Você está na página 1de 32

Universidade Federal de Minas Gerais

Instituto de Ciências Exatas


Departamento de Matemática

O Número π

Fábio Guimarães Fraga

Belo Horizonte, Junho de 2006


i

Não poderia deixar de começar meus agradecimentos agradecendo a Alberto


Berly Sarmiento Vera, professor coordenador desta monografia e cujo empenho
em sua realização foi muito importante para a conclusão. Agradeço também
aos meus pais, Geraldo Fraga e Laurides, minha tia Ilza que desde o principio
me apoiaram, a Gleicy pela companhia (Sete Lagoas - BH) todas as semanas, a
todos os amigos(as) que conheci durante o curso, amigos de farras, de encontros
apesar de serem poucos porém muito bons. Em fim, agradeço a todos que de
uma forma ou de outra contribuiram para que eu chegasse ate o fim, em especial
a Deus.
Obrigado a todos.
ii

Sumário

1 Conceitos Básicos 2
1.1 Números Racionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.2 Números Reais . . . . . . . √. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.2.1 A irracionalidade de 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.2.2 A irracionalidade de e . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.3 Números algébricos e transcendentes . . . . . . . . . . . . . . . . 8

2 Historia do número π 11
2.1 Cronologia de π . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2.2 Método de Arquimedes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.3 Curiosidades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

3 Irracionalidade de π 22
3.1 Uma Sequência especial de números . . . . . . . . . . . . . . . . 22
3.2 Uma Sequência especial de funções . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
3.3 O resultado principal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

4 References 29
SUMÁRIO 1

Introdução

No oriente Antigo tomava-se freguentemente o número 3 como valor de π


(referências bı́blicas: Reis, I, 7: 23; Crônicas. II, 4:2.). No papiro de Rhind, no
Egito, temos π = ( 34 )4 = 3, 1604... . A primeira tentativa de calcular π parece
ser de Arquimedes.
Esta monografia trata-se do estudo da irracionalidade do número π.
O capı́tulo 1 introduz conceitos básicos: uma introdução de Números Racionais,
Números Reias e Números√ Algébricos e Transcendentes. Também mostraremos
a irracionalidade de 2 e do número e, este aparece no estudo de funções
logarı́tmicas.
No capı́tulo 2 contamos a história do número π, damos uma cronologia de π
: que fala da primeira tentativa cientı́fica de se calcular o valor de π que foi em
c.240a.C mostrando que nesta época era tudo feito com muita dificuldade até o
ano de 1986 que com o auxilio de um computador, considerado bastante moderno
na época, calculou-se π com 29360000 dı́gitos. Na segunda seção deste capı́tulo
estaremos falando do método de Arquimedes, mostrando como foi e quais os
métodos que ele utilizou para chegar a uma aproximação notável do valor de π,
e por fim, para encerrar este capı́tulo, colocamos algumas curiosidades.
O capı́tulo 3 é dedicado basicamente a provar a irracionalidade de π, uma
n
sequência especial de números an! e uma sequência especial de funções fn (x) =
xn (1−x)n
n! . A prova da irracionalidade de π é feita por redução ao absurdo.
2

Capı́tulo 1

Conceitos Básicos

Neste capı́tulo começamos falando de alguns conceitos básicos envolvendo


Números Racionais, Números Reais.
Na primeira seção está feita uma introdução sobre Números Racionais e as
maneiras de como esses números podem ser escritos. Apresentamos os irra-
cionais como aqueles números reais que nao são racionais.

Damos a demonstração da irracionalidade de 2 e outros exemplos.
Por último definimos Números Algébricos e Transcendentes.

1.1 Números Racionais


O conjunto dos números naturais, N = {1, 2, 3, 4, 5, ...}, é fechado em relação
à adição e à multiplicação, e o conjunto dos números inteiros, Z = {..., −3,
−2, −1, 0, 1, 2, 3, ...}, é fechado em relação à adição, multiplicação e subtração.
No entanto, nenhum destes conjuntos é fechado em relação a divisão, porque a
divisão de inteiros pode produzir frações como 34 , 78 , −25 etc. O conjunto de todas
frações como estas é o conjunto dos números racionais. Mais precisamente um
número racional (ou uma fração ordinária) é um número que pode ser colocado
na forma ab , onde a e b são inteiros e b 6= 0.
A definição de um número racional contém as palavras ”um número que pode
ser colocado na forma ab , onde a e b são inteiros e b 6= 0”. Por que não dizemos
simplesmente ”um número da forma ab , onde a e b são inteiros e b 6= 0. Também
podemos dizer que os números racionais são aqueles cuja representação decimal
possui número finito de casas decimais ou número infinito porém periódico.
O motivo é o seguinte: existem infinitos modos de descrever um dado número √
2√ 3
racional ( por exemplo, 23 pode ser escrito como 64 , 96 , ... ou 2π 3π , ou 3 3
, ou
−10
−15 , mencionando apenas alguns) e não vamos querer que nossa definição de
número racional dependa da maneira particular escolhida para representá-lo.
Uma fração definida ab , de tal modo que, se multiplicarmos seu numerador e
denominador por uma mesma quantidade, a nova fração representará o mesmo
número; assim, só de olhar para uma expressão, nem sempre podemos dizer
CAPÍTULO 1. CONCEITOS BÁSICOS 3

se ela representa
√ √
, ou não, um número racional. Considere, por exemplo, os
números: √12 3
e √15 nenhum dos quais está na forma a/b, com a e b inteiros.
3
Podemos, porém, efetuar certas manipulações aritméticas com a primeira ex-
pressão e obter:
√ √ √
12 4.3 2 3 2
√ = √ = √ =
3 3 3 1
Chegamos, assim, a um numero representado

por uma fração na forma es-
pecificada: a=2 e b=1 e, portanto, √12 3
é um número racional. Ele não teria
se qualificado como número racional, se a definição exigisse estar o número na
forma certa desde
√ o inı́cio.
No caso √153
, as transformações são:
√ √ √
15 5 3 √
√ = √ = 5
3 3
√ √
dando o resultado como 5 e 5 não pode ser escrito como razão de dois
inteiros e, portanto, é um número irracional.

1.2 Números Reais


Existe ainda uma coleção mais ampla de números do que os racionais para a
qual são válidas as propriedades dos racionais: o conjunto de todos os números
reais, designado por R não periódicos. O conjunto dos números reais incluem nao
só os números racionais, mas também outros números (os números irracionais)

que podem ser representados por decimais infinitos não periódicos; π e 2 são
exemplos de números irracionais. A demonstração de que π √ é irracional não é
facil; este é o assunto desta monografia. A irracionalidade de 2 pelo contrário
é muito fácil e √era conhecida pelos gregos.
O sı́mbolo 2 designa um número√que, multiplicado por si mesmo, dá 2.
Para ver o significado geométrico de 2 consideremos um quadrado unitário
como o da figura (1.1). O Teorema de Pitágoras nos diz que o quadrado do
comprimento √ de sua diagonal é 2. Portanto,
√ representamos o comprimento da
diagonal por 2 e associamos o número 2 ao ponto da reta cuja distância à
origem é igual ao comprimento da diagonal do nosso quadrado unitário.
Por números reais entendemos a coleção de todos os números associados a
todos
√ os pontos da reta. Os números racionais estão incluı́dos . O número
2 não é racional, √sua irracionalidade está provada no item 1.2.1. Qualquer
número real, como 2, que não é racional, diz-se irracional. A reta, ou eixo,
com um número associado a cada um de seus pontos, na maneira descrita acima,
é chamada reta real. Os pontos desta reta se dizem racionais ou irracionais
conforme os números a eles associados sejam racionais ou irracionais.
A definição de um número irracional resume-se no seguinte: qualquer número
real que não pode ser expresso como razão ab de dois inteiros.
CAPÍTULO 1. CONCEITOS BÁSICOS 4

