Você está na página 1de 16
Colegio Debates Carlos Guilherme Mota Dirigida por J, Guinsburg Consetho Editorial: Anatol Rosenfeld, Anita Novinsky, Aracy Amaral, Boris Schnaiderman, Carlos Guilherme Mota, Celso Lafer, Gita K. Guinsburg, Haroldo de Campos, Leyla Perrone-Moisés, Maria de Lourdes Santos Machado, Regina Schnaiderman, Rosa R. Krausz, Sabato Magaldi, Sergio Miceli e Zulmira Ribeiro Tavares. 1822: Dimensoes Equipe de realzagio: Revisio: Paulo de Salles Oliveica tc . e Mary Amazonas Leite de Barros; Produgio: Geraldo © Editéra Perspectiva Gerson de Souza; Capa: Moysés Baumstein, “Os portugueses 2e aformentam, se. perse- ‘guer:, ese matam ne cor ouiros, por mio ferem ‘entendido que 0 Reino, tendo. felto grandes conquisas, vivew por mals de res Hleulor do trabalho dos escravos e que, perdi fos or exerevos, era preciso eriar uma nove Imaneira de extsiénela crlando os valores pelo trabalho proprio.” (toutinko da Silveira, no Relatirio do de fereto de 30 de julho de 1832,) SUMARIO Preliminares a Dimensies 1, DAS DEPENDENCIAS ‘As Dimensbes da Independéncia — Fensaxoo A. Novas Independencia do Brasit ¢ a Revolugio do Oetdente — acquis Gooscnor fenre A Conjuntura Atlintica a Independéncia do Brasil — Fréofaic MAURO . fon 0s Remoinhor Portugueses da Independéncia do Brasil — Jost Serako . centres teers Esropeus no Brasil & Epoca da Independéncla: um Estudo "cancos Guuutene Mors 9 15 27 38 “ 56 rasiteiros nas Cortes Constituntes de 1821-1822 — ‘— Fennaxpo ToMAZ ” José Bonifécio: Homem ¢ Mito — Emin Viornt De Costa, : coe Dees 102 A Inverircagto da Metrépole (1808-1853) — Manin Ooi Sitva Duss . 1. DAS INDEPENDENCIAS 0 Processo de Independéncia no Norte — Antu Cieza ‘Feansma REIS oneen cee 187 0 Processo de Independincia no Nordeste — Cantos GU Tate MoTA : . 205 © Processo de Independencia na Bahia —~ Zft1s CAVAL- ann ae 231 (0 Processo de Independéncia em Goids — Sixcro Pavro ‘Monera we . 21 0 Processo de Independencia em Minas Gerais — Pato De SaLLES OLIVEIRA a wo 283 0 Proceso de Independéncia no Rio de Janeiro — ERAN: eee caLodn e TeMAR RONLOFF DE MATTOS «292 © Processo de Independencia em So Paulo — Avast ‘Waser . veces 340 © Processo de Independencia no Rio Grande do Sul — HeLo4 Prcoovo 355 istoriograia, Bibliogati. Documentos — Crstos Mors 377 APENDICE um documento inédito para a histéria de Independéncia — vecvessesseesessses AS {ote Morr sees 160) Preliminar as Dimensbes ‘Ainda recentemente, num encontro de historiado- res realizado no Ambito da programagio da XXIV Rew Tigo Anual Ga Sociedade Brasileira para o Progresso de cltneia (SBPC),' 0 Professor Eduardo d’Oliveira Franga, da Universidade de Sic Paulo, fezis amplo le- Pietamento dos problemas que eguardam solugdes, n° gue diz respeito & Independéncia do Brasil, Lembyave Frofessor Oliveira Franga a inexisténcia de monogra- Gaede base que fugissem & visio tradicional daguele fins tanto’ faltando desde estudos relativos & demografia Historica até investigagSes na esfere das formagées ideo- , esta do. um debe”, SBPC, Cute Unt "tic ed “1g ingepee wena ins hah 1972 ove wrnaty, GR GeldMS. pect Be, Ersimtes ce Paste A INTERIORIZACAO DA METROPOLE, (1808-1853) ‘Ao tentar uma apreciagio suméria do estigio atual da historiografia brasileira sobre a “independéncia”, de- sejamos relembrar e enfatizar cerlas balizas jé bem fundamentadas por nossos historiadores e que dizem respeito a certos tragos especificos e peculiares do pro- ceesso histérico brasileiro da primeira metade do século passado, 0 principal dos quais € o da continuidade do processo de transigao da coldnia para o império. Res- salte-se em seguida 0 fato de 2 “independéncia”, isto 6, da separagio politica da metrépole (1822) nio ter coin- cidido com o da consolidagio da unidade nacional 160 (1840-1850)!, nem ter side mareado por um movi- mento propriamente nacionalista ou revolucionétio © ros confrontamos com a conveniéneia de desvincular 0 estudo do processo de formardo da nacionalidade brast- leira no correr das primeiras décadas do século XIX da imagem tradicional da coldnia em luta contra @ metré- ppole. No estigio dos estudos em que nos encontramos Seria esta sem divida uma atitude sébia e profican a desvendar novos horizontes de pesquisa? — 0 que evi- dentemente nfo impliearia em excluir 0 processo bre- sileiro do contexia maior dos muitos paralelismos hist6- ricos de sociedades coloniais em busca de uma identi- dade propria. As diretrizes fundamentais da atual historiografia da emancipagio politien do Brasil foram langadas na obra de Caio Prado Sinior, Formacao do Brasil Con- temporineo (1948), em que 0 sutor estuda a finalidade mercantil da colonizagio portuguesa, 2 sua organizagio meramente produtora e fiscal, os fatores geogtificos de cispersio e fragmentagso do poder e a conseqiiente fal- ‘a de nexo moral que caracteriza 0 tipo de sociedade