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“O futebol é um esporte de cavalheiros jogado por cavalos, enquanto o rugby é um

esporte de cavalos jogado por cavalheiros”. autor desconhecido

Garra, força e cumplicidade

Assim, podemos definir o rugby,


esporte que tem fama de ser violento,
mas que na verdade está longe de ser este estereótipo

Por Valquíria Rego

“A prendi que o Rugby é mais que um esporte e sim uma filosofia de vida, o Rugby
tem muitos valores e tradições, como o terceiro tempo que é uma confraternização
que ocorre entre os jogadores das duas equipes ao fim de cada partida, inclusive na
copa do mundo de Rugby.” Paulo Kubuntu.

Entre erros e acertos, perdas e ganhos, vitórias e derrotas. Em um gramado frio, em que
as plantas quase congelam. Frio,para quem joga,imagina para quem assiste.
É noite, e depois de outras atividades realizadas durante o dia, a maioria estuda ou
trabalha, os atletas vêm treinar rugby, o que para eles é mais do que uma diversão.
Eles chegam pontualmente. Depois um técnico rígido, em que as regras devem ser
colocadas sem erros pelos que jogam, sem questionamento e confusão. Eles se
cumprimentam, e começam a se aquecer. Para mais um dia de jogo, que não é só um
jogo, e sim, um estilo de vida, uma meta a ser conquistada.
Assim, oito horas da noite, começa mais uma partida...
O Presidente da Liga Paulista de Rugby e técnico do Jequitiba Rugby Clube,Carlos
Pazos começa o aquecimento entre os jogadores.Assim,joga-se a bola para um e para
outro de mão em mão, de jogador em jogador.
Eles correm sempre passando a bola e mostrando as mãos.
“Vai toca a bola para mim, passa logo”, diz Rafael Nichioka conhecido como “Xixa”
atleta que de tão rápido o movimento nem consigo ver o seu rosto direito.
Há sempre espaço para um “break”, depois de tanta corrida. E apesar do frio intenso os
atletas estão com muito calor, devido à intensidade dos movimentos e toques.
Eu sento para poder assistir o jogo (com muito frio), e eles começam a me questionar
sobre o jogo e verificar o que eu vou escrever sobre eles.
“Há muita união dentro de campo muito raro acontecer brigas. O mundo do rugby é
muito pequeno para ter espaços para vaidade, hoje você esta jogando contra uma pessoa
e amanhã você esta jogando ao lado dela, são oitenta minutos de batalha que cimentam
uma amizade para vida toda, como costumam dizer.” Afirma o atleta de Rugby Paulo
Kubuntu, ao ser questionado sobre a fama que o esporte tem de ser agressivo.
O esporte é de origem inglesa, e assim como o futebol exige a mesma determinação
para quem joga.
Ele consiste de intenso contato físico, resistência e força. Além, de muito respeito com o
árbitro do jogo.
Pazos diz que o Rugby tem esta fama de ser violento, pois há um desconhecimento no
Brasil por parte das pessoas, e isto não gera o preconceito, e sim, a falta de informação.
“O Rugby é um esporte de contato e só. Ao permitir o contato, ele se torna mais
rigoroso no cumprimento das leis do jogo, coibindo assim a violência.” garante Pazos.
Além disto, afirma que muitas vezes a mídia mostra um aspecto negativo do esporte.
“A mídia ignorante relata sem procurar se informar. Assim, é muito mais fácil noticiar e
achar audiência para um desastre do que para alguma coisa positiva do dia a dia das
pessoas.” ressalta.
No esporte também há uma cumplicidade entre os participantes como à união das
equipes para uma conversa após os jogos chamada de terceiro tempo.
Para a atleta de rugby feminino Érika Mayumi de Almeida, esta união comum no rugby
traz amizade e interação entre as equipes adversárias, diferentemente do futebol, por
exemplo. “As torcidas costumam se dar bem,talvez por que não existam torcidas
organizadas. E após os jogos, há o costume de reunir ambas as equipes em um bar ou
fazer um churrasco, para se comemorar o jogo, independente de quem tenha
vencido.”diz Érika.
Na ala feminina o Rugby ainda não atingiu a sua expansão, o que as dificulta de formar
times para poder treinar. “Infelizmente, é difícil encontrar mulheres que se animam a
praticar. Porque acreditam que é um esporte violento. Acham que é pura pancadaria e
não técnica.” afirma Érika.
Mesmo assim, ela diz que não sofre preconceito quando fala que pratica Rugby e sim,
admiração das pessoas. “Com o time que treino há sempre muito respeito e
companheirismo, nunca sofri preconceito ou qualquer coisa do gênero. Só espanto, mas
isto se deve ao meu tamanho, e nunca preconceito por eu ser mulher.” diz.
A ex-jogadora de Rugby Julie Berendt afirma que há mulheres que torciam o nariz,
quando ela falava que praticava o esporte. “Perguntavam algumas coisas, mas logo
tinham argumentos para embasar a desaprovação. Não havia, entretanto, uma
discriminação, apesar de haver um conceito depreciativo pré-formado a respeito da
