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Plano de manejo para

os polinizadores do tomateiro
Plano de manejo para
os polinizadores do tomateiro
Equipe técnica

Coordenadores Bolsistas e Estudantes


Lucio Antonio Oliveira Campos Anna Pazini Hautequestt (UENF)
Universidade Federal de Viçosa Bianca Gonçalo Meyrelles (UFV)
Maria Cristina Gaglianone Bruno Barufatti Grisolia (UNESP)
Universidade Estadual do Norte Fluminense Camila Folly (UFV)
Carlos Melo da Silva Neto (UFG)
Daniela da Costa Matsuda (UNESP)
Pesquisadores Evelyn Sanches Sandoval (UFV)
Lucio Antonio Oliveira Campos Felipe Gonçalves Brocanelli (UNESP)
Universidade Federal de Viçosa Geovana Girondi Deláqua (UENF)
Maria Cristina Gaglianone Giselle Braga Menezes (UENF)
Universidade Estadual do Norte Fluminense Giselle Lopes (UFG)
Maria José Oliveira Campos Gleiciani Bürger Patricio (UNESP)
Universidade Estadual Paulista Joyce Martins Morais (UFG)
Edivani Franceschinelli Leonardo Bergamini (UFG)
Universidade Federal de Goiás Maira Coelho de Moura Moraes (UFV)
Leandro Freitas Marcelita França Marques (UENF)
Jardim Botânico do Rio de Janeiro Marcos Antonio da Silva Elias (UFG)
Alexandra Sanches Mariana Scaramussa Deprá (UENF)
Universidade Estadual Paulista Paula Carolina Montagnana (UNESP)
Marcos Aparecido Pizano Paula Netto Silva (UFV)
Universidade Estadual Paulista Priscila Araujo (UFV)
Mara Garcia Tavares Zhu Xingfang (UNESP)
Universidade Federal de Viçosa
Marcelo Trindade Nascimento
Universidade Estadual do Norte Fluminense
Osmar Malaspina
Universidade Estadual Paulista
Tânia Maria Fernandes Salomão
Universidade Federal de Viçosa
Plano de manejo para
os polinizadores do tomateiro

Autores
Maria Cristina Gaglianone
Maria José Oliveira Campos
Edivani Franceschinelli
Mariana Scaramussa Deprá
Paula Netto Silva
Paula Carolina Montagnana
Anna Pazini Hautequestt
Maira Coelho de Moura Moraes
Lucio Antonio Oliveira Campos

Funbio
Rio de Janeiro, 2015
Introdução 7
O cultivo de tomate no Brasil 9
Biologia floral e polinização do tomateiro 12
Déficit de polinização e importância dos
polinizadores para a produção de tomates 14
Principais polinizadores do tomateiro 15
Outros polinizadores e espécies com potencial
para uso na polinização do tomateiro 24
Outros recursos necessários aos
polinizadores do tomateiro 30
Importância da conservação florestal para a
manutenção dos polinizadores do tomateiro 32
Recomendações de boas práticas para a
conservação e manejo dos polinizadores do
tomateiro e estratégias para sua aplicação 34
Estratégias de sustentabilidade e políticas públicas 38
Glossário 40
Referências bibliográficas 42
Este material foi produzido pela Rede de Pesquisa sobre Polinizadores Ficha técnica
do Tomateiro como parte do Projeto “Conservação e Manejo dos
COORDENAÇÃO EDITORIAL
Polinizadores para a Agricultura Sustentável, através da Abordagem
Ceres Belchior
Ecossistêmica”. Esse Projeto é apoiado pelo Fundo Global para o
Vanina Zini Antunes de Mattos
Meio ambiente (GEF), sendo implementado em sete países: África Danielle Calandino
do Sul, Brasil, Gana, Índia, Nepal, Paquistão e Quênia. O Projeto é
coordenado em nível Global pela Organização das Nações Unidas para REVISÃO TÉCNICA
a Alimentação e Agricultura (FAO), com apoio do Programa das Nações Ceres Belchior
Comitê Editorial do MMA
Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). No Brasil, é coordenado pelo
Vanina Antunes
Ministério do Meio Ambiente (MMA), com apoio do Fundo Brasileiro
para a Biodiversidade (FUNBIO). PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO
Luxdev

FOTO DA CAPA
Edson Lucas Hautequestt

EDITOR
Fundo Brasileiro para a Biodiversidade
– FUNBIO

A reprodução total ou parcial


desta obra é permitida desde que
Catalogação na Fonte
citada a fonte. VENDA PROIBIDA.
Fundo Brasileiro para a Biodiversidade – Funbio

P774m Plano de manejo para os polinizadores do tomateiro / Coordenadores Maria


Cristina Gaglianone e Lucio Antonio Oliveira Campos. – Rio de Janeiro:
Funbio, 2015.

48 p. : il. color.
ISBN 978-85-89368-22-3

1. Agricultura. 2. Agricultura sustentável. 3. Polinização por inseto. 4.


Abelhas – Pólen. 5. Tomate. I. Maria Cristina Gaglianone. II. Lucio Antonio Oliveira
Campos. III. Título.

CDD 631.847
Introdução
O tomateiro (Solanum lycopersicum L.) é
uma espécie herbácea anual, de hábito de
crescimento prostrado, originária da região
oriental da América do Sul, onde várias espécies
selvagens ocorrem (Peralta, 2008). ­

Atualmente, esta espécie é am- As abelhas são os polinizadores polinizadores do tomateiro,


plamente distribuída e possui eficientes desta planta (Free, suas características biológicas
muitas variedades melhoradas 1993; Roubik 1995). Apesar das e comportamento, para que se
geneticamente, constituindo características do tomateiro possam propor ações efetivas
um importante produto na permitirem a autopolinização para a sua conservação. Para a
alimentação humana. O cultivo espontânea, a transferência criação de abelhas adequadas
de tomate é de ciclo curto, com de pólen realizada pelas visando à polinização, por
produção de frutos maduros de abelhas nativas aumenta a exemplo, é preciso saber
90 a 120 dias após a germina- produtividade e a qualidade sua identidade e entender
ção das sementes e 45 a 55 dias dos frutos (Macias-Macias as necessidades para sua
após o florescimento. Porém, et al., 2009; Silva Neto et al. sobrevivência e para o aumento
dependendo do clima e regime 2013; Deprá et al., 2014). Por das populações destas espécies
de chuvas, este período pode se isso, um dos grandes desafios nas áreas agrícolas. É preciso
estender (Anderlini, 1982). Al- atualmente é o uso de práticas também entender muito bem
gumas variedades, como as do que favoreçam a permanência seu comportamento, para
tipo ‘cereja’, podem produzir destes polinizadores nas propor ações amplas que sejam
frutos na mesma planta durante áreas de cultivo. É preciso abrangentes no tempo e no
anos seguidos. conhecer detalhadamente os espaço.