existente no final do séeulo XVIII ¢ inicio do. século XIX; contradigSes e conflitos sociais internos sem con- digBes de gerar forgas auténomas capazes de criar uma consciéncia nacional ¢ um desenvolvimento revolucio- nério apto a reorganizar a sociedade e a constituf-la em nagio?, © mesmo autor, num pequeno ensaio sobre 0 ““Tamoio ¢ a politica dos’ Andradas”*, analisa as graves e profundas-tensbes sociais que vieram a tona quando a revolugdo liberal do Porto fez. difundir na col6nia as aspiragées de liberalismo constitucional, suscitando sia PO%RE Men, Mile de tee dior, de (2) Cag Prado Jalon orocorou demortar fats de 4 indopente o_o ho! contr objeto. cede peso Mstarindors sendo ‘Sit Trad Sm conten, Seven aoa gon on, ne, fedss can de ieee can con) 6 or a ach aguas ft ‘raped ial! Coatonpsenes. 6, "Pals, Bal Brave, 195, p. 56), “Pea oma attra ta stan Poder, ‘Spe tng clone pte woven, ult come fsa “come, imma tte, send apora fie! de"gma as crunanelo rogue det Erin doen Sipe. ee Pads nl, Ga Ral ior, tia Rica do Brat « ones wander. 161 desordens ¢ um sentimento generalizado de inseguranga Social ¢ acatretando de imediato a reagio conservado- Ta, earacteristica principal dos acontecimentos que en- tio se desenrolam no Brasil, Para os homens de ideais constitucionalistas parecia imprescindivel continuar uni- ddos a Portugal, pois viam na monarquia dual 0s Iagos que os prendiam & civilizacio européia, fonte de seus valores cosmopolitas de renovagio e progresso. A se- parapdo, provocada pelas Cortes revolucionsias de Lis- bos, teria de inicio a conotagSo reaciondria de contra- -revolugdo ¢ a marca do partido absolutista® ‘A continuidade da transi¢éo no plano das institu ges ¢ da estrutura social ¢ econémica também foi estudada por Sérgio Buargue de Hollanda em seu estu- do sobre “A Heranga Colonial — Sua Desagregacio", conde analisa as transacdes e compromissos com a estru- tura colonial na formagao do império smericano’. Ak gumas diretrizes indicadas por Caio Prado Jinior fo- fam elaboradas por Emilia Viotti da Costa em seu tra balho “Introdusao ao Estudo da Emancipagio Politica’ onde @ autora também analisa as contradigdes da pol tica liberal de D, Jodo ¢ a pressdo dos comerciantes portagueses prejudicados com a abertura dos portos & concorréneia inglesa forgando 0 monarea a adotar Inedidas protecionistas e mercantilistas destinadas a pro- teger seus interesses . Atribuer-se os germes da sepa- ragdo 20 confito de interesses entre as classes agrérias, hativistas de tend&acia liberal © os comerciantes portu- fueses apegados a politica protecionista © aos privilé= ios de monopétio. problema inerente ao amadurecimento do capi- talismo industrial na Inglaterra é de ambito amplo e de- fine © quadro geral das transformagbes do mundo oc dental neste periodo, A jut entre os interesses mercan- tilstas edo liberalismo econdmico se processaria de hn et Eat en BEGGS Ltt, “ho” COM brash Sioncaico, wi ip Sh ty po 1y 8 Brn om Perper Se ote Bias sarap Seca! alg dy bat desepeads pot Seem ale See os cepa a, ats Etudes com reise come Soe he ae 162 | forma intensiva na Inglaterra de 1815 a 1846, afetando rasticamente a politica de todos os paises coionias di retamiente relacionados com a expansio do império br tinico do comércio livre. No afetou nenhuma tea tio diretamente como as Antilhas ¢ 0 tema foi magis- tralmente estudado por Erie Williams, em seu Tivro Ca- pitalism and Slavery (Londres, 1946). Foi 0 pretex- {o para a fundagio de um novo império portagués no Brasil; teve evidentes reflexos na politica econémica e no processo de separagio de Portugal. A historiogra~ fia da época jé defini bem as pressbes externas © 0 quadro internacional de que prove as grandes forgas de transformagses. Resta estudar © modo como afeta 48 classes dominantes da colénia ¢ os mecanismos is temnos inerentes a0 processo de formagio da nacional dade brasileira, Perdendo o papel de intermedidtios do Eomércio do Brasil, restava aos comerciantes portuguc- Ses unie-se as grandes familias rurais © aos interesses a produgio, Estes nem sempre estavam separados das ulvidades de eomércio ¢ transporte, como se constata no caso do Baro de Iguape em Sio Paulo'. A pres- Sio inglesa pela aboligfo do trafico tenderia ao seu tor- no a Ievantir a hostlidade dos interesses agririos con- tea 0 poder central, Associar esquematicamente os teresses, das classes agritia brasileiras com as do impe- rialismo inglés seria pois simplifear um quadro por de- mais complexo. ‘Apesar de estarem bem definidas suas diretrizes fundamentais, nassa historiografia, a0 descortinat o pro- cesso sul generis de transigio do Brasil colonial para © império, ainda néo se descartou completamente de certos vicios de interpretago provocados por enfoques europeizantes, que destorcem 0 processo brasileiro en- tre 08 quais avulta o da imagem de Rousseau do colo- no quebrando os grilhes do jugo da metrépole; ou da identficagao com 0 liberalism e o nacionalismo pré- prios da grande revolugao burguesa na Europa, Emilia Viotti opde ressalvas a esses conceitos, mas as contra- digBes ainda estéo para ser explcitadas (0), Mara Teen seorr Roto, Revie de Hutt, Uno Qo) nT Tets vols MAVWIL, 8 Tops IB © Ol Pah (2), Bala Viet a Cat, tetoguato ao esugo én emancinsio otsen'. 