prática do esporte por mulheres. garante.
Para o atleta Danilo Vinícius da Silva o esporte exige além de técnica esportiva, um
raciocínio aguçado para as estratégias de jogo. “É preciso um exercício mental para a
tomada de decisões. É normal os atletas conversarem com seus amigos de time e até
mesmo adversários, sobre as jogadas que ocorreram. Rever o jogo, para pensar nas
atitudes que tomaram e o que poderia ter ocorrido se jogassem diferente. Isso porque, é
um esporte rápido,em que as jogadas são quase reflexos,não há muito tempo para se
tomar uma decisão.”ressalta.
O comum no rugby é se iniciar no treino sendo chamado por amigos que jogam.
“Lembro-me de ter alguns amigos que praticavam em um time ligado a faculdade.
Então, fui chamado para assistir um jogo. Depois, de muito enrolar fui jogar pela
primeira vez e não parei mais. ”diz Silva.
Para Érika o diferencial do Rugby chamou mais atenção. “A forma de se trabalhar em
equipe, o contato, a disciplina e a cumplicidade dos participantes foi o que me fez jogar.
Os esportes convencionais não me deslumbraram tanto assim.” diz.
Julie diz que procurou o rugby para adquirir força e saber se defender. “Após sofrer uma
tentativa fracassada de estupro, me salvei pela força dos meus pulmões e não pela força
física em lutar contra o agressor. Vi o cartaz na Unicamp, e logo decidi entrar para o
time, para aprender lidar com o confronto.” garante.
Mas, apesar de tantos benefícios físicos e intelectuais e trazidos pelo esporte é preciso
ter cuidado com as lesões causadas pelo intenso contato físico entre os participantes.
Um estudo realizado em 2006 constatou que lesões ocorridas no Seven-a-Side de São
José dos Campos 63,46% dos lesionados foram atletas do sexo masculino, e a região
mais acometida foram os membros inferiores (51,92%) e as lesões mais freqüentes
foram lesões musculares (63,46%).
Para o fisioterapeuta especialista em atividades desportivas Daniel Gonzaga isto ocorre
bastante com os atletas brasileiros, pois há uma falta de estrutura com o esporte.
“Os times europeus são bem mais evoluídos no rugby. A estrutura deles é sem dúvida
melhor. No Brasil, o esporte é pouco conhecido, assim há uma falha no cuidado e
precaução com as lesões causadas pelo grande contato com o esporte. Os procedimentos
a serem realizados, e a roupa a ser utilizada para diminuir a incidência das lesões nem
sempre são feitos corretamente.” afirma Gonzaga.
Carlos Pazos acredita que o esporte não se encontra amplamente divulgado no Brasil
por comodismo da mídia nacional. “Muito mais fácil falar e escrever de futebol, esporte
conhecido, ao invés de escrever ou falar sobre rugby que exige um conhecimento de
difícil acesso, dá trabalho. Por outro lado ainda não existem interesses comerciais que
incentivem a divulgação do rugby no país. Fora do Brasil o esporte é bem difundido,
estando facilmente entre os três esportes coletivos de maior numero de praticantes ou
adeptos.”diz Pazos.
Em Campinas o Jequitibá Rugby Clube, que disputa o Campeonato Paulista do Interior
e como local já realizou dois jogos deverá receber mais dois até o final do semestre.
Carlos Pazos diz que a intenção é reunir mais participantes do Rugby pela região.
“Vamos receber uma das etapas do circuito Lipar (Liga Paulista de Rugby) de seven a
side, e estamos trabalhando para receber aqui na cidade um evento de importância
nacional, mostrando assim para o público o lugar de destaque que ocupamos no cenário
esportivo do rugby brasileiro.” declara Pazos.
No Brasil haverá a possibilidade de difusão do rugby no Rio de Janeiro em 2016 com o
retorno das Olimpíadas.
Paulo Kubuntu diz que muitas pessoas acham que o rugby é um esporte para a elite, e
até confundem com futebol americano. Os esportes são semelhantes apenas, o futebol
americano descende do rugby, e o primeiro é influente nos EUA e Canadá e o outro na
Inglaterra.
Carlos Pzos diz que a preparação física é necessária, embora o esporte não se encaixe
em um determinado padrão físico. “O rugby como qualquer outro esporte, exige uma
boa preparação física, o que hoje se deve estar acompanhado de controle alimentar.
Sobre a manutenção do peso depende do biotipo do atleta. Tem uns que tem mais
facilidade para perder peso e normalmente se encontram abaixo do devido, outros com
maior facilidade anabólica, têm que tomar cuidado para não se exceder no peso e desta
forma carregar quilos extras.” garante Pazos.
Danilo Vinícius da Silva diz que sem dúvidas, o esporte além de ser completo deve
possuir a interação de uma equipe, que sem a união não se faz um jogo. “No treino são
jogadores que obedecem fielmente ao técnico, em jogos são irmãos, obedecendo toda e
qualquer palavra do juiz, jogando sempre pelo time. Existe espaço para o brilho
individual, porém você deve jogar pela equipe, não pelo seu ego.” acredita.

