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Ecofisiologia de Plantas no

Semi-Árido

Aula 4 – O Balanço de Carbono


Parte 2
Aula 4 – O Balanço de Carbono
(parte 2)
3. A Economia de Carbono na Planta
• Balanço das trocas gasosas
• O trabalho de assimilação e seu rendimento
• Fotossíntese e crescimento

4. A Economia de Carbono nas Comunidade Vegetais


• Produtividade
• Produção primária sobre a terra
• O balanço de carbono da comunidade

5. Aproveitamento da Energia na Comunidade Vegetal


• Eficiência energética da fotossíntese
• Eficiência energética das comunidades vegetais
3. A Economia de Carbono na Planta
Balanço das Trocas Gasosas

Saldo de carbono –

• Fatores estruturais – órgãos fotossintetizantes x não


fotossintetizantes

• Fatores temporais – períodos favoráveis x desfavoráveis

• Eficiência no uso do carbono pela folha

• EUC = fotossíntese/respiração
Balanço geral de carbono - Representa a relação entre a assimilação e
a desassimilação do carbono

Balanço de CO2 = MF x ∑h . Fb – MT . ∑R

Em que: MF = massa foliar; h = número de horas de radiação;


Fb = fotossíntese bruta; MT = massa total da planta; R = respiração da
planta

O Balanço depende dos seguintes fatores:

• 1. Da capacidade fotossintética da espécie

• 2. Das taxas de respiração

• 3. Da proporção entre a massa de órgãos fotossinteticamente ativos


(folhas) e a de órgãos não fotossintetizantes (raízes, caules, etc.)

• 4. Da duração do período de assimilação (diário e sazonal)

• 5. Das condições ambientais (temperatura, radiação, água)


Saldo diário de carbono

Será maior quando:

- Alta capacidade fotossintética

- Elevada interceptação de radiação

- Extensos períodos do dia favoráveis à fotossíntese

- Noite curta e fria


Balanço anual de carbono

Decresce na seguinte sequência:

• Plantas sempre-verdes de regiões quentes e úmidas, com atividade


fotossintética durante todo o ano (por exemplo, plantas lenhosas de
florestas tropicais e subtropicais úmidas)

• Plantas sempre-verdes com variação sazonal da atividade fotossintética,


apresentando baixa taxa assimilatória em certos períodos devido a
ocorrência de estações frias ou secas

• Plantas com manutenção sazonal da folhagem verde (lenhosas decíduas, a


maioria das plantas herbáceas)

• Plantas com curto tempo de assimilação de carbono entre longos períodos


desfavoráveis (plantas de desertos ou de regiões extremamente frias)
O trabalho de assimilação e
seu rendimento
Análise integrada do processo de assimilação
– Taxas e índices de crescimento

• Taxa de crescimento absoluto (TCA) – incremento na matéria seca


da planta por unidade de tempo (g MS t-1)

• Taxa de crescimento relativo (TCR) – aumento da matéria seca por


unidade de tempo, em relação à matéria seca inicial (g MS g-1 t-1)

• Taxa de assimilação líquida (TAL) – aumento da matéria seca em


relação à área foliar, por unidade de tempo
(g MS dm-2 t-1)

• Índice de área foliar (IAF) – relação entre a área das folhas e a área
ocupada pela planta no solo
Fórmulas de cálculo:

MSf − MSi
TCA =
t

LnP 2 − LnP 1
TCR =
t 2 − t1

P 2 − P 1 LnA 2 − LnA 1
TAL = ×
t 2 − t1 A 2 − A1
Índice de colheita (IC) – representa a relação entre
a matéria seca útil e a matéria seca total da planta

IC = 100 x (produção útil/produção total)

Milho – 25 a 47%
Arroz – 43 a 57%
Leguminosas – 30 a 60%

Produtoras de sementes: 30 a 60%


Produtoras de massa verde: em torno de 85%
Produtoras de madeira: 50 a 70%
Análise momentânea do processo de
assimilação – Fotossíntese líquida

• Medições com IRGA

• Expresso por unidade de área foliar por tempo - µmol CO2 m-2 s-1

• Depende das condições da folha e das condições ambientais

• FL = FB - R
Crescimento x taxa de fotossíntese

Qual a correlação entre a taxa fotossintética


líquida medida em uma folha e o crescimento da
planta????
25
Apenas nas folhas expostas ao sol

Valor médio de todas as folhas


Fotossíntese (µmol m -2 s-1) 20

15

10

0
Baixa salinidade Alta salinidade
Crescimento foliar e IAF

A 70 B 8
0,8 dS m-1
60 5,0 dS m-1 7
0,8 dS m-1
6 5,0 dS m-1
50
Área Foliar (dm2)

5
40

IAF
4
30
3
20
2

10 1

0 0
0,5 0,7 0,9 0,5 0,7 0,9
Espaçamento entre fileiras (m) Espaçamento entre fileiras (m)
Tabela 1 – Taxas de fotossíntese líquida (A), radiação fotossinteticamente ativa (RFA) e
temperatura foliar (TF) medidas aos 40 DAS em folhas de plantas de feijão-de-corda
submetidas a diferentes espaçamentos de plantio e irrigadas com água de baixa e alta
salinidade

