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FACULDADE ESTÁCIO FAL

FICHAMENTO DO LIVRO AS MISÉRIAS DO


PROCESSO PENAL

MACEIÓ
2018
YASMIN BARBOSA FONTES LUZ

FICHAMENTO DO LIVRO AS MISÉRIAS DO


PROCESSO PENAL

Fichamento do livro As Misérias do


Processo Penal de Francesco Carnelutti,
apresentado ao professor Fernando
Guerra Filho, da Faculdade Estácio de
Sá – FAL.

MACEIÓ
2018
FACULDADE ESTÁCIO DE ALAGOAS – FAL
CURSO DE DIREITO
DISCIPLINA: DIREITO PROCESSUAL PENAL II
PROFESSOR: FERNANDO GUERRA FILHO
TURMA: 7° PERÍODO NOTURNO
ALUNA: YASMIN BARBOSA FONTESLUZ
DATA: 08/05/2018

FICHAMENTO INDIRETO
1. Obra em análise:

CARNELUTTI, Francesco. As Misérias do Processo Penal. 1ª ed. Editora Minelli,


2006.
Introdução ( págs. 09 a 1 8)
No capítulo em tela, Francesco Carnelutti, expoente do Direito Processual Penal, nos
traz uma profunda reflexão de uma das importantes funções do supracitado ramo do Direito, a
de, como um termômetro, medir numa sociedade “a capacidade natural dos seres humanos de
se amarem e viverem em paz uns com os outros” (pg. 12), definição tal atribuída pelo
próprio autor ao conceito de civilidade, de nossa condição de seres humanos inseridos numa
sociedade e como nos inter-relacionamos.
Ressalta que o Processo Penal, de maneira bem evidente, desperta o interesse das
pessoas que consomem de maneira crescente e com grande intensidade os noticiários
relacionados a crimes e seus processos. Não obstante, perde esta sociedade seu sentimento de
civilidade ao assistir como forma sórdida de divertimento o processo penal, subvertendo-o de
seu propósito. As pessoas que no processo figuram e os fatos por elas cometidos são como
meros personagens e acontecimentos de uma história de ficção. Propositadamente distancia-
se a sociedade dos “personagens”, e os coloca numa condição de inferioridade, assumindo
não pertencer ao mundo marginalizado onde eles estão inseridos.

“le tra da lei ”, ex põe um p an


orama de como aux ili ar a
pacificação das re l açõe s da
socie dade .
Conclui que o estudo do Direito Processual Penal, numa alegoria a escalada de uma
montanha, não obstando a complexidade de compreensão dos vastos e mínimos detalhes
descritos na “letra da lei”, expõe um panorama de como auxiliar a pacificação das relações da
sociedade.

A Toga (págs. 19 a 26)


Neste capítulo versa o autor sobre a importância da toga sob a ótica de diversas
conotações, desde forma de expressão maniqueísta sendo, ao mesmo tempo, unidade, quando
utilizada pelos membros que compõe o Poder Judiciário, a exemplo advogados, membros do
Ministério Público e Magistrados, colegiados quanto aos seus deveres de cooperação mútua
para que, unidos em um esforço comum, contribuam cada qual com o seu trabalho, para
obtenção da justiça; e divisão, distinguindo quem a usa dos leigos.
“A toga, tal como o uniforme militar, com divisas a um só tempo distingue e une os
que a usam” ( pág. 22).
Trata, ainda, do favorecimento à busca da verdade mais profunda dos fatos e seus
motivadores, trazidos, de maneira fundamental, pelos atos de solenidade e reverência
observados em todos os atos processuais penais para obtenção de um juízo justo e uma
conclusão assertiva, e como a inobservância de tais atos, por conta de indiferença, negligência
e descaso dos próprios membros do judiciário além de crescente popularidade que envolve,
principalmente, casos célebres, cujos membros que neles figuram sofrem forte influência
tendendo a tomadas de decisão para satisfação do clamor popular, prejudicam de forma
gradual e crescente o processo penal.

