Você está na página 1de 16

Projeto de Iniciação Científica – F590

Relatório Final

“Amplificadores ópticos de semicondutor para aplicações analógicas”

Aluno: Leandro Pereira Lopes RA 016545.

Orientador: Prof. Dr. Newton Cesário Frateschi.

Objetivo: Desenvolveremos amplificadores ópticos destinados à aplicações


analógicas na banda C (1530 nm – 1560 nm O amplificador será avaliado
dinamicamente onde fixaremos nosso interesse na distorção de sinais às
flutuações de inversão de população com a injeção de sinais modulados.

Introdução: O papel do amplificador óptico num sistema encontra-se em


amenizar as exigências de potência óptica no transmissor, dados os limites de
sensibilidade do receptor, uma vez que linearidade depende da quantidade de
potência óptica modulada. Ou seja, utilizando-se um amplificador após o
modulador ou logo antes do receptor, pode-se efetivamente aumentar o SFDR
(spurious free dynamic range), contanto que não se aumente o ruído e a distorção.
Amplificadores ópticos podem ser obtidos a partir de estruturas muito
similares a laseres de semicondutor sem realimentação, de tal forma a termos
uma estrutura de passagem única da luz.
Nessa primeira parte da iniciação científica, desenvolvi equipamentos
mecânicos para o acoplamento das fibras ópticas no ar e alinhamento delas com
precisão para a execução de várias medidas, e que já foram utilizados, como será
especificado a seguir.

Descrição do trabalho desenvolvido:


Para seguir um plano de trabalho, o meu orientador propôs um fluxograma
no dia 15 de abril. Este fluxograma contém as atividades que deverão ser
desenvolvidas durante o primeiro semestre de 2004, especificando datas de
conclusão de tarefas.
A primeira parte do projeto constou da construção de bases para acoplar
duas fibras ópticas através do ar. Utilizando dois posicionadores, um ajustado por
micrômetros nas direções x e y no plano horizontal e outro ajustado por piezos
elétricos do tipo AD Series da Newport ® [1] nas direções x, y e z, de maneira a
fazer um ajuste mais fino, comecei a montar bases para juntar esses dois tipos de
posicionadores. Os piezelétricos são posicionadores de alta precisão que
possuem um ajuste mais bruto através de um micrômetro colocado em um dos
extremos do atuador e um ajuste muito fino, da ordem de nanometros, feito a partir
de um ajustador de tensão cujo deslocamento é proporcional à tensão colocada
no atuador; é um equipamento muito sensível e que exige bastante cuidado em
seu manuseio. As bases foram desenhadas entre os dias 15 e 17 de março. A
figura 1 é o desenho mecânico da base que adapta o posicionador de ajuste mais
grosso à mesa onde se localiza o microscópio que é usado para auxiliar no
posicionamento. A figura 2 é a base que serve para o encaixe do posicionador x,
y, z (460A Series linear stages) ao posicionador x, y de ajuste mais grosso.

Figura 1: Desenho da base adaptadora de encaixe do ajustador


bidimensional para a mesa de testes.
Figura 2: base colocada entre o ajustador xyz e o ajustador micrométrico xy.

No dia 18 de março, providenciei a execução deste primeiro projeto.


Preenchi uma folha de ordem de serviço para aquisição do alumínio na oficina
mecânica da física. Fui à oficina buscar o material, achei um retalho na medida
das bases e cortei uma outra chapa para completar todo o pedido. A massa total
foi de 2,100 Kg e foram cortadas três chapas de 10 mm cada, contando o retalho.
Devem ser feitas duas bases de cada tipo.
Dentro do plano de trabalho está o estudo sobre junções p-n. Como
bibliografia, utilizo o livro “Solid State Eletronic Devices” [2].
Quando as bases ficaram prontas, testei os furos no ajustador micrométrico.
Para terminar, enviei pedido de compra de parafusos para fixação dessas bases à
mesa e aos ajustadores.
No dia 29 de março, fiz as medidas para construção da base do acoplador,
que seria presa ao posicionador xyz para que fosse presa a ela o acoplador de
maneira com que ele ficasse em linha reta com outros ajustadores. Como o
objetivo é acoplar duas fibras ópticas no ar, as bases deverão ser duas e de
maneira espelhada de uma com relação à outra. A altura do eixo óptico das fibras
deve estar próxima a uma montagem já feita no microscópico, que está a
aproximadamente 150 mm de altura com relação à mesa.
Novamente fiz a ordem de serviço e fui buscar o material na oficina
mecânica central, local onde no ano anterior eu havia cumprido meu estágio da
Habilitação Profissional de Técnico em Mecatrônica. A primeira base foi construída
com alumínio, e, baseado no catálogo do fabricante do posicionador xyz,
Newport®, pude adquirir medidas para aproximar a altura da base. A figura 3 é o
desenho da base que se encaixa no posicionador xyz, e que aproxima as fibras do
microscópio.