22"5 Wt im Poripctn 8 as, 8 164 Durante muito tempo ressentin-se o estudo da nos- sa emancipasio politica do erro_advindo_da_suposta conscitneia nacional a que muitos procuravamairibul- cla. © modelo da independéncia dos Estados Unidos fascinava 0s contemporiineos ¢ continua de certa for- ‘ma a iludir a perspectiva dos historiadores atuais. Sér- gio Buarque de Hollanda refere-se mais objetivamente fs lutas da “independéncia” como a uma guerra civil entre portugueses desencadeada aqui pela Revolugio do Porto © nao por um processo auténomo de arre~ gimentagdo dos nativos visando reivindicagées comuns Contra a metropole. O fato em si da separagio do rei- no em_ 1822 nfo teria tanta importincia na evolugo da col6nia para império, Jé era fato consumado desde 1808 com a vinda da Corte © @ abertura dos portos ¢ por motives alheios & vontade da eoldnia on da me- trépole. A preocupagio, por si, evidentemente, justi- ficada de nossos historiadores em integrar 0 proceso de emaneipagio politica com as presses do cendirio in- ternacional, envolve no entanto alguns. inconvenientes ao vinculat demais os acontecimentos da época 2 um ‘muito geral; contribuiu decisivamente para 0 ape- 2 imagem de coldnia em luta contra a metrépole, Geixando em esquecimento 0 proceso interno de ajus- tamento as mesmes presses gue & 0 de enraizamento de interesses portugueses ¢ sobretudo 0 processo de in- teriorizagéo da metrépole no Centro-Sul da CotBnia, O fato € que a consumacio formal da separacio politica foi provoceda pelas dissidéncias internas de Portugal, exptessas no programa dos revoluciondrios liberais do Porto ¢ nao afetaria o provesso brasileiro jé desenca~ eado com a vinda da Corte em 1808. ‘A vinda da Corte para o Brasil e a opeio de fun- dar um novo império nos trépicos j& significara por si uma ruptura interna nos setores politicos do velho reino, Os conflitos advindos das cisées e do partida- rismo interno do reino desde a Reveluego Francesa se iriam acentuando com o patentear das divergéncias en- tre portugueses do reino e portugueses da nova Corte. Com o tempo a dissidéncia doméstica tenderia a inten- 10), Spo, aazaue de Hollands. “A, Herings Colla —. Sex eaureacse! iat Binet Git de’ Cisse Brsteiae HO 165 sificar-se ". © importante & integré-la como tal_no jogo de fatores e pressbes da Epoca sem confundi-l com uma luta brasileira nativista da colonia in abstrato contra a metrépole, o que nos levaria de volta A dis- torgio dos mites. "A historia da emancipacéo polit do Brasil tem que ver, no que se refere estritamente 2 separagio politica da Mie Patria, com os conilitos in- temos e damésticos do reino, provocados pelo impacto da Revolugao Francesa, tendo inclusive fieado associado 2 luta civil que se trav entdo entre as novas tendéncias liberais ¢ a resisncia de uma estrutura arcaica e feu- dal contra inovagbes que a nova Corte do Rio tentaria impor ao reino, Os sacrificios as aligdes da invasio francesa, a re- pressio violenta de qualquer mudanga alimentada pelo tlima da propria guerra contra Napoledo, o temor das agitagdes jacobinas, contribuiram pois para despertar climes ¢ tensSes entre portugueses do reino © portu- gueses da nova. Corte. Em Portugal, a devastagdo € a miséria da guerra agravada pela pressio da antiga no- breza foi ainda mais acentuada pelo tratado de 1810 que nao 36 retirava qualquer esperanca de reviver 0 an- {igo comércio intermediario de. produtos colonials que exerciam os comerciantes dos portos portugueses, como também prejudicava o industrialismo incipiente defendi- do por homens como Actrcio das Neves e pot “brasilei- ros" como Hipélito da Costa”, A fome generalizada, 2 caréncia_de géneros alimenticios, & desorganizagio, da produgso de vinho e azeite somava-se & paralisa- go dos portos, de inicio fechados por Junot © depois, desvitalizados ¢ sem movimento por causa do tratado de 1810, Para Percira da Silva que esereveu sobre este periodo no eram menores os males de Portugal que os de Espanha, a que se refere sugestivamente como 0), 9 pals. ge gp Ro nome i ER Sean Sl a an PCa)” Year de tptn da Coa ab 8 Inuit de Teac le het ts eur AVE 166 sendo “mais um cadéver que uma nagdo vive” ®, Em face a miséria deste periodo de crise © da extrema de- ccadéncia, confrontava-se 0 reino com 2 telativa pro peridade’ e otimismo de perspectivas que se abriam entéo para o Brasil Dom Rodrigo de Souza ¢ Coutinho tina 0 novo império do Brasil como a tébua de