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Jorge Luís Pinto Rodrigues1 Formatado: Fonte: (Padrão) Arial, 11

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Centro Federal de Educação Tecnológica de Química -– Nilópolis e UNIGRANRIO
Formatado: Esquerda: 2,5 cm,
Direita: 2,5 cm, Superior: 3 cm,
Inferior: 2,5 cm
Formatado: Fonte: (Padrão) Arial, 11
Impressões de Identidade pt
Formatado: Fonte: (Padrão) Arial, 11
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O que apresento é o resultado da pesquisa sobre as “Impressões de Formatado: Fonte: (Padrão) Arial

Identidade” recolhidas em alguns periódicos da imprensa gay do Rio de Janeiro.


Partindo de uma perspectiva interdisciplinar, a tese faz um estudo comparativo entre
a linguagem verbal (os textos das matérias) e a linguagem visual (os elementos
gráficos que compõem a página) desses periódicos, para, a partir deles, ler as
histórias e estórias da construção de diferentes identidades gays. Para trabalhar a
literatura e o design, o eixo da pesquisa foi estruturado tendo por base os Estudos
Culturais, ampliando a questão da interdisciplinaridade entre áreas. O design é uma
linguagem que funciona, no processo de comunicação, como emissor, cuja
enunciação se compõe de relações ontológicas, históricas, atributos simbólicos,
materiais, técnicos, etc.
Jornais e revistas de temática libertária tanto narram a situação social e
política de um grupo em determinada época, quanto indiciam as concordâncias que
formulam o design identitário desse grupo.
Com o propósito de delinear o projeto/design segundo o regime representativo Formatado: À direita: -0 cm

de um determinado corte histórico e cultural, fiz um estudo comparativo entre o que


os textos “fazem ver” e o que a imagem “dá a entender” do. Este trabalho averiguou
os desdobramentos da cultura gay, que toma vulto a partir dos anos 70, refletidos
nas publicações periódicas que trataram, e tratam, de suas questões e que surgem
no Brasil a partir do fim daquela década. Pretendi documentar a formação desta
imprensa específica e observar a relação entre as ideologias expressas nos discurso
verbal e gráfico apresentados nas páginas destes periódicos. O levantamento
desses objetos se faz necessário por propiciar uma maior compreensão da possível
construção de uma identidade gay nacional e da história da imprensa gay no Brasil.
Para a análise do discurso (linguagem) verbal, recorri aos editoriais e, em alguns Formatado: Cor da fonte: Preto
Formatado: À direita: -0 cm

1 Formatado: Cor da fonte: Preto


Jorge Luís P. Rodrigues - Coordenador e Professor do Curso de Produção Cultural do CEFET Química Nilópolis; Professor
de curso de Licenciatura em Artes Visuais – UNIGRANRIO; Doutor em Literatura Comparada – UFF; Mestre em Design – Formatado: Fonte: Não Negrito, Cor
PUC-Rio; cae_rodrigues@globo.com da fonte: Preto
Formatado: Cor da fonte: Preto

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casos, às reportagens; para analisar o discurso (linguagem) gráfico, abordo o design
gráfico desenvolvido para os periódicos e as mudanças visuais ocorridas ao longo
da sua existência, aqui apoiado na idéia barthesiana de que “a imagem se
transforma numa escrita, a partir do momento em que é significativa (...) Entendendo
por linguagem, discurso, fala, etc., toda a unidade ou toda a síntese significativa,
quer seja verbal ou visual” .
Foram analisados quatro periódicos: o jornal Lampião da Esquina, lançado em
1978, que foi o primeiro periódico distribuído nacionalmente; o jornal Nós por
Exemplo, o único periódico que abordou a Aids e suas questões para o leitor gay; o
jornal ENT& que, apesar da vida curta, foi significante para esta pesquisa; e, por
último, a revista Sui Generis, que divulgou o conceito GLS (Gays, Lésbicas e
Simpatizantes) e inaugurou grandes mudanças no campo do design gráfico.
Parafraseando o Prof. Karl Eric Schollhammer, minha abordagem se situa na
relação entre o que o texto “faz ver” e o que a imagem “dá a entender” para delinear
o projeto/design do regime representativo de um determinado momento histórico e
cultural.
A partir desta proposta, e suspeitando da cambiante aparência formal do Formatado: Fonte: (Padrão) Arial