Plano de manejo para os polinizadores do tomateiro 7


Introdução

Um outro grande desafio no as residências e animais cultivo. Consequentemente,


manejo de polinizadores do domésticos. Além dos danos diminuem as taxas de
tomateiro é relacionado ao uso causados à saúde humana, o polinização e, com isso, a
de agrotóxicos. Devido à alta uso excessivo de agrotóxicos produtividade e qualidade
susceptibilidade do tomateiro também pode causar sérios dos frutos. A mudança destas
a pragas e doenças, o uso problemas ambientais, práticas agrícolas, visando
intenso de agrotóxicos tem sido devido à contaminação do do à diminuição no uso de
uma prática comum no cultivo solo, da água e dos animais agrotóxicos, é fundamental
convencional (Latorraca et al., (Veiga et al., 2006). As para a segurança alimentar
2008; Reis-Filho et al., 2009). abelhas sofrem diretamente humana e do ambiente, e hoje
Estes compostos produzem a ação dos agrotóxicos, que é um dos grandes desafios da
efeitos prejudiciais à saúde podem causar a sua morte agricultura moderna (Rocha,
humana, e os agricultores ou efeitos subletais, como 2012).
são as maiores vítimas de alterações de comportamento,
intoxicações, principalmente em diminuição na mobilidade, Este plano de manejo tem como
cultivos em que grande parte modificações na atividade, objetivos apresentar informa-
do trato é feito manualmente, perturbações na organização ções sobre a biologia floral do
como é o caso do plantio do das colônias e malformações tomateiro e de seus polinizado-
tomate (Moura, 2005). O risco no desenvolvimento das larvas. res e propor medidas que mini-
de exposição aos agrotóxicos Dessa forma, as populações mizem o déficit de polinização,
também é maior no caso de abelhas são prejudicadas, buscando maior qualidade na
de pequenas propriedades, o que diminui o número de produtividade e segurança na
devido à proximidade com polinizadores nas áreas de alimentação humana.

8 Plano de manejo para os polinizadores do tomateiro


O cultivo de tomate no Brasil
O tomate é uma das principais espécies olerícolas em importância
econômica no Brasil, sendo os estados de GO, SP, MG e RJ responsáveis
por 70% da produção nacional (tabela 1). No cenário mundial, o país
ocupa a nona posição na produção de tomates, totalizando anualmente
cerca de 4 milhões de toneladas de frutos.

Fonte: IBGE, 2014


Tabela 1.
Produção de tomate em Estado Produção Rendimento Médio
alguns estados no Brasil, (t) (kg/ha)
produção relativa ao total
nacional e rendimento Goiás 1.329.797 (33,46%) 84.191
médio em cada estado.
São Paulo 675.196 (16,99%) 66.456

Minas Gerais 559.871 (14,09%) 68.687

Rio de Janeiro 181.923 (4,57%) 76.310

O cultivo do tomate é classifica- mento determinado. O formato


do, de acordo com a sua forma “estaqueado”, mais utilizado
de crescimento, em estaque- para o consumo “in natura”,
ado ou rasteiro. Os cultivares exibe plantas com porte maior
“estaqueados” apresentam e por isso dependem de su-
crescimento indeterminado, en- porte para o seu crescimento
quanto o “rasteiro” tem cresci- necessitando de mão de obra

Plano de manejo para os polinizadores do tomateiro 9


O cultivo de tomate no Brasil

intensiva (Fig.1) . Já no formato gos e doenças, principalmente vegetação as plantas estão mais
“rasteiro”, os cultivares são de em regiões com temperaturas protegidas contra intempéries
menor porte e não precisam de mais altas (Silva & Vale, 2007). climáticas, como chuvas torren-
suporte para crescimento; este A maior parte da produção é ciais, geadas e seca. Além disso,
é o mais utilizado na indústria feita em cultivo aberto, em o cultivo de tomate em casas
(Reis-Filho, 2002). propriedades de até 2 ha, sendo de vegetação também possibi-
o rendimento médio de pro- lita grande redução no uso de
A forma tradicional de se con- dução de 132.152kg/ha (IBGE, defensivos agrícolas e possibili-
duzir o plantio do tomateiro 2014). O cultivo protegido em ta uma oferta programada e de
estaqueado é no formato “V” casas de vegetação, entretan- produtos diferenciados (Eklund
invertido. Essa configuração to, permite que o plantio seja et al., 2005).
apresenta algumas vantagens, realizado fora da época tradi-
como estabilidade para manter cional de produção, com quali- A técnica do cultivo protegido
as plantas eretas e facilidade de dade nutricional maior do que tem se expandido no Brasil per-
construção. Porém, a aproxima- as obtidas no campo aberto, mitindo otimizar os sistemas de
ção das plantas favorece maior além de melhor aparência, produção através da obtenção
umidade na região mais próxi- gerando então melhores preços de frutos de alta qualidade em
ma do solo, o que pode pro- pelo produto produzido (Silva qualquer época do ano e em
piciar um ambiente favorável & Vale, 2007). Isso é possível regiões antes inaptas ao cultivo
para o desenvolvimento de fun- porque no cultivo em casas de desses vegetais.

10 Plano de manejo para os polinizadores do tomateiro


O cultivo de tomate no Brasil

Figura 1
Áreas de cultivo de tomateiro
aberto em São José de Ubá,
RJ (A–B), e cultivo protegido
em Viçosa, MG (C).

Plano de manejo para os polinizadores do tomateiro 11


Biologia floral e
polinização do tomateiro

As flores do tomateiro apresen- ápice do cone (Fig.2) . Para que são muito mais eficientes nesta
tam-se agrupadas em inflores- essa liberação ocorra é neces- tarefa.
cências (Fig.2) na forma de sária a vibração das anteras,
cimeira. As flores são pequenas produzindo movimentação dos Nem todas as abelhas
(1-2 cm de diâmetro), actino- grãos de pólen dentro das an- são capazes de exibir o
morfas e não produzem néc- teras e sua expulsão através do comportamento de vibração.
tar. As pétalas são amarelas, poro. Essa vibração é feita pela ­Abelhas-de-mel (Apis mellifera),
fundidas na base e iniciam sua maioria das espécies de abelhas por exemplo, não fazem a
expansão no início da manhã, que buscam pólen nas flores do vibração e, embora possam
por volta de 6h30, tornando- tomateiro (Buchmann, 1983). polinizar as flores do tomateiro,
-se deflexionadas até o final Elas pousam sobre a região cen- o fazem com menor eficiência.
da tarde. As flores são herma- tral da flor e agarram o cone, A capacidade vibratória está
froditas; portanto, cada flor produzindo vibrações com sua presente em alguns grupos de
apresenta tanto estruturas musculatura torácica que são abelhas que são os efetivos
reprodutivas masculinas quanto transmitidas para as anteras, polinizadores das flores do
femininas. A autopolinização e produzem uma ressonância tomateiro. A abelha ­m andaçaia
pode ocorrer, pois as flores são dentro delas, que libera o pólen (Melipona quadrifasciata),
autocompatíveis. As anteras, (Buchmann & Hurley, 1978; por exemplo, foi considerada
que são as estruturas reprodu- Nunes-Silva et al., 2010). O ven- como eficiente polinizador do
tivas masculinas, são soldadas e to também pode ser um agente tomateiro em estufas e as flores
formam um cone que envolve polinizador, quando é forte o visitadas por essa espécie de
o estigma, que é a estrutura suficiente para expulsar o pólen abelha resultaram em frutos
reprodutiva feminina. O pólen das anteras e transportá-lo até de maior peso e número de
é liberado das anteras através o estigma da flor (McGregor, ­s ementes (Del Sarto et al.,
de um poro que se forma no 1976). Entretanto, as abelhas 2005).

