Você está na página 1de 89

UFCD – 3242 Evolução e Perspectives da

Dinâmica Familiar

Formadora – Isabel Neves 2014


Objetivos

Reconhecer a evolução histórica da dinâmica


familiar, as novas formas de família e o
envolvimento parental na educação de
crianças com necessidades educativas
especiais

2
Conteúdos Programáticos
História da dinâmica familiar
Cultura em transformação
Novas formas de família
Casal, casamento e união de fato;
Monoparentalidade;
Famílias de acolhimento
Adoção e parentalidade
Envolvimento parental na educação de crianças
com necessidades educativas especiais (NEE)
História da Dinâmica Familiar
• Conceito de família
É habitual pensarmos a família como o lugar onde naturalmente nascemos,
crescemos e morremos, ainda que, nesse percurso, possamos ir tendo mais
do que uma família.
A família é então, um espaço privilegiado para a elaboração e aprendizagem
de dimensões significativas da interação: os contatos corporais, a linguagem, a
comunicação, as relações interpessoais.
É ainda o espaço de vivência de relações afetivas profundas: a filiação, a
fraternidade, o amor, a sexualidade.

4
História da Dinâmica Familiar
Conceito de família
• A família representa um grupo social primário que influencia e
é influenciado por outras pessoas e instituições.

• Dentro de uma família existe sempre algum grau de


parentesco. Membros de uma família costumam compartilhar
do mesmo sobrenome, herdado dos ascendentes diretos.

• A família é unida por múltiplos laços capazes de manter os


membros moralmente, materialmente e reciprocamente
durante uma vida e durante as gerações.
História da Dinâmica Familiar
Várias definições de família

Segundo Relvas(1996), cada família é um todo, como emergência


dos elementos que a compõem é una e única;
Segundo Sampaio e Gameiro (1985), definem família como um
“sistema, um conjunto de elementos ligados por um conjunto de
relações, em contínua relação com o exterior;
Segundo Andolfi (1981), define família como um sistema de
interação que supera e articula dentro dela vários componentes
individuais , família é um sistema entre sistemas e que é
essencial a exploração das relações interpessoais, e das normas
que regulam a vida dos grupos significativos a que o indivíduo
pertence.

6
História da Dinâmica Familiar

Evolução do conceito de família


• Família na Antiguidade
A configuração de família no seu surgimento está atrelada ao
casamento monogâmico, heterossexual, ao modelo patriarcal e a
propriedade privada.

• Família na Antiguidade
A família existente na idade média, séculos XIV e XV, está impregnada
de ações públicas. Há uma exteriorização das atividades e da vida.
História da Dinâmica Familiar

• No fim do século XVI e durante o século XVII vai surgir


um novo sentimento de família que vem acompanhado
de mudanças significativas em relação às crianças.

• “A criança tornou-se um elemento indispensável da vida


quotidiana, e os adultos passaram a preocupar-se com
educação, carreira e futuro”
(Arié, p. História social da criança e da família,
p.270)

8
História da Dinâmica Familiar

• A Europa como civilização mais avançada, participa/sofre


guerras que vão alterar as formas de relações pessoais e
sociais. Impondo um sentimento de urgência em viver
todas as coisas já.
• Neste contexto a família também será alterada, a
criança será entendida como esperança, há uma
extensão da família pelo espírito da solidariedade,
espírito de comunidade e de cuidado mútuo.
Cultura em Transformação
Diálogo Amor Separação Valores Cultura
Crise Financeira Mulher em casa Droga Mãe
União
Casamento Avós Lar Leis Filhos Pai

FAMÍLIA
Educação Violência
Redes Rua Sexo
Desemprego Mídia Mulher que trabalha
Sentimentos
Políticas Públicas Globalização Bar
Conselho Tutelar Traições Amizade Internet
10
Dinâmicas Familiares
• Formas de abordagem do estudo da Família.
Anteriormente - Abordagem Analítica
• Concentrava-se no estudo dos elementos em si;
• Modifica uma variável de cada vez;
• Estuda a natureza das interações;
• Parte das promoções para o todo.