1 2 1

Figura 1.1:


1.2.1 A irracionalidade de 2

Daremos, agora, uma demonstração , tradicional, da irracionalidade de 2
Recordamos que um número real é dito irracional quando não é racional,
procederemos a provar pelo método √ de redução ao√ absurdo. Isto significa as-
sumir que a tese é falsa, isti é, 2 é racional. Se 2 é racional então podemos
ecrevê-lo em forma de fração irredutı́vel (isto é, uma fração onde o numerador
e o√denominador não possuem nenhum fator em comum). Suponha entao que:
2 = ab , onde a, b são números inteiros sem fator comum e b 6= 0. Neste
caso, elevando os menbros desta igualdade ao quadrado, obtemos:
√ a a2
( 2)2 = ( )2 ⇒ 2 = 2
b b
Multiplicando por b2 a equação acima:

a2 = 2.b2 (∗)
2
Observamos que, a é par. Sabemos também que se o quadrado de um
número inteiro é par, o número é par. Desta forma, podemos escrever a = 2k,
para algum k pertencente a Z. Voltando a equação (∗) e substituindo a = 2k
encontraremos:

4k 2 = 2b2
Dividindo os dois menbros por 2:

2k 2 = b2
Portanto, b2 é par e, isto obriga a b também ser par. Chegamos a parte
crucial da prova. Já temos concluido que a é par e acabamos de verificar que b
também é par. Este fato contraria uma das nossas hipóteses. De fato, havı́amos
suposto de inı́cio que a e b não possuiam fator comum. Sendo ambos pares,
2 é um fator comum entre eles e assim, a fração ab não é irredutivel, con-

trariamente a hipótese. Absurdo! Portanto, conclui-se que 2 é irracional.
CAPÍTULO 1. CONCEITOS BÁSICOS 5

É importante compreender com precissão o que esta demonstração nos en-


sina. Temos demonstrado que não existe nenhum
√ número racional x tal que
x2 = 2. Observe-se que o uso do sı́mbolo 2 implica a existência de algum
número (necesariamente irracional) cujo quadrado é 2. Não demonstramos que
um tal número exista. Para fazer tal demonstração necesitamos da seguinte
propriedade dos números reais.
Proposição 1 (Propriedade dos Intervalos Encaixantes). Seja

[a0 , b0 ], [a1 , b1 ], [a2 , b2 ], ..., [an , bn ], ...

uma sequência de intervalos satisfazendo as condições:


(i) [a0 , b0 ] ⊃ [a1 , b1 ] ⊃ [a2 , b2 ] ⊃ ... ⊃ [an , bn ] ⊃ ... (ou seja, cada intervalo da
sequência contém o seguinte);
(ii) para todo r > 0, exite um natural n tal que bn − an < r, (ou seja, à medida
que n cresce o comprimento do intervalo [an , bn ] vai tendendo a zero.
Nestas condições, existe um único real α que pertence a todos os intervalos da
sequência, isto é, existe um único real α tal que para todo n, an ≤ α ≤ bn .

Lema 1.1. Existe uma única raiz real positiva α para a equação x2 = 2.
Prova. Seja A0 o maior natural tal que A20 ≤ 2 (tal número é A0 = 1),
então (A0 + 1)2 não pode ser menor ou igaul que 2, pois A0 é o maior natural
com esta propriedade, logo (A0 + 1)2 > 2.
Façamos, agora, a0 = A0 e b0 = A0 + 1.
Seja A1 o maior dı́gito (um número natural entre 0 e 9) tal que
(A0 + A 1 2
10 ) ≤ 2. Tal dı́gito sempre existe, pois basta fazer no máximo 9 produtos,
por exemplo;
1 2
(A0 + 10 ) = (1, 1)2 = 1, 21 < 2
2 2
(A0 + 10 ) = (1, 2)2 = 1, 44 < 2
3 2
(A0 + 10 ) = (1, 3)2 = 1, 69 < 2
4 2
(A0 + 10 ) = (1, 4)2 = 1, 96 < 2
5 2
(A0 + 10 ) = (1, 5)2 = 2, 25 > 2
logo A1 = 4.
Façamos a1 = A0 + A A1 +1
10 = 1, 4 e b1 = A0 + 10 = 1, 5
1

Notemos que a0 ≤ a1 < b1 ≤ b0 e a21 ≤ 2 < b21 .

Seja A2 o maior dı́gito tal que (A0 + A10 +


1 A2 2
100 ) ≤2
A1 1 2
(A0 + + 100 ) = (1, 41)2 = 1, 9881 < 2
10
| {z }
1,4
A1 2 2
(A0 + + 100 ) = (1, 42)2 = 2, 0164 > 2
10
| {z }
1,4
CAPÍTULO 1. CONCEITOS BÁSICOS 6

⇒ A2 = 1

Façamos a2 = A0 + A A2 A1 A2 +1
10 + 100 = 1, 41 e b2 = A0 + 10 + 100 = 1, 42, notemos
1

2 2
que a0 ≤ a1 ≤ a2 < b2 < b1 < b0 (?) e a2 ≤ 2 < b2 .

[a0 , b0 ] ⊃ [a1 , b1 ] ⊃ [a2 , b2 ].

Na desigualdade (?) elevando ao quadrado matém o sentido da desigualdade


(são termos positivos) então;
a20 ≤ a21 ≤ a22 ≤ 2 < b22 < b21 < b20 (??)

Prosseguindo com este raciocı́nio, obteremos uma sequêcia de intervalos


[a0 , b0 ] ⊃ [a1 , b1 ] ⊃ ... ⊃ [an , bn ] ⊃ ... satisfazendo as condições da propriedade
dos intervalos encaixantes.
Pois bn − an = 101n e quando n cresce bn − an tende a zero. Assim, pela
preposição 1 existe um único real α tal que, ∀n, an ≤ α ≤ bn e, portanto,
a2n ≤ α2 ≤ b2n
Por outro lado de (??) tem a sequência;
[a20 , b20 ] ⊃ [a21 , b21 ] ⊃ ... ⊃ [a2n , b2n ] ⊃ ...
satisfazendo as condições da propriedade dos intervalos encaixantes e
a2n ≤ 2 < b2n para todo n=1, 2, 3, ...... .

Segue da proposição 1 que α2 = 2


Fica provado, assim, que existe um real α > 0 tal que α2 = 2. Vejamos,
agora, a unicidade. Suponhamos que β > 0 também satisfaça a equação; temos
α2 = 2 e β 2 = 2 ⇒ α2 = β 2 ⇒ α = β.

