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Porque já é manifesto que vós sois a carta de Cristo, ministrada por nós, e

escrita, não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de
pedra, mas nas tábuas de carne do coração.
2 Coríntios 3:3
Através de muitos perigos, labutas e armadilhas, eu cheguei; foi a graça
que me trouxe em segurança até o momento, E graça vai me levar para
casa. (John Newton)

No dicionário Aurélio da língua portuguesa podemos ver como definição


de carta o seguinte verbete: Escrito fechado que se dirige a alguém. 2 Nome de
certos documentos oficiais que contêm despacho, provisão, licença, etc. Carta
aberta: escrito que, dirigido a alguém, é publicado nos jornais. Como gênero
textual a carta nunca é algo para ser lido só pelo autor, tampouco é algo para
ser selado à sete chaves. Uma carta que nunca foi lida, é uma carta fracassada.
Pode ser qualquer coisa, uma confissão, uma crônica, mas nunca uma carta.
Apesar que há muitas cartas seladas que não enviamos, principalmente as de
amor adolescentes, mas em seu bojo está o direcionamento. Assim, Deus
também direciona cartas a todas as pessoas. O viver cristão é uma constante
notícia do amor de Deus à humanidade e vem lembrar a todos que o virem de
que o Eterno vive e se importa conosco. De que ele nos ama. Vem também
lembrar o que Ele quer de nós e daquilo que devemos evitar. O grande
diferencial, no entanto, é que Deus escreve essa carta direcionada ao mundo
através de nossas vidas.
E aqui vai a nossa primeira palavra. Carta aberta. O nosso viver nunca é
para ser escondido, confinado. Não, o evangelho é para ser apregoado pelas
praças, vielas, avenidas, favelas, meios de transporte. Nunca para ser confinado,
para ser algo a ser vivido somente dentro da igreja. Jesus, se lemos nas
sagradas escrituras, pouquíssimas vezes foi visto no templo ou nas sinagogas,
como seria o costume judaico. Muito pelo contrário, ele estava na praça, junto a
pecadores, prostitutas e gente humilde. Era lá que ele proclamava a vinda do
Reino. O seu martírio não foi em uma câmara hermética, foi ao vivo e a cores. E
foi à beira do lago, comendo peixe com os apóstolos que ele voltou após a sua
ressurreição. Tal deve ser a vitória de Cristo em nós. Um viver total que leve os
homens a louvar a Deus. Seja a vossa equidade notória a todos os homens.
Perto está o Senhor. Filipenses 4:5.
Quando paramos para analisar as duas cartas às igrejas de Corinto,
percebemos que se tratava de uma igreja bastante problemática. Com
problemas múltiplos de inveja, cobiça, disputas internas doutrinárias e, pasmem-
se, incesto. A ponto do apóstolo Paulo dirigir duras críticas aos irmãos daquela
época. No entanto é para essa mesma igreja que Paulo dirige as seguintes
palavras: vós de Cristo, e Cristo de Deus. 1 Coríntios 3:23. E é aqui que
vemos a segunda palavra. Cartas de Cristo. O sermos feitos filhos de Deus não
depende de nossa própria força, ou de nosso próprio mérito, mas só pela graça
de Deus em nossas vidas. Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e
isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém
se glorie; Efésios 2:8,9. Somos de Cristo, como Cristo de Deus e partilhamos
das mercês de termos sidos lavados e remidos pelo seu sangue. Por isso que
só por meio Dele é que podemos ser alguma coisa em Deus. No entanto isso
não quer dizer que não temos a nossa responsabilidade no viver cristão.
Lembremo-nos que a fé sem obras é vã. Bem vês que a fé cooperou com as
suas obras, e que pelas obras a fé foi aperfeiçoada. Tiago 2:22. Da mesma
forma que os olhos que os olhos são a candeia do corpo, as obras vão refletir
fora o que o Senhor fez em nossas vidas. Se realmente a consciência do
evangelho está em nós, temos em mente duas certezas: a de que o Senhor nos
sustentará, como Jesus prometeu: Eis que eu estou convosco todos os dias,
até a consumação dos séculos. Amém. Mateus 28:20. E a segunda é de que
tudo é para a glória de Deus. Fazei tudo para glória de Deus. 1 Coríntios
10:31.
Visto isto, vamos para a palavra seguinte. Escrita não com tinta. A palavra
de Deus em nós não é algo morto, fixado e lacrado. Tampouco se caracteriza
como algo puramente especulativo, teórico ou mesmo teológico. Nós podemos
estar cheios de teologia, saber todos os contextos e passagens bíblicas,
podemos ser doutores da lei. A nossa consciência do evangelho não se implica
de um conhecimento teológico profundo, mas de sermos renascidos em Cristo.
E aquele que é renascido em Cristo será como o vento que sopra. Como o
próprio Jesus falou: O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não
sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido
do Espírito. João 3:8. Aquele que nasce do espírito não fica imóvel, mas
obedece ao chamado de Deus. Assim é aquele que é carta de Deus, ele é
enviado de um lugar a outro impelido pela consciência de Cristo em suas vidas.
Nessa mesma carta aos coríntios, o apóstolo Paulo diz que é Deus que nos
capacita para uma nova aliança, não da letra, mas do espírito. E aí vem a parte
de que a letra mata e o espírito vivifica (2 Cor 3:6). A apóstolo não condena o
estudo, como muitos dizem, mas deixa bem claro que não é a letra que faz a
obra, mas Deus. Da mesma forma que não é o não estudar que vai fazer o
espírito de Deus mais livre em nós, isso independe da gente, quem determina
isso é só o Eterno.
E por último temos a última palavra. Espírito do Deus Vivo. A graça de
Deus nunca traz a mortificação daquele que a tem. É certo que, por amor a Ela,
passamos por muitas provações e provas. Mas a palavra de Deus também nos
afirma que em tais sofrimentos se manifesta a vida de Cristo – 2 Cor 4:10, 1Pr
1:7 – que resulta na nossa justificação. No entanto também o Senhor falou:
Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu
ventre. João 7:38. E em outra passagem está escrito: Mas aquele que beber
da água que eu lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se
fará nele uma fonte de água que salte para a vida eterna. João 4:14. O
espírito de Deus produz vida em nossos corações, em nosso viver e é nosso
dever anunciar essas dádivas, boas novas, evangelho. Somos cartas de Cristo,
é a própria obra Deus em nossas vidas que há de testificar isso, como a Igreja
de Corinto o foi para Paulo. Somos Cartas de Cristo e podemos de dizer mais,
somos uma carta de amor à humanidade. Porque Deus amou o mundo de tal
maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê
não pereça, mas tenha a vida eterna. João 3:16. E esse amor é
imensuravelmente grande para ser preso somente dentro de templos feitos por
mãos de homens, levemo-lo afora dos muros. Digamos ao mundo o quanto Deus
nos ama. Deixemo-nos ser Cartas, amados, deixemo-nos ser enviados aonde o
espírito quiser soprar, porque só assim testificaremos do Senhor. Que Graça
nunca lhes falte.

Tiago da Silva 12/08/15

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