Atualmente – Abordagem Sistémica


•Concentra-se no estudo das relações entre coisas e situações
•Estudo interdisciplinar
•Estudo do indivíduo isolado para o estudo da relação entre o
indivíduo e o meio

11
Dinâmicas Familiares
• Formas de abordagem do estudo da Família.
Atualmente – Abordagem Sistémica
O que é um sistema (Família)- é um conjunto de elementos
ligados por um conjunto de relações (função e
estrutura).
Tipos de sistemas (Famílias) - Abertos / Fechados
Em cada sistema existem transferências de cada um dos
elementos, e em que cada um deles desempenhará um
papel importante.

12
Dinâmicas Familiares
• Formas de abordagem do estudo da Família.
Características dos sistemas( famílias)
•Têm uma estrutura composta por um limite que separa o
sistema do seu meio ambiente (intercâmbio com o meio)
•Os elementos têm certas características, propriedades e
hierarquias.
•Têm elementos interligados entre si por uma rede de
comunicações que permite a circulação (de relações, energia e
informação)
•Têm uma capacidade auto organizativa e de autonomia e
individualidade.

13
Dinâmicas Familiares
• Formas de abordagem do estudo da Família.
Características dos sistemas( famílias) - Resumo
• A família é vista como um sistema aberto , ou seja
existem trocas com o meio.
Família Influência do meio

Regula-se por mecanismos alternados de equilíbrio sendo


o seu objetivos atingir sempre o EQUILIBRIO

14
Dinâmicas Familiares

• Formas de abordagem do estudo da Família.

Família Influência do meio


Objetivo EQUILIBRIO

Este equilíbrio - é mantido através da introdução de mudanças


adaptativas sempre que as famílias sofrem alterações ao logo do
seu ciclo vital

15
Dinâmicas Familiares
• Crise e Mudança na Família
Minuchim (1979)

Crise - é simultaneamente ocasião e risco.

Ocasião Crescimento
Risco De impasse de disfuncionamento

16
Dinâmicas Familiares
STRESS FAMILIAR

Minuchin – a família está sujeita a dois tipos de pressão

Interna – resultante das mudanças inerentes ao


desenvolvimento familiar

Externa – relacionada com as necessidades de adaptação


dos elementos da família ao meio

17
Dinâmicas Familiares
FONTES STRESS

Segundo Minuchin
1- Contato de um membro da família com um fonte de
stress extrafamiliar;
2- Contato de toda a família com uma fonte de stress
extrafamiliar;
3- Períodos de transição do ciclo vital;
4- Existência de problemas particulares

18
Dinâmicas Familiares
• Formas de abordagem do estudo da Família.

Este equilíbrio - é mantido através da introdução de mudanças


adaptativas sempre que as famílias sofrem alterações ao logo do
seu ciclo vital

MUDANÇAS
1ª ORDEM
2ª ORDEM

19
Dinâmicas Familiares

Mudanças de - 1ª ORDEM
É uma mudança que serve quantitativamente
para manter um determinado funcionamento.
São só mudanças corretivas e continuas (o seja
o sistema não se altera).
Estas mudanças corretivas são produzidas no
interior da família sem que se transformem.

20
Dinâmicas Familiares

• EX. O António fez a tele - escola na terra, por


isso não precisava de acordar cedo, aos 10
anos foi para o 2º ciclo e a nova escola ficava a
20km de sua casa.
Assim a mãe o pai a irmã e o António e
passaram a acordar às 7horas da manhã para
todos estarem a horas na escola e no trabalho.
MUDANÇA DE? _____________

21
Dinâmicas Familiares
Mudanças de - 2ª ORDEM
• É uma mudança qualitativa porque pressupõem que aconteça um
funcionamento totalmente diferente daquela que o sistema tinha
anteriormente, como por exemplo, mudança de membros,
estrutura etc.

• É uma mudança descontinua que vai causar desvios e flutuações


que originam uma nova estrutura na família, são mudanças
inevitáveis na passagem das etapas do ciclo

22
Dinâmicas Familiares
Propriedades do Sistema Familiar
1ª Hierarquia
O sistema familiar tem elementos com relações e atributos, e
também subsistemas e sistemas ligados de forma hierárquica e
organizada;
Implica que cada sistema ou subsistema tenha conhecimentos
dos contextos em que está envolvido;
Os seus elementos têm regras, papeis, segundo normas e
estatutos.
Têm limites e fronteiras que o distinguem do meio envolvente