Mais ainda, usando os mesmos argumentos mostra-se o seguinte teorema:


Teorema 1.1. Sejam a > 0 um número real e n ≥ 2 um natural. Então existe
um único número real α > 0 tal que αn = a. Definimos α como a raiz n-ésima
de a.

1.2.2 A irracionalidade de e
O número e, que aparece no estudo da função logarı́tmica, é definido como
o número tal que a área hachurada abaixo é igual a 1. A curva da figura 1.2 é
o grafico da função f (x) = x1 . para x > 0.

Demonstra-se nos textos de cálculo que


1 1
e=1+ + + ... (2.1)
1! 2!
CAPÍTULO 1. CONCEITOS BÁSICOS 7

1 e x

Figura 1.2:

p
Suponha que fosse um número racional, isto é, e = q, onde p, q ∈ N, são
primos entre si, p 6= 0.

e = pq = 1 + 1!
1 1
+ 2! + ...
p 1 1 1 1 1
q = [1 + 1! + 2! + ... + q! ] + (q+1)! + (q+2)! + ...
p 1 1 1
P∞ 1
q − (1 + 1! + 2! + ... + q! ) = k=q+1 k! (2.2)

Agora faremos uma estimativa do segundo membro de (2.2):


P∞ 1 1 1 1 1 1 1
k=q+1 k! = q! ( q+1 + (q+1)(q+2) + ...) < q! ( q+1 + (q+1)2 + ...). (2.3)

A expressão
P∞ entre parênteses no último membro de (2.3) é uma série geométrica
r
da forma n=1 rn , a qual para 0 < r < 1, tem soma igual a 1−r . Usando esse
fato em (2.3) obtemos

X 1 11
< (2.4)
k! q! q
k=q+1

Voltando a (2.2) com a estimativa (2.4) temos

p 1 1 1 11
0< − (1 + + + ... + ) <
q 1! 2! q! q! q
e daı́
p 1 1 1 1
0 < q!( − 1 − − − ... − ) < (2.5)
q 1! 2! q! q
CAPÍTULO 1. CONCEITOS BÁSICOS 8

Agora, observe (2.5). O termo do meio é inteiro pois q! cancela todos os


denominadores das frações ai presentes. Mas isso é impossivel, pois sendo 1q ≤ 1
a expressão (2.5) diria que o termo médio é um inteiro positivo estritamente
menor que 1. O absurdo provém da hipótese feita inicialmente que e fosse um
número racional. Logo, e é irracional.

1.3 Números algébricos e transcendentes


Qualquer solução de uma equação polinomial da forma

xn + an−1 xn−1 + ... + a1 x + a0 = 0, (1.1)


onde os coeficientes a0 , ..., an−1 são números inteiros, é chamada um inteiro
algébrico. Assim, qualquer número inteiro b é inteiro algébrico pois a equação

x−b=0
√ √
tem b por solução. Também 2 e − 2 são números algébricos, pois eles são as
soluções da equação

x2 − 2 = 0.
p √
Do mesmo modo o leitor poderá verificar que 2 + 3 é um inteiro algébrico,
pois é uma solução
√ da equação
x2 = 2 + 3 √
(x2 − 2)2 = ( 3)2
x4 − 4x2 + 4 − 3 = 0

x4 − 4x2 + 1 = 0.

Teorema 1.2. Um número algébrico (real) é inteiro ou irracional.


prova: Seja α um número algébrico. Suponha, por contradição, que α = pq ,
onde p ∈ Z, q ∈ N, e q > 1, p e q primos entre si. Isto é, α é um número
racional que não é inteiro. Como α é uma solução de uma equação do tipo
(1.1), substituindo x por pq na equação (1.1) temos:

pn = −an−1 pn−1 q − an−2 pn−2 q 2 − ... − a1 pq n−1 − a0 q n , (1.2)

ou ainda

pn = q(−an−1 pn−1 − an−2 pn−2 q − ... − a1 pq n−2 − a0 q n−1 ). (1.3)

Logo q divide pn . Seja agora r um fator primo de q, r 6= 1. (r = q se q for


primo). Assim r divide pn , segue-se que r divide p. Consequentemente r divide
p e q, o que contradiz o fato deles serem primos entre si. O absurdo provém de
CAPÍTULO 1. CONCEITOS BÁSICOS 9

admitirmos que pq fosse solução de (1.1).Logo as soluções de (1.1) só poderam


ser inteiros ou irracionais.

Qualquer solução de uma equação polinomial da forma

an xn + an−1 xn−1 + ... + a1 x + a0 = 0,


onde os coeficientes ai 0 s são inteiros, é chamado um número algébrico. Portanto,
um número α é algebrico se pudermos fabricar uma equação polinomial com
coeficientes inteiros, da qual α seja raiz. Assim qualquer número racional, α = pq ,
é algébrico, porque α é raiz da equação

qx − p = 0
Obviamente, qualquer inteiro algébrico é um número algébrico.
Um número que não seja algébrico é chamado trascendente.
A aritmética dos números algébricos:

(i) A soma de dois números algébricos é algébrico.


(ii) O produto de dois números algébrico é algébrico.
(iii) O simétrico −α de um número algébrico α é algebrico.
(iv) O inverso α−1 de um número algébrico α 6= 0 é algébrico.
Teorema 1.3. O conjunto de todos os números algébricos é enumerável.
prova. Dado um polinômio com coeficientes inteiros

P (x) = an xn + ... + a1 x + a0
definimos sua altura como sendo o número natural

|P | = |an | + ... + |a1 | + |a0 | + n.


O teorema fundamental da álgebra nos diz que P (x) = 0 tem exatamente
n raı́zes complexas. Todas, algumas ou nenhuma delas podem ser reais. Agora
o número de polinômios coeficientes inteiros com uma dada altura é apenas
um número finito. Portanto, as raizes de todos os polinômios de uma dada
altura formam um conjunto finito. A seguir observamos que o conjunto de
todas as raı́zes de todos os polinômios de todas as alturas formam um conjunto
enumerável pois ele é a união de um conjunto enumerável de conjuntos finitos.

Teorema 1.4. Existem números transcendentes.


prova. Do teorema anterior segue-se que o conjunto dos algébricos reais é
enumerável. Como o conjunto R é não enumeravel, então o conjunto dos tran-
scendentes reais devem ser não enumerável. De fato, se não o fosse obterı́amos,
que R seria enumerável como união de dois conjuntos enumeráveis.
CAPÍTULO 1. CONCEITOS BÁSICOS 10

Exemplo: Do terorema (1.1) da seção anterior se a é primo e n ≥ 2 inteiro


então α, tal que αn − a = 0, é um número algébrico.
Exemplos de números transcendentes são e e π, cujas demonstrações não são
objeto desta monografia.
11