Figura 3: desenho mecânico das bases para suporte


do acoplador da fibra óptica.

Como deve haver duas bases frontalmente opostas entre si, com este
desenho foi possível, apensa mudando o esquema de montagem de uma das
peças fazer a base oposta. Novamente a quantidade de bases construídas na
oficina mecânica do Departamento de Física Aplicada (DFA) foram duas.
O acoplador das fibras foi construído com latão, usinando um tarugo
redondo na fresadora, criando um bloquinho nas medidas propostas pela figura 4
onde se pôde furar de maneira com que a fibra ficasse interna a um dos furos,
presa por um parafuso sem cabeça tipo M4. A diferença da base desenhada nesta
figura e a base oposta foi apenas a localização da rosca que prende a fibra ao
acoplador, que foi simetricamente espelhada com relação ao eixo perpendicular
ao eixo óptico no plano horizontal da peça.

Figura 4: desenho mecânico do acoplador da fibra óptica.

Concomitantemente ao projeto do acoplador, em meu cronograma proposto


estava o estudo dirigido com relação a junções p-n. Estudei sobre os princípios da
física do estado sólido, como se dá o crescimento de semicondutores por diversos
métodos, formação de bandas, tipos de recombinações, níveis de Fermi,
equações de onda, equações de continuidade, excesso de portadores em
semicondutores, zona de deplecção, correntes de difusão e deriva e fenômenos
que ocorrem em uma junção p-n.
No dia 2 de abril, assisti ao seminário de um dos doutorandos do grupo em que eu
trabalho, o Adenir, que explicou sobre laseres de cavidade pequena, entre 60 e
150 µm de percurso dos raios quando se aumenta ou diminui a excentricidade do
laser; ora a emissão principal ocorre quando a luz forma um losango com
aproximadamente 60 µm de perímetro, ora a emissão maior é da “gravata
borboleta” com 150 µm de perímetro.
Apresentei um seminário sobre junções p-n no dia 16 de abril.
Anteriormente à minha apresentação, outra aluna apresentou seu seminário sobre
dispositivos semicondutores, para que pudesse dar uma introdução à minha
apresentação, baseada nos conceitos desenvolvidos na apresentação dela. Fiz
uma apresentação no Power Point para exemplificar os assuntos anteriormente
mencionados.
Em 7 de abril, com todas as partes mecânicas para o acoplamento das
fibras prontas, fixei os dois conjuntos de ajustadores já montados na chapa onde
está montado o microscópio, colocando uma proteção de papel para impedir a
perda dos laseres, caso eles caiam quando formos fazer as medidas.
Encaixei os piezos no fornecedor de tensão. Meu orientador ajustou o
microscópio para enxergar a superfície do acoplador com 200 vezes de aumento.
Ligamos os piezos e, através do microscópio, verificamos o deslocamento do
conjunto com a variação na tensão dos piezos. A base ficou mais estável que o
microscópio que estávamos usando para ver a superfície do acoplador.
Antes de colocar a fibra óptica no acoplador, ligando o emissor ao receptor
de sinais, meu orientador me explicou sobre o que são APC e PC:
APC: acoplamento da fibra inclinado, para evitar retorno de sinal;
PC: acoplamento reto da fibra, onde na ponta há uma simetria radial em relação
ao eixo óptico da fibra.
No dia 12 de abril, houve o acoplamento das fibras e o alinhamento primário
com o microscópio aumentando 50 vezes. A maneira como as fibras foram
encaixadas, presas com parafuso sem cabeça M4, possibilitou que a face de uma
não batesse na outra. Fiz as aproximações visuais utilizando primeiramente o
ajuste mais grosso dos posicionadores.
Para o alinhamento preciso das fibras e determinação da distância focal
delas, no dia 26 de abril, usando um laser de GaAs da Newport® como fonte
luminosa de entrada, otimizou-se a passagem de luz para a outra fibra ajustando o
posicionamento agora com o auxílio dos piezos elétricos. Acoplando diretamente
através de apenas uma fibra óptica o laser ao espectrômetro e indiretamente
através do acoplador desenvolvido na minha iniciação, obtive o resultado expresso
pelo gráfico da figura 5 a seguir.
Figura 5: espectro de emissão de um laser de arseneto de gálio. Note que a
emissão do laser é de maior intensidade para comprimentos de onda na faixa do
infravermelho.