O Preso (págs. 27 a 34)


Trata, aqui, Carnelutti, numa visão humanística, da condição do preso como sendo
resultado da revelação, pelo Direito, de sua verdadeira condição humana. Propõe que há em
todos os seres humanos sentimentos positivos e negativos e, que por conta de nossa condição
racional e consciente, devem ser dosados quanto a sua externalização e supressão,
diferenciando -nos assim de animais. Os que cometem delitos se prendem dentro de si, de
forma egoística colocam as necessidades e prioridades pessoais acima das dos outros, não se
importando em causar-lhes dano para atingir a satisfação do “eu”. O Direito, assim, revela a
verdadeira condição de prisão pessoal refletida na sanção resultante do delito. Não obstante,
cabe, segundo Carnelutti, comiseração pelo encarcerado, demonstrando assim a exteriorização
de sentimentos positivos e reforçando a condição de humanidade, racionalidade e consciência.

O Advogado (págs. 35 a 44)


Advogado, vocatus ad, o chamado a socorrer. Aqui Carnelutti pondera a verdadeira
função do advogado, a condição de “profissional de quem se contrata os serviços por não
poderem realiza-los por si só” (pág.36) transcende e atinge seu verdadeiro sentido, o de se
colocar na condição de companheiro, de patrono, de amigo do preso, desafortunado e
necessitado. Tal comportamento, frequentemente tratado de forma humilhante por se colocar
ao lado dos acusados, entre os menores em um tribunal, auxilia numa compreensão profunda
e precisa da história dos que delinquem, essenciais para o alcance do Direito e avaliada
justiça.

O Juiz e As Partes (págs. 45 a 54)

Neste capítulo, nos é trazida uma questão comumente esquecida e desconsiderada,


mas que, contudo, é de extrema importância. Quanto à responsabilidade do magistrado pelos
de veres atribuídos a seu ofício e como tais deveres o afastam, de maneira contraditória, da
condição de parte.
No direito processual temos nos vários membros que o compõe, cada qual com suas
atribuições, unidades interagindo para a formação do todo, no caso em tela, o processo
judicial. O juiz, no entanto, põe-se, justificadamente, numa condição de superioridade quanto
às outras partes, pois tem este o dever sobre-humano, como evidenciado por Carnelutti, de
julgar e, muitas vezes, punir o agente sentenciando-o a consequência jurídica mais drástica, a
de privação da liberdade. Porém, como pode este ser digno e, ao mesmo tempo, tomar a
decisão mais assertiva ao realizar a árdua tarefa se, para tal, é “necessário estar aparte, livre de
pecado” (pág. 48), afastando-se das imperfeições que tendem a parcialidade e a opinião
pessoal, inerentes à própria condição humana, podendo colocar-se, assim, acima daqueles que
serão julgados?
Carnelutti propõe que para solucionar o problema da insuficiência da justiça de um
juiz faz-se necessário, primeiramente, conscientizar-se da própria condição de “miséria ante a
(...) própria limitação de ser um ser humano”( pág. 51) e, em seguida, buscar julgar intelectual
mente e de maneira colegiada, atribuindo o julgamento a várias pessoas, buscando o consenso
entre juízes para, na formação de unidade, amplificar a tendência de se alcançar a verdade.

A Parcialidade do Defensor (págs. 55 a 63)

Questão de grande controvérsia, a parcialidade de membros do Ministério Público e,


principalmente, de defensores na exposição de suas razões é abordada trazendo ponderações
de sua importância vital não só quanto à fidelidade ao próprio ofício como quanto mecanismo
de auxílio à produção de um juízo imparcial aproximando-se ao máximo da verdade por parte
do juiz.
Carnelutti propõe que o defensor age como ajudante natural do juiz, pois este “sempre
estará disposto e interessado em descobrir todas e quaisquer razões possíveis para demonstrar
a inocência de seu cliente”(pág. 59), busca, mesmo que motivado por sua parcialidade, por
fatos do caso concreto que lhes serão favoráveis na elaboração de sua tese .
Em contraponto encontra-se o acusador que, igualmente como o defensor, busca pelos
fatos que irão prova-lo correto em relação às questões debatidas na contenda.
Assim, ponderando a grande quantidade de razões apresentadas por ambas as partes,
resta o processo de fundamentação neutra e imparcial do juízo facilitado quanto à missão de
julgar de maneira assertiva.