Capı́tulo 2

Historia do número π

2.1 Cronologia de π
A primeira tentativa cientı́fica de calcular π parece ter sido a de Arquimedes,
e começaremos nossa cronologia com essa realização.
240 a.C. Suponhamos que se tome um cı́rculo de diâmetro unitário. Podemos
calcular os perı́metros dos polı́gonos regulares inscritos e circunscritos de doze,
vinte e quatro, quarenta e oito e noventa e seis lados e obter limites cada vez
mais próximos de π. Foi isso essencialmente o que fez Arquimedes, chegando à
conclusão de que π está entre 223 22
71 e 7 ou que, até a segunda casa decimal, π é
dado por 3,14.
Esse método baseado nos polı́gonos regulares inscritos e circunscritos, é con-
hecido como método clássico do cálculo de π.
150 d.C. Depois de Arquimedes a primeira aproximação notável de π foi
dada por Claudio Ptolomeu em sua famosa Syntaxis mathematica ( mais popu-
larmente conhecida por seu tı́tulo árabe de Almagesto. O valor de π dado nesse
377
trabalho é 120 ou 3, 1416. Esse valor foi obtido a partir de uma tábua de cordas
que há no tratado. A tábua fornece o comprimento das cordas de um cı́rculo
correspondentes aos ângulos centrais de 0o a 180o , com incrementos de meio
grau. Multiplicando-se o comprimento da corda do ângulo central de 1o por 360
e dividindo-se o resultado pelo comprimento do diâmetro do cı́rculo, obtém-se
o valor de π acima.
480. O mecânico chinês Tsu Ch’ung-chih deu a interesante aproximação
racional 355
113 = 3, 1415929... que é correta até a sexta casa decimal.
530. Um dos mais antigos matemáticos hindus. Aryabhata, deu 62832 20000 =
3, 1416 como valor aproximado de π. Não se sabe como esse resultado foi obtido.
Pode ser que tenha sido de fontes mais antigas gregas ou do cálculo do perı́metro
de um polı́gono regular inscrito de 384 lados.
1150. O matemático hindu posterior, Bhaskara, deu várias aproximações

de π. Deu 3927 22
1250 como um valor acurado, 7 como um valor impreciso e 10 para
trabalhos corriqueiros. O primeiro valor pode ter sido tomado de Aryabhata. É
CAPÍTULO 2. HISTORIA DO NÚMERO π 12

de origem incerta um outro valor, 754 240 = 3, 1416, dado por Bhaskara (trata-se
do mesmo valor de Ptolomeu).
1429. Al-Kashi, assistente do astrônomo real de Samarcanda. Ulugh Beg,
calculou π até a décima sexta casa decimal pelo método clássico.
1579. O eminente matemático francês François Viète encontrou π corre-
tamente até a nona casa decimal pelo método clássico, usando polı́gonos de
6(216 ) = 393216 lados.
1585. Adrien Anthoniszoon redescobriu a antiga razão chinesa 355113 . Aparente-
mente foi um golpe de sorte, pois tudo que ele mostrou foi que 377 333
120 > π > 106 .
Ele então fez a média aritmética dos numeradores e dos denominadores para
obter o valor ”exato”de π.
1593. O holandês Adriaen van Roomen, mais conhecido como Adrianus
Romanus, determinou π corretamente até a décima quinta casa decimal pelo
método clássico, usando polı́gonos de 230 lados.
1610. O holândes Ludolph van Ceulen calculou π até a trigésima quinta
casa decimal pelo método clássico, usando polı́gonos de 262 lados. Até hoje o
número π é chamado de ”número ludolphiano”.
1621. O fı́sico holandês Willebrord Snell descobriu um aperfeiçoamento
trigonométrico do método clássico de calcular π tal que, de cada par de limites
para π dado pelo método clássico, ele era capaz de obter limites consideravel-
mente mais próximos. Para polı́gonos de noventa e seis lados, o método clássico
fornece duas casa decimais, ao passo que o aperfeiçoamento de Snell fornece sete
casas. Em 1654 o matemático e fı́sico holandês Christiaan Huygens forneceu
uma demonstração correta do refinamento de Snell.
1630. Usando o refinamento de Snell, Grienberger calculou π até a trigécima
nona casa decimal. Essa foi a última tentativa importante de calcular π pelo
método dos perı́metros.
1650. O metemático inglês Jonh Wallis obteve a curiosa expressão
π 2.2.4.4.6.6.8.8...
=
2 1.3.3.5.5.7.7...
Lord Brouncker, o primeiro presidente da Royal Society, converteu o resul-
tado de Wallis na fração contı́nua

4 12 32 52
=1+ + + ...
π 2 2 2
Nenhuma dessas expressões serviu para um cálculo longo de π.
1671. O matemático escocês James Gregory obteve a série infinita

x3 x5 x7
arctan x = x − + − + ... (−1 ≤ x ≤ +1).
3 5 7
Passou despercebido a Gregory que para x = 1, a série torna-se
π 1 1 1
= 1 − + − + ...
4 3 5 7
CAPÍTULO 2. HISTORIA DO NÚMERO π 13

1699. Abraham Sharp encontrou acertadamente as primeiras


q setenta e uma
1
casas decimais de π usando a série de Gregory para x = 3 .
1706. John Machin obteve cem casas decimais usando a série de Gregory
juntamente com a relação
π 1 1
= 4 arctan( ) − arctan( ).
4 5 239
1719. O matemático francês De Lagnyqobteve corretamente 112 casas deci-
mais usando a série de Gregory para x = 13 .
1737. O sı́mbolo π fora usado anteriormente pelos matemáticos ingleses
William Oughtred, Isaac Barrow e David Gregory para designar a circunferência
de um cı́rculo. O primeiro a usar esse sı́mbolo para a razão entre a cincunferência
e o diâmetro foi o escritor inglês William Jones, numa publicação de 1706.
Porém, o sı́mbolo só encontrou aceitação geral depois que Euler o adotou em
1737.
1767. Johann Heinrich Lambert provou que π é irracional.
1777. O conde de Buffon concebeu seu famoso problema da agulha pelo qual
pode-se aproximar π por métodos probabilı́sticos. Supanhamos que se tracem
num plano horizontal um número grande de retas paralelas equidistantes entre
si. Sendo a a disctância entre duas retas vizinhas quaisquer, Buffon mostrou que
a probabilidade ( se um dado evento pode ocorrer de b maneiras e pode deixar
de acontecer de f maneiras e se cada uma das b + f maneiras tem possibilidade
igual de acontecer, então a probabilidade matemática p de o evento ocorrer é
b
p = (b+f ) ) de que uma agulha de comprimento l ¡ a, lançada ao acaso sobre o
plano, caia cortando uma das retas é dada por
2l
p= .
πa
Realizando-se efetivamente esse experimento um número grande de vezes e
anotando-se os casos positivos, obtém-se um valor empı́rico de p que podemos
usar na fómula acima para calcular uma aproximação de π. O melhor resultado
por esse caminho foi conseguido pelo italiano Lazzerini em 1901. Com 3408
lançamentos da agulha ele obteve π corretamente até a sexta casa decimal.
Há outros métodos probabilı́sticos para calcular π. Assim é que, em 1904, R.
Chartres relatou uma aplicação do conhecimento fato de que se dois inteiros
positivos são escritos ao acaso, a probabilidade de que eles sejam primos entre
si é 6π 2 .
1794. Adrien-Marie Legendre mostrou que π 2 é irracional.
1841. O inglês William Rutherford calculou π com 208 casas - 152 corretas,
como se mostrou depois -, usando a série de Gregory juntamente com a relação
π 1 1 1
= 4 arctan( ) − arctan( ) + arctan( ).
4 5 70 99
1844. O calculista relâmpago Zacharias Dase encontrou π corretamente até
a duzentésima casa decimal usando a série de Gregory juntamente com a relação
CAPÍTULO 2. HISTORIA DO NÚMERO π 14

