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PESQUISA CIENTÍFICA
Autora: Yumara Lúcia Vasconcelos
MATERIAL DIDÁTICO
DATA DA ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO
25/08/2016
Autora: Yumara Lúcia Vasconcelos
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
1. Conceituar pesquisa científica
2. Apresentar os elementos estruturantes de uma pesquisa científica
1 Pesquisa científica
A pesquisa corresponde a um estudo motivado por uma indagação, curiosidade,
dúvida recorrente. Representa um estudo detalhado, estruturado e sistemático acerca
de determinado tema. Sua consecução é operacionalizada por meio da exploração de
uma realidade qualquer. Na verdade, visa conhecer essa realidade.
PESQUISA ATIVIDADE DE EXPLORAÇÃO DA REALIDADE COM A FINALIDADE DE
PROMOVER AÇÕES TRANSFORMADORAS (INTERVENÇÃO).
PESQUISA PENSAMENTO E AÇÃO.
A pesquisa está diretamente associada à busca, investigação, exploração,
interpretação da realidade e descoberta. Trata-se de um procedimento racional e
organizado que visa atingir um objetivo proposto.
O indivíduo pesquisa por razões diferentes, mas todas elas culminam na necessidade
de ‘conhecer’. O conhecimento constitui instrumento de intervenção na realidade
estudada. Para intervir adequadamente, e mesmo, ‘experimentar’, é preciso conhecer.
A pesquisa é o elo entre o momento de busca pelo CONHECIMENTO e a INTERVENÇÃO
propriamente dita na realidade (esquema didático 1).
PESQUISA
CONHECIMENTO
PESQUISA
Momento de
Intervenção
busca pelo
conhecimento
Fonte: a autora.
TEMA •GERAL
•AMPLO
•RECORTE NO TEMPO
DELIMITAÇÃO E/OU NO ESPAÇO
TEMÁTICA •TEMÁTICO (ASPECTOS
PARTICULARES)
•DECOMPOSIÇÃO DO TEMA
SEGUNDO O RECORTE.
•ÁREAS DE INTERESSE OU
SUBTEMA NECESSÁRIAS PARA
AVANÇAR NA PESQUISA
ESPECIFICIDADES TEMÁTICAS
(nascedouro do REFERENCIAL
TEÓRICO, pelo menos em sua primeira
versão)
Fonte: a autora.
Sempre recomendo aos pesquisadores que escolham temas originais, com relevância
ou impacto no campo, com potencial de agregar valor para a sociedade (potencial
contributivo em nível geral). Normalmente são critérios de escolha de um tema de
pesquisa: familiaridade; pertinência; relevância; atualidade e interesses diversos. Eleja
os seus critérios.
Desvie-se de conclusões baseadas no senso comum. Subjetivo, esse senso assenta-se
em impressões imediatas (sentidos), motivando inclusive, estudos sistematizados.
O tema de uma pesquisa não precisa ser inédito, portanto, não se amarre a
expectativas de terceiros e ideias preconcebidas quanto a um possível ineditismo.
Uma vez escolhido o tema, o passo seguinte é delimitá-lo, afinal precisará viabilizar a
pesquisa. Temas são amplos por natureza: o quê desse tema pretende explorar /
investigar?
Os temas nos apresentam um universo de possíveis recortes. O pesquisador precisa se
definir diante do tema. A leitura exploratória (aquela realizada sem compromisso, sem
grandes pretensões) é importante para se reconhecer a repercussão / impacto de um
tema, vislumbrando ‘possibilidades’ de delimitação.
Uma reflexão inicial necessária diz respeito aos motivos da escolha desse tema e da
pesquisa em si. O que te atraiu nesse tema? Possivelmente, esse ‘elo de atração’ será
o fio condutor da DELIMITAÇÃO e PROBLEMATIZAÇÃO.
A afinidade com o tema é importante porque deixa o pesquisador mais motivado,
receptivo à aprendizagem, enfim, em ESTADO DE PRONTIDÃO à novas ideias e
releituras. Essa é a condição ideal. Então, vamos ao nosso plano de trabalho:
1º. IDENTIFIQUE UM TEMA DE INTERESSE (escolha livre);
2º. O QUE TE ATRAIU NO TEMA E FOI DETERMINANTE PARA ESSA ESCOLHA?
