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Magistratura Dirproc Civil Aula1 Juris PDF
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MINISTÉRIO PÚBLICO E MAGISTRATURA
Direito Processual Civil – Aula 01
Maurício Cunha
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Investidura: exercício somente por aquele que te- Nas cartas precatórias não há delegação, pois não
nha sido regularmente investido na autoridade de há delegação de competência, apenas um pedido de
juizmediante concurso público (art. 93, I, CF) e cooperação. O juiz deprecante não pode praticar o
indicação pelo Poder Executivo, por meio do ato deprecado, daí porque não poderia delegá-lo
quinto constitucional (art. 94, CF). É considerado (Fredie Didier Jr e Daniel Assumpção).
pressuposto processual de existência.
A CF, no art. 93, XI, autoriza a delegação da compe-
Territorialidade (aderência ao território): todo juiz tência do Tribunal Pleno (todos os membros do tribu-
terá jurisdição em todo o território nacional. En- nal) para o órgão especial deste mesmo tribunal (mí-
tretanto, por uma questão de funcionalidade, nimo de 11 e máximo de 25).
considerando-se o elevado número de juízes e a
extensão do território nacional, normas jurídicas A CF, no art. 93, XIV, ainda, autoriza a delegação, a
limitam o exercício legítimo da jurisdição a um serventuário da justiça, do poder de praticar atos de
determinado território. administração(não autoriza a delegação de poder de
polícia, como a presidência de uma audiência de ins-
As regras de competência territorial definirão um de- trução) e de mero expediente sem caráter decisório.
terminado território, e pelo princípio da aderência ao O CPC, no art. 203, p. 4º, autoriza a prática, de ofício,
território, a atuação jurisdicional somente será legí- dos chamados atos meramente ordinatórios (juntada
tima dentro desses limites territoriais. e vista obrigatória) que podem ser revistos pelo juiz
quando necessários.
É com base neste princípio que surge a necessidade
de as autoridades judiciárias cooperarem entre si, Inevitabilidade: as partes hão de submeter ao
cada uma ajudando a outra no exercício da atividade quanto decidido pelo órgão jurisdicional. Situa-
jurisdicional em seu território (surgem as cartas pre- ção das partes é de sujeição perante o Estado-
catória e rogatória). juiz, independentemente de sua vontade, o que
também reforça a ideia de imperatividade. “Vin-
Mitigação em 2 oportunidades: art. 60 (imóvel locali- culação obrigatória” e “estado de sujeição” dos
zado em mais de uma comarca, Estado, seção ou sujeitos processuais.
subseção judiciária) e art. 255 (citação, intimação,
notificação, penhora e quaisquer outros atos executi- Inafastabilidade: previsão legal noart. 5°, XXXV,
vos – em comarcas contíguas ou da mesma região CF, constituindo-se na consagração, em sede
metropolitana, independentemente de carta precató- constitucional, do direito fundamental de ação,
ria). de acesso ao Poder Judiciário. Conquista que
surgiu a partir do momento em que, proibida a
Importante: o lugar onde a decisão tem de ser pro- autotutela privada, assumiu o Estado o monopó-
ferida não se confunde com o lugar em que ela deve lio da jurisdição.Ação(criou-se o direito, abstrato)
produzir efeitos (decisão brasileira produzir efeitos no e jurisdição(dever do Estado) são institutos que
Japão, divórcio feito numa determinada comarca e nasceram um para o outro, segundo FredieDi-
mudança do ex-casal para outras comarcas etc.). dier Jr. Não há, portanto, matéria que possa ser
excluída da apreciação pelo Poder Judiciário,
Indelegabilidade: o exercício da função jurisdici- ressalvadas raríssimas exceções, como a do
onal não pode ser delegado e somente podem processamento e julgamento de certas autorida-
atuar jurisdicionalmente aqueles que a CF cria e des em certas hipóteses (art. 52, I e II, CF).
autoriza.
A ameaça a que faz referência o dispositivo constitu-
Importante: a vedação se aplica integralmente no cional consagra a tutela preventiva, a tutela de urgên-
caso de poder decisório, mas não em relação a ou- cia e a tutela contra o perigo.
tros poderes judiciais, como o instrutório, o diretivo A única imposição constitucional de esgotamento das
do processo e de execução das decisões. A carta de vias extrajudiciais é em relação às questões despor-
ordem, expedida pelos tribunais no sentido de dele- tivas (art. 217, p. 1º, CF).