π 1 1 1
= arctan( ) + arctan( ) + arctan( ).
4 2 5 8
1853. Rutherford retornou ao problema e obteve corretamente 400 casas
decimais.
1873. O inglês William Shanks, usando a formula de Machin, calculou π
com 707 casas. Por longo tempo esse foi o feito mais fabuloso em termos de
computação.
1882. Um número se diz algébrico se é raiz de algum polinômio não-nulo
de coeficientes racionais; caso contrário, se diz transcendentes. F. Lindemann
provou que π é transcedente.
1906. Dentre as curiosidades ligadas a π há várias mnemônicas que foram
concebidas para memorizar esse número até um número grande de casas deci-
mais ( ver em curiosidades alguns exemplos).
1948. Em 1946 o inglês D.F. Ferguson descobriu erros, começando na 528a
casa, no valor encontrado por Shanks para π e em 1947 deu um valor correto
com 710 casas. No mesmo mês o americano J. W. Wrench Jr. publicou um
valor de π com 808 casas, mas Ferguson encontrou um erro na 723a casa. Em
janeiro de 1948, Ferguson e Wrench publicaram juntamente um valor correto e
testado de π com 808 casas. Wrench usou a fómula de Machin, ao passo que
Ferguson usou a formula:
π 1 1 1
= 3 arctan( ) + arctan( ) + arctan( ).
4 4 20 1985
1949. O ENIAC, computador eletrônico do Army Ballistic Research Labo-
ratories de Aberdeen, Maryland, calculou π com 2037 casas decimais.
1959. François Genuys, em Paris, calculou π com 16167 casas decimais,
usando um IBM 704.
1961. Wrench e Daniel Shanks, de Washington, D.C., calcularam π com
100265 casas decimais usando um IBM 7090.
1965. O Eniac, agora absoleto, foi desmontado e transportado para o Smith-
sonian Institution como peça de museu.
1966. Em 22 de fevereiro, M. Jean Guilloud e seus colegas de trabalho na
Comissão de Energia Atômica de Paris o btiveram uma aproximação de π que
alcançava 250000 casas decimais, num computador STRETCH.
1967. Exatamente um ano depois os mesmos pesquisadores, usando um
CDC 6600, encontraram uma aproximação de π com 500000 casas.
1973. Guilloud e seus colegas encontraram uma aproximação de π com
1000000 de casas, num CDC 7600.
1981. Os dois matemáticos japoneses Kazunori Miyoshi e Kazuhika Nakavama,
da universidade de Tsukuba, calcularam π com 2000038 algarismos. Eles us-
aram a fórmula
1 1 1
π = 32 arctan( ) − 4 arctan( ) − 16 arctan( )
10 239 515
e testaram seu resultado na fórmula de Machin.
CAPÍTULO 2. HISTORIA DO NÚMERO π 15

1986. Em janeiro de 1986, D. H. Bailey da NASA Ames Research, Califor-


nia, fez funcionar um supercomputador Cray-2 por 28 horas para obter π com
29360000 dı́gitos. Bailey testou seu código num algoritmo mais lento, também
desenvolvido pelos Borwein, e verificou a precisão de seu resultado. Pouco de-
pois, Yasumasa Kanada, da universidade de Tóquio, usando um supercomputa-
dor NEC SX-2 e o algoritmo dos Borwein, calculou π com 137217700 dı́gitos.
No cálculo de π com um número grande de casas decimais há outras questões
além do desafio envolvido. Antes de 1767 (quando se provou que π é irracional)
uma das razões era verificar se os dı́gitos de π começavam a se repetir e, se
fosse esse o caso, obtê-lo como um número racional exato, talves com um de-
nominador grande. Mais recentemente, a motivação é conseguir informações es-
tatı́sticas referentes à ”normalidade”de π. Um número real se diz simplismente
normal se em sua expansão decimal todos os dez algarismos ocorrem com igual
frequência; e se diz normal se todos os blocos de algarismos de mesmo√com-
primento ocorrem com igual frequência. Não se sabe se π (ou mesmo 2) é
normal ou mesmo simplismente normal. Os cálculos de π, começando com o do
ENIAC em 1949, foram realizados para fornecer informações estatı́sticas sobre a
questão. Avaliações sobre essas extensas aproximações de π parecem sugerir que
talvez o número seja normal. O cálculo errado de π, com 707 casas decimais,
feito por Shanks, sequer sugeria que ele pudesse ser simplismente normal.
Há outras razões para se calcular π com um grande números de casas deci-
mais. Isso é muito valioso para a ciência da computação porque idear programas
para cálculos tão extensos leva a uma habilidade maior em programação. E tão
logo se tenha usado com êxito um programa num computador, pode-se emprega-
lo para testar se um novo computador está operando adequadamente.
Com relação à possı́vel normalidade de π, é interessante que a sequência
314159 dos seis primeiros algarismos de π aparece seis vezes nos primeiros dez
milhões de dı́gitos da expansão de π, e a sequência 0123456789 não aparece
nunca.
A sequência 271828 dos seis primeiros dı́gitos de e (base dos logaritmos
naturais) ocorre oito vezes nos primeiros dez milhões de algarismos da expansão
decimal de e.

2.2 Método de Arquimedes


A maneira mais rápida de responder o que é o número π é dizer que π é a
área de um circulo de raio 1. Podemos também dizer que π é o comprimento de
uma circuferência de diâmetro igual a 1.
Há milhares de anos que o cálculo de π tem atraido muitos estudiosos. É
um cálculo que está longe de ser desinteresante, pois é sempre acompanhado de
bonitas formulas e algoritmos.
Dada uma circunferência de comprimento C e diâmetro D, enquanto outra
C C0
tem comprimento C’ diâmetro D’, então D =D 0 . Este valor constante da razão
C
D é um número aproximadamente igual a 3,141592, o qual se apresenta pela
letra grega π.
CAPÍTULO 2. HISTORIA DO NÚMERO π 16

Nos tempos antigos, não havia uma notação padronizada para representar a
razão entre a circuferência e o diâmetro. Euler a principio, usava π ou C mas,
a partir de 1737, passou a adotar sistematicamente o simbolo π. Desde então,
todo mundo o seguiu.
Os primeiros vestigios de uma estimativa de π encontram-se ao Papiro de
Rhind (RP M 15, p.18) escrito aproximadamente, em 1700 a.C, onde se lê: a área
de um circulo é igual a área de um quadrado cujo lado é o diâmetro do circulo
diminuido de sua nona parte.
área do circulo: πR2 ; R:raio da circuferência; 2R: diâmetro; área do quadrado:
l ; l = 2R − 2R
2
9
πR2 = (2R − 2R 9 )
2
18R−2R
πR2 = ( 9 )2
πR2 = ( 16R9 )
2

2 256R2
πR = 81
2
π = 256R
81R2
π ≈ 3, 16049
Acredita-se que este resultado tenha sido obtido empiricamente.

O primeiro resultado cientı́fico e notável foi obtido por Arquimedes (287-212


a.C) usando o metodo de exaustão. Isto é, aproxima a circunferência de raio R
por poligono regulares de 2n lados, inscrito na circunferência.
Vamos calcular o lado de um polı́gono regulare de 2n − lados inscrito em
uma circunferência de raio R.
1o - Se n=2, o poligono de 2n − lados será um quadrado, denotaremos o
comprimento do lado do quadrado por a22 ou a4 .

