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O Número π
Sumário
1 Conceitos Básicos 2
1.1 Números Racionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.2 Números Reais . . . . . . . √. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.2.1 A irracionalidade de 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.2.2 A irracionalidade de e . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.3 Números algébricos e transcendentes . . . . . . . . . . . . . . . . 8
2 Historia do número π 11
2.1 Cronologia de π . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2.2 Método de Arquimedes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.3 Curiosidades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
3 Irracionalidade de π 22
3.1 Uma Sequência especial de números . . . . . . . . . . . . . . . . 22
3.2 Uma Sequência especial de funções . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
3.3 O resultado principal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
4 References 29
SUMÁRIO 1
Introdução
Capı́tulo 1
Conceitos Básicos
se ela representa
√ √
, ou não, um número racional. Considere, por exemplo, os
números: √12 3
e √15 nenhum dos quais está na forma a/b, com a e b inteiros.
3
Podemos, porém, efetuar certas manipulações aritméticas com a primeira ex-
pressão e obter:
√ √ √
12 4.3 2 3 2
√ = √ = √ =
3 3 3 1
Chegamos, assim, a um numero representado
√
por uma fração na forma es-
pecificada: a=2 e b=1 e, portanto, √12 3
é um número racional. Ele não teria
se qualificado como número racional, se a definição exigisse estar o número na
forma certa desde
√ o inı́cio.
No caso √153
, as transformações são:
√ √ √
15 5 3 √
√ = √ = 5
3 3
√ √
dando o resultado como 5 e 5 não pode ser escrito como razão de dois
inteiros e, portanto, é um número irracional.
1 2 1
Figura 1.1:
√
1.2.1 A irracionalidade de 2
√
Daremos, agora, uma demonstração , tradicional, da irracionalidade de 2
Recordamos que um número real é dito irracional quando não é racional,
procederemos a provar pelo método √ de redução ao√ absurdo. Isto significa as-
sumir que a tese é falsa, isti é, 2 é racional. Se 2 é racional então podemos
ecrevê-lo em forma de fração irredutı́vel (isto é, uma fração onde o numerador
e o√denominador não possuem nenhum fator em comum). Suponha entao que:
2 = ab , onde a, b são números inteiros sem fator comum e b 6= 0. Neste
caso, elevando os menbros desta igualdade ao quadrado, obtemos:
√ a a2
( 2)2 = ( )2 ⇒ 2 = 2
b b
Multiplicando por b2 a equação acima:
a2 = 2.b2 (∗)
2
Observamos que, a é par. Sabemos também que se o quadrado de um
número inteiro é par, o número é par. Desta forma, podemos escrever a = 2k,
para algum k pertencente a Z. Voltando a equação (∗) e substituindo a = 2k
encontraremos:
4k 2 = 2b2
Dividindo os dois menbros por 2:
2k 2 = b2
Portanto, b2 é par e, isto obriga a b também ser par. Chegamos a parte
crucial da prova. Já temos concluido que a é par e acabamos de verificar que b
também é par. Este fato contraria uma das nossas hipóteses. De fato, havı́amos
suposto de inı́cio que a e b não possuiam fator comum. Sendo ambos pares,
2 é um fator comum entre eles e assim, a fração ab não é irredutivel, con-
√
trariamente a hipótese. Absurdo! Portanto, conclui-se que 2 é irracional.
CAPÍTULO 1. CONCEITOS BÁSICOS 5
Lema 1.1. Existe uma única raiz real positiva α para a equação x2 = 2.
Prova. Seja A0 o maior natural tal que A20 ≤ 2 (tal número é A0 = 1),
então (A0 + 1)2 não pode ser menor ou igaul que 2, pois A0 é o maior natural
com esta propriedade, logo (A0 + 1)2 > 2.
Façamos, agora, a0 = A0 e b0 = A0 + 1.
Seja A1 o maior dı́gito (um número natural entre 0 e 9) tal que
(A0 + A 1 2
10 ) ≤ 2. Tal dı́gito sempre existe, pois basta fazer no máximo 9 produtos,
por exemplo;
1 2
(A0 + 10 ) = (1, 1)2 = 1, 21 < 2
2 2
(A0 + 10 ) = (1, 2)2 = 1, 44 < 2
3 2
(A0 + 10 ) = (1, 3)2 = 1, 69 < 2
4 2
(A0 + 10 ) = (1, 4)2 = 1, 96 < 2
5 2
(A0 + 10 ) = (1, 5)2 = 2, 25 > 2
logo A1 = 4.
