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ÁREA JUDICIÁRIA 2015

Direito Constitucional
Éden Napoli

“Nunca deixe que o medo seja maior do que o EXCLUSIVAMENTE AS DECISÕES


sonho.” POLÍTICAS FUNDAMENTAIS DE UM POVO.

TEORIA DA CONSTITUIÇÃO – SENTIDOS, No seu pensar, constituição corresponde


CLASSIFICAÇÃO e ESTRUTURA. apenas a um conjunto de normas referentes aos
aspectos fundamentais do Estado, que ele
NOÇÕES TEÓRICAS denomina de decisões políticas fundamentais:
SENTIDOS OU CONCEPÇÕES DE organização do Estado, organização dos
CONSTITUIÇÃO Poderes e direitos e garantias fundamentais.
Nessa parte devemos conceituar Constituição.
Lembrando que ao conceituar qualquer instituto • SENTIDO JURÍDICO
surgirão diversos critérios, não sendo um mais O exponte foi o austríaco HANS KELSEN,
certo do que o outro, talvez, no máximo, mais baluarte deste sentido jurídico. Dentre suas
adequado. Procuramos trazer os que mais inúmeras obras, a mais significativa foi a
aparecem nas provas. chamada “TEORIA PURA DO DIREITO”.

O conceito de constituição, todavia, não pode KELSEN DEFINE A CONSTITUIÇÃO, NUMA


ficar desvinculado do exame do sentido ou ÓTICA ALTAMENTE NORMATIVISTA, COMO
concepções que ela pode apresentar. FUNDAMENTO DE VALIDADE DE TODO O
Tanto é que grande parte dos autores prefere ORDENAMENTO JURÍDICO.
conceituar Constituição a partir das várias
acepções existentes. Essas acepções podem Para KELSEN, a Constituição é NORMA PURA,
ser entendidas como concepções ou sentidos INSERIDA NO PLANO DO DEVER SER, E
de constituição. DESPROVIDA DE QUALQUER CONTEÚDO
SOCIAL OU POLÍTICO.
DICA: PARA CADA UM DOS SENTIDOS O Na lição do autor, Constituição se caracteriza
MAIS IMPORTANTE É IDENTIFICAR QUEM como FRUTO DA VONTADE RACIONAL DO
FOI O PRECURSOR, QUAL FOI A OBRA HOMES, E NÃO DAS LEIS NATURAIS.
ATRAVÉS DA QUAL ELE SE TORNOU
CONHECIDO, E QUAL FOI A IDEIA CENTRAL Para ele, a CF teria como norma fundacional a
QUE ELE DISSEMINOU. norma hipotética fundamental.

• SENTIDO SOCIOLÓGICO Nesse sentido, a concepção de Kelsen toma a


Tem como principal autor FERDINAND palavra constituição em dois sentidos: no lógico-
LASSALLE, que escreveu a obra “O QUE É jurídico e no jurídico-positivo.
UMA CONSTITUIÇÃO”, na versão original em - LÓGICO-JURÍDICO = Constiutuição significa
português, defendendo que a constutição é A norma hipotética fundamental, cuja função é
SOMA DOS FATORES REAIS DE PODER QUE servir de fundamento lógico transcendental de
REGEM UMA SOCIEDADE. validade da vonstituição jurídico-positiva.
Essa obra foi publicada pela editora Lumem Plano suposto (norma suposta).
Juris com o título: “A ESSÊNCIA DA
CONSTITUIÇÃO”. Em alemão o livro foi - JURÍDICO-POSITIVO = Constituição equivale
denominado ÜBER DIE VERFASSUNG à norma positiva suprema, à norma posta, à
(SOBRE A CONSTITUIÇÃO). norma positivada.

• SENTIDO POLÍTICO • SENTIDO CULTURAL,


Quem mais se destacou foi o alemão CARL CULTURALISTA, TOTAL OU IDEAL
SCHMITT na obra “TEORIA DA A concepção culturalista conduz a um conceito
CONSTITUIÇÃO” (VERFASSUNGSLEBRE). de Constituição Total. Sentido ideal é a mescla,
Ele veio a dar uma resposta à concepção de junção, convergência dos sentidos anteriores.
LASSALE, definindo constituição não em Para explicar seu sentido se invoca duas obras
resumo ao que está na realidade, mas sim como e autores que se relacionam com ele:
O CONJUNTO DE NORMAS, ESCRITAS OU 1. KONRAD HESSE – A FORÇA
NÃO ESCRITAS, QUE SINTETIZAM NORMATIVA DA CONSTITTUIÇÃO

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governantes e, normalmente, são designadas


2. PETER HÄBERLE – A SOCIEDADE pela doutrina de CARTAS.
ABERTA DE INTÉRPRETES DA • CESARISTA
CONSTITUIÇÃO É ideia de José Afonso da Silva, para quem tais
constituições são aquelas elaboradas por um
No Brasil, PAULO BONAVIDES atesta que não ditador, junta militar, porém, dependente de uma
adianta termos uma constituição estanque em aprovação popular.
um só dos sentidos. É precioso aliar a força • PACTUADA
normativa da Constituição, com o respeito e a É aquela firmada por um compromisso, um
efetivação do seu conteúdo. Por isso, pode-se pacto, um acordo entre duas forças políticas
encontrar o sentido ideal com o nome de adversárias.
SENTIDO CULTURAL DE CONSTITUÇÃO.
4- QUANTO À ESTABILIDADE
(CONSISTÊNCIA ou MUTABILIDADE):
CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES
1- QUANTO AO CONTEÚDO: • IMUTÁVEL
Não prevê nenhum processo de alteração de
• MATERIAL suas normas, sob o fundamento de que a
É o conjunto de normas escritas ou não escritas vontade do poder constituinte exaure-se com a
(costumeiras), fundadas em textos ou em meros manifestação da atividade originária.
costumes, que se limitam a dispor sobre a
estrutura do Estado, organização do Poder e
direitos e garantias fundamentais. • FIXA
É aquela cuja alteração está condicionada à
• FORMAL convocação do próprio poder constituinte
É conjunto de normas necessariamente originário, circunstância que implica não em
escritas, plasmadas em um documento alteração, mas em elaboração, propriamente,
formalmente elaborado pelo poder constituinte, de uma nova ordem constitucional.
tenham ou não valor constitucional material.
• RÍGIDA
2- QUANTO À FORMA: É aquela que admite alteração, todavia,
somente através de um processo legislativo
• ESCRITA (INSTRUMENTAL) mais solene, especial, e muito mais difícil que o
É aquela cujas normas são dispostas, racional e processo legislativo de elaboração das leis.
solenemente, em um único documento ou
instrumento que as consolida e sistematiza. • FLEXÍVEL
• NÃO ESCRITA (COSTUMEIRA) É aquela que admite alteração pelo mesmo
É aquela cujas normas podem se assentar em processo legislativo de alteração das leis.
costumes, em textos esparsos ou extravagantes
e nas decisões dos tribunais. • SEMI-RÍGIDA /SEMI-FLEXÍVEL
É aquela que separa, por categorias, as normas
3- QUANTO À ORIGEM: submetidas ao processo gravoso e aquelas
submetidas ao processo simplificado. É
• DEMOCRÁTICA (VOTADA, POPULAR parcialmente rígida e parcialmente flexível.
ou PROMULGADA)
É aquela cuja origem teve a decisiva OBS1: A MAIORIA DAS CONSTITUIÇÕES DO
participação do povo, que, por meio da eleição MUNDO SÃO RÍGIDAS.
de representantes legítimos, compõem um OBS2: TODAS AS CONSTITUIÇÕES
órgão constituinte. REPUBLICANAS DO BRASIL FORAM
• NÃO DEMOCRÁTICA (IMPOSTA, RÍGIDAS.
CARTA OPLÍTICA ou OUTORGADA) OBS3: A CF DO IMPÉRIO DE 1824, TODAVIA,
É aquela que na origem não teve qualquer FOI SEMI-RÍGIDA, POR FORÇA DO SEU ART.
participação do povo. São impostas pelos 178.

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OBS4: AS CONSTITUIÇÕES FLEXÍVEIS, POR KARL LOEWENSTEIN (idealizador dessa


SEU TURNO, NÃO SE SUBMETEM AO classificação ontológica – em sua obra Teoría
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE, de La Consttuición), comprava o texto
ISTO PORQUE NÃO HÁ SUPREMACIA E constitucional normativo, a uma roupa que
PARADIGMA. assenta bem, que realmente veste bem.

5- QUANTO À EXTENSÃO: • SEMÂNTICA (utilizada apenas para


justificar juridicamente o exercício autoritário do
• SINTÉTICA (CONCISA) poder)
É aquela que só traz o núcleo básico do texto Encontra-se submersa ao poder político
constitucional. prevalecente. Trata-se de um documento
formal, criado para beneficiar os detentores do
• ANALÍTICA (PROLIXA) poder de fato, que dispõem dos meios para
Aquela que trata de vários temas de forma coagir os governados.
minuciosa, definindo, largamente, os fins Aqui KARL LOEWENSTEIN comparava o texto
atribuídos ao Estado. normativo com uma roupa que não veste bem,
mas que dissimula, esconde, disfarça os seus
6- QUANTO AO MODO DE defeitos.
ELABORAÇÃO:
• NOMINAIS ou NOMINALISTAS (com
• DOGMÁTICA valor jurídico)
É aquela que, sempre escrita, resulta de uma Nela a dinâmica do processo político não se
manifestação constituinte ocorrida num adapta a suas normas, embora ela conserve,
determinado e exato momento da história em sua estrutura, um caráter educativo, com
política de um país que acolhe. vistas ao futuro da sociedade.
Seria uma constituição prospectiva, vale dizer,
• HISTÓRICA voltada para um dia ser realizada na prática. É
É aquela sempre não escrita e que resulta de como se fosse uma roupa guardada no armário,
uma lenta e contínua evolução das tradições e que será vestida futuramente, quando o corpo
costumes de um povo. nacional tiver crescido.

7- QUANTO À IDEOLOGIA (ou CARGA OBS: Até hoje não tivemos um texto
IDEOLÓGICA): constitucional normativo. A CF/88, sem dúvida,
é nominal. Esperamos, um dia, por uma
• ORTODOXA constituição normativa, em consonância com a
É aquela que resulta da consagração de uma só vida, com os fatores de transformação da
ideologia. sociedade, para valer na prática, produzindo
resultados concretos no plano da vida.
• ECLÉTICA (PLURALISTA ou A CF/88 PRETENDE SER NORMATIVA
COMPROMISSÓRIA) (GUILHERME PEÑA DE MORAES / PEDRO
É aquela que é plural, aberta a várias ideologias, LENZA.
logra conciliar várias ideias ou ideologias,
muitas das quais aparentemente contraditórias,
mas esse é o espírito das constituições plurais 9- QUANTO À SISTEMATIZAÇÃO:
ou plúrimas.
• UNITÁRIA
8- QUANTO À ESSÊNCIA (MODO DE SER Também são denominadas de reduzidas,
ou CLASSIFICAÇÃO ONTOLÓGICA): unitextuais ou codificadas. É aquela em que a
sistematização das matérias apresenta-se num
• NORMATIVA (com valor jurídico) instrumento único e exaustivo de todo o seu
Seria aquela perfeitamente adaptada ao fato conteúdo.
social. Ex. Todas as constituições brasileiras.
Além de juridicamente válida, ela estaria em
total consonância com o processo político. • VARIADA

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Também chamadas de não codificadas ou


legais, encontram-se previstas em textos
esparsos.

10 – QUANTO À FUNÇÃO OU FINALIDADE


(MANOEL GONÇALVES FERREIRA FILHO)

• CONSTITUIÇÃO GARANTIA
Busca garantir a liberdade, limitando o poder. É
aquela que possui um mínimo de garantismo.

• CONSTITUIÇÃO BALANÇO
É aquela destinada a registrar um dado estágio
nas relações de poder no Estado. A Constituição
é elaborada para espelhar certo período político,
findo o qual é elaborado outro texto
constitucional.

• CONSTITUIÇÃO DIRIGENTE
De texto denso (analíticas) é aquela que
estabelece um projeto de Estado.
É aquela que estabelece programas de ação
governamental e de implementação de direitos, ESTRUTURA DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL
de um ideal social, bem como princípios a serem DE 1988
observados. É a CF/88.
A estrutura é composta pelo preâmbulo, parte
Essa Constituição dirigente é caracterizada pela dogmática e parte transitória.
presença no texto de normas programáticas.
São normas que têm como destinatários diretos  PREÂMBULO
não os indivíduos, mas os órgãos estatais,
requerendo destes a atuação numa Preâmbulo é a parte precedente de uma
determinada direção, apontada pelo legislador Constituição que pré anuncia a carga ideológica
constituinte. da mesma, os valores que ela prestigia e os fins
por ela estabelecidos. Preâmbulo é um anúncio
11 – QUANTO AO SISTEMA
prévio do que virá.
• PRINCIPIOLÓGICA
Predominam os princípios, identificados como Segundo o STF, o preâmbulo não tem força
normas constitucionais providas de alto grau de coercitiva e, portanto, não pode servir de
abstração, consagradores de valores. parâmetro para o exercício do controle de
constitucionalidade.
• PRECEITUAL
Prevalecem as regras, individualizadas como As Constituições Estaduais e as leis orgânicas
normas constitucionais revestidas de pouco municipais podem ou não apresentar
grau de abstração. preâmbulo, pois não se trata de norma de
repetição obrigatória.

Para o Supremo, o preâmbulo é mero


instrumento de interpretação, não tem força
obrigatória, não é de repetição obrigatória. Se
situa no domínio da política, e não do direito.

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Por oportuno, já se questionou se a menção a - ADCT: Ato das Disposições Constitucionais


Deus no preâmbulo viola a ideia de Estado laico. Transitórias.
O STF disse que não. Vale lembrar que o
Estado é laico, leigo ou não confessional, mas a SÚMULAS E JURISPRUDÊNCIAS
nação não. Esta não é laica. SELECIONADAS

Assim, a finalidade da norma preambular é - STF / Ação Direta de Inconstitucionalidade –


interpretativa. Preâmbulo serve para dirimir ADI 2076 / “Invocação da proteção de Deus: não
conflitos, antinomias entre normas se trata de norma de reprodução obrigatória na
constitucionais. Constituição estadual, não tendo força
normativa”.
 PARTE DOGMÁTICA
QUESTÕES CORRELATAS
A carta é dogmática, pois apresenta condutas
que representam concepções políticas. A CF é I. (PF/AGENTE E ESCRIVÃO/CESPE/1997)
dogmática em 250 artigos e 9 títulos. Diz-se outorgada a constituição que surge sem
a participação popular.
A disposição dos títulos da CF demonstra como
existe hierarquia material entre as normas
II. (PF/AGENTE E ESCRIVÃO/CESPE/1997)
constitucionais (e isso é pacífico), muito embora
Considerando-se a classificação das normas
no aspecto formal não exista hierarquia.
constitucionais em formais e materiais, seriam
É fácil observar que as normas constitucionais dessa última categoria, sobretudo as normas
mais importantes estão no início da CF. concernentes à estrutura e à organização do
Estado, à regulação do exercício do poder e aos
 PARTE TRANSITÓRIA (ADCT) direitos fundamentais. Desse ângulo, outras
normas, ainda que inseridas no corpo da
As normas que integram o ADCT são normas de
Constituição escrita, seriam constitucionais tão
validade pré-determinada, transitória. São
somente do ponto de vista formal.
normas que têm um início, meio e fim pré-
definidos. A validade é previamente definida.
III. (AGU/PROCURADOR FEDERAL/
Quando seus objetos são alcançados, elas CESPE/2007) A invocação a Deus, presente no
deixam de ser importante, afinal, o motivo para preâmbulo da CF, reflete um sentimento
o qual foram criadas já não mais existe. São religioso, o que não enfraquece o fato de o
normas que ficam flutuando na Constituição. Estado brasileiro ser laico, ou seja, um Estado
em que há liberdade de consciência e de
As normas do ADCT têm força obrigatória, crença, onde ninguém é privado de direitos por
vinculante, coercitiva. motivo de crença religiosa ou convicção
filosófica.
DISPOSITIVOS LEGAIS RELACIONADOS

CONSTITUIÇÃO FEDERAL IV. (AGU/PROCURADOR FEDERAL/


CESPE/2007) O preâmbulo constitucional
- Preâmbulo. possui destacada relevância jurídica, situando-
se no âmbito do direito e não simplesmente no
- Títulos: I, II, III e IV. domínio da política.
- Art. 60.
V. (PGE-PE/PROCURADOR DO
- Art. 242, § 2º. ESTADO/CESPE/2009) O preâmbulo
constitucional, segundo entendimento do STF,

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tem eficácia jurídica plena, consistindo em


norma de repetição obrigatória nas
constituições estaduais.

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GABARITO

I. C
II. C
III. C
IV. E
V. E

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diferenciou o poder constituinte dos poderes


constituídos.

“Esperar não é perder tempo, é perceber que


há tempo pra tudo.”
3. TITULARIDADE

Em sua obrar, o Abade Sieyès apontava como


PODER CONSTITUINTE titular do poder constituinte a nação.

Para provas adotar o entendimento de que a


titularidade do poder constituinte pertence ao
NOÇÕES TEÓRICAS
povo (posicionamento tranquilamente
PODER CONSTITUINTE majoritário na doutrina moderna).

Assim, seguindo a tendência moderna, o


parágrafo único do art. 1º da CF/88 estabelece
1. CONCEITO DE PODER que todo poder emana do povo.
CONSTITUINTE
Vale ressaltar, por oportuno, que no tocante ao
Poder constituinte é o poder de elaborar (poder poder constituinte, a titularidade é aspecto
originário) ou atualizar (poder derivado distinto do exercício.
reformador) uma Constituição, através da
supressão, modificação ou acréscimo de Assim, o titular desse poder nem sempre é
normas constitucionais. quem o exerce.

Também se diz poder constituinte (poder 4. ESPÉCIES


derivado decorrente) o poder de organizar e
Para a doutrina mais avançada, o poder
instituir coletividades regionais.
constituinte é uno e indivisível. Só existe um
No Brasil, no verbo elaborar, é possível afirmar poder constituinte. Nesse sentido, tais autores
que nós já ultrapassamos oito exercícios do entendem que não existe grau de poder
poder constituinte originário: 1824, 1891, 1934, constituinte. É o caso de CELSO ANTÔNIO,
1937, 1946, 1967, 1969, 1988. PAULO BONAVIDES, EDVALDO BRITO.
CUIDADO: NÃO ADOTAR ESTE
Vale lembrar que a CF/69 formalmente era uma POSICIONAMENTO EM PROVA!
emenda, mas materialmente era uma
Constituição. Já para a doutrina voltada para os concursos
públicos, o poder constituinte pode ser dividido
em: originário e derivado.

2. ORIGENS DA TEORIA DO PODER


CONSTITUINTE
4.1 PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO
O grande teórico do poder constituinte foi o
Abade Emmanuel Joseph Sieyès, através do  CONCEITO
seu panfleto denominado “Que é o terceiro
Estado?”. Também pode ser chamado inicial, inaugural ou
de primeiro grau.
Foi nessa obra que o Abade, pela primeira vez,
na antevéspera da Revolução Francesa,

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É aquele poder que instaura uma nova ordem Fala, ainda, o constitucionalista Português, na
jurídica, rompendo por completo com a ordem necessidade de observância de princípios de
jurídica precedente. justiça (suprapositivos ou supralegais), e
princípios do direito internacional, quais
O objetivo fundamental do poder constituinte sejam o princípio da independência, da
originário, portanto, é criar um novo Estado, autodeterminação e o princípio da
diverso do que vigorava em decorrência da observância de direitos humanos.
manifestação do poder constituinte precedente.
OBS: COMO O BRASIL ADOTOU A
Este poder constituinte está acima da própria CORRENTE POSITIVISTA, NEM MESMO O
CF, e corresponde à vontade do titular do Poder DIREITO NATURAL LIMITARIA A ATUAÇÃO
Constituinte. Ele é anterior e posterior à própria DO PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO.
Constituição.
- INCONDICIONADO = porque não tem de se
 SUBDIVISÃO submeter a qualquer forma prefixada de
manifestação.
- histórico = seria o verdadeiro poder constituinte
originário, estruturando, pela primeira vez, o Em síntese: trata-se de um poder de fato,
Estado. político, energia ou força social e tem natureza
pré-jurídica.
- revolucionário = seriam todos os posteriores ao
histórico, rompendo por completo com a antiga  FORMAS DE EXPRESSÃO OU
ordem e instaurando uma nova, um novo MANIFESTAÇÃO
Estado.
- ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE
 CARACTERÍSTICAS OU CONVENÇÃO = nasce da deliberação da
representação popular. Brasil: 1891, 1934, 1946
- INICIAL = porque inaugura uma nova ordem
e 1988.
jurídica rompendo com a anterior. Por isso se diz
que o poder originário é constituinte e - OUTRGA = caracterizada pela declaração
desconstituinte. unilateral do agente revolucionário, quando há
usurpação do poder constituinte do povo. Brasil:
- AUTÔNOMO = porque só ao seu exercente
1824, 1937, 1967-1969;
cabe fixar os termos em que a nova Constituição
será estabelecida e qual o Direito deverá ser
implantado. 4.2 PODER CONSTITUINTE DERIVADO
- ILIMITADO = porque é soberano e não sofre
qualquer limitação prévia imposta pelo direito  CONCEITO
anterior. Como o próprio nome sugere, o poder
OBS: A doutrina contemporânea entende que constituinte derivado é criado e instituído pelo
há sim limites ao poder constituinte originário. originário, sendo também denominado
instituído, constituído, secundário e de segundo
Para CANOTILHO, o poder constituinte
originário é estruturado e obedece a padrões e grau.
modelos de condutas espirituais, culturais, Enquanto o originário está acima da CF, este
éticos e sociais radicados na consciência poder derivado encontra-se inserto na própria
jurídica geral da comunidade e, nesta medida, Carta.
considerados como “vontade do povo”.

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Assim, ao contrário do seu criador, que é próprias Constituições Estaduais, e o Distrito


ilimitado, incondicionado e inicial, o derivado Federal de elaborar a sua lei orgânica distrital.
deve obedecer as regras impostas pelo
originário. Tal competência decorre da capacidade de
auto-organização, prevista no art. 25, caput, da
 CARACTERÍSTICAS CF/88: “os Estados organizam-se e regem-se
pelas Constituições e leis que adotarem,
- DERIVADO = porque deriva do poder observados os princípios dessa
constituinte originário. Constituição”.
- LIMITADO = porque a constituição lhe impõe E o que deve ser entendido por princípios dessa
limitações. Constituição? Quais são os limites à
manifestação do poder constituinte derivado
- CONDICIONADO = porque só pode se
decorrente? São eles:
manifestar de acordo com as formalidades
traçadas na Constituição. - PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS
SENSÍVEIS (APONTADOS OU
 ESPÉCIES
ENUMERADOS)
Este poder divide-se em poder reformador e
São os limites fixados no art. 34, VII, “a” – “e”.
decorrente:
- PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS
- REFORMADOR – consiste no poder de
ESTABELECIDOS (ORGANIZATÓRIOS)
alterar e atualizar a constituição.
São aqueles que vedam a ação indiscriminada
A CF admite duas formas de alteração:
do poder constituinte decorrente, por isso
mediante emendas constitucionais e revisão
funcionam como balizas reguladoras da
constitucional.
capacidade de auto-organização dos Estados.
- EMENDAS = Emendas são alterações Ex. repartição de competência, sistema
pontuais do texto constitucional, cujo tributário, organização dos poderes, direitos
procedimento se encontra previsto na própria políticos, direitos de nacionalidade, etc.
Constituição.
- PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS
- REVISÕES = A revisão se destina à alteração EXTENSÍVEIS
global e geral do texto constitucional, por meio
São aqueles que integram a estrutura da
de formalidades mais simples do que as
federação brasileira, relacionando-se, por
concernentes às emendas.
exemplo, com a forma de investidura dos cargos
No entanto, a previsão da revisão constitucional eletivos, processo legislativo, orçamento,
foi excepcional e autorizada para ocorrer uma preceitos ligados à administração pública, etc.
única vez, em data pré-estabelecida (a partir de
A CE tem que respeitar, necessariamente, a CF.
cinco anos após a promulgação da
Tanto é assim que ela está submetida ao
Constituição).
controle de constitucionalidade.
Essa única revisão pela qual passou a
Os municípios possuem leis orgânicas, que não
Constituição resultou em 6 emendas de revisão.
se equiparam às constituições. Por isso, não
- DECORRENTE – Traduz-se no poder que têm exercem poder decorrente, até porque não
os estados-membros de elaborarem suas existe poder constituinte decorrente, decorrente.