R a4

B
o R

Figura 2.1: para n=2, quadrado

Aplicando teorema de Pitagoras no 4OAB temos:


a24 = R2 + R2
CAPÍTULO 2. HISTORIA DO NÚMERO π 17

a24 = 2R

2

a4 = √ 2R2
a4 = R 2

Se n=3 o poligono é um (23 = 8) octogono regular (ver figura 2.2)

a4
A 2 B
a8
C

Figura 2.2: para n=3, octogono

Para determinar o valor de OB aplica-se o teorema de Pitágoras no 4OAB .


2 a4 2 √
R2=OB +( 2 )2 = OB + ( R2 2 )2
2 2R2 2 R2
R2 = OB + 4 = OB + 2
2
2R2 = 2OB + R2 = 2R2 − R 2
2 2
OB = R2
q
2
OB = R2

R 2
OB = 2

Para determinar o valor de BC basta pegar o raio (R) e diminuir pelo valor
de OB.

OB = R − R2 2

OB = 2R−R
2
2

Aplicando teorema de Pitágoras no 4ABC acharemos o que estamos procu-


rando, o lado do octogono regular que está inscrito na circunferência (a8 ).
√ √ 2

−4R2 2R2
a28 = ( 2R−R
2
2 2
) + ( R2 2 )2 = 6R 4
2
+ 4
2 2
√ √
a28 = 8R −4R4
2
= 2R2 − R2 2
CAPÍTULO 2. HISTORIA DO NÚMERO π 18

p √ q √
a8 = 2R2 − R2 2 = R2 (2 − 2)
p √
a8 = R 2 − 2

Se n = 4 vamos obter uma figura de 16 lados regulares, aplicando a fórmula


de duplicação.
s r
a 2n
a2(n +1) = 2R2 − 2R R2 − 2
4

a16

o R

Figura 2.3: para n=4


r q r q √ √
a23 (R 2− 2)2
a24 = a2( 3+1) = 2R2 − 2R R2 − 2
4 = 2R2 − 2R R2 − 4
r q r q
√ √
R2 (2− 2) 2 2
a16 = 2R2 − 2R R2 − 4 = 2R2 − 2R 4R −R 4(2− 2)
r q q
√ p √
R2 [4−1(2− 2)]
a16 = 2R2 − 2R 4 = 2R2 − 2R. R2 4 − 2 + 2
q p q √ √
√ 2 2
a16 = 2R2 − 2 + 2 = 4R −2R2 2+ 2
2R2
2
q r q
p √ √
a16 = 2R2 − R2 2 + 2 = R2 (2 − 2 + 2)
q p √
a16 = R 2 − 2 + 2
⇒ Temosqque p
o lado da figura que obtem 16 lados regulares, a16 , vale:

a16 = R 2 − 2 + 2

Assim para n ≥ 2 o lado de um polı́gono regular inscrito de 2n lados é:


CAPÍTULO 2. HISTORIA DO NÚMERO π 19
v r
u q
u √
a 2n u
= Rt2 − 2 + 2 + ... + 2 (?1)
| {z }
n−2

Provaremos isso por indução. Suponhamos que o lado de um polı́gono regular


inscrito de 2n -lados é determinado mediante a formula (?1).
Então parav(n+1), de acordo com a formula da duplicação, temos:
u v q
u u √
u u 2 + ... + 2
u u 2−
t t | {z }
n−2
a2( n+1) = 2R2 − 2R R2 − R2 4
v r
u q
u √
a2( n+1) = R ut 2 − 2 + 2 + ... + 2
| {z }
n−1
Quando n cresce infinitamente, como o comprimento da v
circunferência é 2πR
u q
u √
n n n
e o perı́metro do poligono de 2 lados é: 2 .a2n = 2 Rt2 − 2 + ... + 2
| {z }
n−2
então:
q p √
2πR = limn→∞ 2n R 2 − 2 + ... + 2
q √

2n R 2− 2+...+ 2
π = limn→∞
q √2R

2n 2− 2+...+ 2
π = limn→∞
q2
p √
π = limn→∞ 2n .2−1 2 − 2 + ... + 2
v q
u √
π = limn→∞ 2n−1 u
t2 − 2 + ... + 2
| {z }
n−2

Exemplos no cáculo desse limite para n=3, n=4 e n=5.

*n=3 q p √
π = limn→3 2n−1 2 − 2 + 2
q p √
π = 22 2 − 2 + 2
p √ √
π = 4√ 2 − 2 + 1, 41 ⇒ π = 4 2 − 1, 81
π = 4 0, 15 ⇒ π ≈ 4.0, 39
π ≈ 1, 56

*n=4 r q p
n−1

π = limn→4 2 2− 2+ 2+ 2
CAPÍTULO 2. HISTORIA DO NÚMERO π 20
v v
u u q
u u √
3u
π = 2 t2 − t2 + 2 + 2
| {z }
1,85

π = 8 2 − 1, 96 ⇒ π ≈ 8.0, 2
π ≈ 1, 6

*n=5 s rq p √
n−1
π = limn→∞ 2 2− 2+ 2+ 2+ 2
v v
u u r q
u u √
u
π = 24 u 2 − u
t2 + 2 + 2+ 2
t | {z }
1,96
p √ √
π = 16 2 − 3, 96 ⇒ π = 16 2 − 1, 99
π ≈ 16.0, 1 ⇒ π ≈ 1, 6
O método de Arquimedes foi usado pelos séculos afora e nenhum método
significante melhor para a determinação de π foi encontrado até o advento do
cálculo.
Cumpre lembrar que as dificuldades no cálculo de π sempre foram de na-
tureza computacional, não conceitual.
O cálculo de π com um número cada vez maior de algarismos decimais
sugerem duas perguntas: quantos algarismos serão necessários para se ter o
valor de π? Sabe-se que π é um número irracional. Isto significa que nenhuma
fração ordinária pode exprimir exatamente o seu valor, jamais obteremos o valor
exato de π nem chegaremos a uma periodicidade.
Outra pergunta que se pode fazer é: por que então tanto esforço para calcular
π com centenas ou milhares de algarismos decimais? Uma resposta é que esses
cálculos existe pelo mesmo motivo que existe o ”Livro do Récordes de Guinness”.
Desde que ficou clara a ideia de número irracional, começou-se a suspeitar
que π era um deles. Euler acreditava na irracionalidade de π mas quem a provou
foi seu conteporâneo Lambert, em 1767.

2.3 Curiosidades
? Você sabe quantas casas decimais do número π são conhecidas?
São conhecidas 51539600000 casas decimais de π, calculadas por Y. Kamada
e D. Takahashi, da universidade de Tokio em 1997. Em 21/08/1998 foi calculada
pelo projeto Pihex a 5000000000000a casa binária de π.

? Você sabe o que representa o número π?