Façamos a1 = A0 + A A1 +1
10 = 1, 4 e b1 = A0 + 10 = 1, 5
1
⇒ A2 = 1
Façamos a2 = A0 + A A2 A1 A2 +1
10 + 100 = 1, 41 e b2 = A0 + 10 + 100 = 1, 42, notemos
1
2 2
que a0 ≤ a1 ≤ a2 < b2 < b1 < b0 (?) e a2 ≤ 2 < b2 .
1.2.2 A irracionalidade de e
O número e, que aparece no estudo da função logarı́tmica, é definido como
o número tal que a área hachurada abaixo é igual a 1. A curva da figura 1.2 é
o grafico da função f (x) = x1 . para x > 0.
1 e x
Figura 1.2:
p
Suponha que fosse um número racional, isto é, e = q, onde p, q ∈ N, são
primos entre si, p 6= 0.
e = pq = 1 + 1!
1 1
+ 2! + ...
p 1 1 1 1 1
q = [1 + 1! + 2! + ... + q! ] + (q+1)! + (q+2)! + ...
p 1 1 1
P∞ 1
q − (1 + 1! + 2! + ... + q! ) = k=q+1 k! (2.2)
A expressão
P∞ entre parênteses no último membro de (2.3) é uma série geométrica
r
da forma n=1 rn , a qual para 0 < r < 1, tem soma igual a 1−r . Usando esse
fato em (2.3) obtemos
∞
X 1 11
< (2.4)
k! q! q
k=q+1
p 1 1 1 11
0< − (1 + + + ... + ) <
q 1! 2! q! q! q
e daı́
p 1 1 1 1
0 < q!( − 1 − − − ... − ) < (2.5)
q 1! 2! q! q
CAPÍTULO 1. CONCEITOS BÁSICOS 8
x−b=0
√ √
tem b por solução. Também 2 e − 2 são números algébricos, pois eles são as
soluções da equação
x2 − 2 = 0.
p √
Do mesmo modo o leitor poderá verificar que 2 + 3 é um inteiro algébrico,
pois é uma solução
√ da equação
x2 = 2 + 3 √
(x2 − 2)2 = ( 3)2
x4 − 4x2 + 4 − 3 = 0
x4 − 4x2 + 1 = 0.
ou ainda
qx − p = 0
Obviamente, qualquer inteiro algébrico é um número algébrico.
Um número que não seja algébrico é chamado trascendente.
A aritmética dos números algébricos:
P (x) = an xn + ... + a1 x + a0
definimos sua altura como sendo o número natural
Capı́tulo 2
Historia do número π
2.1 Cronologia de π
A primeira tentativa cientı́fica de calcular π parece ter sido a de Arquimedes,
e começaremos nossa cronologia com essa realização.
240 a.C. Suponhamos que se tome um cı́rculo de diâmetro unitário. Podemos
calcular os perı́metros dos polı́gonos regulares inscritos e circunscritos de doze,
vinte e quatro, quarenta e oito e noventa e seis lados e obter limites cada vez
mais próximos de π. Foi isso essencialmente o que fez Arquimedes, chegando à
conclusão de que π está entre 223 22
71 e 7 ou que, até a segunda casa decimal, π é
dado por 3,14.
Esse método baseado nos polı́gonos regulares inscritos e circunscritos, é con-
hecido como método clássico do cálculo de π.
150 d.C. Depois de Arquimedes a primeira aproximação notável de π foi
dada por Claudio Ptolomeu em sua famosa Syntaxis mathematica ( mais popu-
larmente conhecida por seu tı́tulo árabe de Almagesto. O valor de π dado nesse
377
trabalho é 120 ou 3, 1416. Esse valor foi obtido a partir de uma tábua de cordas
que há no tratado. A tábua fornece o comprimento das cordas de um cı́rculo
correspondentes aos ângulos centrais de 0o a 180o , com incrementos de meio
grau. Multiplicando-se o comprimento da corda do ângulo central de 1o por 360
e dividindo-se o resultado pelo comprimento do diâmetro do cı́rculo, obtém-se
o valor de π acima.
480. O mecânico chinês Tsu Ch’ung-chih deu a interesante aproximação
racional 355
113 = 3, 1415929... que é correta até a sexta casa decimal.