História do Rugby no Brasil:(BOX)1

O rúgbi chegou ao Brasil no século retrasado, e segundo o historiador Paulo Várzea,


Charles Miller teria organizado em 1895 o primeiro time de rúgbi brasileiro, em São
Paulo; e o primeiro clube a praticar o esporte, o Clube Brasileiro de Futebol Rugby,
teria sido fundado em 1891.
O Rúgbi começou a ser jogado regularmente no Brasil em 1925, no Campo dos
Ingleses, pertencente ao São Paulo Athletic Club, em Pirituba, São Paulo.
Durante o período de 1926 a 1940 foram organizados jogos interestaduais entre os
quadros paulista e carioca. Eram também realizados jogos internacionais, como contra
os Springboks em 1932, seleção Britânica em 1936.
De 1941 a 1946 houve uma interrupção nos jogos, devido à Segunda Guerra Mundial,
sendo retomados em 1947.
Em 1960, jogadores do São Paulo Athletic Club, passaram a jogar representando o
clube, formando a Aliança Rugby Football Club, constituído por jogadores Ingleses,
Franceses, Argentinos e Brasileiros. Em 1961 o rúgbi ganhou uma nova equipe,
formada por membros da colônia Japonesa, denominada São Paulo Rugby Football
Club.
Em 6 de outubro de 1963, foi fundada, com sede em São Paulo, a União de Rugby do
Brasil, com a finalidade de organizar e dirigir o rúgbi brasileiro. No ano seguinte a
entidade patrocinava o III Campeonato Sul-Americano de Rúgbi, quando o Brasil
sagrou-se Vice-Campeão.
Em 1966 foi realizada a primeira partida entre duas escolas de ensino superior. Numa
tarde chuvosa de outubro, defrontaram-se as equipes da A.A.A. Oswaldo Cruz
(Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) e A.A.A. Horácio Lane (Escola
de Engenharia da Universidade Mackenzie).
A partir de 1971, começou a se desenvolver o rúgbi Infanto-Juvenil em São Paulo.
Em 20 de Dezembro de 1972, foi fundada da Associação Brasileira de Rúgbi, em
substituição à União de Rugby do Brasil, sendo reconhecida pelo Conselho Nacional de
Desportos (CND).

Regras Básicas do Rugby:(BOX)2-Infográfico

A bola é oval (com o mesmo peso que uma bola de futebol).


A partida é conduzida por um árbitro e dois bandeirinhas (auxiliares). Nos jogos
profissionais existe mais um árbitro. Ele utiliza recursos de replay de vídeo para tirar
dúvidas quanto a validade de um try, quando o árbitro de campo solicita. É também
conhecido por TMO (Television Match Official).
A pontuação é dada da seguinte forma: try (5 pts), conversão (2 pts), penalty (3 pts) e
drop-goal (3 pts).
Pode-se chutar a bola ou passa-la com as mãos. No caso do passe, a bola só pode ser
lançada para trás. No caso do chute, a bola pode ser lançada para frente. Porém, no time
que ataca, quem estiver à frente do chutador estará impedido (fora de jogo) até que seja
colocado em jogo por algumas das formas mencionadas nas leis.
O ato de derrubar o outro jogador é chamado de tackle, ou teco (termo aportuguesado).
Só é permitido derrubar o atleta que estiver segurando a bola. Constitui infração
gravíssima derrubar com as pernas ou passar rasteira em qualquer jogador.
O jogo é paralisado quando a bola sai pela lateral, quando é cometida alguma infração
ou quando é marcado algum ponto. A partida não é interrompida se a bola ou algum
jogador que estiver com ela forem ao solo.
Toda vez que houver três ou mais jogadores em pé em contato com a bola (Maul), ou
quando a mesma estiver no chão (Ruck), a bola divide o campo em duas metades,
estando impedido (fora de jogo) o jogador que estiver à frente desta metade
correspondente em seu campo de defesa. Os jogadores devem dar a volta nessa linha
imaginária e avançar à partir dela.
Algumas infrações: segurar a bola quando caído no chão; tentar derrubar um jogador
enquanto estiver no chão; derrubar um atleta que não estiver com posse da bola.

Próximo Campeonato em Campinas (Serviços)

-Dia 29 de maio com a equipe de Jaguariúna


- Dia 12 de junho com a equipe de Piracicaba
- Dia 26 de junho com a equipe de Americana

Contato em Campinas:

(Contato)

contato@jequitibarugby.com
site: http://www.jequitibarugby.com/
telefones: 19-97868223 ou 19-91349142

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