produto gráfico em resposta às mudanças dos desejos e expectativas dos leitores,


fiz uma análise comparativa entre o discurso verbal (a partir dos editoriais e das
reportagens dos periódicos gays) e o discurso visual (a partir dos elementos
estéticos-formais destes objetos), com o intuito de evidenciar o reflexo desse
permanente diálogo na construção e afirmação das inúmeras facetas identitárias da
cultura gay.
Ao trazer o mundo para o leitor, os periódicos recriam e constróem um
senso/sentido de comunidade em seus leitores, ou seja, na visão de Henrik Dahlr (?) Formatado: Fonte: (Padrão) Arial, Não
Negrito
a revista é como, , colocar um espelho diante do leitor – se este se enxerga ali, Formatado: Fonte: (Padrão) Arial, Não
Negrito
então é bem sucedida.
Formatado: Fonte: (Padrão) Arial, Não
Ao longo do século XX, o progressivo enraizamento dos periódicos na vida Negrito
Formatado: Fonte: (Padrão) Arial
nacional acabaria por criar a necessidade de atender públicos cada mais
diversificados. De certa forma, a segmentação do público pelo mercado editorial
acompanha e reflete o fato de que certos grupos sociais que sofrem algum tipo de
discriminação passam a ocupar mais espaço na sociedade. Assim, chegaremos à
década de 1960 com periódicos distintos para quase todos os grupos sociais, com

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exceção dos homossexuais, que só em 1978 têm seu próprio jornal, e os negros,
cuja primeira revista data de 1996.
A imprensa gay no Brasil, assim como no mundo, surge da necessidade que
uma parcela da sociedade teve em procurar seus semelhantes, buscar uma união
com os iguais, construir um refúgio coletivo, lutar contra um sistema que os tornava
invisíveis.
Os periódicos sempre foram bons comunicadores das histórias da vida e dos
sonhos. Além disso, eles criam verdadeiros espaços de manifestação de opiniões
acerca de um certo tema, com alguma coerência ideológica entre si, e colaboram
para congregar um determinado grupo de pessoas que lêem a mesma história e
compartilham dos valores ali expressos, e que de alguma maneira se identificam
com eles. Por isso, jornais e revistas são um campo da inevitável ação do design
gráfico, responsável por estabelecer um equilíbrio entre forma, conteúdo e função,
num mecanismo de amarra de comunicação para os leitores.
O design é responsável por articular, numa linguagem complexa, um processo
de enunciação que envolve relações ontológicas, históricas, atributos simbólicos,
materiais, técnicos, etc. Trata-se de uma tecnologia aplicada à criação, produção e
veiculação da mídia visual, bem como dos diferentes discursos assumidos nas suas
diversas manifestações.
Tanto quanto narrar a situação social e política de um grupo em determinada
época, um jornal ou revista de temática libertária seleciona os temas e assuntos que
orientam e, de certa forma, fundamentam a constituição e o fortalecimento de
identidades dos grupos a que se destinam.
A criação de um novo veículo de comunicação, seja ele impresso ou não,
deve significar, portanto, bem mais do que a criação de um instrumento de luta.
Trata-se do questionamento criativo das diversas possibilidades identitárias de uma
parcela da população historicamente invisibilizada por uma singular e lesiva
generalidade identificatória.
Lançado em 1978, ano eleitoral e que marcou o início da abertura política, o
Lampião chegou aos primeiros leitores através de uma mala direta organizada pelos
editores e por uma rede de amigos.