salvagao do reino; acreditava poder reequilibrar a vida econdmica de Por- tugal através de uma politica econémice puramente comercial ¢ financeira. Revitaizada a cireilagao da moeda e com bons reniimentos alfandegérios, 0 reino teria condigées de se refazer pois contatia com os au- xilios provenientes da prosperidade do Brasi Seria vital porém reanimar a agricultura de Portugal © para isso pereebia a necessidade de modemizar a estrutura social e econbmica do reino, no que talvez exdesse, em parte 2 prestfo dos ingleses, convencidos da inviabili Gade de Portugal, caso néo se procedesse a algumas reformas da estrutura arcaica do sistema de proprieds- des fundidrins, para 0 que sugeriam que se convocassem rnovamente as antigas Cortes. © Principe Regente op6s- vse decididamente & presséo inglesa pela reconvocacio das Cortes, mas endessou a necessidede de modemiza- fo da esirutura econdmica e social do reino, pois a prosperidade do ove império nascente nio podria ar- car sozinha com as despesas enormes que requetia a econstrugio da antiga metr6pole. A Corte ndo hesi taria em sobrecarregar as provincias do Norte do Brasil de despesas que viriam acentuar as caractersticas 12 gionais de dispersio, jé bem definidas nos dcis séculos anteriores de coloniza¢o; mas, como esses recursos no bastavam, preferia introduzir reformas econdmicas e s0- cits no reino a fim de evitar sobrecarregar a Corte que comesava a enraizar-se ¢ a estretar seus 1agos de integragao no Centro-Sul (1p Rese a Sa, Jol, Manor, Hoagie de Ped Bet vgalo sector dos tees anos aininaldo. ce resutios com a penda BOM ores (ecncicr cares" cent de populetoavt Srey nurse eure pa Andre bem ma nc eit’ “Se veo," sie nfo" cpettavam et ‘Soe duguo © isitaen em sotimectos? idem, 7-276.) ese G5 Saepeeenagto serena ‘cout so rnin Reseed 3 Durante a ocupagio francesa recoereram-se ime postos extraordindrios ea subserigdes voluntérias para financier a Tota", Também langaram mao da emissio inciseriminada, 0 que. acarrtou a desvalorizagéo dn moeda do reino ém relagio 2 da nova Corte, tendo co- mo conseqiiéncia © movinento crescente de evasio da moeda para o novo império ™. ‘Terminada guerra, a nova Corte no queria continuar a cobrar impostos de~ masiados sobre as capitanias do norte do Brasil, pois ji eram grandes as. despeses exigidas pelo funcionalis- ro e membros da nova Corte, sem contar as despesas com as guerras da Guiana e do Prats, De onde o Prin- sipe Regente definir para o reino ume politica rega- lista de reformas “modersizadoras ". Pretendia. lancar mao da venda de bens da igreja e da coros no préprio reine, Reformar resquicios antiquados de contribuigao feudal, langar novos impostos ordindeios menos injuse tos e ‘mais. aptos a dinamizar a economia agrétia. do reino'™, Venter bons da coroa, a prebenda de Coim- bra,_as capelas ¢ sobretudo acaber com o esquema administrativo das lesirias, ters incultas 20 longo dos Tics, vendendo-se e cobrandovse as décimas e as sisas das vendas, 0 que concorreria para multiplicar © mimero de propriedades para aumentar a produtividade im- pedingo extensées de terras nfo-culivadas ® Contra a politica do Principe Regente ressurgiam- se 05 setores mais conservadores do reino que, afer- rados aos seus direitos antigos, contribuiam para mais, dificultar a devastagio causada pela guerra na vida econémica do pais. Apés o fim da Iuta, e contrariamen- te as ordens recebidas da nova Corte, a regéncia do rei- no, ligada por lagos de perentescos e interesses a seto- res da nobreza agrdria e ao clero quiseram fazer conti- auar o sistema de impostos extraordinérios que recaia sobre comerciantes e funcionéios da cidade, principal- mente de Lisboa e do Porto®. A pressio inglesa ¢ a (35) Perea gu Sivt, OP. lt, ML 25 GG) Peter, 8 Sion Op cit (1 Sobve a poles rns de. Jota VE or ieidnts com fg. atizana, V, bardra aa iva. Op, eft. $0286 Drala Sever iawiig ae Pormgal” Fora Ge Alnelt, Hurl de Ports wis, wo Ve VE ‘Albert sive. Le, Portas Medueranien 2a fe de Fencon Witiine ‘oee"da Xe ice: Pats, SEUDEN, Tb Stal Ge Siva. smal, oe 19, (as) Rec ga Sp, seh 682, 168, 209 « 3. G0) Peveire s Stimy Op. ce 168 politica comercial da nova Corte faria, entretanto, com que essa também no, pudesse contar com os setores mais progressistas do reino, Interessados como esta vam em medidas protecionistas, nos esforgos de indus- trializagio ou em reconquistar antigos privilégios mer- cantilistas do comércio com 0 reino unido*. ‘As tensbes internas ¢ inerentes a0 processo de re- construgio e modemnizagio de Portugal viriam, pois, exacerbar e definir cada ver mais as divergéncias de interesses com os portugueses no Brasil. A nova Corte, dedicada & consolidacao de um império no Brasil, que deveria servi de baluarte do absolutismo, mio conse~ guiria levar a bom termo as reformas moderadas de liberalizago e reconstrugio que se