As Provas ( págs. 65 a 7 2)

“As notícias do judiciário e a crônica policial estão servindo de divertimento para


quebrar a monotonia do cotidiano das pessoas” (pág.68). A dura crítica expõe o forte caráter
social do amplo consumo de um jornalismo sensacionalista, pautado no infortúnio e
infelicidade de alguns, seu desenvolvimento e conclusão como mera forma de entretenimento
do público. Tal fenômeno figura como um dos maiores males, senão o maior, que assolam o
Processo Penal, responsável por dirimir a dúvida da inocência ou culpa do acusado de um
ilícito.
A reconstrução dos fatos por parte do defensor e do acusador, o relato de testemunhas
e o trabalho de pesquisa realizado por profissionais envolvidos no processo judicial como
membros da Polícia, do Ministério Público, peritos entre outros, delimitam o rumo da
elaboração do juízo de um magistrado para, então julgar o acusado. Contudo, resultando de
uma participação engajada, tanto da mídia quanto do público, nos processos judiciais, tem se
gerado um enorme empecilho na obtenção de provas de maneira imparcial, ou menos parcial
possível, dos membros que figuram no processo tendo vista a tendência em ceder à pressão e
interesses da sociedade.
Resta, segundo Carnelutti, resignar- se a condição imposta por certas garantias
constitucionais que permitem o referido engajamento desmedido do público no processo
penal e medir, seguindo uma frágil proporção de honestidade e prejuízo pessoal em sociedade,
do que e de quanto se deve revelar.

O Juiz e O Acusado (págs.73 a 82)

Trata aqui Carnelutti da inter-relação entre o juízo do magistrado, partindo de seu


julgamento silogístico e arrazoado buscando um entendimento assertivo para, eventualmente,
estabelecer a pena, e a conduta do acusado.
Ora, como é possível, pondera o autor, se chegar a um juízo, a uma conclusão
verdadeiramente assertiva dos motivos que levam o acusado a cometer tais atos se, para isso,
se faria necessário o conhecimento pleno de sua história de vida? Quais acontecimentos o
guiaram até tal ponto e como saber se, posteriormente, este não se converteria de criminoso
em homem bom?
A resposta é que, mesmo sendo reconhecido pelo próprio Código Penal (italiano) o de
ver do juiz de, ao julgar, conhecer a história e condições de vida individual, familiar e social
do réu, tal de ver resta impossível de ser alcançado, pois não dispõe o juiz do tempo
necessário para se deter e ouvir toda a história do acusado; caso a ouvisse resumidamente não
conheceria a verdadeira história.
Por conclusão tem-se como solução possível gradualmente confrontar certos institutos
do Processo Penal em suas limitações e imperfeições que, com atenção e boa vontade, podem
ser eliminadas(pág.81).

O Passado e O Futuro no Processo Penal (págs. 83 a 90)

Trata aqui Carnelutti da relação entre passado e futuro como sendo este remediador
dos desmandos daquele. O Direito Processual Penal, sendo objeto pacificador de certas
relações sociais age, ao mesmo tempo, como ferramenta de controle e punição.
O legislador, responsável pela elaboração da sanção imputada ao delito, define o “peso
da pena determinando antes de o ladrão roubar para que ele se intimide e não roube. (...) é
previsto não sobre o fato, mas sobre o tipo penal” (pág.86). Serve como meio preventivo.
Sempre haverá, então, de maneira superveniente ao delito o tipo penal que será aplicado caso
ele seja cometido.

Ao j ui z, u ma ve z cometi do
o del i to, cabe à re pressão
prol atando a pen a que se e
nquadre no ti po. “Não te ns
sabi do us ar da tu a l ibe
rdade ; se rás de ti do. Tenh o
n as mãos a bal ança d a
j usti ça, ela exi ge que o pe s o
do teu deli to s ej a també m o da
tua pe na” ( pág. 85) .
Ao juiz, uma vez cometido o delito, cabe à repressão prolatando a pena que se enquadre no
tipo. “Não tens sabido usar da tua liberdade; serás detido. Tenho nas mãos a balança da
justiça, ela exige que o peso do teu delito, seja também o da tua pena”. (pág. 85)

ti po. “Não te ns sabi do us ar


da tu a l ibe rdade ; se rás de ti
do. Tenh o n as mãos a bal
ança d a
j usti ça, ela exi ge que o pe s o
do teu deli to s ej a també m o da
tua pe na” ( pág. 85)