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Durante os seus três anos de vida, o Lampião da Esquina buscou delimitar
essas identidades. Da “bicha louca” ao “gay macho”, o jornal percorreu vários
caminhos.
O jornal tentou atingir um público diversificado e com muitas particularidades.
A identidade do seu público pode ser percebida pela diversidade de assuntos que o
jornal abarcou. Tratava de bichas, gueis, entendidos, viados, homossexuais,
travestis, negros, mulheres, feministas, ecologistas, etc. A proposta de criar uma
consciência homossexual, assumir-se e ser aceito, foi desenvolvida no Lampião da
Esquina por meio de denúncias, opiniões e reportagens. Nesta perspectiva, o jornal
procura muito mais por uma identificação com aquele que o lê, do que afirmar uma
identidade monolítica.
O Lampião da Esquina cumpre seu papel de comunicador e dá espaço para
as diferentes vozes que compõem as facções gays da política partidária dentro do
movimento homossexual.
Por muito tempo, grande parte da sociedade tinha no seu imaginário a idéia
de que os homossexuais eram pessoas mais refinadas, mais sensíveis, e estavam
sempre ligados ao bom gosto e ao estilo. Crenças que eram fruto do preconceito e
da intolerância. Tais características sempre foram, ao longo da história, atribuídas às
mulheres, ao feminino. Desta forma todo homem que fosse mais gentil ou
demonstrasse sua sensibilidade era imediatamente visto como homossexual.
Esta idéia de refinamento e delicadeza dos gays foi totalmente subvertida na
apresentação visual do Lampião. Com manchas gráficas pesadas, poucos claros,
uma diagramação dura e de pouca inventividade, o jornal tinha como preocupação
maior o seu discurso verbal. Diferentemente das primeiras publicações americanas,
que valorizaram o papel do design gráfico nos periódicos, no projeto gráfico do jornal
Lampião a transgressão não foi priorizada, apesar de contar com um artista plástico
entre seus editores. O miolo do jornal não surpreende os leitores. É como se a
severidade da forma respaldasse a seriedade do conteúdo.
O Lampião utiliza a composição visual padrão, ou seja, aquela baseada em
blocos horizontais e/ou verticais, e não encerra nada de novo ou criativo. As
matérias são dispostas ocupando o número de colunas estabelecidas na mancha
gráfica do periódico. Essa forma de diagramar tende à monotonia e ao cansaço
visual.

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Apesar de várias tentativas, o Lampião da Esquina não conseguiu estabelecer
um projeto gráfico que acompanhasse o discurso verbal. Se em termos textuais o
Lampião da Esquina iniciava uma nova era para uma minoria social, na linguagem
gráfica o discurso foi antigo e tradicional. Trevisan fala-nos que o discurso do
Lampião “gozava de uma saudável independência, era um jornal que desobedecia
em várias direções”. Mas não desobedecia em relação ao design gráfico. No jornal
Lampião a transgressão certamente não estava no campo gráfico.
O aparecimento da Aids nos anos 80 vai desestabilizar esse movimento que
teve início nos anos 1960 e se fortaleceu na década de 1970. Mudanças das
convenções sociais e do comportamento sexual de vários segmentos da sociedade
vinham adquirindo espaço e força nos debates sobre os direitos humanos. No final
dos anos 1970, os homossexuais gozavam de uma certa liberdade nos grandes
centros urbanos, refletida nas inserções na mídia, no considerável aumento de
espaços sociais, tais como bares, boates, restaurantes, praias, muito embora o
preconceito se manifestasse acirrado em diversas áreas. De qualquer forma, a
conjuntura daqueles anos proporcionava à comunidade gay uma liberdade na qual o
hedonismo era o personagem de maior destaque.
Durante a década de 1980 as informações sobre a Aids estavam nas páginas
dos grandes periódicos. Não existia naquele momento uma publicação
especificamente direcionada para os gays que criasse um espaço de militância, ou
congregasse ações direcionadas à emergência daquele grande problema. Contudo,
essa ausência de manifestações midiáticas não significa que reações não
estivessem sendo gestadas. Ou seja, sob o silêncio de publicações específicas,
discussões e reflexões inevitáveis engendravam as muitas iniciativas, algumas delas
de importância capital no enfrentamento da Aids e de suas decorrências, e que
eclodiriam alguns anos depois.
No fim do ano de 1991, é lançado o jornal Nós Por Exemplo. Se o projeto
gráfico inicial do jornal ainda é fraco, sem um conceito – a primeira edição, em
termos editoriais, já nos mostra, claramente, suas preocupações em relação à saúde
e ao bem-estar do gay brasileiro.
O surgimento do Nós por Exemplo veio preencher várias lacunaspor
representar a volta de um periódico direcionado à comunidade gay/lésbica, por se
constituir em um veículo no qual a Aids pôde ser tratada de forma honesta e segura,