Através da figura anterior, pode-se encontrar a perda em dBm. Essa escala


é logarítmica, onde 1 dBm é igual a log P/P0 , onde P0 é a medida de referência
igual a 1 mW. De acordo com esse gráfico, houve a perda média de (13,48 ± 0,10)
dBm. Esta perda é considerada grande para a medida feita. Para verificação dos
locais de perda, utilizei um visor de infravermelho e focalizei ao longo do
comprimento da fibra. O esquema de transmissão de luz através da fibra segue a
figura 6, e apresentou perdas no segundo acoplamento da fibra vinda do laser, na
junção da fibra receptora, espalhamento no acoplamento aberto e perdas internas.

Receptor
Vazamentos de luz

Figura 6: descrição das perdas de luz no acoplamento.

Atualmente estou na fase de execução das placas que servirão de


substrato para os amplificadores ópticos, objetivo da minha iniciação. Haverá o
controle de temperatura através de um Peltier elétrico, que resfria ou esquenta de
acordo com o sentido de corrente para que possamos controlar a temperatura das
barrinhas amplificadoras, além de um termistor para medida da temperatura,
placas de 1 mm para colar as barrinhas amplificadoras com cola de prata e uma
base fina de latão que acople todos esses componentes no espaço máximo de 9
mm. O efeito Peltier ocorre apenas na junção de dois materiais diferentes quando
nele existe uma corrente elétrica. Calor, chamado de Peltier calor, é também
emitido ou absorvido na junção, dependendo da direção da corrente. O projeto já
foi executado na oficina mecânica da Física Aplicada.

Figura 7: projeto do encaixe externo para prender os


componentes à base.
Figura 8: base para fixação das placas com o amplificador, Peutier e termistor
sobre uma base fixa à mesa de encaixe.
Figura 9: trilho da base fixa.

A figura 10 a seguir mostra a base onde serão presos os trilhos mostrados


na figura acima. No dia 31 de maio, quando esse encaixe foi feito, a peça da figura
8 apresentou deslizamento forçado quando foram presos os trilhos a essa base.
Houve um at raso de mais de duas semanas no projeto, pois modificações
equivocadas foram feitas no projeto com relação a várias medidas, e ele teve que
ser revisto, e estava planejado para que a fresadora da oficina mecânica do
Departamento de Física Aplicada tivesse que passar por uma manutenção
preditiva para verificação de tempos de usinagem e diminuição de folgas
existentes na máquina.
Enquanto os trabalhos iam sendo executados na oficina, eu estudava sobre
amplificadores ópticos e refazia os desenhos das peças para que a perda de
material com as novas modificações pudesse ser mínima, utilizando as peças já
construídas para adaptar às medidas corretas.

Figura 10: adaptador dos trilhos sobre a haste.

Para elevar este adaptador à altura correta, foi feita uma haste com um
tarugo de alumínio de secção quadrada de uma polegada, de acordo com a figura
11. Este foi um dos projetos que teve que ser modificado, além do adaptador da
figura 10.
Figura 11: haste para suspender as barrinhas amplificadoras
na altura correta com relação à mesa de testes.

As barrinhas amplificadoras serão presas com cola de prata a placas de


latão de 1 mm de espessura conforme a figura 12. Essas placas serão feitas
utilizando tiras de uma chapa de latão cortadas primeiramente próximas às
medidas desta figura, depois coladas com resina dissolvida em acetona, para que
quando a acetona secar a resina grude uniformemente as placas, e por último
prensadas na morsa da fresadora para deixá-las planas e fresar nas medidas
corretas.
Figura 12: placas para substrato das barrinhas amplificadoras
no encaixe com o termistor e o Peltier na base da figura 8.