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As leis orgânicas têm de respeitar tanto a CE, Vale lembrar que as emendas constitucionais
como a CF. (exercício do poder constituinte derivado
reformador), não podem abolir uma cláusula
O DF possui lei orgânica. Como se sabe, o DF pétrea, mas podem modificá-la. Pode modificar,
acumula tanto competências estaduais como por exemplo, para ampliar as cláusulas pétreas.
municipais. Ex. ampliação do rol dos direitos fundamentais,
Nesse sentido, o DF exerce o poder constituinte a exemplo do direito à moradia que veio com a
EC 26/2000. Lembrar que a alimentação foi
derivado decorrente em parte. Haja vista que,
como estudado, também acumula competência inserida como direito social com a EC 64/10.
estadual. Assim, naquilo que a lei orgânica trata Uma EC pode restringir um direito fundamental,
de competência estadual, há exercício do poder dês que amplie outro. Se abolir ou apenas
constituinte derivado decorrente. restringir, será inconstitucional.
OBS: PARA LENZA (mudando de opinião) E As limitações materiais são:
DIRLEY, O PODER CONSTITUINTE
DERIVADO DECORRENTE NÃO SÓ É a) FORMA FEDERATIVA DE ESTADO
EXERCIDO PELOS ESTADOS MESMBROS,
MAS TAMBÉM PELO DISTRITO FEDERAL. Forma de governo e sistemas de governo não
constituem cláusulas pétreas.
OBS: A norma constitucional ainda pode
sofrer modificação sem alteração expressa b) VOTO DIREITO, SECRETO,
do seu texto, mudando-se apenas o sentido UNIVERSAL e PERIÓDICO
interpretativo. Esse fenômeno se chama
O voto obrigatório não constitui cláusula pétrea.
mutação constitucional, interpretação Ou seja, uma emenda constitucional pode vir
constitucional evolutiva ou poder a determinar que o voto seja facultativo.
constituinte difuso. Com a mutação
constitucional não se muda o texto, mas sim c) SEPARAÇÃO DOS PODERES
o alcance do sentido interpretativo da norma,
por necessidade do contexto. Corresponde ao princípio da separação dos
poderes, idealizado por Aristóteles, passado
5. LIMITES AO PODER REFORMADOR para John Lock, passado para Montesquieu,
que levou a fama na obra “O espírito das leis”.
Tais limites estão previstos no art. 60 da CF. Os
limites são em número de 4, e foi o poder Assim, também pode vir chamada de separação
constituinte originário quem os definiu. das funções estatais. Hodiernamente, também
com esta nomenclatura o doutrinador alemão
5.1 LIMITES MATERIAIS KARL LOEWENSTEIN.
Correspondem às cláusulas pétreas, previstas Essa expressão, inclusive, é mais adequada,
no art. 60, § 4º, da CF.
pois não há separação estanque entre os
OBS: MUITO EMBORA A CONSTITUIÇÃO poderes, afinal cada poder possui suas funções
DIGA QUE AS CLÁUSULAS PÉTREAS NÃO típicas e atípicas.
PODEM SER ABOLIDAS, ESTA LIMITAÇÃO d) DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS
NÃO SE ESTENDE AO PODER
CONSTITUINTE ORIGINÁRIO. NESSE Houve aí uma grande atecnia. Incorre em erro o
SENTIDO PODE-SE AFIRMAR QUE NÃO HÁ legislador ao se referir apenas aos direitos e
CLÁUSULAS IMUTÁVEIS. garantias individuais, quando melhor seria ter
feito referência a todos os direitos fundamentais,

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que é gênero do qual “direitos individuais e 513) ou do Senado Federal (27 de 81); III) mais
coletivos” são espécies. da metade das assembleias legislativas das
unidades da federação, manifestando-se cada
Os direitos fundamentais se dividem em 5 uma delas pela maioria relativa de seus
modalidades, e todas devem ser consideradas membros.
cláusulas pétreas.
Não cabe iniciativa popular para alterar a
Direitos individuais e coletivos – art. 5º; Constituição Federal.
Direitos sociais – art. 6º ao 11; Já as Constituições Estaduais e as Leis
Direitos relativos à nacionalidade – arts. 12 ao Orgânicas admitem alteração por iniciativa
popular.
13;

Direitos políticos – arts. 14 ao 16; OBS: SEGUNDO O STF, SÓ É ADMITIDO O


PRINCÍPIO DA SIMETRIA OU PARALELISMO
Direitos dos partidos políticos – art. 17. CONSTITUCIONAL DE NORMA SUPERIOR
PARA NORMA INFERIOR. ASSIM, NÃO
Mas caso a pergunta seja de acordo com a PODERÁ UMA CONSTITUIÇÃO ESTADUAL
literalidade da Constituição, deve-se marcar SERVIR DE PARÂMETRO PARA A
apenas os direitos e garantias individuais. CONSTITUIÇÃO FEDERAL. POR ISSO QUE
NÃO CABE EMENDA POR INICIATIVA
Em síntese: é pacífico que todos os direitos
POPULAR.
fundamentais são cláusulas pétreas, mas
expressamente a CF só se refere aos direitos e b) QUANTO AO PROCEDIMENTO DE
garantias individuais. ELABORAÇÃO DAS EMENDAS
CONSTITUCIONAIS
5.2 LIMITES CIRCUNSTANCIAIS
É encaminhada para a Câmara dos Deputados
Estes estão presentes no art. 60, § 1º, e
ou Senado Federal. Depende de quem seja a
consistem nos períodos de instabilidade política,
iniciativa. Devem ser discutidas duas vezes,
econômica e social que legitimam o Presidente
com 3/5 de aprovação (308 na CD e 49 no SF).
da República a editar decreto que instaure a
intervenção federal, estado de defesa e estado
de sítio.
Quem promulga são as mesas da Câmara ou do
Em períodos tão instáveis a CF não pode vir a Senado.
ser alterada. Enquanto perdurar alguma dessas
situações, uma PEC poderá até ser discutida, A única participação do Presidente da República
muito embora não possa ser aprovada. é quando ele propõe a PEC.

5.3 LIMITES FORMAIS OU Quando o texto de uma PEC é rejeitado ele só


PROCEDIMENTAIS poderá ser objeto de nova proposta na próxima
sessão legislativa.
a) QUANTO À LEGITIMIDADE PARA
ENCAMINHAMENTO DE PEC’S Sessão legislativa não se confunde com
legislatura.
Os legitimados para o encaminhamento são os
Uma legislatura é composta de quatro sessões
elencados nos incisos I, II e III do art. 60 da CF.
legislativa e cada uma delas é composta de dois
I) Presidente da República; II) 1/3, no mínimo,
dos membros da Câmara do Deputados (171 de períodos legislativos.

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O primeiro período legislativo vai de 02/02 a Do jeito que a CF se encontra hoje, não é
17/07 e de 01/08 a 22/12. possível mais emendas de revisão.

As emendas constitucionais devem ser


discutidas 2 vezes, em cada casa legislativa,
com o quórum de aprovação de 3/5 de seus DISPOSITIVOS LEGAIS RELACIONADOS
membros. Caso a EC seja emendada, a CONSTITUIÇÃO FEDERAL:
reemenda também precisa ser discutida 2 vezes
e aprovada com o quórum de 3/5. - Art. 34, VII

Lei complementar e lei ordinária quem promulga - Art. 60 – com todos os incisos e parágrafos.
é o Presidente, mas quem promulga as
emendas são as mesas da Câmara e do - ADCT – Ato das Disposições Constitucionais
Senado. Transitórias:

5.4 LIMITAÇÃO TEMPRORAL Art. 3º.

Traduz-se no interstício durante o qual a lei SÚMULAS E JURISPRUDÊNCIAS


fundamental não poderá ser objeto de alteração. SELECIONADAS

A nossa atual Carta Magna não estabeleceu - STF / Ação Direta de Inconstitucionalidade –
qualquer limitação temporal para alteração. ADI 939 / Cláusulas pétreas.
Nesse sentido, tendo sido promulgada em 5 de
-STF / Recurso Extraordinário – RE 587008 / “O
outubro de 88, no dia 6 a CF já poderia receber
poder constituinte derivado não é ilimitado, visto
uma emenda constitucional.
que se submete ao processo consignado no art.
Todavia, essa mesma Constituição estabeleceu 60, §§ 2º e 3º, da CF, bem assim aos limites
no art. 3º do ADCT limitação temporal quanto às materiais, circunstanciais e temporais dos §§ 1º,
revisões. 4º e 5º do aludido artigo. A anterioridade da
norma tributária, quando essa é gravosa,
Previu que tais revisões seriam realizadas após representa uma das garantias fundamentais do
5 anos, contados da promulgação da contribuinte, traduzindo uma limitação ao poder
Constituição, pelo voto da maioria absoluta impositivo do Estado”.
dos membros do Congresso Nacional, em
sessão unicameral. QUESTÕES CORRELATAS

Acerca dos limites para essas revisões, a teoria I. (TCE-ES/PROCURADOR ESPECIAL DE


prevalecente foi a que estabeleceu como limite CONTAS/CESPE/2009) No tocante ao poder
material o mesmo limite determinado ao poder constituinte originário, o Brasil adotou a corrente
constituinte derivado reformador, qual seja, o positivista, de modo que o referido poder se
limite material das cláusulas pétreas. revela ilimitado, apresentando natureza pré-
jurídica.
O ano em que ocorreram as revisões foi o
imediatamente subsequente ao quinto ano da II. (MP/PR/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2008)
promulgação, logo, 1994. Assim, todas as seis A CF prevê expressamente o poder de reforma,
revisões ocorreram em 1994. o qual materializa o poder constituinte derivado.

Mas, como visto, quanto às emendas III. (STF/ANALISTA/2008) Um deputado


constitucionais, não houve limitação temporal. federal pretende cumprir um compromisso de
campanha de fazer uma emenda à CF visando

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alterar o sistema Tributário Nacional, o qual


considera muito complexo e oneroso para a
sociedade. Essa proposição legislativa deve ser
apresentada na Câmara dos Deputados
subscrita por, pelo menos, um terço dos
deputados federais.

IV. (STF/ANALISTA/2008) A CF, conforme seu


próprio texto, pode ser emendada por meio de
iniciativa popular, desde que o projeto seja
subscrito por, no mínimo, 1% do eleitorado
nacional, distribuído por, pelo menos, cinco
estados, com não menos de 0,3% dos eleitores
de cada um deles.

V. (TRF5/JUIZ/2009) A CF admite emenda


constitucional pode meio de iniciativa popular.

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GABARITO

I. C
II. C
III. C
IV. E
V. E

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inseridas na Constituição, possuem a eficácia


jurídica.

“Nenhum obstáculo será tão grande, se a sua A eficácia jurídica corresponde à irradiação de
vontade de vencer for maior.” efeitos da norma constitucional perante o
ordenamento jurídico. Todas as normas que
estão inseridas na Constituição têm status de lei
APLICABILIDADE E EFICÁCIA DAS NORMAS fundamental, no aspecto formal,
CONSTITUCIONAIS E PRINCÍPIOS independentemente da correspondência
FUNDAMENTAIS perante a sociedade.

NOÇÕES TEÓRICAS b) SOCIAL

APLICABILIDADE E EFICÁCIA DAS NORMAS É a norma que tem ressonância na sociedade.


CONSTITUCIONAIS Por isso se diz norma de eficácia social. Há
normas que estão na constituição, mas não
1. APLICABILIDADE possuem eficácia social.

a) IMEDIATA A eficácia social consiste na efetividade da


norma constitucional, ou seja, a norma que é
Normas de aplicabilidade imediata são aquelas sentida e reconhecida pelo cidadão.
autoexecutáveis.
Ex. art. 7º, IV – tem eficácia jurídica, mas não
São as normas que não dependem de outras tem eficácia social (norma do salário mínimo).
para produzir efeitos. É aquela norma que em si
só já basta. OBS: NÃO EXISTE NORMA
CONSTITUCIONAL COMPLETAMENTE
b) MEDIATA DESTITUÍDA DE EFICÁCIA. UMA NORMA
PODE ATÉ NÃO POSSUIR EFICÁCIA SOCIAL,
São normas não autoexecutáveis. Exigem um MAS CERTAMENTE POSSUIRÁ A CHAMADA
regramento posterior para que possam produzir EFICÁCIA JURÍDICA, QUE É A APTIDÃO
efeitos sociais. Precisa desse arcabouço PARA CONDICIONAR O ORDENAMENTO
posterior. JURÍDICO.
A sistematização de JOSÉ AFONSO DA SILVA 3. CLASSIFICAÇÃO DO PROFESSOR
no que tange à aplicabilidade eficácia das JOSÉ AFONSO DA SILVA – ADOTADA
normas é falível e contraditória, em que pese NO STF
ser aceita no STF.

A principal crítica que se dispara é a alocação a) NORMAS DE EFICÁCIA PLENA


das normas programáticas como espécie das É aquela que desde a sua entrada em vigor,
normas de eficácia limitada. está apta a produzir todos os seus efeitos.
2. EFICÁCIA É norma de aplicabilidade direta, imediata e de
efeitos integrais, que só poderá sofrer
a) JURÍDICA limitações por outra norma constitucional, ou
É a norma na sua literalidade. É o texto seja, outra norma do mesmo patamar.
codificado. Todas as normas constitucionais, só
pelo aspecto formal, ou seja, por estarem

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Como exemplos a doutrina aponta normas que b) PROGRAMÁTICA – São aquelas que se
criam órgãos ou atribuem competências (art. 2º, revestem sob a forma de promessas ou
19, 20, 21, 22, 24, etc.). programas a serem desempenhados pelo
Estado para a consecução dos seus fins sociais.
b) NORMA DE EFCÁCIA CONTIDA
São políticas públicas a serem adotadas pelo
Chamada de norma de eficácia redutível, Estado, que dependem de um orçamento
restringível ou prospectiva, também é aquela estabelecido. Ex. art. 3º da CF. Ex. direito à
norma que desde a sua vigência está apta a saúde, educação, cultura, ciência e tecnologia,
produzir todos os seus efeitos, todavia PODERÁ etc.
TER SUA ABRANGÊNCIA REDUZIDA POR
OUTRAS NORMAS (constitucionais ou É a norma que informa uma aspiração. Não é
infraconstitucionais). porque é programática que não é imperativa.
Elas também são cogentes e devem ser
Assim, também tem aplicabilidade direta e efetivadas.
imediata, mas possivelmente não integral
(pois poderá sofrer mitigações). OBS: NOVAS NOMENCLATURAS.

O exemplo mais clássico é o art. 5º, XIII da CF, MARIA HELENA ainda acrescenta à
que afirma ser livre o exercício de qualquer classificação as normas supereficazes ou com
trabalho ofício ou profissão, nos termos e limites eficácia absoluta.
que a lei estabelecer.
Assim são chamadas porque contêm uma força
c) NORMA DE EFICÁCIA LIMITADA paralisante de toda e qualquer legislação que,
explicita ou implicitamente vier a contrariá-las.
São aquelas que desde a sua promulgação não
estão aptas a produzir todos os seus efeitos, Essas normas se perfazem nas chamas
precisando de uma lei integrativa cláusulas pétreas.
infraconstitucional.
Ainda com a professora MARIA HELENA DINIZ
É norma de aplicabilidade indireta, mediata, (opinião também de UADI LAMMÊGO BULOS),
reduzida ou diferida. Depende de regramento normas constitucionais de eficácia exaurida
posterior para apresentar eficácia social. (ou esvaída) e aplicabilidade esgotada são
aquelas, como o próprio nome sugere, que já
Vale lembrar que tais normas possuem o extinguiram a produção de seus efeitos, por isso
mínimo efeito de vincular o legislador estão esgotadas. São próprias do ADCT,
infraconstitucional aos seus vetores. notadamente as normas que já cumpriram o
As normas de eficácia limitada se dividem em papel, encargo ou tarefa para a qual foram
dois grupos: propostas.

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS -
a) INSTITUTIVA OU ORGANIZATIVA –
São aquelas que englobam a organização dos COMENTÁRIOS AOS ARTIGOS 1º AO 4º
poderes e do Estado. Ex. art. 33 , 88, 91, § 2º da ART. 1º - FUNDAMENTOS DA REPÚBLICA
CF. FEDERATIVA DO BRASIL
São normas que contêm esquemas gerais de Além de listar os fundamentos da República,
estruturação de instituições, órgãos ou consagra o art. 1º da CF as bases políticas do
entidades. Ex. art. 18, §2º, 33, 102, §1º. Estado brasileiro, a saber: princípio federativo
(consagrando a forma de Estado), princípio

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republicano (consagrando a forma de governo), dentro do Estado, é a potestade. Significa


princípio do Estado Democrático de Direito supremacia no âmbito interno.
(definindo o regime político).
OBS: A UNIÃO NÃO É SOBERANA.
 PRINCÍPIO FEDERATIVO SOBERANO É O ESTADO BRASILERO
 PRINCÍPIO REPUBLICANO (REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL).
 PRINCÍPIO DO ESTADO
A União (pessoa jurídica de direito público
DEMOCRÁTICO DE DIREITO
interno) é ente federativo autônomo, todavia,
O Estado democrático se assenta no pilar da não é superior aos demais entes que compõem
soberania popular, pois a base do conceito de a federação brasileira.
democracia está ligada à noção de governo do
Assim, em síntese, pode-se dizer que quem
povo, pelo povo e para o povo.
exerce soberania é o Estado brasileiro,
O art. 1º da CF elenca quais seriam os representado pela União.
fundamentos constitucionais da República
2. CIDADANIA
Federativa do Brasil.
A cidadania pode ser compreendida em dois
Todos os fundamentos formam o processo
sentidos:
mnemônico SO CI DI VA PLU.
 SENTIDO AMPLO
1. SOBERANIA
Consiste no conjunto de direitos e obrigações
Para a doutrina majoritária, três são os
firmadas entre o Estado e o nacional.
elementos que compõem o Estado. São eles:
Todo indivíduo que integra o povo brasileiro é
SOBERANIA, que pode ser dividida em externa
cidadão.
e interna.
O real sentido de cidadania não se restringe ao
- POVO, que não se confunde com nação e
campo dos direitos políticos.
população.
Já se disse que exercer a cidadania plena é ter
- TERRITÓRIO, que pode ser jurídico ou
direitos civis, políticos e sociais.
geográfico.
Logo, este é o conceito que melhor atende aos
Dos três elementos constitutivos do Estado,
postulados de dignidade humana.
apenas a soberania é também fundamento da
República Federativa do Brasil.  SENTIDO ESTRITO
Logo, a soberania pode ser entendida como um Cidadão em sentido mínimo ou restrito é o
elemento constitutivo do Estado. cidadão eleitor.
A soberania externa é aquela que resguarda o Esse é o conteúdo jurídico tradicional da
princípio da não intervenção, nas suas diversas expressão cidadania, que reconduz ao exercício
dimensões (não intervenção cultural, linguística, do direito político ativo (capacidade eleitoral
etc.). Significa independência na ordem ativa = votar).
internacional.
OBS: A LEGITIMIDADE ATIVA PARA
A soberania interna significa que o poder do PROPOSITURA DA AÇÃO POPULAR ESTÁ
Estado não pode ser limitado por nenhum outro CIRCUNSCRITA AO CONCEITO DE CIDADÃO
poder. O poder do Estado é o mais alto existente

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EM SENTIDO ESTRITO. ESSA CIDADANIA SE Tal princípio não deve ser confundido com
COMPROVA POR MEIO DO TÍTULO DE pluripartidarismo – sistema que permite a
ELEITOR (art. 1º, § 3º da lei 4.717/65). criação de inúmeros partidos.

OBS: MEDIDA PROVISÓRIA NÃO PODE Em verdade, sua abrangência é muito maior,
TRATAR SOBRE NORMAS RELATIVAS À significando um direito fundamental à diferença
CIDADANIA (nem direitos políticos, partidos em todos os âmbitos de expressões da
político, direito eleitoral e direitos de convivência humana. Tanto nas escolhas de
nacionalidade – dentre outras matérias). natureza política, quanto nas de caráter
religioso, econômico, social e cultural.
3. DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
Liga-se à ideia de tolerância, significando que
Trata-se do fim supremo de todo o direito e é o ninguém pode ser vítima de preconceitos, de
fundamento maior do Estado brasileiro. ódio ou de perseguições pelo simples fato de ser
OBS: SEGUNDO A DOUTRINA MAJORITÁRIA, diferente, afinal o normal é ser diferente.
O PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESOA ART. 1º, PRÁGRAFO ÚNICO
HUMANA PODE SER RELATIVIZADO SOB O
FUNDAMENTO DE QUE NÃO EXISTEM Diz que todo poder emana do povo, que o
PRINCÍPIOS ABSOLUTOS. exerce por meio dos seus representantes eleitos
ou diretamente, nos termos desta Constituição.
O que difere o princípio da dignidade da pessoa Trata-se da chamada democracia participativa
humana dos demais princípios é o fato de tratar- (semidireta), combinando-se elementos do
se de um princípio meta, um princípio fim. sistema representativo com os da democracia
direta.
Ou seja, todo e qualquer conflito de princípios
deve ter como solução aquela que mais se Exemplos de democracia direta são o plebiscito,
aproxima da dignidade da pessoa humana. referendo e a iniciativa popular.
Essa solução não pode ser prévia e abstrata, ART. 2º - TRIPARTIÇÃO DAS FUNÇÕES
pois sempre deverá ser analisado o caso ESTATAIS
concreto.
São poderes da União independentes e
4. VALORES SOCIAIS DO TRABALHO E harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e
DA LIVRE INICIATIVA o Judiciário.
A primeira Constituição brasileira a fazer Primeiro; o poder é uno e indivisível. Divididas
referência à valorização do trabalho foi a de são as funções do Estado. Portanto, é técnico e
1946; referência essa mantida nas correto se referir à tripartição das funções
Constituições de 1967 e 1969. estatais.
A livre iniciativa, por sua vez, deve ser A partir dessa ideia nós conhecemos a
compatibilizada à valorização do trabalho, pois possibilidade de exercício de funções típicas e
ambos constituem fundamento do Estado atípicas.
brasileiro e consagram, por assim dizer, a opção
constitucional pela ideologia democrático-social. ART. 3º - OBJETIVOS FUNDAMENTAIS DA
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL -
5. PLURALISMO POLÍTICO GPCE

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Os objetivos fundamentais constituem normas CONSTITUIÇÃO FEDERAL:


programáticas.
- Arts. 1º, 2º, 3º, 4º, 5º, XIII, 7º, IV, 18, § 2º, 19,
Normas programáticas são as que estabelecem 20, 21, 22, 24, 33, 102, § 1º.
políticas públicas a serem implementadas pelo
Estado para a consecução dos seus fins sociais.

Objetivos são metas a serem alcançadas, são SÚMULAS E JURISPRUDÊNCIAS


ações. SELECIONADAS

OBS: SEMPRE QUE A ASSERTIVA ESTIVER


COMPSTA DE VERBOS E METAS, - Súmulas vinculantes nº: 11 e 14.
ESTAREMOS DIANTE DE OBJETIVOS
FUNDAMENTAIS, QUE NÃO SE CONFUNDE
QUESTÕES CORRELATAS
COM OS FUNDAMENTOS DA REPÚBLICA.
Ex. construir, garantir, erradicar e promover.

O rol dos objetivos fundamentais é meramente I. (TRT/PR/Técnico/2007) Norma


exemplificativo, ou seja, não se trata de rol constitucional de eficácia contida é aquela que,
taxativo, tendo em vista a existência de vários sendo autoaplicável, autoriza a posterior
outros objetivos fundamentais que não estão restrição por parte do legislador
previstos expressamente no texto infraconstitucional.
constitucional.
II. (TJ/RJ/Analista/2008) A República
ART. 4º - PRINCÍPIOS QUE REGEM A
Federativa do Brasil admite o direito de
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL NAS secessão, desde que esta se faça por meio de
SUAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS
emenda à CF, com três quintos, no mínimo, de
São dez incisos que perfazem o processo aprovação em cada casa do Congresso
mnemônico CC II DNA PRS. Nacional, em dois turnos.

Destaque para PREVALÊNCIA DOS DIREITOS III. (TJ/RJ/Analista/2008) A República é uma


HUMANOS forma de Estado. A federação é uma forma de
governo.
Esse é um dos princípios mais importantes,
principalmente em decorrência da EC 45/04 que IV. (TJ/RJ/Analista/2008) São poderes da União,
tratou da reforma do Poder Judiciário e inseriu o dos estados e do DF, independentes e
§ 3º ao art. 5º da Constituição. harmônicos, o Legislativo, o Judiciário e o
Com a nova redação, tem-se que: Executivo.

“Os tratados e convenções internacionais sobre V. (STJ/Analista/2008) O Brasil é regido, nas


direitos humanos que forem aprovados em suas relações internacionais, pelo princípio da
cada Casa do Congresso Nacional, em dois autodeterminação dos povos, mas repudia o
turnos, por três quintos dos votos dos terrorismo e o racismo.
respectivos membros, serão equivalentes às
emendas constitucionais”.

DISPOSITIVOS LEGAIS RELACIONADOS

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GABARITO

I. C
II. E
III. E
IV. E
V. C

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“Nunca deixe de ser forte. Nunca deixe de há que se falar em direitos sem as suas próprias
acreditar em você. Tenha orgulho de quem garantias.
você é.”
CLÁUSULA DE ABERTURA MATERIAL OU DE
INESGOTABILIDADE DOS DIREITOS
FUNDAMENTAIS
TEORIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
O art. 5º, § 2º da Constituição Federal
estabelece que “os direitos e garantias
NOÇÕES TEÓRICAS expressos nesta Constituição, não excluem
outros decorrentes do regime e dos princípios
São fundamentais porque estes direitos por ela adotados, ou dos tratados internacionais
manifestam-se como pressupostos de um em que a República Federativa do Brasil seja
estado democrático de direito. parte”.

Assim, a fundamentalidade reside na A partir da leitura do dispositivo, contata-se que


essencialidade desses direitos para a pessoa o Brasil adotou um sistema materialmente
humana – que não existe dignamente sem eles aberto de direitos fundamentais, não se
– e no fato de serem pressupostos de um estado podendo considerar taxativa a enumeração dos
democrático de direito. direitos fundamentais no Título II da
Constituição.

TITULARIDADE ou DESTINATÁRIOS DOS


DIREITOS HUMANOS, DIREITOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
FUNDAMENTAIS E GARANTIAS
FUNDAMENTAIS – DISTINÇÃO NECESSÁRIA Não resta dúvida de que todos os seres
humanos são titulares de direitos fundamentais.
- CONCEITO DE DIREITOS HUMANOS Pode-se indagar, porém, se apenas as pessoas
físicas protagonizam tais direitos.
São o conjunto de bens jurídicos, prerrogativas,
franquias e instituições que explicitam e - PESSOAS JURÍDICAS TITULARIZANDO
concretizam a dignidade humana como o fim de DIREITOS FUNDAMENTAIS
assegurar a existência solidária, igual e fraterna
entre as pessoas. Não há, em princípio, impedimento insuperável
a que as pessoas jurídicas venham, também, a
- CONCEITO DE DIREITOS FUNDAMENTAIS serem consideradas titulares de direitos
fundamentais, não obstante estes,
Direitos fundamentais são os direitos humanos
originalmente, terem por referência a pessoa
incorporados na ordem jurídica dos Estados.
física.
- CONCEITO DE GARANTIAS
Garantias, porém, que dizem respeito à prisão
FUNDAMENTAIS
têm as pessoas físicas como destinatárias
Conjunto de medidas ou providências, exclusivas. Da mesma forma como ocorre com
destinadas à proteção, segurança e efetivação os direitos políticos, direitos sociais, assistência
dos direitos fundamentais. social etc.

Assim, a garantia é a medida de proteção dos OBS: Pessoas jurídicas de direito público
direitos fundamentais. Ex. remédios possuem, por exemplo, direitos fundamentais
constitucionais. Todo direito tem que ter a sua de caráter processual (ou do tipo procedimental
garantia, a sua forma jurídica de proteção. Não

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– devido processo legal, contraditório, ampla EVOLUÇÃO E DIMENSÕES DOS DIREITOS


defesa). FUNDAMENTAIS

- DIREITOS FUNDAMENTAIS DOS A doutrina dispara uma crítica à expressão


ESTRANGEIROS “geração”, tendo vista que a evolução dos
direitos fundamentais traduz uma relação de
Ao contrário da literalidade do art. 5º, caput, os complementaridade, e não hereditariedade.
direitos fundamentais são extensíveis aos
estrangeiros residentes no país, bem com aos Gerações ou dimensões de direitos
não residentes, aqueles que aqui estejam de correspondem a uma sucessão temporal de
passagem, a exemplo dos turistas. Esse afirmação e acumulação de novos direitos
entendimento está pautado no princípio vetor de fundamentais.
nosso ordenamento, qual seja a dignidade da
pessoa humana (art. 1º, III, CF/88).