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livre de cunho moralista e preconceituoso, epor garantir apoio e divulgação para o
movimento homossexual brasileiro, à semelhança do que um dia o Lampião da
Esquina fez para o iniciante movimento de organização da “minoria gay” até então
sem uma mídia que lhe garantisse espaço de expressão.
Se há dez anos, por ter sido o primeiro periódico dirigido ao público gay, o
jornal Lampião da Esquina ocupara um lugar de destaque na mídia, o NPE não
causou nenhuma surpresa. Homossexual, gay, homossexualidade, lésbica e Aids
eram palavras constantes nos noticiários do fim dos anos 80 e início da década de
1990. Rock Hudson, Cazuza e Renato Russo são alguns nomes de pessoas
famosas que assumiram sua homossexualidade, depois que descobriram ser
soropositivos. O movimento gay, que desabrochou junto ao Lampião da Esquina e
quase feneceu quando o jornal desapareceu, revitaliza-se, e com muito mais força,
pois sempre existiu um público ávido por um jornal ou revista que falasse deles e
para eles.
O Nós Por Exemplo não teve o impacto do Lampião da Esquina e nem terá o
sucesso, como veremos a seguir, da revista Sui Generis. Entretanto, foi pioneiro em
enfrentar a Aids, falando de sexo, doença e morte de uma forma cuidadosa e
honesta, sem deixar de lado o cuidado estético. O NPE desaparece no segundo
semestre de 1995, mas desta vez a imprensa gay tinha crescido.
O pequeno Ent&, jornal criado em 1994, tenta ocupar um espaço direcionado
para gays previamente definidos, com um perfil definido pelo seu editor. Entretanto,
estes perfis não corresponderam à expectativa do jornal. O jornal tem a duração de
apenas 10 edições, mas se mostra na vanguarda com seu projeto gráfico.
Em busca de uma nova possibilidade dentro do mercado editorial do mundo
gay, no qual encontravam-se apenas publicações com ênfase no erotismo,
sobretudo pela via do nu masculino e dos contos eróticos, a Sui Generis investe
numa possibilidade de afirmação gay através de temas como cultura,
comportamento, moda e entrevistas com grandes nomes do meio artístico/político
nacional. A Sui Generis aposta numa postura militante sem o ranço do ativismo dos
anos 1970. Ela mantém uma atitude do “assumir-se”, mas também promove o
desejo homoerótico e a auto-estima. Tudo isso regado com textos analíticos,
grandes doses de cor, fotografias muito bem produzidas e um projeto gráfico
inovador, compatível com sua proposta. A revista procurou, desde o início, encontrar