12 Plano de manejo para os polinizadores do tomateiro


Biologia floral e polinização do tomateiro

a b

pétalas

cone

estigma

antera
poro

c d

Figura 2
Tomateiro (Solanum lycopersicum): (A) inflorescência com flores e botões;
(B) flor, mostrando pétalas e cone de anteras; (C) flor cortada longitudinalmente,
mostrando estigma (parte feminina) e anteras abertas com pólen exposto no
interior do cone; (D) flor em vista lateral, evidenciando a extremidade do cone
onde se abre o poro. Fotografias: Mariana S. Deprá.

Plano de manejo para os polinizadores do tomateiro 13


Déficit de polinização e
importância dos polinizadores
para a produção de tomates
Experimentos de polinização de cultivo pode incrementar Além da quantidade de
de flores do tomateiro realiza- ainda mais as taxas de poli- frutos ser incrementada
dos com diferentes cultivares nização, evidenciando déficit na presença de abelhas, a
indicaram que a autopoliniza- de polinização em diferentes qualidade dos frutos tam-
ção pode ocorrer, o que resulta áreas de plantio. O aumento bém pode ser melhorada
em taxas altas de vingamento na taxa de frutificação após as em função das visitas destes
de frutos, mesmo na ausência visitas de abelhas às flores foi polinizadores. Os tomates
de polinizadores. Flores ensaca- de até 7% (Silva Neto et al., resultantes de polinização
das para evitar o contato com 2013; Deprá et al., 2014). Além aberta à visitação das abe-
os polinizadores produziram disso, ­comparando-se áreas de lhas tiveram maior peso (até
frutos em até 89% dos casos, cultivo com diferentes taxas 41% mais pesados) e maior
dependendo da variedade de de ­visitação de abelhas, foram número de sementes (até
tomate analisada. Entretanto, observadas taxas de frutifica- 11% a mais) quando compa-
estas avaliações também mos- ção até 12% maiores nas áreas rados com aqueles formados
traram que a visita de abelhas onde as abelhas eram mais a partir da autopolinização
que vibram às flores nas áreas ­frequentes. espontânea (Fig. 3) .

pa ap pa ap
Figura 3
Frutos do tomateiro tipo “cereja”
resultantes de polinização por abelhas
(PA) e de autopolinização espontânea
(AP). (A) variedade cereja Chipano®
e (B) variedade cereja Sweet Gold®.
Fotografias: Bianca G. Meyrelles.
a b

14 Plano de manejo para os polinizadores do tomateiro


Principais polinizadores do tomateiro

a b

Devido à ausência de néctar


nas flores do tomateiro, os
seus visitantes florais buscam
exclusivamente pólen e,
por isso, são as fêmeas que
visitam as flores já que são
as responsáveis pela coleta
de pólen para a alimentação
das larvas. Somado a este
fato, a morfologia das
anteras restringe ainda mais
os visitantes florais desta
planta. As anteras, soldadas
em um cone com abertura
poricida, evitam a exposição
do pólen e restringem os
visitantes somente àqueles
que sejam capazes de
coletar eficientemente c d

este recurso floral. Por


isso, os polinizadores das Figura 4
flores do tomateiro são Abelhas visitando flores de Fotografias:
abelhas fêmeas capazes do tomateiro para coleta de pólen. Paula C. Montagnana (A–B),
comportamento de vibração (A–B) Exomalopsis analis; (C) Bombus Paula Netto Silva (C) e
(fig.4). morio; (D) Augochloropsis patens. Geovana G. Delaqua (D).

Plano de manejo para os polinizadores do tomateiro 15


Principais polinizadores do tomateiro

Tabela 2. Abelhas polinizadoras do tomateiro em áreas de


cultivo aberto no Brasil.

O número de espécies
de abelhas visitantes do Grupo Nome Principais gêneros
tomateiro pode variar de taxonômico popular e espécies
18 a 41, dependendo da
região geográfica e da Exomalopsini Abelhas-vibradoras Exomalopsis analis,
Exomalopsis auropilosa
localização das áreas de
cultivo (tabela 2, fig.5) .
Augochlorini Abelhas-de-suor Augochloropsis spp e
Em geral, áreas mais próximas Pseudaugochlora spp
de fragmentos de vegetação
nativa apresentam maior Bombini Mamangavas-de- Bombus morio e Bombus
chão pauloensis
número de espécies (Silva-
Neto, 2011; Deprá et al., Xylocopini Mamangavas-de- Xylocopa frontalis, Xylocopa
2014). O tamanho das abelhas toco nigrocincta e Xylocopa
suspecta
visitantes varia entre 8 mm
e 20 mm e a maioria das
Euglossini Abelhas-de- Eulaema nigrita
espécies (14 a 38 espécies, orquídeas
dependendo da área
estudada) vibram as flores Centridini Abelhas-coletoras- Centris aenea, Centris fuscata
de-óleo e Centris tarsata
para coletar o pólen. Estes
polinizadores pertencem Oxaeinae Abelhas-solitárias Oxaea flavescens
aos seguintes grupos
taxonômicos: Augochlorini, Meliponini Abelhas-sem-ferrão Melipona quadrifasciata
Centridini, Exomalopsini,
Eucerini, Oxaeini, Xylocopini,
Bombini, Euglossini e

16 Plano de manejo para os polinizadores do tomateiro


Principais polinizadores do tomateiro

pequenas
Exomalopsis auropilosa Exomalopsis analis

Abelha- solitária Mandaçaia Abelha-de-suor


Médias

Oxaea flavescens Melipona quadrifasciata Augochloropsis patens

Abelha-coletoras-de-óleo Abelha-de-orquídeas
Centris tarsata Euglossa cordata
grandes

Mamangava-de-chão Mamangava-de-toco
Bombus morio Xylocopa muscaria

Figura 5
Principais abelhas polinizadoras
do tomateiro, classificadas pelo
tamanho do corpo; todas apresentam
comportamento de vibração para
coleta de pólen.

