psychological Way, p. 56. 46. Kilpatrick, Psychological Seduction, & 14, énfase acrescentada. Veja Bulkley, p. 219; Bruce Schweigerdt, “The Gnostic Influence on Psychology: Effects of the Common Heresy’, em Journal of Psychology and Theology, Vol. 10, n® 47. Szasz, p. 188. 48. Bulkley, p. 186. Veja Ed Payne, “Books”, em Presbyterian Journal, 24 de dezembro de 1986; Benner, ed., Baker Encyclopedia of Psychology, p. 160-170; transcrito de John Ankerberg Show, p. 13; cf. Powlison, “Integration or Inundation?” p. 205. 49. Em Martin e Deidre Bobgan, The Psychological Way, p. 55, citando Thomas Szasz, The Manufacturer of Madness, 1970, p. 35. 50. Wood, pp. 282-283. 51. Bernie Zilbergeld, citado em “Psychabuse”, em Science 86, junho de 1986, p. 48. 52. E. g., Bulkley, pp. 75-76, para um exemplo surpreendente. 53, Entre os criticos da psicologia moderna que mostram problemas de eficacia, base tedrica, ou perigos potenciais estado: Lee Coleman, The Reign of Error (Beacon); Martin L. Gross, The Psychological Society (Random House); Paul Vitz, Psychology As Religion: The Cult of Self-Worship (Eerdman’s); illiam Kurt Kilpatrick, © Psychological Seduction: The Failure of Modem Psychology (Nelson); 72 54. 55. 56. 57. 58. 59. 60. 61. 62. 66. Thomas Szasz, The Myth of Psychotherapy (Doubleday) e Ideology and Insanity (Anchor); Walter Bromberg, From Shaman to Psychotherapist (Regenery); E. Fuller Torrey, The Mind Game: Witch Dectors and Psychiatrists (Emerson Hall); Richard Stuart, Trick or Treatment: How and When Psycotherapy Fails (Research Press); Morris N. Eagle, Recent Developments in Psychoanalysis: A Critical Evaluation (McGraw Hill); Richard W. Ollheim, Philosophers on Freud: New Evaluations (Jason Aronson); R. M. Jurjevich, The Hoax of Freudism (Dorrance & Co.); Dorothy Tennov, Psychotherapy: The Hazardous Cure (Abelard-Schuman); Jeffrey Moussaieff, Against Therapy (Athenium); Mark Cosgrove, Psychology Gone Awry (Zondervan); Garth Wood, The Myth of Neuroses: Overcoming the Iliness Excuse Harper & Row); Bernie Zilbergeld, The Shrinking of America: tyths of Psychological Change (Little, Brown); The Death of Psychiatry (Chilton); Thomas Kiernan, Shrinks, Etc. (Dial); Michael e Lise Wallach, Psychology’s Sanction for Selfishness (W. H. Freeman); Hans Strupp, et al, Psychotherapy for Better or Worse (Jason Aronson); e Martin e Deidre Bobgan, The Psychological Way/The Spiritual Way e Psychoheresy. Esses sao sé alguns exemplos do grande numero de textos criticos contra a psicologia moderna, em adigao as literalmente centenas de artigos de eruditos (cf. Wood, Appendix 2). Cf. Martin e Deidre Bobgan, Psychoheresy, p. 187. Citando Jay Haley em ibid., p. 186. Citado em Gross, pp. 316-317. Ibid., p. 23. Em Martin e Deidre Bobgan, Psychoheresy, pp. 164-165. Em ibid., pp. 189-190. Citado em Allen Bergin, “Psychotherapy Can Be Dangerous”, em Psychology Today, novembro de 1975, p. 96, de Martin e Deidre Bobgan, The Psychological Way, p. 25. Donald Klein em “Proposals to Expand Coverage of Mental Health under Medicare-Medicaid’: Audiéncia ante a Subcomissao de Satide da Subcomissdo de Finangas, 59° Congresso, 2* Sessdo, 18 de agosto de 1978, p. 45, de Martin e Deidre Bobgan, Psychoheresy, p. 166. Carta impressa em Blue Sheet, Vol. 22 (50), 12 de dezembro de 1979, pp. 8-9, de Martin e Deidre Bobgan, Psychoheresy, p. 166. . Gross, pp. 31-32. 64. 65. Em Gross, p. 32. Paul Grey, “The Assault on Freud’, em Time, 29 de novembro de 1993, pp. 47, 51. Michael Shepherd, “Psychotherapy Outcome Research and Parlof's Pony”, em The Behavioral and Brain Sciences, junho 73 82. 83. 85. 