gar, ao juízo de primeiro grau, a produção de provas
orais e periciais, é um exemplo, justificando-se por
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Conforme entendimento pacificado no STJ, o ha- é aquele que orienta no sentido de que a jurisdi-
beas data só é cabível se houver recusa de informa- ção somente poderá ser exercida caso seja pro-
ções por parte da autoridade administrativa (Súmula vocada pela parte ou pelo interessado. Tal prin-
2, STJ). Aqui, a exigência de recusa é indispensável cípio trabalha com a função de também, preser-
para o surgimento da lide, sem o que na há interesse var a imparcialidade do julgador. Contudo, como
de agir, não representando espécie de abranda- toda regra tem sua exceção, tal postulado tam-
mento do princípio. bém possui as suas. Dessa forma, ele é mitigado
A nossa jurisdição é una (não há jurisdição adminis- na instauração da execução de sentença que im-
trativa, como ocorre em países como Itália, Portu- ponha prestação de fazer, não fazer ou dar coisa
gal, Espanha, França e Argentina), imposição que distinta de dinheiro (arts. 536 e 538), na instau-
advém da CF de 1891. ração do IRDR (art. 976), no conflito de compe-
Importante: leis que limitam ou proíbem a concessão tência (art. 951), na decretação da falência no
de medidas de urgência, notadamente, em face do curso da recuperação judicial (Lei n. 11.101/05,
Poder Público (4.348/64, 5.021/66, 8.437/92 e arts. 53, 56, § 4°, 61, § 1°, 72, § único, e 73),
9.494/97) foram consideradas pelo STF, neste as- além do habeas corpus de ofício (art. 654, § 2°,
pecto restritivo, constitucionais (ADIN 223-DF). Nada CPP) e na execução trabalhista (art. 114, VIII,
impede, porém, que o Juiz, se o caso, aprecie a cons- CF).
titucionalidade/razoabilidade da restrição.
É preciso garantir a efetiva concretização do direito Atenção: no CPC/73, o art. 989 permitia que o juiz
de ação e do juiz natural através de uma tutela juris- desse início ao processo de inventário, mas o
dicional rápida, efetiva e adequada. Significa dizer, CPC/2015 não tem enunciado semelhante.
então, que a adequação compreende a garantia do
procedimento, a espécie de cognição, a natureza do Promotor natural: indicado por parcela da dou-
provimento e os meios executórios adequados às pe- trina e consistindo no impedimento de que o Pro-
culiaridades da situação de direito material (é daí que curador-Geral de Justiça faça designações dis-
se extrai a garantia do devido processo legal). cricionárias de promotores ad hoc, o que elimina
a figura do acusador público de encomenda, que
Juiz natural: garantia decorrente da cláusula do poderia, em tese, tanto ser indicado para perse-
devido processo legal, sem previsão expressa, guir o acusado como para assegurar a impuni-
mas que resulta da conjugação de dois dispositi- dade de alguém.
vos constitucionais, quais sejam, o que proíbe ju-
ízo ou tribunal de exceção (art. 5º, XXXVII, CF)e Há decisões dos tribunais superiores que delimitam
o que determina que ninguém será processado de forma interessante a abrangência do referido prin-
senão pela autoridade competente (art. 5º, LIII, cípio. A indicação de “promotor assistente”, para
CF). atuar em conjunto com o promotor da causa, não
ofende o princípio em questão (Informativo 390,
Juiz natural é o juiz competente de acordo com as STJ, 6ª Turma, HC 40.394/MG, rel. Min. Og Fernan-
regras gerais e abstratas previamente estabelecidas des, j. 14.4.2009), o mesmo ocorrendo com as “equi-
(aspecto formal), bem como aquele que seja impar- pes especializadas de promotores de justiça” ou “for-
cial e independente (aspecto substancial). mação de forças-tarefas” para determinada área de
As regras de distribuição dos feitos servem exata- atividade (STF, 2ª Turma, HC 96700/PE, rel. Min.
mente para fazer valer a garantia do juiz natural (im- Eros Grau, j. 17.3.2009). A designação de promotor
possibilidade de escolha pelo juiz), sendo que o des- para atuar em determinada sessão do tribunal do júri,
respeito às regras de distribuição por dependência desde que previamente feita, e motivada, não afronta
implica incompetência absoluta. o referido princípio (STF, HC, 103038/PA, 2ª Turma,
O legislador tenta evitar a escolha do juiz pelo autor rel. Min. Joaquim Barbosa, j. 11.10.2011).
com a previsão do art. 286, II, ao criar uma regra de
competência absoluta do juízo que extingue o pro- Espécies de jurisdição
cesso sem resolução do mérito (art. 485) quando
essa demanda é novamente proposta. A jurisdição é una e indivisível, razão pela qual a
Inércia: presente no art. 2°, que assim dispõe: “o única forma de conceber a “divisão” da jurisdição
processo começa por iniciativa da parte e se de- em diferentes espécies é adotando-se determi-
senvolve por impulso oficial, salvo as exceções nados critérios com a finalidade meramente aca-
previstas em lei”. Dito isso, o princípio da inércia dêmica.