EFICÁCIA HORIZONTAL DOS DIREITOS


FUNDAMENTAIS

O tema da eficácia horizontal dos direitos


fundamentais é também denominado pela
doutrina de eficácia privada ou externa dos
direitos fundamentais. Paulo Bonavides já fala na 5º dimensão cuja
tônica seria o direito à paz mundial, podendo ser
Surge como importante contraponto à ideia de exemplificado no combate ao terrorismo.
eficácia vertical dos direitos fundamentais, que
se desenha a partir da aplicação dos direitos DISPOSITIVOS LEGAIS RELACIONADOS
fundamentais nas relações entre o particular e o
poder público. CONSTITUIÇÃO FEDERAL:

Nesse sentido, temos que o Brasil adota a: - Arts. 5º, caput, § 1º, § 2º, § 3º e § 4º.

CÓDIGO CIVIL:
 TEORIA DA EFICÁCIA DIRETA OU - Art. 52
IMEDIATA – para essa teoria, os direitos
fundamentais têm aplicação direta e imediata às SÚMULAS E JURISPRUDÊNCIAS
relações privadas, independente de prévia SELECIONADAS
atividade legislativa. Essa teoria foi acolhida na
Espanha, Itália, Argentina e Portugal, onde há - Súmulas vinculantes: 3 e 5.
inclusive norma expressa na sua Constituição
QUESTÕES CORRELATAS
da República Portuguesa. No Brasil, a doutrina
e a jurisprudência do STF adotam a teoria da
eficácia direta e imediata. Essa tendência não é I. (MP/RO/Promotor/2008) O art. 5º da CF
mais senão a aplicação do que preconiza, entre prevê que ninguém pode ser submetido a tortura
nós, o § 1º do art. 5º, que determina a nem a tratamento desumano ou degradante.
aplicabilidade imediata das normas de direitos Entretanto, esse dispositivo não tem
fundamentais. aplicabilidade imediata devido ao fato de não ter
sido regulamentado no plano infraconstitucional.

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II. (TER/MT/Analista/2010) Os direitos e


garantias fundamentais estão previstos de
forma taxativa na CF.

III. (MP/AM/Promotor/2007) A partir da


Emenda Constitucional nº 45/04, que introduziu
os parágrafos 3º e 4º ao art. 5º da CF, os
tratados e convenções internacionais sobre
direitos humanos passaram a ter força de
emenda constitucional, desde que tais atos
internacionais sejam aprovados em ambas as
casas congressuais, em turno simples de
votação, e por maioria simples de votos de seus
respectivos membros.

IV. (STJ/Analista/2008) Os direitos e garantias


fundamentais são considerados elementos
limitativos das constituições.

V. (MP/AM/Promotor/2007) Embora o art. 5º


da CF disponha de forma minuciosa sobre os
direitos e as garantias fundamentais, ele não é
exaustivo e não exclui outros direitos.

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GABARITO

I. E
II. E
III. E
IV. C
V. C

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 CRITÉRIO TERRITORAL (jus solis) – a


nacionalidade é a do local do nascimento, e
não da descendência. Aqui interessa saber o
local, território onde a pessoa nasceu.

 CRITÉRIO SANGUÍNEO (jus sanguinis) – a


nacionalidade está ligada ao parentesco, pois o
que interessa para a nacionalidade é o sangue,
a filiação, a ascendência, pouco importando o
local onde o indivíduo nasceu.

“Você não é derrotado quando perde. Você é


SECUNDÁRIA (SECUNDÁRIA ou DE 2º GRAU)
derrotado quando desiste.”
Aquela que resulta de um ato voluntário,
DIRIETO DE NACIONALIDADE
consistente num concurso de vontades
NOÇÕES TEÓRICAS entre o pretendente estrangeiro, que deseja
obter a nacionalidade de outro país, e a
DIREITOS DE NACONALIDADE concordância do outro Estado em conceder
a nacionalidade e receber o estrangeiro
CONCEITO
como nacional.
Nacionalidade é um vínculo de natureza jurídica
No Brasil há a lei 6.815/80, que no art. 112
e política que liga determinada pessoa a um
define os pressupostos para a naturalização do
determinado estado soberano, quer em razão
estrangeiro.
do nascimento, quer em razão da naturalização.
NACIONALIDADE - OS BRASILEIROS NA
Nacional não se confunde com cidadão. A rigor,
CF/88
todo cidadão é nacional, mas nem todo nacional
é um cidadão. Cidadão é o nacional no pleno A Constituição relaciona quem são os
gozo dos direitos políticos. brasileiros, tanto os originários (natos), como os
secundários (naturalizados).
ESPÉCIES E AQUISIÇÃO DA
NACIONALIDADE No art. 12, os natos estão no inciso I, os
naturalizados, no inciso II.
ORIGINÁRIA (PRIMÁRIA ou de 1º GRAU)
 NATOS (aquisição de nacionalidade
Aquela que resulta de um fato involuntário
originária)
ou natural, que consiste no nascimento.
A CF, sendo o Brasil um país de imigração,
Então, originariamente ela é adquirida pelo
explicitamente consagra o critério territorial, mas
nascimento.
o fez como regra, comportando exceções.
Todavia, dentro dessa espécie é possível
Assim, são natos (rol taxativo):
encontrar dois critérios, a serem adotados pelos
Estados, determinantes na aquisição da Art. 12, I, “a” (critério territorial) - os nascidos
nacionalidade. no Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde
que estes não estejam a serviço de seu país.

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Art. 12, I, “b” (critério sanguíneo + serviço do A ordinária é qualquer estrangeiro, por isso que
Brasil) - os nascidos no estrangeiro, de pai ou é na forma da lei. Nessa segunda hipótese, são
mãe brasileira, quando qualquer deles estiver a estrangeiros de países de língua portuguesa (p.
serviço da República Federativa do Brasil. ex. Portugal, Angola, Moçambique, Guiné
Bissau, Açores, Cabo Verde, Príncipe, Timor
Art. 12, I, “c” (critério sanguíneo + 1) registro Leste), por isso basta manifestar sua vontade e
ou 2) opção confirmativa = nacionalidade cumprir os requisitos previstos na constituição,
originária potestativa) - os nascidos no além da aquiescência brasileira.
estrangeiro, de pai ou mãe brasileira, que forem
registrados na repartição brasileira competente, Art. 12, II, “b” - EXTRAORDINÁRIA – quaisquer
OU vierem a residir no Brasil, e optarem, a estrangeiros, residentes ininterruptamente no
qualquer tempo, desde que atingida a Brasil, há mais de quinze anos, requerendo a
maioridade, pela nacionalidade brasileira. identidade nacional, desde que não tenha
sofrido condenação penal.
Repartição brasileira competente aí pode ser
entendida como Consulados ou também as OBS: AINDA NA FORMA DA LEI (APESAR DO
seções consulares nas Embaixadas, bem com SILÊNCIO CONSTITUCIONAL), PODEMOS
as repartições diplomáticas. ENCONTRAR:

Veio com a EC 54 (que corrigiu imperfeição - RADICAÇÃO PRECOCE: admitidos no


trazida pela EC 3/94) e inseriu o art. 95 ao território durante os primeiros cinco anos de vida
ADCT, além de modificar o art. 12 da CF. e radicados definitivamente, confirmando a
nacionalidade até dois anos após atingir a
Antes, só se viesse residir aqui, agora, foi maioridade.
acrescentada esta nova hipótese.
- CONCLUSÃO DE CURSO SUPERIOR:
OBS: A CRIANÇA QUE VENHA A RESIDIR estrangeiros que passam a residir no Brasil
COM OS PAIS AQUI, SEGUNDO O STF, É antes da maioridade, que façam curso superior
BRASILEIRA NATA, SÓ QUE ELA TEM ESSA em estabelecimento nacional e requeiram a
SITUAÇÃO PERMANECIDA ATÉ OS nacionalidade até um ano depois da formatura.
DEZOITO ANOS, QUANDO DEVERÁ FAZER
A OPÇÃO; SE NÃO FIZER, PERDE A  DISTINÇÃO ENTRE BRASILEIROS
NACIONALIDADE ORIGINÁRIA. TRATA-SE NATOS E NATURALIZADOS
DE CONDIÇÃO SUSPENSIVA.
A lei não poderá estabelecer distinções entre
 NATURALIZADOS (aquisição de brasileiros natos e naturalizados. Mas a CF faz
nacionalidade secundária) distinções:

Art. 12, II, “a” - ORDINÁRIA – os que, na forma 1. CARGOS PRIVATIVOS DE


da lei, adquiram a nacionalidade brasileira. BRASILEIRO NATO - 12, § 3º.
2. QUANTO À EXTRADIÇÃO - Art. 5º, LI.
Também são naturalizados, os estrangeiros 3. COMPOSIÇÃO DO CONSELHO DA
provenientes de países de língua portuguesa, REPÚBLICA - Art. 89, VII.
que residam aqui por um ano ininterrupto e 4. PROPRIEDADE DE EMPRESAS
possuam idoneidade moral. Aqui já não é na JORNALÍSTICAS E DE RÁDIO
forma da lei, basta ser originário de país de DIFUSÃO DE SONS E IMAGENS – Art.
língua portuguesa, comprovar a residência 222.
ininterrupta por um ano aqui, e ter idoneidade
moral.

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5. PERDA DA NACIONALIDADE PELA É possível, depois de declarada a perda da


PRÁTICA DE ATIVIDADE NOCIVA AO nacionalidade, que ela seja readquirida? Sim! É
INTERESSE NACIONAL – art. 12, § 4º. possível a reaquisição da nacionalidade.

PERDA DA NACIONALIDADE Se a perda se der por cancelamento judicial da


naturalização, só por ação rescisória. É
Duas são as hipóteses de perda de hipótese, portanto, bastante remota. Nunca
nacionalidade prevista na Constituição. poderá haver novo processo de naturalização.
 Quando for cancelada a naturalização Na segunda hipótese, a reaquisição será
por sentença judicial (transitada em possível desde que o sujeito volte a estar
julgado, apesar do silêncio – ver art. domiciliado no Brasil e requeira a nacionalidade
15, I) em razão de prática nociva ao (ao Ministro da Justiça para decreto do
interesse nacional. Presidente).
Restringe-se à nacionalidade secundária, ou Depende da aquiescência (decreto presidencial)
seja, só se aplica aos brasileiros naturalizados. e, para parte da doutrina, o sujeito volta a ter a
mesma nacionalidade que possuía (volta ao
A sentença que decide pela perda da
status quo ante).
nacionalidade opera efeitos EX NUNC.
Nesse sentido, José Afonso com base no art. 36
 Também se perde a nacionalidade
da lei 818/49. A doutrina do professor Dirley
brasileira (PROCEDIMENTO
também caminha assim.
ADMINISTRATIVO – decreto do
Presidente) com a aquisição de outra Para Moraes, entretanto, só com novo processo
nacionalidade, salvo nos casos de: de naturalização onde, até o nato, passa a ser
naturalizado. Este último entendimento parece
i) Reconhecimento de nacionalidade ser atualmente o majoritário.
originária. Quando a aquisição da
nacionalidade estrangeira se deu por força da
legislação estrangeira e não por simples e mera
QUASE NACIONAL - A SITUAÇÃO DOS
vontade do brasileiro. Ex. descendente de
PORTUGUESES NO BRASIL (art. 12, § 1º).
italianos, nascido no Brasil, que adquire a
nacionalidade italiana. É mero reconhecimento Desde que haja reciprocidade, a CF assegura
da nacionalidade originária italiana em virtude aos portugueses residentes no Brasil os
do vínculo sanguíneo. mesmos direitos que os brasileiros
naturalizados. Isso se, à luz da constituição
ii) Imposição de naturalização pela norma portuguesa, lá em Portugal brasileiro puderem
estrangeira. Como condição de permanecer, titularizar os mesmos direitos inerentes aos
ou exercer direitos civis no país (p. ex. herança), portugueses.
impõe-se a aquisição da nacionalidade
estrangeira. Neste caso, assim como no narrado DISPOSITIVOS LEGAIS RELACIONADOS
acima, não haverá perda da nacionalidade
brasileira. Ex. é o que frequentemente ocorre CONSTITUIÇÃO FEDERAL:
com os jogadores de futebol, que para jogarem - Arts. 12 e 13.
nos clubes estrangeiros, têm de se naturalizar
no país do clube (condição de permanência). ESTATUTO DO ESTRANGEIRO:

- Arts. 112 e 115.

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SÚMULAS E JURISPRUDÊNCIAS V. (DPE/PI/Defensor Público/2009) Podem


SELECIONADAS naturalizar-se brasileiros estrangeiros que
residam no país há mais de dez anos e que
STF: tenham idoneidade moral reconhecida,
RE 418.096, Rel. Min. Carlos Velloso. exigindo-se, dos portugueses e dos originários
de países de língua portuguesa, apenas
RE 415. residência permanente.

957, Rel. Min. Sepúlveda Pertence.

QUESTÕES CORRELATAS

I. (PGE/PB/Procurador/2008) São brasileiros


natos os nascidos no estrangeiro, de pai
brasileiro ou de mão brasileira, desde que
venham a residir na República Federativa do
Brasil e optem, a qualquer tempo, pela
nacionalidade brasileira.

II. (MP/RN/Promotor/2009) São brasileiros


natos os nascidos no estrangeiro de pai
brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam
registrados em repartição brasileira competente
ou venham a residir na República Federativa do
Brasil, antes da maioridade e, alcançada esta,
optem, em qualquer tempo, pela nacionalidade
brasileira.

III. (MP/SE/Promotor/2010) Os estrangeiros


originários de países de língua portuguesa
adquirirão nacionalidade brasileira se
mantiverem residência contínua no território
nacional pelo prazo mínimo de quatro anos,
imediatamente ao período de naturalização.

IV. (TER/BA/Analista/2009) Como forma de


aquisição da nacionalidade secundária, de
acordo com a Constituição Federal de 1988, é
possível o processo de naturalização tácito ou
automático, para todos aqueles que se
encontram no país há mais de dez anos e não
declaram a intenção de conservar a
nacionalidade de origem.

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GABARITO

I. E
II. E
III. E
IV. E
V. E

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“A distância entre o sonho e a conquista São todas as normas constitucionais que,


chama-se ATITUDE!” fomentando o exercício da cidadania, investem
o brasileiro na condição de cidadão e
consequentemente das prerrogativas de
votar e ser votado, capacitando o brasileiro do
DIRIETOS POLÍTICOS
poder de participar direta ou indiretamente das
decisões políticas nacionais e do próprio
processo político nacional.
NOÇÕES TEÓRICAS
Tais direitos têm como núcleo fundamental os
DIREITOS POLÍTICOS direitos políticos ativos e os direitos políticos
passivos.
No capítulo IV do título II, a CF dispôs de um
conjunto de normas para disciplinar o exercício  DIRIETOS POLÍTICOS ATIVOS
da soberania popular (art. 14 a 16).
São aqueles que investem o cidadão da
Tais normas receberam a designação de capacidade eleitoral ativa. Constituem a
direitos políticos, justamente por tratarem da capacidade de ser eleitor, de votar. Todavia,
participação do povo no processo de condução depende do preenchimento das condições de
da vida política nacional. alistabilidade.

São condições de alistabilidade: nacionalidade


brasileira, idade mínima de 16 anos, não ser
MODALIDADES DE DIREITOS POLÍTICOS
conscrito durante o serviço militar obrigatório
As normas constitucionais, tais como ordenadas (conscrito é o recrutado para o serviço militar
na Constituição, delineiam duas modalidades de obrigatório).
direitos políticos: DIREITOS POLÍTICOS
De acordo com a CF, o alistamento eleitoral e o
POSITIVOS e DIREITOS POLÍTICOS
voto são obrigatórios para os maiores de dezoito
NEGATIVOS.
anos; e facultativos para os analfabetos,
As normas que tratam dos direitos políticos maiores de setenta, e para os jovens de
positivos têm como núcleo fundamental o direito dezesseis e dezessete anos.
de votar e o direito de ser votado.
Esta condição de alistabilidade é conditio sine
Já as normas constitucionais que dispõe de qua non para a aquisição da cidadania política.
direitos políticos negativos, possuem como Cidadania política é a condição do nacional em
ponto central os institutos das inelegibilidades, e gozo dos direitos políticos.
da perda e suspensão dos direitos políticos.
Nem todo nacional é juridicamente um cidadão,
mas todo cidadão é juridicamente um nacional,
salvo a situação dos portugueses com
- DIREITOS POLÍTICOS POSITIVOS (DIREITO residência permanente no país, amparados pelo
DE SUFRÁGIO) pacto da reciprocidade.
Assim são chamados porque compreendem o É a partir desta condição que os direitos
conjunto normas constitucionais que se políticos positivos podem ser usufruídos.
destinam a afirmar e fomentar o exercício da
cidadania no Brasil, investindo o cidadão no
direito de votar e de ser votado.
 DIREITOS POLÍTICOS PASSIVOS

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São aqueles que investem o cidadão da  INELEGIBILIDADES


capacidade eleitoral passiva. Consistem na
capacidade de ser eleito, de ser votado. São restrições constitucionais que privam o
Também possuem condições, só que estas cidadão do direito político de ser votado.
chamadas de condições de elegibilidade.
Têm por fim proteger a probidade administrativa,
As condições de elegibilidade são (art. 14, §3º): a moralidade para o exercício do mandato,
considerada a vida pregressa do candidato, e a
a) NACIONALIDADE BRASILEIRA normalidade e a legitimidade das eleições
b) PLENO EXERCÍCIO DOS DIREITOS contra a influência do poder econômico ou o
POLÍTICOS abuso do exercício de função, cargo ou
c) ALISTAMENTO ELEITORAL emprego na administração direta ou indireta
d) DOMICÍLIO ELEITORAL NA (art. 14, §9º).
CIRCUNSCRIÇÃO
e) FILIAÇÃO PARTIDÁRIA A Constituição prevê algumas hipóteses de
f) IDADE MÍNIMA – 35 – Presidente, Vice inelegibilidades (art. 14, §§ 4º ao 7º), remetendo
e Senador. 30 – Governador e Vice. 21 – à lei complementar a definição de outras que
Deputado Federal, Deputado Estadual, assegurem os seus fins.
Deputado Distrital, Prefeito e Vice e Juiz
As inelegibilidades podem ser absolutas ou
de Paz. 18 – Vereador. Vale lembrar
relativas.
que o requisito da idade deve ser
comprovado no ato da posse, e não As inelegibilidades ABSOLUTAS - privam o
da candidatura (art. 11, § 2º da Lei cidadão do direito de ser votado a qualquer
9.504/97 e Res. N. 22.156/TSE). mandato eletivo. Art. 14, § 4º.

Tem, portanto, que preencher as condições de Em razão do caráter limitativo, não podem ser
elegibilidade, e não incidir em nenhuma das previstas em lei; só a Constituição as prevê.
inelegibilidades.
Na CF são absolutamente inelegíveis: os
É preciso ter cuidado para não confundir a inalistáveis e os analfabetos. Inalistáveis são o
capacidade eleitoral ativa, com a capacidade estrangeiro e, durante o serviço militar
eleitoral passiva. Isso porque, nem todo eleitor obrigatório, os conscritos.
pode ser eleito, mas todo aquele que pode ser
eleito, deve ser necessariamente um eleitor. Já as inelegibilidades RELATIVAS - são
aquelas que privam o cidadão de se eleger a
- DIREITOS POLÍTICOS NEGATIVOS alguns mandatos eletivos.

Compreendem um conjunto de normas A CF prevê três hipóteses de inelegibilidade


constitucionais de restrição, de privação, relativa (14, §§ 5º ao 7º), mas remete ao
que limitam o exercício da cidadania, quer legislador infra a possibilidade de estabelecer
impedindo o gozo da capacidade eleitoral mais inelegibilidades relativas para preservar a
passiva (inelegibilidades), quer neutralizando os lisura das eleições, de modo que além dessas
próprios direitos políticos, afetando tanto a três hipóteses há outras previstas na lei
capacidade eleitoral ativa como a capacidade complementar 64, que já sofreu várias
eleitoral passiva (perda e suspensão). modificações.

Têm por núcleo fundamental as inelegibilidades A três inelegibilidades relativas na CF são:


e os casos de perda e suspensão dos direitos
políticos.

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i) VEDAÇÃO AO 3º MANDADO SUSPENSÃO - é privação temporária (o mero


SUBSEQUENTE (se aplica a decurso do tempo devolve).
chefes de Executivo)
ii) DESINCOMPATIBILIZAÇÃO (se Perda e suspensão são privações da cidadania
aplica a chefes de Executivo) autorizadas pela Constituição.
iii) INELEGIBILIDADE REFLEXA CASSAÇÃO – é privação abusiva, ao
(se aplica a parentes de chefes desamparo da CF, muito utilizada durante o
de Executivo)
regime de ditadura militar que assolou o país.
Por isso mesmo é expressamente vedada pela
CF.
VER SÚMULA VINCULANTE Nº 18.
Segundo a intelecção do art. 15 da CF, é vedada
a cassação dos direitos políticos, cuja perda e
suspensão se dará nos casos de:
- O CASO DO MILITAR – ART. 14, § 8º e A
POSSIBILIDADE DE CANDIDATURA SEM I. Cancelamento da naturalização por
PARTIDO. sentença transitada em julgado.
II. Incapacidade civil absoluta.
Curiosidade: agregação é a situação na qual o III. Condenação criminal transitada em
militar da ativa deixa de ocupar a vaga na escala julgado, enquanto durarem os seus
hierárquica de seu Corpo, Quadro, Arma ou efeitos.
Serviço, nela permanecendo sem número (art. IV. Recusa de cumprir obrigação a todos
80 da Lei 6.880/80). imposta ou prestação alternativa,
nos termos do art. 5º, VIII.
OBS: a filiação partidária não é exigível para o
militar da ativa que contar com mais de dez anos V. Improbidade administrativa nos
de serviço, cumprindo-lhe, tão-só, promover o termos do art. 37, § 4º. A CF, todavia,
registro da candidatura, a partir do qual será não indica quais são os casos de
perda e quais são os casos de
agregado.
suspensão.

Nada obstante, convencionou a doutrina


 PERDA E SUSPENSÃO DOS
apontar como causas de perda, por consistirem
DIREITOS POLÍTICOS
e privação permanente e definitiva desses
As causas de perda e suspensão dos direitos direitos, as hipóteses do inciso I e do IV
políticos encerram o elenco das restrições (cancelamento de naturalização e recusa de
impostas aos direitos políticos. São limitações cumprir obrigação a todos imposta).
excepcionais que anulam os próprios direitos
As demais hipóteses são de simples
políticos positivos, atingindo tanto a capacidade
suspensão, exatamente porque causam
eleitoral ativa como a passiva.
privação meramente provisória desses diretos.
Distinguem-se perda e suspensão dos diretos
DISPOSITIVOS LEGAIS RELACIONADOS
políticos.
CONSTITUIÇÃO FEDERAL:
PERDA – é privação definitiva e permanente
(depende de uma providência para a - Arts. 14 a 16.
reaquisição).

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SÚMULAS E JURISPRUDÊNCIAS
SELECIONADAS

STF:

- Súmula Vinculante nº 18.

TSE:

- Res. n. 22.156

QUESTÕES CORRELATAS

I. (TRF5/JUIZ/2009) É vedado aos


estrangeiros, ainda que naturalizados
brasileiros, o alistamento como eleitores.

II. (TRF5/JUIZ/2007) Os analfabetos, embora


alistáveis, não possuem direitos políticos
passivos, pois não podem concorrer a cargos
eletivos.

III. (DPE/PI/DEFENSOR/2009) Os casos de


inelegibilidade absoluta implicam restrições
específicas a certos tipos de cargos ou funções
eletivas; assim, diferentemente das
inelegibilidades relativas, reportam-se ao cargo
ou pleito eleitoral, e não às características da
pessoa.

IV. (PGE/PB/PROCURADOR/2009) O
Presidente da República, os governadores de
estado e do DF e os prefeitos que concorram a
outros cargos eletivos, tais como senador ou
deputado, devem renunciar aos respectivos
mandatos até seis meses antes do pleito.

V. (DPE/ES/DEFENSOR/2009) Caso o prefeito


de um município e seu filho, deputado estadual,
sejam candidatos à reeleição para os mesmos
cargos, não haverá inelegibilidade.

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GABARITO:

I. E
II. C
III. E
IV. C
V. C

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e vir (ex. HC contra instauração de inquérito


“Tudo tem seu tempo, entretanto, nem por isso criminal, para a tomada de depoimento, etc.)
perca tempo.”
Lembrando que se cabe HC, não será cabível
MS. Todavia, nada impede, em situações de
patente constrangimento ilegal ou de flagrante
AÇÕES CONSTITUCIONAIS
abuso de poder, que o Judiciário converta o
mandamus em ordem de HC.

NOÇÕES TEÓRICAS Vale lembrar, também, as hipóteses onde não


cabe HC.
HABEAS CORPUS
Em conformidade com o § 2º do art. 142 da CF:
HISTÓRICO
“Não caberá ‘habeas corpus’ em relação a
A origem do instituto do habeas corpus remonta punições disciplinares militares”.
o direito inglês, notadamente a partir da Magna
Carta de 19 de junho de 1215, em seu capítulo Contudo, cumpre ressaltar que o não cabimento
XXIX, outorgada pelo Rei João-sem-Terra, por de habeas corpus em relação a punições
pressão dos barões. disciplinares militares é restrição que se
circunscreve ao exame de mérito do ato,
No Brasil, foi instituído pela primeira vez no conforme vem decidindo reiteradamente o STF.
código de processo criminal de 1832 (art. 340),
vindo a ter assento constitucional com a Assim, a “legalidade da imposição de punição
Constituição de 1891, cujo § 22 do art. 72 o constritiva da liberdade, em procedimento
previra em termos amplos, circunstância que administrativo castrense, pode ser discutida por
originou a famosa e sempre lembrada doutrina meio de habeas corpus”. Para a doutrina, o que
brasileira do habeas corpus liderada por Ruy deve ser vedado ao controle judicial é o exame
Barbosa, que o entendia com ação destinada a acerca da conveniência ou oportunidade da
proteger qualquer direito. medida disciplinar adotada, mas jamais a
análise dos pressupostos de legalidade (a
LEGISLAÇÃO PERTINENTE hierarquia, a pena, etc.).