CEa EL A RFA TL
(dS m-1) (m) (mmol m-2 s-1) (mmol m-2 s-1) (oC)
2ª folha a partir da base
0,8 0,5 5,4 275,5 38,3
0,8 0,7 7,8 350,3 38,6
0,8 0,9 13,1 471,5 39,5
5,0 0,5 18,3 1004,8 39,4
5,0 0,7 21,5 1974,0 39,5
5,0 0,9 23,4 1939,5 40,6

1ª folha madura a partir do ápice


0,8 0,5 33,7 2061,0 40,5
0,8 0,7 31,9 2025,5 40,8
0,8 0,9 32,0 1963,0 40,8
5,0 0,5 20,5 2020,8 40,4
5,0 0,7 27,9 2039,8 40,1
5,0 0,9 24,5 1994,0 40,8

Fonte: Lacerda et al. (2011)


Crescimento foliar, taxa de fotossíntese e
estresse hídrico
Maior taxa de fotossíntese
líquida (taxa momentânea)
nem sempre significa maior
crescimento
Máxima TAL também não
significa máxima produção do
ponto de vista da comunidade
vegetal
Formas de vida e utilização de
fotoassimilados
• Tipo investidor: rápido acúmulo de carbono

Alta capacidade fotossintética


Elevada proporção de tecido fotossintetizante

1ª fase: crescimento, com emprego do carbono principalmente na


formação de folhas

2ª fase: floração e frutificação, com grande mobilização de


fotoassimilados para os órgãos de reprodução

Esse comportamento pode ser potencializado ou totalmente alterado


em função das condições ambientais

Exemplo: plantas anuais


Tipo investidor
• Tipo conservativo: armazena para se garantir

- Crescimento mais lento que o investidor

- Mais adaptada às condições do ambiente

- 1ª fase – crescimento e produção de fotoassimilados

- 2ª fase – excedente de carbono assimilado é translocado para o


caule e órgãos subterrâneos

- 3ª fase – retorno do crescimento usando assimilados do ano


anterior

- Exemplos: plantas herbaceas perenes


• Tipo Acumulativo: aumento da massa ao
longo da vida

- Árvores

- Aumento na proporção de tecidos de sustentação e condutores

- A massa de folha torna-se proporcionalmente menor quando as


plantas envelhecem

- Queda na taxa de crescimento

- Apresentam grandes alterações no balanço de carbono e nos


padrões de translocação

- Podem sofrer com secas, frios, geadas, inundação, etc.


Custos de produção de uma folha

• Folhas de vida curta – menor custo de construção, altas


taxas de fotossíntese, porém alto custo de reposição
para a planta

• Folhas de vida longa – maior custo de construção,


menores taxas de fotossíntese, menor custo de
reposição

• Analisar a relação custo/benefício


4. A Economia de Carbono nas
Comunidade Vegetais
Produtividade das Comunidades Vegetais

• A Produção primária será maior quanto:

- Maior a capacidade fotossintética das espécies

- Maior a quantidade de radiação interceptada


pelas superfícies assimiladoras

- Maior for o período de balanço positivo das


trocas gasosas (período de assimilação
Taxa de produção da associação vegetal (TPC):

TPC = TAL x IAF (g MS m-2 superfície t-1)

• Gramíneas C4 – 50 a 60 g MS m-2 d-1 (trópicos e


subtrópicos)

• Gramíneas C4 – 20 a 30 g MS m-2 d-1 (temperadas)

• Plantas cultivadas C3 – 15 a 30 g MS m-2 d-1


TAL, IAF e TPC
Produção primária da cobertura vegetal sobre a
Terra

• Depende principalmente da disponibilidade de


água, calor e nutrientes

Nos continentes - 41% limitada pela água, 8%


pelas baixas temperaturas

Nos oceanos tropicais – deficiência de nutrientes

Oceanos polares – baixa radiação


Balanço de Carbono da Comunidade
Vegetal

• PPb = PPI + ∑R

• PPb = produção primária bruta


• PPI = Produção primária líquida
• ∑R = somatório da respiração

• Respiração: 20 a 50% em herbáceas, 40 a 60% em


florestas temperadas, 70% em trópicos quentes e
úmidos
PPI = ∆B + S + Pr

∆B = incremento de matéria seca

S = serrapilheira

Pr = predadores
5. Aproveitamento da Energia na
Comunidade Vegetal
Eficiência energética da fotossíntese

EUR = energia química estocada/energia radiante absorvida

- 48 fótons/mol de glicose

- 48 fótons = 8642 kJ
- Mol de glicose = 2874 kJ

- EUR = 33% (máxima teórica)

- Cloroplastos isolados (30%), folhas de C4 (24%), de C3 (14%)

Condições naturais = 8 a 10%

Ainda tem que descontar a respiração


Eficiência energética da produção primária sob
condições naturais

• Milho (3%); Panicum maximum (6%)

• C3 cultivadas: Fabáceas (1,5 a 2,0%);


gramíneas e cereais (2 a 4%)

• Florestas úmidas – menor que 2%

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