Plano de manejo para os polinizadores do tomateiro 17


Principais polinizadores do tomateiro

Meliponini. Dentre as abelhas tamanho corporal adequados


Meliponina (abelhas-sem- para transferir pólen para o
ferrão), somente espécies do estigma e atividade em horário
gênero Melipona são capazes e período sazonal compatíveis
de vibração. Outras espécies com o florescimento da planta
frequentes nas flores do em questão (Roubik, 1995).
tomateiro, como Paratrigona Utilizando estes critérios,
lineata e Trigona spinipes, não podemos afirmar que os
polinizam as flores, pois retiram principais polinizadores
o pólen mordendo as anteras do tomateiro são abelhas
ou catando grãos de pólen dos gêneros Exomalopsis,
caídos nas pétalas, mas não Augochloropsis e Bombus.
tocam no estigma. Entretanto, foram observadas
algumas diferenças entre as
Dentre os polinizadores, as regiões geográficas do Brasil
tribos de abelhas Exomalopsini, com relação à frequência
Augochorini e Bombini de visitação dos diferentes
representaram até 90% das grupos taxonômicos.
abelhas encontradas nos Abelhas do gênero Bombus
plantios. Podemos considerar (as mamangavas-de-chão),
como polinizadores importantes por exemplo, foram mais
para um cultivo aquelas frequentes nos estados de São
espécies que apresentam Paulo e Minas Gerais, onde
alta frequência de visitas também abelhas-sem-ferrão do
nas flores, comportamento e gênero Melipona ocorreram

18 Plano de manejo para os polinizadores do tomateiro


Principais polinizadores do tomateiro

com maior frequencia. A Essas diferenças regionais na


riqueza de espécies destes composição e frequência dos
grupos também variou entre polinizadores do tomateiro
as regiões geográficas. Por são resultado da existência
exemplo, maiores números de de diferentes biomas e
espécies dos gêneros Centris regiões biogeográficas nas
e Xylocopa foram observados áreas em que se inserem os
no estado do Rio de Janeiro, cultivos de tomate no Brasil.
enquanto o gênero Exomalopsis Entretanto, os principais
apresentou maior riqueza de grupos de abelhas são os
espécies polinizando flores mesmos entre as regiões,
do tomateiro nas áreas de e atuam de maneira
cultivo em Minas Gerais. semelhante na polinização
Além disso, a frequencia de do tomateiro. Por isso,
diferentes espécies do mesmo apesar das particularidades
gênero varia entre as regiões regionais, os resultados dos
geográficas. Bombus pauloensis diagnósticos nas diversas
é uma espécie frequentemente regiões brasileiras mostraram
encontrada nas flores do que é possível fazer propostas
tomateiro em áreas de cultivo e recomendações amplas
nos estados de Minas Gerais para a conservação dos
e São Paulo, enquanto que polinizadores, que tenham
Bombus morio ocorre em maior validade para as diferentes
frequência nos estados de Goiás realidades de cultivo do
e Rio de Janeiro. tomateiro no Brasil.

Plano de manejo para os polinizadores do tomateiro 19


Principais polinizadores do tomateiro

A seguir estão descritas algumas características dos polinizadores do tomateiro, importantes


para o entendimento da sua biologia e para a proposição de medidas de manejo e conservação.

Exomalopsis
São abelhas de pequeno porte, pois podem conter um número Greenleaf & Kremen, 2006),
com até 8 mm de comprimen- muito grande de indivíduos e onde muitas espécies de polini-
to. Constroem seus ninhos no a destruição destas áreas pode zadores constroem seus ninhos.
solo e normalmente apresen- acarretar na brusca diminuição As duas espécies de Exomalop-
tam fundação solitária dos das suas populações. Outro sis encontradas nas áreas de
ninhos, porém várias fêmeas fator importante é que, assim cultivo do tomateiro (E. analis
podem usar uma mesma entra- como outras abelhas pequenas, e E. auropilosa, fig.6 ) ocorrem
da do túnel que leva às células seu raio de voo é pequeno. amplamente no Brasil (veja
(­Zucchi, 1973; Michener, 2000). Abelhas de pequeno porte também Santos et al., 2014),
Neste caso, os ninhos ocorrem apresentam voo de 250 a 800 inclusive em áreas abertas, com
em agregações e o compor- m ao redor dos ninhos (Gath- pequena cobertura florestal.
tamento é conhecido como mann & Tscharntke, 2002). Essa Isso indica que estas abelhas
comunal, porém não há divisão distância influencia diretamen- podem sobreviver em campos
de trabalho entre as fêmeas. te na polinização das plantas agrícolas, onde fazem seus
Este comportamento resulta na mais próximas aos ninhos. Há ninhos no solo em meio ao
maior abundância de abelhas evidências mostrando que a plantio ou nas suas redondezas.
em uma mesma área, quan- produtividade pode decair em Por isso, conservar o solo nestas
do comparado ao de espécies cultivos agrícolas que estejam áreas e evitar o uso excessivo de
estritamente solitárias. Por isso, mais distantes de fragmentos agrotóxico são medidas impor-
as áreas de nidificação destas de vegetação nativa (Klein et tantes para manter as popula-
abelhas devem ser preservadas, al., 2003; Ricketts et al., 2004; ções destas abelhas.

20 Plano de manejo para os polinizadores do tomateiro


Principais polinizadores do tomateiro

a b

Figura 6
Exomalopsis auropilosa (A) e Exomalopsis analis (B) visitando flor do tomateiro.
Elas prendem-se com as mandíbulas na região apical do cone e vibram o corpo
para a expulsão do pólen de dentro das anteras. Note a escopa nas pernas
posteriores repleta de pólen. Fotografias: Maria Cristina Gaglianone (A) e
Paula C. Montagnana (B).

Plano de manejo para os polinizadores do tomateiro 21


Principais polinizadores do tomateiro

a b c

Figura 7
Bombus morio visitando flores de berinjela (A), feijão (B) e pepino (C) em áreas
próximas ao cultivo de tomateiro. Fotografias: Geovana G. Delaqua.

Bombus
O gênero Bombus é com- a rainha é responsável pela áreas abertas como em casas
posto por espécies conhe- postura dos ovos, enquanto as de vegetação (Dogterom et al.,
cidas popularmente como operárias coletam o alimento, 1998; Morandin et al., 2001).
­m amangavas-de-chão. São cuidam da prole e realizam Embora as técnicas de manejo
abelhas de grande porte, com tarefas como construção de estejam amplamente domina-
11 mm a 33 mm de comprimen- células, limpeza e alimenta- das em outros países, no Brasil
to, em geral, de coloração preta ção das larvas. Um ninho pode ainda não há conhecimento
com pilosidade densa de cor conter dezenas de indivíduos e suficiente sobre as espécies
preta e amarela. São abelhas a agressividade das abelhas é nativas para se fazer o manejo
sociais e constroem seus ninhos um fator que dificulta o manejo adequado visando à polinização
em cavidades no solo, associado destas espécies. do tomateiro.
a touceiras de gramíneas ou
outra vegetação, e também em Em países da América do Norte, Além do tomateiro, outras
ninhos abandonados de roedo- Europa e Ásia, colônias de plantas cultivadas (fig. 7) e
res ou aves (Michener, 2000). O Bombus são utilizadas comer- também muitas espécies nativas
comportamento destas espécies cialmente na polinização de são polinizadas por abelhas do
é primitivamente eussocial; cultivos de tomate, tanto em gênero Bombus.