 CF – art. 5º, LXVIII. LER DISPOSITIVO. Também não caberá HC nas hipóteses
 CPP – art. 647 a 667 elencadas nas súmulas 691 a 695 do STF. LER
AS SÚMULAS.
Não existe regulamentação infraconstitucional
específica para o habeas corpus. LEGITIMIDADE

CABIMENTO  ATIVA

Visa proteger o direito fundamental de O Código de Processo Penal atribui legitimação


locomoção (art. 5º, XV): direito de ir, vir e universal para o seu ajuizamento. Nesse
permanecer (Gilmar Mendes...). sentido, o art. 654, do Código de Ritos, dispõe
verbum ad verbo: “o habeas corpus poderá ser
A liberdade de locomoção há de ser entendida impetrado por qualquer pessoa, em seu favor
de forma ampla, afetando toda e qualquer ou de outrem, bem como pelo Ministério
medida de autoridade que possa, em tese, Público”.
acarretar constrangimento para a liberdade de ir

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Prescinde, o impetrante, de qualquer outro cível, quando a prisão decorre, e.g., da


atributo, além do só fato de ser pessoa. Assim, inadimplência de prestação alimentícia.
podem postular a ordem de HC, p.ex., o
estrangeiro, ainda que não residente, o Aqui se aplica a mesma distinção feita no MS
absolutamente incapaz, o analfabeto, etc. entre autoridade impetrada e autoridade
coatora.
OBS: O IMPETRANTE (quem impetra,
postulando em juízo a concessão da ordem) CABIMENTO DE TUTELA PREVENTIVA
PODE SER O PACIENTE (quem se beneficia),
É plenamente admissível a concessão de
MAS TAMBÉM PODERÁ NÃO SER (ex. MP e medida liminar em sede de habeas corpus.
pessoa jurídica na qualidade de
impetrantes). Os requisitos para o deferimento da medida
initio littis, assim como ocorre no processamento
Quando impetrante e paciente não são a mesma do mandado de segurança, são aqueles
pessoa, trata-se de impetração em favor de 3º comuns às medidas cautelares, quais sejam: o
(ou habeas corpus de terceiro), mesmo que
fumus boni iuris (juízo de probabilidade ou
contra a sua vontade, pois se trata de direito verossimilhança quanto à decisão favorável) e o
indisponível. periculum in mora (risco de dano grave), que,
O manejo do writ dispensa a constituição de por seu turno, apresenta-se sempre evidente.
advogado, de procuração, e, por força do art.
ESPÉCIES
5º, LXXVII, da Carta de Outubro, trata-se de
uma ação gratuita.  PREVENTIVO – AMEAÇA DE
VIOLÊNCIA OU COAÇÃO À
Pessoa jurídica pode impetrar HC?
LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO
Sim, desde que em favor de pessoa física com  REPRESSIVO – QUANDO A
ela relacionada (também o MP). CONSTRIÇÃO À LIBERDADE JÁ
TIVER SIDO CONSUMADA
Pessoa jurídica, ordinariamente, não pode ser  DE OFÍCIO – EXCEÇÃO AO PRINCÍPIO
paciente de HC. A polêmica existe em DA INÉRCIA DE JURISDIÇÃO
decorrência dos crimes ambientais que podem
ser cometidos por ela (art. 225, § 3º).

 PASSIVA MANDADO DE SEGURANÇA

Figurando no polo passivo dessa ralação HISTÓRICO


jurídica processual estará a autoridade
Cuida-se de uma invenção brasileira, já
coatora, que poderá ser tanto um agente do
afirmava Buzaid, instituída pela Constituição de
poder público (delegado de polícia, juiz,
1934, desprezada pela Carta autoritária de
tribunal, membro do Ministério Público, etc.),
1937, mas restabelecida pela Constituição
como um particular (hospitais, clínicas
democrática de 1946 (art. 141, § 24) e mantida
psiquiátricas, etc.).
pela de 1967 (art. 150, § 21), inclusive por sua
Insta salientar que, não obstante tratar-se o Emenda nº 01/69 (art. 153, § 21), e pela atual.
habeas corpus de uma ação constitucional
de caráter penal, este não se limita a esta
esfera de competência, haja vista a LEGISLAÇÃO PERTINENTE
possibilidade de sua impetração no âmbito

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É a ação constitucional das mais importantes, e, MAS TAMBÉM CONTRA TERCEIROS


por isso, tem uma incidência muito alta em (PARTICULARES) (art. 6º, § 1º).
provas e concursos.
3. Como se pode distinguir a ilegalidade
do abuso de poder?

 CF, art. 5º, LXIX e LXX (MSC, novidade) Ato ilegal se liga à ideia de ato vinculado.
da CF/88. LER DISPOSITIVOS.
Ato com abuso de poder se relaciona com o ato
 Legislação infraconstitucional – Lei
discricionário.
12.016/09, que revogou todas as
legislações anteriores acerca do tema: OBS SOBRE INOVAÇÃO DA NOVA LEI: “Art.
Lei 1.553/01 - Lei 4.348/64 - Lei 5.021/66 5º Não se concederá mandado de segurança
(Lei 9.494/97 - Lei 8.437/92 - Lei quando se tratar:
10.910/04).
 de ato do qual caiba recurso
administrativo com efeito suspensivo
CABIMENTO independentemente de caução;
O MS visa proteger direito líquido e certo que  de decisão judicial da qual caiba recurso
não seja amparado por habeas corpus ou com efeito suspensivo;
habeas data, quando o responsável pela  de decisão judicial transitada em
ilegalidade ou abuso de poder for autoridade julgado”.
pública ou agente de pessoa jurídica do
exercício de atribuições do poder público.
OBS SOBRE INOVAÇÃO DA NOVA LEI: A
1. Mas o quem vem a ser direito líquido e
NOVA LEI NÃO FALA MAIS DE ATO
certo?
DISCIPLINAR. ANDOU BEM, AFINAL,
OBS: LÍQUIDO E CERTO É O DIREITO QUE MANTÉM-SE O ENTENDIMENTO
PODE SER COMPROVADO DE PLANO POR JURISPRUDENCIAL CONSOLIDADO AO
PROVA DOCUMENTAL INEQUÍVOCA E PRÉ- TEMPO DA LEI ANTIGA DE QUE O MÉRITO
CONSTITUÍDA. DO ATO ADMINISTRATIVO SÓ PODE SER
ATINGIDO PELO JUDICIÁRIO
2. E se a prova documental estiver de REFLEXAMENTE, QUANDO DO CONTROLE
posse da autoridade coatora? DE LEGALIDADE, E NÃO DE MANEIRA
DIRETA.
OBS: ESTANDO A PROVA DOCUMENTAL DE
POSSE DA AUTORIDADE COATORA, O
IMPETRANTE DEVERÁ INFORMAR ESTE
FATO AO JUIZ QUE PARA QUE ELE ORDENE LEGITIMIDADE
A APRESENTAÇÃO DA MESMA NO PRAZO
 ATIVA
MÁXIMO DE 10 DIAS (art. 6º, parágrafo único
da Lei 1.533/51). De saída, vale lembrar que o impetrante não se
confunde com aquele que postula em juízo
INOVAÇÃO DA NOVA LEI: PREVISÃO DE
(advogado). Poderá haver confusão apenas na
QUE A EXIBIÇÃO LIMINAR DE
situação de impetração de MS por advogado em
DOCUMENTOS, PARA FUNDAMENTAR A
seu próprio favor.
PETIÇÃO INICIAL DO MANDADO DE
SEGURANÇA, SEJA PROMOVIDA NÃO SÓ
CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA,

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Saber quem pode impetrar MS dependerá se MSC é caso de substituição processual (age-se
este será individual ou coletivo. em nome próprio, na defesa de interesse
alheio), logo, independe de autorização (STF,
-INDIVIDUAL (legitimidade ordinária = age-se 629).
em nome próprio na defesa de interesse próprio)

 PESSOA FÍSICA OU JURÍDICA


 DE DIREITO PÚBLICO OU PRIVADO  PASSIVA
 NACIONAL OU ESTRANGEIRA
Autoridade pública ou agente de pessoa jurídica
 RESIDENTE OU NÃO NO BRASIL
no exercício de atribuições do poder público que
 E ENTES DESPERSONALIZADOS: a)
pratiquem ilegalidade ou abuso de poder.
órgãos públicos (Mesas das Casas
Legislativas, Presidência dos Tribunais, INOVAÇÃO DA NOVA LEI: EQUIPARAM-SE
chefias do Ministério Público e do ÀS AUTORIDADES, PARA OS EFEITOS
Tribunal de Contas, Superintendências DESSA LEI, OS REPRESENTANTES OU
da Administração Pública, etc.) e b) ÓRGÃOS DE PARTIDOS POLÍTICOS E OS
universalidades reconhecidas por lei ADMINISTRADORES DE ENTIDADES
(o espólio, o condomínio, a massa falida, AUTARQUICAS, BEM COMO OS
os consórcios). DIRIGENTES DE PESSOAS JURÍDICAS OU
AS PESSOAS NATURAIS NO EXERCÍCIO DE
-COLETIVO (legitimidade
ATRIBUIÇÕES DO PODER PÚBLICO,
extraordinária/substituição processual = nome
SOMENTE NO QUE DISSER RESPEITO A
próprio-direito alheio)
ESSAS ATRIBUIÇÕES.
 PARTIDO POLÍTICO COM
OBS: AUTORIDADE COATORA X
REPRESENTAÇÃO NO CONGRESSO
AUTORIDADE IMPETRADA. Para o Professor
NACIONAL
Eduardo Sodré é a mesma coisa.
 ORGANIZAÇÃO SINDICAL
 ENTIDADE DE CLASSE A parte ré do mandado de segurança, todavia,
 ASSOCIAÇÃO LEGALMENTE não é a autoridade coatora (ou impetrada), mas
CONSTITUÍDA E EM sim a pessoa jurídica a que esta está vinculada
FUNCIONAMENTO A PELO MENOS 1 (de direito público ou privado que exerce
ANO. atribuição pública), afinal, será esta que deverá
oferecer contestação (ou interpor possíveis
OBS: O REQUISITO DE CONSTITUIÇÃO recursos), bem como irá suportar os efeitos
ÂNUA SE APLICA SOMENTE ÀS pecuniários decorrentes da concessão da
ASSOCIAÇÕES. ordem.
O partido deve ter, pelo menos, um deputado ou Ex. Secretário de Administração do Estado da
um senador. Além disso, segundo o STF e o Bahia – autoridade coatora que praticou o ato.
STJ, o MSC poderá ser utilizado por partido
político apenas para a defesa de direitos de Estado da Bahia - pessoa jurídica de direito
seus filiados, observada a correlação com as público interno, réu da ação que suportará os
finalidades institucionais e objetivos efeitos da decisão.
programáticos da agremiação.
A atual lei do MS segue, explicitamente, esse
Em face do disposto no art. 2º da Lei 8.437/92, entendimento, pois determina que,
NÃO é cabível medida liminar sem a ouvida da concomitantemente, se proceda à notificação à
outra parte (inaudita altera parte) em MSC. autoridade e se dê ciência do feito ao órgão de

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representação judicial da pessoa jurídica desde que preenchidos os requisitos do fumus


interessada (Lei n. 12.016, art. 7º, I e II). boni iuris e do periculum in mora.

INOVAÇÃO DA NOVA LEI: OBS: EM MSI CABE LIMINAR INAUDITA


OBRIGATORIEDADE DE INCLUSÃO, NA ALTERA PARTE (sem a oitiva da outra parte).
PETIÇÃO INICIAL, DA PESSOA JURÍDICA À O MESMO NÃO OCORRE EM MSC.
QUAL SE ACHA VINCULADA A
AUTORIDADE COATORA (art. 6º, caput). OBS SOBRE INOVAÇÃO DA NOVA LEI: AO
JUIZ É FACULTADO (NÃO OBRIGATÓRIO)
Não se trata de litisconsórcio, pois a autoridade EXIGIR, NO CASO DE DEFERIMENTO DA
responsável pelo ato impugnado não é um ente LIMINAR, PRESTAÇÃO DE CAUÇÃO,
distinto da pessoa jurídica, é um órgão dela, FIANÇA OU DEPÓSITO, “COM O OBJETIVO
uma parte integrante daquela. (Jurisprudência DE ASSEGURAR O RESSARCIMENTO À
uníssona do STJ). PESSOA JURÍDICA”, CASO OCORRA, A
FINAL, A DENEGAÇÃO DA SEGURANÇA
OBS SOBRE INOVAÇÃO DA NOVA LEI: A LEI (art. 7, III, in fine).
NOVA, AO CONTRÁRIO DA ANTERIOR,
ESTENDE TAMBÉM À AUTORIDADE OBS SOBRE INOVAÇÃO DA NOVA LEI: A LEI
COATORA O DIREITO DE RECORRER DA NOVA VEDA A CONCESSÃO DE LIMINAR
SENTENÇA CONTRÁRIA À POSIÇÃO NOS SEGUINTES CASOS (art. 7º, § 2º da
ADOTADA NO ATO QUESTIONADO EM nova lei):
JUÍZO (art. 14, § 2º).
 Compensação de créditos tributários (já
OBS SOBRE INOVAÇÃO DA NOVA LEI: previsto - súmula 212 STJ. Veda a
QUANDO AS EMPRESAS PÚBLICAS, AS compensação tributária afeta apenas a
SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA E AS medida liminar, o que não impede a
CONCESSIONÁRIAS DE SERVIÇO compensação vir a ser declarada ou
PRATICAREM “ATOS DE GESTÃO autorizada pela sentença do mandado
COMERCIAL”, A SEU RESPEITO NÃO TERÁ de segurança).
CABIMENTO O MS (art. 1º, §2º).
As demais vedações já eram objeto de
É que quando os entes públicos interferem na previsões legais, que apenas foram
atividade econômica, o regime jurídico a que se consolidadas pela lei atual.
sujeitam é o do direito privado, e não o da
administração pública (CF, art. 173, § 1º, II).  Entrega de mercadorias e bens
provenientes do exterior
Em outras palavras: se o ato de gestão da  Reclassificação ou equiparação de
empresa foi praticado sob regência exclusiva de servidores públicos
normas de direito privado, estará fora do  Concessão de aumento ou extensão de
alcance do mandado de segurança. Se, porém, vantagens
estiver, como nas licitações de EP ou SEM,  Pagamento de qualquer natureza.
disciplinado por regras de direito públicos,
poderá ser questionado por meio do mandamus.

ESPÉCIES

CABIMENTO DE TUTELA PREVENTIVA  REPRESSIVO – ilegalidade ou abuso de


poder já praticados. Prazo decadencial
Com base no art. 7º, III, da lei 12.016 (art. 7º, II, de 120 contados da ciência do ato
da Lei 1.533/51) é cabível a medida liminar

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impugnado pelo interessado (STF – mas, subsidiariamente, poderá ser condenatória


súmula 632). (como não se trata de litisconsórcio unitário, a
sentença pode dispor de forma diferenciada
 PREVENTIVO – quando houver ameaça para cada litisconsorte, devendo-se demonstrar
à violação do direito líquido e certo do a responsabilidade de cada um e sua
impetrante. Nesta modalidade não há condenação correspondente).
que se falar em prazo para impetração.
Dois são os requisitos para o cabimento desta
OBS: SEGUNDO O STF, COMPETE AOS ação:
PRÓPRIOS TRIBUNAIS PROCESSAR E
JULGAR MS CONTRA SEUS ATOS E 1. ILEGALIDADE (ou ILEGITIMIDADE)
OMISSÕES. No primeiro caso, se ato contrário ao direito
SÚMULAS DO STF: 101, 248, 266 a 272, 294, positivado. No segundo, se contrário aos
299, 304, 310, 319, 330, 392, 405, 429, 430, princípios mais caros à Administração Pública.
433, 474, 506, 510 a 513, 597, 622 a 632. 2. LESIVIDADE:
SÚMULAS DO STJ: 41, 99, 105, 169, 177, 202,
213, 217, 333.  Patrimônio público ou de entidade de
que o Estado participe (AD, AI,
paraestatais e qualquer pessoa
jurídica subvencionada com dinheiro
AÇÃO POPULAR público).
HISTÓRICO  Moralidade administrativa
 Meio ambiente
Teve vida jurídica igual à do MS: nasceu em  Patrimônio histórico e cultural.
1934, morreu em 1937, ressuscitou em 1946 e
perdura até hoje. Importante lembrar que esta lesividade
compreende não só os atos que causem
LEGISLAÇÃO PERTINENTE prejuízo patrimonial, mas também aqueles que
ofendam outros valores (artísticos, culturais,
 CF – art. 5º, LXXIII. ambientais, morais, estéticos, turísticos, etc.)
 Legislação infraconstitucional: Lei igualmente agasalhados pela constituição.
4.717/65 (garantia que já existia nas
constituições anteriores, e foi Não se deve esquecer, ainda, que o direito de
recepcionada pela constituição atual). propositura da ação popular prescreve em 5
anos (art. 21 da LAP), e, atualmente, a
CABIMENTO prescrição deve ser decretada de ofício pelo juiz
da causa.
O objeto da ação popular é todo ato lesivo ao
patrimônio público, à moralidade administrativa, Vale lembrar que a ação popular, ao contrário
ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e do MS, admite dilação probatória, que se dará
cultural. Esse ato lesivo deve ser compreendido no curso da fase de instrução do processo.
a abranger, além das ações, também as
omissões do poder público lesivas àqueles LEGITIMIDADE
bens e valores jurídicos.
 ATIVA
Trata-se de ação de cunho desconstitutivo, pois
visa anular ato lesivo aos bens listados na CF,

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Para esse mister foi atribuída ao cidadão eleitor, a) A pessoa cujo patrimônio se quer
no pleno gozo dos seus direitos políticos ativos, proteger = entidade lesada;
a legitimidade ativa para a sua propositura. b) Aqueles que causaram a lesão (ou
ameaça) aos bens tutelados = agente da
Nessa ótica, não podem propor ação popular: pratica;
estrangeiros, apátridas, pessoas jurídicas c) Beneficiários diretos do ato ou omissão
(súmula 365 do STF) e brasileiros com direitos = quem se beneficiou.
políticos perdidos ou suspensos.
Sendo possível essa total identificação,
OBS: O PORTUGUÊS NÃO PODE, POIS todos devem figurar como réus na ação popular,
EXISTE VEDAÇÃO NA CF PORTUGUESA A configurando-se um verdadeiro litisconsórcio
BRASILEIRO, LOGO, NÃO HÁ passivo necessário.
RECIPROCIDADE.
CABIMENTO DE TUTELA PREVENTIVA
O MP e a Defensoria Pública, enquanto
instituições, não têm legitimidade para propor Atualmente, com a inserção do § 4º ao art. 5º da
ação popular. lei da ação popular, através Lei nº 6.513/77, a
liminar está expressamente admitida.
Todavia, nesta ação o MP exerce o papel de Entretanto, apesar silêncio do dispositivo, tem
fiscal da lei. Por outro lado, se estiverem como pressupostos a fumaça do bom direito e o
atuando como cidadãos, poderão ajuizar a perigo da demora.
referida ação.
OBS: NÃO EXISTE FORO POR
Ainda nesta sede, se o autor popular desistir da PRERROGATIVA DE FUNÇÃO EM SEDE DE
ação, o MP ou outro cidadão, facultativamente AÇÃO POPULAR, A COMPETÊNCIA SERÁ DA
(GEISA), poderão dar seguimento à ação (art. JUSTIÇA ESTADUAL OU FEDERAL DE 1ª
9º da LAP). INSTÂNCIA.
Por fim, vale lembrar que é indispensável a OBS: A AÇÃO POPULAR NÃO É GRATUITA.
capacidade postulatória do advogado, que As únicas ações gratuitas são HC e HD.
precisa estar legalmente constituído, salvo se o
cidadão ostentar essa condição, e não houver OBS: COMO UM ESTÍMULO À PROPOSITURA
empecilho para litigar como o Poder Público. DESTA AÇÃO, O LEGISLADOR ISENTOU O
SEU AUTOR, DE CUSTAS JUDICIAIS E
 PASSIVA HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA, DESDE
QUE TENHA AGIDO DE BOA-FÉ.
À luz da literalidade do art. 6º, caput, da Lei nº
4.717/65, tem-se que: “a ação popular será HABEAS DATA
proposta contra as pessoas públicas ou
privadas e as entidades referidas no art. 1º, HISTÓRICO
contra as autoridades, funcionários ou
administradores que houverem autorizado, Trata-se de ação inédita no direito brasileiro,
aprovado, ratificado ou praticado o ato portanto, criação da CF/88.
impugnado, ou que, por omissão, tiverem dado LEGISLAÇÃO PERTINENTE
oportunidade à lesão, e contra os beneficiários
direito do mesmo”. Teve sua primeira previsão na CF/88.

Sintetizando:  CF – Art. 5º, LXXII.

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 Legislação infraconstitucional – Lei OBS: NÃO É QUE PRECISA HAVER


9.507/97. ESGOTAMENTO DAS VIAS
ADMINISTRATIVAS. A PARTIR DA PRIMEIRA
A expressão HABEAS significa: aquele que NEGATIA OU DO ESCOAMENTO DO PRAZO
busca o que lhe pertence. DE 10 DIAS O HD JÁ PODERÁ SER
IMPETRADO.
Trata-se, assim como o HC, de ação gratuita
(essas são as únicas – CF, art. 5º, LXXVII). 2. VISA GARANTIR A RETIFICAÇÃO DE
DADOS DA PESSOA DO IMPETRANTE
CABIMENTO
Nesse caso também é necessário juntar a prova
De saída, deve-se observar que:
pré-constituída.
OBS: O INTERESSE DE AGIR NA
A diferença é que aqui, o prazo para a resposta
IMPETRAÇÃO DO HABEAS DATA SÓ NASCE
da autoridade administrativa é de 15 dias.
QUANDO FRUSTRADAS EVENTUAIS
TENTATIVAS DO INTERESSADO DE OBTER, OBS: NÃO CABE HD PARA ALTERAÇÃO DE
RETIFICAR OU ANOTAR INFORMAÇÕES A REGISTRO CIVIL.
SEU RESPEITO, NESTA FASE DENOMINADA
DE PRÉ-JUDICIAL. LEGITIMIDADE

1. VISA ASSEGURAR AO IMPETRANTE,  ATIVA


INFORMAÇÕES RELATIVAS À SUA
PESSOA. Qualquer pessoa física ou jurídica, nacional ou
estrangeira, de direito público ou de direito
Consiste numa ação personalíssima. Não se privado.
pode ingressar com HD para pleitear
informações alheias, de terceiros.  PASSIVA

Poderia uma associação impetrar HD para Corresponde às entidades governamentais


pleitear informações de seus associados? Não, (administração direta e indireta) ou pessoas
somente para buscar informações dela própria. jurídicas de direito privado, detentora de
registros ou bancos de dados DE CARÁTER
Vale relembrar que a Lei exige a prova pré- PÚBLICO. Assim, cabe HD contra bancos,
constituída de que foi provocada a provedores de internet, serviços de proteção ao
Administração e esta se recusou (expressa crédito (SPC, SERASA), etc.
ou tacitamente – pelo decurso do prazo) a
prestar as informações. À luz do art. 1º da lei, “considera-se de caráter
público todo o registro ou banco de dados
Assim, constitui condição da ação de HD a contendo informações que sejam ou que
prévia provocação administrativa, sob pena de possam ser transmitidas a terceiros ou que não
ausência da condição da ação necessidade. sejam de uso privativo do órgão ou entidade
Logo, o processo será extinto sem exame de produtora ou depositária das informações”.
mérito. Nesse sentido, SÚMULA 2 do STJ.

A autoridade administrativa possui 10 dias para


prestar as informações. Se antes de completar CABIMENTO DE TUTELA PREVENTIVA
o prazo a administração nega a informação, o
Embora a lei seja silente, a doutrina majoritária
HD já pode ser impetrado, pois basta juntar a
entende perfeitamente cabível a tutela
prova da negativa da informação.
preventiva na ação de HD.

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OBS: DIREITO DE CERTIDÃO É DIREITO Os dois requisitos constitucionais para o MI são:


FUNDAMENTAL LÍQUIDO E CERTO
AMPARADO POR MANDADO DE 1. Norma constitucional de EFICÁCIA
SEGURANÇA, E NÃO POR HABEAS DATA. LIMITADA, prescrevendo direitos,
NÃO SE CONFUNDE COM INFORMAÇÃO. liberdades constitucionais e
prerrogativas inerentes à
OBS: ASSIM COMO NO MANDADO DE nacionalidade, à soberania e à
SEGURANÇA, NO HD NÃO HÁ ÔNUS DE cidadania.
SUCUMBÊNCIA (HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS) E, PARA IMPETAÇÃO, FAZ- 2. Falta de norma regulamentadora,
SE NECESSÁRIA A PRESENÇA DE tornando inviável o exercício dos
ADVOGADO. direitos, liberdades e prerrogativas
acima mencionados (OMISSÃO DO
PODER PÚBLICO).
MANDADO DE INJUNÇÃO ASSIM COMO A ADIN POR OMISSÃO, O
HISTÓRICO MANDADO DE INJUNÇÃO SERVE PARA
CURAR UMA DOENÇA DENOMINADA
Trata-se, juntamente com o MSC e com o HD, SÍNDROME DA INEFETIVIDADE DAS
de remédio constitucional introduzido pelo NORMAS CONSTITUCIONAIS (vale dizer,
constituinte originário de 1988. normas constitucionais que, de imediato, no
momento em que a Constituição é promulgada,
LEGISLAÇÃO PERTINENTE não têm o condão de produzir todos os seus
efeitos, precisando de uma lei integrativa
 CF – art. 5º, LXXI.
infraconstitucional).
 Legislação infraconstitucional – o MI não
possui regramento próprio, mas a Lei A diferença do MI e da ADIN por omissão, na
8.038/90, em seu art. 24, determina que precisa síntese de DIRLEY DA CUNHA JR., é
se aplique ao MI a legislação relativa ao que o primeiro é uma ação constitucional de
MS. garantia individual, enquanto a segunda é uma
ação constitucional de garantia constitucional.
OBS: NEM TUDO DO MS SERÁ APLICÁVEL
AO MI, A EXEMPLO DA MEDIDA LIMINAR. LEGITIMIDADE
MAS DENTRE AS DISPOSIÇÕES
APLICÁVEIS É POSSÍVEL CITAR A  ATIVA – pode ser impetrado por
AUSÊNCIA DE CONDENAÇÃO NOS qualquer:
HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS, BEM
Pessoa física ou jurídica, de direito público (MI
COMO A AUSÊNCIA DE DILAÇÃO
725) ou de direito privado.
PROBATÓRIA, ETC.
O STF, inclusive, admitiu o ajuizamento de
CABIMENTO
mandado de injunção coletivo, sendo
A CF estabelece que se concederá mandado de legitimadas, por analogia, as mesmas entidades
injunção sempre que a falta de norma do mandado de segurança coletivo.
regulamentadora torne inviável o exercício dos
Conforme já sinalizado, quem postula o MI no
direitos e liberdades constitucionais e das
judiciário é o advogado regularmente
prerrogativas inerentes à nacionalidade, à
constituído.
soberania e à cidadania.
 PASSIVA

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Somente a pessoa estatal poderá ser - Art. 5º, LXVIII a LXXIII.


demandada, e nunca o particular (que não tem
o dever de regulamentar a CF). LEIS:

Não cabe MI contra omissão de particulares, -12.016/09 – 4.717/65 – 9.507/97


mas somente contra omissões de autoridades SÚMULAS E JURISPRUDÊNCIAS
públicas. SELECIONADAS
O sujeito passivo do MI é a autoridade pública
STF:
detentora da competência de iniciar o
processo legislativo. - Súmulas: 101, 105, 110, 169, 213, 266-271,
304, 365, 395, 405, 429, 430, 460, 474, 510,
CABIMENTO DE TUTELA PREVENTIVA 622, 625, 626, 629, 630, 631, 632, 701, 691-695.
Não cabe tutela preventiva no MI. STJ:
Hely Lopes até pensa caber medida liminar, - Súmulas: 2 e 212.
MAS A JURISPRUDÊNCIA DOMINANTE DO
STF É NO SENTIDO DO NÃO CABIMENTO DE QUESTÕES CORRELATAS
MEDIDA LIMINAR EM MANDADO DE
INJUNÇÃO.