propés exccutar no Reino, aumentando as tenses que vio culminar na re~ volugiio do Porto, onmnaéa a sparsio pia, que acsiaram mas qe de nfo no quem, nko parton be Rat ots homens a gear Inospendent ts pespstnag a clos ple tanalormaese om aa. ties shetdo en uma nao mana com base no fring Iieral do regine consfuconlisin Os pol fos an epoca com bem comnts dt ngs das tenses tena, soli, rain dtagmaning, es Tepito, dae widae gut nao er margem ao aparecimento de uma consciéncia nacional Ge dese foga tum movimento revuclonsio ape de reconstruir a sociedade. Néo faltavam manifestaghes trains de onto e press bem eae ds teres losinay No eta,» comlinch. prope. Innt “acne vin tenes i inepregao de ave Sis Provina sera umn impor dx fove Cone no Tio" (1840-1850) consegidn diss pena raves a ita pela cetalzagao do poder ¢ da vvontade de ash branes que fal itee una de png Sorat politicas modeladoras do império; a vontade de se cons- ttue-desobrever som ngio svilads exropla atin a tard, emt da Beta Rnd? aac” Rac et fe 2) antonio Cando de Melo,¢ Sous, Fermasdo a Lieraure rashets Momnnss Beshoseny "Se, Livia Mariet iiote, Ds 169 nos trépicos, apesar da sociedade escravocrata ¢ mestl- 2 da colénia, manifestada pelos portugueses enraizados no Centro-Sul ¢ que tomaram a si a missio de reorga- nizat um novo império portugués®. A dispersdo e frag- mentagao do poder, somada a fraqueza e instabilidade das classes dominantes, requeria a imagem de um esta- do forte que a nova Corte parecia oferecer #, ‘As condighes, enfim, que oferecia a sociedade co lonial, ndo cram aptas a fomentar movimentos de libe- racdo’de cunho propriamente nacionalista no sentido burgués do século XIX. Desde a vinda de D. Joko VI, portugueses, europeus ¢ nativos europeizados com- binavam forgas de miituo apoio, armavam-se, despen- diam, grandes somas com aparelhamento policial © mi- litar®, sob o pretexto do perigo da infiltracdo de idéias jacobinas pela América espanhols ov através dos refu- iados europeus, inseguros de seu status de homens ci- Vilizados em meio A selvageria e ao_primitivismo da sociedade colonjal, procuravam de todo modo resguar- dar-se das forgas de desequilibrio interno. A sociedade que se formara no correr de trés séculos de coloniza- 40. nfo tisha outra alternativa 20 findar do século XVIIT sendo a de transformar-se em metrépole a fim de manter a continuidade de sua estrutura politica, ad~ rministrativa, econdmica e social. Foi o que os aconte- cimentos europeus, a pressio inglesa e a vinds da Corte tomaram possivel tecamente po Ring deste etsoiinnamras’ bene” pono de vite setae es eal ie ccs SRS ne, cern ecm ee edule I fovena ore © fetid ‘e_jos8 Boric varie ate ‘rich ahr ei mick "epi, store, “se tendtee comm pametirtmo dot Sige de cifé 0 neriot do SE Reale Se te lad Bae 170 A vinda da Corte com 0 enraizamento do estado portugués no Centro-Sul daria inicio & transformagio da colénia em metrépole interiorizada. Seria esta a Ginica solugio aceitavel para as classes dominantes em meio a inseguranca que Ihes inspiravam as contradigdes da sociedade colonial, agravadas pelas agitagies do constitucionalismo portugués ¢ pela fermentagio mais generalizada do mundo inteiro na época, que a Santa Alianca e a ideologia da contra-revolucéo na Europa nao chegavam a dominar. Pode-se dizer que este proces- $0, que parte do Rio e do Centro-Sul, somente se con- Sclidaria com_a centralizacao politica tealizaéa_ por ho- fnens como Caxias, Bemardo de Vasconcelos, Viscon- de do Unuguai, consumando-se politicamente” com 0 Margués de Parané ¢ 0 Ministerio da Concliagto (1853-1856). Ainda est para ser estudado mais a fundo © processo de enraizamento da metrépole na colénia, principalmente através da organizagio do co- mércio ‘de abastecimento do Rio e conseqiente integra- gio do Centro-Sul; as inter-relagdes de interesses co- mercizis e agrérios, os casamentos com familias locais, 0s investimentos em obras piiblicas e em terras ou nd comércio de tropas e muares do Sul, no negécio de charque. .. processo este presidido ¢ marcado pela bu- rooracia’ da corte, os privilégios administratives € 0 nepotismo do monarca*, Este € tema recorrente nas cartas de Luiz dos « Santos Marrocos que atribufa a continua postergagao da volta da Corte & pressao de interesses particulares évi- dos de privilégios de concessées em obras piblicas. Em suas cartas constatava com desfinimo os enormes inves~ timentos locais que faziam os principsis homens de ne- ‘écios da Corte ¢ que demonstrava sua intengao de permenecer no pais. Em carta de margo ¢ maio de 1814 atribuia o atraso da volta da Corte para Portugal construgdo do Palécio da Ajuda. Referiase 20 “I targo silencio", que encobriam interesses particula? res, A volta nfo se daria tao cedo: “...Nao é por- que erescem aqui as obras de melhor accommodagio fu- fican aa cout e vida “pablin 129"Visonse do Rly ‘Seos", Rio, TEI re de Sei riven “2. mee endear Glands, Tet 7 "GN Anate Rbtetca Nasional, vo $6, 9. 