3º. REALIZE UMA LEITURA EXPLORATÓRIA A RESPEITO DESSE TEMA, FOCANDO NESSE
PONTO DE ATRAÇÃO.
4º. APÓS ESSA APROXIMAÇÃO INICIAL, DELIMITE O TEMA ESCOLHIDO.
O tema, ainda que delimitado, não é suficiente para se desenvolver a pesquisa.
O passo seguinte é a definição do problema (questão problematizante).
O problema de uma pesquisa representa a essência de uma investigação.
Trata-se da questão que orienta o estudo (não solucionada ainda, e que é objeto de
discussão no domínio do conhecimento considerado).
É a questão ou lacuna que sua pesquisa pretende responder.
Uma vez formulado o problema, este poderá ser desdobrado questões secundárias ou
complementares. A solução de um problema pode ensejar a resposta de outras
questões de conteúdos tangentes ao tema. As pesquisas trazem conteúdos principais e
transversais.
Questões secundárias são aquelas associadas ao núcleo central da investigação
(problema), mas com relevância menor relativamente à questão principal (como a
própria denominação sugere). Essas questões são também conhecidas como
COMPLEMENTARES.
Essas questões inspiram objetivos específicos.
Estudos bibliométricos acolhem naturalmente questões complementares em razão do
volume de dados gerados.
O pesquisador pode refletir sobre possíveis respostas ao problema da pesquisa.
Qualquer ‘resposta’ entretanto, deverá ser validada (ou não) pelos resultados da
pesquisa.
Pois bem, as hipóteses são respostas provisórias à questão-problema (soluções
prováveis ou esperadas). Sua elaboração deve, necessariamente, ser fundamentada
pela literatura relacionada ao tema.
A elaboração das hipóteses é baseada, geralmente, em estudos anteriores. Sua
formulação ajuda a concatenar melhor as ideias, dentro de uma linha de
argumentação.
Para que os esforços de pesquisa sejam direcionados adequadamente é necessária a
definição de objetivos: geral e específicos.
Qual o objetivo principal da pesquisa?
O objetivo geral é definido como aquele que norteia e orienta a pesquisa. Abrangente,
deve ser compatível com a questão problematizante.
Os objetivos específicos descrevem propósitos secundários, mas necessários à
consecução do objetivo geral. Não se confunde com PROCEDIMENTOS.
PROBLEMA
(questão HIPÓTESE
problematizante) (afirmações)
METODOLOGIA
Fonte: a autora.
3 Escolha do tema
Os critérios para escolha do tema de pesquisa são variados. Existem, todavia, algumas
orientações. Vejamos algumas ao longo dos parágrafos seguintes.
É interessante pesquisar temas pouco explorados (não tratados com profundidade),
aqueles com recorte diferenciado, trazendo à tona discussões de repercussão, lacunas
ou desdobramentos de relevância social, econômica ou tecnológica. Escolhas
baseadas neste critério exigem leitura preliminar, familiaridade e segurança.
Entretanto, mesmo temas saturados (batidos) podem convidar a novos e inusitados
recortes.
Quando um tema de pesquisa ressalta uma dimensão não explorada, seu potencial
contributivo é maior e seu produto tende a se tornar visível na comunidade
acadêmica.
Recomenda-se evitar reproduzir abordagens já desenvolvidas (replicar), sob pena de o
trabalho parecer uma mera reedição de pesquisas anteriores. O propósito da pesquisa
não é reproduzir aquilo que já foi estudado, mas sim, atualizar e gerar novos
conhecimentos, agregar abordagens e promover releituras temáticas. Outros critérios
para escolha poderão ser adotados:
disponibilidade de fontes de consulta;
afinidade temática;
interesses práticos;
importância (valor contributivo, impacto, influência);
viabilidade (condições exigidas para operacionalização da pesquisa);
4 Problema de pesquisa
DESCRIÇÃO DA
SITUAÇÃO-PROBLEMA ENUNCIADO
TEMA DELIMITADO
/ ANTECEDENTES / (QUESTÃO)
CONTEXTUALIZAÇÃO
Fonte: a autora.