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um caminho para a expressão de uma identidade gay que de certa forma refletisse o
comportamento daquela comunidade dos anos 1990.
Com uma apresentação excelente no que concerne ao aspecto visual, assim
como nas matérias jornalistas, a revista se apresenta colorida, leve e vibrante.
A revista inicia um novo processo no mercado editorial de revistas
segmentadas direcionadas para o público gay. Ela foge dos nus e da pornografia
que tomava conta das outras publicações gays. A Sui Generis procurou falar de
assuntos que fossem de interesse da comunidade gay, e sempre de forma positiva.
Ela abordava temas tendo sempre como preocupação o ponto de vista do leitor gay.
E isso é um grande diferencial em relação aos outros periódicos.
Com um projeto gráfico inovador, a Sui Generis assume sua pluralidade. A
seção Vortex traduz a cara nova anunciada. Divulga em pequenas notas o mundo
fashion gay.
A seção tem um dos projetos gráficos mais fortes: a página é dividida em
espaços quadrangulares, emoldurados por grossos fios pretos, uma forte influência
mondriânica, atribuindo força e sustentação para todos os “gays de todas as
naturezas”. Uma dessas divisões quadrangulares vai estar sempre ocupada por
setas que indicam diferentes lugares, que levam para todos os lugares, sem sair do
mesmo lugar. É como se a revista quisesse ocupar todos os lugares.
No interior, linhas grossas e pesadas envolvem suas matérias. São
cercaduras, também conhecidas como “boxes”, recursos, estes, que destacam a
matéria. A cada abertura de reportagem um conceito é apresentado graficamente.
As mudanças acompanham alguns dos comportamentos dos homossexuais, suas
modas, seu vocabulário, sua atitudes, formando uma “estética gay” sempre referente
a um certo grupo.
A revista se propunha a ser um espaço público de visibilidade e tematizações
de algumas das questões gerais que envolvem a homossexualidade; ser um local no
qual se materializava uma construção simbólica de uma estética pertinente ao
mundo GLS, principalmente gay. Entretanto, não podemos esquecer que o público é
ativo, e de certa forma vai influenciar na estética da revista.
Um dado importante sobre o design da SG é sua preocupação em aproveitar
todas as oportunidades para estetizar com elementos caros ao seu público as
diversas matérias que publica, sem comprometer a seriedade de seus conteúdos e

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mensagens. A revista vai usar e abusar da sensualidade dos corpos masculinos. Os
assuntos são tratados com seriedade, mas a “estética da beleza” vai estar sempre
presente.
Se a idéia de que a homossexualidade esteve sempre associada ao bom
gosto e ao estilo tinha sido rejeitada na apresentação visual do jornal Lampião da
Esquina, na Sui Generis esta idéia se afirma. A revista surge pronta. Com um projeto
gráfico que evidencia o valor informativo, a saliência e o enquadramento (sistemas
de inter-relação propostos por Kress e Leeuwen), que agregam à composição um
valor representativo mais aparente. Além disso, as leis gerais para uma boa
composição: a unidade e o ritmo e as leis específicas são trabalhadas tendo em
vista o leitor sofisticado que a revista pretendia atingir
Diferentemente do início da história da imprensa gay nos Estados Unidos,
quando a linguagem visual e verbal ganharam o mesmo destaque, no caso do Rio
de Janeiro o design gráfico não desempenhou um grande papel. Anos mais tarde
isso viria a mudar, e o design passou a ter papel fundamental na consolidação e
consistência das histórias narradas e noticiadas pelos periódicos.
Não foi minha intenção discutir o papel da imprensa segmentada no Brasil ou
no mundo, visto que isto é um fato. Minha intenção foi mostrar o papel que os
periódicos gays tiveram na construção das diferentes identidades da comunidade
homossexual. É sabida que a condição homossexual é uma das condições mais
discriminadas em todo o mundo ao longo da história. Por isso, vejo que é muito
importante para o leitor homossexual, que desde a infância lê a vida pelo viés da
culpa ou do preconceito, ter acesso a outras leituras que contribuam para a
valorização da sua auto-estima. Textos e imagens nas quais ele seja o protagonista
da sua história na História e possa contar suas estórias. Contos, romances, ficção,
reportagens e artigos sendo apresentados em duas ou três colunas, fotos sangrando
ou não, fios e cores, personagens dos periódicos que enredam o leitor num mundo
próprio e particular.
A criação de uma mídia voltada especificamente para determinada causa
significaria, portanto, mais que a armação de um instrumento de luta: significou,
sobretudo, a deflagração do questionamento criativo das possibilidades identitárias
de um complexo universo, historicamente invisibilizado e reduzido em expressão e
força social, a uma singularizadora e lesiva generalidade identificatória. Vemos na

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forma e no conteúdo das diversas mídias gays indícios preciosos do que chamamos
de design identitário da multiplicidade das maneiras de acontecimento da
sexualidade homoerótica no Brasil, um design contemporâneo, e, portanto, aberto a
toda possibilidade de transformação e enriquecimento.

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