Na base da figura 8 serão encaixados o Peltier para regular a temperatura


dos amplificadores, a placa de latão com a barrinha amplificadora colada com cola
de prata, e o termistor com capa de látex, para verificação da temperatura da
placa de latão, que é considerada próxima à temperatura do amplificador. A base
será presa aos trilhos de latão por meio de parafusos Allen M4 sobre a base da
figura 10, que será por sua vez presa à haste da figura 11 também por meio de
parafusos M4. As indicações de rosca M3 na figura 10 e de furo com diâmetro 3
na figura 9 tiveram que ser modificadas devido a falha na execução do projeto
mecânico. A haste está presa à mesa de testes por meio de uma base de alumínio
com quatro posições de adaptação possíveis, sendo que para esta serventia
estamos usando os furos referentes à posição de um dos extremos da base, que
foi colocada entre os primeiros acopladores mencionados no início do relatório.
O estudo sobre amplificadores ópticos, segundo o livro “Semiconductor
Lasers” [3] é referente à apresentação de um seminário que ocorrerá dia 18 de
junho na sala de seminários do Departamento de Física Aplicada (pavimento
inferior). Nele apresentarei informações sobre os seguintes assuntos: tipos de
amplificadores (de semicondutor e de fibra), conceitos gerais envolvidos, enfocarei
minha análise em relação aos amplificadores ópticos de semicondutor, explicarei
grandezas quantitativas como saturação de ganho, reflectividade e espectro de
ganho e comprimento de banda e por fim falarei as aplicações desses
amplificadores.
A figura 13 abaixo mostra a configuração geral de um amplificador óptico de
semicondutor. Nesse tipo de dispositivo, há a dependência do ganho com relação
à reflectividade, polarização, freqüência da luz em relação à freqüência atômica de
transmissão, ruído e tamanho do amplificador.

Figura 13: construção de um amplificador óptico de semicondutor.

O esquema montado no laboratório segue como na figura 14 abaixo:


Terminal da fibra Placas de latão com os
amplificadores
Acoplador
Base das placas
de latão
Bases de Al
Bases de
Posicionadores alumínio

Figura 14: montagem dos projetos desenvolvidos até agora na iniciação científica.
Comentários do Coordenador:
Data: 29/04/2004 19:25:38. Comentário: Projeto aprovado.
Data: 19/05/2004 20:45:56. Comentário: RP aprovado. Mas tem de poder
montar em um documento .pdf só. Foi pelo sítio indicado no "Mural"?
Perguntas:
Que tipo de deslocadores piezelétricos usa? Quais são as características?
O que é o "Peltier" (eu sei mas quero que você o descreva). Em que posição se
encontra respeito dos elementos ópticos?
Qual o endereço eletrônico de seu orientador?
Você tem bolsa?

Conclusão: As bases e os acopladores construídos ficaram bastante estáveis.


Essa estabilidade foi verificada pela pequena variação do sinal recebido pelo
espectrômetro e pela maior vibração do microscópio em relação à das bases
quando o aumento era de aproximadamente 200 vezes.
Utilizando essas bas es e acopladores, pude verificar a distância focal das
fibras óticas e o espectro de emissão do laser de arseneto de gálio, que será
muito útil no decorrer da iniciação pois possibilita uma aproximação preliminar
para as fibras com relação ao amplificador que estamos desenvolvendo.
Com o novo suporte, será possível a obtenção de relações entre sinais de
luz na entrada e sinais na saída, para saber sobre ganho e perda relativos a vários
tipos de medida. Além disso, a montagem de barrinhas amplificadoras sobre as
placas da figura 12 focalizará os próximos experimentos no objetivo principal da
iniciação científica, que é o desenvolvimento do amplificador com menores
distorções, e a determinação dos parâmetros envolvidos nas medidas fará
possível o desenvolvim ento de componentes optoeletrônicos compactos através
apenas de uma organização dos itens desenvolvidos.
Com relação à previsão de conclusão do projeto, pela complexidade e
grande trabalho envolvido, ele está previsto por meu orientador para ser concluído
em mais um ano, portanto este semestre trabalhei para adiantar o projeto sem
bolsa de nenhuma instituição de apoio à pesquisa, e espero o resultado dos
pedidos de bolsa para a FAPESP e o CNPq para que eu possa ter uma base
financeira para seguir o desenvolvimento do meu trabalho. Meus objetivos em
relação ao grupo LPD nesse semestre foram alcançados, houve modificações no
fluxograma proposto no início do semestre e de acordo com essas mudanças
estou em dia com meu trabalho. Para a disciplina, os resultados obtidos são
satisfatórios tendo em vista que as bases mecânicas construídas estão em
perfeito funcionamento e já são capazes de verificar espectros de laseres
acoplados por fibra óptica.

Bibliografia:
[1] ”The Newport Resourse”, Guide to Standard Produc ts, Application Notes and
Tutorials, 2002, pág. 1069.

[2] ”Solid State Eletronic Devices”, Ben G. Streetman – 3ª ed. Englewood Cliffs:
Prentice-Hall c1990, capítulos de 1 a 5.
[3] “Semiconductor Lasers”, second edition, Govind P. Agrawal and Niloy K. Dutta,
Van Nostrand Reinhold, cap. 11.

Você também pode gostar