530. Um dos mais antigos matemáticos hindus. Aryabhata, deu 62832 20000 =
3, 1416 como valor aproximado de π. Não se sabe como esse resultado foi obtido.
Pode ser que tenha sido de fontes mais antigas gregas ou do cálculo do perı́metro
de um polı́gono regular inscrito de 384 lados.
1150. O matemático hindu posterior, Bhaskara, deu várias aproximações
√
de π. Deu 3927 22
1250 como um valor acurado, 7 como um valor impreciso e 10 para
trabalhos corriqueiros. O primeiro valor pode ter sido tomado de Aryabhata. É
CAPÍTULO 2. HISTORIA DO NÚMERO π 12
de origem incerta um outro valor, 754 240 = 3, 1416, dado por Bhaskara (trata-se
do mesmo valor de Ptolomeu).
1429. Al-Kashi, assistente do astrônomo real de Samarcanda. Ulugh Beg,
calculou π até a décima sexta casa decimal pelo método clássico.
1579. O eminente matemático francês François Viète encontrou π corre-
tamente até a nona casa decimal pelo método clássico, usando polı́gonos de
6(216 ) = 393216 lados.
1585. Adrien Anthoniszoon redescobriu a antiga razão chinesa 355113 . Aparente-
mente foi um golpe de sorte, pois tudo que ele mostrou foi que 377 333
120 > π > 106 .
Ele então fez a média aritmética dos numeradores e dos denominadores para
obter o valor ”exato”de π.
1593. O holandês Adriaen van Roomen, mais conhecido como Adrianus
Romanus, determinou π corretamente até a décima quinta casa decimal pelo
método clássico, usando polı́gonos de 230 lados.
1610. O holândes Ludolph van Ceulen calculou π até a trigésima quinta
casa decimal pelo método clássico, usando polı́gonos de 262 lados. Até hoje o
número π é chamado de ”número ludolphiano”.
1621. O fı́sico holandês Willebrord Snell descobriu um aperfeiçoamento
trigonométrico do método clássico de calcular π tal que, de cada par de limites
para π dado pelo método clássico, ele era capaz de obter limites consideravel-
mente mais próximos. Para polı́gonos de noventa e seis lados, o método clássico
fornece duas casa decimais, ao passo que o aperfeiçoamento de Snell fornece sete
casas. Em 1654 o matemático e fı́sico holandês Christiaan Huygens forneceu
uma demonstração correta do refinamento de Snell.
1630. Usando o refinamento de Snell, Grienberger calculou π até a trigécima
nona casa decimal. Essa foi a última tentativa importante de calcular π pelo
método dos perı́metros.
1650. O metemático inglês Jonh Wallis obteve a curiosa expressão
π 2.2.4.4.6.6.8.8...
=
2 1.3.3.5.5.7.7...
Lord Brouncker, o primeiro presidente da Royal Society, converteu o resul-
tado de Wallis na fração contı́nua
4 12 32 52
=1+ + + ...
π 2 2 2
Nenhuma dessas expressões serviu para um cálculo longo de π.
1671. O matemático escocês James Gregory obteve a série infinita
x3 x5 x7
arctan x = x − + − + ... (−1 ≤ x ≤ +1).
3 5 7
Passou despercebido a Gregory que para x = 1, a série torna-se
π 1 1 1
= 1 − + − + ...
4 3 5 7
CAPÍTULO 2. HISTORIA DO NÚMERO π 13
π 1 1 1
= arctan( ) + arctan( ) + arctan( ).
4 2 5 8
1853. Rutherford retornou ao problema e obteve corretamente 400 casas
decimais.
1873. O inglês William Shanks, usando a formula de Machin, calculou π
com 707 casas. Por longo tempo esse foi o feito mais fabuloso em termos de
computação.
1882. Um número se diz algébrico se é raiz de algum polinômio não-nulo
de coeficientes racionais; caso contrário, se diz transcendentes. F. Lindemann
provou que π é transcedente.
1906. Dentre as curiosidades ligadas a π há várias mnemônicas que foram
concebidas para memorizar esse número até um número grande de casas deci-
mais ( ver em curiosidades alguns exemplos).