23
Dinâmicas Familiares
2º Totalidade e Generalidade
A vida da família é mais que a individualidade dos indivíduos que a
compõem, por isso a vida familiar também engloba o conjunto de
relações que se estabelecem entre eles.
3º Equifinalidade
A família pode atingir o mesmo objetivo a partir de condições
distintas, ou de diferentes caminhos
O mesmo problema em famílias distintas poderá ter evoluções
diferentes, as interações familiares e a sua evolução são
fundamentais para o processo de determinada finalidade

24
Dinâmicas Familiares

4º Retroação
Para compreender o que acontece a um dos elementos da
família é preciso ter uma visão circular, os comportamentos têm
que ser equacionados, porque têm implicações, ações e
retroações que liga esse elemento aos restantes.
ASSIM
Uma Retroação negativa – implica somente mudanças de 1ª
ordem
Uma retroação positiva – implica mudanças de 2ª ordem

25
Dinâmicas Familiares

5º Auto- Organização

A família como sistema aberto com o exterior, regula a sua


interação com este através de movimentos centrípetos ou
centrífugos consoante as suas características e necessidades.

O sistema cria as suas próprias determinações e as suas próprias


finalidades integrando as informações que recebe.

26
Dinâmicas Familiares
• Crise e Mudança na Família
Minuchim (1979)

Crise - é simultaneamente ocasião e risco.

Ocasião Crescimento
Risco De impasse de disfuncionamento

27
Dinâmicas Familiares
STRESS FAMILIAR

Minuchin – a família está sujeita a dois tipos de pressão

Interna – resultante das mudanças inerentes ao


desenvolvimento familiar

Externa – relacionada com as necessidades de adaptação


dos elementos da família ao meio

28
Dinâmicas Familiares
FONTES STRESS

Segundo Minuchin
1- Contato de um membro da família com um fonte de
stress extrafamiliar;
2- Contato de toda a família com uma fonte de stress
extrafamiliar;
3- Períodos de transição do ciclo vital;
4- Existência de problemas particulares

29
Dinâmicas Familiares
CRISE
Surge quando o sistema se sente ameaçado pela
imprevisibilidade da mudança;

Crises Naturais – ocorrem de forma esperada e


portanto são previsíveis- normativas

Crises Acidentais – acontecem de forma inesperada –


não normativas

30
Dinâmicas Familiares
A crise exige uma transformação dos padrões transacionais –
mudanças tipo II;
A emergência pode resolver-se no contexto do
funcionamento habitual – mudanças tipo I;
A crise é sempre resolvida no presente
Equacionado
Passado Futuro

31
Dinâmicas Familiares

Transformação da crise em “avaria”


A crise põe em causa o equilíbrio do sistema-
importância da flexibilidade

• Os sistemas rígidos ameaçam a capacidade de adaptação,


impedindo a evolução
• A dificuldade em co-evoluír pode transformar a crise em
“avaria”, materializada num sintoma

32
Dinâmicas Familiares
CRISE RESUMO

• Não possui uma conotação positiva ou negativa

• É contexto de mudança

• Permite o momento de reestruturação – que mudanças

necessárias se instalem de forma mais profunda e

eficiente

33
Dinâmicas Familiares
MUDANÇA
• Toda a mudança causa STRESS-
independentemente da carga positiva ou
negativa de que se faz acompanhar;

• A crise surge porque o sistema sente-se


ameaçado pela imprevisibilidade que a
mudança comporta

34
Dinâmicas Familiares
MUDANÇA
• O sistema teme o desconhecido, por isso tem
tendência a ficar preso ao seu padrão habitual de
funcionamento, bloqueando a amplificação das
flutuações que lhe permitirá a transformação
Assim o sistema tem duas alternativas
1º Fugir à mudança colocando em risco a sua evolução, o
seu equilíbrio e a própria vida
2ª Transformando-se: correndo o risco de crescer sem
saber como isto vai acontecer.

35
NOVAS FORMAS DE FAMÍLIA

Segundo Alarcão (2000) por novas formas de família


entendemos um conjunto diversificado de
configurações familiares distintas da família nuclear
tradicional e da família de três gerações

36
NOVAS FORMAS DE FAMÍLIA
Casal, casamento e união de fato;

• “Processo de definição relacional legitimado


socialmente.” (Cutsem, p. 22)
• A inscrição é feita através de rituais: noivado,
celebrações nas cerimônias de casamento civil
e religioso, lua-de-mel, aniversários de
casamento (bodas de ouro, de algodão, de
diamante, de estanho...)