O número π representa o valor da razão entre a circunferência de qualquer
cı́rculo e seu diâmetro. É a mais antiga constante matemática que se conhece.
É um número irracional, com infinitas casas decimais e não periódico.
CAPÍTULO 2. HISTORIA DO NÚMERO π 21

? Para memorizar o valor de π costuma-se utilizar do artifı́cio de usar


palavras com a quantidade de letras de cada algarismo do número. Uma sen-
tença famosa em lı́ngua portuguesa é:
• Nós de todo o mundo guardamos pi usando letra por número.
Outras sentenças:
• Até a nado a Maria encontrou na margem peixe bem lindo.
• Sim, é útil e facil memorizar um número grato aos sábios.
• Vai à aula o aluno apreender um número usado nos arcos.
• Sou o medo e temor constante do menino vadio, bem vadio.
22

Capı́tulo 3

Irracionalidade de π

3.1 Uma Sequência especial de números


n
Consideremos a seguinte sequência especial de números reais an! para
n = 1, 2, · · · e a um número real qualquer. Por exemplo para a = 10 a sequência
é:
102 103
n = 1, 10; n = 2, = 50; n = 3, = 166, 6;
2! 3!
104 105
n = 4, = 416, 6; n = 5, 833, 3; · · · .
4! 5!
Aparentemente esta sequência está crescendo, porém notaremos que para
qualquer número positivo arbitrariamente pequeno ² existe um número natural
n0
n0 tal que an0 ! < ². Por exemplo para ² = 1/10 o valor de n0 = 25 já satisfaz a
seguinde desigualdade:

1025 152587890625000 7
= = 0, 6446950284 < 0, 7 = =²
25! 236682282155319 10

A seguinte proposição generaliza esta convergência.


Proposição 2. Se a é um número qualquer e ² > 0 arbitrário, então existe
número natural n0 tal que para todo n ≥ n0 temos que
an
< ².
n!
Prova:
an+1 a an
Notemos que = . , observe que se n ≥ 2a então:
(n + 1)! n + 1 n!
1 a a
≥ > . Logo:
2 n n+1
an+1 a an 1 an
= . <
(n + 1)! n + 1 n! 2 n!
CAPÍTULO 3. IRRACIONALIDADE DE π 23

an+1 1 an
⇒ <
(n + 1)! 2 n!

Isto está dizendo que: para todo n > 2a, entao o (n+1)-éssimo termo é
menor que a metade do n-ésimo termo da sequência.
Se agora n0 um número natural com n0 > 2a. Então, qualquer que seja o
an0
valor de (n0 )!
os valores sucesivos satisfazem.
a(n0 +1) n0

(n0 +1)! < 12 . (n


a
0 )!
a(n0 +2) (n0 +1) n0

(n0 +2)! < 12 . (n


a
0 +1)!
< 12 . 12 . (n
a
0)!
.
.
.
a(n0 +k) 1 an 0
(n0 +k)! < .
2k (n0 )!
(1)
²(n0 )!
Como limk→0 ( 21k ) = 0, pela definição de limite temos que dado n
a0 0
>0
∃k0 tal que ∀ k > k0 , temos que:
1
2k
< ² (n 0 )!
an 0
n0
1 a
.
2k (n0 )!
<² (2)
de (1) e (2) temos que:
an0 +k an 0
⇒ (n 0 +k)!
< 21k . (n 0 )!

o n suficientemente grande; n ≥ n0 + k0 temos que:
an
∴ < ².
n!

3.2 Uma Sequência especial de funções


xn (1−x)n
Proposição 3. Seja a sequência de funções fn (x) = n! , então temos
1
que 0 < fn (x) < n! para 0 < x < 1.
Prova:
Fixando ”n”temos:

xn (1 − x)n
= 0 ⇒ xn (1 − x)n = 0
n!
xn = 0 ou (1 − x)n = 0
x = 0 ou 1 − x = 0
x=1
Se
0 < x < 1,
então
0 < xn < 1 (1)
CAPÍTULO 3. IRRACIONALIDADE DE π 24

Por outro lado, 0 < x < 1 multiplicando por (-1), 0 > −x > −1 somando 1
a cada menbro da desigualdade:
0 + 1 > −x + 1 > −1 + 1 ⇒ 0 < 1 − x < 1

⇒ 0 < (1 − x)n < 1 (2)


Assim, de (1) e (2) temos 0 < xn (1 − x)n < 1, para qualquer x ∈ ]0, 1[

0 xn (1 − x)n 1 xn (1 − x)n 1
< < ⇒0< <
n! n! n! n! n!
1
⇒ 0 < fn (x) < .
n!

Alguns casos particulares desta famı́lia


* n=1 f1 (x) = x(1−x)
1 = x − x2
x2 (1−x)2
* n=2 f2 (x) = 2
x3 (1−x)3
* n=3 f3 (x) = 6 .
Cujos gráficos na figura abaixo

0,2

x
-0,4 0 0,4 0,8 1,2
0

-0,2

-0,4

f1
f2
f3

Figura 3.1: funções (fn ) para n=1, 2 e 3

Utilizando o Binômio de Newton, notemos que na função y = xn (1 − x)n se


escreve:
xn (1 − x)n =µ ¶ µ ¶ µ ¶ µ ¶
n 0 n 0 n 2 n 2 n n
= x [(−1) x +(−1) x+(−1) x +...+(−1) xn ]
0 1 2 n
CAPÍTULO 3. IRRACIONALIDADE DE π 25
µ ¶
n
denotando = cn+k temos:
k
xn (1 − x)n = xn [1 + c1 x + c2 x2 + ... + cn xn ]
2n
X
= [cn xn + cn+1 xn+1 + cn+2 xn+2 + ... + c2n x2n ] = ci xi
i=n

com isso podemos observar que o menor expoente de x em xn (1 − x)n é n e o


maior é 2n.
Aproveitando a notação anterior podemos escrever:
2n
xn (1 − x)n 1 1 X
fn (x) = = [xn (1 − x)n ] = ci xi
n! n! n! i=n

(k)
Lema 3.1. Se k < n ou k > 2n ⇒ fn (0) = 0

Prova:
1 n
fn (x) = n! [cn x + cn+1 xn+1 + cn+2 xn+2 + ... + c2n x2n ]
0
1 n−1
•fn (x) = n! [ncn x + (n + 1)cn+1 xn + (n + 2)cn+2 xn+1 + ... + 2nc2n x(2n−1) ]
0
(n−1)
fn (0) = 1
n! [nc n (0) + (n + 1)cn+1 (0)n + ... + 2nc2n (0)2n−1 ]
| {z }
0
0
1
fn (0) = n! 0 =0
00
1 n−2
•fn (x) = n! [n(n − 1)cn x + (n + 1)ncn+1 xn−1 + ... + 2n(2n − 1)c2n x2n−2 ]
00
1
fn (0) = n! 0=0
.
.
.
(n−1) 1
•fn (x) = n! [(n)!cn x + ... + (2n)(2n − 1)...[2n − (n − 1)]c2n xn+1 ]
(n−1) 1
fn (0) = n! 0 = 0
• Como a derivada de um polinômio o expoente cai sempre um grau, então
(k)
para fn (x) a k-ésima derivada com k > 2n será fn (x) = 0 .
(k)
Em particular fn (0) = 0.