1948. Em 1946 o inglês D.F. Ferguson descobriu erros, começando na 528a
casa, no valor encontrado por Shanks para π e em 1947 deu um valor correto
com 710 casas. No mesmo mês o americano J. W. Wrench Jr. publicou um
valor de π com 808 casas, mas Ferguson encontrou um erro na 723a casa. Em
janeiro de 1948, Ferguson e Wrench publicaram juntamente um valor correto e
testado de π com 808 casas. Wrench usou a fómula de Machin, ao passo que
Ferguson usou a formula:
π 1 1 1
= 3 arctan( ) + arctan( ) + arctan( ).
4 4 20 1985
1949. O ENIAC, computador eletrônico do Army Ballistic Research Labo-
ratories de Aberdeen, Maryland, calculou π com 2037 casas decimais.
1959. François Genuys, em Paris, calculou π com 16167 casas decimais,
usando um IBM 704.
1961. Wrench e Daniel Shanks, de Washington, D.C., calcularam π com
100265 casas decimais usando um IBM 7090.
1965. O Eniac, agora absoleto, foi desmontado e transportado para o Smith-
sonian Institution como peça de museu.
1966. Em 22 de fevereiro, M. Jean Guilloud e seus colegas de trabalho na
Comissão de Energia Atômica de Paris o btiveram uma aproximação de π que
alcançava 250000 casas decimais, num computador STRETCH.
1967. Exatamente um ano depois os mesmos pesquisadores, usando um
CDC 6600, encontraram uma aproximação de π com 500000 casas.
1973. Guilloud e seus colegas encontraram uma aproximação de π com
1000000 de casas, num CDC 7600.
1981. Os dois matemáticos japoneses Kazunori Miyoshi e Kazuhika Nakavama,
da universidade de Tsukuba, calcularam π com 2000038 algarismos. Eles us-
aram a fórmula
1 1 1
π = 32 arctan( ) − 4 arctan( ) − 16 arctan( )
10 239 515
e testaram seu resultado na fórmula de Machin.
CAPÍTULO 2. HISTORIA DO NÚMERO π 15
Nos tempos antigos, não havia uma notação padronizada para representar a
razão entre a circuferência e o diâmetro. Euler a principio, usava π ou C mas,
a partir de 1737, passou a adotar sistematicamente o simbolo π. Desde então,
todo mundo o seguiu.
Os primeiros vestigios de uma estimativa de π encontram-se ao Papiro de
Rhind (RP M 15, p.18) escrito aproximadamente, em 1700 a.C, onde se lê: a área
de um circulo é igual a área de um quadrado cujo lado é o diâmetro do circulo
diminuido de sua nona parte.
área do circulo: πR2 ; R:raio da circuferência; 2R: diâmetro; área do quadrado:
l ; l = 2R − 2R
2
9
πR2 = (2R − 2R 9 )
2
18R−2R
πR2 = ( 9 )2
πR2 = ( 16R9 )
2
2 256R2
πR = 81
2
π = 256R
81R2
π ≈ 3, 16049
Acredita-se que este resultado tenha sido obtido empiricamente.
R a4
B
o R
a24 = 2R
√
2
a4 = √ 2R2
a4 = R 2
a4
A 2 B
a8
C
Para determinar o valor de BC basta pegar o raio (R) e diminuir pelo valor
de OB.
√
OB = R − R2 2
√
OB = 2R−R
2
2
p √ q √
a8 = 2R2 − R2 2 = R2 (2 − 2)
p √
a8 = R 2 − 2
a16
o R
*n=3 q p √
π = limn→3 2n−1 2 − 2 + 2
q p √
π = 22 2 − 2 + 2
p √ √
π = 4√ 2 − 2 + 1, 41 ⇒ π = 4 2 − 1, 81
π = 4 0, 15 ⇒ π ≈ 4.0, 39
π ≈ 1, 56
*n=4 r q p
n−1
√
π = limn→4 2 2− 2+ 2+ 2
CAPÍTULO 2. HISTORIA DO NÚMERO π 20
v v
u u q
u u √
3u
π = 2 t2 − t2 + 2 + 2
| {z }
1,85
√
π = 8 2 − 1, 96 ⇒ π ≈ 8.0, 2
π ≈ 1, 6
*n=5 s rq p √
n−1
π = limn→∞ 2 2− 2+ 2+ 2+ 2
v v
u u r q
u u √
u
π = 24 u 2 − u
t2 + 2 + 2+ 2
t | {z }
1,96
p √ √
π = 16 2 − 3, 96 ⇒ π = 16 2 − 1, 99
π ≈ 16.0, 1 ⇒ π ≈ 1, 6
O método de Arquimedes foi usado pelos séculos afora e nenhum método
significante melhor para a determinação de π foi encontrado até o advento do
cálculo.