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Pelo critério que a exercem: não haveria voluntariedade alguma, mas, sim, obri-
gatoriedade). A obrigatoriedade é decorrência exclu-
Jurisdição comum e especial: esta última é exer- siva da previsão legal, significando uma opção do le-
cida pelas chamadas “justiças especiais”, que tem fi- gislador de condicionar o efeito jurídico de determi-
xação constitucional de sua competência em virtude nadas relações jurídicas, em razão de seu objeto
da matéria que será objeto da demanda judicial. A CF e/ou de seus sujeitos, à intervenção do juiz, provavel-
reconhece a Justiça do Trabalho (arts. 111/116), a mente em razão do status de imparcialidade retidão
Justiça Eleitoral (arts. 118/121) e a Justiça Militar de conduta e compromisso coma justiça que supos-
(arts. 122/125). Já a jurisdição comum é residual, ou tamente todos os juízes deveriam ter;
seja, tudo que não for de competência dessas justi-
ças especiais, englobando a Justiça Estadual e a b) aplicam-se as garantias fundamentais do pro-
Justiça Federal. cesso e as garantias da magistratura (quanto aos
poderes processuais, a doutrina aponta a caracterís-
Pela posição hierárquica: tica da inquisitoriedade – o juiz pode tomar decisões
contra a vontade dos interessados e ter a iniciativa
Jurisdição superior ou inferior: a inferior é exer- do procedimento, como nos arts. 738, 744, 746 – e a
cida pelo órgão jurisdicional que enfrenta o processo característica da possibilidade de decisão fundada
desde o início, ou seja, aquele que tem competência em equidade – não observar a legalidade estrita e
originária para a demanda, enquanto a jurisdição su- usar de discricionariedade, decidindo de acordo com
perior é exercida em hipótese de atuação recursal os critérios de conveniência e oportunidade, como
dos tribunais. Os tribunais podem tanto exercer juris- afirma o art. 723, p. único, ainda que contrariamente
dição superior como inferior. à lei, situação que, para a época, era bem interes-
sante, mas que, hoje, somente diz o que já se sabe);
Podem ser ainda:
c) procedimentalmente falando, há regras comuns
Jurisdição penal ou civil: critério que leva em conta (arts. 719/725) e especiais (arts. 726 e seguintes);
a natureza do objeto da demanda judicial. Sendo ma-
téria penal, naturalmente haverá jurisdição penal, e, d) em todos os procedimentos de jurisdição voluntá-
de forma subsidiária, não sendo o direito material dis- ria, por força do art. 178, o MP somente será ouvido
cutido na demanda de natureza penal, a jurisdição nos casos ali indicados. O STJ tem entendido que a
será civil. A jurisdição civil é bastante ampla, pois intervenção do MP não deve se dar nos procedimen-
abrange, ao menos em tese, todas as matérias que tos de alienação, locação e administração da coisa
não sejam penais. A jurisdição civil é delineada por comum e alienação de quinhão em coisa comum,
exclusão, ela se apresenta com a característica de mas, tão-somente, nas questões que envolvam os di-
generalidade. Aquilo que não cabe à jurisdição penal reitos indisponíveis, comprovando, concretamente,
ou especial, a ela pertencerá. Ela pode ser ainda con- uma das causas do art. 178.
tenciosa ou voluntária, sendo essa, apenashomolo-
gatória de acordos feitos entre as partes, e aquela é Classificação dos procedimentos de jurisdição
presumida de haver um litígio que origina um pro- voluntária (Leonardo Greco):
cesso que produz a coisa julgada.
a) Receptícios (registrar, documentar ou comuni-
Jurisdição Voluntária (719/770) car manifestação de vontade), como as notifica-
Tema doutrinariamente polêmico, já tendo sido dito, ções, interpelações e protestos;
inclusive, que não se trataria nem de jurisdição, tam- b) Probatórios (produção de prova é o limite),
pouco de voluntariedade. Não tem relação com a como a justificação. A produção antecipada de
chamada jurisdição administrativa de países como prova é discutível se voluntária ou contenciosa;
Itália, Portugal, Espanha, França e Argentina. c) Declaratórios (limita-se a declarar a existência
ou inexistência de uma situação jurídica), como
As características gerais, porém, são aceitas, na extinção de usufruto, da posse em nome do
pela doutrina, em sua maioria: nascituro e na confirmação do testamento parti-
a) atividade estatal de integração (da vontade do in- cular;
teressado) e fiscalização, pois os efeitos jurídicos al- d) Constitutivos (a criação, a modificação ou extin-
mejados somente poderão ser obtidos após a atua- ção de uma situação jurídica dependem da con-
ção do Estado-juiz, que o faz quando, de plano, fis- corrência da vontade do juiz, por meio de autori-
caliza os requisitos legais (é por isso que se diz que zações, homologações, aprovações etc.), como
a interdição, a emancipação, o arrendamento ou
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