37
NOVAS FORMAS DE FAMÍLIA

• Casal, casamento e união de fato;

• “O casamento existe para legitimar a relação


com os filhos e não para legitimar a relação do
homem com a mulher e as relações sexuais.”
(GUERRA, p. 61)

38
NOVAS FORMAS DE FAMÍLIA
Monoparentalidade;
• Geração dos pais representada por um só
elemento
– Configurações definitivas
– Configurações transitórias
– Situações de monoparentalidade intermitente

39
NOVAS FORMAS DE FAMÍLIA
Monoparentalidade;
Particularidades/ Dificuldades - Conjugalidade
• Subsistema que deixa de existir ou que nunca chegou a existir
• Anulação do espaço da conjugalidade
Ausência de:
• Suporte emocional intra e extra familiar
• Treino de padrões comunicacionais
• Ausência sentimento de individualidade e de
pertença
• Modelo de identificação de relações heterosexuais

40
NOVAS FORMAS DE FAMÍLIA
Monoparentalidade;
RISCOS

- Investimento num dos filhos como “par conjugal”

- Perturbações do desenvolvimento individual,

psicológico afetivo e relacional

41
NOVAS FORMAS DE FAMÍLIA
Monoparentalidade;
Particularidades/ Dificuldades – Parentalidade
•Limitações na partilha de tarefas,
•Ausência de suporte e articulação de papeis executivos;
•Centralização excessiva na parentalidade – dificuldade nos
movimentos de separação autonomia;
•Dificuldade na construção de sistemas de regras coerentes
com hierarquia definidas.

42
NOVAS FORMAS DE FAMÍLIA
Monoparentalidade;
Particularidades/ Dificuldades – Subsistema Filial

• Dificuldades identificatórias
• Limitação dos modelos relacionais hierárquicos
• Sentimento de diferença em relação aos pares em
relação ao subsistema parental
• Pertença e papel do progenitor ausente

43
NOVAS FORMAS DE FAMÍLIA
FAMÍLIAS RECONSTRUÍDAS

Famílias cujos elementos pertenceram a outras


famílias

“Os meus os teus e os nossos”


Resultado de:
•Divórcios/separação
•Viuvez
•Famílias monoparentais

44
NOVAS FORMAS DE FAMÍLIA
FAMÍLIAS RECONSTRUÍDAS

Processos Fundamentais
– Luto
– Aceitação dos nossos elementos
– Organização estrutural e comunicacional
– Aceitação da separação/divórcio dos pais

45
NOVAS FORMAS DE FAMÍLIA

Particularidades do desenvolvimento familiar

• Coexistência de diferentes etapas,

• Simultaneidade de crises normativas e acidentais;

• Construção de novas regras e padrões relacionais –


integração de experiências anteriores

46
NOVAS FORMAS DE FAMÍLIA

Dificuldades do subsistema conjugal


• Articulação conjugalidade/ parentalidade
• Idealização da nova relação de casal e de nova
família
• Construção de novo modelo de casal
• Articulação dos movimentos centrípetos/centrífugos

Risco de não formação do subsistema conjugal

47
NOVAS FORMAS DE FAMÍLIA

Dificuldades do sistema executivo


• Gestão dos modelos de parentalidade;
• Mito do “amor instantâneo” entre
“padrastos/madrastas” e filhos;
• Tentação de assumir o papel parental;

Novo elemento do par parental deve colocar-se como


auxiliar educativo do pais biológico

48
NOVAS FORMAS DE FAMÍLIA

Dificuldades do subsistemas filial e fraternal


• Lealdades divididas;
• Gestão do poder e conflito na nova estrutura- questionar
a legitimidade do novo elemento parental;
• Gestão das relações de fratria e a sua organização:
alianças e coligações transgeracionais, aceitação de
novos elementos rivalidades, negociação, partilha e
conquista de estatutos

49
NOVAS FORMAS DE FAMÍLIA
FAMÍLIAS ADOTIVAS
Nasce com a chegada da criança adotada
Características/Processos
Luto pelo projeto de filiação biológica – da esterilidade à adoção;
Necessidade de equacionar a decisão da adoção do ponto de
vista individual, conjugal e parental;
Necessidade de gerir o período de pré adoção - vertente
avaliativa do funcionamento da família;
Criação do vínculo relacional país/criança adotada;
Processo de revelação: necessidade de gerir a dupla filiação.