18, 198. 171 tura, mas hé cousas particulares © no sei se expres- ses de autoridades, que fazem recear uma mui prolon- gada permanencia nesse elima. Por todas as repartighes eclesidsticas, civis © militares hi estas aparencias”” (p. 188). As construgdes nfo paravam: refere-sc em sua correspondéncia s reformas do arsenal da marinhe (p. 215), a um palicio no sitio de Andarati para D. Car- lota residir (p. 216), a um aumento no palicio de S. Cist6vao para’o verso da familia reat (abril de 1815), ao palicio de Sta. Cruz para as jornadas de fevereiro, julho e novembro (p. 222), a um palicio novo no si- tio da Ponte do Caju que consumiria 77 milhoes (p. 232); em feverciro de 1816, a um picadeiro nove que consumiria 50 milhées ¢ a uma cadeia nova ‘‘com di aheiro arrecadado num dia de Beneficio do teatro da Corte” (p, 260). Loterias e subscrigies voluntétias atestavam os interesses de enraizar a Corte. “HA muitas € muitas obras, mas so daquelas, de que os pseudo- -brasileiros, vulgo janciristas, se servem para_promo- ver 0 boato de persistirmos aqui eternamente”, escre- va em carta de dezentbro de 1814 (p. 220). Também interessantes sfio as suas referéncias aos investimentos particulares das principais fortunas da Corte, Em no- vembro de 1812 conta do soberbo palicio no Lago dos “Siganos” que construia José Joaquim de Azevedo, lo- go Bardo do Rio Seco; em agosto de 1813 0 mesmo “capitalista” construfa um segundo palicio no sitio de Mataporcos, igualmente fausioso (p. 154). Refere-se aos interesses de Fernando Carneiro Leo na real lo- teria do teatro S. Joao (p. 5On.) ¢ as propriedades Iu- xuosas de alguns ministros, por exemplo, a aquisigio pelo Conde da Barca de dues casas por 45 mil cruza- dos, onde “vai fazer a sua habitagéo”, acrescentava com evidente desagrado o biblioteedrio de D. Joao VI, que nio vie a hora de retornar a Portugal, Marrocos fomece algumas pistas curiosas sobre 0 enraizamento dos interesses portugueses no Brasil, nto s6 em constragdes de luxo mas também e sobretudo nna compra de terras ¢ no estabelecimento de firmas de negécios: “.. José Egidio Alvarez de Almeida la vai para o Rio Grande ver e arranjar uma grande fazenda que comprou por 63 mil cruzados ¢ ali estabelecer hua In fabriea de couros de sociedade com Antonio de Arsu- jo"™ ‘Também continua pendente 0 estudo mais espect- fico dos regionalismos ¢ das telagies da Corte com as provincias do Norte ¢ Nordeste em que se define cla- Famente a continuidade com a estrutura politica © ad- ministrativa da colénia, Como metrépole interiocizada, a corte do Rio langou os fundamentos do novo impétio portugués chamando a si o conirole e « exploracto das butras “coldnias” do continente, como a Bahia e 0 Nor- deste”, Nao obstante a elevactio a Reino Unido, 0 sur- to de reformas que marca © perfodo joanino visa A reorganizagao da metrépole na colénia e eguivale, de resto, no que diz respeito as demsis capitanias, apenas a um reerudescimento dos processos de colonizagio. por- tuguesa do séeulo anterior *, ‘Um estudo mais aprofundado do mecanismo ine rente as classes dominantes no Brasil colonial seria um grande passo no estado atval da historiogratia da “ine Gependéncia”.Viria certamente esclarecer de forma mais especifica ¢ sistemiitica a relativa continuidade das instituigBes que caracteriza a transigio para.o im- pério. Cuando se aprofundar o estudo ‘do predominio Social do comerciante e das intimas interdependéncias entre intereses rurais, comerciais © administrativos, es- tard aberto 0 caminho para a compreensio do proces- aya yo oe 8, mg Ktonire, A Enboragso a Tndepentncia, etn ce rt tis a leet Sn Beast sarte ee ath fea als Ga dice ¢ Sprig Gore” A Yin Read "posers wen Ehneicno para 'o Marans Pata e-Giarg.(Cartn de 22 Ue julho de ee eee Soleus povindue doNoce destimdes. 0 cto de ey fynconalamo Fear Suntterty atti Se ae in'provncay do’ Nove Baka ibis saat mil eruador ot Be Tn er de St, ny, 25) vie oo far, o'Rion ¥."Amtons inl Ge" Brio” Arngio ¢, Yexwoneto, Sill ent ts ae! Seta 173, so moderado de nossa emareipagio politica, A inst bitdade erénica da economia colonial gerava mesa ros sociais de acomadagao, tnig como a, conseqiente € relaiva “fiuidez” ¢ “mobilidade” das classes Com nantes servindo como forga neuttlizadora para abefar divergéncias e impedir maifestgdes, de. descontenta mento que multipiassem inconfidéncias ¢ revolts. A Prépria.escutura social, com o abismo exisente ente uma minora privilegiads e 0 resto da populagao, po- larizaria as foreas polticas, mantendo unidos os inte. resses das clases dominantes, 0 sentimento de ins. gurange soci ¢ 0 “haitianiamo”, ou set, 0 pevor C2 tima insureiglo de eseravos ou mestigos como aque se dera no Haiti em 1794, nia deve ser subestimado ¢o- mo tragos tipieos da mentalidade da épcea, rellexos estereotipados da ideotogia conservadora e da conttar srevolucto européia". Agiu como forga politica cats lsadora.