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O Gnosticismo e o Arianismo
Apesar disso, desde o início, esta foi a grande dificuldade da Igreja: pessoas que
queriam fazer parte dela, mas não queriam morrer para si mesmos. O surgimento do
gnosticismo e do arianismo são provas dessa dificuldade.
"A Igreja, espalhada hoje pelo mundo inteiro, recebeu dos apóstolos e dos seus
discípulos a fé num só Deus, Pai e onipotente, que fez o céu e a terra, os mares, e tudo
quanto nele existe e num só Cristo, Filho de Deus, que se fez carne para a nossa
salvação; e no Espírito Santo, que mediante os profetas predisse a salvação por meio do
amado Jesus Cristo nosso Senhor, a sua dupla vinda, o seu nascimento da Virgem, a sua
paixão e ressurreição dentre os mortos, e que diante dele todo joelho se dobrará no céu,
na terra e nos infernos, e toda língua o proclame (Fl 2, 10-11). Então, sobre todos os
seres, pronunciará o seu justo julgamento. As almas dos maus, os anjos prevaricadores
e apóstatas, precipitá-los-á no fogo eterno com os homens pecadores, injustos, iníquos
e blasfemadores. Os justos, porém, os santos, aqueles que guardaram os seus
mandamentos e perseveraram no seu amor, ...receberão dele a vida, terão dele a
imortalidade e gozarão da glória eterna. Esta é a doutrina que a Igreja recebeu; e esta é
a fé, que mesmo dispersa no mundo inteiro, a Igreja guarda com zelo e cuidado, como
se tivesse a sua sede numa única casa.
E todos são unânimes em crer nela, como se ela tivesse uma só alma e um só
coração. Esta fé ela anuncia, ensina, transmite como se falasse uma só língua. As
línguas faladas no mundo são diversas, mas a força da tradição, em toda parte, é a
mesma. As igrejas fundadas na Alemanha não têm outra fé e outra tradição. Diga-se o
mesmo das igrejas fundadas na Espanha, entre os celtas, no oriente, no Egito, na Líbia
ou no centro do mundo, que é a Palestina. Da mesma forma que o Sol, criatura de
Deus, é um só e é idêntico em todo o mundo, assim também o ensino da verdade, que
brilha em toda parte e ilumina a todos os homens, que querem chegar ao conhecimento
da verdade (cf. 1Tm 3, 15), é sempre o mesmo." (Adv. Haer. 1,10)
O Arianismo, por sua vez, não era uma filosofia pagã. Na cidade de Alexandria, onde
vivia o Padre Ário, havia muitos filósofos neo-platonistas, que estavam diante de uma
dificuldade intelectual válida, mas de difícil resolução: se Deus é UNO como se pode dizer
que existem Três Pessoas (Pai, Filho e Espírito Santo)? Trata-se de duas verdades de fé
(monoteísmo e Trindade) que são, aparentemente, conflituosas. Assim, influenciado pela
filosofia neo-platônica, Ário escolheu uma dessas verdades, afirmando que somente o Pai é
Deus, deixando de lado as outras duas pessoas. Ao preferir uma verdade em detrimento de
outra, deixou de ser católico, pois este crê no todo, já que a fé católica é conforme o todo,
holística.
Todos eles fizeram um esforço teológico para explicar que a natureza divina é una em
três pessoas igualmente distintas. O Papa Eugênio IV publicou a Bula "Cantate Domino" e,
nela consta uma definição clara desse imenso mistério:
Indicação Bibliográfica