50
NOVAS FORMAS DE FAMÍLIA
FAMÍLIAS HOMOSEXUAIS

Subsistema conjugal e parental constituídos por


elementos do mesmo sexo
Filiação por adoção ou proveniente de uma anterior
relação heterossexual
Características/Processos
Existência de um conjunto de estigmas relativamente à
capacidade ou à forma como estas famílias cumprem ou não as
suas funções, comparativamente às famílias tradicionais

51
NOVAS FORMAS DE FAMÍLIA

Características/Processos

Gestão dos papéis parentais, não tanto em função de uma


passível divisão entre papel masculino e feminino mas, antes,
nas competências e interesses de cada um dos parceiros, sendo
necessário gerir a parentalidade de forma distinta daquela que
se modela na família tradicional

52
NOVAS FORMAS DE FAMÍLIA
Características/Processos
Contornos da construção do processo identificatório das
crianças/adolescentes na presença de um casal homossexual;

O contato com outras configurações familiares, quando equacionado


mediante a abertura ao exterior, parece construir um fator protetor
relevante da realidade familiar;

Processo desenvolvimental que envolve entre cruzamento de diversas


crises inerentes aos processos internos e externos da família;

53
Envolvimento parental na educação de crianças com
necessidades educativas especiais (NEE)

Necessidades Educativas Especiais


O que são Necessidades Educativas Especiais?
A criança quando nasce é portadora de um conjunto de grandes possibilidades,
possuindo processos pré-determinados

Competências
Aprendizagens dirigidas organização psicológica
Capacidades
Aprendizagens não dirigidas
Potencialidades

54
Envolvimento parental na educação de crianças com
necessidades educativas especiais (NEE)

Segundo, Correia (1997) a sociedade e particularmente a família


tem alterado a forma como aceita e lida com a deficiência, de
acordo com os valores vigentes em cada época, valores esses de
caráter político, cultural, económico e mesmo religioso

Como refere Brofenbrenner (1979), a criança com NEE e a


família deverão viver num ambiente o mais adequado
possível, com recursos a serviços formais e informais
satisfazendo assim as necessidades reais e concretas.
Envolvimento parental na educação de crianças com
necessidades educativas especiais (NEE)

• Segundo Buscaglia, (2006) existem coincidências nas


reações das famílias de jovens com deficiência mental e
desde 1963 que estudos evidenciaram algumas reações
emocionais dos pais em relação à deficiência dos filhos
como por exemplo: perda de autoestima, vergonha,
negação da situação, autossacrifício

56
Envolvimento parental na educação de crianças com
necessidades educativas especiais (NEE)

• Estas manifestações emocionais podem afetar as


relações entre os membros nucleares da família
(marido e mulher) e mesmo outros familiares
significativo;

• Pereira (1996) afirma haver estudos que evidenciam


que o casamento pode ser influenciado
negativamente pela presença de um filho especial

57
Envolvimento parental na educação de crianças com
necessidades educativas especiais (NEE)

• A mesma autora ainda refere que há divergências


entre os estudos: - alguns registam um alto índice de
divórcio, desarmonia familiar, deserção do marido;
outros apresentam impactos positivos, como altos
níveis de ajustamento relatados por casais,
justificados por compartilharem os compromissos e
responsabilidades pelo filho especial;
Envolvimento parental na educação de crianças com
necessidades educativas especiais (NEE)

• Os pais projetam a criança na sua mente desde o


princípio da gravidez, fantasiam sobre o sexo, o
desempenho na escola a carreira e a orientação
sexual que irão ter.
• Também Silva e Dessen (2001), defendem que o
nascimento de um membro da família com
deficiência, que vem confrontar todas as
expectativas dos pais e por isso confrontá-los com
uma situação inesperada.

