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EXMO. JUIZ DE DIREITO DA 11ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE BELO HORIZONTE / MG

Processo nº: 0966452-38.2012

JOÃO LENON VITOR, já qualificado nos autos em epígrafe, vem, respeitosamente,


perante Vossa Excelência, por meio de seus procuradores infra-assinados, apresentar suas MEMORIAL POR
ALEGAÇÕES FINAIS, com fulcro no art. 403,§3º do Código de Processo Penal, pelos fatos e
fundamentos que passa a expor.

1 – BREVE RELATO:

Segundo consta os autos de n. 0966452-38.2012, o acusado JOÃO LENON VITOR,


foi preso em flagrante no dia 15 de março de 2012, no hotel Brilhante, localizado na Rua Guaicurus, n. 660,
nesta capital, onde, junto de BRUNO HENRIQUE PEREIRA ANTUNES, após terem feito programa com a
vítima MARTA IRENE MORAES, tentaram subtrair-lhe quantia em dinheiro, sendo impedidos pelos
seguranças do local, que tomaram conhecimento do fato no momento em que a vítima acionou o alarme, que
se encontrava embaixo de sua cama.

Diante do fato narrado, JOÃO LENON VITOR, está sendo acusado pela prática dos
crimes previstos no art. 215 e, no artigo 157, § 2°, incisos I e II, c/c com o artigo 14, inciso II, na modalidade
do art. 70, todos do Código Penal.

2 – DO DIREITO:

Primeiramente, cabe ressaltar que, o réu JOÃO LENON VITOR, confessou


espontaneamente perante o juiz e autoridade policial que tentou subtrair a vítima, junto do segundo réu,
alegando que estava passando fome e que precisava comprar comida para sua sobrinha. Sendo assim, se

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faz necessário a aplicação das atenuantes previstas em razão da confissão espontânea, como determina
artigo 65, inciso III, alínea “d” do Código Penal.

Neste sentido, Rogério Greco destaca:

“Para que se reconheça a atenuante, basta agora ter o Agente confessado perante
a autoridade (policial ou judiciária) a autoria do delito, e que tal confissão seja
espontânea. Não é mais mister que a confissão se refira às hipóteses de autoria
ignorada do crime, ou de autoria imputada a outrem. Desde que o agente admita o
seu envolvimento na infração penal, incide a atenuante para os efeitos de minorar
a sanção punitiva”. (Curso de Direito Penal, Parte Geral, Rogério Greco, Editora
Impetus, 12ª Edição, página 557, 2010)

2.1- DO DECOTE DA CAUSA DE AUMENTO DE PENA DO §2º, INCISO I, DO ARTIGO 157 DO CÓDIGO
PENAL

Cabe explicitar, que não há que se falar em uso de arma pelos corréus tendo em
vista, conforme atestado em juízo, que o canivete apreendido pela Polícia Militar além de não ser pontiagudo
também encontrava-se rebatido quando dos fatos, desta feita, impossível a configuração da causa de
aumento de pena prevista no art. 157,§2, inciso I.

2.2- DA FIXAÇÃO DA PENA NO MÍNIMO LEGAL

Ao analisar as circunstâncias judiciais previstas no artigo 59 do Código Penal, deve-se


levar em consideração que o acusado é réu primário, possui bons antecedentes e residência fixa, devendo a
pena ser aplicada em seu mínimo legal.

2.3- DA INEXISTÊNCIA DO CRIME DE VIOLÊNCIA SEXUAL MEDIANTE FRAUDE

Quanto à acusação da prática do crime tipificado no art. 215 do CP, de violência sexual
mediante fraude, esta não deve prosperar, uma vez que a própria vítima afirmou perante a autoridade policial
e judiciária, que houve um acordo entre ela e os réus, sendo o ato sexual realizado sob a forma consensual,
não tento, portanto, o que se falar em utilização de violência para a realização de tal ato. O que poderia existir
no presente caso, se muito, seria um descumprimento comercial.

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Note-se, a explícita ausência dos elementos exigidos pelo tipo penal previsto no artigo
215 do Código Penal “fraude ou outro meio que dificulte a livre manifestação de vontade da vítima”,
necessários à configuração do crime, sendo irrefutavelmente atípica a conduta.

3 – DOS PEDIDOS:

Diante de todo o exposto, requer:

a) A absolvição do réu da acusação de prática do crime previsto no artigo 215 do Código Penal diante da
patente atipicidade da conduta.

b) Na hipótese de condenação por tentativa do crime de roubo que seja decotada a causa de aumento de
pena prevista no art. 157,§2º, inc. I, pelos motivos expostos no item 2.1 destas alegações.

c) Que seja aplicada a pena base em seu mínimo legal, sendo observadas as circunstâncias judiciais
previstas no artigo 59 do Código Penal, tendo em vista que o denunciado é réu primário e possui bons
antecedentes; do Código Penal.

d) A aplicação da atenuante de confissão espontânea, prevista no art. 65, inciso III, alínea d;

e) A concessão do benefício da justiça gratuita, devido à insuficiência de recursos do acusado, que inclusive
se encontra assistido pelo CEJU – Centro de Exercício Jurídico da Newton Paiva.

Nestes termos, pede deferimento.

Belo Horizonte, 15 de Junho de 2012.

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