CUIDADO!!! A AÇÃO DIRETA DE I. (TRT9/ANALISTA/2007) O ‘habeas corpus’


INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO não é medida idônea para impugnar decisão
ADMITE CONCESSÃO DE MEDIDA LIMINAR judicial que autoriza a quebra de sigilo bancário
(ART. 12-F DA LEI 9.868/99). em procedimento criminal, já que não há, na
hipótese, risco direto e imediato de
QUESTÃO INDISPENSÁVEL: QUAIS OS constrangimento ao direito de liberdade.
EFEITOS DA DECISÃO NO JULGAMENTO
DO MI? II. (PGE/PE/PROCURADOR/2009) Se, em uma
ação de mandado de segurança, a segurança
OBS: NOS MIs 670, 708 e 712 O STF, POR
for concedida, então a autoridade coatora terá
UNANIMIDADE, DECLAROU A OMISSÃO direito de recorrer.
LEGISLATIVA DE REGULAMENTAÇÃO DO
DIREITO DE GREVE DOS SERVIDORES III. (PGM/NATAL/PROCURADOR/2008)
PÚBLICOS, E, POR MAIORIA, DETERMINOU Considerando a atual jurisprudência do STF
A APLICAÇÃO, NO QUE COUBER, DA LEI DE quanto à decisão e aos efeitos do mandado de
GREVE VIGENTE NO SETOR PRIVADO (Lei injunção, notadamente nos casos em que se
7.783/89). discuta o direito de greve dos servidores
DESTA FORMA, CONSAGRA O STF A públicos, é correto afirmar que, na decisão de
TEORIA CONCRETISTA GERAL, um mandado de injunção, compete ao Poder
“LEGISLANDO” NO CASO CONCRETO E Judiciário garantir o imediato exercício do direito
PRODUZINDO A DECISÃO EFEITO ERGA fundamental afetado pela omissão do poder
OMNES ATÉ QUE SOBREVENHA NORMA público.
INTEGRATIVA DO PODER LEGISLATIVO.
IV. (TRT1/JUIZ/2010) Como a garantia
DISPOSITIVOS LEGAIS RELACIONADOS constitucional do ‘habeas data’ tem por
finalidade disciplinar o direito de acesso a
CONSTITUIÇÃO FEDERAL: informações constantes de registros ou banco

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de dados de entidades governamentais ou de


caráter público relativo a dados pessoais
pertinentes à pessoa do impetrante, a pessoa
jurídica não tem legitimidade para o ajuizamento
desse tipo de ação.

V. (STF/ANALISTA/2008) A ação popular


contra o Presidente da República deve ser
julgada pelo STF.

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GABARITO:

I. E
II. C
III. C
IV. E
V. E

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“Somos o que repetidamente fazemos. A - OMISSÃO: pressupões a violação da norma


excelência, portanto, não é um feito, mas um constitucional pelo silêncio legislativo.
hábito.”
A inconstitucionalidade por ação pode-se dar
por três formas: vício formal, vício material e
vício de decoro parlamentar.
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

b) FORMAL x MATERIAL x VÍCIO DE


NOÇÕES TEÓRICAS DECORO
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE - FORMAL (nomodinâmica): existência de vício
CONCEITO E PRESSUPOSTOS na forma, processo de formação, vale dizer, no
processo legislativo de elaboração da lei ou ato
O controle de constitucionalidade, enquanto normativo.
garantia de tutela da supremacia da
Constituição, é uma atividade de fiscalização - MATERIAL (nomoestática): existência de vício
da validade e conformidade das leis e atos na matéria, no conteúdo do ato normativo.
normativos do poder público à vista de uma - VÍCIO DE DECORO: pela mácula no processo
Constituição rígida, desenvolvida por um ou legislativo em decorrência da compra de votos
vários órgãos constitucionalmente (esquema do mensalão). O STF ainda não se
designados. manifestou.
Como sentencia a doutrina, o controle de
constitucionalidade das leis e dos atos
normativos reclama os seguintes pressupostos: A inconstitucionalidade formal pode se dar por
três formas: inconstitucionalidade formal
 EXISTÊNCIA DE UMA CONSTITUIÇÃO orgânica, propriamente dita e por violação dos
FORMAL. pressupostos objetivos do ato normativo.

 COMPREENSÃO DA CONSTITUIÇÃO c) ORGÂNICA x PROPRIAMENTE DITA x


COMO NORMA JURÍDICA POR VIOLAÇÃO DOS
FUNDAMENTAL, RÍGIDA E SUPREMA. PRESSUPOSTOS OBJETIVOS DO
ATO NORMATIVO
 INSTITUIÇÃO DE, PELO MENOS, UM
- ORGÂNICA: decorre da inobservância da
ÓRGÃO COM COMPETÊNCIA PARA O
competência legislativa para a elaboração do
EXERCÍCIO DESSA ATIVIDADE DE
ato. Ex. para o STF é inconstitucional lei
CONTROLE.
municipal que discipline o uso de cinto de
segurança, já que se trata de competência
legislativa da União legislar sobre trânsito e
ESPÉCIES DE INCONSTITUCIONALIDADE transporte (art. 22, XI).

a) POR AÇÃO x POR OMISSÃO - PROPRIAMENTE DITA: decorre da


inobservância do devido processo legislativo.
- AÇÃO (positiva ou por atuação): pressupõe a
Ex. quórum de aprovação de determinada
existência de normas inconstitucionais.
espécie normativa ou inobservância da
necessidade deliberação nas duas casas.

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- POR VIOLAÇÃO DOS PRESSUPOSTOS com o sistema de controle adotado pelo Estado,
OBJETIVOS DO ATO NORMATIVO. Os podendo ser político, jurisdicional ou híbrido.
exemplos são trazidos pelo Professor
Clèmerson Merlin Clève, quais sejam, edição de  POLÍTICO – Cortes (ou Tribunais)
medida provisória sem a observância dos Constitucionais ou Órgãos de Natureza
requisitos da relevância e urgência (art. 62, Política.
caput) ou a criação de municípios por lei  JURISDICIONAL– É o controle que,
estadual sem a observância dos requisitos do como regra, é desempenhado pelo
art. 18, § 4º (caso de criação do município de Judiciário. Exceções: legislativo,
Luís Eduardo Magalhães, na Bahia). executivo, TCU.
 HÍBRIDO – combina tanto o político
quanto o jurisdicional.

MOMENTOS DE CONTROLE

a) PRÉVIO ou PREVENTIVO Como vimos, o controle posterior ou repressivo


no Brasil, por regra, é exercido pelo Poder
É o controle realizado durante o processo
Judiciário, tanto de forma concentrada, como
legislativo de formação do ato normativo.
difusamente. Por isso se diz: jurisdicional misto!
 LEGISLATIVO – próprio parlamentar e
No entanto, a essa regra surgem exceções,
CCJ.
fixando-se hipóteses de controle posterior ou
 EXECUTIVO – veto. repressivo pelo Legislativo e pelo Executivo.
 JUDICIÁRIO – MS impetrado por
parlamentar. Única hipótese. No Legislativo encontramos:

Trata-se de um “direito-função” do parlamentar  Art. 62 – rejeição de medida provisória


de participar de um processo legislativo pelo Congresso Nacional.
juridicamente hígido (devido processo
legislativo). Já no Executivo encontramos:

OBS: SEGUNDO O STF (INFORMATIVO 711), A tese a ser adotada é a da possibilidade de


SÓ CABERÁ ESSE MANDADO DE descumprimento da lei inconstitucional pelo
SEGURANÇA EM FACE DE PEC QUE VIOLE Chefe do Executivo.
CLÁUSULA PÉTREA OU DE VIOLAÇÃO ÀS
O STF não aprofunda muito o assunto, mas
FORMALIDADES DOS PROCESSOS
sinaliza possibilidade de descumprimento por
LEGISLATIVOS ESTABELECIDOS NA
parte dos subordinados, quando houver
CONSTITUIÇÃO.
determinação nesse sentido. O STJ, com mais
veemência, consagra a tese do controle
posterior ou repressivo pelo Executivo.
b) POSTERIOR ou REPRESSIVO
OBS: OS TC’s PODERÃO, NO CASO
Será realizado sobre a lei, e não mais sobre o CONCRETO, RECONHECER A
projeto de lei, como ocorre no controle INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMAS
preventivo. JURÍDICAS, DEIXANDO DE APLICAR ATO
POR CONSIDERÁ-LO INCONSTITUCIONAL,
Órgãos de controle verificarão a existência de BEM COMO SUSTANDO OUTROS ATOS
vício formal ou material em determinada lei ou PRATICADOS COM BASE EM LEIS
ato normativo. Esses órgãos variam de acordo VULNERADORAS DA CONSTITUIÇÃO. ESSA

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FACULDADE, REITERE-SE, É SEMPRE NA haja decisão do órgão especial ou do pleno do


VIA INCIDENTAL (CASO CONCRETO). tribunal, ou do STF, o guardião da constituição
NESSE SENTIDO, SÚMULA 347 DO STF. sobre a matéria.

Essa tendência foi confirmada pelo art. 481 e


557, § 1º-A do CPC.
CONTROLE DIFUSO
EFEITOS DA DECISÃO
GENERALIDADES
 INTER PARTES
A ideia de controle difuso de
 EX TUNC
constitucionalidade, historicamente, deve-se ao
famoso caso julgado pelo Juiz John Marshall, da Cabe alertar, contudo, que o STF já entendeu
Suprema Corte norte-americana, que, que, mesmo no controle difuso, poder-se-á
apreciando o caso Marbury v. Madison, em dar efeito ex nunc ou pro futuro. O leading
1803, decidiu que, havendo conflito entre a case foi o julgamento do RE 197.917, pelo
aplicação de uma lei em um caso concreto e a qual o STF reduziu o número de vereadores
Constituição, deve prevalecer a Constituição, do Município de Mira Estrela de 11 para 9 e
por ser hierarquicamente superior. determinou que a aludida decisão só
atingisse a próxima legislatura. Para Gilmar,
É também chamado de controle concreto, via de
o limite dessa modulação temporal da
exceção ou defesa, incidental ou incidenter
eficácia é o próprio princípio da
tantum. Aqui a declaração de
proporcionalidade.
inconstitucionalidade dá-se de forma pré-judicial
(prejudicialmente) ao mérito. A alegação de E os efeitos, que são para as partes, poderiam
inconstitucionalidade será a causa de pedir ser estendidos a todas as pessoas?
processual.
Para terceiros a CF consagrou, em controle
CONTROLE DIFUSO NOS TRIBUNAIS difuso, o procedimento do art. 52, X da CF.

O controle difuso nos tribunais deve obediência Como vimos anteriormente, através da
ao comando disposto no art. 97 da CF, que trata interposição de recurso extraordinário, nas
da cláusula de reserva de plenário. hipóteses constitucionalmente previstas, a
questão poderá ser levada à apreciação do STF,
Segundo esse dispositivo, somente pelo voto da
que, também, realizará o controle difuso de
maioria absoluta dos seus membros, ou dos
constitucionalidade, de forma incidental.
membros do respectivo órgão especial, poderão
os tribunais declarar a inconstitucionalidade de Nessa esteira, prescreve o dispositivo
lei ou ato normativo do poder público. mencionado que compete privativamente ao
Senado, mediante o instrumento da resolução,
A regra do art. 97 destaca-se como verdadeira
suspender a execução, no todo ou em parte, de
condição de eficácia jurídica da própria
lei declarada inconstitucional por decisão
declaração de inconstitucionalidade dos atos
definitiva do Supremo Tribunal Federal.
dos atos do poder público. Nesse sentido
destacamos a SÚMULA VINCULANTE Nº 10 A expressão no todo ou em parte relaciona-se
do STF (ler). com o quanto decidido pelo Supremo, não
podendo, o Senado, restringir ou ampliar esse
Todavia, em nome dos princípios da celeridade,
parâmetro.
economia processual e segurança jurídica, tem-
se dispensado tal procedimento toda vez que

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Os efeitos dessa suspensão são ERGA OMNES  Tratados internacionais – de direitos


e EX NUNC. Lembrando que a suspensão é humanos ou não, anteriores ou
mera faculdade que assiste ao Senado, não posteriores à reforma da EC n. 45/04.
estando obrigado a fazê-lo.

OBS: TEORIA DA TRANSCENDÊNCIA DOS Não podem:


MOTIVOS DETERMINANTES ou
ABSTRATIVIZAÇÃO ou OBJETIVAÇÃO DO  Súmulas – nem as vinculantes, por faltar
CONTROLE DIFUSO, COM BASE NA FORÇA generalidade e abstração.
NORMATIVA DA CONSTTUIÇÃO E NA IDEIA  Regulamentos Executivos – o controle aí
DE MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL DO ART. é de legalidade.
52, X, DA CF (reflexão ventilada pelo Min.  Normas constitucionais originárias
Gilmar, que não predominou no STF).  Leis ou atos anteriores à Constituição –
pois são recepcionados, ou não (salvo
ADPF, pois esta será cabível).
CONTROLE CONCENTRADO
COMPETÊNCIA
Também chamado de abstrato, via de ação,
principal ou principaliter tantum.  L ou AN Federal ou Estadual – CF = STF
Aqui a declaração de inconstitucionalidade dá-  L ou AN Estadual ou Municipal – CE = TJ
se de forma principal e a alegação de  L ou AN Municipal – CF = não cabe ADI,
inconstitucionalidade será o próprio pedido. mas ADPF no STF.
 L ou AN Distrital de natureza estadual –
Tal controle pode ser verificado em 5 situações: CF = STF
ADI genérica, ADI interventiva, ADO, ADC e  L ou AN Distrital de natureza municipal –
ADPF. CF = não cabe ADI, mas ADPF no STF.
 L ou AN Distrital – LODF = TJDF
ADI GENÉRICA
 L ou AN Municipal – LOM = não há
Trata-se de ação constitucional que tem por controle de constitucionalidade, e sim de
objetivo controlar a constitucionalidade de ato legalidade.
normativo em tese, abstrato, marcado pela
generalidade, impessoalidade e abstração, e
LEGITIMIDADE
que tem por objeto a própria questão da
inconstitucionalidade, decidida principaliter. Art.103.
OBJETO Aqui há uma técnica para memorizar:
Leis ou atos normativos que se mostrem A técnica se chama: 3/4 MAE.
incompatíveis com o sistema constitucional.
Leia-se: três quatros, MÃE.
Podem:
Para totalizar 12 legitimados ativos, distribuem-
 Leis – sentido amplo; todas as espécies se três blocos contendo, cada um, quatro
do art. 59 da CF (EC, LC, LO, LD, MP, legitimados. Seguindo a ordem das letras
DL, RES). (M.A.E.), tem-se: 4 mesas, 4 autoridades e 4
 Regulamentos autônomos. entidades.

Passa-se à análise:

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4 Mesas: OBS: PRECISAM DE ADVOGADO – PARTIDO


POLÍTICO COM REPRESENTAÇÃO NO
 Mesa da Câmara dos Deputados; CONGRESSO NACIONAL, CONFEDERAÇÃO
 Mesa do Senado Federal; SINDICAL E ENTIDADE DE CLASSE DE
 Mesa de Assembleia Legislativa; ÂMBITO NACIONAL. QUANTO AOS DEMAIS,
 Mesa da Câmara Legislativa do Distrito DIZ O STF QUE A CAPACIDADE
Federal. POSTULATÓRIA DECORRE DA PRÓPRIA
CONSTITUIÇÃO.
4 Autoridades: “AMICUS CURIAE”
 Presidente da República; Como regra, tem-se o art. 7º, caput, da Lei
 Procurador-Geral da República; 9.868/99, que veda a “intervenção de terceiros
 Governador de Estado; no processo de ação direta de
 Governador do Distrito Federal. inconstitucionalidade”.
4 Entidades: Entretanto, o § 2º do mesmo art. 7º estabelece
 Conselho Federal da OAB; que “o relator, considerando a relevância da
 Partido político com representação do matéria e a representatividade dos
postulantes, poderá, por despacho irrecorrível,
Congresso Nacional;
admitir a manifestação de outros órgãos ou
 Confederação sindical;
 Entidade de classe de âmbito nacional. entidades”.

Esses legitimados podem ser divididos em Ou seja, é instituto que possui natureza jurídica
terceiro sui generis.
universais e especiais.
Trata-se, na feliz expressão do Ministro Celso
 UNIVERSAIS / NEUTROS: Presidente
de Mello, de instituto que vem no sentido de
da República, Mesa da CD, Mesa do SF,
pluralizar o debate constitucional. É, portanto,
Conselho Federal da OAB, PGR, partido
sem dúvida, fator de legitimação social das
político com representação no
decisões da Suprema Corte.
Congresso Nacional.
Hoje se admite inclusive a sustentação oral do
 ESPECIAIS / INTERESSADOS: “AMICUS CURIAE” (amigo de corte).
Governador do Estado ou do DF, Mesa
da Assembleia Legislativa ou da Câmara Por fim, entende-se perfeitamente possível a
Legislativa do Distrito Federal, aplicação, por analogia, da regra que admite o
confederação sindical ou entidade de amicus curiae na ADI para a ADC e,
classe de âmbito nacional. excepcionalmente (e desde que configuradas as
hipóteses de cabimento), para a ADPF.
Estes legitimados especiais ou interessados
EFEITOS DA DECISÃO
deverão demonstrar pertinência temática.
Os efeitos gerais da declaração de
OBS: SE O PARTIDO PERDE A
inconstitucionalidade no controle concentrado,
REPRESENTAÇÃO, A AÇÃO SEGUE EM
por meio da ADI, podem ser resumidos:
NOME DO INTERESSE PÚBLICO. A
AFERIÇÃO DA LEGITIMIDADE DEVE SER  ERGA OMNES
FEITA NO MOMENTO DA PROPOSITURA DA  EX TUNC *
AÇÃO.

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 VINCULANTE em relação aos DEMAIS Desde que presentes os requisitos do periculum


órgãos do Poder Judiciário e da in mora e do fumus boni iuris, poderá ser
Administração Pública direta e indireta, concedida a liminar suspendendo a eficácia do
nas esferas federal, estadual, municipal ato normativo.
e distrital.
De acordo com os §§ 1º e 2º do art. 11 da Lei
* Excepcionalmente (portanto, como exceção à 9.868/99, em total consonância com o
regra geral do princípio da nulidade), tendo em posicionamento do STF, a concessão da
vista razões de segurança jurídica ou de medida cautelar terá eficácia contra todos (erga
excepcional interesse social, poderá o STF, omnes) e efeito EX NUNC, salvo se o Tribunal
por maioria qualificada de 2/3 de seus entender, por maioria absoluta, que deva
Ministros, restringir os efeitos da declaração ou conceder-lhe eficácia retroativa (ex tunc). Além
decidir que ela só tenha eficácia a partir do seu a decisão também possui efeito vinculante.
trânsito em julgado ou de outro momento que
venha a ser fixado. Lembrando que, segundo o STF, a concessão
de medida cautelar torna aplicável a legislação
Vale ressaltar que o efeito vinculante atinge anterior acaso existente, salvo expressa
somente o Judiciário e o Executivo, não manifestação em sentido contrário.
podendo ser estendido ao legislativo, que
poderá, inclusive, editar nova lei em sentido ADC ou ADECON
contrário à decisão dada pelo STF em controle A ação declaratória de constitucionalidade foi
de constitucionalidade concentrado ou edição introduzida no ordenamento jurídico brasileiro
de súmula vinculante. Entendimento diverso pela EC 3/93, através da alteração do art. 102,
significaria o “inconcebível fenômeno de I, a, e acréscimo do § 2º ao artigo 102, bem
fossilização da Constituição” (Inf. 386/STF). como do § 4º ao art. 103, tendo sido
EFEITO REPRISTINATÓRIO regulamentado o seu processo e julgamento
pela lei 9.868/99.
A declaração de inconstitucionalidade de ato
normativo que tenha “revogado” outro ato Busca-se por meio dessa ação declarar a
normativo (nossa análise neste ponto refere-se constitucionalidade de lei ou ato normativo
à ADI perante o STF, de lei ou ato normativo federal.
federal ou estadual, ou distrital, desde que no O grande objetivo e utilidade desta ação,
exercício de competência estadual) provoca o portanto, é transformar uma presunção relativa
restabelecimento do ato normativo anterior, de constitucionalidade em presunção absoluta
quando a decisão tiver efeito retroativo. (jure et de jure), não mais se admitindo prova em
O STF vem utilizando a expressão “efeito contrário. Ou seja, julgada procedente a ADC,
repristinatório” da declaração de tal decisão vinculará os órgãos do Poder
inconstitucionalidade. Isto porque, se a lei é Judiciário e a administração pública, que não
nula, ela nunca teve eficácia. Se nunca teve mais poderão declarar a inconstitucionalidade
eficácia, nunca revogou nenhuma norma. Se da aludida lei, ou agir em desconformidade com
nunca revogou nenhuma norma, aquela que a decisão do STF, afinal, a sua presunção de
teria sido supostamente “revogada” continua constitucionalidade, agora, será absoluta.
tendo eficácia. Eis o efeito repristinatório da OBJETO
decisão.
O objeto da referida ação é lei ou ato
PEDIDO CAUTELAR normativo federal. CUIDADO! É diferente do

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que ocorre com a ADIN genérica, cujo objeto


engloba, também, a lei ou ato normativo
estadual -102, § 2º.  As regras para votação e quorum são as
mesmas expostas na ADI genérica, qual seja,
COMPETÊNCIA desde que presente o quorum de instalação da
O órgão competente para apreciar a ADC é o sessão de julgamento de 8 Ministros, a
STF, conforme estabelece o art. 102, I, “a”, declaração de constitucionalidade dar-se-á pelo
CF/88. quorum da maioria absoluta dos 11 Ministros do
STF, qual seja, pelo menos 6 deverão
LEGITIMIDADE posicionar-se favoráveis à procedência da ação.

Antes da EC 45/04, os legitimados para a  É vedada a intervenção de terceiros


propositura da referida ação eram apenas (salvo a sui generis), e a desistência da ação
quatro, de acordo com o art. 103, § 4º, da CF/88, após a sua propositura. A decisão é irrecorrível,
quais sejam: a) Presidente da República; b) ressalvada a interposição de embargos
Mesa do Senado Federal; c) Mesa da Câmara declaratórios, não podendo ser objeto de ação
dos Deputados; d) Procurador-Geral da rescisória.
República.
EFEITOS DA DECISÃO
Com a revogação do § 4º e a nova redação do
caput do art. 103, pela aludida emenda, os É possível sistematizar os efeitos da decisão
legitimados para a propositura da ADC em ADC como sendo:
passaram a ser os mesmos da ADI genérica.
 ERGA OMNES (eficácia contra todos)
 EX TUNC
 VINCULANTE em relação aos órgãos do
OBSERVAÇÕES PROCEDIMENTAIS
Poder Judiciário e da Administração
No que se refere ao procedimento da ADC, é Pública federal, estadual, municipal e
praticamente o mesmo seguido na ADI distrital.
genérica, com algumas observações a serem
MEDIDA CAUTELAR EM AÇÃO
feitas:
DECLARATÓRIA
 Não existe lógica em determinar a
O art. 21 estabelece que o STF, por decisão da
citação do AGU na medida em que inexiste ato
maioria absoluta de seus membros, poderá
ou texto impugnado, já que o que se afirma é a
deferir pedido de medida cautelar na ADC,
constitucionalidade na inicial.
consistente na determinação de que os juízes e
os tribunais suspendam o julgamento dos
 Um requisito intrínseco à inicial,
processos que envolvam a aplicação da lei ou
conforme vem relatando o STF, necessário para
do ato normativo objeto da ação, até o seu
o conhecimento e análise do mérito, seria a
julgamento definitivo.
demonstração da “controvérsia judicial que põe
risco à presunção de constitucionalidade do ato Essa suspensão perdurará apenas por 180 dias
normativo sob exame... permitindo à Corte o contados da publicação da parte dispositiva da
conhecimento das alegações em favor da decisão do DOU, prazo esse definido pela Lei
constitucionalidade e contra ela, e do modo para que o tribunal julgue a ação declaratória.
como estão sendo decididas num ou noutro Trata-se do chamado EFEITO AVOCATÓRIO
sentido”. presente na cautelar de ADC.

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Findo tal prazo, sem julgamento, cessará a implementem os demais meios de controle,
eficácia da medida cautelar. especialmente a ADI por omissão para
combater a inércia do Legislativo estadual.
Vale ressaltar que o STF, por votação
majoritária, pacificou entendimento segundo o OBJETO
qual é perfeitamente possível a atribuição de
efeito vinculante e erga omnes em sede de O controle abstrato estadual terá por objeto
liminar (decisão não definitiva de mérito) na exclusivamente leis ou atos normativos
ADC, tendo em vista o poder geral de cautela estaduais ou municipais.
da Corte, podendo suas decisões ser Assim, tem-se que as leis federais só poderão
preservadas pelo instrumento da reclamação. ser objeto de controle abstrato perante o STF.