59
Envolvimento parental na educação de crianças com
necessidades educativas especiais (NEE)

• Isto leva-os a passar por um processo de


superação, até que aceitem o filho especial e
o insiram num ambiente familiar que propicie
a sua inclusão, para que isto aconteça os
planos para esta criança terão de ser
abdicados e a experiência de parentalidade
deve ser resignificáda

60
Envolvimento parental na educação de crianças com
necessidades educativas especiais (NEE)

• Geraldo, Messa & Fiameng (2007), referem que as


interações fraternas em que um dos membros tem
algum tipo de necessidades especiais, influênciam de
forma positiva o próprio desenvolvimento típico dos
outros irmãos destacando assim, o aumento da
maturidade, responsabilidade, altruísmo, tolerância,
preocupações humanitárias, senso de proximidade na
família, auto confiança e independência.

61
Envolvimento parental na educação de crianças com
necessidades educativas especiais (NEE)

• De qualquer forma a relação e convivência com um


irmão especial é sempre uma experiência conflituosa
com sentimentos positivos e negativos, e segundo
alguns autores como Silva, (1996), estes irmãos
deveriam ser acompanhados por um psicólogo, no
sentido de explicar as limitações do irmão, ouvi-los,
orienta-los na sua relação com este e com a sua
deficiência.

62
Envolvimento parental na educação de crianças com
necessidades educativas especiais (NEE)

• Por outro lado também as interações com a família


alargada devem ser muito significativas para apoiar os
pais, na opinião de Seligman & Darling (1989, cit in
Pereira, 1996), para além dos avós, a família alargada
deverá ser incluída em toda a problemática e
inclusivamente ser prestada informação cuidadosa e
adaptada sobre os problemas associados às
dificuldades, esta informação ajudará todos os
elementos da família a encontrar uma forma de gestão
a todos os níveis das suas próprias necessidades
permitindo uma maior interajuda.

63
Envolvimento parental na educação de crianças com
necessidades educativas especiais (NEE)

• Para Glat (2004) a tarefa da família com um filho


deficiente é gigantesca.
• Ao longo dos diferentes estádios, os pais têm de
tomar muitas decisões perante as novas exigências,
assim como resolver necessidades específicas e
adaptarem-se a cada novo estádio, de modo a
desenvolverem e a desempenharem os seus papéis
da melhor forma

64
Envolvimento parental na educação de crianças com
necessidades educativas especiais (NEE)

• Silva e Dressen (2001), apontam grandes


preocupações que os pais enfrentam que é o
fenómeno duplo de envelhecimento, em que temos
pais envelhecidos com a preocupação e
responsabilidade de assegurar aos seus filhos
também a envelhecer, um bem-estar após a sua
morte com os cuidados adequados

65
Envolvimento parental na educação de crianças com
necessidades educativas especiais (NEE)

• Esta preocupação verificou-se principalmente ao nível de


locais disponíveis para os seus filhos ficarem seguros e
com as condições básicas de bem-estar asseguradas.
• Assim parcerias entre os pais, filhos e os profissionais são
uma mais-valia.
• Estes deverão estar atentos aos diversos estádios, com o
objetivo de ajudar a família a antecipar as situações de
mudança e as dificuldades que podem surgir para
facilitar a interação entre os pais e filhos (Correia, 1997).

66
Envolvimento parental na educação de crianças com
necessidades educativas especiais (NEE)

• Allen (1992, cit in Correia, 1997) indica algumas fontes


de stresse que as famílias com um membro especial
podem vivenciar e que poderão ser de variadas ordens:
- a preocupação com tratamentos médicos, caros e que
podem implicar risco de vida, cirurgias frequentes,
dificuldades em respirar ou convulsões que podem
causar hospitalizações por períodos indeterminados;
- dificuldades financeiras, devido a uma alimentação
especial ou equipamentos médicos; problemas de
transporte

67
Envolvimento parental na educação de crianças com
necessidades educativas especiais (NEE)

• não ter com quem deixar os outros filhos,


• dispensa do emprego para acompanhar o filho a
consultas e tratamentos;
• dificuldade em encontrar instituições de internamento,
de ocupação temporária ou de uma colocação
educacional adequada;
• muitos jovens necessitam de rotinas que são
complicadas e exigem dos pais uma dedicação
contínua diurna e noturna mesmo ao ponto de um dos
pais ter de deixar de trabalhar para ficar a tempo
inteiro com o filho;

68
Envolvimento parental na educação de crianças com
necessidades educativas especiais (NEE)

• fadiga frequente, insónias e pouco tempo livre


para atividades recreativas ou de lazer
• ciúmes ou rejeições por parte dos irmãos que
vêm a criança especial tendo toda a atenção e
recursos da família,
• surgimento de problemas conjugais, que podem
ocorrer de fadiga, diferentes pontos de vista em
relação ao jovem,
• falta de tempo para o casal.