Cumpre lembrar que as dificuldades no cálculo de π sempre foram de na-
tureza computacional, não conceitual.
O cálculo de π com um número cada vez maior de algarismos decimais
sugerem duas perguntas: quantos algarismos serão necessários para se ter o
valor de π? Sabe-se que π é um número irracional. Isto significa que nenhuma
fração ordinária pode exprimir exatamente o seu valor, jamais obteremos o valor
exato de π nem chegaremos a uma periodicidade.
Outra pergunta que se pode fazer é: por que então tanto esforço para calcular
π com centenas ou milhares de algarismos decimais? Uma resposta é que esses
cálculos existe pelo mesmo motivo que existe o ”Livro do Récordes de Guinness”.
Desde que ficou clara a ideia de número irracional, começou-se a suspeitar
que π era um deles. Euler acreditava na irracionalidade de π mas quem a provou
foi seu conteporâneo Lambert, em 1767.
2.3 Curiosidades
? Você sabe quantas casas decimais do número π são conhecidas?
São conhecidas 51539600000 casas decimais de π, calculadas por Y. Kamada
e D. Takahashi, da universidade de Tokio em 1997. Em 21/08/1998 foi calculada
pelo projeto Pihex a 5000000000000a casa binária de π.
Capı́tulo 3
Irracionalidade de π
1025 152587890625000 7
= = 0, 6446950284 < 0, 7 = =²
25! 236682282155319 10
an+1 1 an
⇒ <
(n + 1)! 2 n!
Isto está dizendo que: para todo n > 2a, entao o (n+1)-éssimo termo é
menor que a metade do n-ésimo termo da sequência.
Se agora n0 um número natural com n0 > 2a. Então, qualquer que seja o
an0
valor de (n0 )!
os valores sucesivos satisfazem.
a(n0 +1) n0
xn (1 − x)n
= 0 ⇒ xn (1 − x)n = 0
n!
xn = 0 ou (1 − x)n = 0
x = 0 ou 1 − x = 0
x=1
Se
0 < x < 1,
então
0 < xn < 1 (1)
CAPÍTULO 3. IRRACIONALIDADE DE π 24
Por outro lado, 0 < x < 1 multiplicando por (-1), 0 > −x > −1 somando 1
a cada menbro da desigualdade:
0 + 1 > −x + 1 > −1 + 1 ⇒ 0 < 1 − x < 1
0 xn (1 − x)n 1 xn (1 − x)n 1
< < ⇒0< <
n! n! n! n! n!
1
⇒ 0 < fn (x) < .
n!
0,2
x
-0,4 0 0,4 0,8 1,2
0
-0,2
-0,4
f1
f2
f3
(k)
Lema 3.1. Se k < n ou k > 2n ⇒ fn (0) = 0
Prova:
1 n
fn (x) = n! [cn x + cn+1 xn+1 + cn+2 xn+2 + ... + c2n x2n ]
0
1 n−1
•fn (x) = n! [ncn x + (n + 1)cn+1 xn + (n + 2)cn+2 xn+1 + ... + 2nc2n x(2n−1) ]
0
(n−1)
fn (0) = 1
n! [nc n (0) + (n + 1)cn+1 (0)n + ... + 2nc2n (0)2n−1 ]
| {z }
0
0
1
fn (0) = n! 0 =0
00
1 n−2
•fn (x) = n! [n(n − 1)cn x + (n + 1)ncn+1 xn−1 + ... + 2n(2n − 1)c2n x2n−2 ]
00
1
fn (0) = n! 0=0
.
.
.
(n−1) 1
•fn (x) = n! [(n)!cn x + ... + (2n)(2n − 1)...[2n − (n − 1)]c2n xn+1 ]
(n−1) 1
fn (0) = n! 0 = 0
• Como a derivada de um polinômio o expoente cai sempre um grau, então
(k)
para fn (x) a k-ésima derivada com k > 2n será fn (x) = 0 .
(k)
Em particular fn (0) = 0.