(k)
Lema 3.2. fn (0) = 0 é um número inteiro para todo número natural k ≥ 0

Prova:
(k)
Para k < n e k > 2n pelo lema 3.1 fn (0) = 0 logo é um inteiro, resta
verificar para k = n, n + 1, n + 2, ..., 2n.
CAPÍTULO 3. IRRACIONALIDADE DE π 26

(k)
Calculemos fn (x); como
(n−1) 1
fn (x) = n! [(n)!cn x + ... + (2n)(2n − 1)...[2n − (n − 1)]c2n xn+1 ] então;
(n) 1
fn (x) = n! [(n)!cn + monomio
µ ¶ de grau ≥ 1 em termos de x] é claro
(n) 1 n
que fn (0) = n! (n)!cn = = 1.
0
(n+1) 1
fn (x) = n! [(n +
µ1)!cn+2
¶ + monomio de grau ≥ 1 em termos de x].
(n+1) n
fn (0) = (n+1)! = (n + 1) n é inteiro.
n! 1
.
.
.
(2n) 1 (2n)
fn (x) = n! (2n)!c2n ⇒ fn (0) = (2n)(2n − 1)...(n + 1)c2n é inteiro.

(k)
Lema 3.3. fn (1) é um número inteiro para todo número natural k ≥ 0
Prova:
Notemos que:
n n
fn (x) = x (1−x)
n! n n
fn (1 − x) = (1−x) [1−(1−x)]
n!
n n
fn (1 − x) = (1−x) (1−1+x)
n!
n n
fn (1 − x) = (1−x)
n!
.x

⇒ fn (x) = fn (1 − x)

Derivando ambos os lados em relação a x, fazendo u = 1 − x, pela regra da


cadeia temos:
0
fn (1 − x) Ã regra da cadeia ⇒ u = 1 − x
0 0 du 0
fn (x) = fn (1 − x). = −fn (1 − x).(−1)
dx
0 0
fn (x) = −fn (1 − x)
Derivando pela segunda vez em relação a x ambos os lados temos:
00 00 du 00 00
fn (x) = −fn (1 − x). = −fn (1 − x)(−1) = (−1)2 fn (1 − x)
dx
00 00
⇒ fn (x) = (−1)2 fn (1 − x)
Derivando sucessivamente temos
(3) (3)
fn (x) = (−1)3 fn (1 − x)
..
.
(k) (k)
fn (x) = (−1)k fn (1 − x) ∀ x ∈ R; k ∈ N
CAPÍTULO 3. IRRACIONALIDADE DE π 27

substituindo em x=1 temos:

fn(k) (1) = (−1)k fn(k) (1 − 1) = (−1)k fn(k) (0)


(k) (k)
Pelo lema 3.2 temos que fn (0) é um número inteiro então fn (1) também
é um número inteiro para qualquer k.
¥

O seguinte lema será usado na proxima seção.


Lema 3.4. Se a2 é irracional ⇒ a é irracional, a ∈ R.
p
Prova: Por absurdo suponha que a é racional ⇒ a = q ∈ Z e q 6= 0
2 p2 2
⇒a = q2 ∈ Z ⇒ a é racional (⇒⇐), absurdo com a hipótese.

3.3 O resultado principal

Teorema 3.1. O número π é irracional.


Prova: Pelo lema anterior, basta mostrar que π 2 é irracional.
Por absurdo, suponhamos que π 2 é racional ⇒ π 2 = ab com a, b ∈ Z e
M DC(a, b) = 1
Para os números inteiros positivos a e b, consideremos a seguinte função:
00 (4) (2k)
(1) G(x) = bn [π 2n fn (x)−π 2n−2 fn (x)+π 2n−4 fn (x)−...(−1)k π 2n−2k fn (x)...+

(−1)n fn(2n) (x)].

Observe que cada um dos fatores


a
bn π 2n−2k = bn (π 2 )n−k = bn ( )n−k = an−k bk
b

bn π 2n−2k = an−k bk
(k) (k)
,dos lemas 3.2 e 3.3 temos que é inteiro. fn (0)efn (1) são inteiros, isto de-
mosntra que G(0) e G(1) são inteiros.
0 0 (3) (5)
Derivando G se obtem:G (x) = bn [π 2n fn (x) − π 2n−2 fn (x) + π 2n−4 fn (x) −
(2k+1) (2n+1)
...(−1)k π 2n−2k fn (x)... + (−1)n fn (x)].
Derivando G pela segunda vez:
00 00 (4) (2n+2)
(2) G (x) = bn [π 2n fn (x) − π 2n−2 fn (x) + ... + (−1)n fn (x)].
(2n+2)
Como o grau do polinomio fn (x) é 2n, então fn (x) = 0 assim o último
(2n+2)
termo, (−1)n fn (x) = 0. Assim somando (2) mais π 2 vezes a equação (1) se
obtem:
CAPÍTULO 3. IRRACIONALIDADE DE π 28

00
(3) G (x) + π 2 G(x) = bn π 2n+2 fn (x) = π 2 an fn (x)
Denotemos por H a seguinte função;
0
H(x) = G (x) sin(πx) − cos(πx).
Derivando temos:
0 0 00 0
H (x) = πG (x) cos(πx) + G (x) sin(πx) − πG (x) cos(πx) + π 2 G(x) sin(πx)
0 00
H (x) = [G (x) + π 2 G(x)] sin(πx)
da equação (3) substituindo temos:
0
H (x) = π 2 an fn (x) sin(πx)
Pelo teorema fundamental do cálculo;
Z 1
0
H (x)dx = H(1) − H(0)
0
R1 0 R1
0
H (x)dx = π 2 0 an fn (x) sin(πx)dx = H(1) − H(0)
R1 0 0 0
H (x)dx = G (1) sin π − πG(1) cos π − G (0) sin 0 + πG(0) cos 0
R01 0
0
H (x)dx = π[G(1) + G(0)].
Assim, dividindo a equação por π temos:
Z 1
π an fn (x) sin(πx)dx = G(1) + G(0) (A)
0
é um número inteiro.

1
Por outro lado, da proposição 3, temos que, 0 < fn (x) < n! para 0 < x < 1,
de modo que:
πan
0 < πan fn (x) sin(πx) < para 0 < x < 1
n!
Em consequência,
Z 1
πan
0<π an fn (x) sin(πx)dx < .
0 n!
Esta desigualdade vale ∀n ≥ 1. Agora, se n é suficientemente grande,pela
preposição 2 temos que:
Z 1
πan
0<π an fn (x) sin(πx)dx < < 1. (B)
0 n!
As expressões (A) e (B) são contraditórias, portanto π 2 é irracional, e de
acordo com o lema (3.4) temos então que π é um número irracional.
29

Capı́tulo 4

References

[1 ] Eves, Howard. Introdução à história da matemática. Editora Unicamp, 3a


edição (2004).
[2 ] Figueiredo, Djairo. Números irracionais e transcendentes. SBM, (2002).

[3 ] Guidorizzi, Hamilton. Um curso de Cálculo, Vol. 1, 5a edição, editora


LTC, (2003).

[4 ] Spivak, Michael. Cálculus, calculo Infinitesimal. Editora reverté, (1977).


[5 ] Revista do professor de Matemática, SBM, N◦ 5, pag. 6, No 6, pag. 18,
No 19, pag. 1
[6 ] Niven, Ivan.Números Racionais e Irracionais, SBM, (1984)
[7 ] Curiosidades tiradas da página da internet. http://pt.wikipedia.org/wiki/pi
.

Você também pode gostar