22 Plano de manejo para os polinizadores do tomateiro


Principais polinizadores do tomateiro

a b c

Figura 8
Abelhas Augochlorini que visitam flor do tomateiro também coletam pólen
de flores de espécies nativas de Solanaceae. (A) Augochloropsis sp.; (B)
Augochloropsis patens; (C) Augochloropsis sparsilis. Fotografias: Maria Cristina
Gaglianone.

Augochloropsis
Grupo bastante diverso, com abelhas de tamanho pequeno
grande número de espécies no a médio, que possuem voo atin-
Brasil. Essas abelhas têm colora- gindo distâncias relativamente
ção metálica, frequentemente curtas a partir dos ninhos. A
em tons de verde (fig.8) . As localização dos ninhos próxima
fêmeas constroem ninhos no à superfície aumenta o risco de
solo, em agregações, muitas danos na estrutura dos ninhos
vezes a poucos centímetros de e conteúdo das células, ficando
profundidade e o comporta- mais susceptíveis ao manejo
mento varia desde espécies so- do solo nas áreas de cultivo,
litárias até sociais (Michener & como arado do solo e uso de
Lange, 1959; Coelho, 2002). São ­a grotóxicos.

Plano de manejo para os polinizadores do tomateiro 23


Outros polinizadores e espécies
com potencial para uso na
polinização do tomateiro

Outras espécies de abelhas Gaglianone, 2008). Já Xylocopa espécies (Oliveira & Schlindwein,
vibradoras, não tão abun- escava seus ninhos em madeira 2009). O uso de espécies que
dantes como Exomalopsis, seca (Bernardino & G­ aglianone, nidificam em cavidades, como
­Augochloropsis e Bombus, 2008), enquanto que Euglossa Centris tarsata, para a poliniza-
podem também ser muito im- e algumas espécies de Centris ção do tomateiro precisa ainda
portantes quando consideradas (fig. 11) utilizam cavidades ser ­testado. Apesar do forte po-
no conjunto da comunidade de preexistentes para a construção tencial para manejo das abelhas
polinizadores na área de culti- de suas células de cria (­Augusto que nidificam em substratos
vo. Assim, a conservação destas & Garófalo, 2004; Aguiar et artificialmente oferecidos, ainda
espécies e manutenção dos seus al., 2006; Augusto & Garófa- há muito que se aprender sobre
ninhos nas áreas de cultivo e lo, 2009). O manejo de ninhos criação em larga escala, controle
arredores é muito importan- destas espécies que nidificam de emergência de modo a ga-
te para garantir altas taxas em cavidades vem sendo ava- rantir sincronia entre o período
de ­frutificação do tomateiro. liado para outros cultivos. A de forrageamento dessas espé-
Espécies de abelhas-solitárias ­possibilidade de usar ninhos-ar- cies e o período de florescimen-
(fig. 9), como algumas espécies madilha para atrair fêmeas em to das espécies cultivadas antes
de Centris e ­Oxaea (fig.10) , busca de locais de nidificação é que essas abelhas possam ser
constroem ninhos no solo uma boa opção para aumentar empregadas como polinizadores
(­Camargo et al., 1983; Aguiar & o número de indivíduos destas manejados.

24 Plano de manejo para os polinizadores do tomateiro


Outros polinizadores e espécies com potencial para uso na polinização do tomateiro

 
Coleta de
Construção
alimento e
da célula
aprovisionamento

 
Busca de local Postura
para construção do ovo
do ninho na célula

  
Desenvolvimento
Acasalamento (ovo-larva- Morte
pupa-adulto) dos adultos


Emergência
do adulto

Figura 9
Ciclo de vida de uma espécie de abelha-solitária. Os adultos morrem antes do
nascimento da próxima geração. A participação de fêmeas () e/ou machos ()
está indicada em cada etapa do ciclo.

Plano de manejo para os polinizadores do tomateiro 25


Outros polinizadores e espécies com potencial para uso na polinização do tomateiro

a b

Figura 10
Outros polinizadores do tomateiro: (A) Oxaea flavescens (visitando flor de berinjela) e (B) Epicharis flava (aproximando-se
de flor de maracujá-doce). Fotografias: Geovana G. Delaqua (A) e Paulo Augusto Ferreira (B).

a b c

Figura 11
Abelhas que constroem ninhos em cavidades: (A) Xylocopa frontalis em colmo de bambu; (B) Euglossa cordata em galho de
Sideroxylon obtusifolium; (C) Centris tarsata em colmo de bambu aberto longitudinalmente mostrando células com pólen.
Fotografias: Sonia G. Alves (A), Maria Cristina Gaglianone (B) e Giselle B. Menezes (C).

26 Plano de manejo para os polinizadores do tomateiro


Outros polinizadores e espécies com potencial para uso na polinização do tomateiro

Na busca por espécies de a polinização de cultivos in- (Del Sarto, 2005; Bartelli et al.,
abelhas que possam ser ma- cluem: o grande conhecimento 2014).
nejadas para a polinização de da biologia de algumas espé-
cultivos, algumas espécies de cies; o comportamento social A introdução de ninhos
­abelhas-sem-ferrão foram ava- que resulta em grande número Melipona quadrifasciata
liadas. Ninhos destas espécies de indivíduos por colônia; as em cultivo protegido foi
podem, inclusive, ser transferi- técnicas de manejo já existentes realizada com sucesso em
dos para dentro de casas de ve- para algumas espécies, incluin- casas de vegetação em Minas
getação, em cultivo protegido do a multiplicação de colônias; Gerais. A polinização pelas
de tomate (Fig. 12) . Algumas a possibilidade de manuten- abelhas resultou em frutos
espécies testadas com sucesso ção das colônias em caixas de maiores e mais pesados
foram Nannotrigona perilam- criação; e a grande necessidade do que os originados por
poides (Cauich et al., 2004; Pal- de recursos florais que resul- autopolinização (Meyrelles,
ma et al., 2008), Nannotrigona tam em altas taxas de visitação 2013; Moura Moraes, 2014).
­testaceicornis (Moura Moraes, das flores. No caso das flores Outras espécies também
2014), Frieseomelita varia (Ba- do tomateiro, soma-se a estas apresentaram resultados
tistela, 2013; Myereles, 2013, vantagens o comportamento positivos na polinização em
Melipona ­quadrifasciata (Del de vibração de todas as espé- casas de vegetação. Uma única
Sarto et al., 2005; M
­ eyrelles, cies de Melipona, que as torna visita de Melipona bicolor ou
2013) e Melipona bicolor polinizadores eficientes nes- de Nannotrigona testaceicornis
(­Moura Moraes, 2014). tas flores. Em áreas de cultivo a uma flor do tomateiro é
protegido em estufas, espécies suficiente para produzir fruto
Algumas vantagens no uso de ­Melipona foram introduzi- maior, mais pesado e com maior
destas abelhas-sem-ferrão para das com sucesso na polinização número de sementes do que

