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Molly Bloom: quem é a empresária que inspirou o filme ‘A Grande Jogada’


Indicado ao Oscar de Melhor Roteiro Adaptado, longa conta a história de norte-americana que criou um império baseado na jogatina

21/02/2018 - 01H02/ atualizado 09H0202 / por Isabela Moreira


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Jessica Chastain como Molly Bloom em A Grande Jogada (Foto: Divulgação)

“As experiências e os acontecimentos narrados aqui são todos verídicos. Em algumas situações, alterei nomes, identidades e outros detalhes específicos de
indivíduos para proteger sua privacidade e integridade, e sobretudo para garantir seu direito de contar — ou não — sua própria versão dos fatos, se assim o
quiserem.” É assim que a norte-americana Molly Bloom começa sua autobiografia A Grande Jogada (Intrínseca, R$ 24,90, 272 páginas), que inspirou o filme de
mesmo nome.

Com estreia marcada para a quinta-feira (22), o longa estrelado por Jessica Chastain (Histórias Cruzadas e Interestelar) foi indicado ao Oscar na categoria de
Melhor Roteiro Adaptado. Chastain interpreta Bloom que, aos 30 anos, tinha seu próprio império baseado na jogatina.

Apesar de pouco conhecida no Brasil, Molly Bloom estampou diversas manchetes nos Estados Unidos no fim da última década. Nascida em 1978 no estado norte-
americano do Colorado, ela foi criada para se tornar uma estudante e atleta exemplar. Seus irmãos seguiram esses caminhos: um se tornou cirurgião de sucesso
enquanto outro foi para a liga profissional de futebol americano.

A garota não seguiu o mesmo caminho: após precisar de uma cirurgia para escoliose, ela teve que parar de esquiar. Em 2003, depois de se formar em ciência política
na Universidade Estadual do Colorado, ela se mudou para a cidade de Los Angeles, na Califórnia, onde começou a trabalhar como garçonete. No ano seguinte, foi
contratada como assistente do empresário Darin Feinstein, um dos donos da boate The Viper Room.

Famoso por receber celebridades de grande porte — o estabelecimento já recebeu artistas como Johnny Cash, Tom Petty e Bruce Springsteen —, o local virou point
de jogos de pôquer. A ideia partiu do ator Tobey Maguire, que na época interpretava Peter Parker nos cinemas, que sugeriu que os jogadores deveriam ser a nata da
elite e as apostas, altíssimas.

Bloom ficou encarregada de servir comida e bebida aos jogadores e de organizar o que fosse necessário durante as partidas. O primeiro jogo contou com Maguire,
Leonardo DiCaprio, o diretor Todd Phillips e o produtor Houston Curtis. “Eu assistia, fascinada. Era tudo inacreditavelmente surreal. Eu estava num canto do Viper
Room contando cem mil dólares em dinheiro vivo!”, escreve em seu livro. “Estava na companhia de astros do cinema, diretores importantes e poderosos magnatas.
Eu me sentia a Alice no País das Maravilhas caindo pela toca do coelho.”

Por não convidar jogadores profissionais, e sim magnatas da indústria do entretenimento, as partidas do The Viper Room logo se tornaram um dos assuntos mais
falados entre os ricos e poderosos de Los Angeles. Tanta gente da elite queria fazer parte dos jogos que, meses após o início da tradição, Bloom passou a organizar
dois jogos por semana para Feinstein e convidados.

Para a então jovem de 25 anos, os eventos eram fascinantes e lucrativos: ela chegava a faturar US$ 7,5 mil de gorjetas por noite e tinha a oportunidade de ver alguns
dos homens mais poderosos de Hollywood competindo entre si. “Eram homens que arriscaram tudo para alcançar um enorme sucesso. Arriscaram, passado do verbo
arriscar. Agora estavam numa boa, seguros, sãos e salvos. Eles podiam dormir com qualquer mulher que quisessem, comprar qualquer coisa, fazer filmes, viver em
mansões, adquirir e eviscerar enormes corporações”, explica Molly em A Grande Jogada. “Ansiavam pela adrenalina das apostas: era isso que os fazia voltar. O
pôquer era muito mais que um jogo — era escapismo, aventura, fantasia.”

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Cena de A Grande Jogada (Foto: Divulgação)

Bloom se tornou uma espécie de recrutadora de novos jogadores: ia a eventos e celebrações em busca de participantes com potencial e, claro, muito dinheiro para
apostar. Ao mesmo tempo, sofreu vários assédios morais de seu patrão que, segundo ela, deixou de lhe pagar por conta das altas gorjetas que recebia. Ele também a
demitia e a contratava novamente quando bem entendia. Após ser demitida novamente, em 2007, ela pegou a lista de contatos dos jogos de Feinstein e começou a
realizar suas próprias partidas de pôquer.