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A Sentença Penal (págs. 91 a 100)
A noção de prolação da sentença pelo juiz, a formação da coisa julgada (substituta legal da
verdade), resta como mais um instrumento impreciso no Processo Penal para condenação ou
absolvição do réu. Há situações onde paira sobre o juízo do magistrado a dúvida da culpa
sobre o acusado, muitas vezes carecendo de provas para um a definição precisa de sua
responsabilidade. Ocorre que o processo judicial impõe limitações para que sejam vencidas as
etapas processuais. Após atingir o ponto onde restam conclusas suas e tapas, dá-se, ao
processo, seu fim por esgotamento.

O Cumpri mento da Sentença (págs.101 a 110)

Propõe aqui o autor a função da pena como instrumento de admoestação e expiação do


condenado, não correspondendo como forma de beneficiar as demais pessoas da sociedade.
Cabe uma integração entre Estado, como figura repressora e punitiva do condenado, e
sociedade, moralmente responsável pelo processo de redenção ao tocante de um gradual
convívio com o preso.

A Libertação (págs. 111 a 120)

Discorre no presente capítulo sobre os efeitos da libertação do criminoso após o processo


penal, a sentença penal condenatória e o período em que passou este encarcerado. Evidencia
que após vencida a pesarosa pena a qual o detento teve de cumprir passa este a enfrentar
desafio talvez tão pesaroso quanto o próprio período do cárcere .
À volta à sociedade e o processo de reintegração traz ao ex-detento diversas dificuldades
como as “mudanças de costume da sociedade, perda de relacionamentos, ambientes
totalmente modificados (. ..) ” (pág. 115) , além do mais grave, o sentimento de preconceito
incutido na sociedade para com ele, associando-o referencialmente ao seu passado.
“Deus pode perdoá-los, os homens não.” ( pág. 119)

Conclusão Além dos Domínios do Direito (págs.121 a 128)

Não caberia como melhor conclusão do fichamento do último capítulo se não com uma
citação do próprio autor, in verbis:“Além dos domínios do direito está a civilidade, o bem-
estar social da civilização, e por esses caminhos, fora dos seus limites, Cristo também está a
nos guiar, seguramente.” (pág. 125). É tempestivo recordar que ao falar de civilidade,
Carnelutti atribue a esta como sendo “ a capacidade natural dos seres humanos a se amarem e
viverem em paz uns com os outros”. (pág.12)

Conclusão

Trata na obra, em tela apreciada, do expoente jurista italiano do Direito Processual, Francesco
Carnelutti, as várias nuances que integram tal ramo do Direito sob o ponto de vista do jurista
inspirador do Código de Processo Civil italiano. Não obstando seu inefável, extenso e
profundo conhecimento integrado das diversas searas do conhecimento, mormente no que
tange as relações humanas, desde o Direito até a Antropologia, Sociologia, Psicologia dentre
outras ciências, e como estas se inter-relacionam, seu método extremamente didático de
expor, através da utilização de uma linguagem inteligível, de metáforas e alegorias sempre
muito bem colocadas, temas de elevada complexidade de modo simples e compreensível,
Francesco Carnelutti idealiza, de modo humanitário e utópico, a relação entre o ser e o dever
ser do Direito Processual Penal, buscando identificar suas maiores falhas e como solucioná-
las, resigna-se ao fato de que, apesar de sua grandiosa importância, tal ramo do Direito nunca
será pleno e completo, devido ao fato de o próprio ser humano, que o elabora, ser igualmente
falho e incompleto.

se gurame nte.” (pág. 125) . É


te mpestivo re cordar que ao f
al ar de civili dade , Carne
lutti atribui a
e sta como sendo “a
capacidade n atu ral dos se res
humanos de se amare m e vi
ve rem e m paz
uns com os outro s” ( pg. 12) .

“De us pode pe rdoá-l o


s, os home ns não. ”
( pág. 119) .
ti po. “Não te ns sabi do
us ar da tu a l ibe
rdade ; se rás de ti do.
Tenh o n as mãos a bal
ança d a
j usti ça, ela exi ge que o
pe s o do teu deli to s ej a
també m o da tua pe na” (
pág. 85) .

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