Plano de manejo para os polinizadores do tomateiro 27


Outros polinizadores e espécies com potencial para uso na polinização do tomateiro

a b c

d e

28 Plano de manejo para os polinizadores do tomateiro


Outros polinizadores e espécies com potencial para uso na polinização do tomateiro

Figura 12 [página 28]


Abelhas-sem-ferrão. (A) Colônia de Melipona bicolor
instalada do lado de fora da casa de vegetação; (B–C) tubo
de acesso das abelhas ao interior da casa de vegetação com
cultivo protegido de tomateiro; (D) Melipona quadrifasciata
visitando flor do tomateiro em casa de vegetação.;
(E) Melipona bicolor em flor do tomateiro em casa de
vegetação. Fotografias: Maira C. de Moura Moraes (A, B, C
e E) e Bianca G. Meyrelles (D).

frutos formados a partir de adaptação e orientação das nenhuma vegetação natural.


autopolinização espontânea abelhas na condição protegida, Nos plantios abertos estudados
(Moura Moraes, 2014). as condições climáticas e nas diferentes regiões,
incidência de luz ultravioleta ­Melipona quadrifasciata
Apesar da comprovada dentro de casa de vegetação (fig. 12) foi a espécie mais
eficiência destas abelhas em (Teixeira & Campos, 2005; frequente e abundante,
cultivos em casa de vegetação, Meyrelles, 2013; M
­ oura Moraes, embora tenha ocorrido em
sua utilização é praticamente 2014). baixa abundância. Pela ampla
inexistente. Um dos motivos distribuição geográfica desta
é a indisponibilidade de As espécies de Melipona, espécie (­Camargo & ­P edro,
colônias em larga escala em geral, são associadas 2013), pode-se destacá-la
(Cortopassi-­Laurino et al., a habitats florestais mais como um importante potencial
2006), bem como de técnicas preservados, pois precisam de polinizador a ser utilizado para
de manejo adequadas em ocos em grandes árvores para a polinização do tomateiro nas
ambientes fechados (­Heard, construir seus ninhos. Este principais regiões de cultivo.
1999; Freitas, 2002; B­ artelli fato restringe a ocorrência Entretanto, a possibilidade de
et al., 2014). Estas técnicas de espécies deste gênero, manejo de colônias em áreas de
devem levar em consideração dificultando sua ­presença cultivo aberto ainda precisa ser
o tempo necessário para a em paisagens com pouca ou avaliada.

Plano de manejo para os polinizadores do tomateiro 29


Outros recursos necessários aos
polinizadores do tomateiro

Uma característica muito muito diversos no tamanho do tanto taxonomicamente,


importante das flores do to- corpo, comprimento da pro- quanto em tamanho corporal e
mateiro é que elas oferecem bóscide, demanda energética e comportamento (solitário até
somente pólen aos visitantes preferências por concentração eussocial), este resultado já era
florais. Como pólen não é o de néctar. esperado. As principais famílias,
único recurso necessário para em número e abundância de
a sobrevivência e reprodução Outras fontes de recursos abelhas capturadas nas suas
das abelhas, é necessário suprir utilizadas pelos polinizadores flores são:
as áreas também com outros do tomateiro foram avaliadas
recursos, principalmente néctar, através de amostragens das – Lamiaceae (como por exemplo
e em alguns casos, óleos florais abelhas em espécies floridas o cordão-de-frade, Leonurus
e resinas. Para isso, o manejo nas proximidades das áreas sibiricus),
do habitat é muito importante de cultivo aberto. O número – Asteraceae (como picão-preto
e deve prever a conservação e de espécies foi alto: até 38 e pincel-de-estudante, Bidens
o plantio de espécies vegetais espécies de 18 famílias de pilosa e Emilia sonchifolia),
que ofereçam recursos florais plantas foram indicadas como – Solanaceae (como juá-bravo e
próximo às áreas de cultivo do fontes de recursos alternativos maria-preta, respectivamente
tomateiro. É necessário garan- ou ­complementares. Solanum ­a culeatissimum e S.
tir uma grande diversidade de Considerando que os ­a mericanum) e
tipos de flores, uma vez que os polinizadores pertencem a – Convolvulaceae (por exemplo
polinizadores do tomateiro são grupos de abelhas tão diversos, a jetirana, ­Ipomoea ­cairica)

30 Plano de manejo para os polinizadores do tomateiro


Outros recursos necessários aos polinizadores do tomateiro

a b c

(fig.13). Outras famílias d e f


importantes são Leguminosae,
Euphorbiaceae, Cucurbitaceae
e Bignoniaceae (fig. 13) .

Muitas delas são espécies


ruderais, presentes nas
g h i
áreas de plantio ou nos seus
arredores como invasoras,
nas bordas de fragmentos
florestais e nas propriedades
rurais em geral. Deve-se levar
em consideração aspectos
biológicos das espécies para Figura 13
assegurar que estas plantas Fontes alternativas e complementares de néctar e pólen utilizadas pelos
não sejam reservatórios de polinizadores do tomateiro. (A) Sonchus oleraceus (serralha); (B) Solanum sp.; (C)
viroses e, ainda, que não Lantana camara; (D) Ageratum conizoides (erva-de-santa-luzia); (E) Bidens sp.; (F)
sejam mais atrativas do que Cosmus caudatum (cosmos); (G) Ipomoea nil (corda de viola); (H) Cucumis sativus
as flores do próprio cultivo, (pepino); (I) Vernonia sonchifolia (pincel-de-estudante). Fotografias de Paula C.
o que poderia deslocar os Montagnana (C,D e E), Maria José Campos (A, G e I), Bruno Ferreira (F) e Geovana
polinizadores da planta-alvo. Girondi (H).

Plano de manejo para os polinizadores do tomateiro 31


Importância da conservação florestal
para a manutenção dos polinizadores
do tomateiro

As abelhas também sofrem com apresentaram maior diversidade


a degradação e fragmentação de espécies de polinizadores
de habitats, pois perdem visitando as flores do tomateiro
recursos alimentares e locais (Deprá & Gaglianone, 2014).
para construção de ninhos. Além disso, abelhas grandes
Abelhas com necessidade de como as como as mamangavas-
recursos florais específicos, de-chão (Bombus morio e
como as abelhas que Bombus pauloensis) foram
utilizam óleos florais para mais comuns na paisagem com
construção de seus ninhos e maior cobertura florestal. Essas
alimentação de suas larvas, abelhas apresentam tamanho
podem ser muito afetadas corporal relativamente grande
por alterações na paisagem. e comportamento social de
Dessa forma, a conservação nidificação, formando colônias
da fauna de abelhas em áreas de 500 a 600 indivíduos em
agrícolas também depende da média. Além de apresentarem
preservação florestal. características particulares no
forrageamento, suas colônias
Na comparação entre paisagens numerosas exigem grande
com diferentes extensões de disponibilidade de recurso
cobertura florestal (fig. 14) , alimentar, o que possivelmente
verificamos que os plantios torna estas espécies mais
localizados em áreas com abundantes na região mais
maior cobertura florestal florestada.