Leia também:
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O Jogo da Molly
“Meu jogo tinha a ver com escapismo. Para proporcionar a fuga completa, eu devia oferecer mais que fichas, cartas e uma mesa. Tinha que vender um sonho — o
sonho de uma vida ainda melhor e mais empolgante, em que um recruta pudesse bater papo com celebridades e lindas mulheres e fosse servido como a pessoa mais
importante da mesa”, escreve Bloom. “No entanto, para que a pessoa estivesse disposta a se jogar no mundo do pôquer, ela precisava ter o gene. Aqueles jogadores
podiam se dar ao luxo de escapar para qualquer lugar do mundo. Eu precisava fazer com que eles quisessem escapar para a minha mesa, e não para Maui [ilha do
Havaí] ou Aspen. Eles precisavam querer jogar pôquer.”

A empresária criou quatro regras importantes: ter o cuidado de sempre deixar os jogadores bem confortáveis, trazer novos participantes para a mesa, se tornar
insubstituível e entender que tudo gira em torno do dinheiro. Do porão do Viper Room, as partidas de pôquer foram para quartos de hotéis luxuosos, com
massagistas, garçons e funcionários dispostos a cumprir qualquer mordomia dos jogadores.

Bloom ficou milionária: comprou um carro novo, um apartamento próprio, obras de arte e roupas, sapatos e acessórios de grife. Ela estava apaixonada pela jogatina
e os lucros que vinham com ela. Tinha se tornado a princesa do pôquer. “O jogo parecia irrefreável, e cada noite era mais épica que a anterior. Meu telefone não
parava de tocar”, relata ela. O valor do buy-in, quantia necessária para participar da mesa, foi de US$ 10 mil para US$ 50 mil.

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A verdadeira Molly Bloom dando uma conferência em 2017 (Foto: Flickr/Fortune Conferences)

Mas a maré de sorte não durou muito tempo: a crise financeira de 2008 chegou e trouxe com ela a inquietação de alguns dos participantes, bem como a insegurança
dos que queriam tomar o controle das grandes partidas. Tobey Maguire foi um deles: insatisfeito com a forma como Molly conduzia a jogatina, ajudou um outro
jogador a organizar as próprias partidas, acabando com a possibilidade de a empresária fazer negócios em Los Angeles. O blefe fez com que ela se mudasse para
Nova York, onde começou a organizar uma nova série de partidas.

Os jogadores de Nova York eram diferentes: “Os caras de Los Angeles podiam até estrelar e dirigir filmes, mas eram aqueles caras de nova York que preenchiam os
cheques que financiavam os filmes, e qualquer manobra que eles faziam repercutia em todo o mercado financeiro”. Eddie Ting, que já comandava outros jogos na
cidade, se aproximou de Bloom e acabou levando todos os jogadores dela para o próprio negócio, dando início à derrocada da empresária.
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Queda
Durante sua estadia em Nova York, Bloom contratou um senhor de descendência italiana para ser seu motorista, que sugeriu que ela formasse uma parceria com
alguns conhecidos dele de Nova Jersey. Ela concordou em conhecer os sujeitos, mas recusou a proposta. Revoltados, os mafiosos invadiram o apartamento da
empresária, roubaram seu dinheiro e pertences e deram uma surra nela.

Por fim, eles foram presos em uma operação do FBI contra a máfia em Nova York. Os ventos, no entanto, não melhoraram para Molly: um empresário que
participava de seus jogos em Los Angeles tinha sido indiciado pelo governo federal por fraude e, em seu depoimento, a acusou de o atrair para a jogatina, fazendo
com que desenvolvesse um vício por apostas.

Em 2013, Bloom foi presa após ser acusada de participar de uma operação que lavou US$ 100 milhões. Ela quase foi condenada a uma prisão de dez anos quando,
em 2014, foi declarado que não tinha um grande envolvimento com o esquema ilegal, recebendo uma sentença de um ano em liberdade condicional, uma multa de
US$ 1 mil e 200 horas de serviços comunitários. A empresária terminou a saga com milhares de dólares em dívida e com a reputação destruída.

“Fui obrigada a encarar a mim mesma, a perder tudo e a quebrar a cara na frente do mundo inteiro, e as lições que aprendi na minha trajetória rumo ao topo foram
tão valiosas quanto as que aprendi na derrocada. Sei que desta vez vou usar tudo que aprendi para fazer algo que seja importante e relevante”, conclui.

Capa do livro A Grande Jogada (Foto: Divulgação)

A “princesa do pôquer” publicou sua autobiografia em 2014 nos Estados Unidos e se recusou a revelar os nomes de alguns dos principais envolvidos em sua
trajetória. O anonimato se repete no filme A Grande Jogada, dirigido e adaptado para o cinema por Aaron Sorkin (A Rede Social e The Newsroom): em vez de Tobey
Maguire, a figura do ator petulante é chamada de Jogador X, e seu ex-chefe, Darin Feinstein, é chamado de Dean Keith. Com a perda de seu reino, Molly Bloom fez
o que pôde para tomar as rédeas da própria história e usou Hollywood para contar o que as pessoas de Hollywood fizeram com ela. Talvez essa seja, afinal, sua
melhor jogada.

Veja aqui o trailer de A Grande Jogada.

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