COMPETÊNCIA
CONTROLE ABSTRATO DE
Conforme verificado no art. 125, § 2º, somente
CONSTITUCIONALIDADE NOS ESTADOS-
o TJ local será o órgão competente para,
MEMBROS
exercendo competência originária, julgar o
GENERALIDADES controle de constitucionalidade abstrato
estadual.
Nos termos do art. 125, § 2º, da CF/88, cabe aos
Estados a instituição de representação de LEGITIMADOS
inconstitucionalidade de leis ou atos normativos A regra constitucional não especificou os
estaduais ou municipais em face da legitimados; apenas proibiu a atribuição da
Constituição Estadual, vedada a atribuição da legitimação a um único órgão.
legitimação para agir a um único órgão.
Assim, cabe às Constituições Estaduais a
Nesse sentido, o constituinte consagrou o delimitação da regra, e, nesse sentido, como se
controle abstrato de constitucionalidade trata de manifestação do poder constituinte
estadual, fixando regras claras: derivado decorrente, deve-se respeitar, pela
 Somente leis ou atos normativos simetria, o art. 103 da CF, conforme se verifica
estaduais ou municipais poderão ser na tabela abaixo:
objeto de controle;
 Apesar de não fixar os legitimados,
vedou a atribuição da legitimação para
agir a um único órgão;

 O órgão competente para o julgamento


da ação pela via principal será,
exclusivamente, o TJ local.
Importante lembrar que, conforme já ventilado
Pelo princípio da simetria, muito embora o art. pelo STF, é tranquilamente possível a
125, § 2º, tenha fixado somente a possibilidade ampliação do parâmetro do art. 103 para
de instituição de representação de inserção de outros legitimados como, por
inconstitucionalidade (que corresponderia à exemplo, Deputados Estaduais, Procurador-
ADI), parece-nos perfeitamente possível que, Geral do Estado ou do Município, Defensor
desde que respeitadas as regras da CF/88, se

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Público-Geral do Estado, ou ainda por iniciativa  TJ declara previamente a lei estadual


popular. constitucional – naturalmente, para
essa hipótese não se tratará de
O fundamento é que tal previsão prestigiaria a simultaneidade. Assim, em sendo, no
intenção do constituinte de 1988, que foi no futuro, ajuizada a ADI perante o STF,
sentido de ampliar o rol de legitimados para a tendo por objeto a mesma lei estadual, o
propositura da ADI. STF poderá reconhecê-la como
PARÂMETRO DE CONTROLE inconstitucional perante a CF. Como o
STF é o intérprete máximo da
Dentro dessa temática, importante atentar para Constituição, a nova decisão do STF
uma situação: as leis estaduais, em se tratando prevalecerá, inclusive sobre a coisa
de controle concentrado pela via em abstrato, julgada estadual.
sofrem dupla fiscalização, tanto por meio de
ADI no TJ e tendo como parâmetro a CE, como  TJ declara previamente a lei estadual
perante o STF e tendo como parâmetro a CF. inconstitucional – entendemos que não
haveria mais sentido falar em controle
Isso significa que a mesma lei estadual poderá perante o STF, já que a lei estadual foi
ser objeto de controle concentrado no TJ e no retirada do ordenamento jurídico.
STF. Se isso acontecer, estaremos diante do
fenômeno da SIMULTANEIDADE DE AÇÕES
DIRETAS DE INCONSTITUCIONALIDADE. Por fim, vale registrar a possibilidade de o STF
exercer controle de constitucionalidade de lei
Nessa situação, o controle estadual deverá ficar municipal perante a CF e com efeitos erga
suspenso e aguardando o resultado do controle omnes, se na análise inicial do controle abstrato
federal, já que o STF é o intérprete máximo da estadual a lei municipal foi confrontada em
Constituição, podendo surgir as seguintes relação à norma da CE de reprodução
hipóteses: obrigatória e compulsória da CF. Isto porque,
dessa decisão caberá recurso extraordinário
 STF declara inconstitucional a lei
estadual perante a CF – a ADI estadual para o STF, e, malgrado seja instrumento típico
do controlo difuso, a decisão no julgamento
perderá o seu objeto, não produzindo a
lei mais efeitos no referido Estado. desse RE produzirá os mesmos efeitos da ADI,
ou seja, por regra, erga omnes, ex tunc e
vinculante, podendo o STF, naturalmente, nos
 STF declara constitucional a lei
termos do art. 27 da Lei 9.868/99, modular os
estadual perante a CF – o TJ poderá
efeitos da decisão.
prosseguir o julgamento da ADI da lei
estadual perante a CE, pois, perante a Portanto, não se aplicará a regra do art. 52, X,
CE, a referida lei poderá ser não tendo o Senado Federal qualquer
incompatível (mas, naturalmente, desde participação.
que seja por fundamento diverso).
DISPOSITIVOS LEGAIS RELACIONADOS
Vamos imaginar agora que a ação seja proposta
perante o TJ estadual e que este julgue a ação CONSTITUIÇÃO FEDERAL:
que transita em julgado. Poderá no futuro a
mesma lei ser examinada em controle abstrato - Art. 97, 102, 103.
perante o STF e tendo como parâmetro a CF? SÚMULAS E JURISPRUDÊNCIAS
Duas são as hipóteses. SELECIONADAS

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STF:

- Súmula Vinculante nº 10.

- Sumulas: 513, 642.

QUESTÕES CORRELATAS

I. (TJ/DFT/ANALISTA/2008) Compete ao STF


processar e julgar, originariamente, ação direta
de inconstitucionalidade contra lei ou ato
normativo municipal, frente à Constituição
Federal, pois qualquer norma em contrário
constituiria tese limitativa à condição de
guardião da Constituição Federal ostentada
pelo STF.

II. (PGE/PB/PROCURADOR/2008) Cabe ao


STF processar e julgar, originariamente, ação
direta de inconstitucionalidade de lei ou ato
normativo federal, estadual ou municipal.

III. (TJ/SE/JUIZ/2008) A CF veda que o STF


conheça de causa em que haja discussão
quanto à constitucionalidade de lei municipal.

IV. (DPGU/DEFENSOR/2007) Considerando a


lei 9.868/99, julgue: a declaração de
constitucionalidade ou de inconstitucionalidade
em ADIn e ação declaratória de
constitucionalidade tem sempre efeito
vinculante em relação ao Poder Judiciário e à
administração pública direta e indireta.

V. (TJ/SE/JUIZ/2008) A decisão de procedência


em ação direta de inconstitucionalidade não tem
eficácia vinculante, razão pela qual o
magistrado de primeiro grau não está obrigado
a observá-la em caso de aplicação de mesmo
dispositivo legal em causa cuja incidência de
precedente foi alegada.

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GABARITO:

I. E
II. E
III. E
IV. E
V. E

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sanção presidencial para o seu


aperfeiçoamento.
“Há tantas pessoas lá fora que irão te dizer que
você não consegue. O que você deve fazer é Exemplos dessa constatação são os incisos
virar para elas e dizer: me observe”. II, III, V, VIII, IX, X e XIV. Em síntese, tais
dispositivos consagram, respectivamente:

 autorizar o Presidente da República a


ORGANIZAÇÃO DOS PODERES declarar a guerra, a celebrar a paz, a permitir
que forças estrangeiras transitem pelo território
nacional ou nele permaneça temporariamente,
DO PODER LEGISLATIVO ressalvados os casos previstos em lei
complementar;
Atribuições do Congresso Nacional
 autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da
As atribuições do Congresso Nacional
República a se ausentarem do País, quando a
podem ser dividias, basicamente, entre os
ausência exceder a quinze dias;
artigos 48 e 49 da CF/88.

No art. 48, para dispor sobre todas as  sustar os atos normativos do Poder
matérias de competência da União, encontram- Executivo que exorbitem do poder regulamentar
se as atribuições legislativas do Congresso ou dos limites da delegação legislativa;
que, como tais, dependem de sanção do
Presidente da República para que sejam  fixar o subsídio do Presidente e do Vice-
aperfeiçoadas. Presidente da República e dos Ministros de
Estado, observando limites estabelecidos na
Já no art. 49 a constituição consagra Constituição;
competências políticas próprias exclusivas
do Congresso Nacional, não havendo que se  julgar anualmente as contas prestadas pelo
falar aqui em manifestação por parte do Presidente da República e apreciar os relatórios
Presidente da República nem pelo instrumento sobre a execução dos planos de governo;
da sanção, menos ainda pelo veto.
 fiscalizar e controlar, diretamente, ou por
Tais atribuições, como ressaltado, não têm
qualquer de suas casas, os atos do Poder
natureza legislativa, ao contrário, são
Executivo, incluídos os da administração
competências políticas próprias que, inclusive,
indireta; e
se materializam por meio de decreto
legislativo.
 aprovar iniciativas do Poder Executivo
Para as provas, recomenda-se uma leitura referentes a atividades nucleares.
atenta de cada um desses artigos.
Câmara dos deputados
Todavia, com o objetivo de auxiliar o
Principais características
entendimento acerca da matéria, uma dica é
observar que as competências do Congresso  Composta por representantes do
Nacional previstas no art. 49 da CF, em sua povo
grande parte, traduzem situações de controle,  Deputados Federais eleitos pelo
fiscalização ou regulação das atividades e sistema ou princípio proporcional
assuntos inerentes à Presidência da República,
o que justifica, por óbvio, a desnecessidade da

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 Número total de 513 Deputados permitir um desempenho livre e independente


Federais do mandato.
 Mandato de 4 anos
 Idade mínima de 21 anos para a A doutrina costuma classificar as
assunção do cargo imunidades em: a) material (real, substantiva,
também chamada de inviolabilidade
parlamentar); b) processual (formal ou adjetiva,
Senado Federal que pode ser tanto em ralação à prisão, quanto
em relação ao processo). Ao lado dessas
Principais características imunidades alguns doutrinadores ainda inserem
 Composto por representantes dos o estudo do “foro privilegiado”, mais
Estados e do Distrito Federal tecnicamente conhecido por foro por
 Senadores da República eleitos prerrogativa de função.
pelo sistema majoritário Imunidade material ou inviolabilidade
 Número total de 81 Senadores da parlamentar
República
 Mandato de 8 anos A Constituição Federal, no caput do art. 53,
 Idade mínima de 35 anos para a consagra essa primeira espécie de imunidade.
assunção do cargo Segundo esse dispositivo, os Deputados e
Senadores são invioláveis, civil e penalmente,
Finalmente, concluindo a abordagem sobre por quiser de suas opiniões palavras e votos. É
a Câmara dos Deputados e sobre o Senado a consagração da imunidade material ou
Federal, abaixo segue tabela com a inviolabilidade parlamentar.
sistematização das principais características de
cada uma dessas casas legislativas: Complementando o texto constitucional,
doutrina e jurisprudência entendem que essas
imunidades só valem quando o parlamentar
estiver no exercício das suas funções, ou
desempenhando alguma atividade que guarde
relação com o mandato, não sendo necessário
que ele esteja dentro do recinto do Congresso
Nacional.

Trata-se, efetivamente, de uma cláusula


de irresponsabilidade geral que assegura ao
parlamentar o direito de não ser condenado civil
e penalmente (também disciplinar e
politicamente) por suas opiniões palavras e
votos proferidos em razão do exercício do
mandato ou do desempenho da função
parlamentar.

Imunidades parlamentares
Imunidade formal ou processual
Tais imunidades podem ser identificadas
Conforme já sinalizado, a imunidade
como prerrogativas daqueles que exercem a
processual relaciona-se tanto com a prisão de
função parlamentar e possuem como objetivo

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parlamentares, quanto com o processamento diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará


deles. Aqui serão analisadas as duas situações ciência à casa respectiva, que, por iniciativa de
de modo separado. partido político nela representado e pelo voto da
maioria de seus membros (maioria absoluta,
a) Prisão quórum qualificado), poderá, até a decisão final,
A imunidade formal ou processual para a sustar o andamento da ação.
prisão está prevista na Carta Magna no art. 53, Novamente percebe-se que o momento a
§ 3º. A partir deste enunciado, fica estabelecido partir do qual o parlamentar passa a gozar da
que desde a expedição do diploma, os imunidade é a diplomação, e não a posse.
membros do Congresso Nacional (Deputados Além disso, a partir do atual regramento, a
Federais e Senadores da República) não prerrogativa apenas está relacionada com os
poderão ser presos, salvo em flagrante de crimes praticados após a diplomação, não
crime inafiançável. antes.
Ainda assim, neste caso, o texto determina Com o § 4º desse mesmo dispositivo, a
que os autos sejam remetidos dentro de 24 Constituição enuncia que o pedido de sustação
horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da será apreciado pela Casa respectiva no prazo
maioria de seus membros (maioria absoluta, improrrogável de 45 dias do seu recebimento
segundo o STF), resolva sobre a prisão. pela mesa diretora.
É importante perceber que a aquisição Já nos termos do § 5º, tem-se que a
desta imunidade se dá com a diplomação, e sustação do processo suspende a prescrição
não com a posse (momento posterior) como enquanto durar o mandato.
costumam colocar as bancas examinadoras
com o objetivo de induzir o candidato ao erro. Foro por prerrogativa de função

Nesse sentido, é possível concluir que para Voltando ao § 1º do mesmo art. 53 da Carta
a manutenção da prisão em flagrante delito de de Outubro, o constituinte consagrou que os
crime inafiançável, a aprovação pela casa, Deputados e Senadores, desde a expedição
mediante voto aberto, se apresenta como uma do diploma, serão submetidos a julgamento
condição indispensável. perante o Supremo Tribunal Federal.

b) Processo Assim, conclui a doutrina que


independentemente do tipo de crime que tenha
Alterando panorama anterior, a Emenda sido praticado, a competência para o
Constitucional n. 35/2001 passou a dispensar processamento desses parlamentares é do
licença prévia da Casa respectiva para que os Pretório Excelso, confirmando, assim, o foro por
parlamentares pudessem ser processados. prerrogativa de função.
Dessa forma, com a nova previsão, no caso Lembrando que, segundo a jurisprudência
de oferecimento de denúncia contra do STF confirmada em sede de ação direta de
parlamentar, poderá o Supremo Tribunal inconstitucionalidade (ADIN), caso o mandato
Federal recebê-la, não mais havendo que se termine antes do fim do processo, não ocorrerá
falar em prévia licença da Casa a que pertence o fenômeno da perpetuatio jurisdictionis
o Deputado ou Senador. (perpetuação da jurisdição), não competindo
Assim, conforme a previsão do art. 53, § 3º, mais à Suprema Corte dar sequência ao
da CF, recebida a denúncia contra Senador ou processo e julgamento.
Deputado, por crime ocorrido após a

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Já na hipótese de crime praticado por eleitoral, inviolabilidade, imunidades,


alguém que não era parlamentar e, no curso do remuneração, perda de mandato, licença,
processo, se elege Deputado Federal ou impedimentos e incorporação às Forças
Senador da República, a orientação é que o Armadas.
processo seja imediatamente remetido ao STF
para que este, estando presentes os requisitos, A partir deste enunciado atenta-se apenas
dê andamento à ação. para a necessidade de adaptação de tais regras
à esfera estadual, em sintonia com o princípio
Porém, neste caso, por se tratar de um da simetria ou paralelismo das formas.
crime praticado antes da diplomação, muito Assim, onde se lê Câmara dos Deputados e
embora o processo seja remetido para o Senado Federal, leia-se Assembleia Legislativa.
Supremo, este não terá que dar ciência à casa E onde há referência ao Supremo Tribunal
respectiva que, por sua vez, também não Federal, leia-se Tribunal de Justiça.
poderá interferir na ação. Não há que se falar
aqui, portanto, na existência de imunidade Finalmente, no âmbito municipal, o Texto
processual. Maior no art. 29, VIII, prevê a imunidade dos
Vereadores por suas opiniões, palavras e votos
Ainda, em se tratando de infração cometida no exercício do mandato e na circunscrição do
após o encerramento do mandato não incide o Município.
foro privilegiado. Este entendimento, inclusive,
está cristalizado na súmula 451 do STF, Assim, conclui-se que os Vereadores, no
prevendo que a competência especial por exercício de suas funções, apenas gozam da
prerrogativa de função não se estende ao crime imunidade material, e na circunscrição do
cometido após a cessação definitiva do respectivo Município.
exercício funcional. Fechando, portanto, a abordagem referente
Questão interessante diz respeito à às imunidades dos Deputados e Senadores,
possibilidade de renúncia das imunidades. O vale salientar que estas prerrogativas
entendimento que prevalece (e que, portanto, subsistirão durante o estado de sítio, só
deve ser seguido em prova) é que as tais podendo ser suspensas mediante o voto de 2/3
prerrogativas parlamentares não podem ser dos membros da Casa respectiva, nos casos de
objeto de renúncia, já que dizem respeito ao atos praticados fora do recinto do Congresso
cargo, e não à pessoa que o ocupa. Nacional, que sejam incompatíveis com a
execução da medida.
Além disso, como tais privilégios estão
relacionados ao efetivo desempenho das As Comissões Parlamentares de Inquérito
atividades inerentes à função parlamentar, tais De acordo com o artigo 58, § 3º, da CF, as
prerrogativas não são estendidas aos
comissões parlamentares de inquérito têm
suplentes, que também não poderão se
poderes de investigação próprios das
beneficiar do foro por prerrogativa de função. autoridades judiciais, além de outros
previstos nos regimentos internos das
respectivas Casas Legislativas.
Imunidade parlamentar estadual e municipal
Concluída a investigação, sendo o caso, as
No âmbito dos Estados-membros, o art. 27, conclusões serão encaminhadas ao Ministério
§ 1º, da CF/88, consagra que se aplicam aos Público para que se promova a
Deputados Estaduais as mesmas regras responsabilidade civil ou criminal dos infratores.
previstas na Constituição sobre sistema

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De um modo geral, a composição de uma  A quebra de sigilo bancário, fiscal e de dados


CPI deve traduzir a representação proporcional (destaque-se o sigilo de dados telefônicos)
dos partidos políticos que participam da
respectiva Casa.  A busca e apreensão de documentos

A criação de uma comissão parlamentar de  A condução coercitiva para depoimento


inquérito depende do atendimento de três
requisitos constitucionais, quais sejam: a)  A realização de exames periciais
requerimento de um terço dos membros da
Casa Legislativa; b) apuração de fato
determinado; c) fixação de prazo certo para a De outro modo, por não poderem praticar
conclusão dos trabalhos. atos de jurisdição exclusivos do Poder
Judiciário, não podem as CPIs:
No que tange ao requerimento, a CPI
poderá ser criada pela Câmara dos Deputados  Realizar diligência de busca domiciliar
e pelo Senado Federal, de modo conjunto
(comissão parlamentar mista de inquérito –  Quebrar o sigilo das comunicações
CPMI) ou separadamente (comissão exclusiva). telefônicas (interceptação telefônica)

Exige-se, portanto, requerimento de um  Dar ordem de prisão, salvo no caso de


terço dos membros da Câmara Federal, sendo flagrante delito (crime de falso testemunho, por
a comissão criada pelos Deputados, ou de um exemplo)
terço dos membros do Senado, na hipótese da
comissão ser criada pelos Senadores da  Praticar atos de jurisdição cautelar (arresto,
República (comissões exclusivas). sequestro, hipoteca judiciária, indisponibilidade
dos bens, proibição de ausentar-se do país)
Já no caso de criação da comissão
parlamentar mista de inquérito (CPMI), exige-se Reitere-se, por fim, que as comissões
o requerimento de um terço dos membros de parlamentares de inquérito não são órgãos de
ambas as Casas Legislativas. acusação ou julgamento, mas apenas de
Conforme mencionado, às CPIs são investigação. Justamente por isso, podem,
conferidos poderes de investigação próprios das sim, sofrer controle pelo Poder Judiciário.
autoridades judiciais. Tais poderes, DO PODER EXECUTIVO
naturalmente, não são ilimitados, devendo
sempre observar os direitos e garantias Sistemas de governo
fundamentais, tais como o privilégio da não
autoincriminação (CF, art. 5º, LXIII), bem como Segundo a doutrina de Pedro Lenza,
o segredo de ofício e o sigilo profissional (CF, sistemas de governo são fórmulas concebidas
art. 5º, XIV). para se aferir o grau de dependência nas
relações travadas entre o Poder Executivo e o
A doutrina afirma que a CPI possui poderes Poder Legislativo. Tais sistemas podem ser:
instrutórios e investigatórios, mas não possui parlamentarismo ou presidencialismo.
poder geral de cautela.
Num regime de total independência
Como desdobramento do poder de encontra-se o presidencialismo, enquanto que
investigação conferido pela CF às CPIs, podem num regime de relativa dependência, situa-se o
elas determinar: parlamentarismo. Essa conclusão pode ser
encontrada a partir da análise da forma como as

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atividades de chefia de Estado e chefia de declarar extinto os mandatos e convocar novas


Governo são distribuídas em cada um dos eleições).
sistemas.
Por histórica influência norte-americana, o
No sistema presidencialista, tanto as sistema de governo adotado no Brasil (e
funções de chefe de Estado, quanto as vivenciado durante quase toda a República) é o
atribuições de chefe de Governo são atribuídas presidencialista. Não foi durante todo o
à mesma pessoa, qual seja: o Presidente da período republicano porque durante a vigência
República. Neste caso, ao parlamento, da Constituição Federal de 1946 a Emenda
tipicamente, só cabe legislar, não participando Constitucional n. 4/61 instituiu o
da direção da vida política nacional nem da parlamentarismo na realidade política brasileira,
implementação das políticas públicas porém, pouco tempo depois, a Emenda
constitucionalmente previstas. Constitucional n. 6/63 restabeleceu o sistema
presidencialista.
Já no sistema parlamentarista, por sua
vez, as funções de chefe de Governo são Vale registrar que este sistema, inclusive,
atribuídas ao Primeiro-Ministro, que chefia o foi confirmado na vigência da Constituição de
Gabinete, enquanto que as funções de chefe de 1988 a partir de uma consulta plebiscitária
Estado podem se concentrar tanto nas mãos do autorizada pelo art. 2º do ADCT.
Presidente da República (caso se esteja diante
de uma República parlamentarista), quanto nas Esse dispositivo previu que no dia 7 de
mãos do Monarca (em sendo o caso de uma setembro de 1993 o eleitorado iria definir,
Monarquia parlamentarista). através de plebiscito, a forma (república ou
monarquia constitucional) e o sistema de
Como principais características de cada um governo (parlamentarismo ou presidencialismo)
dos sistemas, é possível encontrar: que devem vigorar no país. Como resultado,
venceu a forma republicana e o sistema
 Presidencialismo: idealizado nos presidencialista de governo.
Estados Unidos da América, trazendo a eleição
do Presidente da República pelo povo, para Nesse sentido, o art. 76 da Constituição
exercer mandato com prazo determinado, e com brasileira de 1988 consagra que o Poder
alto grau de liberdade para escolher e exonerar Executivo é exercido pelo Presidente da
os seus auxiliares imediatos, quais sejam, os República, auxiliado pelos Ministros de Estado.
Ministros. Ou seja, aí está a consagração da forma de
Executivo monocrático, é dizer, aquele que
 Parlamentarismo: de influência inglesa, concentra nas mãos do Presidente tanto as
traz um Primeiro-Ministro como chefe de funções de chefe de Estado, quanto as de chefe
Governo, indicado pelo chefe de Estado, de Governo.
dependendo de aprovação do parlamento,
exercendo um mandato com prazo não Atribuições do Presidente da República
determinado. Como não existe um prazo As atribuições do Presidente da República
previamente estabelecido, a queda do Primeiro-
foram previstas na Constituição de 1988 no art.
Ministro poderá se dá de duas formas: a) por 84. Neste dispositivo, portanto, é possível
perda da maioria no parlamento pelo seu
encontrar não só as competências
partido; b) mediante o voto de desconfiança caracterizadoras da chefia de Estado (marcadas
(quando a sociedade e o chefe de Estado pela representação internacional do Brasil),
perdem a confiança no parlamento, este pode
como também da chefia de Governo

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(relacionadas à condição da vida política b) extinção de funções ou cargos públicos,


nacional no âmbito interno). quando vagos;

De logo, insta salientar que tais atribuições XII – conceder indulto e comutar penas,
não encerram um rol taxativo, vale dizer, com audiência, se necessário, dos órgãos
numerus clausus. Ao contrário, a previsão instituídos em lei.
específica dessas competências não exclui
outras que decorrem do próprio texto XXV – prover os cargos públicos federais
constitucional. O rol, portanto, é meramente na forma de lei.
exemplificativo, é dizer, numerus apertus. Observe que no inciso XXV não é passível
Outro não é o entendimento que pode ser de delegação a competência para a extinção
extraído do inciso XXVII desse mesmo artigo. dos cargos públicos federais, mas só para
Segundo esse dispositivo, também compete ao provimento. Tudo isso porque o parágrafo único
Presidente do Brasil exercer outras atribuições do artigo só se refere à primeira parte do
previstas na Constituição. dispositivo, e não à sua integralidade.

De fato, não seria razoável imaginar que Ressalte-se, ainda, que essa extinção de
todas as atribuições possíveis e imagináveis de cargos públicos federais, que não é passível de
um Presidente da República viessem delegação, não se confunde com a extinção de
taxativamente previstas em um texto contendo funções ou cargos públicos do inciso VI, alínea
vinte e sete incisos. “b”, esta, por sua vez, possível de ser delegada.

Outro ponto digno de nota diz respeito à Não se trata de paradoxo (contradição), é
possibilidade de tais competências serem que a partir da leitura deste último dispositivo, o
delegadas. Quem responde é o próprio art. 84 que se percebe é que só é possível a delegação
da CF, em seu parágrafo único. da extinção de cargos públicos quando eles
estiverem vagos, ressalva esta, como se
Com essa previsão, tem-se que o percebe, que não foi feita no inciso XXV.
Presidente da República poderá delegar as
atribuições previstas nos incisos VI, XII e XXV, Responsabilidade do Presidente da
primeira parte, aos Ministros de Estado, ao República
Procurador-Geral da República ou ao
A partir de agora será analisada a
Advogado-Geral da União, que deverão
responsabilização do Presidente da República
observar os limites traçados nas respectivas quando da prática de crimes de
delegações. responsabilidade e de crimes comuns.
Dada a especificidade, é indispensável que Crimes de responsabilidade
o candidato chegue à prova dominando,
especialmente, essas três atribuições passíveis Crimes de responsabilidade são infrações
de delegação. São elas: de natureza política e administrativa que dão
ensejo ao processo de impeachment.
VI – dispor mediante decreto sobre:
Essas infrações podem ou não constituir
a) organização e funcionamento da tipos penais. Quando constituem, são
administração federal, quando não chamadas de crimes de responsabilidade
implicar aumento de despesa nem próprios (contando, inclusive, com previsão no
criação ou extinção de órgãos públicos; Código Penal e na legislação especial).