74 T a p. 301, de Martin e Deidre Bobgan, Psychoheresy, p. 167. . S. J. Rachman e G. T. Wilson, The Effects of Psychotherapy (NY: Purgammon Press, 1980), p. 251, de Martin e Deidre Bobgan, Psychoheresy, p. 167. Wood, p. 288. . Ibid., p. 286. . Ibid. . Bernie Zilbergeld, “Myths of Counseling”, em Leadership/84, Winter Quarter, “Response” Section, pp. 93-94. . Wood, p. 291. }. Em Bukley, p. 218. . Transcrito em The John Ankerberg Show, p. 17. . Em Martin e Deidre Bobgan, Psychoheresy, pp. 175-176. }. Citado em Gross, p. 40, énfase acrescentada. '. Em Martin e Deidre Bobgan, Psychoheresy, p. 172. }. Wood, p. 282. . Richard B. Stewart, Trick or Treatment: How and When Psychotherapy Fails (Champagne: Research Press, 1970), p. 83. . Robert C. Roberts, “Psychobabble”, em Christianity Today, 16 de maio de 1994, pp. 19, 22. . Elizabeth Loftus, The Myth of Repressed Memon False use (NY: St, Mai Memories and Allegations of Sexué 1994), p. 3. Ibid., pp. 85-86. Gary R. Collins, Can You Trust Psychology? (Downer’s Grove, IL: InterVarsity, 1988), p. 104. rtin's, }. Veja _notas 34, 37 e Nandor Fodor, Freud, Jung and Occultism (New Hyde Park, NY: University Books, 1971); Colin Wilson, Lord of the Underworld: Jung and the Twentieth Century _(Wellingborugh, _ Northamptonshire: Aquarian Press, 1934), pp. 27-32, 100-107; C. G. Jung, Psychology and the cult (Princeton, NJ: Princeton University Press, 1977), p. VII. Crittenden E. Brookes, “A Jungian View of Transpersonal Events in Psychotherapy”, joorstein, ed., p. 57; cf. LaDage, pp. 9, 28, 47-49, 78-82, 94-96, 128-129, 162, 175; Roger N. Walsh, Frances Vaughan, eds., Beyond Ego: Transpersonal Dimensions in Psychology (Los Angeles: J. P. Tarcher, 1980), p. 170 e Cart Jung, Psychology and the Occult, passim, énfase acrescentada. Maureen O'Hara, “Science, Pseudoscience, and Myth Mongering” em Robert Basil, ed., Not Necessarily the New Age: Critical Essays, pp. 147-148, 164 (O'Hara é da diretoria da APH e é editora associada do jornal). 86. 89. 90. 91. 92. . Ibid., p. 275. 8 95. 96. . H. Newton Malony em John Ankerberg Show, transcrigao, p. 14. 98. 99. 100. 101. 102. 103. 104. 105. . Bulkley, pp. 32-33. 107. E. g., John Rowan, “The Real Self and Mystical Experiences”, em Journal of Humanistic Psychology, rimavera de 1983, Vol. 23, n° 2, p. 16; Dennis T. Jaffe e avid E. Bresler, “The Use of Guided Imagery As an Adjunct to Medical Diagnosis and Treatment”, em Joumal of Humanistic Psychology, outono de 1980, Vol 20, n° 4, pp. 54, 56-58. . Collins, Can You Trust Psychology?, p. 91. . Stephen H. Allison e H. Newton Malony, “Filipina Psychic Surgery: Myth, Magic, or Miracle?” em Joumal of Religion and Health, primavera de 1991, pp. 59-61. Cf. e. g., Baker Encyclopedia of Psychology, pp. 92, 329- 332, 429-432, 536, 554, 121, 123, 871, 956-957, 561-564, 614-618, 887-890, 796, etc.; mais o Journal of Psychology and Christianity e Journal of Psychology and Theology, publicados até o presente. S. Bruce Narramore, “Perspectives on the Integration of Psychology and Theology’. em J. Roland Fleck e John D. Carter, Psychology and Christianity: Integrative Readings (Nashville: Abingdon, 1981), p. 44. Randie L. Timpie, “Christian Psychology”, em David G. Benner, ed., Psychology and Religion (Grand Rapids: Baker, 1988), pp. 255, 257. Bulkley, p. 277. Lawrence J. Crabb, Jr., Inside Out (NavPress, 1991), p. 49, de Bulkley, p. 198. Stanton Jones e Richard Butman, Modern Psychotherapies: A Comprehensive Christian Appraisal (Downer's Grove, IL: {nterVarsity, 1991), pp. 47-49, de David Powlison, yrtiquing Modern Integrationists’, em The Journal of Biblical Counseling, primavera de 1993, Vol. 11, n° 3, p. 26. Collins, Can You Trust Psychology? p. 97. Collins, Can You Trust Psychology? p. 91. Fleck e Carter, eds., em introdugao a Psychology and Christianity: Integrative Readings, p. 23. Collins, p. 52 Em Bulkley, pp. 277-278. Em Martin e Deidre Bobgan, The Psychological Way, p. 192. Bulkley, p. 217. Ibid., p. 191. Powlison, “Integration or Inundation?” p. 198. Ibid, p. 197. 75 108. 109. 110. 111. 112. 113. 114, 115. 116. 117. 118. 119, 120. 121. 122, 123. 124, 125. 126. 127. 128. 129. 130. 131. 