5 Hipóteses
6 Objetivos
Fonte: a autora.
7 Justificativa
CHECKLISTDE DE AVALIAÇÃO
1- Relevância do tema para o campo
2- Importância do recorte proposto
3- Repercussão (social, tecnológica, científica, etc.). A quem interessa os
dados de pesquisa? A pesquisa atende a alguma necessidade imediata?
Acenam para algum desenho teórico?
4- Pertinência considerando elementos do contexto
5- Razões teóricas (lacunas que o estudo preencherá, caráter inovador da
abordagem proposta, etc.)
6- Potenciais contribuições da pesquisa (produtos), visando convencer o
leitor acerca da VIABILIDADE e IMPORTÂNCIA DO TRABALHO.
8 Metodologia
SELEÇÃO
Fonte: a autora.
O uso de formulários é muito útil para a organização dos dados coletados, a partir das
leituras realizadas. Sugerimos alguns modelos.
Formulário 1
REFERÊNCIA:
METODOLOGIA
RESUMO (TRILHA
ENFOQUE/ ACOLHIDA
AUTORES REVISADOS DE CONTRIBUIÇÕES LACUNAS
ABORDAGEM (configurações
ARGUMENTAÇÃO)
metodológicas)
Fonte: a autora.
Essa ‘exploração’ é necessária e enriquece o trabalho científico, destacando aqueles
com abordagens relevantes para discussão da questão central de sua pesquisa.
Formulário 2
TÓPICOS AUTORES REVISADOS POSIÇÕES / TRECHOS RELEVANTES CONVERGÊNCIAS/DIVERGÊNCIAS
(REFERÊNCIAS) CONTRIBUIÇÕES DA OBRA (CITAÇÕES)
Fonte: a autora.
Os modelos apresentados são muito úteis para a redação de artigos, especificamente
da seção de fundamentação teórica. Esse formato de trabalho evita que a revisão de
literatura se resuma em um mosaico de conteúdo pouco relevante à construção da
argumentação (colcha de retalhos).
De modo geral, deve ser preocupação do pesquisador:
o verificar pesquisas anteriores (obedecendo a uma cronologia);
o identificar questões centrais, explicando as linhas de argumentação dentro do
campo investigado.
A definição dos marcos de referência constitui uma etapa obrigatória no desenho de
uma investigação (esquema didático 7 e 8).
Conheçamos, então, esses marcos!
Fonte: a autora.
DIAS, Donaldo de Souza e SILVA, Mônica Ferreira. Como escrever uma monografia:
manual de elaboração com exemplos e exercícios. São Paulo: Atlas, 2010.
ELLIOT, Lígia Gomes (Org.) Instrumentos de avaliação e pesquisa: caminho para
construção e validação. Rio de Janeiro: Wak, 2012.
JOHNSON, Telma. Pesquisa social mediada por computador: questões, metodologia e
técnicas qualitativas. Rio de Janeiro: E-papers, 2010.
KOZINETS, Robert V. Netnografia: Realizando Pesquisa Etnográfica Online. São Paulo:
Penso Editora LTDA, 2010.
LAVILLE, Christian. DIONNE, Jean. A construção do saber. Porto Alegre: Artmed, 1999
(reimpressão 2007).
LICK, Uwe. Introdução à metodologia da pesquisa científica. Porto Alegre: Artmed,
2013.
FAGUNDES, T.C.P.C. Metodologia de pesquisa: especialização em EAD. Salvador:
UNEB/EAD, 2009.
FARIAS FILHO, Milton Cordeiro. ARRUDA FILHO, Emílio J. M. Planejamento da pesquisa
científica. São Paulo: Atlas, 2013.
FLICK, Uwe Qualidade na pesquisa qualitativa: Coleção Pesquisa Qualitativa. Porto
Alegre: Artmed, 2009.
FLICK, Uwe. Desenho da pesquisa qualitativa: Coleção Pesquisa qualitativa. Bookman
Editora, 2009.
GIBBS, Graham. Analise de dados qualitativos: Coleção Pesquisa Qualitativa. Porto
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GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2002.
GRANGES, Gilles-Gaston. A Ciência e as ciências. São Paulo: Editora UNESP