32 Plano de manejo para os polinizadores do tomateiro


Importância da conservação florestal para a manutenção dos polinizadores do tomateiro

Figura 14 a
Paisagens onde se inserem os plantios
abertos de tomateiro em São José de
Ubá, RJ. (A) paisagem com floresta
ao fundo e (B) região altamente
modificada, com quase nenhuma
cobertura florestal. Fotografias:
Mariana S. Deprá

Plano de manejo para os polinizadores do tomateiro 33


Recomendações de boas práticas
para a conservação e manejo
dos polinizadores do tomateiro e
estratégias para sua aplicação

A recomposição da vegetação
suprimida em Área de
Preservação Permanente (APP)
Manutenção e restauração de é obrigatória, ressalvados os
fragmentos florestais usos autorizados previstos pela
Lei nº 12.651/2012.

Os resultados deste projeto polinizadores. Essas medidas,


Todo imóvel rural deve
mostram que a presença de visando uma ampla comunidade
manter área com cobertura
fragmentos florestais próximos de polinizadores, e não uma
de vegetação nativa, a qual
às áreas de cultivo pode ser única espécie, representam
deve ser conservada, a título
benéfica, aumentando a uma estratégia especialmente
de Reserva Legal (RL). Áreas de
diversidade e abundância de eficiente para os polinizadores
RL desmatadas irregularmente
polinizadores. A recomposição do tomateiro, que constituem
devem ter a vegetação
da vegetação nativa, um grupo tão heterogêneo,
recomposta (saiba mais lendo
interconectando pequenas sendo muitas espécies de
essa Lei). Ao promover a
áreas, aumentando a cobertura comportamento solitário e
recomposição da APP e RL,
florestal ou recuperando nidificação no solo, o que
busque utilizar plantas nativas
áreas degradadas, é essencial dificulta ou impossibilita o
que atraem os polinizadores.
para aumentar o habitat de manejo de ninhos.

34 Plano de manejo para os polinizadores do tomateiro


Recomendações de boas práticas para a conservação e manejo dos polinizadores do tomateiro e estratégias para sua aplicação

Conservação e criação de habitats de forrageamento

A presença de plantas onde –a


 mpliar as áreas de forra- florescimento dos cultivos do
as abelhas possam coletar geamento das abelhas e entorno pode auxiliar na ma-
recursos próximo às áreas de manter flores ao longo do nutenção de alimento o ano
cultivo do tomateiro é funda- ano. Pode-se obter este todo para a fauna de polini-
mental, principalmente quan- resultado através do cultivo zadores.
do se considera o plantio de de ­plantas-fontes de néctar,
tomate em sistema aberto e a como leguminosas (feijão, –m
 anter espécies ruderais e
grande variedade de espécies por exemplo) ou asteráceas outras plantas com flores ao
associada às flores desse culti- (girassol) e fontes de pólen redor das plantações, que ser-
vo. Neste sentido, sugere-se: em momentos entressafras do vem como fontes de recursos
tomate. Berinjela e pimentão florais para as abelhas. Neste
são exemplos de plantas com sentido, linhas de manuten-
morfologia floral semelhante, ção de rede elétrica, beira de
também visitadas pelos poli- estradas, bordas de campos
nizadores do tomateiro para cultivados, bordas de cercas e
coleta de pólen. represas podem ser aproveita-
das para o plantio de espécies
–p
 lanejar a rotação de cultivos ricas em pólen, néctar e óleo.
que floresçam em períodos Embora esses sítios possam
sequenciais e que ofereçam ser enriquecidos, muitas vezes
tanto recurso de pólen como basta protegê-los contra o
néctar. Assim, o estabeleci- pisoteio pelo gado, contra o
mento de um calendário de fogo e contra agrotóxicos.

Plano de manejo para os polinizadores do tomateiro 35


Recomendações de boas práticas para a conservação e manejo dos polinizadores do tomateiro e estratégias para sua aplicação

Conservação de
sítios de ninhos

Redução dos riscos


A maioria das abelhas que Introdução de locais
poliniza as flores do tomateiro de contaminação
para construção de
nidifica no solo (como por agrotóxicos
Exomalopsis, Augochloropsis ninhos em áreas
e Bombus). Entretanto, a de cultivo
localização e a identificação de Recomenda-se a redução na
ninhos destas abelhas nativas frequência de utilização de
na natureza são difíceis e Outras abelhas importantes agrotóxicos, principalmente du-
depende de muito tempo de para esta cultura constroem rante a época de floração dos
observação dos movimentos seus ninhos em cavidades tomateiros. Além disso, também
dos insetos em torno das preexistentes, como algumas é importante o planejamento
áreas de cultivo. As condições espécies de Centris, ou ca- para a aplicação de agrotóxi-
precisas para nidificação das vam os próprios ninhos em cos somente fora do horário
diferentes espécies de abelhas madeira, como é o caso de de atividade das abelhas, ou
não são totalmente conhecidas. Xylocopa. ­V isando aumentar seja, após as 14h. Os produtores
Portanto, identificar e as populações destas espécies devem seguir as recomendações
conservar sítios de ocorrência é nas áreas de cultivo do toma- de agrônomos ou outro pro-
importante, além de conservar teiro, sugere-se a introdução fissional competente na hora
o solo, evitando a erosão. Além de substratos artificiais como de comprar e usar os produtos
disso, é necessário garantir a troncos de madeira e cavidades agrotóxicos. O uso indiscri-
presença de solo exposto, bem em ninhos-armadilha, tais como minado destes produtos tem
drenado, em áreas ensolaradas gomos de bambu, blocos de sido observado em plantações
e manter esses sítios livres da madeira perfurados em diferen- nas diversas regiões do Brasil;
invasão de espécies herbáceas, tes diâmetros e tubos constru- através de análises específicas
principalmente gramíneas, ídos de cartolina. A eficiência nos plantios de Goiás, identifi-
protegidos de aração e desta prática precisa ainda ser camos uma alta contaminação
gradeamento e de pisoteio. ­mensurada. das flores, pólen e frutos por

36 Plano de manejo para os polinizadores do tomateiro


Recomendações de boas práticas para a conservação e manejo dos polinizadores do tomateiro e estratégias para sua aplicação