69
Envolvimento parental na educação de crianças com
necessidades educativas especiais (NEE)

• Uma atenção forte destes fatores é essencial na avaliação das


necessidades específicas das famílias, pois afetam a todos os
níveis as inter-relações familiares.
• As famílias, devido a diversas causas, podem não conhecer os
recursos que lhes podem ser proporcionados pela sociedade
• Neste contexto os profissionais têm um papel de suma
importância ao promoverem o esclarecimento, conhecimento
ou as influências acerca dos recursos.
• Na perspetiva de Carmo (2004) existem dois tipos de
recursos:

70
Envolvimento parental na educação de crianças com
necessidades educativas especiais (NEE)

• Recursos Intrafamiliares – as necessidades familiares


estão dependentes do funcionamento familiar.
• Na organização e interação das capacidades de
resiliência existentes na atuação ou criação de recursos
necessários, ao bom funcionamento familiar.
• A promoção das competências das famílias para
identificarem e utilizarem os seus próprios recursos
será das primeiras ações que o profissional deve
desenvolver, junto das mesmas.

71
Envolvimento parental na educação de crianças com
necessidades educativas especiais (NEE)

• Recursos Extrafamiliares – os recursos


extrafamiliares são os apoios externos à família,
corresponde ao que se denomina de apoio social.
Este apoio social tem dois tipos: o apoio formal e
o apoio informal.
• O apoio informal engloba os indivíduos (amigos,
vizinhos, etc.) e os grupos sociais (igreja, clubes
sociais, etc.) que podem promover apoio em
resposta aos eventos de vida normativos e não
normativos.

72
Envolvimento parental na educação de crianças com
necessidades educativas especiais (NEE)

• O apoio formal abrange os profissionais


(médicos psicoterapeutas, assistentes sociais,
psicólogos, etc.), instituições como: hospitais,
centro de saúde, etc.

73
Envolvimento parental na educação de crianças com
necessidades educativas especiais (NEE)

CONCEITO DE INTERVENÇÃO PRECOCE

A intervenção precoce, consiste na prestação de serviços,


terapêuticos e sociais, a crianças e ás suas famílias, com o
objetivo de dinamizar efeitos negativos durante o seu
desenvolvimento.
Estes programas destinam-se a todas as crianças desde a
nascença até á idade escolar que estejam em risco de atraso
de desenvolvimento, manifestem deficiência ou necessidades
educativas especiais.

74
Envolvimento parental na educação de crianças com
necessidades educativas especiais (NEE)

CONCEITO DE INTERVENÇÃO PRECOCE


Importância da família
• Os serviços de Intervenção Precoce podem ter um
impacto significativo nos pais e irmãos das crianças em risco.

• As famílias destas crianças geralmente vivem sentimentos de deceção,


isolamento social, stress, frustração e desespero.

• O stress acrescido que a presença de uma criança especial implica pode


afetar o bem-estar da família e interferir no desenvolvimento da criança.

75
Envolvimento parental na educação de crianças com
necessidades educativas especiais (NEE)

Importância da família
1.O envolvimento dos pais na intervenção é muito importante;

2. As famílias de crianças, NEE ou em risco, necessitam de um


maior apoio social e instrumental e de desenvolver as
competências necessárias para lidar com os filho
com necessidades especiais.
3. Os principais resultados da intervenção com a família dizem
respeito ao aumento da capacidade dos pais para lidarem com
o problema da criança o que leva à redução do stress familiar.

76
Envolvimento parental na educação de crianças com
necessidades educativas especiais (NEE)

Porquê intervir precocemente?


Existem três razões fundamentais:

Quanto mais cedo se iniciar a intervenção maior é o potencial


de desenvolvimento de cada criança

Para proporcionar apoio e assistência à família nos momentos


mais críticos,

Para maximizar os benefícios da criança família


Envolvimento parental na educação de crianças com
necessidades educativas especiais (NEE)

Importância da família
1.O envolvimento dos pais na intervenção é muito importante;

2. As famílias de crianças, com NEE ou em risco, necessitam de um


maior apoio social e instrumental e de desenvolver as
competências necessárias para lidar com os filho
com necessidades especiais.
3. Os principais resultados da intervenção com a família dizem
respeito ao aumento da capacidade dos pais para lidarem com
o problema da criança o que leva à redução do stress familiar.