¢ teve um papel gecisivo no momento em que regionalismos e diversidades de interesses poderiam ter idido as classes dominantes da colénia. Nesse sen- tido so sugestivas as consideragbes e' a6 inguietapées dos homens das dias primeiras dcadas do seculo pase sado sobre as perspectivas que poderia oferecer 2 co- Kenia para se constitur em nagio. Para siguns wt6- picos © sonhadores, tudo evklemementeparecia_pos- Five, Mas, no geral, homens de anime mls pondesado, dbotedos de'um Senso arguto da realidade do meio para © qual se voltavam com opiniGes polticas e conserva- doras, conforme requeria epoca 0 melo, expresst- vam mil insegurangas um profundo pessimisio, ar- Frigado no sentimento gencralizado de Insegurenga s0- Gial “ede pavor da populagdo eserava ot mestiga °° amalgamagio muito difll sda liga de tanto me- tal heterogenco, como brancos, multos, prtos livres ¢ escravos, indi, ete, ety em um corpo sélido € po- lijeo" (eserevia José Bonifécio em 1819 para D. Do- mingos de Souza Coutinho)", Sob o impacto das agi- tagdes consttuionaistas da revolugfo liberal que vie ta ferventar as contradigbes intemas da sociedade co- Tonia, Sierra y Mariseal, em 1823, ealeulava que den- tro e ts anos a "raga branca acabaré ts mics de G0 Ce Maroc, V Cate do Conte dos Aton sone rete: ups 'na Bini Recta Mas 8° Stine Peele a Bato (92) tm Rove de Mitra, vol. XXVI, 55. 9. 236 174 cuir css e provincia ds Babi deaparceré pe- tao mundo side” Grande {0 a sprees. quando « revluebo do org ea wlts de Dy Joao VI pera velo tein fe. fa peng a. gonnuagto do" poder weal ¢ do ovo Einah portpués no" CentoSul que oy inreses Saunt en foro’ ds Cone quetam preerar. Alem Gis, pane cn falta ds sogoane soil que en fam ay clases dominates em quelgur pesto dao Ibi; nsgeanga com relago propusiocxager {esire uma mn trana «propia eum malo ta dos dsenpregads,pobres€ mesigos, ge pared Tuttle mas dos» ppulaio exeae.” A ise feranga do desivel social somavam-se os proslemss Minis da diverade Cea de ue porguess ob matvosenszados erm muito consis em Portugal mo Bri os homens de senso conecem que Gaslcandose poder Tel, 0 Bras se pele pala 0 tudo ciilzago"e Portugal pene a sos indepen ES Venlace € que Sierra y Matsed apepaeve 2 bm. ora de coisa gue tina do contbando Inés nu cae a margnalinagdo scondmicae pol tt ae Portga no comer do stelo XVI ja vera tesmente™ ‘NiO bsanto, 2 Cate = adanistegto portgura »monagu © por rao mio da autos Fade cei parser sempre une Ancor de save Clo’ segrange "por sto ge govemo deve tr totes fo nis fortes us emt goalgoor ova parte educate, lint, eran jotamente & Gis cna aralionde”®, Horace Se, sue vio so Bras em 1815, tetema- sha Ge fale de unde somonicgto ene 38 ie- TEnespesessdes portagesee no contaens america tor Bor anos mis tard, em pene rimezo rein, minis ings Chanberisin rela pare” Canning, sires AEBS Bat ts yas ts Cott Ea pe Roa stn See Soar Oey Set ie eee ata eviegs oyemir Py Sider, Sendo, opty cap WH 175 manifestando a sua grave apreensio com a indiferenga © 0 descaso manifestados pelo governo do Rio para com 6s problemas de miséria ¢ seca que agitavam o império, da Bahia para o Norte, tornando cada vez mais iminen te e perigosa a centelha de uma revolugio que poderia cindir 0 império®, Conscientes de sua fraqueza interna, os portugueses da nova Corte dedicaram-se a fortalecer 2 centralizago e poder real que os revolucionérios do reino queriam transferir de volta & antiga metrépole: “o Brasil € um pats nascente, um povoado de habitan tes de diversas cores, que se aborrecem mutuament a forga numérica dos brancos € muito pequena e s6 Portugal pode socorrer eficazmente no caso de qual- quer dlissenséo interna ou ataque extemno. As capita: sias no se podem auxiliar mutuamente, por estarem separadas por setores imensos de modo que aquele pats nfo forma ainda um reino inteiro e continuo, necesita em conseqligncia de sua unio com Portugal, por meio da carta constitucional que fari felizes ambos 05 pai- ses... A fraqueza ¢ dispersio da autoridade, as lutas de facgio tomavam minis aguda a inseguranga dis contra- digées internas sociais e raciais e estas identificavam- se pata os homens da época com o perigo da disper- so e desunido politica entre varias capitanias. Para Sierra y Mariscal, que escrevia em 1823, as possessées americanas dos portugueses apresentavam um quadro desolador ¢ malbaratado de desagregagio: “... Per nambuco dissidente jé do Rio de Janeiro. A Bahia nu- a em rendas © rotos os elementos de sua prosperidade, © Rio de Taneiro a ponto de uma bancarrota pelos es- forcos e sacrificios que tem feito ¢ pelas perdas sofri- as. As provineias do Sul inguietas. As provincias do Maranhio © Pard mulas para o partido da