Manejo de ninhos de espécies de


abelhas sociais

O potencial das abelhas-­s em- criação de abelhas silvestres


ferrão na polinização do nativas (veja artigo 3º, inciso
tomateiro é alto. Melipona II, da IN IBAMA nº 169/2008),
­quadrifasciata e M. bicolor po- há a necessidade de cadastrar-
dem ser indicadas para o mane- -se no Cadastro Técnico Federal
jo próximo às áreas cultivadas de Atividades Potencialmente
diferentes produtos tóxicos. e sua criação pode ser incen- Poluidoras ou Utilizadoras de
Análises preliminares também tivada em regiões geográficas Recursos Ambientais (CTF/APP).
mostraram que as abelhas nati- de ocorrência destas espécies. Este cadastro tem previsão na
vas (em especial as mandaçaias) Deve-se observar a composição Lei nº 6.938/1981 (veja o arti-
são altamente sensíveis a estes de espécies nativas da região e go 17, inciso II). O acesso ao
agrotóxicos. características específicas, tais cadastro dá-se por meio do site
como necessidades de alimentos do Instituto Brasileiro do Meio
Portanto, medidas alternativas e condições climáticas, para que Ambiente e dos Recursos Natu-
ao uso dos agrotóxicos o manejo seja adequado e a rais Renováveis – IBAMA (http://
devem ser implementadas, introdução dos ninhos não con- www.ibama.gov.br). Para cria-
como o controle biológico corra para o deslocamento de ções com 50 ou mais colmeias,
de pragas. Os sítios de outras espécies nativas. Deve-se também é necessário obter
ninhos e de forrageamento também observar a normatiza- autorização de funcionamento
identificados ou implantados ção específica da atividade de do órgão ambiental estadual
devem ser protegidos da ação criação de espécies silvestres, na (veja o artigo 8º, incisos XVIII
de agrotóxicos por meio da regulamentação do IBAMA. e XIX, da Lei Complementar nº
criação de zonas nas quais não 140/2011). Essa autorização de
se aplique qualquer tipo de Segundo a Resolução ­CONAMA funcionamento não é exigida
produto que possa colocar em nº 346/2004 (veja o artigo 5º, para criações com menos de
risco de contaminação as áreas parágrafo 1º), para que al- 50 colmeias (veja o artigo 5º,
de ninhos das abelhas e as guém exerça a atividade de parágrafo 2º, da Resolução
próprias flores que elas visitam. meliponicultura, ou seja, a ­CONAMA nº 346/2004).

Plano de manejo para os polinizadores do tomateiro 37


Estratégias de sustentabilidade
e políticas públicas

O principal problema do cultivo propriedades compatível com respeito ao manejo do habitat


convencional do tomateiro é o a manutenção de populações e não a apenas uma ou poucas
uso intensivo de agrotóxicos. viáveis e funcionalmente espécies, o que é compatível
Medidas de sustentabilidade ativas de polinizadores nas com a grande diversidade de
devem necessariamente visar áreas de cultivo. Isso pode polinizadores em potencial das
à diminuição da frequência ser conseguido através da flores do tomateiro. É preciso
e intensidade de uso destes conservação do solo, da oferta enxergar a paisagem como
compostos, a fim de preservar de substratos de nidificação unidade de sustentabilidade,
a saúde humana e a saúde para as abelhas nativas, da que engloba as áreas de
dos polinizadores. Métodos introdução de ninhos de cultivo e dos fragmentos
de cultivo orgânico devem abelhas-sem-ferrão, como florestais, onde os agentes
ser incentivados, assim como a mandaçaia (Melipona polinizadores e de controle
o cultivo protegido em casas quadrifasciata) e guarupu de pragas interagem. Dessa
de vegetação, onde o uso de (Melipona bicolor), e da oferta forma, o manejo extrapola, na
agrotóxicos pode ser diminuído. de plantas que podem servir maioria das vezes, os limites de
como alimento para as abelhas propriedades individuais, o que
O déficit de polinização pode nas proximidades das áreas de exigiria um esforço conjunto de
ser evitado com manejo nas plantio. Estas medidas dizem um grupo de proprietários.

38 Plano de manejo para os polinizadores do tomateiro


Estratégias de sustentabilidade e Políticas Públicas

Neste sentido, políticas públicas voltadas para


o desenvolvimento sustentável permanecem
importantes e necessárias, tais como:

– Linhas de crédito –A
 poio a ações extensionis- – Apoio à atividade
para implantação e tas que visem levar o conhe- regulamentada de
comercialização de cultivos cimento científico e práticas criação de espécies
orgânicos de tomateiro; de manejo de polinizadores de abelhas nativas sem
aos agricultores e apoio às ferrão, objetivando a
– Incentivo ao cultivo organizações de agricultores meliponicultura como
protegido em casas de que adotem práticas com- atividade complementar
vegetação, através de patíveis com a conservação de renda.
capacitação dos agricultores de polinizadores;
e financiamento;

Plano de manejo para os polinizadores do tomateiro 39


Glossário

Aprovisionamento Deflexionadas
alimento estocado nos ninhos flores permanecem levemente
pelas fêmeas das abelhas inclinadas durante a sua
e que será utilizado para a abertura
alimentação das larvas.
Escopa
Autopolinização tipo de estrutura especializada
transferência do pólen da em transportar pólen, presente
antera de uma flor para o nas pernas posteriores ou no
seu próprio estigma (caso abdome das abelhas. É formada
que só ocorre quando a por um conjunto de pêlos no
flor é hermafrodita). qual o pólen fica aderido ou
preso.
Cimeira
tipo de inflorescência no qual a Flor actinomorfa
ramificação é sempre terminal aquela que apresenta simetria
(acaba em uma flor) e com radial, ou seja, pode ser
número definido de ramos. dividida em várias partes iguais
quando se passa um plano
Crescimento prostrado pelo centro. Um exemplo é a
hábito de crescimento da margarida.
planta que se inicia de forma
ereta e posteriormente se torna
curvado, podendo ou não tocar
o solo.

40 Plano de manejo para os polinizadores do tomateiro


Glossário

Flor autocompatível Olerícolas Sazonal


aquela que possui gameta um conjunto de espécies de relativo à estação do ano,
feminino que pode ser plantas comumente conhecidas estacional. É uma determinada
fecundado pelo pólen da como hortaliças e que engloba característica ou um evento que
própria flor ou de outras culturas folhosas, raízes, bulbos, ocorre sempre em uma dada
flores da mesma planta. tubérculos e frutos diversos. época do ano.
São destinadas principalmente
Forrageamento para o consumo in natura
é a busca e a exploração de (saladas).
recursos alimentares e de
construção de ninho. Plantas ruderais
espécies de plantas que se
Intempéries climáticas desenvolvem facilmente em
qualquer extremo das condições ambientes perturbados pela
climáticas, como ventos fortes, ação humana, como terrenos
temporal, seca, nevasca, entre baldios, beira de estradas e em
outros. meio a plantios.

Nidificação Probóscide das abelhas


comportamento de construir aparelho bucal alongado e com
o ninho. função sugadora, através da
qual ela toma o néctar.

Plano de manejo para os polinizadores do tomateiro 41


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42 Plano de manejo para os polinizadores do tomateiro


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