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Do contrário, ficando apenas na esfera Presidente da República, pela prática de uma


extrapenal, são chamados de crimes de das infrações político-administrativas arroladas
responsabilidade impróprios. Esses últimos, como ensejadoras de crime de
sim, objeto de presente estudo. responsabilidade.

Na Constituição Federal de 1988 tais É a Câmara dos Deputados, portanto, que


infrações políticas estão disciplinadas no art. 85. exercerá esse juízo de admissibilidade,
Com esse dispositivo, são crimes de funcionando como se fosse um tribunal de
responsabilidade os atos do Presidente da pronúncia, declarando ser a acuação
República que atentem contra a Constituição procedente ou não.
Federal e, especialmente, contra:
Caso a Câmara entenda que a acusação
I – a existência da União; preenche os requisitos de procedibilidade, o que
dependerá da maioria qualificada de 2/3 dos
II – o livre exercício do Poder Legislativo, do seus membros, admitida estará a instauração
Poder Judiciário, do Ministério Público e dos do processo no âmbito do Senado Federal,
Poderes constitucionais das unidades da dando início à segunda fase.
Federação;
b) Fase final
III – o exercício dos direitos políticos,
individuais e sociais; Como visto, a fase final ocorre no âmbito do
Senado Federal, que deverá instaurar o
IV – a segurança interna do País; processo caso seja admitida a acusação por 2/3
V – a probidade na administração; dos membros da Câmara dos Deputados,
exercendo um juízo de processamento,
VI – a lei orçamentária; atuando como tribunal de julgamento.

VII – o cumprimento das leis e das decisões Essa sessão no âmbito do Senado será
judiciais. presidida pelo Presidente do Supremo
Tribunal Federal, consoante disposição do art.
Com o parágrafo único tem-se que esses 52, parágrafo único, da CF/88. Exercendo o
crimes serão definidos em lei especial, que julgamento, os Senadores da República
estabelecerá as normas de processo e poderão absolver o acusado ou condená-lo pela
julgamento. Trata-se da Lei n. 1.079/50, que foi prática de crime de responsabilidade.
alterada pela Lei n. 10.028/2000, ampliando o
rol das infrações político-administrativas, com Lembrando que, assim como na aceitação
ênfase em relação aos crimes contra a lei da acusação pela Câmara dos Deputados, o
orçamentária. quórum para a condenação, que terá a forma de
resolução do Congresso Nacional, também é
Adentrando, agora, na seara do de 2/3 dos membros.
procedimento, de saída vale advertir que o
mesmo é bifásico, ou seja, composto por duas Ainda à luz do art. 52, parágrafo único, da
fases: uma inicial e outra final. CF, a condenação limitar-se-á à perda do
cargo, com inabilitação, por oito anos, para o
a) Fase inicial exercício de função pública, sem prejuízo das
demais sanções judiciais cabíveis.
A fase inicial se dá mediante o oferecimento
de uma acusação, por qualquer cidadão no Sintetizando:
pleno gozo dos seus direitos políticos, no âmbito
da Câmara dos Deputados, contra o

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 Condenação – resolução do Senado Recebida a denúncia ou queixa-crime pelo


Federal pela Câmara dos Deputados, passa-se à
próxima fase marcada pela instauração do
 Quórum – 2/3 processo no âmbito do Supremo Tribunal
Federal (órgão competente para o julgamento
 Sanção – perda do cargo e inabilitação do Presidente da República em decorrência da
para a função pública por 8 anos, sem prática de crime comum).
prejuízo das demais sanções judiciais
cabíveis. Essa competência originária do STF para
julgamento do Presidente da República abrange
todas as modalidades de ilícitos penais,
alcançando também os crimes eleitorais, os
Também não se deve perder de vista a crimes dolosos contra a vida e, inclusive, as
regra segundo a qual após a instauração do contravenções penais.
processo pelo Senado nos crimes de
responsabilidade, o Presidente ficará suspenso Vale ressaltar que, em nome do princípio da
de suas funções pelo prazo de 180 dias (CF, art. separação dos Poderes, o Pretório Excelso não
86, § 1º, II). está obrigado a receber a denúncia ou queixa-
crime, ainda que tenha havido autorização por
Se o julgamento não estiver concluído no parte da Câmara dos Deputados, ao contrário
referido prazo, cessará o afastamento do do que ocorre nos crimes de responsabilidade.
Presidente, sem prejuízo do regular seguimento
do processo (CF, 86, § 2º). O STF, portanto, exercerá o juízo de
processamento, funcionando, normalmente,
Crimes comuns como um tribunal de julgamento, e poderá
O procedimento de responsabilização do absolver ou condenar o Presidente pela prática
Presidente da República por crime comum do crime comum.
também é bifásico. Caso a Corte Suprema entenda que ele
a) Fase inicial seja culpado e julgue procedente o pedido, a
condenação aqui será aquela prevista no
A fase inicial também acontece no âmbito próprio tipo penal, ocorrendo a perda do cargo
da Câmara dos Deputados, que exercendo um apenas de modo indireto como uma
juízo de admissibilidade, atuando tal qual um consequência da suspensão dos direitos
tribunal de pronúncia, pode aceitar ou não a políticos operada por força do art. 15, III, da
acusação contra o Presidente da República, CF/88.
também pelo quórum de 2/3 dos seus membros.
Vale lembrar que do mesmo modo como
Essa acusação terá a forma de denúncia, ocorre nos crimes de responsabilidade,
em se tratando de crime de ação penal pública, recebida a denúncia ou queixa-crime, o
ofertada pelo Procurador-Geral da República, Presidente da República ficará suspenso das
ou poderá assumir a forma de queixa-crime, suas funções pelo prazo de 180 dias (CF, art.
em se tratando de crime de ação penal privada, 86, § 1º, I).
a se oferecida pelo próprio ofendido.
Novamente aqui, findo esse prazo sem que
tenha havido julgamento, cessará o
b) Fase final afastamento do Presidente, sem prejuízo do
regular prosseguimento do processo (CF, art.
86, § 2º).

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Ainda nos termos do art. 86, § 3º, enquanto Presidente da República, naturalmente será
não sobrevier sentença condenatória, nas possível a instauração da persecução criminal.
infrações comuns, o Presidente da República
não estará sujeito à prisão. DO PODER JUDICIÁRIO

Imunidade presidencial (irresponsabilidade Organograma do Poder Judiciário


penal relativa)
Já se disse que o Poder, assim como o
A Constituição Federal consagra, em seu Direito, é uno é indivisível, ou seja,
art. 86, § 4º, a chamada imunidade presidencial indecomponível. Admite-se, porém, um
ou cláusula de irresponsabilidade penal relativa. abrandamento dessa ideia com a divisão do
Segundo esse dispositivo, durante a vigência do Direito em ramos (ou províncias jurídicas).
seu mandato, o Presidente da República não Lembrando que essa distribuição possui fins
poderá ser responsabilizado por atos estranhos eminentemente didáticos, é dizer, por questão
ao exercício de suas funções. de mera conveniência acadêmica.

A partir da consagração desta imunidade, Do mesmo modo, estudando o Legislativo,


fica estabelecido que o Presidente, enquanto o Executivo e o Judiciário, o que se percebe, em
durar o seu mandato, apenas poderá ser verdade, é uma separação das funções
responsabilizado pela prática de atos que estatais. Funções essas que, conforme aqui já
guardem relação com o exercício das suas sinalizado, podem ser divididas em funções
funções (in officio ou propter officium). típicas e funções atípicas.

Noutras palavras, caso ele tenha praticado Com o estudo do organograma ou estrutura
uma infração criminal (ilícito penal), antes de do Poder Judiciário não é diferente.
assumir o cargo de Presidente, ou depois dessa Apresentado sempre a mesma finalidade, o
assunção, porém sem nenhuma relação Poder Judiciário também é uno e indivisível.
funcional, gozará da cláusula de Mais ainda, é correto afirmar que não é ele,
irresponsabilidade penal relativa.
propriamente, nem federal e nem estadual, mas
Ou seja, enquanto estiver no cargo, não sim um Poder nacional.
poderá ser responsabilizado, entretanto, por É um só Poder que possui uma atuação
óbvio, durante este período, suspenso estará o
distribuída por diversos órgãos, mais
prazo de prescrição do delito enquanto durar o especificamente em duas esferas (aqui sim,
mandato. Neste caso, só haverá que se falar em federal e estadual), a partir de uma distribuição
persecutio criminis depois do término do de competências.
mandato, perante o órgão da justiça comum
competente. Na trilha desse raciocínio, a Constituição da
República elencou, no art. 92, os órgãos do
Vale lembrar que essa imunidade se Poder Judiciário. São eles:
restringe apenas aos tipos penais (não
abrangendo as infrações de natureza civil, I – o Supremo Tribunal Federal;
política, administrativa e fiscal) que tenham sido
praticados antes do exercício do mandato, ou I-A – o Conselho Nacional de Justiça;
durante, porém sem qualquer relação funcional.
II – o Superior Tribunal de Justiça;
Se praticados no exercício do mandato e
III – os Tribunais Regionais Federais e os
guardando relação com as funções de
Juízes Federais;

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IV – os Tribunais e Juízes do Trabalho; Garantias do Poder Judiciário

V – os Tribunais e Juízes Eleitorais; Com a finalidade de assegurar a


independência e a imparcialidade do Poder
VI – os Tribunais e Juízes Militares; Judiciário, a Constituição Federal de 1988
VII – os Tribunais e Juízes dos Estados e conferiu-lhe uma série de garantias
do Distrito Federal e Territórios. preservadoras da sua autonomia.

Vale ressaltar que o Conselho Nacional de Tais garantias podem ser divididas em:
Justiça, embora seja órgão do Poder Judiciário, garantias institucionais e garantias funcionais.
por ter natureza administrativa, não compõe a
estrutura dos órgãos jurisdicionais.
Garantias institucionais
Assim, é possível sintetizar esses órgãos da
seguinte forma: Tais garantias têm por finalidade preservar
o Poder Judiciário globalmente, como
ORGANOGRAMA DO PODER instituição. Podem ser dividias em:
JUDICIÁRIO
a) Garantias de autonomia orgânico-
administrativa

Estão consagradas nas normas que tratam


da estrutura e funcionamento, bem como
naquelas que estabelecem competências para
os tribunais, tais como: eleger seus órgãos
diretivos, elaborar o regimento interno,
organizar internamente a estrutura
administrativa etc. (CF, art. 96).

b) Garantias de autonomia financeira


Estatuto da Magistratura
Estas, por sua vez, estão relacionadas à
Conforme previsão do art. 93, caput, da
possibilidade de elaboração e execução de
Constituição Federal, lei complementar, de
suas propostas orçamentárias, nos termos da
iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá
Constituição e dentro dos limites estipulados
sobre o Estatuto da Magistratura. Trata-se da
junto com os demais Poderes na lei de diretrizes
consagração do princípio de reserva de lei
orçamentárias (CF, art. 99).
complementar federal.

Vale registrar que até o presente momento


essa lei não foi editada. Em face desse silêncio Garantias funcionais
legislativo, segundo a jurisprudência do próprio
Supremo Tribunal Federal, fica valendo como Já as garantias funcionais (também
Estatuto da Magistratura a LC n. 35/79, que foi chamadas garantias de órgãos) têm por objetivo
recepcionada pelo Constituição de 1988. assegurar aos membros do Poder Judiciário o
livre desempenho de suas funções. Também
podem ser divididas em:

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a) Garantias de independência Magna garante que o subsídio dos magistrados


não poderá ser reduzido.
 Vitaliciedade (art. 95, I)
Vale ressaltar que essa garantia não é
No primeiro grau de jurisdição, só será exclusiva dos magistrados, sendo hoje
adquirida após dois anos de exercício, estendida também para todos os servidores
dependendo a perda do cargo, nesse período, públicos civis e militares.
de deliberação do tribunal a que o juiz estiver
vinculado, e, nos demais casos, de sentença
judicial transitada em julgado. b) Garantias de imparcialidade

Já no parágrafo único do art. 95, o


Vale lembrar que os demais servidores legislador constituinte consagrou algumas
públicos não gozam de vitaliciedade, mas sim vedações com o intuito de preservar a
de estabilidade, afinal, a perda do cargo poderá imparcialidade dos membros do Poder
acontecer por decisão judicial, processo Judiciário.
administrativo assegurado o contraditório e a Ei-las:
ampla defesa, e procedimento de avaliação
periódica de desempenho.  exercer, ainda que em disponibilidade,
outro cargo ou função, salvo uma de
Advirta-se, ainda, que, no âmbito dos magistério;
tribunais, a garantia da vitaliciedade é adquirida
no exato momento da posse,
 receber, a qualquer título ou pretexto,
independentemente da forma de acesso.
custas ou participações em processo;

 dedicar-se à atividade político-partidária;


 Inamovibilidade (art. 95, II)
 receber, a qualquer título ou pretexto,
É a garantia que assegura ao magistrado a auxílios ou contribuições de pessoas
impossibilidade de remoção, no âmbito da físicas, entidades públicas ou privadas,
estrutura judiciária, sem o seu consentimento. ressalvadas as exceções previstas em
Ocorre que o próprio dispositivo que lei (EC n. 45/2004);
consagra a inamovibilidade também traz uma
ressalva, prevista nos termos do art. 93, VIII.  exercer a advocacia no juízo ou tribunal
Com ele, tem-se que o ato de remoção, do qual se afastou, antes de decorrido
três anos do afastamento do cargo por
disponibilidade e aposentadoria do magistrado,
por interesse público, fundar-se-á em decisão aposentadoria ou remuneração (é a
por voto da maioria absoluta do respectivo chamada quarentena de saída – EC n.
tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça, 45/2004).
assegurada ampla defesa. Quinto Constitucional

Segundo o art. 94 do Texto Maior, 1/5 (um


quinto) dos lugares dos Tribunais Regionais
 Irredutibilidade de subsídios (art. 95, III)
Federais, dos Tribunais dos Estados, e do
Com o objetivo de assegurar maior Distrito Federal e Territórios será composto de
liberdade no desempenho das funções, a Carta membros do Ministério Público, com mais de 10

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anos de carreira, e de advogados de notório A Lei n. 11.417/2006 disciplinou o


saber jurídico e de reputação ilibada, com mais procedimento para a edição, a revisão e o
de 10 anos de efetiva atividade profissional, cancelamento de enunciado de súmulas
indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de vinculantes, trazendo os seguintes requisitos:
representação das respectivas classes.
 Existência de reiteradas decisões sobre
O parágrafo único, por sua vez, conclui o matéria constitucional.
raciocínio afirmando que recebidas as
indicações, o tribunal formará lista tríplice,  Que estas decisões tenham por objeto a
enviando-a ao Poder Executivo, que, nos vinte validade, a interpretação e a eficácia de normas
dias subsequentes, escolherá um de seus determinadas.
integrantes para a nomeação.
 Que haja, entre órgãos judiciários ou
Vale ressaltar que embora a previsão do entre estes e a administração pública,
texto constitucional no art. 94 só tenha se controvérsia atual que acarrete grave
referido expressamente aos Tribunais insegurança jurídica e relevante
Regionais Federais, aos Tribunais dos Estados, multiplicação de processos sobre idêntica
e do Distrito Federal e Territórios, a Emenda questão.
Constitucional n. 45/2004 passou a estender a
obrigatoriedade de observância da regra do  Que a decisão sobre a edição, a revisão
quinto constitucional também para o Tribunal e o cancelamento seja tomada por 2/3 dos
Superior do Trabalho e para os Tribunais membros do STF, em sessão plenária.
Regionais do Trabalho (arts. 111-A, I e 115, I,
da CF, respectivamente).  Oitiva (ouvida) prévia do PGR, quando a
Lembrando, ainda, que nos termos do art. proposta não tiver sido formulada por ele.
104, parágrafo único, da CF, um terço da Segundo a Constituição Federal, a súmula
composição do Superior Tribunal de Justiça terá por objetivo a validade, a interpretação e a
deve ser distribuído, em partes iguais, dentre eficácia de normas determinadas, acerca das
advogados e membros do Ministério Público. quais haja controvérsia atual entre órgãos
judiciários ou entre esses e a administração
pública que acarrete grave insegurança jurídica
Súmulas Vinculantes e relevante multiplicação de processos sobre
questão idêntica.
À luz do art. 103-A da CF/88, inserido
através da Emenda Constitucional n. 45/2004, o Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido
Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou em lei, fica estabelecido que a aprovação,
por provocação, mediante decisão de 2/3 de revisão ou cancelamento de súmula poderá ser
seus membros, após reiteradas decisões provocada por aqueles que podem propor a
sobre a matéria constitucional, aprovar ação direta de inconstitucionalidade (CF, art.
súmula que, a partir de sua publicação na 103).
imprensa oficial, terá efeito vinculante em
relação aos demais órgãos do Poder Judiciário Vale ressaltar que o art. 3º a Lei n.
11.417/06 ampliou este rol, incluindo como
e à administração pública direta e indireta, nas
esferas federal, estadual e municipal, bem como legitimados o Defensor Público-Geral da União,
proceder à sua revisão ou cancelamento, na os Tribunais Superiores, os TJs de Estado ou do
Distrito Federal e Territórios, os TRFs, os TRTs,
forma estabelecida em lei.

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os TREs e os Tribunais Militares. É dizer, todos função primordial é o exercício do controle sobre
os tribunais jurisdicionais. a atuação administrativa, financeira, e sobre os
deveres funcionais dos magistrados.
Município só poderá fazer proposta de
edição, revisão ou cancelamento de súmulas de Já com o caput desse dispositivo, o
modo incidental, ou seja, no processo em curso Conselho Nacional de Justiça compõe-se 15
do qual ele faça parte (art. 3º, § 1º, da Lei n. membros com mandato de 2 anos, admitida
11.417/06). uma recondução.

Por último, caberá reclamação ao Desses 15 membros, 9 são do Poder


Supremo Tribunal Federal do ato administrativo Judiciário, 2 são do Ministério Público, 2 são da
ou decisão judicial que contrariar a súmula advocacia e 2 são da sociedade.
aplicável ou que indevidamente a aplicar.
Julgando procedente a reclamação, o STF Os 9 membros do Poder Judiciário são:
anulará o ato administrativo ou a cassará a 1) o Presidente do Supremo Tribunal
decisão judicial reclamada, e determinará que Federal.
outra seja proferida com ou sem a aplicação da
súmula, conforme o caso. 2) 1 Ministro do Superior Tribunal de Justiça,
indicado pelo próprio STJ.

Do Conselho Nacional de Justiça 3) 1 Ministro do Tribunal Superior do


Trabalho, indicado pelo próprio TST.
O Conselho Nacional de Justiça, criado pela
EC n. 45/2004, é um órgão integrante do Poder 4) 1 desembargador de Tribunal de Justiça,
Judiciário que tem sede em Brasília e atuação indicado pelo Supremo Tribunal Federal.
em todo o território nacional.

Trata-se, conforme já mencionado, de um 5) 1 juiz estadual, indicado pelo Supremo


órgão cujas atribuições são exclusivamente Tribunal Federal.
administrativas (não jurisdicionais), e
justamente por isso ele não aparece no quadro 6) 1 juiz de Tribunal Regional Federal,
sinótico que estampa o organograma da indicado pelo Superior Tribunal de Justiça.
estrutura do Poder Judiciário.
7) 1 juiz federal, indicado pelo Superior
Além disso, não se deve perder de vista que Tribunal de Justiça.
o Conselho Nacional de Justiça se localiza em
posição inferior ao Supremo Tribunal Federal, 8) 1 juiz de Tribunal Regional do Trabalho,
estando submetido ao seu controle. Nesse indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho.
sentido, sua atividade de fiscalização é dirigida
apenas e tão-somente aos juízes e tribunais 9) 1 juiz do trabalho, indicado pelo Tribunal
situados abaixo do Pretório Excelso na estrutura Superior do Trabalho.
hierárquica.

Assim, consolida-se o CNJ como um órgão


colegiado, que integra o Poder Judiciário Os 2 membros do Ministério Público são:
brasileiro, composto por membros da 1) 1 membro do Ministério Público da União,
magistratura, da sociedade e por indicado pelo Procurador-Geral da República.
representantes do Ministério Público, cuja

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2) 1 membro do Ministério Público estadual, Junto ao Conselho oficiarão o Procurador-


escolhido pelo Procurador-Geral da República Geral da República e o Presidente do Conselho
dentre os nomes indicados pelo órgão Federal da Ordem dos Advogados do Brasil.
competente de cada instituição estadual.
Fica estabelecido ainda que a União,
Os 2 advogados são indicados pelo inclusive no Distrito Federal e nos Territórios,
Conselho Federal da Ordem os Advogados do criará ouvidorias de justiça, competentes para
Brasil. receber reclamações e denúncias de qualquer
interessado contra membros ou órgãos do
Por último, os 2 cidadãos de notável saber Poder Judiciário, ou contra seus serviços
jurídico e reputação ilibada são indicados um auxiliares, representando diretamente ao
pela Câmara dos Deputado e outro pelo Senado Conselho Nacional de Justiça.
Federal.
A competência atribuída pela Constituição
Lembrando que não efetuadas as referidas Federal ao CNJ está relacionada, basicamente,
indicações no prazo legal, a escolha caberá ao com o controle da atuação administrativa e
Supremo Tribunal Federal. financeira do Poder Judiciário e do
O Conselho será presidido pelo Presidente cumprimento dos deveres funcionais dos
do Supremo Tribunal Federal e, nas ausências juízes, cabendo-lhe, além de outras atribuições
e impedimentos, pelo Vice-Presidente da que forem conferidas pelo Estatuto da
Magistratura, o seguinte:
Suprema Corte (CF, art. 103-B, § 1º, com
redação dada pela EC n. 61/2009). I – zelar pela autonomia do Poder Judiciário
Todos os demais membros (o Presidente do e pelo cumprimento do Estatuto da
Supremo Tribunal Federal, por já integrar o Magistratura, podendo expedir atos
Conselho automaticamente, não se submete a regulamentares, no âmbito de sua competência,
essa regra) devem ser nomeados pelo ou recomendar providências;
Presidente da República, depois de aprovadas II – zelar pela observância do art. 37 e
as indicações dos seus nomes pela maioria apreciar, de ofício ou mediante provocação, a
absoluta do Senado. legalidade dos atos administrativos praticados
O Ministro do STJ, por sua vez, exercerá a por membros ou órgãos do Poder Judiciário,
função de Ministro-Corregedor e ficará podendo desconstituí-los, revê-los ou fixar
excluído da distribuição de processo no prazo para que se adotem as providências
Tribunal, competindo-lhe, além das atribuições necessárias ao exato cumprimento da lei, sem
que lhe foram conferidas pelo Estatuto da prejuízo da competência do Tribunal de Contas
Magistratura, as seguintes: da União;

I – receber as reclamações e denúncias, de III – receber e conhecer das reclamações


qualquer interessado, relativas aos magistrados contra membros ou órgãos do Poder Judiciário,
e aos serviços judiciários; inclusive contra seus serviços auxiliares,
serventias e órgãos prestadores de serviços
II – exercer funções executivas do notariais e de registro que atuem por delegação
Conselho, de inspeção e de correição geral; e do poder público ou oficializados, sem prejuízo
da competência disciplinar e correicional dos
III – requisitar e designar magistrados, tribunais, podendo avocar processos
delegando-lhes atribuições, e requisitar disciplinares em curso e determinar a
servidores de juízos ou tribunais, inclusive nos remoção, a disponibilidade ou a
Estados, Distrito Federal e Territórios.

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aposentadoria com subsídios ou proventos apenas os artigos da Constituição


proporcionais ao tempo de serviço e aplicar correspondentes, devendo o candidato, para as
outras sanções administrativas, assegurada provas, realizar uma leitura cuidadosa dos
a ampla defesa; dispositivos mencionados.

IV – representar ao Ministério Público, no


caso de crime contra a administração pública ou
de abuso de autoridade; Do Supremo Tribunal Federal

V – rever, de ofício ou mediante  Composição: 11 Ministros.


provocação, os processos disciplinares de
juízes e membros de tribunais julgados a  Investidura: os Ministros do Supremo
menos de um ano; Tribunal Federal serão nomeados pelo
Presidente da República, depois de aprovada
VI – elaborar semestralmente relatório a escolha pela maioria absoluta do Senado
estatístico sobre processo e sentenças Federal. É com a nomeação que se considera o
prolatadas, por unidade da Federação, nos Ministro vitaliciado.
diferentes órgãos do Poder Judiciário;
 Requisitos para ocupação do cargo de
VII – elaborar relatório anual, propondo as Ministro do STF: a) ser brasileiro nato (CF, art.
providências que julgar necessárias, sobre a 12, § 3º, IV); b) ser cidadão, portanto, no pleno
situação do Poder Judiciário no País e as gozo dos seus direitos políticos; c) ter mais de
atividades do Conselho, o qual deve integrar 35 e menos de 65 anos de idade; d) ter notável
mensagem do Presidente do Supremo Tribunal saber jurídico e reputação ilibada (art. 101).
Federal a ser remetida ao Congresso Nacional,
por ocasião da abertura da sessão legislativa. Como visto, a Constituição elenca como um
os requisitos o notável saber jurídico. Ocorre
Finalmente, cabe registrar que muito que, a despeito da ausência de previsão
embora o Conselho Nacional de Justiça não expressa, a doutrina sinaliza que o ocupante do
possa determinar a perda de cargo de juízes, cargo de Ministro do STF tem de ser,
por outro lado poderá determinar a remoção, necessariamente, um jurista. Ou seja, entende-
aposentadoria compulsória (com subsídios ou se plausível a exigência da conclusão de curso
proventos proporcionais ao tempo de serviço) superior em direito.
ou a punição administrativa de magistrados.

Caso entenda oportuno, poderá, ainda,  Competências: a) originária (art. 102, I,


recomendar a perda de cargo de juiz ao tribunal “a” a “r”); b) recursal ordinária (art. 102, II); e c)
competente, o que somente poderá ocorrer por recursal extraordinária (art. 102, III).
meio de sentença judicial transitada em
julgado.