(k)
Lema 3.2. fn (0) = 0 é um número inteiro para todo número natural k ≥ 0
Prova:
(k)
Para k < n e k > 2n pelo lema 3.1 fn (0) = 0 logo é um inteiro, resta
verificar para k = n, n + 1, n + 2, ..., 2n.
CAPÍTULO 3. IRRACIONALIDADE DE π 26
(k)
Calculemos fn (x); como
(n−1) 1
fn (x) = n! [(n)!cn x + ... + (2n)(2n − 1)...[2n − (n − 1)]c2n xn+1 ] então;
(n) 1
fn (x) = n! [(n)!cn + monomio
µ ¶ de grau ≥ 1 em termos de x] é claro
(n) 1 n
que fn (0) = n! (n)!cn = = 1.
0
(n+1) 1
fn (x) = n! [(n +
µ1)!cn+2
¶ + monomio de grau ≥ 1 em termos de x].
(n+1) n
fn (0) = (n+1)! = (n + 1) n é inteiro.
n! 1
.
.
.
(2n) 1 (2n)
fn (x) = n! (2n)!c2n ⇒ fn (0) = (2n)(2n − 1)...(n + 1)c2n é inteiro.
(k)
Lema 3.3. fn (1) é um número inteiro para todo número natural k ≥ 0
Prova:
Notemos que:
n n
fn (x) = x (1−x)
n! n n
fn (1 − x) = (1−x) [1−(1−x)]
n!
n n
fn (1 − x) = (1−x) (1−1+x)
n!
n n
fn (1 − x) = (1−x)
n!
.x
⇒ fn (x) = fn (1 − x)
bn π 2n−2k = an−k bk
(k) (k)
,dos lemas 3.2 e 3.3 temos que é inteiro. fn (0)efn (1) são inteiros, isto de-
mosntra que G(0) e G(1) são inteiros.
0 0 (3) (5)
Derivando G se obtem:G (x) = bn [π 2n fn (x) − π 2n−2 fn (x) + π 2n−4 fn (x) −
(2k+1) (2n+1)
...(−1)k π 2n−2k fn (x)... + (−1)n fn (x)].
Derivando G pela segunda vez:
00 00 (4) (2n+2)
(2) G (x) = bn [π 2n fn (x) − π 2n−2 fn (x) + ... + (−1)n fn (x)].
(2n+2)
Como o grau do polinomio fn (x) é 2n, então fn (x) = 0 assim o último
(2n+2)
termo, (−1)n fn (x) = 0. Assim somando (2) mais π 2 vezes a equação (1) se
obtem:
CAPÍTULO 3. IRRACIONALIDADE DE π 28
00
(3) G (x) + π 2 G(x) = bn π 2n+2 fn (x) = π 2 an fn (x)
Denotemos por H a seguinte função;
0
H(x) = G (x) sin(πx) − cos(πx).
Derivando temos:
0 0 00 0
H (x) = πG (x) cos(πx) + G (x) sin(πx) − πG (x) cos(πx) + π 2 G(x) sin(πx)
0 00
H (x) = [G (x) + π 2 G(x)] sin(πx)
da equação (3) substituindo temos:
0
H (x) = π 2 an fn (x) sin(πx)
Pelo teorema fundamental do cálculo;
Z 1
0
H (x)dx = H(1) − H(0)
0
R1 0 R1
0
H (x)dx = π 2 0 an fn (x) sin(πx)dx = H(1) − H(0)
R1 0 0 0
H (x)dx = G (1) sin π − πG(1) cos π − G (0) sin 0 + πG(0) cos 0
R01 0
0
H (x)dx = π[G(1) + G(0)].
Assim, dividindo a equação por π temos:
Z 1
π an fn (x) sin(πx)dx = G(1) + G(0) (A)
0
é um número inteiro.
1
Por outro lado, da proposição 3, temos que, 0 < fn (x) < n! para 0 < x < 1,
de modo que:
πan
0 < πan fn (x) sin(πx) < para 0 < x < 1
n!
Em consequência,
Z 1
πan
0<π an fn (x) sin(πx)dx < .
0 n!
Esta desigualdade vale ∀n ≥ 1. Agora, se n é suficientemente grande,pela
preposição 2 temos que:
Z 1
πan
0<π an fn (x) sin(πx)dx < < 1. (B)
0 n!
As expressões (A) e (B) são contraditórias, portanto π 2 é irracional, e de
acordo com o lema (3.4) temos então que π é um número irracional.
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Capı́tulo 4
References