132, 76 Ibid., p. 201. Ct. ibid., pp. 33, 244, e varios jornais integracionistas. Bulkley, pp. 193-194. Ibid., p. 192. Ibid., p. 194; cf. pp. 221-231. Powlison, “Integration or Inundation?” pp. 198-199. Ibid., p. 214. Stanton Jones e Richard Butman, Modern Psychotherapies, pp. 441, 29ss. De Powlison, “Critiquing Modern integrationists”, p. 26. Powlison, “Integration or Inundation?” p. 218. Powlison, “Critiquing Modern Integrationists”, pp. 26-27. Ibid., p. 29. Ibid., pp. 29-30. Veja John Sanford, “Jungian Analysis’, em Benner, ed., Baker Encyclopedia of Psychology, p. 618. Powlison, “Critiquing”, p. 29, énfase acrescentada. Ibid., p. 34. Powlison, “Integration or Inundation?” pp. 213. David G. Benner, “Christian Psychotherapy: The State of the Art’, em Journal of Psychology and Christianity, dezembro de 1985, p. 3. —. g., Bill Zika, “Meditation and Altered States of Consciousness: A Psychodynamic Interpretation”, em Journal of Psychology and Christianity, Vol. 3, n? 3; cf. pp. 87-90 e partes relevantes na Baker Encyclopedia of Psychology e varias publicagdes no Journal of Psychology and Theology. Veja B. Van Dragt, “Psychic Healing”, em Benner, ed., Baker Encyclopedia of Psychology, p. 890. Richard Ganz, Psychobabble: The Failure of Modern Psychology and the Biblical Alternative (Wheaton, IL: Crossway, 1993), p. 62. Michael DeVries, “A Reply to Carter and Narramore”, em Journal of Psychology and Christianity, Vol. 3, n° 2, p. 61. Ele diz: “Eu insisto que os psicélogos tenham esta oportunidade, © direito de desenvolver a psicologia em seu proprio rumo, independente da... teologia.’ Ibid.; Powlison, “Integration or Inundation?” p. 215. Powlison, “Integration or Inundation?” p. 215. Kenneth A. Meyers, “Recovery and Codependence”, em SCP Journal, 1994, Vol. 18, n® 3, p. 16. Brooks Alexander, “Recovery’s Family Tree from Benjamin Rush to John Bradshaw’, em SCP Journal, 1994, Vol. 18, n® 3, p. 41. 133. Edward T. Welch, “Early Roots of the Codependency Movement”, em SCP Journal, 1994, Vol. 18, ano 3, p. 20. 134. Edward T. Welch, “Codependency and the Cult of the Self”, em Horton, ed., Power Religion, p. 219. 135. Ibid., pp. 219-220. 136. Edward T. Welch, “Early Roots of the Codependency Movement”, em SCP Journal, pp. 20-32. 137. Ibid., p. 32. 138. Alexander, p. 38. 139. Welch, “Codependency and the Cult of the Self’, pp. 225- 226. 140. Gary Almy e Carl Almy, Addicted to Recovery (Eugene, OR: Harvest House, 1994), p. 159. 141. Tal Brooke, “A Brief Look at John Bradshaw’, em SCP Journal, 1994, Vol. 18, n? 3, p. 11. 142. Don Lattin, “The Need to Cry Out”, em Common Boundary, maio/junho de 1991, p. 21, de Alexander, p. 41. 143. Alexander, p. 41. 144. Veja, e. & Alexander, p. 39; Edmond Gruss, The Ouija Board: Doorway to the Occult (Phillipsburg, NJ: Presbyterian & Reformed, 1994), & 66-67; mais pesquisa de Stepy ing Stone Outreach, P. O. Box 341, Trafalgar, IN 46181, 1 998-0937; e A. A. World Services, Dr. Bob and the Good Oldtimers (New York: A. A. World Services, 1981); Bill Pittman, A. A.: The Way It Began (Seattle: Glenn Abbey, 1988); A. A. World Services, “Pass It On”: The Store of Bill Wilson and How the A. A. Message Reached the World (New York: A. A. World Services, 1984); Robert Thompson, Bill W. (Harper & Row, 1975); Egor |. Sikorsky, Jr, A._A.’s Godparents: Carl Jung, Emmet Fox, Jack Alexander: Three Early Influences on Alcoholics Anonymous and its Foundation (Minneapolis: ComppCare, 1990). 145. Cf. “Victims All? Recovery, Co-dependency, and the Art of Blaming Someone Else”, em Harper's, outubro de 1991. 146. Newsweek, 17 de fevereiro de 1992, pp. 46-47. 147, Ibid., p. 48. 148. Susan Black, “Self-Esteem: Sense and Nonsense”, em American School Board Journal, julho de 1991, pp. 27-29. 149. U. S. News and World Report, 1 de abril de 1990, p. 16. 150. Ibid. 151. Ibid. 152. Ibid. 153. Kilpatrick, p. 41. 154. Powlison, “Integration or Inundation?” pp. 208-210. 77

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