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Prezados pares,

Prefeituras, CREAs e congêneres não “fiscalizam” obras ou “analisam” projetos porque não há
previsão legal para isso, mas tão-somente para o exercício da profissão e de atividades
decorrentes desse exercício.

Obra, projeto, exercício da profissão e atividades da profissão são coisas distintas.

Da nossa lei regulamentadora:

“Art. 24. A aplicação do que dispõe esta lei, a verificação e fiscalização do exercício e
atividades das profissões nela reguladas serão exercidas por um Conselho Federal de
Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CONFEA) e Conselhos Regionais de Engenharia,
Arquitetura e Agronomia (CREA), organizados de forma a assegurarem unidade de ação.” (Lei
5.194/66)

O exercício da profissão é o ato de exercê-la. A atividade da profissão é o meio pelo qual o


exercício da profissão se materializa. Para ambos a lei exige a habilitação que é, ao cabo, a
instância que de fato é fiscalizada.

Fiscaliza-se se o profissional está habilitado para exercer tal ou qual profissão e se tem
formação (competência curricular) para tais e quais atividades.

Exercício da profissão e atividade da profissão são gêneros dos quais o produto é espécie.

Exemplo de exercício da profissão: exercer a profissão de engenheiro, exercer a profissão de


agrônomo, funcionar como perito judicial, etc.

Exemplo de atividade da profissão: executar obra de engenharia; elaborar projeto de


engenharia; produzir laudo, emitir parecer técnico, etc.

Exemplo de produto da atividade profissional: obra edificada, projeto elaborado, laudo


produzido, parecer técnico redigido, etc.

Fiscaliza-se o exercício e as atividades da profissão e não o produto da atividade da profissão.

Segundo a ABNT NBR ISO 10006:2006, empreendimento é o “processo único que consiste em
um conjunto de atividades coordenadas e controladas, com datas de início e conclusão”.

A responsabilidade pelo empreendimento (p. ex., nas atividades de projetar e executar, bem
como pelos produtos daí provenientes – obra e projeto) é do subescritor da ART referente à
respectiva atividade, a teor do art. 2º da Lei 6.496/77:

“Art 2º - *A ART* define para os efeitos legais *os responsáveis técnicos pelo
empreendimento* de engenharia, arquitetura e agronomia.”

Concluindo, pela qualidade do produto (obra, projeto), responde o autor, na qualidade de


responsável técnico. Pela fiscalização do exercício da profissão e das atividades
desempenhadas, são responsáveis os CREAs e congêneres.
“Fiscalização é a atividade que deve ser realizada de modo sistemático pelo contratante e seus
prepostos, com a finalidade de verificar o cumprimento das disposições contratuais, técnicas e
administrativas em todos os seus aspectos.” (_Obras Públicas - Recomendações Básicas para a
Contratação e Fiscalização de Obras de Edificações Públicas_ – TCU – 4ª Ed. – 2014)

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