78
Envolvimento parental na educação de crianças com
necessidades educativas especiais (NEE)

Necessidades Educativas Especiais


A criança dá e recebe, sendo através destas trocas que cria as suas estruturas
mentais
Sentimento de segurança
Qualidade: disponibilidade
-da presença do adulto
-das relações da criança
Estruturas mentais
Pertinência:
-dos espaços e objetos Sentimento de ser
-das atividades respeitada
Modelo dos outros
Organização:
-das estruturas materiais Sentimento de viver a sua
-das estruturas relacionais autonomia
Regras do jogo social
Envolvimento parental na educação de crianças com
necessidades educativas especiais (NEE)

• INCLUSÃO: o que é?

«...inserção do aluno na classe regular, onde , sempre que


possível, deve receber apoio apropriado às suas
características e necessidades…»
(Correia, 1997)
Envolvimento parental na educação de crianças com
necessidades educativas especiais (NEE)

• COM A INCLUSÃO PRETENDE-SE:

Que todos os alunos tenham uma educação igual e de


qualidade!

Que os alunos no seu crescimento e desenvolvimento sejam


vistos no seu todo.

Que todos tenham acesso a uma educação, que respeite as


suas necessidades e características.

81
Envolvimento parental na educação de crianças com
necessidades educativas especiais (NEE)

 Facilitar aos alunos a transição para a vida ativa, por


forma a que eles se venham a mover na sociedade a
que por direito pertencem com a maior autonomia e
independência.
 Que a escola sirva de palco à diversidade cultural e
educacional, apesar de constituída por alunos
heterogéneos.

82
Envolvimento parental na educação de crianças com
necessidades educativas especiais (NEE)

• Processo de Referênciação

A referenciação consiste na comunicação / formalização de situações que

possam indiciar a existência de NEE;

• Deve ser realizada o mais precocemente possível;

• Deve indicar o conjunto de preocupações relativas à criança ou jovem e

os problemas detetados que suscitam a existência de NEE .

83
Envolvimento parental na educação de crianças com
necessidades educativas especiais (NEE)

• Processo de Avaliação – Objetivo

Verificar se estamos perante uma situação de necessidades

educativas especiais de carácter permanente;

Dar orientações para a elaboração do programa educativo

individual (PEI) e identificar todos os recursos a disponibilizar.

84
Envolvimento parental na educação de crianças com
necessidades educativas especiais (NEE)

• Processo de Avaliação – Quem Avalia?

Departamento de educação especial


Serviço de psicologia
Docentes
Médicos
Terapeutas

85
Envolvimento parental na educação de crianças com
necessidades educativas especiais (NEE)

Técnicos de serviço social

Pais / encarregados de educação

Serviços (centros de saúde, centros de recursos

Especializados e unidades especializadas dos AE

86
Envolvimento parental na educação de crianças com
necessidades educativas especiais (NEE)

• Medidas Educativas

A) Apoio pedagógico personalizado


Prestado pelo educador, pelo professor de turma

B) Adequações curriculares individuais

C) Adequações no processo de matricula


D) Adequações no processo de avaliação

87
Envolvimento parental na educação de crianças com
necessidades educativas especiais (NEE)

• E) Currículo especifico individual


• F) Tecnologias de apoio
– Dispositivos e equipamentos que têm por objetivo
compensar uma limitação funcional e facilitar um
modo de vida independente – facilitadores do
desempenho de atividades e da participação dos
alunos com NEE nos domínios da aprendizagem e
da vida social e profissional

88
Envolvimento parental na educação de crianças com
necessidades educativas especiais (NEE)

• Direito e dever de participar em tudo o que respeite à educação


especial do seu filho/educando, acedendo a toda a informação
do processo individual do aluno;

• Sempre que os pais não exerçam o seu direito e dever de


participação, cabe à escola desencadear as respostas adequadas;

• Sempre que os pais não concordem com as medidas tomadas


pela escola, podem recorrer junto dos serviços competentes do
ME.

89

Você também pode gostar