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1 O BARROCO SEQUESTRADO
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Texto apresentado como trabalho de conclusão da disciplina de História da Literatura
Brasileira, ministrada pela Prof.ª Dr. Luciana Paiva Coronel no curso de Mestrado em História
da Literatura da Fundação Universidade do Rio Grande (FURG), no ano de 2012/2.
sua periodização é algo “natural”, semelhante a visão cientificista objetiva dos fatos
histórico-literários tal como pensava Sílvio Romero.
Bouterwerk não deixa de notar que Cláudio Manuel da Costa descobriu tarde
o neoclassicismo. A isso se deveria o seu “mau gosto” em alguns momentos: “[...] a
poesia empolada dos sonetistas do século XVII ainda transparece aqui e ali, nos
poemas de Costa” (BOUTERWERK apud CESAR, p.9). Por esses elementos de mau
gosto entende-se aqui o excesso da estética barroca.
Saindo dos estrangeiros, parte-se para uma análise dos textos das primeiras
expressões críticas e históricas da literatura escrita no Brasil reunidas em O berço do
cânone: textos fundadores da história da literatura brasileira (ZILBERMAN, MOREIRA,
1998). A questão da identidade nacional e da origem da literatura é central nesses
textos, pois esses críticos e historiadores se incumbem da função de legitimar a
literatura brasileira como expressão da nacionalidade. O Barroco é cada vez mais
eclipsado, seguindo e ampliando a tendência encontrada nos textos escritos por
estrangeiros no mesmo período.
Januário Cunha Barbosa (1780-1846) prefaciou e organizou a primeira
coleção de poesias Parnaso brasileiro, lançada entre 1829 e 1831. Cunha Barbosa é
um exemplo de formação do incipiente arquivo literário brasileiro. Restringe-se a reunir
os textos dos poetas que encontrou, acrescentando notas biográficas a cada um dos
autores. Alguns poemas de Gregório de Matos fazem parte da antologia.
[...] suas sátiras são picantes; e nos seus versos reina uma
certa lição de mundo, e de malignidade, que os torna muito
agradáveis à leitura: é a própria causticidade e o sarcasmo
elevado ao maior grau. (SILVA apud ZILBERMAN, MOREIRA,
1998: 164).
Sobre o Barroco, Adet aponta que é no século XVII que surgem os primeiros
“gênios” da Literatura Brasileira, ainda que “[...] dominada pela escola de Gôngora e
Marini” (ADET apud ZILBERMAN, MOREIRA, 1998: 199). É importante notar que essa
acusação de “gongorismo” e “marinismo” é um verdadeiro lugar comum nos textos
fundadores da historiografia literária brasileira.
Sobre Gregório de Matos e seus irmãos, Adet escreve que “[...] dão-se ao
cultivo da sátira, ridicularizam os costumes e usos da época, fazendo o povo rir-se à
custo de si mesmo” (ADET apud ZILBERMAN, MOREIRA, 1998: 200). Tais
características, não de todo depreciativas para Adet, compara-os aos poetas satíricos
Juvenal e Pérsio.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apoiado nessa noção, Coutinho (1976) irá precisar que a produção literária do
período Barroco foi mal compreendida pela crítica romântica pela excessiva imitação
de modelos que os barrocos propunham. Foi somente a partir do Romantismo que se
desvalorizou a imitação, sendo elevada como categoria estética a noção de
originalidade. No período que compreende os séculos XVI e XVIII, a norma foi a
imitação, sendo valorizada como uma forma de acesso da beleza dos antigos.
REFERÊNCIAS
ROMERO, Sílvio. História da literatura brasileira. 6. ed. Rio de Janeiro: José Olympio,
1960. v.2