Concluído, portanto, o estudo acerca do Do Superior Tribunal de Justiça


Conselho Nacional de Justiça, passa-se agora
para a análise das características gerais dos  Composição: no mínimo, 33 Ministros (art.
órgãos do Poder Judiciário, seguindo a estrutura 104).
didática apresentada por Pedro Lenza.
 Investidura: os Ministros do Superior
Vale registrar que em face da extensão das Tribunal de Justiça serão nomeados pelo
listas de competências, aqui serão apontados Presidente da República, depois de aprovada

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a escolha pela maioria absoluta do Senado nomeados pelo Presidente da República,


Federal (EC n. 45/2004). observando-se a regra do quinto constitucional
(CF, art. 94).
 Requisitos para ocupação do cargo de
Ministro do STJ: a) ser brasileiro nato ou  Requisitos para o cargo: a) ser brasileiro nato
naturalizado; b) ter mais de 35 e menos de 65 ou naturalizado; b) ter mais de 30 e menos de
anos de idade; c) ter notável saber jurídico e 65 anos de idade.
reputação ilibada (art. 104).
 Competência: Art. 108 (competência dos
Tribunais Regionais Federais) e art. 109
 Composição dos Ministros: 1/3 de juízes (competência dos juízes federais) da CF.
dos Tribunais Regionais Federais; 1/3 de
desembargadores dos Tribunais de Justiça; 1/6 Por se tratar de inovação trazida pela
de advogados e 1/6 de membros do Ministério Emenda Constitucional n. 45/2004, vale
Público Federal, Estadual, do Distrito Federal e mencionar, de modo enfático, o § 5º do art. 109
Territórios, alternadamente, indicados na forma da CF. Com esse dispositivo, na hipótese de
do art. 94. grave violação de direitos humanos, o
Procurador-Geral da República, com a
finalidade de assegurar o cumprimento de
 Procedimento: no caso dos juízes dos obrigações decorrentes de tratados
Tribunais Regionais Federais e dos internacionais de direitos humanos dos quais o
desembargadores dos Tribunais de Justiça, o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o
STJ elaborará lista tríplice, enviando-a ao Superior Tribunal de Justiça, em qualquer
Presidente da República, que indicará um nome fase do inquérito ou processo, incidente de
e o nomeará após aprovação do Senado deslocamento de competência para a Justiça
Federal. Já no caso dos advogados e membros Federal.
do Ministério Público, a indicação seguirá o Da Justiça do Trabalho
procedimento do quinto constitucional previsto
no art. 94 da CF. A Justiça do Trabalho é composta pelo
Tribunal Superior do Trabalho (TST), pelos
Tribunais Regionais do Trabalho (TRTs) e pelos
Juízes do Trabalho.
 Competências: a) originária (art. 105, I, “a”
a “i”); b) recursal ordinária (art. 105, II); e c) Primeiro serão analisadas as principais
recursal especial (art. 105, III). características do Tribunal Superior do Trabalho
(TST).

 Composição: 27 Ministros togados e


Da Justiça Federal vitalícios, sendo que 1/5 serão escolhidos
dentre advogados com mais de 10 anos de
No primeiro grau de jurisdição, a Justiça efetiva atividade profissional e membros do
Federal é composta pelos Juízes Federais. No Ministério Público do Trabalho com mais de 10
segundo grau, pelos Tribunais Regionais
anos de efetivo exercício, observado o disposto
Federais. no art. 94; os demais (4/5 do total de 27
 Composição dos Tribunais Regionais Ministros) serão escolhidos dentre juízes dos
Federais: no mínimo, 7 Juízes, recrutados, Tribunais Regionais do Trabalho, oriundos da
quando possível, na respectiva região e

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Magistratura de carreira, indicados pelo próprio A Justiça do Eleitoral é composta pelo


Tribunal Superior. Tribunal Superior do Eleitoral (TSE), pelos
Tribunais Regionais Eleitorais (TREs), pelos
 Investidura: os Ministros do Tribunal Superior Juízes Eleitorais e pelas Juntas Eleitorais.
do Trabalho serão nomeados pelo Presidente
da República, depois de aprovada a escolha Primeiro serão analisadas as principais
pela maioria absoluta do Senado Federal (EC características do Tribunal Superior do Eleitoral
n. 45/2004). (TSE).

 Composição: no mínimo, 7 membros


 Requisitos para o cargo: a) ser brasileiro nato (juízes), sendo que a) 3 juízes serão eleitos
ou naturalizado; b) ter mais de 35 e menos de
dentre os Ministros do STF, mediante voto
65 anos de idade.
secreto, pelos próprios membros da Suprema
Corte; b) 2 juízes serão eleitos dentre os
 Competência: nos termos do art. 111-A, § 1º, Ministros do STJ, também mediante voto
da CF, a lei disporá sobre a competência do secreto, pelos próprios Ministros da Corte
Tribunal Superior do Trabalho. Superior de Justiça; c) e os outros 2 juízes serão
Passa-se agora à análise das principais nomeados pelo Presidente da República (sem
características relacionadas aos Tribunais sabatina no Senado), dentre seis advogados
Regionais do Trabalho (TRTs). (lista sêxtupla) de notável saber jurídico e
idoneidade moral, indicados pelo Supremo
 Composição: no mínimo, 7 juízes, Tribunal Federal.
recrutados, quando possível, na respectiva
região. O Presidente e o Vice-Presidente do TSE
serão eleitos pelo próprio Tribunal Superior
 Investidura: os juízes dos Tribunais Eleitoral, dentre os Ministros do STF.
Regionais do Trabalho serão nomeados pelo Já o Corregedor Eleitoral do TSE também
Presidente da República. será eleito pelo Tribunal Superior Eleitoral,
dentre os Ministros do Superior Tribunal de
 Requisitos para o cargo: a) ser brasileiro nato
Justiça.
ou naturalizado; b) ter mais de 30 e menos de
65 anos de idade, sendo 1/5 dentre advogados  Competência: nos termos do art. 121 da CF,
com mais de 10 anos de efetiva atividade lei complementar disporá sobre a organização e
profissional e membros do Ministério Público do competência dos tribunais, dos juízes de direito
Trabalho com mais de 10 anos de efetivo e das juntas eleitorais.
exercício, observado o disposto no art. 94; os
demais (4/5 restantes) serão escolhidos Passa-se agora à análise das principais
mediante promoção de juízes do trabalho por características relacionadas aos Tribunais
antiguidade e merecimento, alternadamente. Regionais Eleitorais (TREs).

Nos termos do art. 120 do Texto Maior,


 Competência da Justiça do Trabalho: art. 114
haverá um Tribunal Regional Eleitoral na Capital
da CF/88, introduzido pela Emenda
de cada Estado e no Distrito Federal.
Constitucional n. 45/2004.
 Composição: 7 membros (juízes), sendo:
a) eleição, pelo voto secreto, de 2 juízes dentre
Da Justiça Eleitoral os desembargadores do Tribunal de Justiça; b)
eleição, pelo voto secreto, de 2 juízes, dentre

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juízes de direito, escolhidos pelo Tribunal de


Justiça; c) 1 juiz do TRF com sede na Capital do  Requisitos para o cargo: tais requisitos só
Estado ou no Distrito Federal, ou, não havendo, foram estabelecidos expressamente na
de juiz federal, escolhido, em qualquer caso, Constituição Federal para os Ministros Civis,
pelo TRF respectivo; d) 2 juízes, por nomeação, quais sejam: a) ser brasileiro nato ou
pelo Presidente da República, dentre 6 naturalizado; b) ter mais de 35 e menos de 65
advogados de notável saber jurídico e anos de idade; c) para os Ministros civis
idoneidade moral, indicados pelo Tribunal de escolhidos dentre os advogados, ter notório
Justiça. saber jurídico e conduta ilibada, com mais de
10 anos de efetiva atividade profissional; e d)
O Presidente e o Vice-Presidente do TRE para os oficiais-generais a Constituição
serão eleitos pelo próprio Tribunal Regional consagra o requisito de serem brasileiros natos
Eleitoral, dentre os desembargadores. (CF, art. 12, § 3º, VI).
Por fim, nos termos do art. 32 do Código Da Justiça Estadual
Eleitoral, os Juízes Eleitorais são os próprios
juízes de direito em efetivo exercício e, na falta Segundo previsão do texto constitucional,
destes, os seus substitutos legais, da própria no caput do art. 125, aos Estados-membros
organização judiciária do Estado ou do DF. cumpre organizar a sua própria Justiça,
observados os princípios estabelecidos na
Da Justiça Militar própria Constituição Federal.
A Justiça Militar é composta pelo Superior A competência dos Tribunais de Justiça
Tribunal Militar e pelos Tribunais e Juízes deverá ser definida na Constituição do
Militares instituídos por lei. respectivo Estado, sendo a lei de organização
As principais características do STM (órgão judiciária de iniciativa do Tribunal de Justiça.
de cúpula dessa Justiça) são: De mais a mais, é sabido que a
 Composição: 15 Ministros vitalícios, sendo: competência da Justiça dos Estados é residual,
a) 3 dentre oficiais-generais da Marinha, da ativa compreendendo tudo o que não for da
e do posto mais elevado da carreira; b) 4 dentre competência das Justiças especiais ou
oficiais-generais do Exército, da ativa e do posto especializadas, nem da Justiça Federal.
mais elevado da carreira; c) 3 dentre oficiais- Ainda nos termos da Carta de Outubro, os
generais da Aeronáutica, da ativa e do posto Estados deverão instituir o seu sistema de
mais elevado da carreira; d) 5 dentre civis, dos controle de constitucionalidade das leis e atos
quais 3 serão escolhidos dentre advogados de normativos estaduais ou municipais,
notório saber jurídico e conduta ilibada, com contestados em face da Constituição Estadual,
mais de 10 anos de efetiva atividade sendo veda a legitimação para agir a um
profissional, 1 dentre juízes auditores e 1 único órgão.
membro do Ministério Público da Justiça Militar.
Além disso, lei estadual poderá criar,
 Investidura: observando a proporção mediante proposta do Tribunal de Justiça, a
estabelecida acima, o Presidente da Justiça Militar Estadual, constituída, em primeiro
República deverá indicar os 15 Ministros. Essa grau, pelos juízes de direito e pelos Conselhos
indicação tem de ser aprovada pela maioria de Justiça e, em segundo grau, pelo próprio
simples do Senado Federal, onde serão Tribunal de Justiça, ou por Tribunal de Justiça
sabatinados. Caso a indicação seja aprovada, o Militar nos Estados em que o efetivo militar seja
Presidente da República os nomeará. superior a vinte mil integrantes.

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Compete à Justiça Militar estadual regime democrático e dos interesses sociais e


processar e julgar os militares dos Estados, nos individuais indisponíveis.
crimes militares definidos em lei e as ações
judiciais contra atos disciplinares militares, A despeito da polêmica existente, o
ressalvada a competência do júri quando a Ministério Público não integra nenhum dos
vítima for civil, cabendo ao tribunal competente poderes estatais. Trata-se de uma instituição
decidir sobre a perda do posto e da patente dos independente e autônoma. Já se disse que o
oficiais e da graduação das praças. mais importante não é ser Poder, mas ter poder,
e isso o órgão ministerial tem.
Porém, competem aos juízes de direito do
juízo militar processar e julgar, singularmente, Assim, o que merece destaque, em
os crimes militares cometidos contra civis e as verdade, é o relevo que a instituição possui
ações judiciais contra atos disciplinares perante a sociedade, principalmente a partir da
militares, cabendo ao Conselho de Justiça, sob Constituição Federal de 1988, que aumentou
a presidência de juiz de direito, processar e sobremaneira a sua relevância social,
julgar os demais crimes militares. notadamente em relação à tutela dos direitos
difusos, coletivos, individuais homogêneos.
Como uma das grandes inovações na
Justiça Estadual introduzidas também pela EC Além disso, ao Ministério Público é
n. 45/04, o § 6º do art. 125 autoriza o Tribunal assegurada autonomia funcional e
de Justiça funcionar descentralizadamente, administrativa, podendo, observado o disposto
constituindo Câmaras regionais, a fim de no art. 169, propor ao Poder Legislativo a
assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à criação e extinção de seus cargos e serviços
justiça em todas as fases do processo. auxiliares, provendo-os por concurso público de
provas ou de provas e títulos, a política
Por fim, para dirimir conflitos fundiários, o remuneratória e os planos de carreira.
Tribunal de Justiça proporá a criação de varas
especializadas, com competência exclusiva Cumpre ao próprio Ministério Público
para questões agrárias. elaborar a sua proposta orçamentária dentro
dos limites estabelecidos na lei de diretrizes
DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA orçamentárias.

As funções essenciais à justiça são Consoante previsão constitucional no art.


atividades profissionais institucionalizadas pela 128, o Ministério Público abrange os seguintes
Constituição Federal de 1988, e tem como ramos:
finalidade tornar a prestação jurisdicional mais
célere e efetiva. I – o Ministério Público da União, que
compreende:
Tais atividades são exercidas pelos órgãos
do Ministério Público, da Advocacia Pública, da a) o Ministério Público Federal;
Defensoria Pública e também pela Advocacia.
b) o Ministério Público do Trabalho;
Do Ministério Público
c) o Ministério Público Militar;
Com previsão entre os arts. 127 e 130-A, o
Ministério Público é instituição permanente, d) o Ministério Público do Distrito Federal
essencial à função jurisdicional do Estado, e Territórios.
incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do

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II – os Ministérios Públicos dos Estados. apenas ao aspecto funcional, já que do ponto


de vista orgânico há, como visto, uma divisão
O Ministério Público da União tem por chefe com repartição de competências.
o Procurador-Geral da República, nomeado
pelo Presidente da República dentre Nesse sentido, conclui-se que esta unidade
integrantes da carreira, maiores de 35 anos, está inserida em cada um dos órgãos
após a aprovação de seu nome pela maioria ministeriais, não sendo possível um membro de
absoluta dos membros do Senado Federal, determinado ramo do Parquet, por exemplo,
para mandato de dois anos, permitida a exercer atribuições inerentes a outro ramo.
recondução.
b) Indivisibilidade
A destituição do Procurador-Geral da
República, por iniciativa do Presidente da De saída, é possível afirmar que o princípio
República, deverá ser precedida de da indivisibilidade é uma decorrência lógica e
autorização da maioria absoluta do Senado natural da própria unidade. À luz deste preceito,
Federal. fica assegurado que os membros do Ministério
Público, nos processos, podem ser substituídos
No que se refere aos Ministérios Públicos uns pelos outros. Dessa forma, considera-se
dos Estados e do Distrito Federal e Territórios, permitida a substituição recíproca entre
estes deverão formar lista tríplice dentre membros de um mesmo ramo do Parquet,
integrantes da carreira, na forma da lei desde que observado o disposto em lei.
respectiva, para a escolha de seu Procurador-
Geral, que será nomeado pelo Chefe do Poder c) Independência funcional
Executivo, para mandato de dois anos, Com este princípio garante-se aos
permitida uma recondução.
membros do Ministério Público ampla
Os Procuradores-Gerais nos Estados e no independência no desempenho de suas
Distrito Federal e Territórios poderão ser funções, não tendo que estar subordinados a
destituídos por deliberação da maioria nenhuma pressão externa ou oriunda de algum
absoluta do Poder Legislativo, na forma da lei Poder.
complementar respectiva. Assim, embora administrativamente se
Princípios institucionais constate a existência de uma chefia, do ponto
de vista funcional pode-se afirmar que não
À luz do art. 127, § 1º, da CF/88, são existe subordinação hierárquica entre os
princípios institucionais do Ministério Público a membros do Ministério Público. Garante-se,
unidade, a indivisibilidade e a independência portanto, a autonomia de convicção, ficando
funcional. estes membros submetidos apenas à
Constituição, às leis e à sua própria consciência.
Vale ressaltar que a previsão do art. 128,
que consagra a abrangência do Parquet em
diferentes ramos, não desnatura a noção de
órgão uno e indivisível. Garantias e impedimentos dos membros do
Ministério Público
a) Unidade
Com a previsão do art. 128, § 5º, I, da
Significa que os membros do Ministério CF/88, é possível afirmar que os membros do
Público devem ser considerados como Ministério Público gozam das seguintes
integrantes de uma só instituição. Vale garantias:
ressaltar que essa unidade está relacionada

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a) vitaliciedade, após dois anos de exercício, Funções institucionais


não podendo perder o cargo senão por
sentença judicial transitada em julgado; As funções institucionais do Ministério
Público estão previstas no art. 129. São elas:
b) inamovibilidade, salvo por motivo de  promover, privativamente, a ação penal
interesse público mediante decisão do órgão pública, na forma da lei;
colegiado competente do Ministério Público,  zelar pelo efetivo respeito dos poderes
pelo voto da maioria absoluta de seus
públicos e dos serviços de relevância pública
membros, assegurada a ampla defesa (EC n. aos direitos assegurados nesta Constituição,
45/2004); promovendo as medidas necessárias a sua
garantia;
c) irredutibilidade de subsídio, fixado na forma  promover o inquérito civil e a ação civil
do art. 39, § 4º, e ressalvado o disposto nos arts. pública, para a proteção do patrimônio público e
37, X e XI, 150, II, 153, III, 153, III, 153, § 2º, I. social, do meio ambiente e de outros interesses
Já com o inciso II do mesmo dispositivo, os difusos e coletivos;
membros do Ministério Público ainda se  promover a ação de inconstitucionalidade
submetem às seguintes vedações: ou representação para fins de intervenção da
União e dos Estados, nos casos previstos neste
a) receber, a qualquer título ou sob qualquer Constituição;
pretexto, honorários, percentagens ou custas  defender judicialmente os direitos e
processuais; interesses das populações indígenas;
 expedir notificações nos procedimentos
b) exercer a advocacia; administrativos de sua competência,
requisitando informações e documentos para
c) participar de sociedade comercial, na forma instruí-los, na forma da lei complementar
da lei; respectiva;
 exercer o controle externo da atividade
d) exercer, ainda que em disponibilidade, policial, na forma da lei complementar
qualquer outra função pública, salvo uma de mencionada no artigo anterior;
magistério;  requisitar diligências investigatórias e a
instauração de inquérito policial, indicados os
e) exercer atividade político-partidária; fundamentos jurídicos de suas manifestações
processuais;
f) receber, a qualquer título ou pretexto,  exercer outras funções que lhe forem
auxílios ou contribuições de pessoas físicas, conferidas, desde que compatíveis com sua
entidades públicas ou privadas, ressalvadas as finalidade, sendo-lhes vedada a representação
exceções previstas em lei (EC n. 45/2004). judicial e a consultoria jurídica de entidades
públicas.

Não se deve perder de vista, ainda, que por A legitimação do Ministério Público para as
força do art. 128, § 6º, da CF (EC n. 45/2005), ações civis não impede a de terceiros, nas
aplica-se aos membros do Ministério Público a mesmas hipóteses, segundo o disposto na
vedação ao exercício da advocacia no juízo ou Constituição Federal e na lei.
tribunal do qual se afastou, antes de decorridos
três anos do afastamento do cargo por Vale ressaltar que as funções do Ministério
aposentadoria ou exoneração (CF, art. 95, Público só podem ser exercidas por integrantes
parágrafo único, V). da carreira, que deverão residir na comarca da

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respectiva lotação, salvo autorização do chefe  2 cidadãos de notável saber jurídico e


da instituição. reputação ilibada, indicados um pela Câmara
dos Deputados e outro pelo Senado Federal.
Ainda, registre-se que o ingresso na
carreira do Ministério Público far-se-á mediante Cabe ressaltar que conforme previsão do §
concurso público de provas e títulos, 1º do art. 103-A, os membros do Conselho
assegurada a participação da Ordem dos oriundos do Ministério Público serão indicados
Advogados do Brasil em sua realização, pelos respectivos Ministérios Públicos, na forma
exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, da lei.
três anos de atividade jurídica e observando-
se, nas nomeações, a ordem de classificação. Ademais, como já se disse, compete ao
CNMP o controle da atuação administrativa e
Conselho Nacional do Ministério Público financeira do Ministério Público e do
cumprimento dos deveres funcionais de seus
Outra grande inovação da Emenda membros, cabendo-lhe:
Constitucional n. 45/2004 foi a previsão de um
órgão colegiado formado por membros do I – zelar pela autonomia funcional e
Ministério Público, magistrados e administrativa do Ministério Público, podendo
representantes da sociedade, cuja finalidade expedir atos regulamentares, no âmbito de sua
primordial é o exercício do controle da atuação competência, ou recomendar providências;
administrativa e financeira do Ministério
Público e do cumprimento dos deveres II – zela pela observância do art. 37 e
funcionais de seus membros. apreciar, de ofício ou mediante provocação, a
legalidade dos atos administrativos praticados
Este órgão é o Conselho Nacional do por membros ou órgãos do Ministério Público da
Ministério Público, com previsão no art. 130-A União e dos Estados, podendo desconstituí-los,
da CF, composto de 14 membros nomeados revê-los ou fixar prazo para que se adotem as
pelo Presidente da República, depois de providências necessárias ao exato cumprimento
aprovada a escolha pela maioria absoluta do da lei, sem prejuízo da competência dos
Senado Federal, para um mandato de dois Tribunais de Contas;
anos, admitida uma recondução, sendo:
III – receber e conhecer das reclamações
 o Procurador-Geral da República, que o contra membros ou órgãos do Ministério Público
preside; da União ou dos Estados, inclusive contra seus
serviços auxiliares, sem prejuízo da
 4 membros do Ministério Público da União, competência disciplinar e correicional da
assegurada a representação de cada uma de instituição, podendo avocar processos
suas carreiras; disciplinares em curso, determinar a remoção,
a disponibilidade ou a aposentadoria com
 3 membros do Ministério Público dos subsídios ou proventos proporcionais ao tempo
Estados; de serviço e aplicar outras sanções
administrativas, assegurada a ampla defesa;
 2 juízes, indicados um pelo STF e o outro
pelo STJ; IV – rever, de ofício ou mediante
provocação, os processos disciplinares de
 2 advogados, indicados pelo Conselho membros do Ministério Público da União ou
Federal da OAB; dos Estados julgados há menos de um ano;

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V – elaborar relatório anual, propondo as Advocacia Pública Municipal, e, por


providências que julgar necessárias sobre a conseguinte, a carreira dos Procuradores
situação do Ministério Público no País e as Municipais.
atividades do Conselho, o qual deve integrar a
mensagem prevista no art. 84, XI. Da Advocacia

Da Advocacia Pública Nos termos do art. 133 da CF, fica


estabelecido que o advogado é indispensável
Consagrada no art. 131, a Advocacia-Geral à administração da justiça, sendo inviolável por
da União é a instituição que, diretamente ou seus atos e manifestações no exercício da
através de órgão vinculado, representa a União, profissão, nos limites da lei.
judicial ou extrajudicialmente, cabendo-lhe,
nos termos da lei complementar que dispuser Esse caráter fundamental inerente às
sobre sua organização e funcionamento, as atividades dos advogados, inclusive, já foi
atividades de consultoria e assessoramento reconhecido por diversas vezes no âmbito do
jurídico do Poder Executivo. Supremo Tribunal Federal. Uma dessas
manifestações pode ser encontrada na súmula
Seu chefe é o Advogado-Geral da União, de vinculante n. 14, enunciando que é direito do
livre nomeação pelo Presidente da República defensor, no interesse do representado, ter
dentre cidadãos maiores de 35 anos, de notável acesso amplo aos elementos de prova que, já
saber jurídico e reputação ilibada. documentados em procedimento investigatório
realizado por órgão com competência de polícia
O ingresso nas classes iniciais da carreira judiciária, digam respeito ao exercício do direito
far-se-á mediante concurso público de provas e de defesa.
títulos.
Da Defensoria Pública
Insta salientar que na execução de dívida
ativa de natureza tributária, a representação da No art. 134, a Constituição consagra que a
União caberá à Procuradoria-Geral da Fazenda Defensoria Pública é instituição essencial à
Nacional, observado o disposto em lei. função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a
orientação jurídica e a defesa, em todos os
Já consoante previsão do art. 132, os graus, dos necessitados, na forma do art. 5º,
Procuradores dos Estados e do Distrito Federal, LXXIV.
organizados em carreira, na qual o ingresso
dependerá de concurso público de provas e Conforme esse dispositivo constante do
títulos, com a participação da Ordem dos catálogo específico dos direitos e garantias
Advogados do Brasil em todas as suas fases, fundamentais no texto constitucional (título II), o
exercerão a representação judicial e a Estado prestará assistência jurídica integral e
consultoria jurídica das respectivas unidades gratuita aos que comprovarem insuficiência de
federadas. recursos.

Aos procuradores é assegurada Vale lembra que quando da promulgação


estabilidade após três anos de efetivo da Constituição Federal de 1988 ainda não
exercício, mediante avaliação de desempenho existiam no Brasil as Defensorias Públicas. Em
perante os órgãos próprios, após relatório face dessa constatação, o legislador
circunstanciado das corregedorias. constituinte, no § 1º do art. 134, determinou que
fosse editada lei complementar prevendo a
Não se deve esquecer, ainda, que os organização da Defensoria Pública da União e
Municípios também poderão organizar a do Distrito Federal e Territórios, bem como a

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instituição de normas gerais para sua


organização nos Estados.

Além disso, no mesmo dispositivo previu-se


que as Defensorias Públicas serão organizadas
em cargos de carreira, providos, na classe
inicial, mediante concurso público de provas e
títulos, assegurada a seus integrantes a
garantia da inamovibilidade e vedado o
exercício da advocacia fora das atribuições
institucionais.

Ainda como novidade introduzida pela


Emenda Constitucional n. 45/2004, o § 2º do art.
134 previu um fortalecimento das Defensorias
Públicas Estaduais a partir do momento em que
lhe foram asseguradas autonomia funcional e
administrativa, bem com a iniciativa de sua
proposta orçamentária dentro dos limites
estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias,
devendo obediência também ao disposto no art.
99, § 2º (lembrando que a EC nº 74 de 2013
inseriu o § 3º nesse dispositivo, estendendo
essa autonomia do § 2º também para as
Defensorias Públicas da União e do Distrito
Federal).

Cabe alertar ainda que a EC n. 80/14


inseriu o § 4º no art. 134 prescrevendo que são
princípios institucionais da Defensoria Pública a
unidade, a indivisibilidade e a independência
funcional, aplicando-se também, no que couber,
o disposto no art. 93 e no inciso II do art. 96 da
Constituição Federal.

A mesma emenda também inseriu o art.


98 no ADCT disciplinando a questão do número
de defensores nas unidades jurisdicionais
brasileiras. Recomenda-se a leitura do
dispositivo.

Finalmente, com o art. 135, a Constituição


determina que os integrantes das carreiras da
Advocacia Pública e da Defensoria Pública
serão remunerados na forma do art. 34, § 9º, é
dizer, mediante pagamento de subsídios.

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