revolugao ¢ tudo junto pordo 0 governo do Rio nas tristes cizeuns- tncias de cafrem em terra com a carga, sem esperingas de mais se levantar”®, Pode-se vislumbrar, dentro dos padres da época, © carisma que teria a imagem de um Principe Regente © a forga com que atraia a massa de poves mestigos e (29), Caca de 22 de abit e165 tn Wester, Charles K, Greet ‘Bugin and te indepenisice ala dmaticn Onard Cartons Prose The See (a8) Sle y atest, op tsp 7. () Biden’ 7 176 ——— desempregados, incapazes de se afirmarem, sem meios de expressio politica, tomados de descontentamento e, fem sua insatisfago, por demais_presos ao condicion: ‘mento patemalista do meio em qi atravessadores de géneros alimenticios, porém fascinava~ -08 a Corte € 0 poder real, com uma verdadeirs atragio messitnica; era a esperanca de socorro de um bom pai que vom curar as feridas dos filhos. Nem a febre do constitucionalismo chegaria a afetar drasticamente seu condicionamento politico. ‘Também as classes dominantes tenderam a ape- gar-se 4 Corte, Atormentados pela falta de perspe: politica e pelo desejo de afirmacdo diante de facgées tivais, chamados em sua vaidade pelo nepoismo do principe, atraidos por titulos* ¢ sobretudo ansiosos de assegurar sua autonomia local sobre a protecio © sangio do poder central que viria afirmar sua posi¢to ‘em meio a populacio escrava, ou pior, a turbuléneia de ‘mestigos que néo eram proprietérios. "Além disso, pre- cisavam dos capitais dos portugueses adventicios; fit- ‘mavam com eles compromissos de proprietarios « lacos de casamento. Banco do Brasil oferecia vantagens para os que sabiam buscar a protecio politica, “A falta de meios que tem essa espécie de aristocracia The priva de formar clientes e de fazer-se hum partido entre © povo, porque eles mesmos sfo fraquissimos e precisam Ga protegao dos Negociantes com que se honram muit © Coméreio, se se quer, é quem 6 0 iinico. corpo aris tocrata.”® ‘Ao se aprofundar 0 estudo do predominio social do comerciante ¢ da {ntima interdependéncia en- tre interesses rurais, administrativos, comerciais, temos 0), Newae 9, prema bert corieameme ders, com, sm Es" Sali iene dos Sites ominssis. Savodbnn: ete oh fouta'0funcensmenso" poise’ ane" € "uma dar "chiie cost Ge fivese fonua e\pfoio funns: “Conerucam Stunts at pars baanta Souder Inepcndones, crates © Bowtans? clade al Eriko e imortinciasoeiat So" fonclonasimo. “Apodericamee o¥ cap: HS Sion it tenn ace coeds sonia, ee fasingus e 20 deemvowimesta oral & Inari pea Ae emg pavtdues ny ‘popis Tostdeds; "a6 yussa" is He" Slo See's fErtona © demo iro ase e'de' sun amie" ara” sicoe Sans! so comgilo t"indiaia, “iy, eas itunes lenses Preimoioge imagenes (ops ct, 17). (Gy Sera y Mantes. op 2 72, 17 quadro mais claro dos mecanismos de defesa © coe- ‘sda do elitismo que era caracteristica fundamental da sociedade do Brasil Colonial, J4 foram lancadas as i- retrizes de revisio do mito europeu da sociedade dual € virias obras existentes analisam sobre novos prismas 18 suposta dicotomia ou oposigao entre interesses urba- ros ¢ rurais, identificados, confundidos uns com os ou- tros e harmonizados pela administra¢0 pdblica, dado (© grande papel social que exercia na colénia "A vine da da Corte haveria de ressaltar tragos ja bem aparen- tes na segunda meiade do século XVII e que tendiam fa acentuar o predominio do comerciante. Por isso alar- mava-se Sierra y Mariscal com 2 revolugio do Port, as manifestagées hostis aos comerciantes portugueses: “roto o dique que continha as revolugées (0 comércio), io havendo quem supra a lavoura, esta no pode dar um paso, Um ano de guerra civil auxiliado do céu, natureza da agricultura e topografia da_provincia tem relaxado a disciplina da escravatura. Os Senbores de Engenho nao tento quem Ihes adiante fundos no po- dem alimentar 0s escravos € neste estado os escravos se sublevam ¢ a Raga Branca pereee sem remédio” Sierra y Mariscal refletia © pensamento dos brancos © proprietirios da Bahia e Pernambuco, mas generalizava {a sua apreensio para todo o império portugués. Era a missio da monarquia portuguesa salvar a raga branea © salvar-se a si mesma porque se um incéndio eclodisse nas, provincias do Norte do Brasil “levariam a dissolugio fa anarquia a todos as possesses pacificas da parte aquém do Cabo; sem que se excetuassem as ithas de Cabo Verde e Agores ¢ neste terrivel conflito a base mesma da monarquia se abalaria” ®. Os conflitos gerados pela incompatibilidade entre fo absolutismo e a politica mercantilista da coroa e as presses do novo liberalismo econdmico, oriundo do amadurecimento do capitalismo industrial na Inglaterra, Toram sem divida a chave-mestra a desencadear as for- gas de transformacio no periodo. Dadas porém as pe- (2,6, Rene, The oon Ase of Bai Beker Unveity Titan Biko. 1 Rate ond a Tee Files a Ph. of Sata ts She”

Você também pode gostar